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"espaço" de socinlização do saber sislorna!rzado, do lransrn;ssao do conlloci-
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mentos, informações e hnbilidade:> úteis, de preparação do$ alunos para vida,
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sucedidos no vestibular e eni processos selet!vos para ingresso nci ensino su-
wt:Z:ut, --<- ~~{~u V~CIC.IVA·L
G'N{.,uN-m...ç. /)tE_ perior, em empresas e órgãos públicos; enfim, a redução da esi;oln a locus onde

Ps;c;o:Pé,D·'1&'c,c;l4,- rt:JJ Gé:~·ia~a...-l :.000 ~0 •.j~··:ncWs .~ ~ ., se ensina a operar, a fazer funcionar o mundo físico E? social, o mundo da
produção. À medida que cresce a presença e a influência da tecnologia na
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:::7 :>4' sociedade, é visível a ênfase na necessidade de preparar as pessoas para a
incorporação de novas máquinas e tecnologias na esfera da produção, da exis-
tência pessoal e social, para a mudança de papéis e para se ndaptarem, sem
maiores problemas, às novas formas de trabalho.
A escola se reduz então a empório do conhecimento, a supermercado da
informação e das novidades nos vários campqs do saber e da atividade huma-
na, a espaço da apropriação do saber acumulado pela humanidade,_~~~~-·
__q~ conJ..rjpui~ pnr:.~..~-~~plia~_?!.()~P!~~_9.~~en~~~-crf!i_~~ de_~~~-~-~~Ee!~~_ll~!~.
EoucAçAo, ;EscoLA, CuLTURA as e saberes, para a superação dos limites da existência social, do mundo
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pessoal c familiar dos alunos. A própria alfabetização passa a ser entendida e


E :FoRMAÇÃO* -~-;li~·~d~~~n:;~-d~míni·~·io~m~lda leitura, da escrita e dos conhecimentos exigi- ''
dos para a vida moderna e as novas relações de trabalho, silenciando a compre-
ensào do texto lido e o desenvolvimento da capacidade de pensar, de duvidar e
de criar. Essa maneira pobre e limitada de compreender e de lazer a educação
e a escola privilegia sua dimensão propedêutica e instrumental, sua estrutura e
funcionamento, deixando de lado seu sentido e razão de ser no contexto da
existência coletiva e pessoal.
Embora seja constitutiva dessa existência e sem ela tudo se desagrega,
a educação, em seu sentido pleno e rigoroso, não tem recebido a necessária
HISTORIA DA EDUCAÇÃO - IFG atenção por parte da sociedade e do Estado. Reduzir e empobrecer seu sentido
PROF. DAYANNAPEREIRA DOS SANTOS e importância é negar a exis't<~nciâ' social, contribuindo para romper e esgarçar
TEXTO 01 as relnções que a constill!em. Q_P-!~.P~ic.>.Ministério da _Educação está preocupa-
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com-······
a el')cgla, sobrelpçlo c9IT.l as coJsas .da esc.QIª, com a escola
... . . ·- --···---
~-----------~------- que, funcionando bem, possa supostamente contribuir para que a sociedade
(ou o·mercado?) também funcione bem. Não é por acaso que o Ministério !em
.. 1/d:e!J Mor~'ir.a. ÇQ~/hP. • Conleràncla na mesa·redonda "Papel da escola: equívocos a perspectivas", no dia 18.5.2002.
Universidade Federal de Goiás durante o XII Encontro do Psicopedagogla, em Goitinia.

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se perdid? nas questões menores do funcionamento, da produtividndp e da cação do corpo, da mente, da almH, ç!o.espirito hu[J)ang~ fa,7. c;e; pcs,jnstitui~

avaliação das escolas. ç5o q~o cuÍtiva;a ~riaçõ~. ~ msp~it~~~ ~~~~o. o justiça, o diroito, a S'llidariodu-
· Contra essas idéias e práticas, é preciso compreender e construir a es- de, a esperança, Enfim, instituição que visa contribuir para que as possoas, os
cola como instituição que, em seu trabalho sociocultural e educativo, privilegia grupos e as instituições realizem suas aspirações e_ potencialidades, cultiv.em
a formação humana, a invenção e a afirmação da igualdade, da autonomia, da sonhos, utopias e uma saudável contestação à sociedade que temos, em todas
liberdade, da "con-vivência" democrática, ~a vi_da pessoal e coletiva como exis- as suas dimensões. Tudo isso é profundamente educativo, essencial à existên-
tência ética e feliz, bem como a inserção de todos na vida intelectual, no pro- cia humana, ao processo geral de humanização e ao exercício de qualquer
cesso civilizatório de produção de direitos, de humanização da natureza. da atividade, profissional ou não.
existência social e do próprio homem, com a construção de novas relações Esse processo, é claro, não passà· pela primazia dos bens materiais,
interpessoais e sociais. Instituição que forma sujeitos culturais, cultiva uma pela submissão ao mercado, à eficiência, à produtividade, ao Estado ou a qual-
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sólida cultura comum, proçfutora e expressão da identidade pessoal, local e
nacional, sem perder de vista sua dimensão universal e não-utilitária, a escola
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quer outro poder externo.
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Se o humano é algo a ser criado, inventado, humanizar
é assumir o convite, o imperativo ético e político de realizar possibilidades que
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a ser criada insere crianças, jovens e adultos I:no aprendizado e no cultivo do· estão acima e além dos limites pessoais e institucionais. Nesse sentido, a
escola é um direito 'l·" /
pensamento, das ciências, da tecnologia, da filosofia, das letras, das artes -----=-_da socieda9e
. .• QU.e se..§Obff!PÕe_ ªº§projetos e· nteresses
plásticas (desenho, pintura, escultura, gravura), do teatro, do cinema, da músi- privados dos indivíduos, grupos e instituições e, portanto, aos interesses dos
ca, da dança, da ginástica, do esporte. professores, alunos, famílias, lgrejas •.Es.tado,.partidos polflicos,.empresas e
Compreender a escola como instituição por natureza cultural e educativa sindicatos .. Não se separa, ainda, dos processos sociais mais amplos de produ-
é pensá-la e instituí-la no plano do simbólico, do significado, da criação, do ção e reprodução da existência individual e coletiva, bem como do desejo, da
rompimento e da superação dos limites e das visões estreitas e pobres que utopia da sociedade justa, da existência feliz.
tudo circunscrevem ao dado e nos reduzem a coisas, a objetos, a mercadorias A existência da escola e a formação das crianças, jovens e adultos,
que satisfazem interesses de grupos, a supermercados de informações e de então, não podem ser definidas pelo mercado, mas-ap~~-~~-peÍ~dÍreH,P\ pois
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conteúdos, a detentores de saber fazer. E, ao mesmo tempo. pensá-la e instituí- somente este rompe com a dimensão meramente propedêutica da escola e é
la como abertura de horizontes, desafio e "pro-jeto" de criação de seres huma- inseparável da construção da igualdade e da demoéracia. Como dizia Kant em
.- nos e de sociedades diferentes, à luz do ideal de excelência. Ao arrancancjÓ-se seus cursos sobre a educação, ministrados na Universidade de Kõnigsberg,
à esfera da necessidade, a escola torna possível a emergência da liberqade, do entre 1776 e 1787, "o homem não pode tornar-se um verdadeiro homem senão
imaginário, do desejo do qu!3 é significativo e capaz de nos levar à felicidade. pela educação." 2 Esse processo somente existe à medh;!a em que homens e
Instituição cultural que busca a realização da excelência, da perfeição pessoal mulheres, educadores e educandos, professores e estudantes, ao submeterem
e social, a escola insere os estudantes no convívio com saberes capazes de os instintos, as necessidades e os interesses imediatos ...ao do,l"(líri9 cia raz&o ...
ajudá-los a viver de modo excelente, autônomo, cqm dignidade e!ê.sll~J!o ao buscam o saber, trazem à tona o Hom~~g_l:'~-~:;;_t~~!!ll<.iJ.çlfi_l!mPç:unQ.pq_§~Jb.i-.
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outro e à natureza ou, como dizia Aristóteles, a viver a "vida boa". lida de e, ao mesmo tempo, como exigência, constroem a formação humana e a
Dimensão de uma totalidade concreta mais ampla, a escola recupera autonomia, elevam a existência coletiva e pessoal ao m,.~ximo de perfeição
seu verdadeiro sentido e identidade -não como espaço, lugar e organização possível. q processo dehurl)ar_'lj;zaçãq !'Jão significa
...
assumir um modelo de
•........ ... -·······-·•"'-"'
···~--~~ ~-~· _,._. , .....

-,mas como instill,l)_ÇÃQ_pºr_exçf:!!f;)n_ç.Lª__(Q_ÇJ_f?Tº:~-~~<?~~-~~~~e.r.~i?~?-~)__de ??u~_ homem universal e anistórico, mas, reconhecendo as determinações histórico-
.. ... '....... . . -·-· . ·-· '- ... ·--··----- ..._... .. . ..... . .. : ....... .. .... ... , ..........., .,

'ARISTÓTELES. Polftica, 1252 b 27-1253 a; 1280 b 33-1281a 4; 1283 a 4; 1324 a 6·1325 a 10. 'KANT, lmmilnue/. Sobre a pedagogia. Piracicnb.1: Ed. Unlmep. 1996, p. 15.

2B- Psrr.nrmAClOGIA PsiCOPEDAGOGIA- 29



A,il LNt:IIN!!trlfhtolllf.4AIIII f 1:oll.lll'ltiM•'uriA Yll !. 11 r, •:n•u 1 1: ·· • /··,•· 111'1 1111:,,,,,,"

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socinis, .não porrlor do vista o sor humano como idonl rorioctivo o, som so rrofussor e eslurlnnle, pnm.n hurrmniznçiío do lodos ar. seres hurnnnos. Jl<im o
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. -acomodar. superar o dado, os valores e as realidades vigentes. aprofundurnonto do processo civilizatório. Em VOl do arntuLoru.tr o dislriblJir o
" E~s~ ação disciplinadora, entretanto, jamai; elimina a consciênciCI, Cl conhecifT!ento aos alunos, o professor exigido pela educação e pela escola que
contestação, a autonomia e, portanto, a possibilidade do que crirmças, jovens c devemos criar e realizar pensa, inventa e renliza ·a escola, o saber, os métodos ,.'·
adultos se tornem sujeitos do conhecimento e da ação, criem alternativas dife- \. do investigação e-~~sino, a prátiç_a educativél.
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~~i~d~~ ~ie iciéias"é adesâo do
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rentes das que lhes são propostas ou impostas. Elevá-los a esse patamar é o saber, com o qual mantém relação intrínseca, ética, de crítica e de fidelidade,
desafio e a obra da educação. e, por conseguinte, da escola, o que evidencia ele trabalha com livros que respeitam a inteligência do est~~ªl)te!leitor, provo-
seu sentido profundo e sua importância fundamental para o presente e o futuro cando-lhe1a 'inquietação intelectual, a dúvida, a ~rfti~a.·~ ~e;fT)·an~nte busca da
dos indivfcfuos, da sociedade e da espéCie humana. verdade, a sede insaciável do rigor no trato com os textos, com as idéias.
)- Ã"C3~éti~A~;I~a ~~~~rnou, num determinado contexto histórico, o ideal e Ao procurar a cada momento se fazer professor, não coloca o mercado e
a luta para realizara educação como paideia, cultura, elevação da alma a sua o sucesso pessoal e profissional em primeiro lugar, não apresenta modelos a
mais alta perfeição, formação humana fundada na excelência moral (are tê). serem seguidos, não impõe doutrinas e padrões de conduta, não repete o já-
Compreendeu mUlto bem o sentido e a Importância da educação, ao não sepa- pensado por ele ou por outrem. Pelo contrário, busca, duvida, questiona, refaz
rar a et.ica e a polftlca, g_b_orr1.~!1!.{~!0'opos} e a cidade, a paidéia e a pólis, ou cCiminhos, produz conceitos e, por isso, ensina com autoridade, iniciando os
seja, a ec;lucação como cultura, civilização, foPmação do caráter, e a cidade estudantes nos caminho3 do pensamento.
como existência humana fundgda na autonomia, na igualdade e na justiça e, Ao retomar a formação humana na escola, repensá-la e recriá-la, ensina .
portanto, na areté, !~P.?~!yei, pois, haver ação polftica ... s~!:!!!<?.r:..~~2~.?-~~i?_o~ a ler com rigor os textos, o mundo físico e social e a todos convida ao trabalho
polftlca que leve o homem a colocar a coisa pública 'em primeiro lugar, nem e ao prazer da leitura e da produção intelectual. Esse professor possfvel (dife-
ed~~aÇã~: sem~uÍd~d; com p~rleiÇã~ d~":dó/i;,·a·;~·aii;~çã~·d~·~ida.excelen- a . rente de provável), esse professor utópico3 , exigido pela história, peln democra-
te, a meJhorpossível para todos !'S membros da comunidade política. Os víncu- cia e pela ética, e cuja construção se impõe a todos, é e será sempre insubsti-
los entre a educação como paidáia e a pólis, a sociedade, eram demasiado tuível, jamais será superado pela mídia, pelo avanço da tecnologia.
estreitos e profundos para que pude·ssem SE"r esquecidos e banalizados sob a
ótica da transmissão de conhecimentos e informações.
Assim corno os gregos d<>; passado, também nós somos chamados a
reconhécerqueasQcledadeatual e seus cidadãos não são perfeitos, não são
.excelentes e, ao mesmo "tempo, a não afastar nosso olhar da autonomia, da
Igualdade, da justiça, da.perfeição, e.a buscá-la sempre. A situação concreta de
opressão, de ·injustiça, de miséria, de desemprego, de p.repotên'7;ia, "dã;ieg~Ção
-------,.--~ -
.. ..... ,.,....................... ..... -·-~····· ---·-·----··-··--·-·-·-·-·--·--·-···-·-'----~

dos mais elementares direitos e de grave empobrecimento do processo de es-


~··~ .........- .. - ........... ~--M~ "• •••'••o•-..•••• """-"'''"'"• .o, .... • • ••

colarlzação não pode levar-nos à acomodação, mas impõe a todos lucidez.


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____ <:?.r~.9.~.m~_persistên~l.a_ ':lo tra~a!~o d.e super~ção dessa realidade existente e,


ao mesmo tempo, de criação do que ainda não existe. E nesse processo é
......... . >·-·· ... . ,. ............ . .
~··· ·--·~ .. ····---·~·····~·-·-~·· ~ ·.·< •

impréscindfvel a criação de uma outra escola.


Mais do que transmitir conhecimentos e informações, ~_ssa escola radi- 'CHAUI, Marilena deSouza.ldoo/o.r;ia o educação. In: Educação e Sociedade. São Paulo, v. 2, n.
5, p. 24 -4à, jan. 1980.
.......Q!;llm_g_IJ.Ie çlif.'ªE~O!~ será imprescindfvel para a formação d.o homem em cada

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