Professional Documents
Culture Documents
Ofício nº 928/2018/SECNS/MS
Brasília, 16 de agosto de 2018.
Ao Senhor
Henrique Sartori de Almeida Prado
Secretário Executivo
Ministério da Educação - MEC
Esplanada dos Ministérios, Bl. L - 7º Andar
70047-900 - Brasília - DF
executiva@mec.gov.br
Assunto: Solicita ao MEC observância às Resoluções e Recomendações do CNS, com base no Artigo
200 da CF/1988.
Senhor Secretário,
Pelo exposto, solicitamos que V.Exa. interceda junto às respectivas esferas do Ministério da
Educação, em especial a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES), a Secretaria
de Educação Superior (SESU), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP) e o Conselho Nacional de Educação (CNE), para que atuem em efetiva articulação com este Conselho
Nacional de Saúde, a fim de fazer cumprir a Carta Magna, bem como as Resoluções e Recomendações aqui
descritas, com ênfase nos seguintes encaminhamentos:
Atenciosamente,
Documento assinado eletronicamente por Ana Carolina Dantas Sousa,
Secretário(a)-Executivo(a) do Conselho Nacional de Saúde, em
16/08/2018, às 13:32, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento
no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015; e art. 8º, da
Portaria nº 900 de 31 de Março de 2017.
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Centésima Qüinquagésima Quinta Reunião Ordinária,
realizada nos dias 08 e 09 de junho de 2005, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei n°
8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei n° 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e
- considerando o inciso III, do Art. 200, da Constituição Federal;
- considerando os Artigos 6o, Inciso III; 15, Inciso IX; 16, Inciso XI e 27, Inciso I, da Lei Orgânica da Saúde (Lei
Federal nº 8.080/90);
- considerando o Artigo 4º, Inciso II, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal nº
9.394/96);
- considerando o Decreto Federal nº 3.860/2001;
- considerando os Princípios e Diretrizes para a Norma Operacional Básica de Gestão do Trabalho e da Educação
na saúde - NOB/RH-SUS, aprovados pelo Conselho Nacional de Saúde;
- considerando as Deliberações da XII Conferência Nacional de Saúde, relativas ao trabalho e aos trabalhadores
da saúde;
- considerando as Resoluções CNS nº 324, de 03 de julho de 2003, nº 325, de 03 de julho de 2003, nº 336, de 15
de fevereiro de 2004 e nº 337, de 11 de março de 2004;
- considerando a Portaria MEC nº 4361, de 29 de dezembro de 2004; e
- considerando o Parecer da Comissão Intersetorial de Recursos Humanos do CNS, relativo às diretrizes gerais
referentes aos critérios para a abertura e reconhecimento de cursos de graduação com diretrizes curriculares orientadas para
a área da saúde.
RESOLVE:
1) afirmar o entendimento de que a homologação da abertura de cursos na área da saúde pelo Ministério da
Educação somente seja possível com a não objeção do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Saúde, cumprindo-
se as considerações acima, relativamente à Constituição Federal;
2) reiterar que a emissão de critérios técnicos educacionais e sanitários relativos à abertura e reconhecimento de
novos cursos para a área da saúde deve levar em conta a regulação pelo Estado; a necessidade de democratizar a educação
superior; a necessidade de formar profissionais com perfil, número e distribuição adequados ao Sistema Único de Saúde e a
necessidade de estabelecer projetos políticos pedagógicos compatíveis com a proposta de Diretrizes Curriculares
Nacionais;
3) aprovar o parecer emitido pela Comissão Intersetorial de Recursos Humanos quanto ao debate e
recomendações relativos às “Diretrizes gerais referentes aos critérios para a abertura e reconhecimento de cursos de
graduação com diretrizes curriculares orientadas para a área da saúde” e a íntegra do documento que lhe deu suporte,
ambos anexos a presente Resolução;
4) aprovar os critérios de regulação da abertura e reconhecimento de novos cursos da área da saúde, constantes
desse parecer e assim discriminados:
a) Quanto às necessidades sociais:
- demonstração pelo novo curso da possibilidade de utilização da rede de serviços instalada (distribuição e
concentração de serviços por capacidade resolutiva) e de outros recursos e equipamentos sociais existentes na região;
- no caso de a rede de serviços existentes não ser suficiente ou não estar disponível, comprovação de dotação
orçamentária para a instalação da rede ou ampliação da capacidade instalada na saúde (hospital de ensino, ambulatórios,
laboratórios, consultórios odontológicos etc. e criação de outros campos e cenários de práticas);
- demonstração de que a oferta de vagas é coerente com a capacidade instalada para a prática, bem como com o
número de docentes existentes e com a capacidade didático-pedagógica instalada (laboratório de práticas, acervo
bibliográfico comprovado mediante nota fiscal ou termo de doação);
- demonstração do compromisso social do novo curso com a promoção do desenvolvimento regional por meio
HUMBERTO COSTA
Presidente do Conselho Nacional de Saúde
Homologo a Resolução CNS Nº 350, de 09 de junho de 2005, nos termos do Decreto de Delegação de
Competência de 12 de novembro de 1991.
HUMBERTO COSTA
Ministro de Estado da Saúde
Recomenda
Ao Ministério da Educação:
1. A revogação das portarias nº 328/2018 e nº 329/2018, assinadas pelo
Excelentíssimo Ministro da Educação, José Mendonça Filho, no dia 5 de abril de 2018,
que suspende o protocolo de pedidos de aumento de vagas e de novos editais de
chamamento público para autorização de cursos de graduação em Medicina;
2. Que o Conselho Nacional de Saúde seja convidado a participar deste
processo com vistas a contribuir com a análise acerca da carência destes profissionais em
praticamente todas as regiões do país; e
Aos Conselhos de Educação dos Estados e do Distrito Federal:
Que atuem no sentido de questionarem a suspensão proposta pelas portarias
nº 328/2018 e nº 329/2018, impedindo assim a possibilidade de eventual formação
profissional superior às que dispomos atualmente.
considerando que o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma política de Estado que
visa à promoção, prevenção e recuperação da saúde e que, segundo o Art. 200 da
Constituição Federal de 1988, compete ao SUS a ordenação da formação de recursos
humanos na área da saúde, de acordo com as necessidades de saúde da população;
considerando que a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, em seu Art. 1º,
institui o Programa Mais Médicos (PMM), com a finalidade de formar recursos humanos
na área médica para o Sistema Único de Saúde (SUS);
considerando que a referida Lei, em seu Art. 2º, incisos I, II e III, para atender aos
objetivos do PMM, adota ações de reordenação da oferta de cursos de Medicina e de
vagas para residência médica, priorizando regiões de saúde com menor relação de vagas
por médicos por habitante e com estruturas de serviços de saúde em condições de ofertar
campo de prática suficiente e de qualidade para os estudantes, bem como estabelece novos
parâmetros para a formação médica no Brasil, além de promover, nas regiões prioritárias
do SUS, o aperfeiçoamento de médicos na área de atenção básica em saúde, mediante
integração ensino-serviço;
considerando que a referida Lei, em seu Capítulo II, Art. 3º, estabelece critérios
para autorização e funcionamento de cursos de graduação em Medicina, por instituições
de educação privada, por meio de chamamento público, cabendo ao Ministro de Estado
da Educação dispor sobre a pré-seleção dos Municípios, ouvido o Ministério da Saúde;
considerando que o Conselho Nacional de Saúde (CNS), em caráter permanente e
deliberativo, é órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de
serviço, profissionais de saúde e usuários, que atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos
aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
legalmente constituído em cada esfera do governo (Art. 1º, II, §2º da Lei nº 8.142, de 28
de dezembro de 1990);
considerando que o Decreto nº 5.839, de 11 de julho de 2006, Art. 2º, Inciso VIII,
dispõe sobre a competência do CNS de articular-se com o Ministério da Educação quanto
à criação de novos cursos de ensino superior na área de saúde, no que concerne à
caracterização das necessidades sociais;
considerando que a Comissão Intersetorial de Recursos Humanos e Relações de
Trabalho (CIRHRT) tem sua atuação legitimada pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
1990, que dispõe sobre a criação de comissões intersetoriais de âmbito nacional,
subordinadas ao CNS, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades
Recomenda
Considerando que o art. 200 da Constituição Federal determina que cabe ao Sistema Único
de Saúde a ordenação da formação de recursos humanos na saúde;
Considerando a importância de formar profissionais de saúde de acordo com as Diretrizes
Curriculares Nacionais, competentes, humanos, éticos e com responsabilidade social;
Considerando que a rede de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde é o local
privilegiado para a formação dos profissionais de saúde;
Considerando a necessidade de aprimorar a qualidade da formação dos profissionais de
saúde e os sistemas de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento dos cursos de
graduação da área da saúde;
Considerando a necessidade de formar profissionais de saúde em número suficiente para
atender às necessidades de saúde da sociedade e corrigir as disparidades regionais;
Considerando a necessidade de formar médicos especialistas, por meio de programas de
residência médica, com qualidade e número suficientes para atender às necessidades de saúde da
sociedade em todas as regiões do País; e
Considerando a importância de aumentar e aprimorar os programas de residência
multiprofissional e áreas profissionais da saúde.
Resolve:
Recomenda:
Resolve:
GILBERTO OCCHI
Ministro de Estado da Saúde
RESOLVE:
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
considerando que a Constituição Federal de 1988 prevê, em seu Art. 196, que
“a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”;
considerando o Art. 200 da Constituição Federal de 1988, que determina que
compete ao Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras atribuições, ordenar a formação
dos trabalhadores da área de saúde;
considerando o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta o
Art. 80 da Lei nº 9.394/1996, e permite o credenciamento de Instituições de Educação
Superior exclusivamente para oferta de cursos de graduação na modalidade a distância,
sem prever um tratamento diferenciado para cursos da área da saúde;
considerando o crescimento exponencial e desordenado de cursos de graduação
na área da saúde na modalidade de Educação a Distância (EaD) e os diagnósticos
situacionais que revelam um quadro que não se coaduna com as necessidades para o
adequado exercício profissional;
considerando que a formação em saúde não pode ocorrer de forma dissociada
do trabalho em saúde, ou seja, é imprescindível a integração ensino-serviço-gestão-
comunidade;
considerando que a formação no/para o SUS deve ser pautada pelas
necessidades de saúde das pessoas e pela integralidade da atenção e, para tanto, requer
uma formação interprofissional, humanista, técnica e de ordem prática presencial;
considerando que os estudantes precisam ser inseridos nos cenários de práticas
do SUS e outros equipamentos sociais desde o início da formação, rompendo com a
dicotomia teoria-prática, o que lhes garantirá conhecimentos e compromissos com a
realidade de saúde do seu país e sua região;
considerando que a educação na saúde requer interação constante entre os
trabalhadores da área, estudantes e usuários dos serviços de saúde, para assegurar a
integralidade da atenção, a qualidade e a humanização do atendimento prestado aos
indivíduos, famílias e comunidades;
considerando que, para além dos conhecimentos requeridos para a atuação
profissional, a formação na área da saúde exige o desenvolvimento de habilidades e
atitudes que não podem ser obtidas por meio da modalidade EaD, visto tratar-se de
competências que se adquirem nas práticas inter-relacionais;
considerando a Resolução CNS nº 515, de 7 de outubro de 2016, com
posicionamento contrário à autorização de todo e qualquer curso de graduação da área
da saúde ministrado na modalidade EaD, pelos prejuízos que tais cursos podem oferecer
à qualidade da formação de seus profissionais, bem como pelos riscos que estes
trabalhadores possam causar à sociedade, imediato, a médio e a longo prazos, refletindo
uma formação inadequada e sem a necessária integração ensino-serviço-gestão-
Moção (5251724) SEI 25000.143053/2018-82 / pg. 24
comunidade; e
considerando o Projeto de Decreto Legislativo (SF) nº 111/2017, de autoria do
senador Humberto Costa (sob relatoria do senador Sérgio Petecão), que susta os efeitos
do Decreto nº 9.057/2017 e os Projetos de Lei nº 7.121/2017, nº 5.414/2016 e nº
6.858/2017, de autoria dos deputados Alice Portugal, Rodrigo Pacheco e Rômulo
Gouveia, respectivamente (apensados e sob relatoria do deputado Átila Lira), que se
posicionam de forma contrária à autorização e reconhecimento de cursos de graduação
da área da saúde ministrados na modalidade EaD.
Vem a público:
considerando que a Constituição Federal de 1988 determina que a saúde é direito de todos
e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação;
considerando que a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe que estão incluídas no
campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) a execução de ações de ordenação da formação de
recursos humanos na área da saúde;
considerando que a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe que o CNS, em caráter
permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de
serviços, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução
da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas
decisões serão homologadas pelo chefe do poder legitimamente constituído em dada esfera do governo;
considerando a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional e, em seu Artigo 80, atribui ao poder público o incentivo ao desenvolvimento
e à veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de
educação continuada;
considerando o Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das
funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores
de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino;
considerando o Decreto nº 8.754, de 10 de maio de 2016, que altera o Decreto nº 5.773, de
9 de maio de 2006 e, em seu Art. 28, §2º, dispõe que a oferta de cursos de graduação em Direito,
Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem, inclusive em universidades e centros universitários,
depende de autorização do Ministério da Educação, após prévia manifestação do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) e do Conselho Nacional de Saúde (CNS), respectivamente;
considerando o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, que permite o credenciamento de
Instituições de Educação Superior exclusivamente para oferta de cursos de graduação na modalidade a
distância, sem prever um tratamento diferenciado para a área da saúde;
considerando a Portaria nº 1.134, de 10 de outubro de 2016, que revoga a Portaria MEC nº
4.059, de 10 de dezembro de 2004, estabelecendo que as instituições de ensino superior que possuam
pelo menos um curso de graduação reconhecido poderão introduzir, na organização pedagógica e
curricular de seus cursos de graduação presenciais regularmente autorizados, a oferta de disciplinas na
modalidade a distância;
considerando a Resolução CNS nº 350, de 9 de junho de 2005, que afirma que a
homologação da abertura de cursos na área da saúde pelo Ministério da Educação somente seja possível
com a não objeção do Ministério da Saúde e do CNS; e reitera que a emissão de critérios técnicos
educacionais e sanitários relativos à abertura e reconhecimento de novos cursos para a área da saúde
deve levar em conta a regulação pelo Estado; a necessidade de democratizar a educação superior; a
necessidade de formar profissionais com perfil, número e distribuição adequados ao SUS e a necessidade
de estabelecer projetos políticos pedagógicos compatíveis com a proposta de Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN);
considerando a Resolução CNS nº 515, de 7 de outubro de 2016, que trata do
posicionamento contrário do CNS à autorização de todo e qualquer curso de graduação da área da saúde,
ministrado na modalidade Educação a Distância (EaD), pelos prejuízos que tais cursos podem oferecer
à qualidade da formação de seus profissionais, bem como pelos riscos que estes profissionais possam
causar à sociedade, imediato, a médio e a longo prazos, refletindo uma formação inadequada e sem
integração ensino/serviço/comunidade; e ainda, que as DCN da área de saúde devem ser objeto de
Recomenda:
Ao Congresso Nacional
Que regulamente, com urgência, o inciso III do Art. 200 da Constituição Federal, de modo
a garantir que o processo de ordenamento da formação de recursos humanos para o SUS se
consubstancie em competência objetiva das instâncias do SUS, conforme prevê a Carta Magna; e,
A Constituição Federal (CF) de 1988 determina, em seu Art. 196, que “a Saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação”.
Para isso, é fundamental que a formação dos(as) trabalhadores(as) da área da saúde ocorra
na modalidade presencial, pois ela apresenta uma singularidade que inviabiliza a oferta dos cursos
de graduação na modalidade de Educação a Distância (EaD): a formação em saúde não pode ocorrer
de forma dissociada do trabalho em saúde, ou seja, é imprescindível a integração entre o ensino,
os serviços de saúde e a comunidade.
Além disso, a modalidade EaD desconsidera que a educação na saúde requer interação
constante entre os(as) trabalhadores(as) da área, estudantes e usuários(as) dos serviços de saúde,
para assegurar a integralidade da atenção, a qualidade e a humanização do atendimento prestado aos
indivíduos, famílias e comunidades. Deste modo, os(as) estudantes precisam ser inseridos(as) nos
cenários de práticas do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros equipamentos sociais desde o início
da formação, integrando teoria e prática, o que lhes garantirá compromissos com a realidade de
saúde do seu país e sua região.
A formação na área da saúde não se limita a oferecer conteúdos teóricos. Para além dos
conhecimentos requeridos para a atuação profissional, ela exige o desenvolvimento de habilidades
e atitudes que não podem ser obtidas por meio da modalidade EaD, sem o contato direto com o ser
humano, visto tratar-se de componentes da formação que se adquirem nas práticas inter-relacionais.
A aprendizagem significativa, que se realiza nos encontros e no compartilhamento de experiências,
pressupõe convivência, diálogo e acesso a práticas colaborativas, essencialmente presenciais.
Importante observar que a maioria dos cursos de graduação presenciais da área não preenche
o número de vagas ofertadas, o que demonstra não apenas a impropriedade, como também a
desnecessidade social da EaD na saúde. Portanto, para estes cursos, não se deve utilizar a modalidade
a distância com a justificativa de atingir metas estipuladas de ampliação do acesso à educação
superior, sendo necessário um debate aprofundado sobre políticas públicas de ensino, a fim de que
5 Associação Brasileira de
Enfermagem (ABEn)
Associação de Fisioterapeutas do
13 Brasil (AFB)
24 Conselho Federal de
Fonoaudiologia (CFFa)
42 Federação de Estudantes de
Agronomia do Brasil (FEAB)
50 Rede Unida
RESOLVE:
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
RESOLVE:
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
1Paim, JS e Pinto, ICM. Graduação em Saúde Coletiva: conquistas e passos para além do sanitarismo. Revista Tempus Actas
em Saúde Coletiva. 2013; Ano VII Vol. 3. p.13-35.
2 Bosi, MLM e Paim JS. Graduação em Saúde Coletiva: limites e possibilidades como estratégia de formação
profissional. Ciência & Saúde Coletiva. 2010; Vol. 15, n. 4, p. 2029-2038.
3 Teixeira, CF. Graduação em Saúde Coletiva: antecipando a formação do Sanitarista. Interface - Comunicação, Saúde,
ENCAMINHAMENTO
Em virtude da análise feita apresenta-se a seguir as contribuições da Comissão
Intersetorial de Recursos Humanos e Relações de Trabalho do Conselho Nacional de Saúde, e seu
Grupo de Trabalho (GT), aprovado na 286ª Reunião Ordinária - RO, ocorrida em 6 e 7 de outubro de
2016, à redação8 das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Saúde Coletiva, nos
termos abaixo indicados:
Fiocruz; 2008.
7 Ribeiro, PT. A instituição do campo científico da Saúde Coletiva no Brasil [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de
Seções e Subseções.
RESOLVE:
Art. 1º - Instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) a serem observadas
pelas Instituições de Educação Superior (IES) no Brasil quanto à elaboração e implementação do
Projeto Pedagógico de Curso, organização e avaliação da Graduação em Saúde Coletiva.
Capítulo 1
DO OBJETO
Capítulo 2
DO PERFIL DO BACHAREL EM SAÚDE COLETIVA
I - Gestão em Saúde;
II - Atenção à Saúde;
Seção I
Gestão em Saúde
Seção II
Atenção à Saúde
Seção III
Educação em Saúde
Capítulo 3
Seção II
INFRAESTRUTURA RECOMENDADA
Seção III
Dos conteúdos curriculares
§3º- Recomenda-se que o mínimo de 40% (quarenta por cento) da carga horária
prevista para o estágio curricular obrigatório seja desenvolvido na Gestão de Sistemas e Serviços de
Saúde.
Capítulo 4
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Homologo a Resolução CNS n.º 546, de 7 de abril de 2017, nos termos do Decreto
de Delegação de Competência de 12 de novembro de 1991.
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
INTRODUÇÃO
O Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão colegiado de caráter permanente
e deliberativo, que tem por finalidade atuar na formulação e no controle da execução da
Política Nacional de Saúde, no uso de suas competências regimentais e atribuições legais,
conferidas por sua Secretaria Executiva (SE), encaminha ao Conselho Nacional de Educação
(CNE) suas recomendações à proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o
curso de graduação em Farmácia.
No uso de suas prerrogativas legais, o CNS (composto por Ministérios, órgãos
competentes e entidades representativas da sociedade civil) dispõe de comissões intersetoriais
de âmbito nacional, com a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a
saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS). As políticas e programas que ficam a cargo das comissões intersetoriais abrangem, em
especial, as seguintes atividades: I - alimentação e nutrição; II - saneamento e meio ambiente;
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; IV - recursos humanos; V - ciência e
tecnologia; e VI - saúde do trabalhador. (Lei nº 8080/90, Art. 12, parágrafo único e Art.13 e
seus incisos).
Para apreciação da proposta das DCN do curso de graduação em Farmácia
tomou-se como marco legal de referência a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
regulamentou o artigo 200 da Constituição Federal de 1988, criando o SUS no Brasil e elevou
a assistência farmacêutica como direito de toda cidadã e cidadão brasileiro; a Lei nº 8.142, de
28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS; a
Resolução CNS nº 350, de 9 de junho de 2005, que aprova critérios de regulação da abertura e
reconhecimento de novos cursos da área da saúde; a Resolução CNS nº 338, de 6 de maio de
2004, que aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica; e a Lei nº 13.021, de 8 de
agosto de 2014, que dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas.
RECOMENDAÇÕES
CONTRIBUIÇÕES DA COMISSÃO INTERSETORIAL DE RECURSOS
HUMANOS E RELAÇÕES DE TRABALHO/CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE À
REDAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DO CURSO DE
GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
1 As alterações recomendadas pela CIRHRT/CNS estão destacadas em letra vermelha ao longo do texto.
Resolve:
Aprovar o Parecer Técnico nº 161/2017 que dispõe sobre as recomendações do
Conselho Nacional de Saúde à proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de
graduação em Fisioterapia, conforme anexo.
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
INTRODUÇÃO
Este Parecer Técnico tem a finalidade de apresentar o resultado dos trabalhos
realizados pela Comissão Intersetorial de Recursos Humanos e Relações de Trabalho do
Conselho Nacional de Saúde (CIRHRT/CNS), em conjunto com o Grupo de Trabalho das
Diretrizes Curriculares Nacionais (GT/DCN), aprovado na 286ª Reunião Ordinária, ocorrida
em 6 e 7 de outubro de 2016, de acordo com o disposto na Resolução CNS nº 407, de 12 de
setembro de 2008, Capítulo IV, que aprova o Regimento Interno do CNS.
Para tanto, fez-se um breve resgate sobre as prerrogativas legais, técnicas e
sócio-políticas do CNS e, sequencialmente, apresentou-se o produto das discussões, no
Parecer Técnico nº 161/2017, cujo teor já foi apreciado e aprovado pelo Pleno do CNS e, por
isso, seguirão anexo à Resolução, para homologação do Excelentíssimo Senhor Ministro da
Saúde e, imediatamente, para conhecimento do Conselho Nacional de Educação do Ministério
da Educação (CNE/MEC).
O CNS, órgão colegiado de caráter permanente e deliberativo, que tem por
finalidade atuar na formulação e no controle da execução da Política Nacional de Saúde, no
uso de suas competências regimentais e atribuições legais, conferidas por sua Secretaria
Executiva (SE), encaminha ao Conselho Nacional de Educação (CNE) suas recomendações à
proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação
bacharelado em Fisioterapia.
O CNS (composto por ministérios, órgãos competentes e entidades
representativas da sociedade civil) dispõe de comissões intersetoriais de âmbito nacional, com
a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução
envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). As políticas e
programas que ficam a cargo das comissões intersetoriais abrangem, em especial, as seguintes
atividades: I - alimentação e nutrição; II - saneamento e meio ambiente; III - vigilância
sanitária e farmacoepidemiologia; IV - recursos humanos; V - ciência e tecnologia; e VI -
saúde do trabalhador (Lei nº 8080/90, Art. 12, parágrafo único e Art.13 e seus incisos).
Para apreciação da proposta das DCN do curso de graduação bacharelado em
Fisioterapia, tomou-se como marco legal de referência: a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
DA ANÁLISE
A Constituição Federal de 1988, na Seção da Saúde, em seu Art. 200, revela
que compete ao SUS, entre outras atribuições, ordenar a formação de recursos humanos na
área de saúde (inciso III) e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o
trabalho (inciso VIII) em saúde e seus trabalhadores (profissionais de saúde, entre eles). Esse
papel de ordenador na qualificação de trabalhadores para o SUS requer dos dispositivos que
regulam a formação de profissionais a sensibilidade para incorporar as necessidades sociais
em saúde, combinadas com as demandas do mundo do trabalho, a competência profissional e
o empenho do pensamento crítico, reflexivo e resolutivo dos profissionais da Fisioterapia.
O esboço de minuta aqui apresentada evidencia avanços para a formação do
fisioterapeuta. Está desenhada e organizada a partir de Princípios que devem transversalizar a
formação, e que orientam o perfil do futuro profissional, mediante o desenvolvimento de
competências descritas de acordo com as dimensões e seus respectivos domínios de atuação
profissional. Estas dimensões e domínios retratam os diversificados cenários nos quais o
fisioterapeuta pode se inserir.
A proposta de minuta apresenta ainda conceitos, condições e procedimentos da
formação profissional do bacharel em Fisioterapia e procura elucidar aspectos relevantes da
profissão, como por exemplo: o perfil profissional, o objeto de estudo e de trabalho da
profissão e a assistência pautada na melhor evidência científica. As condições e
procedimentos envolvem os diferentes conhecimentos necessários para a formação, bem
como especifica questões relativas aos projetos pedagógicos do curso, organização curricular,
a relação com o mundo do trabalho, o desafio da complexidade do fazer em saúde
potencializado pela necessidade de saúde das pessoas e a relação com as ofertas do mundo do
trabalho em consonância com os direitos dos usuários do SUS.
As Políticas Públicas de Saúde e de Educação orientam para uma formação que
oferte cuidados e que apresente eficiência e eficácia às questões inerentes ao processo saúde-
doença e garantia de direitos, elementos essenciais às ações de promoção e proteção da saúde,
prevenção de agravos, cura de doenças e a recuperação da saúde no processo de reabilitação,
prevenção e atenuação de problemas de saúde/doenças, voltados à funcionalidade humana.
Nesse contexto, o bacharel em Fisioterapia tem um papel fundamental no
cuidado, na comunicação e na relação com os usuários/pacientes/clientes, uma vez que tem
competências para olhar para o movimento humano em todas as suas formas de expressão e
DAS RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
Seção I
Atenção Fisioterapêutica à Saúde
Seção II
Gestão, Empreendedorismo e Inovação em Saúde
Seção III
Educação à vida
CAPÍTULO III
XVI - A carga horária mínima do estágio curricular obrigatório deverá ser de 20%
(vinte por cento) da carga horária total do curso e deverá assegurar, de forma proporcional, a
prática profissionalizante nos diferentes níveis de atenção à saúde (primário, secundário e
terciário), salvo peculiaridades regionais devidamente justificadas no Projeto Pedagógico,
Resolve:
Art. 1º Reafirmar a prerrogativa constitucional do SUS em ordenar a formação
dos (as) trabalhadores (as) da área da saúde.
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
PREÂMBULO
Segundo o artigo 200 da CF/88, compete ao SUS, entre outras atribuições, ordenar
a formação dos profissionais da área de saúde. Neste contexto, em observância ao Decreto
nº 8.754, de 10 de maio de 2016, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) opera, em parceria
com o Ministério da Educação (MEC), na regulação da formação em saúde do Sistema
Federal de Ensino, manifestando-se em relação à autorização e reconhecimento de cursos
de graduação em Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem, em consonância com
os princípios e diretrizes do SUS e Resolução CNS nº 350, de 9 de junho de 2005, que
normatiza os critérios de regulação da abertura e reconhecimento de cursos da área da
saúde, tendo em perspectiva: a) as necessidades sociais em saúde; b) projetos político-
pedagógicos coerentes com as necessidades sociais; e c) a relevância social do curso.
I - Defesa da vida e defesa do SUS como preceitos orientadores do perfil dos egressos
da área da saúde
O Conselho Nacional de Saúde reafirma seu compromisso com o disposto na
Constituição Federal de 1988, que instituiu um Estado Democrático destinado a assegurar
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos. Com a CF/88, estabeleceu-se um pacto social que
coloca como dever do Estado a oferta de políticas de proteção social e de redução da
pobreza e das desigualdades.
Nesta direção, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação na área da
saúde também precisam expressar os princípios que constam nos primeiros artigos da
constituição cidadã, cujos pressupostos e objetivos fundamentais apresentam as
necessidades da população brasileira a serem atendidas na construção de uma sociedade
livre, justa e solidária, dentre elas: a dignidade humana, a cidadania, o desenvolvimento
Destacamos os artigos 196 e 198 da CF/88, que apresenta ainda, em seu Art. 197,
a relevância pública das ações e serviços de saúde, “cabendo ao Poder Público dispor, nos
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle”:
Seção II - DA SAÚDE
V - Trabalho interprofissional
As DCN devem expressar a formação de um profissional apto a atuar para a
integralidade da atenção à saúde, por meio do efetivo trabalho em equipe, numa
perspectiva colaborativa e interprofissional. O preceito da integralidade aponta também
1 Em atendimento à Lei nº 9.394/96, com redação dada pelas Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008 e à
Resolução CNE/CP nº 01, de 17 de junho de 2004, fundamentada no Parecer CNE/CP nº 3/2004, que estabeleceram
diretrizes para Educação das Relações Étnicos-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena; ao disposto na Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, e Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002, no que se
refere à Política Nacional de Educação Ambiental; às diretrizes nacionais para a Educação em Direitos Humanos,
conforme disposto no Parecer CNE/CP n° 8, de 06/03/2012, que originou a Resolução CNE/CP n° 1, de 30/05/2012; à
proteção dos direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), conforme disposto na Lei n° 12.764, de
27 de dezembro de 2012; ao preconizado no Decreto nº 5.626/2005, no que se refere à Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS); e às condições de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, conforme
disposto na CF/88, artigos 205, 206 e 208, na NBR 9.050/2004, da ABNT, na Lei n° 10.098/2000, nos Decretos n°
5.296/2004, n° 6.949/2009, n° 7.611/2011 e na Portaria n° 3.284/2003.
[...] o trabalhador, para atuar, utiliza três tipos de valises: uma que
está vinculada a sua mão e na qual cabe, por exemplo, um estetoscópio,
bem como uma caneta, papéis, entre vários outros tipos que expressam
uma caixa de ferramentas tecnológicas formada por ‘tecnologias
duras’; outra que está na sua cabeça e na qual cabem saberes bem
estruturados como a clínica ou a epidemiologia ou a pedagogia, que
expressam uma caixa formada por ‘tecnologias leve-duras’; e,
finalmente, uma outra que está presente no espaço relacional
trabalhador-usuário e que contém ‘tecnologias leves’ implicadas com
a produção das relações entre dois sujeitos, que só tem existência em
ato [...] (MERHY, 2006).
Por fim, reafirmamos que a defesa pela formação presencial na área da saúde visa
a segurança na realização de processos e procedimentos, referenciados nos mais altos
padrões das práticas de atenção à saúde, de modo a evitar riscos, efeitos adversos e danos
aos usuários, com base em reconhecimento clínico-epidemiológico e nas vulnerabilidades
das pessoas e grupos sociais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde – PNS 2016 - 2019. Brasília,
DF, 2016.
FREIRE, P. Educação como Prática da Liberdade. 19ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
1989.
RICARDO BARROS
Ministro de Estado da Saúde
INTRODUÇÃO
A CIRHRT/CNS considerou, na sua análise, entre outros aspectos, que os serviços públicos
integrantes do SUS constituem-se campo de prática para o ensino e a pesquisa, mediante normas
específicas elaboradas conjuntamente com o sistema educacional (Art. 27, Parágrafo Único da Lei nº
8.080/1990); e também o papel administrativo da União, Estados, Distrito Federal e Municípios na
participação da formulação e da execução da política de formação e desenvolvimento de recursos
humanos para a saúde.
Desse modo, buscou-se relacionar a proposta de revisão das DCN do curso de graduação
Bacharelado em Enfermagem apresentada pela Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn aos
preceitos contidos na legislação de criação e estruturação do SUS; à legislação de proteção aos grupos
humanos expostos a vulnerabilidades (programáticas, individuais e sociais), incluindo a saúde entre
seus determinantes e condicionantes; e às políticas nacionais vigentes dos campos da saúde e da
educação que têm interface com a saúde, como é o caso da Política Nacional de Extensão
Universitária.
A metodologia utilizada para esse processo incluiu discussões na plenária da CIRHRT/CNS,
em duas reuniões ampliadas do Grupo de Trabalho das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos
de Graduação da Área da Saúde (GT/DCN), que contou com a participação de representantes da
Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn, da Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem
- ENEEnf, da Federação Nacional dos Enfermeiros - FNE; do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP/MEC; de técnicos do Departamento de Gestão da
Educação na Saúde - DEGES/SGTES/MS, bem como de diversos representantes de outras entidades
com assento no Conselho Nacional de Saúde - CNS. A revisão incorporou a Resolução CNS nº 569,
de 8 de dezembro de 2017 e o Parecer Técnico CNS nº 300 de 8 de dezembro de 2017, que tratam
das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) gerais/comuns para a graduação na área da saúde.
ANÁLISE
Segundo o Artigo 200 da CF de 1988, compete ao SUS, entre outras atribuições, ordenar a
formação de recursos humanos na área de saúde (inciso III) e colaborar na proteção do meio ambiente,
nele compreendido o do trabalho (inciso VIII), a ser protegido com regras e conceitos de saúde,
especialmente tendo em vista a saúde do trabalhador. Assim, a ordenação da formação dos
profissionais de saúde tem como referência as necessidades sociais em saúde e fortalece o mundo do
trabalho e a atuação técnica, política e cidadã dos profissionais com visão crítica, reflexiva e
comprometida com a ressignificação das práticas e inovações. Essas características do profissional
egresso da formação acadêmica decorrem da natureza e da abrangência das ações e serviços de saúde
definidas na legislação nacional, em particular, na Constituição Federal de 1988 e nas Leis Orgânicas
da Saúde (Lei nº 8.080/1990 e Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990).
Nesse contexto, a/o enfermeira (o), profissional presente nos serviços e redes de atenção, com
atuação direta na atenção, na educação e desenvolvimento no SUS, na coordenação da equipe de
enfermagem e no gerenciamento de serviços e sistemas, bem como nas instâncias de participação e
controle social, tem um papel fundamental no cuidado. Desde a gestão dos cuidados aos atos e na
comunicação com pessoas e coletividades, reúne características específicas que lhe conferem
possibilidades de atuação no cuidado individual e coletivo, atuando sobre os problemas e
necessidades, e na incidência sobre as condições que constituem a produção social da saúde, tanto
pela sua formação, como por sua influência e contato com a comunidade. A enfermagem se realiza na
conformação de práticas e ações na assistência (cuidado e atenção), ensino (educação), pesquisa e na
gerência (gestão). A realidade impõe à Enfermagem o desafio da educação, seja no ensino de
graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão, no interior da formação básica e não apenas na
licenciatura. Na escola técnica ou educação profissional em saúde a exigência é ter formação
pedagógica, o que expande essa especialização como rotina nas escolas de enfermagem.
1As alterações recomendadas pela CIRHRT/CNS estão destacadas em negrito ao longo do texto.
CAPÍTULO I
DAS DIRETRIZES
Parágrafo único - Esses fundamentos devem oferecer os elementos para as bases filosóficas,
conceituais e metodológicas, que propiciem um perfil profissional humano, autônomo e ético-legal,
com responsabilidade social, para atuar com qualidade, efetividade e resolubilidade, no SUS.
CAPÍTULO II
Parágrafo Único - Este contexto implica em considerar a Atenção Primária à Saúde – APS e
as Redes de Atenção à Saúde - RAS como eixos coordenadores e integradores da formação para o
SUS, com prioridades definidas pela vulnerabilidade social e pelo risco à saúde e à vida.
Art. 10 - A educação em enfermagem deve ter como princípio básico o cuidado - ação
terapêutica da Enfermagem - constituindo-se numa atividade humana universal, intrinsecamente
valiosa, responsável pelo processo de manutenção e finitude da vida humana, pela continuidade e
qualidade da vida humana, ao longo do tempo; uma ação humanizada que se realiza entre indivíduos
com condições biopsicossociais, e direitos e deveres.
§2º - O cuidado de enfermagem, entre outras formas, se expressa por meio do processo de
enfermagem, da sistematização da assistência de enfermagem - SAE e de um sistema de
classificação/taxonomia como tecnologia do processo de enfermagem, bem como da prestação de
cuidados diretos e indiretos às pessoas, grupos e coletividades.
§3º - No cuidado em enfermagem considera-se o ser humano como um ser histórico, social
e cultural, com complexas necessidades e autonomia para conduzir sua vida e ações de saúde.
CAPÍTULO III
Seção I
Do Cuidado de Enfermagem na Atenção à Saúde Humana
I - Praticar ações de enfermagem nos diferentes cenários da prática profissional por meio do
processo de enfermagem, da sistematização da assistência de enfermagem e de um sistema de
classificação/taxonomia como tecnologia do processo de enfermagem, com foco nos processos de
viver e morrer, e nas necessidades de saúde individual, coletiva e de grupos sociais na vida em
comunidade, considerando a legislação e as políticas de saúde vigentes.
VIII - Estabelecer cuidados para a sua própria saúde, bem como dos trabalhadores da equipe,
visando o bem-estar como cidadão e como profissional;
Seção II
Da Gestão e Gerência do Cuidado de Enfermagem, dos Serviços de Enfermagem e Saúde.
III - Promover por ações de liderança, a articulação da equipe de Enfermagem com os demais
agentes e instituições componentes da rede de atenção à saúde, fortalecendo a integração ensino-
serviço.
Seção III
Da Educação em Saúde
Seção IV
II - Buscar estratégias e incorporar valores de defesa da vida e solidariedade social nas ações
para seu desenvolvimento e o reconhecimento da identidade do profissional do enfermeiro junto às
equipes de saúde, para a conquista de respeito e dignificação do trabalho em geral, do seu próprio
trabalho e o da equipe de enfermagem.
VIII - Atuar no processo de busca pela valorização da profissão, participando ativamente das
organizações políticas, culturais e científicas da Enfermagem e demais setores da sociedade.
Seção V
I - Desenvolver uma visão crítica da prática baseada em evidências e da realidade dos serviços
de saúde, entendendo-os como dispositivos importantes na condução de investigações e pesquisa em
enfermagem e saúde orientadas pela ética em pesquisa, a bioética, o diálogo e parceria enfermeira/o-
paciente.
III - Elaborar projetos e realizar pesquisas, em parceria com a equipe de enfermagem e saúde,
com base em necessidades e prioridades individuais e coletivas e princípios éticos.
IV - Realizar análise crítica de diferentes fontes, métodos e resultados, com vistas a avaliar
evidências e boas práticas de cuidado de enfermagem e saúde, gestão e gerenciamento e educação em
enfermagem e saúde.
Seção VI
III - Contribuir para a formação de trabalhadores técnicos de nível médio, tendo em vista
dimensões ético-política, cultural, social, técnica e estética, comprometidos com o SUS.
§1º - Compreende-se por atividade teórica toda a atividade educacional que trabalhe
conteúdos, podendo ser realizada em sala de aula e outros cenários, salas virtuais para o
desenvolvimento da cognição e condições psicoafetivas nas cinco áreas de atuação descritas no
Art.12. Incorpora a dimensão presencial e virtual do conteúdo teórico disponível na literatura
acadêmico-científica.
§2º Compreende-se por atividade prática toda a atividade educacional que desenvolva
habilidades técnicas presenciadas e experienciadas pelos estudantes na realidade (além de
simuladas), com expressão de comportamentos adquiridos em treinamentos ou instruções, com
planejamento e acompanhamento didático pelo docente, a ser realizada em laboratório,
envolvendo uma relação estudante/docente de, no máximo, 10/1 e, após e necessariamente,
em diversificados cenários, em instituições de saúde, envolvendo uma relação
estudante/docente de, no máximo, 6/1, com no mínimo 50% da carga horária total da
disciplina, não sendo substituídos por visitas técnicas e/ou outros dispositivos observacionais.
Parágrafo Único - A carga horária do ECS deve ser cumprida integralmente (100%),
sendo um dos requisitos para aprovação do estudante, não cabendo critérios estabelecidos nas
instituições, com base na Lei nº 11.788 de 25/09/2008 - Art.2º, §1º.
CAPÍTULO V
DA ORGANIZAÇÃO DO CURSO
CAPÍTULO VI
DO ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
______. Portaria GM/MS nº 1.060, de 5 de junho de 2002. Aprova a Política Nacional de Saúde
da Pessoa com Deficiência. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 de
junho de 2002.
______. Portaria GM/MS nº 971, de 3 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União,
Poder Executivo, Brasília, DF, 4 de maio de 2006.
______. Portaria GM/MS nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a
implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 de agosto de 2007.
______. Portaria GM/MS nº 793, de 24 de abril de 2012. Institui a Rede de Cuidados à Pessoa
com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 25 de abril de 2012.
______. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira
de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial
da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 7 de julho de 2015.
______. Presidência da República. Casa Civil. Decreto nº 8.754, de 10 de maio de 2016. Altera
o Decreto no 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de
regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de
graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Brasília: 2016. Diário Oficial da União,
Poder Executivo, 11 de maio de 2016.
CORBELLINI, V. L., SANTOS, B. R. I., OJEDA, B. S., GERHART, L. M., EIDT, O. R.,
STEIN, S. C., et al. Nexos e desafios na formação profissional do enfermeiro. Rev Bras
Enferm 2010; 63(4): 555-560.
FREIRE, P. Educação como Prática da Liberdade. 19ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1989.
______. Global standards for the initial Education of professional nurses and midwives.
Nursing & Midwifery Human Resources for Health Nursing & Midwifery Human Resources
for Health: Geneva, 2009.
WANG, C. C.; WHITEHEAD, L.; BAYES, S. Nursing education in China: Meeting the
global demand for quality healthcare, Austrália: Edith Cowan University, 2016.