You are on page 1of 58

Pré-Socráticos

Aula 5

por Olavo de Carvalho

coleçáo

História
Essencial da
Filosofia
po. Olalo de Ca.lalhô

Coleçáo Hhtória Esen.iál da lilosolia

Aconptuhâ est publicaçáo um DVD.


náo pode ser vendido separadámente

lmpresso no B.asil. agosio dc 2006


copyright @ 2003 by Otalo dc Caúêlho

Iolo Olalo dê cúr€lho

EdiioÍ
Edson \'Íanoel de oh cüa lilho

Monique Sche.keh e Dagm Rizzolo

Dagui Desigh

Tereza Maria Lôuronço Pereira

Os düeiros autorais desa €diçâo peÍcnccm à

É Rcalüaçôes Editora, Livra.id e Disiribuidora t,tda

CEP 04010 970 - Sáo Paúlo SP


Teldâx, ( 11) 5572-5J63
E-mail e@erealizâcoes conr br
§Mr.erealizacoes.con br

P"+' d o.o.o.o F o.o. .oD po' ds,o ,i


'qrJo'e' orn .'.. .'. .o'i .,..d o. ;. i..,
'oo
Pré-Socráticos

Aula 5

por Olavo de Carvalho

coleção

História
Essencial da
Filosofia
:,
ü
2006
ColeÇão História Essencial dâ Filosofia
Pré-SocÍáticos - Aula 5
por Olavo de Carvalho

Com essa aula. vamos ter que romper a ordem cronológicâ, porque
vamos retornar aos pré-socráticos. Mas isso náo será a única extra_
vâgância que vamos ter que Iazer: em parte devido à amplitude do
assunto, em pârte por um problema metodológico, teremos que colo_
car alguns conceitos com os quais vamos depois explicar as filosofiâs
pré socráticas.
Antes de entrarna exposição cronológicadas doutrinas,vou terque
dar uma aula que náo será histórica, mas sim teó ca, que vai colocar
um problema lundamental para a própda narrativa: existe um ceÍo
consenso - e isso se lerá em praticamente todas as hisióriâs da filoso_
fiâ antiga de que a filosofia se disiingue da úadiqáo anterior por ser
uma atividade de ordem racional. Esse apelo à idéia de râzáo é usado
para sustentar o argumento que afirma a filosofia como uma tradiçáo
ãuronomâ que noda deveric a5 lon.L s orie )Iai)
Houve, durante algum tempo, uma discussão a respeito disso - se
o que apareceu na Grécia já náo teria sido antecipado de algum modo
pelos egípcios, babilônios, judeus. etc. A tendência moderna é negar
essafiliaçáo oriental dafilosofiagegae afirmá_la como um movimento
novo, intelrament€ original, € o algumento básico para legitimar isso
é a distinçáo entre o que seria um conhecimento de tipo mítico. ou
mito-poético, e o conhecimento racionâl Isso quer dizer que, desde
os primeiros pré-socráticos, desd€ Iàles, os filósofos gregos estariam
já numa linha de investigações que os aproximaria antes da idéia do
cientista moderno do que da idéia dos proletas ou videntes de tradi_
çóes orientais antigas.
Pornais que cu estude lsso. nâo consigo entcnder exatamenie do que
estáo falando. À distinçáo €ntre o mito_poético e o racional, tal con1o é
oíerecidâ nâsvárias tlisrórlas daFilosoÍia. mesn1o nas mclhores delas..
Eu trouxe clois cxen1plos. Um ó o do Giovânni R€ale, A ri§tórid dl7

,losoliar antiga, livro clássico do


e o outro é um C atnlo«l, ptitlcipiüm

SdpienÍia: as oilells da pensame la líLasítico Erego.':A tese dos dois


é mais ou menos a mcsn1â: irata_sc de làzer a disiinEáo enirc o nito_
poéiico e o râcional.
Se peg.fmos as primeiras doutrinas dos fi]ósolos pré-socráticos
verelnos. no entanio, que nclas essa distlnçáo do mítico e do raclo
nal náo apârece tão claranentc assim. e que quanto mais tentamos
nos âpegar a cssa distinção n1ais parece que estamos pisando em
areia movediça. Por exemplo, qüando Tales enuncia a s!14 dout na
fundânental a dc que a origem de todas âs coisas é a água . em que
sentido isso poderia ser uma teoía cicntíficâ? D em que sentido é un
enunciaclo nito-poético? A mim parcceque, porqualquerdos doislados
que se veia, vai-sc chegar a algum resuliado, mas para que a distinçáo
nos scja redlmeüle úiil temos que, dc certo modo. cxagerá la c sublinhâr
âo máxino a oposiçáo das duâs idéiâs enunciadas
Enr que scntido poderíanos. hoi€, admitir corno teoria cicniíficâ
uma hipótese qualquer sobre â origem cle todas as coisas? Note bem
que mesno a tcoria cosmológica alual do ài8 àarg não o olerece como
origemde tudo. rnas apenas de algurnâs dês caractcrísticas do Universo
físico. Hoje em dia, tenderíamos nrais a dizer que umâ teoria sobre â
origem ale lodas as coisas seria metalísica ou mito poética. religiosa.
leológica, mas janais scriâ âceilávelcomo teoda cicntíficà. Uma teoria
sobrc a origem de todas as coisas te aquescrtambé umateoriasobre
a origem de si própria. nàL) é isso?

CiLlanniBn,\Lu.HisrJrid,/dil,1ófrrdiSa Trad Mnrclofcriôê


5à. fnulo Lolo a. lst)l v l
,Frincn ]VrcDôtrâklCOÀNfOrtD. P1 ih.ipitr tuP1!nti| : ds a !?n\ dÔ P.hsd
daúa lilasónú ltela j.d I-ish.a fnndrlio CÍtui! Gulbarklân 1939
quc vai expllcar o fundamento de todo o Universo iem que
^quilotambén como foi possível o surgimento desta mesma teoda
r\plicâr
(lepois de alguns lnilênios de evoluçâo cósmicâ. Se náo conseguisse
havcr con€xâo câusal €videnle entre o lato de que houve um ái8-à4,9
. o lâlo de quc Seu Fulano de Tal teve certas idéiâs na data tâI, ateoria
cviclcntcmenie já náo explicaria todas as coisas. mas somente algumas
dclâs. E isto é uma observaçáo elementar Qualquer homem de ciênc1a
sabc que nào pode faz€ruma teoda sobre a origem ou a causa de todas
rs coisasi ele tcria que fazer sobre a origem de algunas coisas determi_
nâdas e identificáveis.
Em que sentido o enunciado de Tales seria Íao dilerenie dos enuncia'
dos de Hesíodo, qoe vai contando a história das origcns do universo a
padirdosconflitosentreasváriâspotênciasdivinas? Qual éadilêIença
que existe entre dizer que a o gem de todas as coisas é a águ.r e dizer que

no começo havia o caos, dai. de dentro do caos, surgiu uma bdgâ entre
lulâno e sicrano, e assim por diantc? Aparentemente. a dilêrença náo é
lanta, e. portânio, aialéiade que há um abismo enÍre as fonies orientais
ou a tradição grega primitiva e a atividade filosóhca parece mais uma
alirmaçáo ârbitrária uma espécie de delêsa. como diríamos, partidária
e

ala âutonomiâ dessa atividade. A gcnl€ nota que, em todos aqueles que

argumentam nesse sentido. existe u m a certâ inltaçâo: da partc daqueles


que argumentam em favor de uma origem orienta], de uma Éiz hebraica'
egipcia ou babilônica, erdste, ao contrário, um ccrto desprezo e úma
vontade de minimizâr a importâr1cia da úadiçáo fllosófica.
R€firo-me especificamente ao arqu iconhecido René Guénon. Ele dirá
que a filosofia é âpenas um momento secundário da história espiritudl
ala humanidade e que tudo aquilo que iá estâva leito no Egilo, na Ba_
bllônia. na fudia. eto. é extremamente mais irnportânte; e dirá qu€, no
lim das contâs, údo o que os gregos frzcram náo foi senâo descobrir
duas ou três chaves diêléticas que tornâvam mais explicáveis coisâs
que as pessoas já sabiam. Naturâlmentc, airadiçâo acadêmica hoje náo
âceita isso, e a argumentaÇão do Giovanni Reale contrâ essa hipótese
é bastantc imPaciente.
Desse confronto entre umaespécie de desprczo, porum lado e un1a
initaçáo. umaespéciedesentimentodedignidadeofendida, pelooutro,
acho que náo vêi sair nada quc nos aiude. Creio que o problema está
colocado embascs mais polêmicas e quase religiosas do que realmente
cientificas. En1 prlmeiro lugâf porque existe uma ]?'a'?ce valorativa
evidente nâs duas colsas. Se o indivíduo privilegia o conhecimento
mito-poético como um conhecimento de ordem superior. revelâda ou
qualquer coisa assim, entáo ele lenderá a enfaiiz a raiz oriental da
filosofia: se, âo contrfuio, cle enfatiza a inpotância do discurso cien_
tífico ou racional modemo. ienderá a cortar essas raízes e afirmar a
originalidâde da frlosofia.
Suponhamos qlle colocássemos entre parénteses ou até reieitássenr os
completamente essas rzrarces vaLorativâs. Suponhamos que colocásse-
mos a coisa assim: olha. realmente náo sabemos o que é melhor e mais
importante. se é o discurso mito'poético antigo ou o discurso râcional
modemo: náo temos nenhuna certeza a resp€ito dcste negócio Ade
mais. tudo isso se refere a monumentos cognhivos ião grândes e táo
gigantcscos que pareceria uma preicnsáo idiotê dizer que um é maior
e o outro é menot O que sei é que os dois são maiores do
que eu e
que nâo conheço um por inteiro nem o outro por inteiro náo abarco
a signilicaçáo de um por inteiro nen do outlo por inteiro - portanto o
julgamento de tamanho, isto é mais uma expressão dc uma aposta ou
de um desejo do que umâ coisa v€rdadeira.
Mais ainala:cxiste esiarealidade deprimcnte de quetodo aquele que
proclue úrmâr a superioridade do discurso mito_poético iamâis o iaz
em aliscurso mito-poético. n1as sim em aÍgunentaçáo lógica' Eque,
por

outro lado, aquele sujeito quc afirma a superioridade absolula darazão

E
c clo aliscurso científico moderno. no fim das conias, nào conseguindo
nos dizer no que consiste precisamente essa dilêrença específica do
racional e muito menos identificar de maneira puramente diferencial
a presenÇa desse elemento específico nos pré_socráticos, ele acaba nos
oterecendo iambém uma teoda que. pensândo bem, é mito-poética
aparcce ai menos como um conceito claro de uma coisa
que
^Íazào
a gcnte entenala do que como uma entidade iambém mítica chamada
Razâo, perânte a qual deveríamos nos prosternâr em sinal de respeito'
Entáo. iudo isso me parece uma teratomaquia, a lllta de monsiros:
cstamos no escuro; a gente está ouvindo aquela barulhada e náo está
mâs
entenalenalo nada. Conlesso que nâo entendo nadâ desse debate,
a gente perceber que náo está eniendendo é um grande passo pâra a
conquista do conhecjmento.
O que náo entenalo precisamente é o segÚintê' Ô da razão'
'Ôn'eito
ã nossa idéia "razáo', ela nâo nasce num momento histórico definido
com uma fronteira clara separando_a de outras capacidades cognitivas
que prealominassem antes. Náo só o homemvai tomando posse da /4zr;o
muito lentamente, e de maneira muito problemá1icâ: â dura verdade é
que até hoje ele náo conseguiu dizer exâtamente no que ela consiste'
Entáo. se os conceitos que estamos usando não estáo totalmente sob
ô nosso controle. muito menos poderíanos usálos como ferramenta
náo vâi
de aferiçáo ale outras coisas que também estáo confusas Você
explicâr o confuso pelo n€bll1osoe o nebuloso peloconJuso estácerto?
Nesses casos, a prudência recomenda você simpl€smente dizer: 'Olha'
eu náo €stou entendendo alireito esia coisa" -
e de fato ninguém está'

Portanto. al€safio qualquer um a provar essas teses - ou da origem o en_

tal ou alaautonomia ala filosofiâ emiermos que sejam cientilicamente

válidos. Ou, entâo. que ele prove que nào é possível teoria científica
alguma a respeito e que. no máximo, vamos ter que nos contentar com
uma fi gura mito-Poética.
Sc pegarmos a tese lundanenLâl dc Tales, dc que â origenr dc todas
o\ cLi.r. e a ogu". oe\cmu' ( i/c_. -l'lo t umr ir r"grm pocli'a' trr I 'i
nile poético, una met, oÍa poética, umâ figura poética ou é u ma teoria
científica?'. Uma ieoria cieniífica no senlido noderno. no sentido atual'
essa senicnEa náo podeÍia scr de jeiio nenhum. pelo sinples fato de
que

os critérios alc cieni ificidade quc hoje aceitanos não existian na época'
Enião. cra absolütamente impossível que Tales sozinho se aniecipassc
a 25 séculos de progresso clenrífico. dc progr€sso na autodefiniçáo du
ciência, e já por lelicidadc, enunciasse una lrase que tivesse todàs as
caracteríslicas lormais. Iógicas e epislemoiógicas do que hoie ent€nde
mos por un1a ieoriâ científica.
O quc seria o cnunclado de lhles à luz do método popperiano da
lalscabiliclade? Todo mundo sabc que Popper exigc de uma teoria
científica que, ao ser enunciada elâ iorne explícito em que condições
seriâ lalsa. Se ela prctende ser verdadeira. se vocô prelende que csse
seu enunciâdo seja verdadeiro. entáo. o quc seda prcciso para quc
elc losse falso'l Ou seja. que condiçÕes o desmeniiriam?
A teoria cientifica, segundo Poppc! tem que ser enunciada d€ tal
moalo que sua versáo falsa. ou scu aspecto falso. a possibilidade da sua
.1lr.laoce're-. trmb,n,e u"c'JJiilc_nrne rd.larr Ora.("4co"d:Lao
evidentemenie não é atcndida em nenhum grau p€la sentença de quc
'todas as coisas provêm da água'. Como você podc a provar: Parâ isso
ieria que enunciar como ficâria as coisas se clas não proviessenl da
água. mas sim de ouiÍas origens Provando a falsidade dessas ouÍras
origens, restaria â da água.
Mas qual s€ria a dilercnEâ enÍrc vir daáguâ ou vir do ar? Qual seria
mais primitivo. qual seria ani€rior? Sob certírs aspcctos, notamos que
o ar. por cx€mplo, iem el€mcntos dc unid€Ld€ - e se elc tem alguma
águâ. e não sendo evidentenentc cornposto só disso, entáo não pode'
ria, por si nlesmo, ser a origcm cla águâ. Desdc que a águâ é um dos

l0
clcmcntos que o compôem. ela nào pode ser o arqui'elemento do qual
sc compuscrân os [outros] vários componerriês P'r otiro lado o ar
lcin um elemento de rarefaçáo, tem um a§pecto dc rareiação naior que o

drLáglra; neste senlido, a água poderia seÍ vista como uma condensaçáo
dc algun dos componeni€s do ar Essas duâs vcrsões das coisas, uma náo
nos parcce mais verossímil que a outra Podemos argumentar indefinida_
Lrcnte em tavor de lrma. em lavor d€ ouim, e não chegaremos a nenhuma
,,."c r.,ào \o Íin, rcnamo. Jc aonir rque r.ênren.a,u,r a
"lt. rnrtita)
tbi simplesmente nral formulada.
O que queremos dizer com este "ma] lormulada"? Queremos
dizer que náo temos clareza suficiente quanto ao que é o ar ou é a
água para podennos saber qual dos dois veio antes. Para se saber se
unla coisa causou a outra. o
ínimo que se precisa saber é o que é
uma, o quc é a ol1tra... Entáo teríamos caido numa espécie de discurso
.lc múltiplo sentido, um discurso pluriss€nso. Ou scja, anles dcvocê ter
aexplicaçáo causal do ar ou daágua, precisaria ter a definiçào científica
.lo ar lato é que nào se tirha. Ora, sc Tales náo tinha a
e da água, e o
definiçáo científica da águâ, e muito menos uma definiçáo cientifica
dr) outro clemento da irase. isto ó, de "todas as coisas", entáo como é
que ele poaleria enunciâr) com esses elementos semânticos iáo vâgos,
táo aleatórios, táo frcuxos, umateoria científica? Ele não poderiafazcr
isso de maneira alguma.
À que !ipo cle expedência cognitiva nos remete ess€ cnunciado dc
ftàles. entào? É evidenie que tudo o que um sujeito cnuncia é porque
corrcsponde âaLgo queele pcnsou, quc ele inieligiu. que ele intuilr, que
ele imaginou. E se nâo temos a capacidade de remontar âlé essa expe
riênciâ. essa cogniçáo originária. simplesmentc náo entendemos o que
ele eslá alizendo. Ora, partindo dopincípio de que a espécie humana
desale o t€mpo de Tales nào n1udou muito na sua estrutura anatômica'
fisiolósicâ e, podanto. cognitivâ, devcmos admitir que qualquer que

ll
ienha sido sua c)rperiência ela ainda nos deve scr acessíve] pelo
menos inaginativâmentc. Não é possível quc com o lransclrrso dL)
tempo cla tenha se tornaclo tão estranha qlre seja impossível chegar

Por outro lado, conhecemos bastante o progr€sso aiual do co_


nhccimento cicntífico e a seqúência de experiências cog.itivas
que corresponden a uma investigaEão cientifica. Podemos, entáo,
comparar as {luas. Tambéln conhecenros algo da imaginação mitica e
da linglragem miio poética. Énlão, dc certo modo, o coniunto d€ssas
experiôncias nos está acessí,elc podemos scmpre lazer o exp€rimento
imaginário cle rcmontar dcsde um enunciado verbal aié a experiênciâ
básicaque eslá subcntendidancle. lnraginc em qlle circunsiânclas você
podeiê enunciar est.r sentcnça. de quc a oigem de todas as coisas ó a

água. To.los podcmos lazer este experimcnto e ter â impressáo de quc


todas as coisas vê da água.
Existe. por cxemplo, uma analogia que se pode fazer: você noia
que, q(ando adormecc. quando vai dormir. as lomras dos elemcntos
sensíveis do mundo exierior conro qrc se derÍetcm e se liqueiazem:
elas pcrdem a sua dcfinição. Enquanto está acorcl.rdo, você sabc que os
clementos circundanles conservam as suas lormas. e acrediia que cles
sáo Íeâis jusiâmentc potque as conservam Por exel1lplo, estâ parede
está na sua lrentc e você sabe que não pode aÚâvcssá ]a; sabe que no
inslante scguinte ela náo terá saído dâi só paru que você a alravessei
sabc que se ela tem uma c€rta consistência. uma ccrta gidcz. que ela

vai conllnuar tendo €ssa con§istência. essa rlgidez. Vocô pocl€ scntâr
aqui e .lizer: "Vamos esperar que ela âmoleEa" EIa náo vai anoleccr
Ou seja. esscs dados do mundo exicrior vão lazer o quc eles qucrem,
náo o quc você qu€r
Essa autonomL.r dos dados do mundo exterior é que nos fâz adniii
los como rcais. Se clcs se cun/asseln às nossas erigências inâginaiivas
rcrinmos uma c€rta dificüldâde de distingui-]os dos nossos próprios
|cnsar.entos. se. por excmplo. o suieito inragina que estâ mesa sai
v()ânclo e elà instântaneanentc saivoando: se olho esta distinlaplatéia
r imagiüo que toda ela se transfomou nun1â coleÇáo de beldades nuâs
rnsiosas para aiendcr â todas as ninhas fanlasias lúbricas. e isto acon-
tccc. eu teria uma certa dificuidade dc distinguir cntre o que ó o mundo
cxtcrior e o que é o meu próprio pensamento. Eu não sab€ria se essas

eoisas eriistem ou se as cstou inlentando.


C)ra. esse recuo desde ummu.do dc coisas definidas e autônomas
aré urn mundo de ciaçócs plásticas que sáo dóceis. que cedem ao seu
.lcscjo. isso é exatamenle o que acontcce quando você vaj dormir.
Ianto que. se hou\.cr no mundo exterior nesse instante algurn tipo
rlc cstímlllo qu€ você não qucira recebe! o que acontcce? Você acorda.
Vc um ruído que náo cslâva nos seus planos, um cheiro quc náo cor-
r.sponde ao seu estaalo de espÍrito naquele nl omento, ou alguém acende
a luz... E náo lbi você quen quis nada disso. isso vai contra a tendéncla

à qual o seu organismo está procurando se aconodar' Vocé acorda e


nio conseguc mâis dormir Vocé pode lâzer uma analogia disso cono
uma espécie de dcgelo ou derrctimenlo, porqlle são formas rígidas que
se liquefazcm ou se derrctem, lornando'se, portanio. n1ais dóceis âos
seus desejos. Náo é isso que acontec€ qrando vocé dormc?

l\lüÂ: Por isso é que etisle a e:.prcssãa"nrcr!ülhat o sotlo"? (. .))


lsto mesmolA associâçâo do sono com o me4u1har, comunalundar

en1 áglras profundas. âcho que é unlversal Ninguém conpara o sono


e{âtamente ao contrário. a um enrijecimenio, acho que náo Ponanto,
por â. alogia inversa, cono você vê qu€ cstá recuando desde um mundo
un indelinido e. aomesmo tempo. vê que â slla
de coisâs dcfinidâs paÍâ
quântidade dc atividâde vai diminuindo e tudo vai sc simplificarldo' e
laffbém vai rccuando desde experiências nais dilerenciadas que são

13
própÍias da suâ idadc adultâ pâra certas experiências que sáo idênticàs
às que você tinha quando era bcbê porque dormir é iudo a mesma
coisa para lodo mundo -, entáo você pode associar €sse mergulhar nas
águas profundas do sono a urna espécie dc reclro no tenrpo.
Isso âconiece tambén porque no sono náo sáo só as fonnas físicas
quc se dcslãzem, mas a rígida eÍrutura d€ iempo na qual vive os.
Sabemos que aquilo que aconleceu náo "desacontecc", sabemos quc
o tempo não recuâ ele pode ir para âdiânte, para üás ele nunca vâi,
mas no sono vai. No sono, coisas quc acontecerâm há vinie ou tínta
anos poden estar pÍesentcs como se lbssen agoia. E, também. coisas
que na vida de vigília você náo conseguiria record por um csforqo
conscienle de rememoraÇáo, clas poden lhe apatecer no sono ou num
estado de relaxêmento prolundo.
Não tcm esse pessoal que diz quc faz você recuar a vidas 'anteÍio_
res"? Naverdade, você não sabe se são anieriorcs. sabe é que sáo vidas
que lhc aparecem na imaginaçáo de algum modo. A associaçào de que
sáo encamâqóes ant€riores. quanto â isto. note bcm â suiiLeza: dizer
que uma f.ida lbi ânterior a outra prcssupôe umê eslrutura de tempo_
ralidade que náo é aquela que aparece no sonho e qlle não pode ser
traduzida imâginariamente. A estrutura de lempo não é \,isível, é uma
ordem iógica que a pessoa coloca, é uma articulaçáo quc só se pod€
lâzer quândo se está acordado.
No.onhu. nrrn" -ep_e\\4. \irrplc.n.Ln'e aia'er.Íiam \ários.pi_
sódios que, depois, quando eu acoÍdar. o tcrapeutâ de vidas passàdas
me dirá qlre lbram vidâs passadas e eu àcrediiâÍei. lnas. no instantc em
quc aparcceram, elas náo podem tcr aparecido como passadas Sevocê
reviveu as suâs vidas pâssadas tal como as vivell. naquele mon1ento
elâs nâo eram passadas, eram prcsentes. Se as revivcu sabendo quc
e'a n lo)iaJ.s àoa.r.\i\("de nan\rtuagurn, rpena) a\ in-tsino.
Existe uma impossibjlldade intrinsccâ de você ter u Ina cxperiência, uma

t4
rcvivescência das vidas passadas enquanto passadas. mas sim apenas
c(,'no vidas. (...)
Esse mergulho nas águas prolundas corresponde náo apenas a uma
(lissolução das formas sensíveis. mas a umâ djssoluçáo da estruiura
dc iempo e, portanto, dos elos de necessidade causal ao quâl estamos
rrlosÍumados nâ vida d€ vigília. Ora, sc vocé dissolvc as lorma s€nsíveis
c os elos de tempo, entáo é evidente que esiá dissolvendo toda a câdeia
clasconseqúências e rcmontando a um pincípio no qual todas as con_
scqüências que dc fato se desenrolâiâm depois âinda erâm possíveis de
maneira simultânea.
Antes das coisas acontecerem. todas elas sáo possíveis. E elâs sao
possÍveis qudndo? S imultaneamente, elas apareccn como possibilidâdes
simultâneas. quer dizer quc. nes se estado, você estaria renontando
Is so

clesde um mun<lo de efetivialâde aié um mllndo de possibilidade. É como


se dissesse: no sono você sai do mundo efetivo e entra num mundo
possívei. Ora, o possível é nec€ssariâmente anterior. lógica e crono'
logicamente, ao efetivo, àquilo que de fato âconteccu.
Entáo, essa âssociâqão do sono e desse mergulho, dcssas águas.
dessa profundidade, com um retorno da eferividade à possibilidade
e, portanto, con um retorno dâs coisas até a sua origcm é bastan_

ie viável. Só que tudo isso sáo associaçóes de idéias, de imêgens. Náo


podemos dlzer de nenhuma dcssâs coisas que ela é eaatainente assim
Se eu tenho no sono avisáo de algo que depois eu penso ser umavida
passada, cerÍamente, na nelhor das hipótescs, seráuma imagem de al_
guma cenae nâo uma revives cência. pois a revivescência teriâ que durar
tanto quanto durou vida passada. Dürantc a seçáo de rcmemomçáo.
a

se eu recordasse dez vjdas passâdas, cada uma com umaduraçáo módia

de s€tenia anos, eu precisaria de sctecentos anos de terapiâ para poder


revivêlas. Entáo. nenhuma recordaçâo disso é uma revivescência no
sentido pleno, é uma imagem apcnas.

L5
Na verdâde. isso nio se aplica só a essc câso extremo. hipcrüólico.
d1. rio, . p:..rdr.. rrJ- J ouâ qucr r( rrL I 'ÔÍa. ru oo quc qu(' ou' \r ê

Se eu peçor "Recorde algo. uma cena qualquer que você \'iveu". você \'ai
ver quc â recordação nâo duÍa tanto quânio a cenâ durou na \'erdade.
E. mâis ahda. verá quc náo tem rodos os elernentos quc csiavam na
cena. mas somcnlc âlgllns dclcs; âí, €sscs poucos €lcmenlos que você
recorclotlsáosuficientespâraI|esugcrÍosrestanres lssoócxatamenle
uma imagcnr poótica: você dlz um pouquinho d€ coisas qu€ sugerern
um monião cle ouiras quc você náo disse. Isso quer cliz€r que' literal_
nentc. icmos de admitir qlre â scntenqa de Tales é uma expressáo de
um cripe mento poéiico, € náo oulra coisa.

l\lrnot uu iti ai alguilcts eaplicaçaes que associa?afi a idéia cla


áEüa à expetiêncía da di.] a dia de u 1 paüa que üitia a tnaiot patte
do seu tempa fios tios e qLte ia os feti)menos causados 1ú anlbiente
pela chüüa, pela água que saí da leta, pat poços e Íatltes... aí faziatn
a associação, pat ercmp\o. que as chuúas lazet cofil queas lLantas

crcsçam e isso ttiis a ltida ptlrtl os a ímais e assi/] pot tlí|nte. ( ..))
Sim. sc a unr ortro tipo de conex,Lo qlre tâmbém se pode .

podetn tutlellnt ()s


lAlL.no: Ou e|1tão as lefipestades 1úito Íottes
atnbie les. o terÍe a, rian efixutlt1dos, e assinl pat día te-)
Sim. mas se vocôvir qlre o simples iato dc chov€r significâ quc algo
jogou ágra cm cLrna dc você, náo loi a água que sc jogou. entáo. nestc
seniiclo, como é que â sinrplcs experiência de c}re choveu e a chuva
colocou isso nlais nenos podcria sugerir â águâ como origenr? Náo.
oLL

ia suge Í âpenas a pres€nEa da água como um dos clenentos de um


l.,o.e\\o q. L - r,1 ...nJ. Pu, e{., rDlv. f rraquL JEL I !o'o \ n(!e\'a_.u'
que você estcjâenbâixoc algo quejoguc a aLgua esieja cm cinrâ. portânto,
é ncccssárioque ienhaum negócio chamâdoespdço l sso l1lc pa]ece auto
lrvidcnle também: se há um dcslocanento da água no espaço é porque
o cspaço nâo é água Essâ é uma distinçáo quc hoje em diâ facilmenie
r.. Jn,o.. e o5r! ob.Er, J\ao jamui. no. s-geriril foí \' a atsur Lo no a
origem dc todas ês coisâs. Poderia sugcd_lâ como um elemento ou um
,'rtrr'.lo(eúnpruLl'.o I o\ _un.J.o no oriBem
A ôbseNaqão desse processo, e a obs€rvaÇáo do papel da água ness€

lrroccsso nêt!Íal, isso jamâis sugerida por siaorigen aquáticadetodas as


coisas se nâo houvesse um outro elemento subjetivo qu€ relorçasse essâ
hipót€se. E esse €lem€nto subjetfuo não creio qu€ possa ser outro senao
a associaçáo da idéia de criâÇão de todas as coisês com a idéia de cris_
lallzação de lbrmas. qu€ depois derretem e são devolvidas à sua orig€m.
Scriâ uÍna analogia com a formação das figuras de gelo. lornas geladas

l^]Jdno. A tígua é una boa metáÍoru da mutldo das possibílidades


potq e é adequáüel a qualquer lotma. não é?l
Exatanente, mas é disso mcsmo que eu estou lalando, da plastici
dade da água. Como ela nâo tem uma ionna espacial definidê, adquire
cssa tonna quândo congela, dcpois derrerc cvolta à sua "inlbrmidade"
{)righária.

lAlu]no O at tanbém tetia essa carucletístíca?)


Como é quc você vai condcnsü o ar c fazer dele aLguna coisa?

lAlü.ot Etltào, ele se libenüa, ao é?l


Veiâ, a hipótese do aÍ surge âté um pouco mais tarde, pelo simples
Iato de que você náo pode espremêlo e lormar umabolâ, por exemplo,
não dá pâra lazer isso. Você nâo vê essc processo.

l\l\ina: Mas ele tafibém tica cam a lotfia de onde ele estfuet! o
de denh'o desLa sala tem u ÍotnLt...)

t7
Náo. veja, com o ar na.lâ dc visilel sc forma Vocô nao podc lâr€r
conl ele Ilada dc visível, nâda de espâcial: nno pode corrrprimi lo tanro
quc clc lorme algumâ coistl. Entào. a iüragcm do ar já nào s€ria tào sn-
gesii\iâ ou táo cloqircntc assinr. tanto qrrc.ssâ hipa)l€sc surge s(') dcpois
conr Arâ\nnürcs. mís nruito mais rârdc Ncsra conversa qre eslalrros
tcndLr aqlri. r lripaÍcse dr) âr sar surge como urnâ oposiçlo dialélica à
hip(')tcsc da áÍtlra u urc pârece qú. a analogla mais pró\ima da idéia de
fornraçilo, .:lc origcrrr c dc rtlorno i origcnl é realntcrle i1áiluâ
\bcapode uma(rira inragcnr a do claro e escuro. qu cr dizer.
a l'azcr
.lo csclrio como origcnr edo claroc( o clctivid.rde ou rnundo n1ân ilcsia'
I

lkr râmbam. Só. uc icria urn pcqrrcro froblcma: a§ coisâs qlre âparcce'r
no proc.sso dc passagcm da eslrridáo para a lurüinosidadc nao sáo
lornradas clas rnêsnras de cscuritlão c hriirrosidâde. entáo haveria uma
conlra.liçao cnrrc a i agcn e o que cla prciende rcpresenlâ. Njtrs a da
,!u ,r',' ..J.,.b. 1,.l'i.J/I 'r,J., P. i", qrr(,u' iiu-... u'r
sínbolo uriversal. Ora. essc sílnbolo aparcccrá lanibóln eúr nânatjvâs
mito poéricas. Na Bíblia. nâo lbi a águâ quc lornrorL iodns as coisas, nrâs
pclo n1cnos ela loi umn das prinlciras coisas que se iorm anr. qu.rrdo
Dcus scpllrâ um cslríLlo illnido.te urn cstrato §cco.

lÃltr!': ne enga a. tcnt utn ue í(r a assin km1blu1. quc


Sc nãL)
t1.) i it:h nàL) hdtia atla e o Espiila de Deus Paitalta

Ondc clo pairaval Sohrc as águas


Essa idaia da água como sí bolo da f rir(ndialiclade eíá pre§en1c cm
iodr pa r. Tâlcs nào podrriâ ia Io cnunciado se clc livcsse aLgunla c)i-
'rão
fcriônoia rognilnx qoc d. rLl8ll1r nlodo lhc rnosirassc isio Ora n'as cm
quc

cssri cxpcriarcia cr)Srriiiva tc|jrt §il:lo dilcrcnl€ daquela do individuo


.Luc. raciocinrr.lo nrilo poclicarlrcnl!. disscssc quc no prin!í,io hâvia

'..1.:'.t'ir.,,J ' ',i',. ' r. \!'r. r" r.,.rieÔ1 'r'rr''"


nrcsrra. nJ(, vcio dilcrrnçr

ll
lAlt.:,a (... ) catn a atinlaçaa de históÍeles íLe qu e a otigem de todas
ts toi\tb é lena. áHtltl, lago e ttt Íicou desíeitd ..ssa ali aÇno ( ")?l
Não Primeiro. cssâ allrmação veio muilo antcs de Aristóteles.
vclo corr Empédocle5. Aristótelcs simplcsmcnte vai subscrever, com
r.striçócs, essa tcoria. Ula náo potlc ficar desfcilâ. porquc para lsso
r rL precisâria ser lna tcoria cieniífic.r r1o scnlido modcrno Como é
uria scntcnça nrinl-poética. cLa ó pura cssência tcm mullos scntidos
lrr)ssileis, cntào náo sc tcn1 rnuito conro ilnpugni la. Ela nao atcnde
à
( (nldlçâo do Popper de fnlseâbilidad€, cntâo náo tcm Denl como ser

t)rovadâ nem como ser i rpuilnacl.l.


Âté o lromento, vcmos qlr€ náo há ncnhuma difcrcrçâ entrc csse
riiLrnciado de Talcs c qualqrcr enunciado mlio_poético No cntânio'
c\istc Lrna ollrra dilerença que Lrão aparcce! ainda, nl.§ qíc vai apaÍeccr
agaftr: é (§c a afi n1t1t ir.] Ile naüalild. Elc não eíá contan
ThLes n tl a é

do umâ hislória, csiá en!nciâL1do u'na hipólesc embora cssâ hipóiesc


.\f'r,'. c^ ü('.J0. nh nl. , rlL I r' '. i,r n _i"c 'r. r-ir lr"'"' arr.
. n si rncsna é Lão vasta e 1ão complicâdâ qlre rão poderia scr.xpressa
\orllr por un1 súnbolo poético. Nl⧠ele ccrtânen1e náo cslii lâzcndo a
rlsrira cois<r quc Honle() ou Hesí{rdo
lllrnero ou Flesíodo lâze umâ raÍmti\râ. coniâm a o g€m das
(1,isas como se esti\.csse 1á. como se fossenr rcstcnnnlrâs da criaçao.
,.,.,, .É \r\.rI ...i.duu.,|,,"J. r,,. .','.'' . (Li''rltrc'
sirhc quc cles náo âssistiram Quando Hcsíodo conra qüe houve l.ris
ou quÍLis conlliios enirc as potesladcs prjmordiais. conta aquilo dc fatL)
cofio sc ele estivcsse vendo. conro sc losse !rm rcpóúer quc estivessc
riLrrrndo âquela gllcrra. c ele sâbc que não cstava Portallo. clc stLbe
quc cstá repeiindo uma hisróriâ que tbl corlada pârâ ele por um sujeito
! LLc a oLLViu de ouiro. que rt ollliu cle ouirc. quc a ouviu de outro.. e

eLrja orisern s. pcr.le na própria noitc clos lempos


A narràtiva.Lâ o gcrn ó âorigenr danarinth/a:vou coniaruma hiíó'
riaquesepassouháiantote po hti larrto. tâL1io t€mpo que cu lambénl
nào sei dc oncle sc originou cssa própria hlsiória llssc ele cnto não
está prcsenle crn:làles. Esse elenrcnto dc üma narrâiiva nristcriosa de
u a orisc qüc ó a orlgcm do próprio misiório .la própria naulLilva'
isto nro csiá prcsenic cm l.ales dc nraneira âlgurtra isto é claro clc náo
esrá contândo urna história. Nesle scnticlo. sra ieoria é ra.:licalnrente
dilerenic dâs narrativ.rs rníLicâs cla origcm. pelo sirnples fato de nào ser
,rmá narrtr{iva. N raLivas s.Lo €nunciados poélicos c o d€lc târnbónl,
só que os dos po€tâs §ão nârrativa§, c csta âlirnrâtiva dc Tales nâL)
Or.L. irAo csquccarn que nesie ílltcrirn cnire as origens da rcliiliàL)
prinliiivâ gregâ, c entfe csscs Pocmas épicos dc t:lomcro e dc Hesíodo
c Tâlcs aconlece alguma coisa mlrilo pcculiar Aconlecc pin€iro a
crisc dâ própÍia religjão grcgâ. quc vai perdcndo crcdibiliclitdc' Lla nâo
luncionâ mais, as pcssoâs rrão âcrediLarn c.unravcz que não acrcditarrr'
clas duas ur)rar sc essa rcligião lhes dava u'râ idéia quaLquer uma liga
que pcrde
aâo, Lrnra rccoralação da origelr dc todas as coisas, à n1edidâ
o contato co eLa o sujeirr corlâ o tio que o liga à origem, enlào eLc

náo sabe mais onde está


scriâ unra dâs hipórcscs: existiria o slrrilimenio da expcriência
IlÍa
do homcnlcomo ulnbichoqlreesrá iogado no munclo scn1s.Lberde onde
vcio. É o lâmoso de Hcidegg€r ou t, "oblzclrrm ' de Iaspers'
'est âi'
aqLrilo quc esú logado O homcnr quc cstá jogado clentro de uma reaLi-
dadc scm sabcr dc onclc vcio. o qrc csú fazcn.lo ali. isto é rm llpo de
(']tr
rivência da reâlilâdc quc.LlglLrnas pessoas tênr c que, 'le um nrodo
_O quc a que eu virr lazer
.l€ ouüo. lo.los tcmos cm âlsunr nxrnlenlo -
rqri'' :. n',vr( l| r. i u rra tl' irr" r r n ..^n' \'ru 1rr ru'r'i rlL rr
q!âlqucr enlão cstou liicralnente jogado . Estr seria unra hipólesc
A scitunda hipótlsc s€riâ a de vocô rüesnlo buscar tlmâ ligaÇão colrl
essa orise,n. Já quc â rclisi.(), o culto público. a crcnça pLLblicanrcnle
,r( rrilida não nre dá essâ idóia, quem sâbe eu mesnro consigo? Parâ
iss,) você \,ai se declic â uüâ busca intcrior Se fizesse isso. já leÍia

tLLji.laclo auto]lraiicamente rma escola esoiérica com ü11l único membro.


( rLc nais alguém. ai iá lcriâ dois
a você. Dcpojs quc conlassc isso para
rcLllbros. e âssinl por diante. Haveia o surgimerto de u a cspécie
(lc csotcrtmo. SeÍia uma aiividâde dc busca das oigers, porém uma
rlividade que sc distinguc dâ religião pública por ser un1â espécic de
irlcialiva ou indilidual ou compâtilhâda por unr grupo pcqueno.
Nâtural entc. essa âlividade scria de nma enormc complc)ridade'
Iila Lrocleriâ incluir. por cxenrplo. prálicas dc concentraEão paravocê licâr
ro nrcsmo te po acorclado c num esiado de âbcrtura como se estivcsse
rlormin.lo. lsto realmcnte .rco ntcc€ Estando acordado. você estaria dc
r:.rio mol:to ljvre do peso e do inrpacto .las fol.mâs sensiveis. e abcrto
x uma espécic de flllxo. lsto de fato §e faz. é umâ experiênciâ bâÍanle
sirrplcs. no l'iüt.Las conlas. Elaé 1râbalhosâ, mâs náo é complicadâ, náo
a csolérica no senlido nislerioso da paiavra I uma coisa quc de laio
Lr)da pcssoâ pocl€ làzer con un1 pouco de paciôncia. l\'Ias prccisaria icr
. .", p',.ien.ra . prec'ori .-/e, '' (\!,cr. i' \
Por criemplo, o monge grcgo otr russo que fica o lernpo iodo reci_
lânalo uma prccc "scnhor )€sus Crislo, tcn.le pi€dade de
curtinha
LIlrn" , o que ele faz? De lânio repeiir isso ele âcabê entrando n!ma
outrâ roLla de tcn1po. quc ó uma espécie de tcnpo cíclico. que rcrornê.
scnl}rre rctornê, sempre reiorna... Daí aqucla sÜa tcmporalidâdc intema
caba se sobrcpondo ao flLlxo e\ierno Enião o suj€ito cstá acoftlado,
csiá conscicrte, nrâs iá estí vivcndo umâ cspécie dc dudo iempo Nao
a uma coisa complicadâ, n1as é difícil de fazeri náo ó conrplicada cle
;,1ár mâs é.lilícil de lãzer.

.Ss rl, diz que etisle una a íro t)itlt ncsÍa lida- teria
^luna:
dkunla (...)?l

2l
ccúanlelrlel Sco suicito lez isso iáó ulnâoutra\kla nesla vidâ.
^11.
scnl sonrbrâ dc dirvi.lâl lmagine. por cxcn1plo. a iâcilidade corn quc a
p€ssoa quc icln uma ccrla práti(â se tr.rrst)orta coL1sclerrlcmcnte dll
cscala dc tun]po1:la ârualida.lc p.Lra oulrâs cscalas. lss() podc aié larcr
coLr quc clâ rcnhâ accsso a umâ pcrccpç,o das coisas táo nrilis cornpleta
qlrcnáovai nern podcrcxplicar par.losoutros o que elacstá cntendendo.

Por cxcnrdo. tnlos os âc,rn(eclmcntos monleniâneos qlre envolvcm as


pc§sors per$llagcns naquilo qUc se condcnsâ naquelc momerl.r \ioca
pcrclcu rlc vista o pâssado e tar bónl o tu|uru. nras sc, eslando dcntro
dâquclâ ccna e parLlcipando dcl.L. v{)cê iivcssc ao mesmo icrnpo umâ
espécie dc lranquilidrLclcirlerior c unr rccro elormc. aquclà cena scria
âperas urf capítulo dâ vida if(eirâ daquclas pessoas Vocaitíesláv.rdo
ludo o.ruc vcio antes e iuclo o quc vai \,ir depois, cntào é evidcntc que
vai pnrticipàr da ccna com ulrr eslirito complelunentc,:lilcrcnle
Sabcr por que as pcssoas eslAo |.1/endo isio tLqui e âgora. por
€:xenrplo: vocô náo pode snber os ntotivos dâ con.luta prcsenle sc naLo

rem urra idóia cla licla anrcrior dcslns pes§oas. c parâ onde csla vi.lâ
esliL lrdo acorlece q!e no númenlo especílico cm qLlc clas cstão
11:Ls

cnvolvidâs nâ situaçro, Irincipalmcn(c se loÍ uürâ sLllraçáo drân1íljca


c mlri(o iftensa. naqucle nrorrrenro clas pcr.temnr dc visla o lluro. a
cun a drs suâs vidas.
Sc você pode làz.r isso cLnn o lelrrpo dc vida das pcssoâs que está
ohscrlarr.lo, por quc n.Lo poderia rcnlontar irnles disso? l'llas tivcranr
pais c r ács. avós. ctc. e dcccúonlodo.àrncdidaqucvocôvâicriando
cssc lcrrrpo cíclico âDtcrior os le rpos ânrcriorcs 1()mam'sc lio rcais pâra
voca qnânio o prcserie. crccio que elcs e\istiram de laio. As pcssoas
nào csláo pcnsirrdo naquilo no rrorncnm. mas rLquelcs rcnpos e\isti_
rtLni c aqúilo qLrc acoflrc.ir Iclcs aindâ prsu c ainda cslá presc|tc na
situuçrio allral \iocô.orlroqr.L toi rmâ orLrra vlvôrrclâ dc ic$po â da

t.-( i,l. r., r'.r'',ta ..1,.,.r, r.á r,ai'r.


, ( .l(!rridnlle Náo ó un1a ris.?o dâ ctcrnidade. rnâs umar,rlrrisro. ou
t t,.I) lncnos umar/,leclpaÇno sinbólica.
li claro qlr€ o indii.ídlro que icnha esla vivência vcrá os acontc.i_
r. r{os dc umâ outrr r.âneira - é evidentc que é uma ouim maneilâ
rt) LIn.lo muiio rnais âcleqlrada. nuito .ris r€al, mas âo mesmo tcrnpo
dilicil delc cxicrioizaÍ e exprcssar: Nornralmcntc. os seres
, rLiro r11âis
lr rri rxrs nao prccisam fazer isro. Por qlrê? Po{uc a religiio.l€ ccrto
,i!( o laz por €lcs. Unl sujeilo quc vai ar miss.l iodo finl de semana ou
l,rl) rliâ. diâriamcnte â collrrni,:lâde vai devolvôlo rl consideraÇão sobre
, r)rigcn1 de lodns as coisas, vai lernbú'lo quc, no prlncípio. Dcus ciou
tis caus e â ierra, dcpois veio Iêsns Clristo e aco|tcccu mâis isso e mais
i (t!ilo gniào a comlrnidadc lod.r (em uma relerêlclil dc tcmpo cíclico e
.1,,r, nJJLI |dô.Ji.'i., r/,, r\.lur., ,,rrin.
Sc. por algum moiivo. as âlmas individnâis se dlastar€m da rcligiào.
drLao. por üm lado, clas tican scrn nada licâm na situaç,ro.la \,ida
ILrranrcntc cmpíicâ. lsso daria âos indivíduos o seniimento dc screm
irL(,rnos jogados unr torvcliLlho abslrdo, dc onde val sair iLlsianlenle
,i .\Dcriêrrciâ gnóstica da rcâlidadc. qlrc ó issor ''Estolr nu
rundo
r l)sLrltlo scm sertilio algürn, que loi leito por um Deus maligno só para
Essa cÍpcriêrci,r existc. c todos já a tivcmos e algum
rrorfentoi clâ ó uma realjdade iâmbém. do ponto de vislâ cognitivo.
sc o in.liví.tro se delivessc rlcssa cxperiôncia. em ve7 de passar para
,)Lrlra. e se blrscassc cxprimir o quc âquclâ vlvêrrcia cstti dizerdo para
l, r,'-a.r .l'JJuuri rÊ','ri.J O .. r ^enu'r:'i',,o L,,raL\
t)rcssao enomcnológjca de um.l vivônciâ real: d€ cstar iogêdo denir(,
(lc um proccsso âbsur.lo.
O irdivíduo podcria ia bé]n cm vez de iarer isso, dizcr: "I]sperâ
fl. aquilo quc a religiao lilblicâ naro nre dcu talvcz err possa obtcr por
rllrs nreios intcrioresr'. S(:) quc dâi ele ná.r lern um riiual prc o. náo
iem unra doütrina pronta. clc i.ai tcr quc descobrir tudo. e isso vai dar
trabalho. Mas é uma possibiliclade lambénr.
lusrâ'ierLe ncssc pcríírdo quc antcccdc o surgnnerlo da iilosoüa.
há cstc ttnômcno na socicdâde grega, o das âlmrs qüe se dispcrsâm cnl
lacc.:la religião públicâc qnc corncçam a buscaroutras âLlein.liivas. Náo
ó quc corrcçam â sugcrir outras .loulriras seriâ aié urna ic\.iârdade
dizcr quc clcs brigaraur por cursa da iellgião € comcçaranl â Lnveniar
ouiras dootrillas, €ssâ (t Lrma urancira hsultuosa dc ver âcho quc as
pcssoâs buscaranl prinleiro o corhecimerlo lllas podern tcrâtó euâdo.
.rvidrllcnr(rrru nr.s n.ro s.ririrfr in!enranl:lo doutrinas a csmo
Tarrba r runcâ podcnros csqucccrqucroclâcqunkluerdonirina. toda
cqualqlrer teorin.lurlo a(luilo qLrc locô diz rcrronra accrtas cxperiências
cognltilas qu€ você icvc. c sc crL náo sou capâz dc conrpre€ndcr â suâ
crpcriênciâ cogniliva rnuito nrenos !ou podcr corlprccnclcr o que vocÔ
csrádizcndo Eu posso pcgar a douirin a prontt c sirnplcsnrcntc disculi lâ
Por exe rplo: lales diz. uc a origcrn clc rodas as coisâs é r água. Siln oLL

nào'l -,\Í comcço â discutir: Nl.Ls eu estou discrllndo âpcnas palavras. no


s. ,' r lro run., Lrri, r.' | , '' r I L\t\ri; .r:r o Ê n.,i,
píra síber do qüe iÍata!a, dc qnc valc cniáo .lisclrtir se a origcnl dc
se
todas âs coisas a ou nào é.1águal Vo! cair núrna luta dc palavras, ir
chamada logomaqria '
Na vcrdâde. o que pralicarrenrc se c"si a hojc como filosoLia ó
^9^r1t .. r..,,Iri .,.,u'r..lrJ i ,.. r-.\Fri:.
cia cognitiva origin,Lria nao sao nâdrl Então as cscolâs csotéricas qüc
apârcccm 1á tanrbónr corrcspondcm â cxpcriências cogniti!âs. E muiro
irnLcs dc saber se el.1s l]siao ccrias ou crradas. \,Lreô te que remontar
cssas cxp,]l iônriâs pâra sabcr. prinrciro, sc elas rev!lâranr algo de eleri
vo. .lc rrali scgurdo. sc r) crunciado na lcoria corrcsponde iiquilo qnc
clctivânrcntc clâs cr rcrirncrlâranr. s(Iráo voca eslii discurin.:lo como sc
lusseln plr.rs bolhas (Lc !.rbar)
()rr. !c nesse periodo que íâi cntrc Hesíodo e ]âles existe essa
, (\r)lnposição da rclisiào públicâ grega e, porianto. cssc florcscirncnio
{ r' l)Lrscas espirilLrêis individuâis oLr grupais, entáo é isto que torna
ti)ssilcl. baseâdo nessas expcriôncias, que o indivicluo enuncie algo que
tiirirclc expresse!maiiâlidade lLlndarncntal. cqucclenão o lâça em modl)
,,irrxri!o, como fâzia a rcligiáo antiga e os poeias épicos. (...)
lsso quer dizer no entanto. que iá estamos longc do discurso míiico
, rr orl a purâ da fonnâ litcrária dc Honrero e llesío.lo, e longe.lâ lor
rr,L r.rrà{iva. n1ês âinLla estanros dentro dc LLrn univcrso do enunciâdo
trIliro. quc se caracicriza por duas coisas: primejro. e]e não vern de nnra
r 'i(liçao nâ .rtiv.L que se repeie. isso ó uma coisa quc o própio Tdles
rn Êori cnl segundo lugar: ele nao é enunciado enr forrrâ narrativa. mas
:ir)r cr. iorlira do qre seria üma lci gclaL do âconiecer lsso quer dizer
,tIc clc contém elenenros da radição miio-poótica c cLcmcntos do que
rrLis lardc scrá ümâ linguagcl1l fllosófica ou cicntínca Mas, ccrianrente,
,1. f.ro é nem unrà colsâ nern ourrâ. ó um intcrmcdiário.
N{uita águâ rolou - dc rnancirâque eu Lrso de nln,o a inragenr da água
rftcs que losse possí,el Lnn enunciado cicntÍfico válido para iodas
rs pcssoas quc obscrvâsscm o meslno lenô.reno, náo na interioridade
LLrs slras erperiências esorérlcas. ffas râ cxpcriôncia sensÍvel cornum
. cofl€nt€. Isto ó o quc sc crltcnde hoie por "enunciado científico'.
s. eom isso melhorou ê busc.r do conhccimcnto ou sc pnrrou, isso é
urr problenê que podernos dcixar parâ depois. Sob cerlo§ aspeclos,
r rclhorou. Diz-sc quc c bom que haja a leoÍia cierltífica porquc ó mais
.,,rlrolável. que poder.r)s debater c apclar âo reÍemunho de todàs as
!Jcssoâs c não somcntc dc algun1as. lrn p ncípio. Na prárica não ó bcnr
i ssiln, mas seria una vÂntagenr r€óricâ do conhccinento cientíÊco.
Por ôuiro lado, o faio dc só se po.ler apelar ao lestemunlo dâs cx-

Irriôrlcias sensL,riais conluns e corrcntcs subcntcnde que. em primeiro


lfgrr s€ saiba o que são a s e:iptlti ôtrcias se soti uis cotllutls e cotleules,
coisa q!e nx vedadc fào sê sâbe. Qual é o limiie dcLâs? O limitc daquilo
quc ó cxpcriê|cia s€nsivcl .lc Lrnr não a o limile cle ouiro. Alérr dis$.
cxperiêrcias scnsivcL! estáo scmprc vinculadas a uma vi!Ôncia sutric-
lila de tcmpo, quc lrria dcsdc o esqüizolrÔnico qlre rüâl tenr a lisào
âionrísticil .lo que nao conscgue articuLá-lo com o
r onlcnlo plcscntc.
antcccdcntc ncm corrr o subscqr:ienle. âtó a vivênciil do rnotlge quc fica
o dia intciro recllando "Senhor lesus C sio. len.:lc piedacle dc nún €

qlro. conr isso. sc deslocâ €m todos o§ nro entos de Lempo que qüeira
e iorlos sáo igualnr€Itc rcais para elc.
Essa amplilude da conscjéncia dc tcmpo, essa enorme elasticiclade da
cxperiêncla dc tclnpo cnlle uln c oulro nos lnrfcdc pararniminpedc-de
âdrniiir quc.L irléia do tcstenrunho scnsí'el coleÍivo vâlha algtlma coisâ.
L r t, ,. r,, r r.nt,rL ,,. i \ rL,.!l'rr. Ir..
'r!. '
soriâl pâdronizaclaquc diz: 'Olha, os limires da §ensorialidacl€ hunanâ
sâo esses aqui c iodos vernos dcntro de§scs limiles". \áo. csses li itcs
são clásticos de pessoa a pessoa, enormcmente €lástico§
Desejt'ndo apcgar-se i' idéiâ dc um teslernunho scnsoriâl uniforrne dc
lodos os scrcs hunranos. o que os leóricos da .iência modcnl.L loram obi
{rêclos a iazcr? Forâm obtigados abairaruma lcidizendô qnc só v.tlem as
pcrccpqões colrprccndidas ressa tâi\a. Llra. enláo isso já n,o é bcm urI
lestenrunho porque seiáscbâirouLrrâlcidizcndooqücâtesrerrrunha
podc lcslenr!rrhar. scu ieslenrLlnho só iLz conlirmar a senlença ânterio.
lUas. para muilos seiorcs dâ rcali.lrdc, parâ muiios lcnômenos, cjrisie
rcalrrenl! essâ lairê lniloí c Para oulros lcnônenos não. rnirs para
lr1rlitos cla criste [niáo â (iênc]x modcrnâ
trat.rá tlcsscs leDômcnos e.
nito sahclrdo o qLrc làrcr com os oulros. clâ primelrc os .lcixará d. lado
c depois irlé dirá quc clcs fao c.\istcnr ct)n bas. io tttgttnentuln atL
rg,,,)rrlidlr: -Sc cu rr.ro sci da colsrL ú por uc cla fáo eristc"
Qu.rlqurr qtLc scja (, crso c poLrco irrrporrando as discussaes dc
qLrcnr sâbc mrLis. qu.lrr sabc nrrlos. o qnc a nrellror o que é pior . o
lL t) r (rLc css€s cnunciados dos pré-socráticos rêm a caracteristica
I t,r,. ,ir uir,..(1. .. ,lr'rir.,.rr, Jon'., -p,.ti,ot'orià ta"''.tt'
,Lrr I u)s c por iá não seren recebidos conlo parte dc urna heranÇa
Lrklici( al. Elcs sâo efunciados indi\.iduais. l'eitos por indivícllros. E
,,. I rao narrâ1ivos. sâo colocados no prcseLrte do indicativo. Tales ráo
( i/ Irrimciro houve assi . a águâ lez isso... '. Nâo, ele diz: 'A água i
, ririgcln de todas as coisas", portanlo, cla é a origem p€rmancntc de
i,\l.s s coisâs. Elc náo está s€ reportando a üm pâssado: 'A ágüâ lol
: r)rigcn1 de iodas as coisas . entAo. não ó uma aÍmativa históricâ. dê
,,rLgtrI terrrporal. É ao mesmo lerrrpo origen le porâl r c causâ estru lu ral

Ncsse scnrido. cssâs aiirmâlivas dos pré socrálicos sáo ioialnrentc


(l jcrcntcs das clos poeiâs ópicos e da rarrativa mítica em ilcral. mas
,r rda rêm eln cornum com el€s o tàlo de que sáo c)rprcssÕes siniélicas
(l( muilo complex.Ls, portânto. sâo pura linilüagcm poéticâ.
inrpressa)es
l'r)dcrnos dcfinir .L liDguagcm poética no s€ntido de lleredeito Crocc.
( i,nro "crpressáo dc impressóes". Eniáo. Tales eslá âpcnas expressando
r ra imprcssáo c náo propriamcnte efunciando un1a lei ciertífica.
Para chegar à possibiliciade dc cxprinriÍ umâ lci cienliiica. era

t,rcoiso quc a linguag€rn, o r.Lcioctuio c âs iormas da comunicâçào


.ultural passâsscm por unla séie dc depuraqóes. âs quais não linham
ircontccido tnrhâ. por exenrplo. a tócnica dlaléticâ parâ pesar
N.-ào se
,,s vardos senti.los da üâse. decorrpô-la..lizer: 'o1ha. a sua lrase tem
( ssc sentido maLs esse. rrais cssc, nlajs esse... Ncste senlido cla pode

srr vcrdadeira. naquelc cla é npenas possivel". lsso simplcsmente não


(\istiâ. Portanto. seria irnpossivcl qüe Talcs cnunciasse uma scntcnça
ricntilicâ numa linguagcrn cierlilicamcnt. âceitável se â idóia rnesnlâ de
r nra dcpurâção lingiiistica quc possibililasse isso ncnl tinha ocon klo às
.abeças hunLtLras ainda. Éa mcsnracoisa que dizer: "Nunr ccrto scntido
rl! se dil€r€ncia da irâdiçáo nriio-poótica. rnas rlurn outro senticlo ele
airclacsiálrcLâ . Senos p€r.guniârnros t1oqucclesedifcrenciâ, vcrenros
r uc cssâ dislinção ó mcnos aqucla que !.ri .lo mito poéiico ao científico
JuL,,rr",ut1r, ... i l,rililJuf'rdo'Jei.ô.
Esscs enunciados.los prirneiros tilósolos mc pârecem scr o resrltado
cleumâcspécie dc aculllulaçáo dc cirpcriên cias cspi iuais aprotlndâ':las'
vivencii.lâs por certos grupos ou ir.livíduos à ma|gern da religião oücial
grtgâ. Náo dig{, . uc Talcs lossc clc próprlo L]ln ncmbro l:lc uma dêssas
socj€.la.lcs, ntiu é jsLo quc cu estou lalando. EsL{)u dizcndo quc o surgl-
mcnio do csolerislno. dcssas chamadâs 'selt:Ls csotéricas", criaildo uInâ
possibiliclacl,r. ulll oulro lipo dcvivência ês pirillral nais nrdn'idualizads.
r

:. ., r,.Jr ,, n.r r' lrr. r, rrr. ., .lo r" 'e'i, ,c'r' .'..' rot n' r 'd,'
iLrdividualizado també,n.
O ennnciâdo rlc Talcs nào é nada nais do qlle isso. â exprcssáo dc
umavivência cognitiva qLre um indivíduo r€vc sobre rs origcLls Ihlcs se
disllngue dâ lradicxo lniiica nâo corro a linglrage r cicniifica se distingu e
cla linguagen nrilo-poóiica. rras como â experiônciâ individualizada c
csotérica se disririluc drt exp€riôncia religiosa conrurr E cLaro que. sc
csljvesse aqLri presenie o Gio\,âfni R€alc mc baleria. porque reria que
concordar ,Uas. por outro hdo. isso rc.luz a na.]â a distinçáo lâ:(aiiva
qlre ele. nrais por moli!os didáiicos do quc por orrim coisll. prctcnde
esiabclcccr Eu1.ro, estou adnlili do a distincão quc ele Lezi cu aperras
. esrou ielârivizân.lo. r11€nLrando c amodcccndo. colocando urn ouirL)

\'1)cô perccbc que r i.:lóia mesmr.lc 'origcnr cic iodas as coisas", a


.I'f|.. iü i .1,'p(,!,rn', .,, , o'rrl .,r11 ..rr. c\u ri( ' i ' rr'
vocô tcvc da lolrlidâdc dos lenôm.nos. ou sel.l. crn âlsrrrr nronento n
totrLlida.le do quc você vlü. pâssolr. obscrvort. scnliu, ctc se condcnsa
nlrnra inragcln uniticada. c csla imailcm ullilicida. por süll vcz. po.:lc
sugerir uLra origcm por tÍtis dc si O ( uc voca cslil lazcrldo na hora enr
quc diz isso'l llsrá cxprimjndo nnrâ imprcssao obrrda no curso de uLnâ
\,!(if(ir cspirituâl dc tipo esoiérico. É esolérico porqlre eslú desligacio
,liLs lilntcs da Éligião comun1. e poÍquc ó uma espócic dc relorno às
, , iqcrrs vivenciado por unr indisiduo isolado, c náo pela conrunidadci
Ir .xprcssáo poética cl€ uma vivén!ia esotórica. resie sentido estrito
, ,, rsolcrisino quc cstou delinindo âqui.

Alu]no Alguén ten tlsse ctitério da e'xpe|iêncía fiíslica?

,\ cxpcriência nrisiica no seniido cristáo (enr quc ser vilenciada


,l( rtro da pauú de uma religiáo tlctcrninada S e cu .lisser por excrnplo:
( rri(tue a vivónciâ c siã de São Francisco dc se disiinguc dâ\'isão
^ssis
(l( um c sl.lo comum'? Dis{inguc-sc por sua intcnsidade e qualidade
,i x,nas l\Ías aqui nào. os indivicllros eslâvanl realmenle à nârgem d.L

Você não pode esquecer quc â religião grcga n.io iinha um p"Lpa
náo tinha um Vâticano, er.r bcm menos organizaclâ do que isso.
11,i,
SrgLrfdo. essâ rcligiào nl1o linha ulna leologia oryânizâda. como tern
ir rcligião cristi depols tlc ianio le po Eniáo. por c\cmplo. hoie em
(liir. sc o camâradâ disser: "Não. eu não qucro nada disso. cu querL)
irt,enas a ninhâ vivênciâ csotéricâ . cLc vai ignorar dois nilênios dc
,rvclaçilo..le i.ologiae cte experiônciês rnísticâs rclâtadas e enxcrtadâs
rlcntrc do corpo da tradiqào teológica Ele só pode iàzcr isso por rrrr
. ,rlllho denrencial. achar que ó mâis esperto quc lodo mundo. Isso é

o suieito buscar uma erpeÍiência míslicx lora do quâllio da tradição


dislâ. ou islânica, ou iudaicâ, hoje isso seria inieirârncnte absurdo,
t!)rqLre cle laio €Jiistc todo esse l€gâdo. O laio dc quc ele o desconhccâ
t,LL prcicnda ignorá lo isso nào quer.lizcr nada. 1rão é ul1l argunenlo

!rlido. lJiTer: 'Náo. nio qr€ro sabcr e conro eu náo


isso é muiia coisa.
roLrlreço não dcvc ter irn poriânciâ âlgu râ' ó un1ârgunre|to dc inbecil,
c. eviclentcnerrLc. â vivência mistica n!ú foi tcita parâ imbccis' Agorâ'
hoic cm dia qualquer ierâpeuia de vidas p.rssadas ou ( ")'

pot sua
I/llünt)t 1...) aquete qüe acftIlíta, ele ao é a rcspotlsárel
iluininaÇAo!')

IAluna: .,rlgrl que oüüe de alguétn, auu de


que alErténl" Vai
se tlitutlclíndo. ceio? Et1úo ete Aa é rcsN stiul pot essa otiúidâde
(...) Aa passa que essa e\:pei?ncia esotéica i tliti(lutlLizada há uin
alta gÍa de Libeülnde...)
Isto. isloi E de rcsponsabilidade pcssoal. poltanlo, mâs é isto quc
eu cstou dizcndo quc é â difcrença €specítjca.

l\luna: (...) entàa. ha|er uma dinefisao ética iunla ca lo


Passa a
catlhecitnetlla, nesse senti(Lo de 'eu sou rcspa sálel Pat eslat lattfiu'
La da tínhas idéías" (---).)
Pcrielio. pelleito:

lÀlunar í...) se algüám também quíset se |Prcxina\


passa isso
tatltbém rcspa sal)el etúe? 1 ..) Etttda pat ttue' peh beLeza? ')
\ i..ir11. ur,- e'|U -.i,droe.lo r, .'P'iiritÔ''"r '('"' 'rÍq'l
Enqrarlo está recebcndo o lcgado clc un1a iradiçáo l'ocê
âi. é €viclcnte.
esiá paricipân.lo passh,amenic dêqüilo. nlâs de tato n'o 1bi você
qüerr
inveütou. Você üáo eslá dizerld(, nada, âPcnas csiá pâ§sando adial]re,
enlão a suâ únicâ lünçào. a sua única rcsNnsabililladc é passá-la lici
rnenle. ou seja. o transmissor dc um.L tradiçrlo não podc mudar unra
vírgula. esta ó a rcslonsâbilldadc Mâs sc cslá iorâ disso, ele ó cle lâto
c
o arLic rLlaclor .lo processo cogrrilivo e o l-rnico responsável pelo acerlo
pclo elroi clc leva o n]éiiio c o dcmóriio

.10
A idéia dc responsabilidade do emprccndimen!o cognitivo
LLma
(l)lneça a padir daí. É claro que clc náo esiá totalmenie conscientc
ainda, pois isto vài surgir um pouco nals tarde. Pàra qüe a consciência
clcss.r responsabilidade apareçade mâneira explíciiâ ó nccessário que o
problen1ê do erro. da falsidade, da menlira tenha s€ tornado objeto de
disclrssáo públjca. con1o vai se tomar depois. Is so só aconleceÍá depois
dos sofistas. nê verdade com Sócrales.
lllr íi âccito rcêlmente o rermo 'filosr)iia" quando tlrdo isso iá está
rcsolvido.Àfilosoliasó cxiste comoatii.idade plenamente diltrenciada
l parlir da formaçáo e dâ explicitaçáo da idéia dc rcsponsâbilidade
rognitivâ individu.Ll. Se isso nâo há filosofia. Então. esses primciros
lilósolos não são ainda filósolos, sáo n1eio esotéricos, uns tipos esoté-
ricos que estáo làz€ndo uma espócie de uma tÍânsiçâo eln que há uma
t)rcsenEa enonne de €Lcncntos milo-poóticos. eln que a linguagem é
rllo poética. No fin1 dâs contâs. o Írnico empre€ndimento ê que eles
sc dcdicam é a expressáo dc irnpressoes, portanto, a exteriorizaqão de
r rn discurso poético.
N,Iâs por que é âssim? Estou pianeile convicto de que todo o co-
rhccinlento hümano só pode sü rgir dcssc n1odo. in d€pendcntcmente da
.Lrpa histórica eln que se esicia. pois náo é porque vocé nasceu depois
( LLc já na sceu sâbendo Você vai ier quc absorver u m l€ilado e aprenclet
ls tacnicas. etc. Mas o circuiio .or al c ató nonnaiiYo da busca do
.onhecimenlo humano é: a.rbsorção das ünpressÕes. dc denho e de
r, r, ra.ur.lulJ!ru .u".o Jcn.-.Jo " nr no-i,:'uJ'\f,e''ao.qu.
l(n que ser poótica nLrm prim€]ro momenLo, ineviravclmenlei depois
rIL cxtc oização, o conlronto com outras exPressóes poóticas obtidâs
jr)r outras pcssoês. Dâi o surgimento do prcblcma da verclade, daí a
,,fnulaçao de uma ióclica de confrontâçàu cias verdâdcs pessoâis. o
dc un1 ideal clo conhecinenlo univcrsal apodíclico. a for_
'urginrcnto
ru ac,ro.lo étodo parâ isso e, linalmcnie. depois de "ah, agoratemos

l1
a idéia dc ciônciâ'. cotn a i.]éia de ciênciâ coneçir a filosofia Por isso,
nâ verdàdc, dlgo quc o pi reiro filósol'o loi Sócrâlcs.
Um filósolo que eslá conscicnte de iodâ cslâ dil'iculdâdc é Sócl'l]tc§.
mas o prirnciro q!e realiza ulna lilosofiâ náo é nenr Plaráo. é Aristarteles

Quando S. Tonas cle Aquino chanrirva Arisiórcle! de "O Filósolo' , cle


sabia c:iâtanrcnrc o quc cslrva dizcndo. l:lo srrlcito no quâ1 sc realira
pch prinr.iÍa vcz a rcléia do filósolo. e dc rlanci|a Il€nâ Os oLrtros
i 'r ,,.t,. . 1rr,'. J., , ,,1 . ,i;, ' rtr-u
( . ) do cnrncind(,r d. vcrclades mír icas c intemPo|ais, aliiLs lerdadcs
miticâs ânccslràls. Plâtàr lerr iLl,:lo isso.Linda nlisturnclo Em Plaião
vocô iá vô â filosofiâ iirtcira, rnas ela nAo cstá cltLra. cstá mishrrada corrr
orlràs coisas Conl Arislóiclcs nâo. eslc é filósolo mcsrno. Para saLrcr L)
quc é filí1soto. esl!c1e Arisla)tcles P.rra cstLtdar Arlsúilclcs. vai tcr qÜe
csiucl.Lr lu.lo o qrc l.eio anlcs iambénr
Comcc.i conr Só.ratcs, Platao c Àrisiótcles Iorqrtc achci qLLc êssjrü
ficaria rlrills claro. Se eu 1(»sc anunciar lrdo islo anlcs. provavel.rentc
lcvarla mcscs para chegar ata onde estorL agora. por isso inventci cs§e
rrrquc: douprinreiro aconclusão. porque daiiá fi cou claro .lepois a genic
vollr p.1m vcr os dndos quc cÍav rr ântcs. xlcsm{r assin, dar sirrples
rrcntc csscs dados,:lc nrLnejra nâÍrâriva t!do sc o ginou
tales diz que
corn .r i-!ua. dcpois vetu Anâximandro com o ip.rror. vcio r\na\íncncs
c{)Lr o rr. vcio o Únfódocles corrr os quâtro clerncnios . . se cu fizessc
isto. acho qLre não chcgiriir â con.lcnsar esla succss,o de uIna nrnncira
tao clírn. ião clcl'inidii... l']clo n1cnos eLr âcho que esrá claro e dcfinido
Argunr.nrandr) aqúi cnr caLrsà fr(lpriâ. acho que cslá clarissimo
fi\ar craianr.ulc qrlll cra a posiçtú,:lcsscs Pré-socrátilos cnlre í
1râ.liçÍ) mitic.r c à l'iLoÍrlir rra sua crpre§s,o plcnâ é e\trcrüanerric
inportirnlc parr quc st r(inrprccDda r irr.lolc da aiivi.llltlc fiLosanica c se
sâibâ quc lcu srrginr.rto li)l u r csforqo dc rlruito gcnle Náo ioi tácil
islo. p(»quc cxislc su.prc isso filo ó tcnrâ.lc!1c curso nra§ cu possn
(lar ul1la dica êqnium abisno e irc o làlar e o intcligir. Para ludo
f(trllo que vocô enllllcia, focô tem urna inicnçào .te significâdo, mas
rL irtcnçào de sig iicado nenr semprc se rcaliTii na sua própria nerrrc.

\,ocê não conscsue reâlizâr intuiiir.amenie o signiücado .:laquilo qlre


Lrpressa quando dlz as cojsâs Ora..L consciôncia desse abismo foi
:cldo trâbalhada ao longo de nuilo tcmpo. e esse é um dos temas
tlltrdanenlais de Edrnund I lusserl.
Para quc as discüssÕcs filosan'icas laçarn scrrtido e 1€nhalll utilidade
( rccessário quc clas.liscüiam significaLlos quc foran de là1o rcâliza-
ou quc sào re.Lliráv€is na n1enle, € não apeLla§ os seus cnunciados
( r,s

\rcüais correspondcnics N.L vida diáriâ. nâs cliscussócs nào lilosóficâs.


]las discussões polilicas, rcligiosas. elc.. o que acolrtecc ó quc nâ maior
)fltc das vczes as pcssoas esláo.liscutm.lo inrenqócs de signilicados
(tuc não são rcalizáveis, oü scia. estào dlrendo coisas que elâs mcsnlas
LrtLo conseguiiianr pcnsar

lt\h)no: Erisle aLEutna téc icd Nru eu lazet ln etante di\afilos


lt\titn. do qLte eu sei e da ttlrc é sjgn itiLa (lo?1
Toda a parte da lerromcnologia Husscrl passou a vida cscla

I{istória da }ilosofia conqlrist.l uma sóric de


1iu âcrcdito que a
t)Lrtamâresi nio.tcr€dito ncssa hislória dc que os problcmas filosól'icos
sfl) erernos €â fil(»ofia n.1o progridc. l: evidcntc quc progride, porquc
IrLll ccrtas coisas qlre sc conquistou e não sc poLie cair abaixo claqlrilo
('lrro qlre âquilo nàr resolv€u todos os problcrnâs. n1as ltcha ccrtas
(tucslões que não sc tcn1 mais o dircito dc ignorarquc lbram resolvidas.
N,ls vcrcrnos con1 Araximandro a idéiâ do ápclt.,,7 que ó uma clcssas
, onqLrlslas .leliniti\.as que ninguénl pode igrrorâr E ncnhumadelas cÍá
t,rcscnie. por exe plo, cm ]'ales. pois são aif.la possibiLjdade§ Nlas

rl{rrrrc êsscs patâmares, a consciêrcia plena dâ dislinção cntrc falâr

:t:l
e conhccer só apar€cc com EdÍiünd Husscrl' particularmcnic'
I 1) es li gaçrj es Lógicu s.'
você náo tcln a rcâli7xÇão inllritivâ do signillcado daquilo
q LLc esrá
S€
(lizendo o! ouvindo. cLltlto você está r.r log.r/,7Írqrlií está discuiindo
scnrenÇas. Acolrrcce qnc as sentcnç.$ considerâd.Ls €m si nresmas iamuis
podcn scr lcr.laclciras ou falsas. porque a veracidade ou a lalsidade
r€sidc não na sra lornrLrlaqáo vcrbal. l1lâs no scu siilniiicado Sc os
signilica.los nao sao perlciramcntc rcêlizívcis sc clas nâo sáo "Prc-
scntiÍciilcis' no ato inl itivo. você esiá discítindo frases - c discutir
.'.,.. rnu lr,,qrrc\l'r'n.''ru.r \crd"J(ir' rrr a''' Lrl rrJ

se você csiivcsse irocan.lo uma€mbalagcn1 de prodLrlo por unl chcqne


scnr lundo: .lc unr lâdo não icnl nada. do outro lado ianllrér
nâo icnl

nâou l.r r' ',i '|urrj" \'r;rrc'(J\r'ur \rrum I

isso qucJcan Ditclamou lle "canrbalâch o ': a troca de coisas d€ nenhun1


vâlor por eoisâs de vâlor algoIn. Entao. nr rc'li'lirl' nrüiia discusllo
cüliurâl.lilosófica que rem por aí ó assim nmilo dal'ilosolia lnodernâ É
assirn. Quando você pass.r a pcneirâ hu§serliaLla' o que sobrê dc coisa
í
inrportunrc .liminLri nlüito Craças Dcu§ dirninui porquc tambénr
sinrplificâ a g'tcrra
'laLcs se a origcn dc
\(:)s, por excmplo. sc lôssclüos .liscuiir conr
quc luzcr o
1o.lâs âs colsas é a águâ oü nào. dâs dnas rtn1a: on teriârnos
quc ljzcrnos aqui, olr scia. lentâr realizâr irrrLLiti!âlncrle o §igrrificado
irLcncionir.lo nâ paLavra. oll enlão irianlos ctiscutir â lórrrula em si
l csrrir. qrLc f.ro ó nern vcrclídcirtL ern lnlsa' ELâ pode §cr ver'ladeira
na
ou làlsa clcpcndcn.b clo scü significadi). e o significodo só aparele
rcâliz intuiiiva da intcnçao de signilic:tdo QuâDdo a realizânros
çrú
vcnlos qüc a unra scnicnçr ncccssâriaDrcntc plurlsscnsa porquc é ntna
nlcs
cr)ndcnsrçro poólica d! rrnla ilnprcss,xr comdexa Poriânto' cIn si
rra clâ nào po.lc so discullLh corlro !cr.lndcirt oLr lalsa
Acoftecc 1âmLrúnr qu! coisas quc P'Lssaol p('r tescs liLosóliLos
rrrLLittLS

r^L*.r trLlssirlr, r,,,,^r3,q,4 Ir,!n,\ StLr l] L o \r!i (rLrltrÚi


-1+
quc podem e devem ser discutidas sio exatâmcnte a nesíra coisa, ou
sclâ, condcnsaçôes poélicas dc impressões compic)ras. À 'lllosolia'
dc Nietzsche. por(rrcl1lplo, é isso Não cxistc nenlrurnâ fiLosofiâ de
NietTscher €ristc uma série de e\prcssócs de impressÕes cnorrnemente
colllplexas que estão dcnho de su.rs lrascs como se losse Llma cascâ
Vocêrcm dc qLLcbrá la paraqu€ as vi\.ônciâs corr€spondcnics apareçam.
c clâs tào clnnpleras que não sao lescs filosóficas. sáo c€ntcnas
srlLo

dc leses filosóficas possíveis quc csiâo ali embutidas. Como dentro


dc unla única s€nicnça poótica você tcm dcz, vinle les€s filosóficas
txrssivcis. a dilerenciaçao, o dcsnlcrnbranlenio. a c)rplicitação disto
irqlrer ur.r iécnicâ.
Essâtécnica surge eriâtamcntc entre Zenãodc Elóiâ queAÍiÍólclcs
., .irr.,-\. ur", l:r J r.ri.., J(-lL. r, r, Jo. n r..' n..c d pa.LI,
bisavô e o próprio r\ristóleles. Elcs ioran
pcnas unl deplrrando a
,1, u,,1.\.,ir p:rcr Í .\4. rt..(.tôe.1..', r\nre.\. 1

sisnificados (qLre podern ser antagônicos) e entáo classificar quais po-


( cnl ser zrerl./delrds sobrc tâis ou quais aspcctos ou lalsas sobrc iais
(nr q ais outros âspecios Isír dcu uma lrabalheira cnolme. nirguém
|odcria té lo ieilo sozinho
Nâqu€lâépoca. umlàles ou umÀnaxirnandrc náotinhâm nenhu ra
rlcssâs tócnicas prori.Ls. entáo iogav.Lm com os clcmeLlios qu€ iinham.
Nlas, foje. elas náoâpcnas existem colno sào apinroradíssilnas. e o latl)
( ( re a cultura do século XX, c agorâ cto XXI. parcce que se recusâ a
L sllas. E)tisle unra espécic de obsl]naqão cn contin!ar discuiindL)
se
:r.nlenças poéticas mcsmo q!ân.:lo sc sabe que elas náo são ieses iilo
\(llicas. e que náo adlanta discuti las que náo se vai chegar â nada con1
iss(i âí [ lazcm isso o tempo lodo]

lAlrÍt:l)e ceúa tnaneiru, o que eu disse sabrc a telltatiúa de let


ttr)tt etpeiinda míslica rcnelarula luda o que t eta a l.eselüdaaque

.i5
jásesdbe,üt(\aoqueÍaircuetado(-.) A Íes eurou patat p't)o tetttttr
(. ) desespendaúente csquecet loda esse leLntl )
Ah. €ratarnentc. porqLre o sujeito qucl ser um novo Adào no
paraíso: "Eu náo preciso .le nadâ disso, cu sei tudo ' sou rnclhor que
lodo nrundo e vou descobrir por lnirn mcsnlo Só quc isio é inpos-
silel. isro é Lrrn insulto c, no fim. é üma confissâo da sur impor'ência:
vocô .]iz qlle \,âi clescobrir tuclo porquc le!€ preguiça de estlrdar Você
nJU r'pJ. r.r Jr.lr.rrt*, ' o.J '"'.' 'ên'inrtdrI
descobrir alguma coisâl
Conro ó que lsio cleilou â licâr assirn? Verel os nas ctapas finais
.lesre curso. na nauati!â, urn ncgócio que hojc eu já nào hcsito mâis
cm clramar â'era da inépcia", quc é aqucl"r era nâ qlral' diz Schelling'
a lilosofia cai pâra um nível pucril Quandl' a filosofiâ c'Li pârâ LIrn ní

vcl pueril, nào é ,:lc espantar qLre a cullurâ cnl volta 'rcabc caindo mais
bâixo âircla. Sc os filósofos virârai criânç'rs, a culLura ent gcr'Ll virotl
coisa.lc rnongolóide. de rctardâdo nrental. Quândo chegarmos ]'L vou
clemonsir.rr isloi s€ nào cler par.L dernonstmr tlrdo. ao nr€nos darci as
dicâs (.. ) e vocôs verão que há pelo lncnos quâtro sóculos csta ros
discLriindo inépcias.
É uma coisa que cu nao acrcdilo, que ninguém icnh'L orsado djzcr
O próprio Husserl no irndo sabia dislo. Quândo se lê scu livrc A
'r;se
das ciincias quc é um aparhado crilico dos fundamcntos
eurcúias1
cognirivos cle rodaa ciôncianrodcnra,va-se quc clc.:liz tLqlrilode L1o1â
maneira inuito lécnica e rrtiio cornplera. mriio rigorosa c muito n1e-
tlculosa. mas no llrn.lo o que elc cslá qucrerdo dizer é que ludo isio ó
uma i bccilida.lc lora clo comur[ CIâro quc ele crâ u homem mlrito
cducado paradizc|isso. scrrrprc ioi. € nuncaloi umsuicitopolôlnico Llnr
homcnr clc colnbuLc. nào lrr isso I1lc cr.r!rn homern ciência mcsn1o
'le
NIas a conclllsão linâl do livro ó que uma espócie dc imbecilidaclc L)

'r. trr tr HLSSlirll- 7llr11tlíl tttrlttttLtÚt..\ l !mn' r, \f11lN'Nrrl


L iiYrsil! r'Lús 19i0
-inbecil colctivo" nao está presente só no BÍasil. naro. el€ está presenie
rr,, n rrntu . Jo lra p.l" nFn.\ituê'-o\c.uu'.
compreendermos essa làsc nllnca vamos sairde dcntro dela.
Se não
Sc nunca enlendennos o q!€ aconteceu ali. nunca â humanidade vai
voliâr âo nÍvel filosófico qu€ tinha en1 Plarão e Ari§lótelcs. e isto é â
coisâ básica para a salvação da espécic hunana. Náo adiantâ você
c§perar quc as religiÕes taçam isso. clas nao vão lazer: nós mesmos é
quc tenros cle lâzcr Elas não se destinarn a issoi dáo a base qüe âjuda
nisso. mas n,u váo rcsolver

l\]]lna: E \quiLo que c) setlhor chamau de "í)ittude sal.ríl1ca dL)

Ncsse seniido. sim. Náo vá conlundir. cono o outro lá, 'viriude


sàlvífica clo colrhecimcnio" com "sâlvaQão pclo conhecimento", pclo
âmor do Dcusl Sc a â mesma coisa a cxpressáo. . A exPressáo é até
pedantc. horrivelL -Virtude salvifica do conhecimento" eu janâis cs'
crcveria ulna coisâ dessas hoie err dia. literariamcnle isso é nrcdonhol
I,]ü diria: _virtude salvadorê". Mas eu estava impregnado da linguagen
r ,, l -irju \. r. ôr c. \( o,,"Ír, J.le -l\ i.L L" 'i.úR 'alraJo

do conhecirncnto' Seria conlo avirtude salvâdorâdacaridade: elânáo


salvâ. mas âjuda. Entâo, o conhccimefto tânlbénl nãô salva. mas âiuda
Nlâs se o suieito nrio quiser cnlender isio c quiser intcrpretar num senticlo
hcrérico. isso é probl€ma dele Não entender o que a g€ntc está lalando
ó â coisâ mâis lácil. o dilicil â làzer é entcnder'

Aqui tâmbóm. conrc você vê. essa própria discussao cntre qual é
o clcmcnto mílico, o elemento racioral. tudo o que cu erpiiquci eu
consegui e{plicar â irânsiÇáo do mito parâ a ljlosofiâ sem ap.lar parâ
o corceito de râzão, vocô reparou? Eu náo usci csse conccito porquc
acho que ele não sc aplicaao caso. pois scÉn1uilo posierior. será outrL)
criré o. e náo precisa entrar esla vâriávcl.

t7
tjrn gcral parâ min, as erplicaçÔc§ qLLc stlo dadas dcssa lransiqáo
do n ir. piía : r,lo- r. n^ in't .icn.' l'r'.irô' ourlu' u'"r ' o

conceiio dc "razão". qu€ iá é um conceito muilo posrerior € Tales ou


A aximandro nào linhan1 a mcnor idóia do quc tosse isso Em segundo
llrgar porqu€ não leYam cn1cônta essas ctapa§ intcllnediárias que secr
pressariâlü clepois nos otrúos clois discursos, ierórico € o dialótico
'
Atransiçãodo nilo'poatico para o lilosóficose dá âlravós de algun s só-
culos de .eióricâ corr os §o lisias, n ão surgc do nada E porsuavez, aidéiâ
dc corncçar essâtrânsição, diz:cômo é qrc o milo_poélico se lrânslorma
depois cln discussáo letóricê! Pam isso, serià prcciso quc ele rompesse
cornatrâcllÇáo colet iva rned iante essas cspeculaçôes esotérjcas A qucbra
.La rcliiliáo grega proclüz â prolilcmçao dc seitas csotéÍicas.
pofiânlo' de
c\pcriências indivjcluais que, quanLlo sccxpressan. lêl1tde tazô-lo ainda
cn1 lingüagcm poéric.L. nras iá não deLlrro dc uma linguagcnl narrativâ

Orâ o que é umâ poesiâ que não é narrativa. quc é indili'lual c que não
é narraliva? É poesia líica c esse tcnpo quc âfl€ccde
jüstânentc os
pré socráticos é o tempo do s!rgirnento da poesla líric;r ilrega
À poesia líricâ é â erpr€ssão de impressócs aienlpomis' A lrase
- ágra ó a o gcrn de iodâs as coisâs" é uln rcrso líico ó urna oipÍ€s-
s.ô indlvi.lual de Llma vivênciâ atemporal. ao corlrário clo ópico. que é
scnrprc nallalivo Acho que se Giovanni Rcâle cstivess€ âqul prcsentc
clc tcria quc concordar râs. .

lAluno: rl.l?si1,o l']iláAórd§. 1úo é? O núneÍo é a aigttt de luda" ")


ruir. .Li'i,rrr.r.iê'oJ,''.,i'i,' . (r''';'"'LoÔ''L
lr .".r1 r.i,.rrr,,,g,rli.J-i/c it:rr rn.'rr ig:o
mais prjnritivLr, poque no lundo não há estágio rnais p miti\o Só há
cslágio r,?r,is primilivo ou rr. irs primiiivo t1a clavc daqucles pâiamarcs
dc que lâlci Sc voca recua pâra um nivel dc conhccime to mais bajxo
ao quc iá linIa sido alcançrllo. cnttrr ) podc.liu er quc é prinriLivo ÀÍas sc

3S
csiá ape âs scgubdodc novo a ordem normal. porâssim dizer "fisioló_
gica'do conhecinenio quc é a inrprcssão, a mcnlória, a imaginaçáo. a
cxpressâodaimâginação. averbâlizâçâo, d€pois.rcatâlogâçáodialótica
.los s€ntidos. o eramc dos sentidos . se cslálã7endo isto você nâo está
mais prjrniiivo nem rTelros pdniiivo. es1álazcndo simpLesmente aquilo
q!e é normal lazer

lÀluno: í ..) 'rers I a .,igem cle tadas os coisas" ca lo Íica?)


O quc é "Deus". o que vocô quer dizcr con "Deus"?

lÀluno:A lL..]
lsso é poesia líricâ Clârc. se vocô disserr "Deus é Luz"

l Alnrc: OLt " ...é a ali|et (le lodas ascaísas", ao é?l

"Deus é a origem de todas" ó têmbtur pocsiâ Lírica. Para iransfor


mar isso e tcologia vocô nâo imâgina o lrabâlho que dá. Mas se foi
lcsus Cristo quenr dissc. en1áo âí n,to é poesia lírica, porque clc está
inâugurando uma lradição, cstá lalando palavras que se clcstinam a scr
repetidas tais e quâis. (...) Então ele inâuglrra uma outra lradiçáo. q!e
sc irmsmilirá dc maneira nalra{ivâ de novo
O quc é o Evangclho? Nârraiivâ. NÍas se um dc nós ctiT âqui Deus
a luz'' oü "Dcus é a origcn de 1odâs as coisas '. está qüercndo erprcssar
sinrcticanenie €m pâlavras uma inrpressáo m!lto compleriâ. Sc formos
dcsalobrar o scnticlo disso pâra qüc a gente saiba a que tipo de vi\'ênciâ
c(,gnitivâ correspon.le .r sua iiase. vamos ter um irabalho Íliscrávell
Fir espero quc. quando você cliz isso "Dcus é a origcn d€ iodâs âs
coisâs" . que ienhâ consciência cl.t colrplenidade do que está dizendo.
Você esrá clizcnclo u mundo inteirc, n,io é isto? Qüer dizer a lrasc ó
siinples... Ou enlão cstá repelindo unla trâdição, claro \bcé podc repelir
a lradiçáo ilié scm entendô_la, certârncnte

l9
l\]luna: QtLe l ntais íot doLltlo l
É. c nàr, é erraclo. ninguélI tern a ob gaçáo de investigar tudo
por si

\'ôcê tern todo o direiio de rec€bcr â iradiçáo c repeti-la AIiás você


alev€ aió lâzer isso. porque, se náo qu iscr lazÔ-lo. vaitcl
muito trabalho'
(luc lodas as pcssoâs
\,âi ler que ser filósolo. E a gente náo pocle €Jiigir
scja lllósoiLs. isso rao tcm o rncnot s€ntido Você enlr'L nisso porque
qLrei Nlâs a scntençâ simPles que icm um significado cno rcmentc
o
complexo. c qüe tcnl ala váriês carüadas de siilnificâdos süPcrpostos'
que ó isso? É linguagcn poética. elklcrllcÍrente. s€iaa da trâdiçáo seiâa
da sua vivôncia pessoal

Lldduziúl.)s a ins' rlo TaLes e cL)loco las


l|\rno: Mesno t4amlo
a exlrcssá() "1L)c1ãs as coistts"? O Étego túo tetn sequet essa paltlÜttt

Poisó. isso jáé un problema. O quc stioasiais "coisâs"? As idéias §á'


_coisas"? Essa sua cloulrina ó ulna "coisâ'? EIê (arnbém sc originou da

úgua'? Hoje. porercnplo, istoque cstou erpondo aqui p rcpârará vocês de

unl nrâncira LerrÍvel pâra qne compreendân1 achauadâ "problenrática da


irürorclêrência", quc é o principnl problerna de todâ â tilosofia modeÍna
gêne-
U a filosolia que prctcncla criplicar un1a espéci€ inreirâ' unr
ro iniciro de latos. ül1la teoria que prcienda erplicar o conhecimento
humêno. por exemplo. eviclertemcLlle elâ própria é um ato dc conhcci
dc
mento humano. Enlão, ar obrigâtório que ela cxpliquc â possibilidade
cxistênclâ dâ própria leoria desde quc cla é unl â(o dc conhecirncnlo
lrurrrâro. náo ó ourra coi§â. Sc eu laço a icoria sobrc t) catllecitru'ntr)
tttt,tlrttn t.N- u, orr,,,i, -.\,'.or|- 'lur.'
outro ncg(')cio . 1 âs. evitlcrte cnlc. o cnunciâdo de uma icoria fiLo
.lil1,'. r,',ôo.'. rrh',,rnrrr' r'u.rrr" l '' c"J l' rr'r" cur:r
gcral .L rcspci(o tlo ct)Irhccinrento hunrano. nrinhâ leoria devc podcr ser
explicacla por cla nrcsma
O fato a qlre nenhuma das leorias gnosiológicas modernas.rlem Dcs_
cartes. neÍr LÔche, nein Hume. nem Lant. atendem a essa condiçáo A
de Talcs tambénr náo cxplica\â.'Aáguaé â origen detodas as coisas" .
Como ql]e vocô vai erplicar â parlir da água o fato de que. um dia. um
é

cidadáo chanlado Talcs losse dizcr tÍrl oü qual colsa? Náo iern iransiçào
possí,el Mâs cm :làles é pcrdoável por qüê: Porque ele náo iinha os
instÍumcnios dialéticos diierenciadores e estava expressando una im_
prcssáo poéiica altamen te complexa. enião nâo podcmos cobÍâr isso dele

Quando Hune. no sóculo XVIII disser que todâs as conclusões gerais â


rcspcitoalo quequerque seianáo sáosenão sediÍnentaçôes de inrprcssÔes
cimeiriâdas pelo hábito - e que. portânio, não valem grande coisa , ó
cvidente qu€ cssc preceiio gcral se aplicâ ri sua própriâ teorlâ.
H. nen.n d(lunp, J.1'L.u 'r, u*e1o.p.."-.'"" I'rrifi..nr.
quc o lato cle vocô cnunciar â sua teoriâ prova q!e €1â c falsa lÍo aqui
basta parâ dcmolir loda aÀlosofianlodcmâ, §ó com esse pequcno cxâlne,
porquc ela é ulna filosofialeita nâbase dâ inconsciência da sua própia
pos sibilidade dc erisiir L estâ inconsciônciêé filosoficanenie il1lpensá

vel, porque, se a filosofia é uln exame críiico do próprio conhecimento


que você icm c a priÍrelra coisa que você Iaz é sc âbster de fazcr esse
e.\âl c. então náo tcnl lilosofiâ alguma.

lALuno: [sia carttcteistica so'ia cama umd espécie de "macoca


que aa olha o pÍóptto raba". setid: a : ieito lala as caisas- las se
dLEo que üai lutat ca tta o escLarccifienta (...) ?l
A expressâo: 'Esse sujcito rão se cn\erga".
l.lu rqui p a rcf-.. u( lo,la r h .'ulr:r I oJ' r,,i qud\'{ne.c.cào.

Alúo: í: isso que eu i4 clizet pode'se ?rer qLrc MaN, Frcüd ( ..)l
\4aÍ{. frcud. Nieuschc .. Do que cu cnamin€iaré hoje, há dois que es-
capan ncsse período, que é l,eibniz c Schelling Só o quc csses dois (. )

.11
k»nuloLt t] 1a hipótescdaPat qu'l---)?
l|,lúa: lai se
E unra desgÉça lora
Nlilhôes de hipótcses. Por quc islo aconleccu?
Jô.un| n.L .ôbc, d,.rrrrr\rrru h' urr\r\o''u(pr"pJr'U!\rrni
Colno é q!c entu'Lmos
versajs, ou pclo rreüos.lc proporçôes curopéias
pocle inv€stigâr' mâs o quc ilnportâ
nisso'l f Iá nilhares de ctrusas. a gente
do que tcr â consciÔncia dc quc
é menos você saber por quc aconLeccu
Nâo preciso sabcr e\atanente
isso âcorttcceu e qLre náo dcvc tàzcrisso
por quc o slrieito scviciâem para sâberqüc n'o é bom c nau lne
'lrogâs
e ó rnclhor você ntto
uici-. tnt,,o, L.,go cti,, 'Olha, o negócio é assiÚ
corno ó quc lLs pessoâs entrarn
entrâr nisso '. cmborâ a gente n'Lo saiba

conr a decomlrosiqâo d'l


fsso. por certo. lem âlgo a vcr lambónr
unani idacle religiosa ociclentâI, sem q c concomiiântcnrerlte
âpare_

capâzes clc algurna naneira' dc scgllrar


ccssem eriperiôncias esoiéricas

u I na., *rg"nt' "Ú partc, pcio simples iâto de que' havcLldo
trnn*.
J "n'r''-L"'
"r.a"., ",,.".'' 'rr'Ô' J "'l''Pi "'ur'"r'üJ'
hí râzáo suficiente pâra se quercr buscal uma
misticas regist|adas. nao
edpe riôn ci; rn ísricâ ou csoiérica
torâdisso' siirplesnrellte náo htr' o 'lue
lcgado crisiáo Urr
acontece nesse pcríoclo ó uln esquecimento
to:'lesse
as pcssoas simplcsmente
csquecirnento. poÚaL1lo, un 'lesco hecime
qücjá
por*. una,, *r"*r", n'ais Scvocê nào cnlen'le mais âi' aqLLilo
quc âgorâvaitcr a capâci':ladc' para você
mesro
cslá explicado, corro é
chegar â lüilar? Você
.nln nr ."u, op"rin "*os esotéricos 'llglrm
'le
o ps'rrdo eso{erismo
n,ro vai chegar a nâ.la Ent'o ai corrcça
cal]sas apcnas dizer o que
Nlâs eu sei quc isso não é c-\pLicar as
'
mâis isso,' Em Hisiória'
ac.ütecclr: o q!e aconlcccü loi isso' m'ris isso
alsLrmâ coisa' não'
quâ!rdo \ocê pcnsa qnc esttl explicân'lo a causa ':lc
E dc laio o noti\'o
você simplcsnrcnle cslá contando a históri' 'lelâ
é sabcr ollde viemos
que tcnr;s pam estü.1âr a tlistóriâ da Filosofiâ 'lc
parâr âqLri: náo ó justjlicar de
oncle chegamx c corno loi quc vicnÚs
modo causal. diz€r loi 'por.?7,ra ou "por cd'Istr daquilo nâo
'lisso"
Houve u ma séric ale passos. unrâ sé ededecis'es e o scu encâdeamen to

lógico nos lc\.a â tal ou qual situaqáo

leaÍía sobrc a o gefi da HistóÍi't


l^lunor Serã qrre, §e.qril7tlo a s a
e sabrc qu(tis sáo as aee]1tes do HistótiL a Eel1Íe Podetid esbaçar
ma

idéia, pLi exefipLa. Lle que sao cantLitas el1\rc hadiçaes? O seia' entta
a lliIerc çd ( ")'l
uma ltddiçaa, que é a l1deli|.1o g1ósticl' e ela |a'
Poale. mas issotnnbém náoseriaurna explicaÇão causal
seliârpenas
você poderia
â nânativa cl€ âlgLIma coisa quc aconteceu pois sempre
t-.Ér dpr gun,J rr',.nn,qrr.o,' n'r'e"'\L 'r.o
a gente náo chegâ
âssim... Por quêl ['Iâs por quê? Nlas por quê] Às vczes
clo Orlega
a sabcr o por qui. pois no iim das contas tem aquclê lrase
cxplicâsse
Gasser que tliz que nunca ninguérn cscrcvcu üm livro
que
&
explicar
perlêitamentc por que alguém fez alguma coisa É difícil você
causa rcmonta a
a câusa última, pois. se vai explicar a causa aquela
outm, à olrtra. à Lrutra. e a explicação das cltlrsâs náo cdbc à História'
r''r I \ Ilr'.o ourf''ridurr'r'rrrqueo\'u'o\
fôram âconleccndr, c râo a süac usa Úllimê \'Ilrilas coisas aconlecen
E como e
simplesmenie porque o slj€ito dccidi que iánr aconlecer'
qLle vocô vai sabeÍ por que ele decidilrl

(lue (' ) ?l
fAlunê: r\ras ell p.rs§o lr,zet con
A nârraiiv po.le lhc strgcrir a prescnÇ dr nma câusâ rlrâs nunca
poderá provar a causâ. porqü€ a pÍova dcpendc de você t'r além
da
por
narrâtiva. Lrn] critério hierárquico e)(pl icalivo iá pr on to Por excmplo'
que nrLn.r invesligaçáo crinrinal a nârrâtiv'r Íatos' a ordenâda dos
'Ôs
laios.leva àd€scob€rta clâ causa? láten ccrtas co!vicçÓes
Porque vocé
poque
permânenlcs. esirlrturais. soble os moti\os dâ âçào hLLmanai
você iá tem LLn1 código pcnal pronto. lem tüdo isso pronto cntão â

.1.1
n anativâ conlio| tâda com isso the dá a cêusa. A narr.rti!â sozinha náo
podcria lhe dâr isso, cntão prccisa â narratir,â c o quadro dc rclerência.
por olrtro lado. Essc quadro de rcleréncia. en1 se tratardo da lotaliclâ.lc
do aconrecer só pode ser dc oúem nrelillisic.l

lÁlrro: Na inleliot, após especilia . sun (...). Mas q ol a relcLçda


e detetioruçào da trudiÇia rligiosa ocídental 1...)
ü'e a e esse fe ônena
de ús do ttitlús t11o.1e] ús, as leotíds (. .)?)
Snn. na mcdida da deicrioração. â pcrda da unicla.le religiosâ do
Ociderle [az prol] 'erar auionraticarrente experinrenios esotóricos. istl)
ó, âin1as individuais quc acaban qLrcrcndo rastrcar a origen. nras sem
rcr a rcferôncia d:L iradiÇão. Acontecc qLr€ essa úâdiçáo já tinha um s.r
b.r (rr I l"J^ i r". .o., n.ro. d pofli, Jah-r". n.lL,.l..r .. tJ. .r
mâis eslar vinculadoàqüeia rcligião dominâ1rie, vocó dccidc irsozinho e

ignor.r toda üâdiçaro.rcunulada, vocêenburrece, caipara um patamar


a

ântcrior. vai ignorar un montc dc coisa quc os caras já sabianr

LAluno:Pois é mas isto Icvâ rcccssariamcntc. ou na rnaior paúedas


veTes â clizer coisas que náo se aplic.Ln a si nresrno. ou scjâ ( . ).1
Náo. Sc vocô concça a filosolàr a patirdc Lrma inicpretaqao lalsada
siluaqào eriisieLlciâl que lhe leva.L filosolar, nao vâi chegar â lngâralgum.
o filósoio grego col â rcligião dominântc. âquelâ religiao
que rorrpia
constituÍâ-sc âpcnas dc lnitologia c clritos, nâo tinh.L unla (cologia. não
linlrr !ln lcg.Ldo dc experiênciâs rlrislicas já sistemâllzado. arlurnado,
I1o. lr, .Jl(i. ^ \;,.r' nocrr. arr.rr, .rI
Ncsic íntcrim. as pcssoas que prssaram por isso, os tcólogos. os
místicos. eic. descobril?rr rnuira coisa. Sc vocô, porquc náo qüer
ficar na rcliilião, ignorâ tudo isto. cstá comctcndo o pecado Íronal dc
"adânrisrro . cs1í aclrrLrdoqLLc ó o prinrcirãoquân.:lo navcrdâcte nao é

E provavclncntc vri comckr cnos quc iá toranl conretidos c corrigidos

++
há l1lil anos. Você voLtâ para trás E isso que Schelling quis djzer conr
"caiLr para un ní,el pueril": os slrjeitos comcçâranr a comctcr crros quc
ncnhuln cscolástico tcria comctido.

lA)rno: A pessoa perde a c()tlscíêtrcia de si tkesnla?l


Perde a consciência de si mesIna. Vocô cstá numa situação his-
tórica dcfinida por uma série de patanâres já conqlrislados. Esses
patamarcs criaram a siruâçáo. Vocô está en1 cirna disso e quer lazer
de conia que é o prineiro. quândo náo é Aré â sua linguâgem já €stá
dctcrninâda por rocla essâ evolução: aquclâs contribuiEôes todas
estáo de ceúo nodo enburidâs ali. Se você acha que pode fazer o
conhccimcnto avançar partindo cla negaçáo de qlre alguém lenha
descoberto algun1a coisa ênt€s de vocé. n.]o vai chegaÍ a nada.
Isso quer dizer que, quanto mais cxistc cuhura acumulada, menos
r, (r rL ll u d r( ,o JL c 'ur., ', Pur lul llurq.re 1 .,r! - rro(aô e\'\
lencial iá está cleiinida. . Náo só os seus conhccimcntos sáo dcfinidos
por cssâ acumulação, mas rambón a sua própriê siilraçáo erdstencial.
Desde peqlrenovocê recebeu unÚ educaçâo, vlv€ dentro d€ um quadro
iuridico, social, folÍiico, moral. ctc. já definido por toda
laçáo. \bcê depende dela em ludo o que laz. é um filho da civilizaçáo.
Então, se qüer brincar de Adão no paraiso, parâ começo de convcrsâ
você csiá mcntindo.

lAluno Pot que se c|)stuma dizet que 1...) tadas os Íílósofos qúe
1...)
aparc.erun depois das írcgos ão consegltivnl (...) nais nada?l
A i.crdadc ó a scguintc: con1 Platào e Àristóleles, ioi dado un sallo
láo grande que llrdo o que veio depois empâlidccc. N{as vocô dizcr quc
não ândon nadadcpois dclcs ó lãlso. -,\ndou. Ninglrém deu umpâsso do
1aÍranho do deles. üras o sinrplcs lato dc quc clcs ienham dado algun1
passo dcpois dc todos os pré socráticos já nrosira.tu€ â coisâ andâ.
Além disso. ânles dc Plaião e Aristóiclcs lambém haviam .:ladLr pâssos.

Por cremplo. essa constatação dâ crislência do.jp.irirlr clo ind€finido.

de que rLrdo aquLlo que vocô conhece, quc você viv.ncia. etc. cstrí colo-
údo sob un] tundo ilirnita.lo e indcfinjdo. esLa ó ttnlâ siLüâção hurrâna
pcrnraneric. NiLlguérI podc .lizer quc cstá lor.L do ápúirorl Isto \,ocô
perccbc. Quanclo !ocô ouve isso ou Iô, você tent obrigaçáo dc percebcr'
Essc Àna\ifiandro desc!,briu âLgulll negócio que nio valia só rra ópoca
delc c quc nâo é só poatico. rilo Isio a unr.L realidâdc eslrutLrrâl perrüa
ncntc .lo ser humano. é !m dos pilares cla prarp tL condiçtlo hlrmântL
Ni,rBUóur pôde. ia,nais. alnpljâr o tlorrínio daqniio que é tlcfinido c
cofhec;!k) ata tazcr clcsuparcccr iodo o in.lcfinido pàrâ lá, a§si como
Iiosualn jan1ais conscguiu lornartudo in.leiinido c ldzer cle conta que clc
nunctL soubê Iada. Entair vocô diz: -Opir. esrc aqui é unr pata írl" Tu.lL)

ol:tucvocê inves tigar dcpois tem quc prestar satisi:Lçôes a Auaxinrilndro.


.,, ol . \n,\,,r,Jru ru'r"uo
Sc você chega a conclusa€s quc clesnrenlem a cxislência do íi],?ntl]] Lnr

clesllrentcrn que lrrcê cslcja derrtro dclc. \'ocê €srá crrât1do.


a]üan.lo Sócrales. no diarlogo.Vir.rr. faí n dcrnorrsrialro de quc
â pcssoa salre rnais coi§as.lo qrLc aqrela§ quc âprcndetl, isso tanrbóln
a Lrnra coisâ dcfiniLlva. não tcm leiio dc ncgâr' A cdistêfcia.lc âlgtlnr
iipo .lc conheci'rcnto inalo quc ó dâ.lo ra própritL eslÍürLLrâ cogrririva
hurra|.1, quc c1.1. a própria cstrLrlurâ cognitiv humana iá é conhecl
mcnro, orâ. is§o nÀo tcnr corno ncgâr. Você ncm preclsa âcrcditnr na
icoiadaprccristarclàdaaLna Pcgâ â tcoria na sua cssôncia llLosótlca,
.lcscontândo o llorcio poÉlico quc cle tcr. cL \,olia. llca coIn isso c vai
vcr qü. a um pairnrar ronquistado
Aquclâs técnicrs dinléllcís rodas critLdas dcpois. ao Longo dc nnr
rnilarnio dc [scolástica. clas lodas c\islern, cxislcm c lLlnciona r. \'t)cê
rao podc tàzcr.l! rolrta quc nad dissoacoftcccuc.clnplcnoano2000,
nrontarLnna!llscússrio lrrs.rda cllr crros Lic 1a)qi(a q e em l200 o§ cârâs
lá tinham desnonladô. Isso é unl bârbarisno se bcl1l qu€ as pessoas
fazem esse barbarisrno. en1lrilas são pagas pârâlazô-lo, recebeln, fâzen
!rnâ cârrcira c sanharn prêlnio Nobel fazcndo-o.
Âfifâl de conrâs. quc tls pessoas facam isso - sc bem qüe com issn

até adquiram preslígio lilosófico etc. - ó apenas LrIn cngano lornctido


por unr certo icmpo. que só vigora n.Lqüela ópocâ. Na época scguinle
as pcssoas já percebem quc ludo aquilo foi uma lrLrrrada. Conro iemos
uma ret€Énciâ his tórica rnaior. ntlLo lerros porque ced€r. sc sabemos quc
ó apcnâs o espírilo dc uma época. A jcléia mesma dc tÉdiçao s€rr'c parâ
isso. pam quc vocô, cornpreendcndo os vários cspirilos das apocas náo
se prendâ a nenhum deles. Ib.lâs as ópocas !ão passêr. a nossa também.

ela náo ó mclhor que as ouirâs.


Quando você se libcrta dislo sc benr que às l'czes essa libcÚaçáL)
exige a possc pcssoâl de ul1la outra Yivôncia de ternpo. qLrcé jusla]n€nic
o esoiérico a quc cu il.L rne rcicri
quando torna consciôncia dislo,
só âí cstá âpto a corprccnder aió q[c ponio â idéia do pÍogrcsso
compreendiclo no scnlido geral quer dizcr. que estâmos necessa
riamcntc nlrnla época quc sabe que a ouirâ é um grandc crro
'nais
Nós simplesrr€nrc vicrlos dcpois. lsso qucr dizer rlue o nirne|o cle
cojsas quc tcmos obrigaqão .le saber ó maior inâs rào quer dlTer quc

O progresso, r1eÍe sentitlo. cxiste como acu ulação dc obrlgaçóes,


não como âcumlrlaçáo dc posses. Sc você acr€diia cm acumulaçâo
dc posscs. a!lomaticaneLrle iá caiu para hai\o pelo sinplcs lâto de
acIar lsio. Por c)tcnlplo, quarldo você estudâ Cjência Politica. ela pra_
1icâlrcntc ráo ardoLr nada depois dc ,\rislóleles Àristóleles ainda é
mclhor .1o que rLldo o que veio .:lcpois. tisle é um exemplo dc âlgo que
li)i para trás. Por quêl PoIquc você Itáo sabe o qüe Aristóteles sahiâ.
náo cntcLlde o quc clc cnterdia c, ao n1es m tcrnpo. aclril.tuc c o tal
porque veio dcpois.
Na lcrdacle, porqrLC você âchâ que é o iaL por tcr vindo depois ( ")
inllui você a câir para anics: você é LLnl pré aristotéljco, pois não se
apossou doqueele lcm paralhedâr Enl o. o progesso nãoexistc iâmais

como pa§sagerr âuionlá1jcâ dc un1 paramar de consciência para ortro


f. lor '.,.r.u...,.ir ,tr(. l..r-rrLrr.'rtu',Lero' I(róir\'. 'iu
mÍtica de progrcsso qüe cstá nê cabeçâ dc toLlo l1rundo lrojc. Ele e\iste
con ro .icu rn ulaç,Lo de possibilitladcs dc conhecimento cluc câda g€ração
ic1n quc cL)nquistar de novol (...)
l:l conro sc você reccbcssc unra hcranqa !'ocô âclra quc é o qtLô?

Quc a hcrânq.r vclrl nâ sua casa. bâte na suâ poÍa e cntra nâ sua
.1J,..,1, l, ,c' . \b,, ', cc rc,, qL( 'l'. .' orr. p u\. 'or.'L '
bercl.iro. t!n1 que prccncher a papclada. náo ó assim?,'\té dc Ltr11
dinhcim você le r quc ionlar possc. quanlo mais de LlLr conhecilncntL)
hcrcladol As possibilidadcs de conlrccirncrlto qüe cstào ai não tênr liqui
dcz. Para q!e elas adquira liquidez, vocÔ prccisa assinilá las. orâ. a
câd.L gerâção onÍrmero dc pcssons quc assiniLaeictivamenlccsse legado
é rruito pouco, e os ouiros lo.los ficân1 se vânilio ando: Nós vivcmo§
no sóculo XXIl Fit.Lmos no palanrar náo sej .1o quô" Lsrá nad,, vocô
ó u homem dc Ncandertall

L ) acrcdito tLtaís então ttütn


tr\lr]no: Para sa bastanÍe hipticlila
fadcr aptatita . Duas das de tanslrações de d o!â:|(ia Lla notsu
apaca (.. ) é a Íiln? NÍ'dtti\. ruto é:' Elcs c.,lacaut 1.. ) do saula xX
carrc L) apL)Beu do hutrutlidnde e par dütsa dissa ds nláquíl1ds Ío-idin

Hu lui foupâdo dessc solrinrento, crt nào assisti. N1r§ não é §ó


'l
rtratrl,y. saro milharcs. . I lá cssa conccpçao nribLógicadc quc e\istc'até
a ópoca rlro.:lcrna. a pós r odcrnn. agorâ pâssarn.)s, agom €stamos " '
U'na Ycz. (jm unr dcsscs (1,,8rcssos .lc 'ilosofiâ. o sujciio disse: r\gora
nós eslariros...'. E eu: -Espcra.7?ós qucDr? Podc dizer ro.i eü náo

.18
esio! sabendo nada disso. (. ) ]trn unl nronlc de gcntc que r.rioclna

Quardo o suieiro comcça a lalar crn no e .la humanidâde como se

losse o porta-voz da corscjência humênâ univcrsal, ele eslá no mundo


da llra I Você só passa cognitivàn re n rc parâ Lrna época sc dc lâto absorv€u
r'coletivamcnie". nüncâ. porquc
o que loi dado âta lá. H nunca sc passâ
colcti\.âmerlte crda süjcito qlre nÂsce, nascc na Icla.le da Pccha. Você
náo ó muiio diferenle do homcln da ldade dâ Pcdrâ. enláo vai icr que
pcrcorer de novo lodas aquelas elâpas. Câda u tel1l quc perconer
lrabalhosamenic por si p própio séculol Vocô
a poder chegar ao seu
dizcr: Eu sou um ho em do meu lempo . pimeiro, isso náo quer di
rcÍ nadai scilundo, de lllo vocô nào o é. Qnândo você vai ve. cstá no
sócuLo V Vl. pois o quc voct sâbe é o quc sc sabj.t a!é â]i - c. depois.
do resto, vocô pcgou duas ou trôs liases solras diras. e que vocô nâo
cniende!. e acha qtlc ó o "Senhor Douior"l
N{ostrc-me. por exernplo. rrn único Lratado.le ciéncia politicâ. tese
universitária, erc. quc tcnh.L slperado t$tt vítgr]|a da h'te da Eueta
dc Sun Tzu.5 Ilesmintn unra \,írgula. uma liasc do que o sujcito dissc
Pratica r€nie náo ândou nadâ.:lcpois de Sun Tzu aliás. você ncm
cntcndcu direilo o qu€ o homcm .lisse, cntáo você eslá antcrior â ele
Por exenrplo. holc as pcssoas cheitam pâra você e dizcrn:
-Hoie em dia,
,*rn,c..iud,-.1 (.,,', J.\ -l(n.i. ...',,,4ô(\i. (,'i' .gnr' oqu(
nanda no mundo ó o dinhciro laçâ o seguinte: locô ó un1 banquejro,
eu sou doutor daívem ur| inolcquc do rroro na â. encosla Lrrna nava_
lha LrL sua gaigarrâ. \iocô r.âi diTei o quc pala clc, clüc qucl1l manda no
nrundo ó o dinhcirír? He dizr 'Àh. é? Ênlão pâssa âqui â -qrana". Qucm
rnânda é ele, isso Sur Tzn já tirha clito.
O dinheiro. a riquczâ. é üIn podcr someLrie em ccrtâs siiuaçôes de
tcrminadâs. enr qüe a basc .1o poder dcstrutivo já eslá hierarquizada
Quando qLrebrâ cssa bâse. o dinhciro nál, é nais podcr algum. lsso
r , .,
l!
-
pessoat dâ ONU náo
Sun Tzu já sabia e os caras náo sabem até hoier o
paú dizer
sabe, tem muito esirategista pago pelo governo americano
bobagem que náo sabe disso...

l1]una Lenin sabía dissa, fião é?)

Nossal Lenin sabia, sabial Quem é que náo sabe


que enhe o rico
desarmaalo e o pobie armaalo, quem manala é o
pobre? Isto éum de§ses

patamares, como oópeilo,7: depois que o homem enunciou


(-") náo tem
jeito ale você voltar atlás. Isso é um principio El€ descobfiu umpdncí-
pio. Ésse negócio alas castas e dos poderes que eu tenho e"l.plicado' tudo
isso é terreno conquistaalo; você tem o dircito de
queÍer descobdr mais
de supedor'
alguma coisa, o que náo poale é ignorar isso e' se fazendo
cair paü um nível muito anterlot
sujeito
ouho alia eu iive uma enorme satislaçáo Ábd um liTo de um
chamaalo Robert Kaplan, um estategista americano' O lil'ro se chama
Wafliot Politics lPoliÍicade gue[eiro] '6 Ele começa dizendo o seguinte'

que e§se negócio moderno, pós_modemo, que náo exist€ nada disso
aqui

Platáo, Conlúcio ou Lao{sé entendedam nossa siiuação


muito melhor
é ciêncial' náo é
alo que nós mesmos. Mas é claro que é assiml Ciência
so porque \ocê ve:o depoj5 que e5,a 5ahendo
mâis'
para que a
Isso aqui nos alá o quadro dos conceitos necessiálios
seia tempo
exposiçáo cÍonológica das doutrinas plé_socráticâs náo
perdido.

",r-.,"n'Âru\\t-,r,ro1"'.1tbaad\'Po?^atd-aPaEat
RandÔn HÔuse 2002
erros.1.ed NovlYod(
50
Leituras sugeridas

ColNFoRD. Flancis Macdonald


rtincipi n sapiênliae: the oti+iüs aÍ GEeh phi|soPhical ,hÔusÀ, GloÚce*er, ú{r
Publislúi, IncorpoEted , 1937'

RLÀLÉ cla\ami Históia da tilôsaÍld \fliiqa


'I}ad Mdqelo Peine. São Pâúlô Loyola, 1993 v1

VOEGIIIN, Eic. Ord4 ard Hrrory'


aôl,,nhi üniy ôi Missoui Pl$s 2000.Í2

51
lla.los lrx.rú.ionaisdc Camlog.qã. na Publi.içào (CIP)
(CànLarí Braslleir. d. fnÍo SI BÍ.sil)

História !ssen.irl dâ fi .!,Ér /


po' Olav.dcCânaLho 5ão P.rrLr: E Ro.Lnisóês,200j

Cúnreúdo rulr I Hiíúir das hitórias dâ fr osofia


ru a2 o proj.to so.ráriro .rL.r Só.úrêsellaLi.
aula.1 AÍhúrl$ anLx a: l,É i,crriiú.:

I r\inótc.s:l FiloÍrn. Eí[lúêensinú


I FiLús.in HÀ!nial ]rllN.fix lnlrodrqúcs
s PLàklo 6 FLi so.rálicos7 Só.Íârcs I Tnúlo

írdic.s p.ia.xríli,Ê. siiteríti.o

!st.ln{.4 a LHn5criçÀr da aulaquc


. IoiEolada trO dia 11/06/200i na
E ltcrlizaçócs en Sâo Paulo SP tsrasil

lnrfrcs!r pcLa Prol l-lditora Críl ca |araa


E Rc lizaço.s, .m jrlh. dc 2011)
Os lip.s utados srú da iànilia Dulch
O FaDcli C|aúois Bfll( 90 /Dr
rárâ
. nnro c srfreno 250 par., capa.
ínr

You might also like