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CURSO DE PSICOLOGIA
Ijuí – RS
2014
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Ijuí – RS
2014
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Banca Examinadora:
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Ana Maria de Souza Dias
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Angela Maria Shneider Drugg
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 29
INTRODUÇÃO
da espécie e o culto aos mortos para muitos povos, pois o homem primitivo
acreditava que os seres humanos eram governados pelos mortos. Assim realizavam
cerimônias com uma criança adotada para receber proteção dos ancestrais.
O Código de Hammurabi é provavelmente o mais antigo conjunto de leis
sobre adoção, registros de como a sociedade mesopotâmica do II milênio a.C agia
em relação às crianças abandonadas. Ao adotado era permitido retornar ao lar de
seus pais biológicos somente se estes o houvessem criado, e supondo que o
adotante tivesse despendido dinheiro e cuidados com o adotado, tal situação era
proibida. Quando o adotante tivesse filhos biológicos posteriormente a adoção
poderia ser revogada, cabendo ao adotado uma indenização. O Código de
Hammurabi era muito rígido no que tratasse de adoção, conforme Brauner (2001, p.
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necessária a aprovação do povo, pois como na ad-rogação uma família inteira podia
ser adotada, o culto doméstico dos adotados ficaria prejudicado, senão extinto.
A ad-rogação estava intimamente ligada aos comícios. Aqueles que não
faziam parte dele, como os impúberes, plebeus, mulheres, não podiam ser ad-
rogados. Desta forma, a ad-rogatio seguia algumas condições estabelecidas pelo
pontífice, que eram: o ad-rogante tinha de ser um pater familias que não tivesse
filhos do sexo masculino, o ad-rogado deveria dar seu consentimento e a ad-rogatio
só podia acontecer em Roma, pois em outros lugares os comícios não se reuniam.
Assim, os efeitos desse instituto eram a absorção do ad-rogado e das pessoas que
estavam submetidas a ele, à família do adrogante, e o direito de filho do adrogado
em relação à família do ad-rogante.
Com o passar dos anos os alieni juris (aqueles(as) sujeitados à outra
pessoa, não tendo personalidade jurídica, nem patrimônio, não podiam exercer seus
direitos em nome próprio) tiveram a possibilidade de serem ad-rogados. Este
instituto começou então a se disseminar pelas províncias, tendo por isso algumas
condições suavizadas.
Conforme Chaves (1966), a adoção era composta por duas fases: na 1º
ocorria por três mancipatio sucessivas, na qual o pai extinguia seu pátrio poder, e
em seguida por uma cessio in jure (que ocorria na presença de um pretor), na qual o
pai natural cedia seu direito sobre o filho ao pai adotante. Na 2º fase era formada por
apenas uma mancipatio seguida por uma cessio in jure. Era possível realizar a
adoção por testamento, adoptio per testamentum, mas, entretanto há grande
divergência entre os autores se esta seria uma nova modalidade de adoção ou uma
espécie da ad-rogatio.
Os povos da Grécia tinham um conceito rígido do ato de adotar uma criança,
permitiam a adoção dentro de uma determinação específica, em que “o filho adotado
não poderia se relacionar com a família biológica sob nenhum aspecto, a adoção
somente seria descartada pelo casal se o filho adotivo demonstrasse desprezo pelos
pais adotivos” (EICKOFF, 2001, p. 96). O Império Bizantino, por sua vez, passou a
considerar a adoção a partir do interesse do adotado, esse tinha direito em possuir o
nome da família adotiva, uma posição dentro dessa família e na sociedade, e os
bens do adotante.
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Hoje, no CNA, a preferência é por crianças de até dois anos (20,35% dos
pretendentes), caindo drasticamente a opção por crianças acima de seis anos
(3,80%). "Embora ainda existam sérias resistências, grandes conquistas foram feitas
nesse sentido. A freqüência obrigatória das pessoas que querem adotar aos grupos
de apoio (formados geralmente por pais adotivos que trabalham voluntariamente
para divulgar a nova cultura de adoção) tem permitido que eles vejam o ato como
uma chance de uma nova família, abrindo a possibilidade de serem adotados grupos
de irmãos", informa Tânia da Silva Pereira, dirigente da Comissão Nacional para
Infância e Juventude do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família).
“A adoção é um instituto jurídico que procura imitar a filiação natural”.
Enquanto a filiação legitima, natural tem o seu vinculo no sangue, a adoção cria uma
filiação entre pessoas que não são ligadas pelos laços de sangue, mas decorrente
de sentença (OLIVEIRA, 2000, p. 147).
A lei nos diz que adoção dá os direitos de um filho de sangue para um filho
adotivo, bem como os deveres do pai para com o filho adotivo, sendo que o pai se
torna o representante legal até a maioridade legal.
Aspectos jurídicos estão intimamente ligados aos processos de adoção. Isso
porque o ato de adotar uma criança requer minuciosos procedimentos, que acima de
tudo, envolvem a vida emocional do casal adotante ou da pessoa que ira adotar,
pois eles estão em constante preparo psicológico para construir junto com a criança
uma boa relação afetiva que iria posteriormente fornecer o elo principal para que o
vínculo afetivo entre pais e filho adotivo se concretize. Um aspecto relevante do
ponto de vista judiciário, segundo Oliveira (2003), diz respeito à obrigatoriedade de
assistência efetiva do Poder Público e de processo judicial com sentença constitutiva
que o procedimento da adoção passa a ser submetido, visto que esta declarado no
Código Civil, artigos 1.618 a 1.629, que resta unificada a adoção que se aplica a
todas as pessoas sem distinção por faixas etárias.
A idade mínima para o adotante passa a ser de 18 anos, novo patamar da
capacidade plena, mas continua a natural exigência que ele seja pelo menos 16
anos mais velho que o adotado para que se justifique a perfilhação. A adoção por 2
pessoas pressupõe que sejam marido e mulher após 5 anos de casado ou
companheiros em união estável. A exceção fica com os divorciados ou separados
judicialmente que poderão adotar em conjunto, desde que acordem sobre a guarda
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De acordo com Lacan (2008), nos animais essa função é substituída por
comportamentos instintivos, que por muitas vezes se apresentam de formas
complexas. Não se pode obter das relações familiares outros fenômenos sociais
observados nos animais. Estes se apresentam, ao contrario, muito diferentes dos
instintos familiares, de forma que em pesquisas mais recentes, são aproximadas de
um instinto original, chamado de intera-tração.
A espécie humana caracteriza-se por um desenvolvimento singular das
relações sociais - desenvolvimento esse que é sustentado por capacidades
excepcionais de comunicação mental - e, correlativamente, por uma economia
paradoxal dos instintos que aí se mostram essencialmente suscetíveis de conversão
e de inversão, e não tem mais efeito isolável se não de maneira esporádica (LACAN,
2008, p. 7).
A família é o primeiro grupo ao qual o indivíduo pertence. Até pouco tempo
atrás o modelo de família constituía-se em pai, mãe e filhos, sendo este considerado
ideal para a sociedade. Por este motivo todos os outros modos de organização
familiar eram vistos como desestruturados, desorganizados e problemáticos,
partindo-se assim de um julgamento moralista, que, por sua vez, utilizava um padrão
(ideal). Dessa forma, os demais grupos familiares eram considerados “inadequados”
ou “ilegítimos”.
Hoje em dia existem inúmeras formas de estrutura familiar. Segundo Bock
(1999) a família de pais separados que realizam novas uniões das quais resulta uma
convivência entre os filhos dos casamentos anteriores de ambos e os novos filhos do
casal; a família chefiada por mulher (em todas as classes sociais), a nuclear, a
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sexuais com a mãe, e tampouco a filha com o pai, embora mãe e pai sejam seus
primeiros objetos de amor erótico. No decorrer da vida familiar, a criança irá
reunindo outras proibições relacionadas ao prazer e à expressão de seus
sentimentos agressivos. Quantas crianças escutaram “Não bata no seu coleguinha!”
ou “tire a mão daí, é sujo!!”
Segundo Bock (1999, p. 253) este desejo é inconsciente e a repressão
coloca sua marca neste inconsciente; “é como se nada houvesse existido”. No jogo
da vida familiar, a criança irá incorporando outras proibições relativas à obtenção do
prazer e à expressão de seus sentimentos hostis. “Tira a mão daí, é feio!” é uma
frase que muitas crianças ouvem quando estão se masturbando; ou esta outra: “Não
pode bater no amiguinho, tem que conversar”.
Outro tema relevante que atesta a importância da família para o indivíduo é
sobre a aquisição da linguagem. A linguagem é o requisito fundamental para a
criança se inserir e tomar parte do mundo (o que significam as coisas, os objetos, as
situações) e interagir mais amplamente e ativamente nele. É a linguagem que torna
possível a comunicação e a troca da criança com o mundo e com ela mesma. Por
meio da linguagem que a criança dá nomes a seus desejos, afetos, os substitui e os
compreende criando uma imagem e uma compreensão do que ocorre dentro de si.
Conforme Bock (1999, p. 253):
Uma atitude amorosa por parte da mãe muito contribui para o êxito desse
processo. Se a criança coloca no seu mundo interno a mãe como objeto
bom e merecedor de confiança, um elemento de vigor é adicionado ao ego
(...) o ego se desenvolve em grande parte em torno desse objeto bom, e a
identificação com as boas características a mãe torna se a base para
ulteriores identificações benfazejas.
dados a serem coletados: valores, atitudes, crenças dos sujeitos, vivências e cultura
coletiva específicas, temos o grupo focal como a técnica de entrevista mais indicada.
Na entrevista de grupo focal, perguntas abertas e fechadas podem estar
combinadas no roteiro da entrevista (entrevista semi-estruturada). Foram então
planejadas quatro perguntas abertas: Como vocês acham que os técnicos do
Juizado deveriam avaliar as famílias adotantes? Pensando na experiência vivida
durante o estudo psicossocial, como avaliam que a experiência pessoal, em suas
famílias de origem e na família atual, foi considerada ou interferiu no processo de
adoção? Consideram que a forma como uma família se apresenta ao Juizado para o
estudo técnico é relevante e importante no processo de adoção? Se vocês
pudessem realizar outra vez o processo de adoção como se apresentariam de novo
ao Juizado?
Na pesquisa, as famílias parecem ressaltar cinco aspectos importantes que
deveriam ser priorizados no estudo psicossocial: a motivação, as condições
materiais e socioeconômicas, o amor e o vínculo como aspectos prioritários, a
prioridade para os casais sem filhos e perfis compatíveis entre crianças e famílias
adotantes.
Verificamos que no diálogo das famílias, a motivação é vista como algo
importante, o mesmo, contudo, parece demonstrar que existem diferentes
motivações e não necessariamente, uma é melhor do que a outra. Segundo o casal
Santos: “Eu acho que o primeiro critério é o porquê de você estar querendo adotar
uma criança. Qual é a real intenção naquela adoção... A gente não queria adotar
uma criança para ajudar uma criança,... tirar do orfanato... a gente queria um filho”.
Podemos notar pelo relato da família Santos que o motivo principal que os levou a
dar inicio ao processo de adoção era ter um filho. Essa motivação vem ao encontro
do mencionado no capitulo dois, onde a adoção, por sua vez, representa uma
possibilidade para pais que não podem ter filhos e que desta maneira tem a
possibilidade de exercer este papel.
Já o casal Silva respondeu que outras motivações também poderiam ser
apropriadas, como amar ou ajudar alguém, oferecer uma família a quem não tem. A
esposa argumentou ainda que o desejo para ter filhos poderia não ser assim tão
adequado, visto que este poderia ser decorrente de uma pressão de cunho social
para gerar filhos e garantir a continuidade da família: “... é muito também de posição
social. A família quer ser igual ao contexto”.
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repente o casal se separa. E a criança fica naquela situação, vai para o pai, vai para
a mãe, aí volta para o Juizado para ter aquela briga de quem vai ficar com a
criança.”
O diálogo de ambas as famílias apontou importância da estabilidade familiar
de um segundo abandono ou ainda uma situação indefinida em caso de uma
separação conjugal.
Foi apontado por uma das famílias, que a gravidez, em geral, é aceita de
forma mais natural pela família extensa se comparada com uma adoção.
Possivelmente, porque há um laço sanguíneo com a criança e rejeitá-la seria negar
o próprio sangue. A senhora Silva referindo-se a criança adotada “é uma pessoa que
vai integrar uma família, mas uma família vista como um todo. Como é que vai ser a
aceitação não apenas dos pais, mas dos avós, dos tios, dos primos, porque tem que
ser levado em conta tudo isso. E as pessoas têm que enfrentar e conviver com
aquilo. Então não é gravidez que a mulher vai e a família aceita. Está na família, mas
é uma coisa que vem de fora...”.
De acordo com Schettini (2007), isto seria consequência de uma
aprendizagem cultural que propaga a obrigatoriedade de amar aquele ser que foi
gerado de forma biológica ou com quem temos laços de sangue. Assim, a adoção
provoca uma probabilidade maior de rejeição, visto que o sentimento de amor é
consequência de uma decisão pessoal. Dessa forma, nessa cultura de laços de
sangue não existiria uma garantia de que o mesmo pudesse ocorrer.
A pesquisa ainda trabalha o tema da vivência das famílias durante o
processo de adoção. Nesta direção, o critério para convocação para as entrevistas
foi, como citado anteriormente, que as famílias já tivessem sido objeto de um estudo
psicossocial visando à adoção. Dentre os assuntos trabalhados vamos destacar os
seguintes:
Ansiedade e temor x necessidade de segurança: Uma família, relatou que
passou por duas experiências de adoção, na primeira a entrega da criança tinha sido
mais rápida, porém o tempo de estudo e conclusão do processo foi longo. “Nós
ficamos um ano sem a certidão, sem a garantia de que ele (o filho adotivo) é seu... É
uma situação em que a gente, o casal mesmo, dá uma desestruturada”.
O casal comentou que o tempo de espera para a concretização do registro
foi mais angustiante do que esperar para acolher a criança. Visto que quanto maior o
tempo de relação com a criança, mais se fortalecia o vínculo e dessa forma maior o
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.clube-de-leituras.pt/upload/e_livros/clle000128.pdf.
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OLIVEIRA, J. M. Guarda, tutela e adoção. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.