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Educação a Distância
Caderno de Estudos
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Editora UNIASSELVI
2012
NEAD
Copyright Editora UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof. Ruy Piehowiak
515.35
P613e Piehowiak, Ruy
Equações diferenciais / Ruy Piehowiak. Indaial : Uniasselvi, 2012.
211 p. : il
ISBN 978-85-7830-603-8
1. Equações diferenciais.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
APRESENTAÇÃO
Nesta disciplina, você irá aprimorar seus conhecimentos sobre o Cálculo Diferencial e
Integral. Se você já se interessou pelo que foi estudado no cálculo, vai ver que neste caderno
terá tópicos mais abrangentes e, também, interessantes.
O cálculo é considerado um dos maiores feitos do intelecto humano. Espero que, além de
perceber a utilidade, também perceba a beleza matemática. O entendimento do conteúdo e das
nuances que circundam este estudo é apenas a ponta do iceberg, principalmente para aqueles
acadêmicos que pretendem avançar seus estudos, como em especialização, mestrado etc.
UNI
Quero enfatizar a postura que um(a) acadêmico(a) de matemática
deve ter ao estudar. Inicialmente, para ler um texto de matemática,
principalmente na modalidade de ensino a distância, é bastante
diferente de ler uma revista ou um jornal. Assim, não desanime
se precisar ler um conceito ou a resolução de um exemplo mais
de uma vez para entendê-lo. Sugiro que possua um papel, lápis
e computador com software matemático (por exemplo, o winplot)
à sua mão para entender o conteúdo trabalhado no Caderno de
Estudos e desenvolver ainda mais a sua habilidade algébrica.
iii
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas.
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações.
Desejo a você excelentes estudos!
UNI
iv
SUMÁRIO
v
TÓPICO 1 – REGRA DA CADEIA E DERIVAÇÃO IMPLÍCITA ....................................... 67
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 67
2 REGRA DA CADEIA ..................................................................................................... 67
3 DERIVAÇÃO IMPLÍCITA ............................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................. 79
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 80
vi
2.4 Solução de uma Equação Diferencial ..................................................... 143
2.4.1 Solução geral ........................................................................................................ 145
2.4.2 Solução particular .................................................................................................. 145
3 Equação Diferencial Separável .................................................................. 148
3.1 Método de resolução da equação diferencial ................................... 149
4 Equações diferenciais Lineares de 1ª ordem .......................................... 158
4.1 Método de resolução da equação diferencial ................................... 159
5 Equações Exatas ................................................................................................. 168
5.1 Método de resolução da equação diferencial ................................... 169
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................ 175
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 176
vii
viii
UNIDADE 1
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1
FUNÇÕES DE DUAS
VARIÁVEIS OU MAIS
1 INTRODUÇÃO
Representamos a função de uma variável por duas variáveis x e y, sendo que chamamos
de x a variável independente da função e de y a variável dependente da função. Assim,
denotamos a relação entre as variáveis por y = f (x), deixando explícito que y depende de x.
Exemplo 1 y = 2x + 1.
x
Exemplo 2 f (x) = 3 +
2-x
Exemplo 3
Encontre o domínio da função f(x) =
Resolução
A função f(x) é uma função racional, pois temos a variável x no denominador.
Esta função tem dois cuidados a serem tomados em relação ao domínio.
(i) Desde que iniciamos nossos estudos com frações, sabemos que não é possível ter
zero no denominador das frações.
x² – 16 > 0
Observe que temos que resolver uma inequação do 2º grau. Para isso, consideramos
inicialmente apenas a equação (igualdade) a fim de obtermos as raízes.
x² - 16 = 0.
x² = 16
x=
x=
Analisando a função quadrática f(x) = x² - 16, sabemos que seu gráfico corresponde a
uma parábola com concavidade voltada para cima e zeros de função em x = - 4 e x = 4. Logo,
os valores de x que satisfazem a inequação são x < - 4 ou x > 4.
Fonte: O autor
Definição 1.3.1 Suponha que D seja um conjunto de pares ordenados de números reais
(x,y). Uma função real f de duas variáveis em D é uma regra que associa um único número real
z = f(x,y) a cada par ordenado (x,y) em D. O conjunto D(f) é o domínio de f(x,y).
Fonte: O autor
6 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Exemplo 4
Dada a função que calcula o perímetro de um retângulo x
f(x,y) = 2(x + y), calcule o valor de f (2,5).
y
Resolução
Basta substituir, em f(x,y), o x por 2, o y por 5 e calcular.
Então:
f(2,5) = 2(2 + 5)
f(2,5) = 2 · 7
f(2,5) = 14
Exemplo 5
A função T (x,y) = 60 - 2x² - 3y² representa a temperatura em qualquer ponto de uma
chapa. A temperatura oscila em relação à distância percorrida no sentido dos eixos positivos x
e y. Calcule a temperatura da chapa (Figura 3) no ponto (3, 1) em graus Celsius.
Resolução
T (3,1) = 60 - 2 · 3² - 3 · 1²
T (3,1) = 60 - 2 · 9 - 3 · 1
T (3,1) = 39° C
FONTE: O autor
Exemplo 6
Dada a função f(x,y) = x² + y² , calcule f(1, - 2). .
UNIDADE 1 TÓPICO 1 7
Resolução
f(x,y) = x² + y²
f(1, – 2) = 1² + (–2)²
f(1, – 2) = 1 + 4
f(1, – 2) = 5
NOT
A!
No estudo do domínio de uma função devemos avaliar quais
números reais são possíveis atribuir para as variáveis x e y para
obtermos valores reais para z = f(x,y) . Vamos relembrar algumas
restrições!
A
Se f(x,y) = então, necessariamente, B ≠ 0 .
B
Exemplo 7
Encontre o conjunto domínio da função f (x,y) = 3x² – y² .
Resolução
Esta função não apresenta nenhuma restrição para os valores de x e y.
Portanto, D(f) = {(x, y) ∈ R2} ou D( f ) = R2.
Exemplo 8
Determine o conjunto domínio de f (x,y) = e o represente graficamente.
Resolução
Esta função apresenta restrição para os valores de x e y, pois o radicando 3x – 2y não
pode ser negativo.
3x – 2y ≥ 0
– 2y ≥ – 3x
Portanto,
FONTE: O autor
Exemplo 9
5x
Determine o conjunto domínio de f (x,y) = .
y – x²
Resolução
Esta função apresenta restrição para os valores de x e y, pois o denominador y – x²
não pode tornar-se nulo.
UNIDADE 1 TÓPICO 1 9
Então,
y – x² ≠ 0
y ≠ x²
Portanto,
5x
Para fazer o gráfico do conjunto domínio da função f (x,y) = procedemos do
y – x²
mesmo modo que no exemplo anterior. A função que expressa o domínio é dada por y ≠ x² , cuja
representação no plano é uma parábola com concavidade voltada para cima e que possui seu
vértice na origem. A relação de diferença, porém, implica que pertencem ao domínio todos os
pontos do plano, exceto os que se encontram sobre a parábola expressa pela relação y = x².
FONTE: O autor
Exemplo 10
Determine o conjunto domínio de f(x,y) = e o represente graficamente.
Resolução
Esta função apresenta restrição para os valores de x e y, pois o radicando 3x² + y² – 18
não pode ser negativo.
3x² + y² – 18 ≥ 0
3x² + y² ≥ 18
10 TÓPICO 1 UNIDADE 1
3x ² y ² 18
+ ≥
18 18 18
x² y²
+ ≥1
6 18
!
N ÇÃO
ATE
FONTE: O autor
UNIDADE 1 TÓPICO 1 11
Exemplo 11
Determine o conjunto domínio de f (x,y) = h (x − 3y + 1) e o represente graficamente.
Resolução
Como In (x − 3y + 1) é definido somente quando x − 3y + 1 > 0 , então,
x − 3y + 1 > 0
x − 3y > − 1
− 3y > − x − 1
FONTE: O autor
12 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Exemplo 12
Determine o conjunto domínio de f (x,y) = e o represente graficamente.
Resolução
Esta função apresenta restrição para os valores de x e y. A expressão que representa
o radicando, 4 – x² – y², não pode ser negativa.
4 – x² – y² ≥ 0
– x² – y² ≥ – 4
FONTE: O autor
UNIDADE 1 TÓPICO 1 13
S!
DICA
Exemplo 13
Represente graficamente a função f (x,y) = 2 – 3x – 4y.
Resolução
FONTE: O autor
14 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Exemplo 14
Represente graficamente a função f (x,y) = 3x² – y².
Resolução
FONTE: O autor
Exemplo 15
Represente graficamente a função f (x,y) .
Resolução
FONTE: O autor
UNIDADE 1 TÓPICO 1 15
Exemplo 16
Represente graficamente a função f (x,y) = sen x · sen y
Resolução
FONTE: O autor
Definição 1.4.1 Seja D um subconjunto de Rn. Uma função real f de n variáveis reais
definida em D é uma relação entre D e R, que associa a cada ponto (x1, x2,..., xn) ∈ D um único
valor real z, denotado por z = f (x1, x2,..., xn).
Notação:
16 TÓPICO 1 UNIDADE 1
No caso em que n = 1 , f será uma função de uma variável e seu gráfico será uma curva
C com equação y = f (x1) .
Quando n = 2, f será uma função de duas variáveis e seu gráfico será uma superfície
S com equação z = f (x1,x2) .
Quando n = 3, não podemos esboçar o gráfico da função f, pois ele está no espaço de
dimensão 4.
Exemplo 17
Esboce o gráfico da função f (x,y) = 6 – 2x + 3y.
Resolução
Para esboçar o gráfico de uma função, temos que conhecer o domínio desta função.
O domínio desta função f é D(f) = R² e o gráfico da função f é o conjunto:
Vamos fazer algumas considerações sobre a função e os eixos, como se fôssemos traçar
o gráfico manualmente. Então começamos encontrando os pontos onde o plano intercepta
cada um dos três eixos coordenados.
Se na equação z = 3 – 2x – 3y fizermos:
x = 0 e y = 0, vem z = 6
x = 0 e z = 0, vem y = 2
y = 0 e z = 0, vem x = 3 .
Obtemos assim os pontos A1 = (0, 0, 6), A2 = (0, 2, 0) e A3 = (3, 0, 0), nos quais o plano
intercepta os eixos coordenados. A porção do gráfico que está no primeiro octante está
esboçada na figura a seguir.
UNIDADE 1 TÓPICO 1 17
FONTE: O autor
Exemplo 18
Determine o conjunto domínio e o conjunto imagem da função f (x, y, z) =
Resolução
Esta função não apresenta restrição para os valores de x, y e z.
Assim, D(f) = R ³ (todo o espaço).
Já para o conjunto imagem, teremos apenas os reais não negativos.
Logo, Im (f) = R+ .
18 TÓPICO 1 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 1
Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado sobre funções
de diversas variáveis.
c) f (x,y) = √ x + y ‒ 2
3x + 5y
d) f (x,y) =
x² + 2y² ‒ 4
e) f (x,y) = In (x + y ‒ 4)
exy
f) g (x,y) =
√ x ‒ 2y
20 TÓPICO 1 UNIDADE 1
UNIDADE 1
TÓPICO 2
CURVAS DE NÍVEL
1 INTRODUÇÃO
2 Curvas de nível
O conjunto de todos os pontos onde uma função f (x,y) tem um valor constante c ∈ R
é chamado de curva de nível de f.
Assim, as curvas de nível são obtidas a partir de funções de duas variáveis z = f (x,y)
interceptadas por planos paralelos ao plano xy.
Definição 2.3.1 Seja c um número real. O conjunto de pontos no plano onde uma função
f (x,y) tem um valor constante f (x,y) = c é chamado de curva de nível de f.
Exemplo 1
Resolução
g (x,y) = c para c = 0
g (x,y) = 4 ‒ x ‒ y
0=4‒x‒y
y=4‒x
y=‒x+4
Esta função representa uma reta decrescente (coeficiente angular –1) que intercepta
o eixo y em 4.
g (x,y) = c para c = 6
g (x,y) = 4 ‒ x ‒ y
6=4‒x‒y
y=4‒6‒x
y=‒x‒2
Esta função representa uma reta decrescente (coeficiente angular –1) que intercepta
o eixo y em –2.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 23
FONTE: O autor
Outro exemplo que ilustra as curvas de nível é o que muitos autores chamam de mapa
de contorno, conforme figura a seguir.
FONTE: O autor
IMPO
RTA
NTE!
Considerando diferentes valores para a constante c, igualmente
espaçados, obtemos um conjunto de curvas de nível chamado mapa
de contorno, representadas no mesmo plano cartesiano.
24 TÓPICO 2 UNIDADE 1
Exemplo 2
Identifique as curvas de nível para f (x,y) = x² ‒ y² em c = 0, c = -3 e c = 4. Represente
graficamente.
Resolução
f (x,y) = c para c = 0
x² – y² = 0
y² = x²
y=± { y=x
y=‒x
Estas duas equações representam duas retas (Figura 17). A reta de equação y = x
representa, no plano, a bissetriz dos quadrantes ímpares, enquanto que a reta de equação y
= - x representa a bissetriz dos quadrantes pares.
f (x,y) = c para c = ‒ 3
x² ‒ y² = ‒ 3
x² y² ‒3
‒ ‒
‒3 ‒3 ‒3
x² y²
‒ + = 1
3 3
x² y²
A equação ‒ + = 1 representa uma hipérbole equilátera, com a = b = √ 3 que
3 3
tem uma concavidade voltada para cima e a outra para baixo (Figura 17).
f (x,y) = c para c = 4
x² ‒ y² = 4
x² y² 4
‒ =
4 4 4
x² y²
‒ = 1
4 4
FONTE: o autor
FONTE: o autor
S!
DICA
Exemplo 3
Identifique as curvas de nível para f (x,y) = √ 5 ‒ x ² ‒ y ² em c = 1 e c = 2. Represente
graficamente.
Resolução
f (x,y) = c para c = 1
√5 ‒ x ² ‒ y ² = 1
5 ‒ x² ‒ y² = 1
‒ x² ‒ y² = ‒ 4 (-1)
x² + y² = 4
f (x,y) = c para c = 2
√5 ‒ x ² ‒ y ² = 2
5 ‒ x² ‒ y² = 4
‒ x ² ‒ y ² = ‒ 1 ( ‒ 1)
x² + y² = ‒ 1
FONTE: o autor
UNIDADE 1 TÓPICO 2 27
FONTE: o autor
28 TÓPICO 2 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 2
Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado sobre funções
de diversas variáveis.
(A)
(1)
(2)
(B)
33
30 TÓPICO 2 UNIDADE 1
(3) (C)
(4) (D)
a) f (x,y) = x ² + y ² ‒ 9 c ∈ {‒ 4, ‒ 2, ‒ 1, 0};
b) f (x,y) = y ² ‒ x c ∈ {0, 1, 2, 3}
a) f (x,y) = x ² + 9y ²
b) f (x,y) = y ² ‒ x³
c) g (x,y) = 3 + 2x ‒ y
UNIDADE 1
TÓPICO 3
LIMITE E CONTINUIDADE
1 INTRODUÇÃO
2 DEFINIÇÕES BÁSICAS
Definição 3.2.1 Sejam P = (x1, x2,..., xn) e A = (a1, a2,...an) pontos em Rn. A distância
entre P e A, denotada por ║ P ‒ A║, é dada por:
Exemplo 1
Dados os pontos P = (1, ‒ 2, 3) e A = (3, 1, ‒ 2) em R³, encontre ║ P ‒ A║.
Resolução
║ P ‒ A║ = √ (1 ‒ 3)² + (‒2 ‒1)² + (3 ‒ (‒ 2))² = √ 8 u.c.
Definição 3.2.2 Sejam A = (a1, a2,..., an) ∈ Rn e r > 0 um número real. A bola aberta de
centro em A e raio r, que indicaremos por B(A; r), é definida como sendo o conjunto de todos
os pontos P = (x1, x2,..., xn), tais que ║ P ‒ A║< r, ou seja:
B(A; r) = {(x1, x2,...,xn) ∈ Rn; √ x1 ‒ a1)² + (x2 ‒ a2)² +...+ (xn ‒ an)² < r
Exemplo 2
a) Em R, a bola aberta B(a; r) é o intervalo aberto (a ‒ r, a + r).
FIGURA 21 – INTERVALO EM R
FONTE: O autor
b) Em R² , a bola aberta B((a1, a2); r) representa o conjunto dos pontos internos à circunferência
de centro em (a1, a2) e raio r.
FIGURA 22 – r de A
FONTE: O autor
Exemplo 3
Seja S = {(x,y) ∈ R² | x > 0 e y < 2}. Mostre que todos os pontos pertencentes ao conjunto
S são pontos de acumulação.
Resolução
Todos os pontos pertencentes a S são pontos de acumulação de S, pois atendem à
Definição 3.2.1. Ainda, os pontos (0,y), com y ≤ 2, e (x, 2), com x > 0, são pontos de acumulação
de S e não pertencem a S. (Figura 23).
UNIDADE 1 TÓPICO 3 33
FONTE: O autor
Exemplo 4
Seja S = {(x,y) ∈ N2 | ‒ 2 ≤ x ≤ 4 e 1 ≤ y ≤ 5}. Mostre que o conjunto S não possui
pontos de acumulação.
Resolução
Mostraremos que os pontos de S não são pontos de acumulação de S pois não atendem
à Definição 3.2.1. Para qualquer ponto P(x,y) ∈ R2, a bola aberta de centro P e raio r < 1 não
contém uma infinidade de S.
FONTE: O autor
34 TÓPICO 3 UNIDADE 1
lim f (X) = L
x→A
lim f (x,y) = L
(x,y) → (a,b)
A definição de limite de função pode ser reformulada utilizando o conceito de bola aberta
que vimos anteriormente. De fato, escrever lim f (x,y) = L, equivale a dizer que, dado qualquer
(x,y) → (a,b)
ε > 0, podemos encontrar δ > 0 tal que, para todo (x,y) ∈ B ((a,b); δ) tenhamos f (x,y) ∈ (L – ε,
L + ε). A figura a seguir ilustra, no caso de uma função f : A ⊂ Rn → R, a definição de limite.
FIGURA 25 – FUNÇÃO f : A ⊂ Rn → R
Exemplo 5
Usando a definição de limite, mostre que lim (4x) ‒ (3y) = 5.
(x,y) → (2,1)
Resolução
Devemos mostrar que ∀ ε > 0, ∃ δ > 0 tal que (4x ‒ 3y) ‒ 5 < ε sempre que ║(x,y) ‒ (2,1)║< δ
Como 0 < √ (x ‒ 2)2 + (y ‒ 1)2 < δ podemos escrever x ‒ 2 ≤ √ (x ‒ 2)2 + (y ‒ 1)2 < δ
e y ‒ 1 ≤ √ (x ‒ 2)2 + (y ‒ 1)2 < δ, temos que 4x ‒ 2 + 3y ‒ 1< 4 δ + 3 δ.
ε ε ε
Assim, tomando δ = , temos(4x ‒ 3y) ‒ 5≤ 4x ‒ 2+ 3y ‒ 1< 4 +3= =ε
7 7 7
sempre que 0 < √ (x ‒ 2)2 + (y ‒ 1)2 < δ.
!
NÇÃO
ATE
Exemplo 6
5xy
Usando a definição de limite, mostre que lim não existe.
(x,y) → (0,0) x + y2
2
36 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Resolução
Observemos que o conjunto domínio de f é R2 ‒ (0,0). Para mostrar que o limite não
existe, usaremos o Teorema 3.3.1.
Consideremos o conjunto de retas que passam pela origem {y = kxk ∈ R, (x,y) ∈ R2}.
5xkx
f (x,kx) =
x + (kx)2
2
5kx 2
=
x2 (1+ k2)
5k
=
1+ k2
5k
Então, lim f (x, kx) = lim
(x,y) → (0,0) (x,y) → (0,0) 1+ k2
Assim, o limite de f depende do percurso do ponto (x,y) quando ele tende à origem.
Por exemplo, considere k = 0 e k = 1 (dois caminhos diferentes).
5.1 5
lim f (x,x) = lim = .
(x,y) → (0,0) (x,y) → (0,0)
1+12 2
Note que f assume um valor constante sobre cada reta que passa pela origem. De fato,
5k
para cada coeficiente angular k ∈ R, f (x,kx) = , qualquer que seja x ∈ R, corroborando,
1+k2
assim, o cálculo do limite desenvolvido anteriormente.
5xy
Portanto, concluímos através do Teorema 3.3.1 que lim não existe.
(x,y) → (0,0)
x2 + y2
O teorema a seguir é muito parecido com o que já foi visto em cálculo nas propriedades
de limites de funções de uma variável.
Exemplo 7
Calcule
Resolução
Exemplo 8
Calcule
Resolução
Neste caso, temos uma indeterminação do tipo 0. Para resolver o limite, fatoram-se o
0
numerador e denominador fazendo as simplificações possíveis, como fazíamos com limites
indeterminados, no caderno de Cálculo Diferencial e Integral.
Então,
38 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Quando uma ou mais destas condições não é satisfeita, dizemos que a função é
descontínua no ponto (a,b).
Exemplo 9
Resolução
Exemplo 10
Resolução
Exemplo 11
Resolução
(iii) Como lim f(x,y) ≠ f(3,3), concluímos que a função é descontínua no ponto (3,3).
(x,y) → (3,3)
Teorema 3.4.1 Se g(x) for contínua em a e h(y) for contínua em b, então f(x,y) = g(x) · h(y)
é contínua em (a,b).
40 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Teorema 3.4.2 Se h(x, y) for contínua em (a,b) e g(u) for contínua em u = h (a,b), então
a composição f(x,y) = g(h(x,y)) é contínua em (a,b).
Exemplo 12
Use o Teorema 3.4.1 para mostrar que a função f(x,y) = 7x3y5 é contínua.
Resolução
Os polinômios g(x) = 7x3 e h(y) = y5 são contínuos em cada ponto da reta real.
Logo, pelo Teorema 3.4.1, a função f(x,y) = 7x3 y5 é contínua em cada ponto (x,y) do
plano xy, ou seja, f(x,y) é contínua.
Exemplo 13
Use o Teorema 3.4.2 para mostrar que a função f(x,y) = cos (7x3 y5) é contínua.
Resolução
Como h(x,y) = (7x3 y5) é contínua em cada ponto do plano xy e g(u) = cos u é contínua
em cada ponto u da reta real, segue do Teorema 3.4.2 que a composição f(x,y) = cos (7x3 y5)
é contínua em todo R2.
UNIDADE 1 TÓPICO 3 41
RESUMO DO TÓPICO 3
Lembre-se de que, se uma destas condições não for satisfeita, a função é descontínua
em (a,b).
42 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado sobre limite
e continuidade de funções de diversas variáveis.
b) lim x + 4y
(x,y) → (2, ‒1)
2x2 + 3xy
x ‒ xy
2
d) lim
(x,y) → (0,0)
√x + √y
x 2y
3 Mostre que lim não existe.
(x,y) → (0,0) x4 + y2
4x 2 ‒ 3x + y
5 Verifique se a função f(x,y) = é contínua no ponto (1,3).
x2 + y2 ‒ 1
0, (x,y) = (0,0)
UNIDADE 1
TÓPICO 4
DERIVADAS PARCIAIS
1 INTRODUÇÃO
Aqui veremos como elas se aplicam às funções de duas variáveis independentes, que
permitem uma visualização gráfica, possibilitando um entendimento, de maneira simples, do
conceito de derivadas parciais. Os resultados aqui obtidos podem ser generalizados para os
casos de funções com um número maior de variáveis.
(c)′ = 0 (eu)′ = eu · u ′
Exemplo 1
3 DERIVADAS PARCIAIS
∂f f (x + h,y) ‒ f (x,y)
= lim
∂x h → 0 h
∂f f (x,y + h) ‒ f (x,y)
= lim
∂y h → 0 h
∂f ∂z
= fy (x,y) = = Dy f
∂y ∂y
!
N ÇÃO
ATE
Exemplo 2
Resolução
∂f f (x + h,y) ‒ f (x,y)
= lim
∂x h → 0 h
h (6x + 3h ‒ 2y)
= lim
h →0 h
= lim 6x + 3h ‒ 2y
h →0
= 6x ‒ 2y.
46 TÓPICO 4 UNIDADE 1
∂f f (x,y + h ‒ f (x,y)
= lim
∂y h → 0 h
= ‒ 2x.
∂f ∂f
Logo, obtemos = 6x ‒ 2y e = ‒ 2x.
∂x ∂y
Exemplo 3
Encontre as derivadas parciais de f (x,y) = 5x3 ‒ 4xy + 3exy³ ‒ 5.
Resolução
∂f
= 5 ∙ 3x2 ‒ 4 ∙ 1 ∙ y + 3exy³ ∙ 1 ∙ y3 ‒ 0
∂x
= 15x2 ‒ 4y + 3y3 exy³
∂f
= 0 ‒ 4x ∙ 1 + 3exy³ ∙ x ∙ 3y2 ‒ 0
∂y
= ‒ 4x + 9xy2 exy³
Exemplo 4
Encontre as derivadas parciais de f (x,y) = 3x2 = ‒ xy + y.
Resolução
Derivando f em relação a x, (lembre-se de considerar o y como constante)
∂f
= 6x ‒ y
∂x
UNIDADE 1 TÓPICO 4 47
∂f
=‒x+1
∂y
Exemplo 5
Encontre as derivadas parciais de f (x,y) = ex ‒ y ‒ ey ‒ x.
Resolução
∂f
= ex ‒ y ∙ 1 ‒ ey ‒ x ∙ (‒ 1)
∂x
= ex ‒ y + ey ‒ x
∂f
= ex ‒ y ∙ (‒ 1) ‒ ey ‒ x ∙ 1
∂y
= ex ‒ y ‒ ey ‒ x
Exemplo 6
Calcule as derivadas parciais de f (x,y) = (x + y) sen (x ‒ y).
Resolução
Observe que a função f é um produto de outras duas funções u e v. Assim, lembramos
que (u ∙ v)′ = u ′ ∙ v + u ∙ v ′
∂f
= 1.sen(x ‒ y) + (x + y) ∙ 1 ∙ cos (x ‒ y)
∂x
= sen (x ‒ y) + (x + y) ∙ cos (x ‒ y)
∂f
= 1∙ sen (x ‒ y) + (x + y) ∙ (‒1) ∙ cos (x ‒ y)
∂y
= sen (x ‒ y) ‒ (x + y) ∙ cos (x ‒ y)
Exemplo 7
Calcule as derivadas parciais de f (x,y) = exy + In (x2 + y).
Resolução
∂f 2x
= y exy 2
∂x x +y u′
Utilizamos a regra (In u)′ =
∂f 1 u
= x exy 2
∂y x +y
48 TÓPICO 4 UNIDADE 1
Até aqui, estivemos preocupados com o cálculo da derivada parcial de uma função em
relação a uma de suas variáveis. Isso quer dizer que calculamos a derivada ao longo de uma
curva sem ponto fixado. Passemos, agora, a ver como se calcula a derivada fixando um ponto
da superfície.
Se (x0, y0) for um ponto do domínio de uma função f (x,y), o plano vertical y = y0 cortará
a superfície z = f (x,y) na curva z = f (x, y0). (Figura 26)
Se (x0, y0) for um ponto do domínio de uma função f (x,y), o plano vertical x = x0 cortará
a superfície z = f (x,y) na curva z = f (x,y0). (Figura 27)
Exemplo 8
Sendo f (x,y) = 2x2y – 4y3, calcule ∂f , ∂f , ∂f (3,1), ∂f (3,1).
∂x ∂y ∂x ∂y
Resolução
∂f ∂f
= 2 · 2x · y – 0 (3,1) = 4 · 3 · 1 = 12
∂x ∂x
∂f
= 4xy
∂x
∂f ∂f
= 2x 2 · 1 – 4 · 3y 2 (3,1) = 2 · 32 – 12 · 12
∂y ∂y
∂f ∂f
= 2x 2 – 12y 2 (3,1) = 2 · 9 – 12 · 1 = 18 – 12 = 6
∂y ∂y
Exemplo 9
Sendo f (x,y) =
{ 5xy
2x + 3y
, se (x,y) ≠ (0,0)
0, se (x,y) = (0,0)
, calcule ∂f e ∂f .
∂x ∂y
50 TÓPICO 4 UNIDADE 1
Resolução
Nos pontos (x,y) ≠ (0,0), podemos aplicar as regras de derivação. Assim, temos
15y 2
=
(2x + 3y)2
∂f (0,0) = lim
∂x h →0
( f (0 + h , 0 ) ‒ f (0,0)
h (
= lim
h →0
( ( 5h · 0
2h
h
‒0
= 0.
∂f (0,0) = lim
∂y h →0
( f (0,0 + h) ‒ f (0,0)
h (
= lim
h →0
( ( 5·0·h
3h
h
‒0
= 0.
∂f
Geometricamente, (x , y ) pode ser interpretada como a inclinação da reta tangente
∂x 0 0 ∂f
à curva C1 no ponto (x0, y0) que se denota por (x , y ) = tg α.
∂x 0 0
∂f
A derivada parcial (x , y ) também pode ser interpretada como a taxa de variação
∂x 0 0 ∂f
de z em relação a x ao longo da curva C1. E a derivada parcial (x , y ) também pode ser
∂y 0 0
interpretada como a taxa de variação de z em relação a y ao longo da curva C2. Assim, estes
valores representam a velocidade com que z cresce (ou decresce) quando apenas uma variável
está sendo alterada.
Exemplo 10
A função T (x,y) = 60 ‒ 2x2 ‒ 3y2 representa a temperatura em qualquer ponto de uma
chapa. Encontre a razão de variação da temperatura em relação à distância percorrida ao
longo da chapa da direção dos eixos positivos x e y, no ponto (1, 2). Considere a temperatura
medida em graus Celsius, e a distância em cm.
Resolução
∂T ∂T
= 0 ‒ 2 · 2x = ‒ 4x = (1, 2) = ‒ 4 · 1 = ‒ 4°C / cm
∂x ∂x
52 TÓPICO 4 UNIDADE 1
∂T ∂T
= 0 ‒ 2 · 3y = ‒ 6y = (1, 2) = ‒ 6 · 2 = ‒ 12°C / cm
∂y ∂y
Assim, o valor ‒ 12°C / cm significa que a temperatura diminui 12°C à medida que y
aumenta uma unidade.
Exemplo 11
Suponha que D = √ x 2 + y 2 é o comprimento da diagonal de um retângulo, cujos lados
têm comprimentos x e y que são permitidos variar. Determine uma fórmula para a taxa de
variação de D em relação a x, se x varia, com y considerado constante, e utilize esta fórmula
para determinar a taxa de variação de D em relação a x no ponto x = 3 e y = 4.
Resolução
A fórmula para a taxa de variação de D em relação a x é
D = √x 2 + y 2
D = (x 2 + y 2)½
∂D 1
= (x 2 + y 2)-½ (2x)
∂x 2
∂D x
=
∂x √ x 2 + y 2
3
Assim, D aumenta a uma taxa de de unidade para cada unidade de aumento de x
5
no ponto (3, 4).
4 GENERALIZAÇÃO
Definição 4.4.1 Seja f : A ⊆ Rn → R uma função de n variáveis, e seja x = (x1, x2,..., xn) ∈ A.
Definimos a derivada parcial de f no ponto x em relação a xi por
∂f
∂xi
(x) = lim
h→0 ( h (
f (x1,..., xi + h,..., xi ,..., xn)
, quando esse limite existir.
UNIDADE 1 TÓPICO 4 53
( (
∂xi
por ∂f (x) = lim f (x1,..., xi + h,..., xn) ‒ f (x1,..., xi ,..., xn) .
∂xi h→0 h
Exemplo 12
Calcule as derivadas de primeira ordem da função f (x, y, z) = 1 + xy 2 ‒ 2z3.
Resolução
Ao derivar f em relação a x, lembre-se de considerar y e z como constantes
∂f
= y2
∂x
Exemplo 13
Calcule as derivadas de primeira ordem da função f (x, y, z) = yz In (xy).
Resolução
Observe primeiramente que a função é dada por um único termo e teremos que usar
as regras do produto e do logaritmo natural.
∂f ∂f
As derivadas parciais e são funções de x e y, e assim, elas mesmas podem ter
∂x ∂y
derivadas parciais. Com isso, teremos outras quatro derivadas parciais, estas de segunda
ordem de f, as quais são definidas por:
Exemplo 14
Sendo f (x,y) = y2 ex + 5y, calcule as derivadas parciais de segunda ordem de f.
Resolução
∂f ∂f
= y2 ex = 2y ex + 5
∂x ∂y
Exemplo 15
Sendo f (x,y) = x2 cos y + y2 sen x, encontre as derivadas parciais de segunda ordem de f.
UNIDADE 1 TÓPICO 4 55
Resolução
Exemplo 16
Encontre as derivadas parciais de segunda ordem de f (x,y) = √x + 3y .
Resolução
Primeiro, devemos escrever a função na forma de potência.
f (x,y) = (x + 3y)½
E observe que devemos aplicar a regra da potência para a derivação (u α)′ = α u
α−1
u′.
56 TÓPICO 4 UNIDADE 1
Exemplo 17
Dada a função f (x,y) = x3y + 4x2y3, calcule:
a) ∂ f ; b) ∂ f c) ∂ f d) ∂ f
2 2 3 3
Resolução
UNI
Talvez você tenha percebido nos exemplos que as derivadas
mistas de segunda ordem ∂ f e ∂ f são iguais. Será que isto
2 2
UNI
∂ 2f ∂ 2f
Caro(a) acadêmico(a), mostre que (0,0) = 0 e (0,0) = 1,
{
∂x∂y ∂x∂y
xy3
, se (x,y) ≠ (0,0)
considerando a função f (x,y) = x + y2
2
0, se (x,y) = (0,0)
Este fato se repete para função de três variáveis, isto é, teremos a igualdade das seis
∂ 2f ∂ 2f ∂2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
derivadas parciais mistas = , = e = se f (x,y,z) e todas as suas
∂x∂y ∂y∂x ∂x∂z ∂z∂x ∂y∂z ∂z∂y
derivadas parciais de primeira e segunda ordem forem contínuas.
UNI
Verifique se, de fato, as derivadas mistas são iguais para a função
f (x, y, z) = xy2z3 + 3yz.
Teorema 4.5.1 (Teorema de Shwarz) Suponhamos que f seja uma função de duas
UNI
A seguir, apresentaremos a biografia de dois grandes
matemáticos: Johann Bernoulli e Leonhard Euler, que, entre
outros, também contribuíram bastante para o desenvolvimento
do cálculo diferencial e integral.
58 TÓPICO 4 UNIDADE 1
LEITURA COMPLEMENTAR
Em 1682, com 15 anos de idade, trabalhou no comércio durante um ano, porém não
gostou da atividade. Em 1683 ingressou na Universidade da Basileia para estudar Medicina,
apesar de ter sempre gostado de Matemática. Quatro anos depois seu irmão foi nomeado
professor de Matemática na Universidade e, de 1687 a 1690, Johann e Jacques Bernoulli
estudaram juntos as teorias de Leibniz sobre o Cálculo. Na época, essas teorias não tinham sido
compreendidas por nenhum outro matemático e os irmãos Bernoulli foram os primeiros a estudá-
las. Os dois irmãos e Leibniz iniciaram uma série de artigos publicados na Acta Eruditorum,
dando origem à difusão do Cálculo Leibniziano, tornando-o amplamente conhecido.
sugerira uma solução. Em 1646, Huygens provou que a solução de Galileo era falsa, mas
também não conseguiu resolver o problema. A catenária é a forma assumida por uma corda
ou corrente suspensa livremente por dois pontos. O problema era determinar sua equação.
Utilizando o Cálculo Leibniziano, Johann Bernoulli resolveu o problema e esse foi o primeiro
sucesso público do novo Cálculo.
Johann teve três filhos: Nicolaus (1695-1726), Daniel (1700-1782) e Johann (1710-1790).
Todos eles foram matemáticos e Daniel produziu um trabalho sobre Hidrodinâmica conhecido
como Princípio de Bernoulli.
Johann nunca chegou a publicar seu livro sobre o Cálculo, porém escreveu sobre a
isócrona, sólidos de resistência mínima, trajetórias, problemas isoperimétricos, conseguindo
tal reconhecimento pelo seu trabalho que, após a morte de seu irmão em 1705, foi chamado
para ocupar a cadeira dele na Universidade de Basileia.
Nascido na Basileia, Suíça, Leonhard Euler foi a figura matemática dominante do seu
século e o matemático mais prolífico de que se tem notícia. Era também astrônomo, físico,
60 TÓPICO 4 UNIDADE 1
Ainda jovem, Euler demonstrou um futuro promissor como matemático, apesar de seu
pai preferir que estudasse teologia. Felizmente, Johann Bernoulli convenceu o pai a permitir
que Euler se concentrasse no estudo da matemática. Graduou-se pela Universidade da
Basileia, defendendo uma tese em que comparava o trabalho de Descartes ao de Newton.
Euler conseguiu uma posição em São Petersburgo e durante alguns anos foi médico na
Marinha russa. Em 1733 tornou-se professor de Matemática na Academia de Ciências de
São Petersburgo. Em 1736 publicou a obra Mechanica, em dois volumes, na qual aplicou
sistematicamente o cálculo à matemática de uma massa e incorporou muitas equações
diferenciais novas à mecânica. Em 1738 ele perdeu a vista direita. Em 1741 conseguiu uma
posição como diretor matemático da Academia de Ciências de Berlim. Lá desenvolveu alguns
trabalhos, como a tradução e a melhoria de Principles of Gunnery, de Robin; a publicação
de Scienia navalis em 1749 e Letters to a german princess, de 1768 a 1772; e o ensino de
Lagrange por correspondência. Em 1766, Euler retornou à Rússia a convite de Catarina,
a Grande. Em 1771, perdeu a visão no olho esquerdo, ficando completamente cego. Seu
trabalho foi do cálculo e da análise à medida que publicou sua trilogia, Introductio in analysin
infinitorum, Institutiones calculi differentialis e Institutiones calculi integralis. Esses trabalhos,
que perfaziam um total de seis volumes, fizeram da função uma parte central do cálculo
e tratavam de álgebra, trigonometria, geometria analítica e teoria dos números. Por meio
desses tratados, Euler influenciou grandemente o ensino da matemática. Diz-se que todos
os livros didáticos de cálculo desde 1748 são essencialmente cópias de Euler ou cópias de
cópias dele. Algumas de suas contribuições para as equações diferenciais são as seguintes:
a redução da ordem, o fator integrante, coeficientes indeterminados, a teoria das equações
lineares de segunda ordem e soluções das séries de potências. Ele também incorporou o
cálculo vetor e as equações diferenciais em seus trabalhos.
parte das descobertas não é creditada a ele. No entanto, temos as equações de Euler para a
rotação de um corpo rígido, fluxo de um fluido ideal incompressível, flexão de vigas elásticas
e carregamentos para empenamento de colunas. "Ele calculava sem esforço aparente, como
os homens respiram, ou como as águias se sustentam no vento". Euler foi o Shakespeare da
matemática universal, ricamente detalhista e incansável.
FONTE: GUIA para a história do Cálculo: Euler, Leonhard. Disponível em: <http://cwx.prenhall.com/
bookbind/pubbooks/thomas_br/chapter1/medialib/custom3/bios/euler.htm>. Acesso em: 17
jul. 2011.
62 TÓPICO 4 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 4
● Você deve ter percebido que o seu cálculo é similar ao cálculo de derivadas simples, a
diferença está no fato de ter, agora, duas variáveis e ter que derivar a função em termos de
uma delas enquanto a outra é considerada como constante. Ou seja, ∂f estamos derivando
∂x
f (x,y) em relação a x considerando y como constante.
● A derivada parcial ∂f (x0, y0) é a inclinação da reta tangente à curva da superfície z = f (x,y)
∂x
no plano vertical y = y0.
∂f
● Analogamente, (x , y ) é a inclinação da reta tangente à curva da superfície z = f (x,y) no
∂y 0 0
plano vertical x = x0.
UNIDADE 1 TÓPICO 4 63
Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado sobre derivadas
parciais.
∂f ∂f
2 Nos exercícios a seguir, calcule as derivadas parciais e das funções:
∂x ∂y
a) f (x,y) = 2x2 ‒ 3y ‒ 4
b) f (x,y) = (x2 ‒ 1) (y + 2)
f) f (x,y) = In (2x + y)
b) f (x,y) = xey + y + 1
64 TÓPICO 4 UNIDADE 1
DIFERENCIABILIDADE E
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1
REGRA DA CADEIA E
DERIVAÇÃO IMPLÍCITA
1 INTRODUÇÃO
2 REGRA DA CADEIA
Teorema 1.2.1 (Regra da Cadeia – derivada total) Suponha que z = f (x,y) seja uma
função diferenciável de x e y, onde x = x (t) e y = y (t) são funções diferenciáveis de t. Então
a função z = f (x(t), y (t)) é uma função diferenciável de t e
68 TÓPICO 1 UNIDADE 2
FONTE: O autor
Exemplo 1
Sejam z = f (x,y) = 4x 3 y 2, x = t 4 e y = 3t 2
Resolução
Começamos calculando as derivadas parciais
∂z ∂z
= 12x2y2 = 8x 3y
∂x ∂y
= 288t 15.
Exemplo 2
Sejam z = f (x,y) = In (3x 2 + y), x = t + 1 e y = 5t.
∂z
a) Calcule usando a regra da cadeia.
∂t
UNIDADE 2 TÓPICO 1 69
Resolução
u′
Sabendo que y = In u ⇒ y ′ = , calcularemos separadamente .
u
Agora aplicamos
dz 6(t + 1) + 5
=
dt 3(t + 1)2 + 5t
ou seja,
dz 6t + 11
=
dt 3(t + 1)2 + 5t
b) A função composta é
z = f (t + 1,5 t)
z = In (3(t + 1)2 + 5 t).
dz 6t + 1
=
dt 3(t + 1)2 + 5t
UNI
Compare os resultados obtidos nos itens (a) e (b) do Exemplo 2.
A facilidade do uso da regra da cadeia está em derivar funções
“menores” e posteriormente, na substituição, ter menos trabalho
algébrico.
70 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Exemplo 3
Sejam z = x2 + 2xy + y2, x = cos t e y = sen t. Determine dz .
dt
Resolução
Usando a regra da cadeia:
dz ∂z . dx ∂z . dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt
= (2x + 2y) (‒ sen t) + (2x + 2y) (cos t)
= (2x + 2y) (cos t ‒ sen t)
= 2(cos t + sen t) (cos t ‒ sen t),
ou seja,
dz 2(cos2 t ‒ sen2 t).
=
dt
Vimos no Teorema 1.2.1 como aplicar a regra da cadeia no caso da derivada total
quando a função tem duas variáveis independentes. Vamos generalizar esta derivada total
para funções com mais de duas variáveis.
Se a função tiver mais de duas variáveis, representaremos por f (x1, x2, x3,... xn), onde
x1(t ), x2(t ), x3(t ), ... xn (t ), são funções de t, então a sua derivada, em relação a t, é dada pela
regra da cadeia
Como a derivada acima possui muitas parcelas, é possível reescrever a regra usando
o somatório
Exemplo 4
Dada a função f (x,y,z) = 3x ‒ 2y 3 + z2 onde x = sen t, y = e2t e z = 4t 2 ‒ 3. Encontre
a derivada total.
Resolução
Usando a regra da cadeia
UNIDADE 2 TÓPICO 1 71
Exemplo 5
A que taxa está crescendo a área de um retângulo se seu comprimento é de 8 cm e
está crescendo a uma taxa de 0,5 cm/s enquanto que sua largura é de 6 cm e está crescendo
0,2 cm/s?
Resolução
A área de um retângulo pode ser escrita como A (x,y) = xy, consideremos x o comprimento
e y a largura. Através do enunciado, percebe-se que devemos calcular dA, já que as outras
dx dy dt
taxas dadas são: = 0,5 e = 0,2. O cálculo da derivada deve ser feito para o ponto de
dt dt
coordenadas (8, 6).
Como a área está em função de duas variáveis x e y, e estas, por sua vez estão
relacionadas ao tempo, através da regra da cadeia, temos:
dA
Dizer que = 4,6 cm2/s significa que a área de um retângulo de dimensões 8x6, está
dt
crescendo 4,6 cm2 a cada segundo.
Exemplo 6
Uma peça cilíndrica tem 12 cm de raio e 18 cm de altura. Se o raio diminuir à razão de
0,02 cm/s e a altura aumentar à razão de 0,03 cm/s, então determine a taxa de variação do
volume em relação ao tempo.
Resolução
Sejam r e h o raio e a altura de uma peça cilíndrica, respectivamente, e seja t o tempo
em segundos. Podemos interpretar as taxas dadas como derivadas
dr dh
= ‒ 00,2 e = ‒ 00,3 no instante em que r = 12 e h = 18.
dt dt
dV
Queremos calcular nesse instante. Para isso, usamos a fórmula V (r, h) = pr 2h do
dt
volume do cilindro para obter:
dV ∂V . dr ∂V . dh
= +
dt ∂r dt ∂h dt
= 2prh . dr + pr 2. dh
dt dt
Teorema 1.2.2 (Regra da cadeia para derivadas parciais) Suponha que z = f (u,v) seja
uma função diferenciável de u e v, onde u = u (x,y) e v = v (x,y) são funções diferenciáveis de
x e de y. Então z = f (u(x,y),v(x,y)) é uma função de x e y, e:
FONTE: O autor
Exemplo 7
∂z ∂z
Se z = f (u,v) = eu cos v, onde u = xy e v = x + y 2, determine e usando a regra
∂x ∂y
da cadeia.
Resolução
e
74 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Teorema 1.2.3 (Regra da cadeia generalizada) Suponha que w = f (u1, u2,..., un) seja
uma função diferenciável de n variáveis u1, u2,..., un, onde cada uj é uma função diferenciável
de m variáveis, x1, x2,..., xm. Então w é uma função de x1, x2,..., xm e
Exemplo 8
Suponha que todas as funções sejam diferenciáveis w = f (x, y, z), x = x (r, θ, γ), y = y (r,
θ, γ) e z = z (r, θ, γ). Determine ∂w, ∂w e ∂w.
∂r ∂θ ∂γ
Resolução
Aplicando o Teorema 1.2.3 temos
Exemplo 9
∂z ∂z
Utilize a regra da cadeia para encontrar as derivadas parciais e para as funções
∂s ∂t
z = x2 + xy + y2, x = s + t e y = st.
Resolução
Aplicando o Teorema 1.2.2 temos:
UNIDADE 2 TÓPICO 1 75
3 DERIVAÇÃO IMPLÍCITA
Vimos no estudo das funções de uma variável (no Caderno de Estudos da disciplina de
Cálculo Diferencial e Integral) que uma equação do tipo F (x,y) = 0 define y implicitamente como
uma função diferenciável de x, ou seja, y = f (x). Nesta seção, vamos estudar a derivação (derivação
parcial) de funções dadas de forma implícita. Consideraremos duas situações específicas.
Suponhamos que a função y = f (x) seja definida implicitamente pela equação F (x,y) = 0.
∂F (x, f (x)) ≠ 0) dy
Se f e F são funções diferenciáveis e = , então podemos encontrar a derivada
∂y dx
derivando ambos os lados da equação F (x,y) = 0 em relação a x. Usando a regra da cadeia
temos,
A situação colocada anteriormente pode ser escrita sob condição da função F estar
definida em uma bola aberta, conforme estamos tratando as funções de duas variáveis. A seguir
veremos como aplicar a derivada implícita neste contexto.
Essa relação nos dá um caminho mais simples para encontrar derivadas de funções
definidas implicitamente.
Teorema 1.3.1 Suponha que F (x,y) seja diferenciável e que a equação F (x,y) = 0 defina
y como uma função diferenciável de x. Então em qualquer ponto onde ∂F ≠ 0,
∂y
76 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Exemplo 10
Supondo que a função y = f (x) é definida implicitamente pela equação In (x2 y) + 2x3 = 4y,
determine sua derivada dy .
dx
Resolução
A equação dada pode ser escrita da seguinte forma:
F (x,y) = In (x2y) + 2x3 ‒ 4y = 0.
∂F 2xy 6x2 2
= + = + 6x2 e
∂x x2 y x
∂F x2 1
= 2 ‒4= ‒4
∂y x y y
Vamos ver como fica o Teorema da Função Implícita para funções de duas variáveis
independentes.
Suponhamos que a função z = f (x,y) seja dada implicitamente pela equação F (x,y,z) = 0.
∂F
Se f e F são funções diferenciáveis e (x, y, f (x,y)) ≠ 0, podemos aplicar a regra da cadeia
∂z
para obter as ∂z e ∂z . Derivando os dois membros da equação F (x,y,z) = 0 em relação a x,
∂x ∂y
temos
UNIDADE 2 TÓPICO 1 77
Teorema 1.3.2 Suponha que F (x,y,z) seja continuamente diferenciável e que z = f (x,y)
é uma função diferenciável que satisfaz a equação F (x,y,z) = 0. Então em qualquer ponto (x,y,z)
∂F
onde ≠ 0,
∂z
Exemplo 11
∂z ∂z
Determine e se x4 + y4 + z4 = 5xyz ‒ 2.
∂x ∂y
Resolução
A equação x4 + y4 + z4 = 5xyz ‒ 2 pode ser escrita da seguinte forma:
F (x,y,z) = x4 + y4 + z4 ‒ 5xyz + 2 e esta função é continuamente diferenciável.
Exemplo 12
Suponha que a função diferenciável z = f (x,y) seja definida pela equação xy + ze = 0.
Resolução
UNIDADE 2 TÓPICO 1 79
RESUMO DO TÓPICO 1
● Se a função tiver mais de duas variáveis, representaremos por f (x1, x2, x3..., xn), onde x1(t),
x2(t), x3(t), ... xn(t), são funções de t, então a sua derivada em relação a “t” é dada pela regra
da cadeia
● Se z = f (x,y) é uma função das variáveis x e y que dependem de duas outras variáveis,
digamos, u e v. Então:
z = f (x(u, v), y (u, v))
é uma função composta de u e v. Dizemos que u e v são as variáveis independentes.
● Se w = f (u1, u2,..., un) é uma função diferenciável de n variáveis u1, u2,..., un, onde cada
uj é uma função diferenciável de m variáveis, x1, x2,..., xm. Então w é uma função de
x1, x2,..., xm e
∂z ∂z
● A derivada implícita é usada para encontrar as derivadas parciais e quando z estiver
∂x ∂y
definida implicitamente por uma equação F (x, y, z) = 0. Então em qualquer ponto (x, y, z) onde
∂F ≠ 0,
∂z
80 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado sobre
diferenciabilidade de funções de várias variáveis.
∂z ∂z
2 Use a regra da cadeia para determinar e , sabendo que z = u 2 + v 2, u = x2 ‒ y2 e
∂x ∂y
v = e2xy.
3 Determine a derivada da função implícita f tal que y = f (x) está definida pela equação
x4 ‒ y + 4xy3 ‒ 78 = 0.
∂z ∂z
4 Se x3 ‒ xy + 4xz ‒ 5 = 0, calcular e usando a regra de derivação de função
∂x ∂y
implícita.
5 Mostre que a equação F (x,y) = x2y + sen y = 0 define implicitamente uma função
derivável y = f (x).
6 O raio de um cone circular reto está aumentando a uma taxa de 3 cm/s e a altura
está diminuindo a uma taxa de 2 cm/s. A que taxa está variando o volume do cone
no instante em que a altura é igual a 20 cm e o raio é igual a 14 cm?
7 Um carro A está viajando para o norte na rodovia 16, e um carro B está viajando para
o oeste na rodovia 83. Os dois carros se aproximam da interseção dessas rodovias.
Em certo momento, o carro A está a 0,3 km da interseção viajando a 90 km/h, ao
passo que o carro B está a 0,4 km da interseção viajando a 80 km/h. Qual a taxa de
variação da distância entre os carros nesse instante?
∂z ∂z
8 Determine e se xyz3 = cos (x + y + z).
∂x ∂y
∂z ∂z
9 Determine e se yz = In (x + z).
∂x ∂y
UNIDADE 2
TÓPICO 2
DIFERENCIABIBLIDADE E
GRADIENTE
1 INTRODUÇÃO
2 DIFERENCIABIBLIDADE
Considere uma função f de uma variável real. Dizer que f é diferenciável em x = x0 significa
que o existe, isto é, é um número real. Em outras palavras, f é diferenciável
que é equivalente a
Neste caso, se uma função é derivável num ponto, ela é contínua no ponto.
● Para provar que uma função é diferenciável em (x0, y0) usando a definição, devemos mostrar
que as derivadas parciais existem em (x0, y0) e, além disso, que o limite
● Se uma das derivadas parciais não existe no ponto (x0, y0), f não é diferenciável no ponto
(x0, y0).
● Se o limite
UNIDADE 2 TÓPICO 2 83
for diferente de zero ou não existir, f não será diferenciável no ponto (x0, y0) mesmo se
existirem as derivadas parciais nesse ponto.
Exemplo 1
Use a Definição 2.2.1 para mostrar que f (x,y) = 5x + 2y é diferenciável.
Resolução
Seja (x0, y0) ∈ D (f ) = R 2. Para mostrar que f é diferenciável em (x0, y0) devemos mostrar que
∂f (x , y ) ∂f (x , y )
0 0 e 0 0 existem e que o limite da Definição 1.2.1 é zero.
∂x ∂y
Agora,
Exemplo 2
Verifique se a função f (x, y) = é contínua no ponto (3,3).
84 TÓPICO 2 UNIDADE 2
Resolução
Precisamos verificar se a função satisfaz as três condições da Definição 3.4.1 (Unidade 1).
Mostramos que f é descontínua no ponto (3,3), portanto pelo Teorema 2.2.1 f não é diferenciável
em (3,3).
Nem sempre é fácil usar a Definição 2.2.1 para verificar a diferenciabilidade de uma
função. O teorema a seguir fornece uma condição suficiente para que uma função seja
diferenciável.
∂f ∂f
Teorema 2.2.2 Se as derivadas parciais e existem em algum conjunto aberto A
∂x ∂y
contendo (x0, y0) e são contínuas em (x0, y0), então f (x,y) é diferenciável em (x0, y0).
Exemplo 3
Mostre que a função f (x,y) = cos (xy) é diferenciável em todo R2.
Resolução
Para mostrar que f é diferenciável, aplicaremos o Teorema 2.2.2, então calcularemos as
derivadas parciais.
∂f ∂f
= ‒y • sen(xy) e = ‒x • sen(xy)
∂x ∂y
Temos que as derivadas parciais são contínuas em todo ponto (x,y) ∈ R2.
Logo, pelo Teorema 2.2.2 a função f (x,y) é diferenciável em todo ponto de R2.
Exemplo 4
Os polinômios (funções polinomiais) em várias variáveis são claramente diferenciáveis em
todo ponto de Rn.
Exemplo 5
Verifique se a função f (x,y) = x2 ‒ 3y2 abaixo é diferenciável em R2.
Resolução
∂f ∂f
A função f tem derivadas parciais em todos os pontos de R2 e são dadas por = 2x e = ‒6y.
∂x ∂y
UNIDADE 2 TÓPICO 2 85
Exemplo 6
Verifique se a função g (x,y) = ex+y abaixo é diferenciável em R2.
Resolução
∂g
A função g tem derivadas parciais em todos os pontos de R2. Estas são dadas por = ex+y
∂x
∂g
e = ex+y.
∂y
3 DIFERENCIAL
Suponha que saibamos o valor de uma função derivável em um ponto (x0,y0) e que
desejamos prever a variação que esse valor sofrerá se formos para um ponto x0 + dx. Como
os valores da reta são mais simples de calcular, o cálculo da variação da reta nos oferece um
modo prático de estimar a variação em f conforme podemos observar na Figura 31.
Para funções de uma variável, y = f (x), definimos a diferencial dx como uma variável
independente, ou seja, dx pode valer qualquer número real. A diferencial de y é definido como
dy = f′(x) ∆x.
Nesta seção, vamos definir a diferencial de uma função de duas variáveis z = f (x,y), e
veremos que esta representa uma boa aproximação para o acréscimo da variável z quando
os acréscimos das variáveis independentes são pequenos.
Se nos movermos de (x0,y0) para um ponto (x0 + ∆x, y0 + ∆y) próximo, a variação
∂f ∂f
resultante é dada por df (x0,y0) = (x ,y ) dx + (x ,y ) dy.
∂x 0 0 ∂y 0 0
Exemplo 7
Calcule a diferencial dz da função z = 4x2y3 ‒ 3y2 + 6.
Resolução
∂z
Para calcular a diferencial de z temos primeiro que calcular as derivadas parciais = 8xy3
∂x
∂z
e = 12x2y2 ‒ 6y.
∂y
Exemplo 8
Calcule a diferencial de f (x,y) = x2 + y2 no ponto (1,2).
UNIDADE 2 TÓPICO 2 87
Resolução
A diferencial de f no ponto (1,2) é dada por
∂f ∂f
dz = (1,2) dx + (1,2) dy
∂x ∂y
∂f ∂f
Como (1,2) = 2 e (1,2) = 4, temos
∂x ∂y
dz = 2dx + 4dy.
Exemplo 9
Considere a função z = 7x + 3y2.
a) Determine a diferencial total dz.
b) Calcule ∆z e dz, se x variar de 2 para 2,05 e y variar de 1 para 0,98. Compare os valores de
∆z e dz.
Resolução
a) Da Definição 2.3.1 temos a diferencial total
∂f ∂f
dz = dx + dy
∂x ∂y
dz = 7dx + 6y dy.
Exemplo 10
O raio e a altura de um cilindro são medidos com 3 m e 8 m respectivamente, com possíveis
erros de 0,05 m. Use diferenciais para calcular o erro máximo no cálculo do volume.
Resolução
Primeiro recordamos a fórmula do cálculo do volume de um cilindro.
V = π r2 h
88 TÓPICO 2 UNIDADE 2
Portanto, o erro de 0,05 m nas medidas do raio e da altura pode nos levar a um erro
de 15,08 m3.
Exemplo 11
Ao redor do ponto (1,0), f (x,y) = x2 (y + 1) é mais sensível a variações em x ou y?
Resolução
Primeiro vamos entender o que o enunciado está nos pedindo. Querer saber sobre a
sensibilidade à variação é o mesmo que pedir para estimar a variação da função no ponto.
Assim, vamos calcular a diferencial de f
∂f ∂f
dz = (1,0) dx + (1,0) dy.
∂x ∂y
Para facilitar o cálculo das derivadas parciais escrevemos f (x,y) = x2y + x2, daí segue
∂f ∂f
= 2xy + 2x e = x2
∂x ∂y
∂f ∂f
(1,0) = 2 e (1,0) = 1.
∂x ∂y
Exemplo 12
O comprimento e a largura de um retângulo são medidos com erros de, no máximo, 3% e 5%,
respectivamente. Use diferenciais para aproximar o erro percentual máximo na área calculada.
Resolução
A área do retângulo dado por x de comprimento e y de largura é a função A(x,y) = xy.
∂f ∂f
Temos, =ye = x.
∂x ∂y
UNIDADE 2 TÓPICO 2 89
Cada erro é de, no máximo, 3% e 5%, isto é, |∆x| ≤ 0,03 e |∆y| ≤ 0,05. Para achar o erro máximo
na área, tomamos o maior erro nas medidas de x e y. Daí, tomamos dx = 0,03 e dy = 0,05.
4 GRADIENTE
Vimos nas seções anteriores que as derivadas parciais nos fornecem taxas de variação
de uma função de várias variáveis e que estas taxas dependem da escolha da direção e sentido
da variação. Como essas variações são indicadas por vetores, é natural usar vetores para
descrever a derivada de f numa direção e sentido específicos. Nesta seção, vamos definir o
gradiente de uma função, que aparece em diversas aplicações matemáticas.
Definição 2.4.1 Seja z = f (x,y) uma função que admite derivadas parciais no ponto
(x0,y0). O gradiente de f no ponto (x0,y0), denotado por f (x0,y0), é um vetor cujos componentes
∆
∂f ∂f ∂f ∂f
f (x0,y0) = (x0,y0), (x0,y0) = (x0,y0) i + (x0,y0) j .
∆
∂x ∂y ∂x ∂y
NOT
A!
∆ ∆
O gradiente f associa um vetor f (x0,y0) a cada ponto (x0,y0)
do domínio de f. Usamos a notação a,b para o par ordenado
que se refere a um vetor para não confundir com o par ordenado
(a,b) que corresponde a um ponto no plano.
90 TÓPICO 2 UNIDADE 2
NOT
A!
Ao representar vetores com a notação v = ai + bj , lembramos
que i e j representam os vetores canônicos, ou seja, vetores no
R2 onde suas respectivas coordenadas são dadas por i = 1,0
e j = 0,1 .
∆
O símbolo , denominado “del”, é um delta grego maiúsculo invertido. O uso de
∆
para o gradiente foi popularizado pelo físico escocês P. G. Tait (1831 – 1901)
que o denominava “nabla”. Em hebraico, nabla significa harpa e se refere à
∆
semelhança de um com uma harpa antiga de dez cordas. O grande físico
James Clerk Maxwell relutou em adotar essa notação e chamava o gradiente
de “inclinação”. Em 1871 escreveu ao seu amigo Tait provocando: “Ainda
harpejando naquela nabla?” (ROGAWKI, 2009, p. 809).
Definição 2.4.2 Sejam A ⊂ Rn aberto, p (x1, x2, ...xn) ∈ A e f : A → R uma função tal
que as derivadas parciais existem em p. O gradiente de f no ponto p é o vetor do Rn denotado
por f (p) e definido por
∆
∂f ∂f ∂f
f (p) = ∂x (p), ∂x (p), ..., ∂x (p) .
∆
1 2 n
Exemplo 13
Determine o gradiente da função f (x,y) = 3x2 ‒ 2xy + 5y.
Resolução
Primeiro precisamos calcular as derivadas parciais de f.
∂f ∂f
= 6x ‒ 2y e = ‒ 2x + 5
∂x ∂y
Exemplo 14
Calcule o gradiente da função f (x,y) = 3x2y ‒ x⅔ y2 no ponto (1,3).
UNIDADE 2 TÓPICO 2 91
Resolução
Faremos o mesmo que no Exemplo 11 acrescentando apenas o cálculo do vetor no ponto (1,3).
∂f 2 ∂f
= 6xy ‒ x -⅓ y2 e = 3x2 ‒ 2x ⅔y
∂x 3 ∂y
2 -⅓ 2
Então, f = 6xy ‒ x y , 3x2 ‒ 2x ⅔y .
∆
3
2
f (1,3) = 6 • 1 • 3 ‒ • 1 -⅓ • 32, 3 • 12 ‒ 2 • 1 ⅔ • 3 = 12, ‒3 .
∆
3
Exemplo 15
Determine o gradiente da função g(x,y,z) = xyz2 em um ponto (x,y,z).
Resolução
∂g ∂g ∂g
Temos, = yz2, = xz2 e = 2xyz.
∂x ∂y ∂z
Exemplo 16
1 2
Encontre o gradiente de f(x,y) = (x + y3) em (0, ‒2) e esboce alguns vetores gradientes.
6
Resolução
∂f 1 ∂f 1
As derivadas parciais são = xe = y2.
∂x 6 ∂y 2
1 1 2
f (x,y) = xi+ y j
∆
3 2
que um vetor de componentes a,b tem início na origem do plano e extremidade no ponto
(x0,y0). Quando desejamos graficar um vetor fora da origem, usamos um representante
do vetor a,b . Em seguida é mostrado como representar graficamente o vetor gradiente no
ponto (0, ‒ 2). Então, temos f (0,‒ 2) = 2 j , isto é o vetor 0,2 – tem origem no ponto (0, 0)
∆
1
FIGURA 32 – VETORES GRADIENTES DE f (x,y) = (x2 + y3).
6
Exemplo 17
Encontre o gradiente de f (x,y) = x2 ‒ y2 e esboce alguns vetores gradientes.
Resolução
∂f ∂f
As derivadas parciais são = 2x e = ‒2y.
∂x ∂y
Então, f = 2x i ‒ 2y j .
∆
(0,0) (0,0) 0
(1,0) (2,0) 2
(x,0) (2x,0) 2x
(0,y) (0,‒2y) 2y
(1,1) (2,‒2) 2√ 2
(x,y) (2x,‒2y) 2||(x,y)||
UNIDADE 2 TÓPICO 2 93
Teorema 2.4.1 Suponha que z = f (x,y) seja diferenciável numa bola aberta centrada
em P0 (x0,y0) e que f (x0,y0) ≠ 0 .
∆
NOT
A!
Lembramos o conceito de vetor normal, quer dizer que o vetor
é perpendicular a uma curva.
94 TÓPICO 2 UNIDADE 2
NOT
A!
O gradiente de γ no ponto P0(x0,y0) aponta na direção de maior
variação da função numa vizinhança do ponto.
FONTE: O autor
Exemplo 18
O potencial elétrico V em (x,y,z) é dado por V = x2 + 4y 2 + 9z2. Ache a direção e a taxa máxima
de variação de V em (3,‒2,1).
Resolução
De acordo com o Teorema 2.5.1 a direção onde ocorre a taxa máxima de variação é dada pelo
vetor gradiente. Então,
∂V ∂V ∂V
= 2x, = 8y e = 18z.
∂x ∂y ∂z
5 DERIVADAS DIRECIONAIS
Suponha que uma função f (x,y) seja definida em uma região R no plano xy, que P(x0,y0)
seja um ponto em R e que u = u1i + u2j seja um versor. Então as equações
x = x0 + su1 e y = y0 + su2
ds
NOT
A!
Lembramos que versor é um vetor unitário, ou seja, um vetor
cujo módulo é 1.
Definição 2.5.1 A derivada de f em P(x0,y0) na direção do versor u = u1i + u2j é o número
96 TÓPICO 2 UNIDADE 2
FONTE: O autor
∂f
Quando u = i, a derivada direcional em P é calculada em (x0,y0). Quando u = j, a
∂x
derivada direcional em P é ∂f calculada em (x0,y0). A derivada direcional generaliza as duas
∂y
derivadas parciais. Então, assim é possível encontrar a taxa de variação de f em qualquer
direção u .
Definição 2.5.2 Sejam A Rn aberto, P (x1, x2, ..., xn) ∈ A, f : A → R uma função e u um
∩
vetor unitário em Rn. A derivada direcional de f no ponto (x1, x2, ..., xn) e na direção do versor
u é denotada por
Exemplo 19
Calcule a derivada direcional da função f (x,y) = x3y + 2y 2 no ponto (1,‒2) na direção do vetor
v = 4i + 3j .
Resolução
Note que v não é um versor (vetor unitário) e a Definição 2.5.1 pede que o vetor direção seja
∂f
A derivada direcional (1,‒2) representa a taxa de variação de z na direção de u .
∂u
Isto é a inclinação da reta tangente à curva obtida pela interseção da superfície f (x,y) = x3y + 2y 2
e o plano vertical que passa por (1,‒2,0) na direção de u.
UNIDADE 2 TÓPICO 2 99
RESUMO DO TÓPICO 2
∩
ponto de A.
∂f ∂f
● Outro resultado importante; Teorema 2.2.2. Se as derivadas parciais e existe
∂x ∂y
em algum conjunto aberto A contendo (x0,y0) e são contínuas em (x0,y0), então f (x,y) é
diferenciável em (x0,y0).
Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado sobre
diferenciabilidade e gradiente.
7 O raio de um cilindro circular reto é medido com um erro de, no máximo, 2% e altura
é medida com um erro de, no máximo, 4%. Qual o erro percentual máximo possível
no volume calculado?
Nas questões de 8 a 10, determine o vetor gradiente das seguintes funções nos
pontos indicados:
p
9 f (x,y) = xy ‒ sen (x + y), P = ,0
2
10xy
11 Se T (x,y) = é a temperatura em graus Celsius, sobre uma lâmina
x2 + 4y 2 + 4
metálica, x e y medidos em cm, determine a direção de crescimento máximo de T
a partir do ponto (1,1) e a taxa máxima de crescimento de T, nesse ponto.
102 TÓPICO 2 UNIDADE 2
UNIDADE 2
TÓPICO 3
MÁXIMOS E MÍNIMOS DE
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
1 INTRODUÇÃO
Vamos fazer algo parecido neste tópico para as funções de várias variáveis. Veremos
como usar as derivadas parciais para localizar os pontos de máximo e mínimo de uma função
de duas variáveis.
2 EXTREMOS LOCAIS
i) P (x0, y0) é um ponto de máximo local de f se f (x, y) ≤ f (x0, y0) para todo (x, y) numa vizinhança
de (x0, y0);
104 TÓPICO 3 UNIDADE 2
ii) P (x0, y0) é um ponto de mínimo local de f se f (x, y) ≥ f (x0, y0) para todo (x, y) numa vizinhança
de (x0, y0).
Definição 3.2.2 Dizemos que um ponto P (x0, y0) do domínio de uma função f (x, y) é
um ponto crítico (ou estacionário) se:
∂f ∂f
i) (x0, y0) = 0 e (x , y ) = 0, ou
∂x ∂y 0 0
∂f ∂f
ii) pelo menos uma das derivadas parciais (x0, y0), (x , y ) não existe.
∂x ∂y 0 0
O teorema a seguir nos diz que os extremos locais ocorrem em pontos críticos, assim
como acontece em função de uma variável.
Teorema 3.2.1 Se f (x, y) tem um mínimo ou máximo local em (x0, y0), então (x0, y0) é
um ponto crítico de f (x, y).
Geometricamente, um ponto é ponto crítico de uma função num ponto quando o gráfico
da função nesse ponto não tem plano tangente ou o plano tangente é horizontal.
Vamos ver no exemplo a seguir como encontrar os pontos críticos de uma função de
duas variáveis.
Exemplo 1
y3
Encontre os pontos críticos da função f (x, y) = 9x3 + ‒ 4xy.
3
Resolução
y3
queremos encontrar os pontos críticos da função f (x, y) = 9x3 + ‒ 4xy. Aplicando a Definição
3
3.2.2, devemos igualar as derivadas parciais a zero.
∂f ∂f
Calculando as derivadas parciais, temos = 27x2 ‒ 4xy e = y2 ‒ 4xy.
∂x ∂y
27x2 ‒ 4xy = 0
y2 ‒ 4xy = 0
y2
Isola-se x na segunda equação x = e substitui na primeira equação
4
27x2 ‒ 4xy = 0
2
y2
27 ‒ 4xy = 0
4
UNIDADE 2 TÓPICO 3 105
27y 4 ‒ 64y = 0
y (27y 3 ‒ 64) = 0
y1 = 0 ou 27y 3 ‒ 64 = 0
64
y3 =
27
4
y2=
3
y2 y2
x= x=
4 4
2
4
02
x1 = x2 = 3
4
4
4
x1 = 0 x2 =
9
4 4
Portanto, (0,0) e são os pontos críticos de f (x, y).
9 , 3
NOT
A!
∆
Lembre-se de que já estudamos gradiente de uma função f (x,y) em
∆ ∂f ∂f
que f (x,y) = , . Então na Definição 3.2.2 poderíamos dizer que
∂x ∂y
∆ ∆
P (x0,y0) é um ponto crítico se f (x0,y0) = 0 ou se f (x,y) não existe.
Exemplo 2
Mostre que f (x,y) = x2 + y2 ‒ xy + x tem um ponto crítico.
Resolução
Segundo a Definição 3.2.2, devemos igualar as derivadas parciais a zero para encontrar os
pontos críticos, se existem.
106 TÓPICO 3 UNIDADE 2
∂f ∂f
As derivadas parciais são = 2x ‒ y + 1 e = ‒ x + 2y. Então,
∂x ∂y
2x ‒ y + 1 = 0
‒ x + 2y = 0
1
y= ‒
3
2 1 2 1
Assim, x = ‒ ey=‒ . Existe apenas um ponto crítico P ‒ ,‒ .
3 3 3 3
Para sabermos se este ponto crítico é um ponto máximo ou mínimo da função podemos
aplicar a Definição 3.2.1 o que pode ser complicado em algumas situações. Porém, podemos
usar o recurso gráfico tanto da superfície como das curvas de nível (mapa de contornos),
através de um software computacional como veremos na Figura 37.
2 1
Pelo gráfico da função (Figura 36) é possível dizer que o ponto P ‒ ,‒ é
3 3
mínimo local, e na Figura 37 as curvas de nível são curvas fechadas que circundam o ponto
P indicando assim um extremo local.
Acabamos de ver que é possível determinar o tipo de ponto crítico a partir do mapa de
contorno, então podemos classificar os pontos críticos através das seguintes características
gráficas:
i) se P (x0, y0) é um mínimo local, então as curvas de nível próximas de P são curvas fechadas
que circundam P e o mapa de contornos mostra que f (x, y) cresce em todas as direções a
partir de P (Figura 37);
ii) se P (x0, y0) é um máximo local, então as curvas de nível próximas de P são curvas fechadas
que circundam P e o mapa de contornos mostra que f (x, y) decresce em todas as direções
a partir de P;
iii) se P (x0, y0) é um ponto de sela, então as curvas de nível de f (x, y) que passam por P
consistem em duas retas que se intersectam e dividem a vizinhança de P em quatro regiões.
O mapa de contornos mostra que f (x, y) é decrescente na direção x e crescente na direção
y (Figura 38);
iv) se P (x0, y0) é um ponto de sela – outra situação, então as curvas de nível em (x0, y0) tem
uma forma padrão “número oito” (Figura 39).
FONTE: O autor
FONTE: O autor
108 TÓPICO 3 UNIDADE 2
Segue da Definição 3.2.2 e do Teorema 3.2.1 que os extremos relativos ocorrem nos
pontos críticos. Contudo, uma função não precisa ter um extremo relativo em cada ponto crítico,
isto quer dizer que um ponto crítico nem sempre é um ponto extremante. Um ponto crítico que
não é um máximo relativo nem um mínimo relativo é chamado de ponto de sela.
NOT
A!
Nas funções de duas variáveis, não temos pontos de inflexão,
como em funções de uma variável. Podemos ter um ponto de
sela, quando numa direção a função atinge um máximo num
ponto e em outra direção, um mínimo no mesmo ponto. O
nome se dá pela semelhança com uma sela de cavalo: máximo
na direção das pernas do cavaleiro (transversal ao cavalo ) e
mínimo na direção longitudinal (dorso) do cavalo.
Em seguida, vamos estudar um método que permite classificar os pontos críticos com
critérios bem definidos. Mas, antes definiremos a hessiana.
Exemplo 3
Seja f (x,y) = 3x2 + y2. Calcule a matriz hessiana de f no ponto (0,0).
Resolução
Pela Definição 3.2.3, calculamos as derivadas parciais no ponto dado.
∂f ∂f
= 2y, ∂ f2 = 6, ∂ f = 0, ∂ f = 0 e ∂ f2 = 2
2 2 2 2
= 6x,
∂x ∂y ∂x ∂x∂y ∂y∂x ∂y
6 0
Portanto, H (0,0) = é a matriz hessiana de f no ponto (0,0).
0 2
uma função de classe C2. Suponhamos que P (x0, y0) seja um ponto crítico da função f.
UNIDADE 2 TÓPICO 3 109
∂x
∂2f (x ,y ) < 0, então (x ,y ) é um ponto máximo local de f.
ii) Se H (x0,y0) > 0 e
∂x2 0 0 0 0
FONTE: CANESIN, Wilson. Funções de várias variáveis – Notas de aula – parte II. Disponível em:
<http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/72/ifvv01.pdf>. Acesso em: 28 out.
2011.
Exemplo 4
Considere a função f (x,y) = x2 + y2 ‒ xy + x. Determine, caso existam, os pontos de máximo e
os pontos de mínimo local da função.
Resolução
2 1
Vimos no Exemplo 2 que o ponto ‒ ,‒ é o único ponto crítico de f. Para classificá-lo
3 3
110 TÓPICO 3 UNIDADE 2
vamos usar o Teorema 3.2.2. Calculando as derivadas parciais de segunda ordem. Temos
2 1 ∂ 2f 2 1 2 1
Como H ‒ ,‒ >0e ‒ ,‒ > 0, segue que ‒ ,‒ é um ponto
3 3 ∂x 2
3 3 3 3
mínimo local de f.
Exemplo 5
1 3 1 3
Encontre os máximos e mínimos de f (x,y) = x + y ‒ x ‒ 4y + 20, caso existam.
3 3
Resolução
∂f ∂f
Vamos encontrar inicialmente os pontos críticos de f, fazendo =0e = 0.
∂x ∂y
∂f ∂f
= x2 ‒ 1 e = y2 ‒ 4
∂x ∂y
x2 ‒ 1 = 0
y2 ‒ 4 = 0
∂ 2f
Temos H (1,2) > 0 e (1,2) > 0, logo (1,2) é um ponto mínimo local de f.
∂x2
∂ 2f
Temos H (‒1,‒2) > 0 e (‒1,‒2) < 0, logo (‒1,‒2) é um ponto máximo local de f.
∂x2
Os gráficos (Figura 41 e Figura 42) gerado por computador usando o software Maple
11, ilustram os cálculos apresentados anteriormente.
Exemplo 6
Determine as dimensões de uma caixa retangular aberta no topo, com um volume de 32 cm3
e que requer uma quantidade mínima de material para a sua construção.
Resolução
x: comprimento da caixa (cm)
y: largura da caixa (cm)
z: altura da caixa (cm)
A: área da superfície da caixa (cm2)
V: volume da caixa (cm3)
32
V = xyz ⇒ xyz = 32 ⇒ z =
xy
Substituindo z obtemos
32 32
A = xy + 2x + 2y
xy xy
64 64
A(x,y) = xy + + , x > 0 e y > 0.
y x
Como a região é aberta, o mínimo deve ocorrer num ponto crítico de A. Passemos
então a determiná-los:
∂A 64 ∂A 64
=y‒ 2 =x‒ 2
∂x x ∂y y
64 64
y‒ =0 x‒ =0
x2 y2
64
64 2
y= 2 x‒ =0
x 64
x2
x4
y″ = 4 x‒ =0
64
x3
x 1‒ =0
64
x′ = 0 e x″ = 4
UNIDADE 2 TÓPICO 3 113
2 1
H (4,4) = =4‒1=3
1 2
∂2A
Daí, H (4,4) > 0 e (4,4) > 0, portanto o ponto (4,4) é o mínimo local de A.
∂x2
Logo, a caixa que usa o mínimo de material tem altura (z = 2) e base quadrada (x = y = 4).
Exemplo 7
A função T (x,y) = x2 + y2 ‒ 8x + 5y + 20 dá a temperatura, em graus Celsius, T de cada
ponto (x, y) de uma chapa circular (exceto as bordas, que é constituída de outro material) de
raio 6 cm, localizada no centro do plano xy. Determine o ponto mais quente e o mais frio no
interior da chapa, se existir.
Resolução
A função T (x,y) = x2 + y2 ‒ 8x + 5y + 20 tem domínio D(T) = {(x,y) | x2 + y2 < 36}.
∂T ∂T
= 2x ‒ 8 e = 2y + 5
∂x ∂y
2x ‒ 8 = 0
2y + 5 = 0
5 5 9
resolvendo o sistema, temos o único ponto crítico 4, ‒ e T 4, ‒ = = ‒ 2,25 °C .
2 2 4
∂2T ∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T
= 2, = 0, = 0, = 2.
∂x2 ∂x∂y ∂y∂x ∂y2
114 TÓPICO 3 UNIDADE 2
5 2 0
H 4, ‒ = = 4.
2 0 2
5 ∂2T 5
Pelo Teorema 3.2.2, temos H 4, ‒ > 0 e 2 > 0, assim, o ponto 4, ‒ é mínimo.
2 ∂x 2
Portanto, o ponto mais frio da chapa tem temperatura de – 2,25ºC e está localizado no
5
ponto 4, ‒ .
2
Exemplo 8
Para o projeto de uma calha, tem-se uma folha metálica de 12 cm de largura, que se deseja
dobrar de forma a se ter uma capacidade máxima.
Resolução
A área da seção da calha é formada pela área do retângulo, mais a área dos dois
triângulos, conforme a figura.
A = 2 (triângulo) + retângulo
∂f
= 2x sen θ cos θ + 12x sen θ ‒ 4x sen θ
∂x
∂f
= ‒ x2 sen2 θ + x2 cos2 θ + 12x cos θ ‒ 2x2 cos θ
∂y
UNIDADE 2 TÓPICO 3 115
2x cos θ = 4x ‒ 12
4x ‒ 12
cos θ =
2x
6
cos θ = 2 ‒
x
6
Substituímos o valor cos θ = 2 ‒ na segunda equação e resolvendo, encontra-se x = 4
x
6 1
que resulta em cos θ = 2 ‒ = .
x 2
1 π
cos θ = ⇒θ= rad ou θ = 60°
2 3
x θ A
4 30 14.928
4 36 17.013
4 42 18.662
4 48 19.846
4 54 20.553
4 60 20.785
4 66 20.562
4 72 19.919
4 78 18.904
RESUMO DO TÓPICO 3
∂f ∂f
● Dizemos que P (x0,y0) é um ponto crítico de f (x,y) se (x , y ) = (x , y ) = 0 ou se não
∂x 0 0 ∂y 0 0
existir uma das duas derivadas parciais.
1 f (x,y) = x2 + y2 + xy ‒ 6x + 2
3 f (x,y) = x3 + y3 ‒ 6xy
1 4 2 3
4 f (x,y) = ‒ x + x + 4xy ‒ y2
3 3
5 f (x,y) = x3 + y2 ‒ 6xy + 6x + 3y ‒ 2
7 f (x,y) = x4 + y4 ‒ 4xy
TÓPICO 4
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
1 INTRODUÇÃO
∫
Na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral estudamos que a integral indefinida f (x) dx
resulta em outra função, denominada função primitiva de f (x). Estudamos também que a integral
definida é dada por , desde que tal limite exista. O valor calculado na
integral definida, quando f (x) ≥ 0, tem como interpretação imediata o cálculo da área da região
compreendida entre o eixo x, o gráfico de f (x) e as retas x = a e x = b.
Neste tópico, vamos estudar a integral dupla definida, cuja interpretação geométrica,
quando f (x,y) ≥ 0, corresponde ao cálculo do volume do sólido delimitado superiormente pelo
gráfico de z = f (x,y) e inferiormente pela região definida sobre o plano xy.
2 INTEGRAL DUPLA
Definição 4.2.1.1 (Volume sob uma superfície) Se f é uma função de duas variáveis,
contínua e não negativa, numa região R do plano xy, então o volume do sólido compreendido
entre a superfície z = f (x,y) e a região R é definido por
.
120 TÓPICO 4 UNIDADE 2
A soma presente nas duas definições acima é chamada de soma dupla de Riemann e
é usada como uma aproximação do valor da integral dupla.
Nas integrais duplas que estudaremos neste tópico, serão consideradas apenas as
integrais duplas definidas. E na sua resolução, aplicaremos o Teorema Fundamental do Cálculo.
O cálculo da integral dupla é muito complicado pela definição, então veremos como calcular a
integral dupla através da integral iterada, cujo valor pode ser obtido calculando-se duas integrais
de funções de uma variável real. A expressão iterada quer dizer repetida.
UNIDADE 2 TÓPICO 4 121
UNI
Este procedimento segue a mesma ideia para calcular as
derivadas parciais.
Suponha que f seja uma função de duas variáveis contínua no retângulo R = [a,b]x[c,d].
∫
● A integral f (x,y) dy significa que a variável x é mantida fixa (como constante) e f (x,y) é
c
∫
● Como f (x,y) dy é um número que depende do valor de x ele define uma função de x,
c
d
∫
F (x) = f (x,y) dy.
c
IMPO
RTA
NT E!
Lembre-se, quando a integral é definida, aplicamos o Teorema
b
∫
Fundamental do Cálculo f (x) dx = F(b) ‒ F(a).
a
Exemplo 1
Calcular a integral .
Resolução
Resolvendo a integral dupla como integral iterada, temos .
Vamos resolver primeiro a integral que está dentro dos colchetes, considerando como
constante a variável x, já que a função está sendo integrada primeiramente em relação a
variável y (pois a diferencial nesta integral é dy).
122 TÓPICO 4 UNIDADE 2
∫
Assim, xy2 dy = 3x.
‒1
Agora, substituímos este resultado na integral final. E verifique que a integral que falta
resolver é uma integral apenas na variável x.
Portanto, .
Exemplo 2
Calcular a integral .
Resolução
Resolvendo a integral dupla como integral iterada, temos
Vamos resolver primeiro a integral que está dentro dos colchetes, considerando como
constante a variável y, já que a função está sendo integrada primeiramente em relação a
variável x (pois a diferencial nesta integral é dx).
UNIDADE 2 TÓPICO 4 123
Assim, ∫ (x + y + 1) dx = 2y + 2.
‒1
Agora, substituímos este resultado na integral final. E verifique que a integral que falta
resolver é uma integral apenas na variável y.
=1
Portanto, .
UNI
Vamos considerar funções contínuas definidas sobre regiões fechadas, que denotaremos
por D, onde D R2.
∩
Convém separarmos a região plana D em dois casos que chamaremos de Tipo I e Tipo II.
● Uma região plana D é dita do tipo I, se está contida entre o gráfico de duas funções contínuas
de x, ou seja
FONTE: O autor
UNIDADE 2 TÓPICO 4 125
então
Exemplo 3
Escreva ∫∫f (x,y) dA sobre a região D que está compreendida entre o gráfico das funções
D
y = √ 1 ‒ x 2 e y = 1 ‒ x.
Resolução
Vamos escrever esta integral considerando a região do tipo I.
Então usaremos
126 TÓPICO 4 UNIDADE 2
FONTE: O autor
● Uma região plana D é dita do tipo II, se está contida entre o gráfico de duas funções contínuas
de y, ou seja
FONTE: O autor
UNIDADE 2 TÓPICO 4 127
então
Exemplo 4
Escreva ∫∫f (x,y) dA sobre a região D que está compreendida entre o gráfico das funções
D
y = √1 ‒ x 2 e y = 1 ‒ x .
Resolução
Vamos escrever esta integral considerando a região do tipo II.
FONTE: O autor
Então usaremos
128 TÓPICO 4 UNIDADE 2
Exemplo 5
1
Calcule ∫∫f (x,y) dA sobre a região
D
D compreendida entre y =
2
x, y = √ x , x = 2 e x = 4.
Resolução
Conforme pode ser observada a região no gráfico, convêm aplicar o tipo I.
FONTE: O autor
Assim, .
UNIDADE 2 TÓPICO 4 129
11
=
6
11
Portanto, ∫∫f (x,y) dA =
D
6
.
Exemplo 6
Resolução
Conforme pode ser observada a região no gráfico, vamos aplicar o tipo II.
1
h1 (y) = y 4 e h2 (y) = y 2.
FONTE: O autor
130 TÓPICO 4 UNIDADE 2
Assim, .
UNI
Exemplo 7
1
Calcule a área compreendida entre as curvas y = x, y = √ x , x = 2 e x = 4.
2
Resolução
A área compreendida entre as curvas dadas é a mesma mostrada no Exemplo 5.
FONTE: O autor
132 TÓPICO 4 UNIDADE 2
IMPO
RTA
NTE!
Concluindo a ideia do cálculo da área entre curvas, verifique
que a montagem da integral dupla tem o mesmo procedimento
mostrado no item 2.3. A única diferença é que devemos considerar
a função integrante como a constante unitária, isto é, f (x,y) = 1.
Exemplo 8
Calcule a área entre as curvas y = 5 ‒ x2 e y = x + 3.
Resolução
A área compreendida entre as curvas dadas acima está representada a seguir.
FONTE: O autor
UNIDADE 2 TÓPICO 4 133
9
=
2
9
Portanto, a área definida entre as curvas é dada por .
2
LEITURA COMPLEMENTAR
Em 1849, retornou a Göttingen, onde obteve o grau de doutor em 1851. Sua brilhante
tese foi desenvolvida no campo da teoria das funções complexas. Nessa tese encontram-se
as chamadas equações diferenciais de Cauchy-Riemann - conhecidas, porém, antes do tempo
de Riemann - que garantem a analiticidade de uma função de variável complexa e o produtivo
conceito de superfície de Riemann, que introduziu considerações topológicas na análise.
Três anos mais tarde, foi nomeado Privatdozent, cargo considerado o primeiro degrau
para a escalada acadêmica. Com a morte de Gauss em 1855, Dirichlet foi chamado a Göttingen
134 TÓPICO 4 UNIDADE 2
como seu sucessor e passou a incentivar Riemann, primeiro com um pequeno salário e depois
com uma promoção a professor assistente. Em 1859, morreu Dirichlet e Riemann foi nomeado
professor titular para substituí-lo.
O período de 1851 a 1859, do ponto de vista econômico, foi o mais difícil da vida de
Riemann, mas ele criou suas maiores obras justamente nesses anos.
Em 1859, publicou seu único trabalho em Teoria dos Números: um artigo dedicado ao
Teorema dos Números Primos, no qual partindo de uma identidade notável descoberta por
Euler, chegou a uma função que ficou conhecida como Função Zeta de Riemann. Nesse artigo,
provou várias propriedades importantes dessa função, e enunciou várias outras sem prová-las.
Durante um século, depois de sua morte, muitos matemáticos tentaram prová-las e acabaram
criando novos ramos da análise matemática.
RESUMO DO TÓPICO 4
● Depois estudamos como calcular áreas de formas irregulares utilizando as integrais duplas
por dois processos.
● Projetando a região sobre o eixo dos x, que chamamos de tipo I e escrevemos a integral
como .
● Projetando a região sobre o eixo dos y, que chamamos de tipo II e escrevemos a integral
como .
1 ∫∫x
R
2
dxdy
2 ∫∫xy
R
2
dxdy
3 ∫∫x y dxdy
R
3
4 ∫∫e
R
x+y
dxdy
Calcule, por integração dupla, a área da região limitada determinada pelo par
de curvas dado.
6 x2 = 4y e 2y ‒ x ‒ 4 = 0
7 y = x e x = 4y ‒ y2
8 x + y = 5 e xy = 6.
UNIDADE 2 TÓPICO 4 137
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
DE PRIMEIRA ORDEM
1 INTRODUÇÃO
2 definições e terminologias
Uma equação que relaciona uma função desconhecida a uma ou mais de suas derivadas
é chamada de uma equação diferencial.
Uma equação diferencial pode ser classificada como ordinária ou parcial. Se a função
envolvida for uma função de somente uma variável, dizemos que a equação é ordinária (EDO).
Se uma equação diferencial contém, pelo menos, uma derivada parcial, então é denominada
de equação diferencial parcial (EDP). Vejamos alguns exemplos:
∂u ∂u
i) = – 5 , u = u(x, y) parcial
∂y ∂x
d 2y dy
ii) –6 + 8y = 0 ordinária
dx 2
dx
∂2z ∂2z ∂z
iii) + 2–2 = 0, z = z(x, y) parcial
∂x2
∂y ∂y
quanto à ordem uma equação diferencial pode ser de 1ª, de 2ª, ..., de n-ésima ordem
dependendo da derivada de maior ordem presente na equação.
i) y′ – 3xy = x 1° ordem
2
dy
iii) + 3y = 2 1° ordem
dx
d 2y dy
iv) –6 + 8y = 0 2° ordem
dx 2
dx
d 3y dy
v) –t + (t 2 – 1)y = et 3° ordem
dt 3
dt
dy
i) + 3y = 2 linear
dx
dy
ii) + sen y = 2 não linear
dx
d 3y dy
iii) –x + 7y = ex linear
dx 3
dx
d 3 y dy
iv) + + t (y 2 – 1) = et não linear
dt 3 dt
Exemplo 1
1 3 –x 2
Verifique se a função y(x) = + e é solução de y′(x) + 2xy = x.
2 2
Resolução
1 3 –x 2
Dado a função y(x) = + e , vamos encontrar a derivada de primeira ordem.
2 2
3 2
y′(x) = (– 2x)e–x
2
2
y′(x) = –3xe–x
1 3
Então, a função y(x) = + e–x 2 satisfaz à equação diferencial e, portanto y é solução
2 2
da equação diferencial dada.
Exemplo 2
d 2y dy
Verifique se a função y(x) = e2x é uma solução da equação diferencial –5 + 6y = 0.
dx2 dx
Resolução
Dado a função y(x) = e2x, vamos encontrar as derivadas de primeira e segunda ordem.
dy d 2y
= 2e2x e = 4e2x
dx dx2
d 2y dy
Agora, vamos substituí-las na equação diferencial –5 + 6y = 0.
dx2 dx
Exemplo 3
Verifique se a função y(x) = x(In x)2 + 7x é solução da equação diferencial xy′(x) – y(x) = 2xh x.
Resolução
Dado a função y(x) = x(In x)2 + 7x, vamos encontrar a derivada de primeira ordem.
2x In x = 2x In x
Dada uma equação diferencial, dizemos que a sua solução é uma função que satisfaz
a identidade proposta por esta equação. Esta função, expressa por y = F(x) + c, contém uma
constante arbitrária, oriunda do processo de integração. Então, dizemos que y = F(x) + c, c ∈R
é uma família de soluções da EDO e, assim, para cada valor arbitrário de c temos uma
solução (função) diferente para a mesma EDO. Porém, observe que derivando-as obteremos
as mesmas funções, tendo em vista que a derivada de uma constante é zero.
Por exemplo, dada a equação diferencial y′(x) = 5x – 2, sua solução geral é dada por y(x) =
5 2 5 5
x – 2x + c. Vamos considerar c = –1 e c = 3, então y1(x) = x2 – 2x – 1 e y2(x) = x2 – 2x + 3.
2 2 2
Agora vamos derivar estas soluções (funções) y′1 (x) = 5x – 2 e y′2 (x) = 5x – 2 podemos ver que as
derivadas são iguais.
Daí o fato da solução y = F(x) + c, c ∈R ser denominada de solução geral da EDO.
NOT
A!
Um problema com uma equação diferencial satisfazendo alguma
condição adicional (por exemplo, y(x0) = y0 é denominado
problema do valor inicial (PVI).
Exemplo 4
dy
Considerando = 2x, então y = x2 + c é uma solução geral da EDO, c ∈R.
dx
Resolução
Vamos encontrar a solução particular, utilizando a condição adicional y(3) = 4. Desse modo, a
partir da solução geral y = x2 + c, atribuímos a x o valor 3 e a y o valor 4, determinando assim
a constante c:
y = x2 + c
4 = 32 + c
4=9+c
c = –5
y = x2 – 5.
!
ROS
SF UTU
UDO
EST
Vamos imaginar por um momento que temos uma equação diferencial de primeira
dy
ordem na forma normal = f (x,y) e, além disso, que não podemos encontrar nem inventar
dx
um método para resolvê-la analiticamente. Essa situação não é tão ruim quanto parece, uma
UNIDADE 3 TÓPICO 1 147
vez que muitas vezes é possível juntar informações úteis sobre a natureza das soluções,
diretamente da própria equação diferencial. Por exemplo, já vimos que, quando f (x,y) e
∂f
satisfazem determinadas condições de continuidade, as questões qualitativas sobre a
∂y
existência e a unicidade de soluções podem ser respondidas. Veremos nesta seção que outras
questões qualitativas sobre propriedades da solução – Como uma solução se comporta nas
proximidades de um determinado ponto? Como uma solução se comporta quando x → ∞? –
podem frequentemente ser respondidas quando a função f depende somente da variável y.
dy
Vamos começar, porém, com um conceito simples de cálculo: a derivada de uma função
dx
diferenciável y = y(x) dá as inclinações das retas tangentes em pontos sobre seu gráfico.
Inclinação
dy
Como uma solução y = y(x) de uma equação diferencial de primeira ordem =f
dx
(x,y) é necessariamente uma função diferenciável em seu intervalo I. Assim, a curva integral
correspondente em I não deve ter interrupções e deve ter uma reta tangente em cada ponto
(x,y(x)). A inclinação da reta tangente em (x,y(x)) sobre uma curva integral é o valor de sua
dy
derivada primeira nesse ponto e isso é sabido da equação diferencial: f (x,y(x)). Suponha
dx
agora que (x,y) representa qualquer ponto em uma região do plano xy sobre o qual a função
f está definida. O valor f (x,y) que a função atribui ao ponto representa a inclinação de uma
reta ou, como iremos pensar um segmento de reta denominado elemento linear. Por exemplo,
dy
consideramos a equação = 0,2xy, onde f (x,y) = 0,2xy. No ponto, de coordenadas (2,
dx
3), por exemplo, a inclinação de um elemento linear é f (2,3) = 1,2. A figura (a) mostra um
segmento de reta com inclinação positiva passando por (2,3). Conforme mostrado na figura
(b), se uma curva integral também passar por (2,3), fará isto tangenciando esse segmento
de reta; em outras palavras, o elemento linear é uma miniatura da reta tangente nesse ponto.
Campos de Direções
Definição 1.3.1 A equação y′ = f (x,y) será separável se f puder ser expressa como
um produto de uma função p(x) e uma função q(y). Assim, a equação diferencial terá a forma
y′ = p(x) • q(y) ou
dy
= p(x) • q(y) ou
dx
1
y′ • = p(x),
q(y)
1
dy = p(x)dx.
q(y)
1
∫ q(y) dy = ∫ p(x)dx.
E, sempre que for possível, escrevemos a função (solução geral da EDO) na sua forma
explícita.
Exemplo 5
dy
Resolva a equação diferencial = 6ex.
dx
Resolução
dy
= 6ex
dx
Inicialmente, vamos separar as variáveis:
dy = 6ex dx
∫ dy = ∫ 6e dx
x
∫ dy = 6 ∫ e dx
x
y + c1 = 6ex + c2
Isolando a variável y:
y = 6ex + c2 – c1
150 TÓPICO 1 UNIDADE 3
Para deixar uma única constante na função, consideramos c = c2 – c1, donde temos que:
y = 6ex + c
Exemplo 6
dy x
Resolva a equação diferencial = .
dx y2
Resolução
dy x
= 2
dx y
Dada a equação diferencial acima, vamos separar as variáveis:
y 2 dy = x dx
∫y 2
∫
dy = x dx
y3 x2
+ c1 = + c2
3 2
Isolando a variável y:
y3 x2
= + c2 – c1
3 2
3x2
y3 = + 3(c2 – c1)
2
NOT
A!
Não há necessidade de usar duas constantes na integração de
∫ ∫
uma equação separável q(y) dy = p(x) dx, pois se escrevermos
FONTE: O autor
152 TÓPICO 1 UNIDADE 3
Exemplo 7
resolva a equação diferencial y′ y + x = 0.
Resolução
Podemos reescrever a equação dada como:
dy
y + x = 0.
dx
dy
y = –x
dx
dy
y = –x
dx
dy
y dx = –x dx
dx
y dy = –x dx
∫ y dy = –∫ x dx
Vamos escrever apenas uma constante ao lado direito da igualdade, junto à variável x:
y 2 –x 2
= +c
2 3
y 2 = – x 2 + 2c
y 2 = – x2 + k
x2 + y 2 = k
Neste caso, é interessante deixar esta solução na forma implícita, pois facilita a
identificação quanto ao tipo de curva obtida. Neste exemplo, obtemos circunferências centradas
na origem do plano cartesiano com raio igual a √ k .
OBSErVAÇÃO: Note que, para não carregar a notação, aplicamos a ideia de escrever
apenas uma letra para as constantes que surgem no cálculo.
UNIDADE 3 TÓPICO 1 153
Exemplo 8
dy
Determine a solução geral da equação diferencial = sen (2x).
dx
Resolução
Repetindo o procedimento utilizado nos exemplos anteriores, temos:
1
y=
2 ∫ sen u du u = 2x
1
y= (–cos u) + c du = 2 dx
2
1 1
y=– cos (2x) + c du = dx
2 2
FONTE: O autor
154 TÓPICO 1 UNIDADE 3
Exemplo 9
dy
Encontre a solução geral da equação diferencial = e t – y.
dt
Resolução
dy
= et – y
dt
dy
= e t • e –y
dt
dy = e t • e –y dt
ey dy = et dt
∫e y
∫
dy = et dt
ey = et + c
In ey = In (et + c)
y In e = In (et + c)
Como In e = 1, temos:
y = In (et + c).
A
Portanto, y(x) = In (et + c) é solução da EDO proposta c ∈ R.
Exemplo 10
Resolva a equação diferencial (2 + y) dt + (t – 3) dy = 0 .
UNIDADE 3 TÓPICO 1 155
Resolução
Na equação (2 + y) dt + (t – 3) dy = 0 devemos separar as variáveis. Neste caso, deixamos y
do lado esquerdo da igualdade e t do lado direito da igualdade:
(t – 3) dy = –(2 + y) dt
dy dy
=–
2+y t–3
dy dy
∫2+y =∫ t–3
Estas integrais são resolvidas aplicando a técnica de substituição; donde obtemos:
In(2 + y) = – In(t – 3) + c
In(2 + y) + In(t – 3) = c
In[(2 + y) • (t – 3)] = c
A
Portanto, a igualdade (2 + y) • (t – 3) = ec, c ∈ R , é uma solução, na forma implícita,
da EDO proposta.
Exemplo 11
Resolva a equação diferencial y ′ = x e y – x.
Resolução
Primeiramente, vamos mudar a notação da derivada:
dy
= x ey – x
dx
dy
= x e y e –x
dx
dy
e –y = xe –x
dx
e –y dy = xe –x dx
w = – y ⇒ dw = – dy
∫e –y
∫
dy = – ew dw = – ew + c1 = e –y + c1
Enquanto que, para a integral (2), aplicaremos a técnica da integração por partes:
∫ udv = u • ∫
v – vdu u = x
∫ xe –x
∫
dx = x • (– e–x) – (– e–x) dx du = dx
∫ xe –x
dx = – xe–x – e–x + c2 dv = e–x dx
v = – e–x
∫ ∫
Retomando a igualdade e –y dy = xe–x dx, temos:
∫e –y
∫
dy = xe–x dx
–e –y + c1 = –xe–x –e–x + c2
Vamos escrever apenas uma constante do lado direto da igualdade e multiplicar ambos
os lados por (-1), obtendo:
e –y = xe–x + e–x + c
e –y = e–x (x + 1) + c
UNIDADE 3 TÓPICO 1 157
In e –y = In e–x (x + 1) + c
–y = In e–x (x + 1) + c
A
Portanto, y(x) = –In e–x (x + 1) + c é solução da EDO proposta, c ∈ R.
Exemplo 12
xy – y
Encontre a solução particular da equação diferencial y′ = no ponto y(2) = 1.
y+1
Resolução
y(2) = 1
c=1
A função y que satisfaz à equação diferencial e atende à condição y(2) = 1, é dada por
4 Equações diferenciais
Lineares de 1ª ordem
y′ + p(x)y = q(x) ou
dy
+ p(x)y = q(x),
dx
onde p(x) e q(x) são funções lineares e contínuas em algum intervalo I é chamada de
equação diferencial linear de primeira ordem.
NOT
A!
Observe a forma deste tipo de EDO. Cada equação diferencial
que estudaremos possui uma forma-padrão diferente. Fique
bastante atento!
dy
+ p(x)y = q(x) é
dx
UNIDADE 3 TÓPICO 1 159
1
y=
v(x) ∫ v(x) q(x)dx
∫
onde v(x) = eH(x); com H(x) = p(x)dx. A função v(x) é chamada fator integrante.
UNI
Vamos descrever os passos para resolver uma equação diferencial linear a qual
utilizaremos o fator integrante.
∫
• Encontre uma primitiva de p(x), isto é, resolva p(x)dx.
• Multiplique ambos os lados da equação diferencial y′ + p(x)y = q(x) pela função v(x).
Exemplo 13
Encontre a solução geral da equação y′ + 3y = 12 (método do fator integrante).
Resolução
Observe que a equação diferencial já está na forma-padrão y′ + p(x)y = q(x), onde p(x) = 3 e
q(x) = 12.
∫
H(x) = p(x)dx, então, temos
∫
H(x) = 3dx = 3x.
(u • v)′ = u′ • v + u • v′.
∫
e3x y = 12 e3xdx
∫
Atente para o fato de que a integral e3xdx foi resolvida pelo método da substituição.
12 3x
e3x y = e +c
3
e3x y = 4e3x + c
Isolando a variável y,
dy
+ ay = b ou y′ + ay = b
dt
∫
H(x) = p(x)dx
∫
H(x) = adx = ax
(u • v)′ = u′ • v + u • v′.
∫
eax y = b eaxdx
∫
A integral eaxdx foi resolvida pelo método da substituição.
b ax
eax y = e +c
a
Isolando a variável y
b ax –ax
y= e • e + c e–ax
a
b
Portanto, y(x) = + c e–ax, c ∈ R é a solução geral da EDO y′ + ay = b.
a
162 TÓPICO 1 UNIDADE 3
UNI
Exemplo 14
Encontre a solução geral da equação y′ + y = x.
Resolução
Observe que a equação diferencial já está na forma-padrão y′ + p(x)y = q(x), com p(x) =1 e
q(x) = x.
∫
H(x) = p(x)dx, então, temos
∫
H(x) = dx = x.
ex y′ + ex y = xex
(u • v)′ = u′ • v + u • v′.
∫
ex y = x ex dx
∫
Para resolver esta integral x ex dx precisaremos aplicar o método da integração por
partes. Considerando u = x e dv = ex dx teremos du = dx e v = ex. Então, aplicando a fórmula
∫ ∫
da integração por partes u dv = u • v – v du.
∫
ex y = xex – ex dx
ex y = xex – ex + c
Isolando a variável y,
Exemplo 15
dy
Encontre a solução geral da equação x = x2 – 5y.
dx
Resolução
Veja que a equação diferencial não está na forma-padrão y′ + p(x)y = q(x).
5
Assim, identificamos p(x) = e q(x) = x.
x
5
H(x) = ∫ x dx = 5 In x.
= In x5
164 TÓPICO 1 UNIDADE 3
v(x) = x5.
5
x5 y′ + x5 y = x • x5
x
x5 y′ + 5x4 y = x6.
(u • v)′ = u′ • v + u • v′.
∫
x5 y = x6 dx
x7
x5 y = +c
7
x7 –5
y= x + cx –5
7
x2 A
Portanto, y(x) = + cx –5 é a solução geral da EDO, x ∈ R.
7
Exemplo 16
dy
Encontre a solução geral da equação + 4x3 y = 20x3.
dx
Resolução
Observe que a equação diferencial já está na forma-padrão y′ + p(x) y = q(x).
∫
H(x) = p(x) dx, então, temos
∫
H(x) = 4x3 dx = x 4.
ex 4 y′ + 4x3 ex 4 y = 20x3 ex 4
∫
ex 4 y = 20 x3 ex 4 dx
∫
A integral x3 ex 4 dx foi resolvida pelo método da substituição.
1 x4
ex 4 y = e +c
4
1 3x –x 4
y= e e + e –x 4
4
1 3x – x 4 A
+ c e –x , x ∈ R é a solução geral da EDO.
4
Portanto, y = e
4
Exemplo 17
dv
Sabe-se que, no movimento retilíneo uniformemente variado, a aceleração a = é constante.
dt
ds
Supondo que o movimento parte do repouso, e sabendo que v = , determine s(t).
dt
Resolução
Partimos da primeira EDO apresentada:
dv ds
= a =v
dt dt
ds
∫dv = ∫a dt dt = at + v 0
v = at + c1 ds = (at + v0) dt ∫ ∫
at 2
v(t) = at + c1 s = + v0t + c2
2
at 2
•
•• s(t) = + v0t + s0
2
O próximo exemplo traz um problema de valor inicial (PVI). Vamos entender como se
resolve um problema que apresenta uma condição inicial.
Exemplo 18
2
Resolva o seguinte problema do valor inicial y′ + y = x, x > 0, y(2) = 3.
x
Resolução
2
Identificamos p(x) = e q(x) = x.
x
2
H(x) = ∫x dx = 2 In |x|
H(x) = In x 2.
v(x) = x 2
2
x 2 y′ + x 2 y = x2x
x
x 2 y′ + 2xy = x 3
(u • v)′ = u′ • v + u • v′.
∫
x 2 y = x 3 dx
x4
x2 y = +C
4
x4 C A
Portanto, y(x) = + 4 , x ∈ R é a solução geral da EDO.
4 x
22 C
y= + 2 =3
4 2
C
1+ =3
4
C
=2
4
C=8
168 TÓPICO 1 UNIDADE 3
x2 8 A
Portanto, y(x) = + 2 , x ∈ R é a solução particular da EDO.
4 x
Observe que a solução deste problema de valor inicial é válida em todo intervalo ]0, +∞[,
conforme a figura a seguir mostra esta solução.
FONTE: O autor
5 Equações Exatas
Teorema 1.5.1 (Critério para diferencial exata) Sejam M(x,y) e N(x,y) contínuas e com derivadas
parciais de primeira ordem contínuas em uma região R (retangular) definida por a < x < b e c < y < d.
Então uma condição necessária e suficiente para que M(x,y) dx + N(x,y) dy seja uma diferencial exata
∂M ∂N
é: = .
∂y ∂x
UNIDADE 3 TÓPICO 1 169
∂f
• Se for exata, então existe uma função f para a qual = M(x,y).
∂x
∫
f, obtemos f (x,y) = M(x,y) dx + o (y), onde a função arbitrária o (y) é a constante de integração.
• Agora, precisamos encontrar a função arbitrária o (y). Derive a função f (x,y) em relação a
∂f
variável y encontrada anteriormente e supomos que = N(x,y). Da comparação, determina-
∂y
se o (y).
Exemplo 19
Resolva a equação diferencial (x,y) dx + (e y + x)dy = 0.
Resolução
Em primeiro lugar, precisamos verificar se esta equação é exata.
∂M ∂N
Sendo M(x,y) = x + y e N(x,y) = e y + x, verificaremos se = .
∂y ∂x
∂M ∂N
Como, =1e = 1, assim a EDO é exata.
∂y ∂x
∂f
Então, existe f (x,y) tal que = x + y.
∂x
∂f
Vamos integrar = x + y em relação à variável x (mantendo o y constante) para
∂x
encontrar f.
∫
f (x,y) = (x + y) dx
x2
f (x,y) = + xy + o (y).
2
∂f
= x + o′ (y)
∂y
∂f ∂f
Comparando a derivada parcial encontrada = x + o′ (y) com N(x,y), = N(x,y).
∂y ∂y
o′ (y) = e y.
∫
o′ (y) = e y dy
o′ (y) = e y c
x2
f (x,y) = + xy + e y + c, c ∈ R.
2
Exemplo 20
Encontre as curvas integrais de 2xy dx + (x 2 – 1) dy = 0.
Resolução
Sendo M (x,y) = 2xy e N (x,y) = x 2 – 1, temos
∂M ∂N
= 2x =
∂y ∂x
∂f
Então existe f (x,y), tal que = 2xy.
∂x
∂f
Integrando = 2xy em relação a x, obtemos
∂x
∫
f (x,y) = 2xy dx
UNIDADE 3 TÓPICO 1 171
f (x,y) = x 2 y + o (y)
∂f
= x 2 + o′ (y)
∂y
∂f
Comparamos a derivada parcial encontrada acima com N (x,y) = N (x,y).
∂y
x 2 + o′ (y) = x 2 – 1, daí
o′ (y) = –1.
∫
o (y) = – dy
o (y) = – y + c.
Logo, f (x,y) = x 2 y – y + c, c ∈ R.
UNI
Exemplo 21
Resolva a EDO (y cos x + 2x e y) dx + (sen x + x 2 e y – 1) dy = 0
Resolução
Verifiquemos se a equação diferencial é exata.
∂M ∂N
= cos x + 2x e y =
∂y ∂x
∂f
Logo, existe f (x,y) tal que = y cos x + 2x e y.
∂x
172 TÓPICO 1 UNIDADE 3
∂f
Integrando = y cos x + 2x e y em relação à x, obtemos:
∂x
∫
f (x,y) = (y cos x + 2x e y) dx
∂f
= sen x + x 2 e y + o′ (y)
∂y
∂f
Comparemos a derivada parcial encontrada = sen x + x 2 e y + o′ (y) com N (x,y).
∂y
o′ (y) = – 1.
Então,
∫
o (y) = – dy
o (y) = –y + c, c ∈ R.
Exemplo 22
1
Verifique se a equação (x In y – e –xy) dx + + y In x dy = 0 é exata.
y
Resolução
1
Sejam M (x,y) = x In y – e –xy e N (x,y) = + y In x,
y
∂M 1 ∂N 1
Então, =x• + xe –xy e =y• .
∂y y ∂x y
∂M ∂N
Assim, ≠
∂y ∂x
UNI
Exemplo 23
Encontre a curva integral da equação (2x sen y + e x cos y) dx + (x 2 cos y – e x sen y) dy = 0
π
que passa pelo ponto y (0) = .
4
Resolução
O enunciado do exemplo 23 nos traz um problema de valor inicial para uma EDO exata.
∂M ∂N
= 2x cos y – e x sen y = .
∂y ∂x
∂f
Como a equação é exata, então existe f (x,y) tal que = 2x sen y + e x cos y.
∂x
∂f
Integrando = 2x sen y + e x cos y em relação a x, obtemos
∂x
∫
f (x,y) = (2x sen y + e x cos y) dx
∂f
= x 2 cos y – e x sen y + o′ (y)
∂y
∂f
Comparamos a derivada parcial encontrada = x 2 cos y – e x sen y + o′ (y) com N (x,y).
∂y
o′ (y) = 0.
174 TÓPICO 1 UNIDADE 3
o (y) = c.
p
Agora, substituímos as variáveis x e y, pelos valores dados no enunciado y (0) = .
4
x 2 sen y + e x cos y = c
p p
02 sen + e 0 cos =c
4 4
√2
c= .
2
√2
Portanto, x 2 sen y + e x cos y = é a solução particular da EDO, ou seja, a curva
2
p
integral que passa pelo ponto y (0) = .
4
NOT
A!
Caro(a) acadêmico(a)! Se depois da leitura do Tópico 1 e da
realização dos exercícios, ainda tiver dúvidas procure esclarecê-
las antes de iniciar o estudo do Tópico 2. Bons estudos!
UNIDADE 3 TÓPICO 1 175
RESUMO DO TÓPICO 1
• O primeiro tipo de equação estudada foi a Separável, cuja forma-padrão é dada por y′ = p(x) • q(y)
dy
ou = p(x) • q(y) ou y′ q(y) = p(x). A resolução deste tipo de EDO é feita através da separação
dx
das variáveis e em seguida faz-se a integração da igualdade.
• O segundo tipo de equação estudada foi a Equação Diferencial Linear de Primeira Ordem
dy
que tem a forma-padrão y′ + p(x) y = q(x) ou + p(x) y = q(x). Para a sua resolução, utilizamos
dx
∫
o fator integrante v(x) = eH(x), onde H(x) = p(x)dx.
• E o terceiro tipo de equação diferencial estudada foi a Equação Exata, cuja forma-padrão é
expressa por M (x,y) dx + N (x,y) dy. O procedimento de resolução requer que trabalhemos
∂f ∂f
com = M (x,y) e = N (x,y) seguindo todo o procedimento já estudado.
∂x ∂y
176 TÓPICO 1 UNIDADE 3
dy
1 = (x + 1)2
dx
dy t2
2 = 2
dt y
dy 3
3 – y=x
dx x
dy
4 + y = e 3x
dx
5 (1 – x) dy – y 2 dx = 0
6 (2x – y 2) dx + 2xy dy = 0
7 y′ + 3x 2 y = x 2
dy 3x 2 + 4x + 2
8 = , y (0) = 1
dx 2 (y – 1)
dy
10 = e 3x + 2y
dx
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
2 Equações de Bernoulli
Definição 2.2.1 Uma equação de primeira ordem da forma y′ + p(x) y = q(x) y n, onde
p(x) e q(x) são funções definidas e contínuas em algum intervalo I, e n é um número real tal
que n ≠ 0 e n ≠ 1, é chamada de equação de Bernoulli.
NOT
A!
A equação de Bernoulli y′ + p(x) y = q(x) y n que, embora seja de
primeira ordem e não linear (quando n ≠ 1), se transforma em
uma equação diferencial linear através da substituição u = y 1 – n.
y′ + p(x) y = q(x) y n.
y′ y –n + p(x) yy –n = p(x) yn y –n
y′ y –n + p(x) y 1 – n = p(x)
Perceba que a equação obtida acima está na forma-padrão de uma equação linear de
primeira ordem. Então, vamos fazer uma substituição u = y 1 – n. Daí:
u′ = (1 – n) y –n y′
u′
y′ = .
(1 – n) y –n
u′
+ p(x) u = q(x)
(1 – n)
u′ + (1 – n) p(x) u = (1 – n) q(x).
Exemplo 1
dy
Encontre as curvas integrais para a equação x + y = x 2 y 2.
dx
Resolução
Primeiro, precisamos escrever a EDO na forma-padrão de uma equação de Bernoulli.
1
Seja xy′ + y = x 2 y 2. Multiplicando ambos os lados da igualdade por , com x ≠ 0,
x
obtemos:
UNIDADE 3 TÓPICO 2 179
1 1
• (xy′ + y) = • x2 y2
x x
1 1 1
• xy′ + • y= • x2 y2
x x x
1
y′ + y = xy 2
x
1
p(x) = , q(x) = x e n = 2.
x
u′ + (1 – n) p(x) u = (1 – n) q(x)
1
u′ + (1 – 2) • • u = (1 – 2) • x
x
1
u′ + (–1) u = (–1) x
x
1
u′ – u = –x
x
Agora, seguimos o procedimento já estudado para resolver este tipo de EDO. Vamos
encontrar o fator integrante v(x) = e∫p(x)dx.
1
H(x) = ∫ –
x
dx
H(x) = –In x
v(x) = e –In x
v(x) = x –1
1 –1
x –1 u′ – x u = –xx –1
x
x –1 u = – dx ∫
x –1 u = –x + c
180 TÓPICO 2 UNIDADE 3
u = –x 2 + cx
y –1 = –x 2 + cx
y = (–x 2 + cx)–1
1
Portanto, y(x) = , c ∈ R.
–x + cx
2
Exemplo 2
Resolva a EDO y′ + 4y = 3e 2x y 4.
Resolução
A EDO já está na forma-padrão de uma equação de Bernoulli.
p(x) = 4, q(x) = 3e 2x e n = 4.
u′ + (1 – n) p(x) u = (1 – n) q(x)
u′ + (1 – 4) • 4 • u = (1 – 4) • 3e 2x
u′ + (–3) • 4u = (–3) • 3e 2x
u′ –12u = –9e 2x
Agora, seguimos o procedimento já estudado para resolver este tipo de EDO. Vamos
encontrar o fator integrante v(x) = e∫p(x)dx.
∫
H(x) = (–12) dx
H(x) = –12x
v(x) = e –12x
∫
e –12x u = (–9e –10x) dx
w = –10x ⇒ dw = –10 dx
9
Então, e –12x u =
10 ∫
ew dw
9 w
e –12x u = e +c
10
9 –10x
e –12x u = e +c
10
9 –10x 12x
e –12x e12x u = e e + c • e12x
10
9 2x
u= e + c • e12x
10
9 2x
u= e + c • e12x
10
9 2x
y –3 = e + c • e12x
10
–⅓
9 2x
Portanto, y(x) = e + c • e12x , c ∈ R, é solução geral da EDO proposta.
10
Exemplo 3
Encontre a solução geral para a equação xy′ + y = –xy 2.
Resolução
Escrevendo a EDO na forma-padrão de uma equação de Bernoulli.
1
Seja xy′ + y = –xy 2, multiplicamos ambos os lados da igualdade por :
x
1 1 1
• xy′ + • y=– xy 2
x x x
182 TÓPICO 2 UNIDADE 3
1
y′ + y = –y 2
x
Então, aplicamos a fórmula mostrada acima, para transformar a equação numa equação
diferencial linear. Considerando u = y –1.
1
p(x) = , q(x) = –1 e n = 2.
x
u′ + (1 – n) p(x) u = (1 – n) q(x)
1
u′ + (1 – 2) • • u = (1 – 2)
x
1
u′ + (–1) u = (–1)
x
1
u′ – u = –1
x
Agora, seguimos o procedimento já estudado para resolver este tipo de EDO. Vamos
encontrar o fator integrante v(x) = e∫p(x)dx.
1
H(x) = ∫ –
x
dx
H(x) = –In x
v(x) = e –In x
v(x) = x –1
1 –1
x –1 u′ – x u = –x –1
x
1
x –1 u = – ∫ x dx
x –1 u = –In x + c
UNIDADE 3 TÓPICO 2 183
u = –x In x + cx.
y –1 = –x In x + cx
1
Portanto, y(x) = , c ∈ R é a solução geral da EDO.
–x In x + cx
Exemplo 4
2 y3
Encontre as curvas integrais para a equação y′ + y = 2.
x x
Resolução
A EDO é uma equação de Bernoulli. Então, aplicamos a fórmula u′ + (1 – n) p(x) u = (1 – n) q(x),
para transformar a equação numa equação diferencial linear. Considerando u = y –2.
2 1
p(x) = , q(x) = 2 e n = 3.
x x
u′ + (1 – n) p(x) u = (1 – n) q(x)
2 1
u′ + (1 – 3) • • u = (1 – 3)
x x2
2 1
u′ + (–2) u = (–2) 2
x x
4
u′ – u = –2x –2
x
Logo, obtemos uma EDO linear. Agora, seguimos o procedimento já estudado para
resolver este tipo de EDO. Vamos encontrar o fator integrante v(x) = e∫p(x)dx.
4
H(x) = ∫ –
x
dx
H(x) = – 4 In x
v(x) = e – 4 In x
–4
v(x) = e In x
v(x) = x – 4
4 –4
x – 4 u′ – x u = – 2x–2 • x – 4
x
184 TÓPICO 2 UNIDADE 3
∫
x –4 u = – 2 x –6 dx
x –5
x –4 u = – 2 +c
–5
2 –5
x –4 u = x +c
5
2 –5 4
x 4 • x –4 u = x • x + c • x4
5
2 –1
u= x + c • x4
5
2
y –2 = + cx 4
5x
Vamos estudar equações diferenciais lineares de primeira ordem que podem ser
transformadas em equações já estudadas em seções anteriores.
Definição 2.3.1.1 Uma função f = f (x,y) é dita homogênea de grau n se, substituindo-se
x por λx e y por λy for verdadeira a igualdade f (λx,λy) = λn f (x,y), para todo real λ ≠ 0.
x+y
três, um e zero: f (x,y) = xy 2 + x 2 y, f (x,y) = , f (x,y) = .
x – 3y
UNIDADE 3 TÓPICO 2 185
Exemplo 5
Resolução
Para mostrar que f é homogênea, devemos verificar a igualdade f (λx,λy) = λn f (x,y), λ ∈ IR.
f (λx,λy) = λ3 f (x,y)
Exemplo 6
Verifique se a função f (x,y) = é homogênea e se for, indique o grau.
Resolução
Exemplo 7
Verifique se a função f (x,y) = xy 2 + ex + y é homogênea e, se for, indique o grau.
Resolução
f (λx,λy) = λx (λy) 2 + eλx + λy
f (λx,λy) ≠ λn f (x,y)
Exemplo 8
x+y
Verifique se a função f (x,y) = é homogênea e, se for, indique o grau.
x – 3y
Resolução
λx + λy
f (λx,λy) =
λx – 3λy
λ(x + y)
f (λx,λy) =
λ(x – 3y)
x+y
f (λx,λy) =
x – 3y
f (λx,λy) = f (x,y)
y′ = f (x,y)
A
f (λx,λy) = f (x,y), λ ≠ 0
UNIDADE 3 TÓPICO 2 187
Isto quer dizer que a equação M (x,y) dx + N (x,y) dy = 0 será homogênea se M (λx,λy)
= λ M (x,y), λ ∈ IR e N (λx,λy) = λn N (x,y), λ ∈ IR.
n
Exemplo 9
Verifique se a equação (x 2 – y 2) dx – 5xy dy = 0 é homogênea.
Resolução
Temos que verificar se M (λx,λy) = λn M (x,y) e N (λx,λy) = λn N (x,y) têm mesmo grau.
Seja uma EDO homogênea de primeira ordem, vejamos como proceder para resolver
esta equação diferencial homogênea.
dy y
O primeiro passo é colocar a equação na forma =g , onde g é uma função
dx x
contínua de uma única variável.
y
Fazendo v = , então y = vx e
x
188 TÓPICO 2 UNIDADE 3
dy dv y
=x +v e g fica g (v).
dx dx x
dv
x + v = g (v),
dx
dv dx
= .
g (v) – v x
Note que essa equação é separável. Então, podemos resolvê-la como uma equação
y
diferencial separável e escrever a solução em função de x e de y, substituindo v por .
x
Vejamos outra situação; seja uma equação homogênea dada na forma M (x,y) dx +
N (x,y) dy = 0.
dv M (x,y)
Então, M (x,y) dx = +N (x,y) dy ⇒ = .
dx N (x,y)
Exemplo 10
3x 2 + y 2
Mostre que a equação diferencial y′ = é homogênea e encontre sua solução geral.
xy
Resolução
A equação é homogênea: pois, supondo λ ≠ 0,
3(λx) 2 + (λy) 2
f (λx,λy) =
(λx) (λy)
λ2 (3x 2 + y 2)
f (λx,λy) =
λ2 (xy)
3x 2 + y 2
f (λx,λy) =
xy
f (λx,λy) = f (x,y).
UNIDADE 3 TÓPICO 2 189
y
Definindo v = , e substituindo na equação diferencial, temos
x
dy dv
Como y = vx, então =x + v.
dx dx
dv 3 + v2
Logo nossa equação diferencial fica x +v= .
dx v
dv 3 + v 2
x = –v
dx v
dv 3
x =
dx v
3
v dv = dx
x
3
∫v dv = ∫ x dx
v2
= 3 In |x| + c, c ∈ R
2
v 2 = 6 In |x| + 2c, c ∈ R
y
Substituindo v por e k = 2c, temos
x
y2
= 6 In |x| + k, k ∈ R
x2
Exemplo 11
2y 4 + x 4
Mostre que a equação y′ = é homogênea, e resolva a equação diferencial.
xy 3
Resolução
Vamos mostrar que a EDO é homogênea de grau zero, supondo λ ∈ IR.
2(λy) 4 + (λx) 4
f (λx,λy) =
(λx) (λy) 3
190 TÓPICO 2 UNIDADE 3
2λ4 y 4 + λ4 x 4
f (λx,λy) =
λ4xy 3
λ4 (2y 4 + x 4)
f (λx,λy) =
λ4xy 3
f (λx,λy) = f (x,y).
y
Definindo v = , e substituindo na equação diferencial, temos
x
dy 2y 4 + x 4
=
dx xy 3
dy 2v 4 + 1
= .
dx v3
dy dv
Como y = vx, então =x + v.
dx dx
dv 2v 4 + 1
Logo, nossa equação diferencial fica x +v = .
dx v3
dv 2v 4 + 1
x = –v
dx v3
dv v 4 + 1
x =
dx v3
v3 dx
dv =
v +14 x
v3 dx
∫v 4
+1
dv = ∫x
1
In (v 4 + 1) = In |x| + c, c ∈ R
4
In (v 4 + 1) = 4 In |x| + 4c
4 + 1)
eIn (v = e 4 In |x| + 4c
4 + 4c
v 4 + 1 = e In x
UNIDADE 3 TÓPICO 2 191
v 4 + 1 = x 4 e 4c, c ∈ R
v 4 + 1 = kx 4
Isso nos dá
v 4 = kx 4 – 1, k ∈ R
y
Substituindo v por , temos
x
y4
= kx 4 – 1.
x4
Exemplo 12
y2 – x2
Encontre a solução geral da equação homogênea y′ = .
2xy
Resolução
dy dv
Sejam y = vx e =x + v. A edo não linear homogênea assume a forma
dx dx
dy y 2 – x 2
=
dx 2xy
dy v 2 – 1
= .
dx 2v
dv v2 – 1
Então, nossa equação diferencial fica x +v= .
dx 2v
dv v 2 – 1
x = –v
dx 2v
dv –v 2 – 1
x =
dx 2v
2v dx
dv = –
v2 + 1 x
192 TÓPICO 2 UNIDADE 3
2v dx
∫v 2
+1
dv = ∫x
In |v 2 + 1| = –In |x| + c, c ∈ R
In |v 2 + 1| + In |x| = c
2 + 1| + In |x|
eIn |v = ec
2 + 1|
eIn |v e In |x| = e c
|v 2 + 1||x| = ec
y
Substituindo v por e k = ec, temos
x
y2
Portanto, + x = k, k ∈ R é solução da EDO.
x
UNIDADE 3 TÓPICO 2 193
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, vimos outros dois tipos de equações diferenciais lineares de primeira
ordem:
• A diferença das equações estudadas no tópico anterior é que, nestas precisamos fazer
alguma substituição para resolvê-las.
• A outra equação estudada foi a equação homogênea com forma-padrão M (x,y) dx + N (x,y) dy = 0,
onde M e N são funções homogêneas do mesmo grau. Para obter a solução, devemos
dy y y
escrever a EDO na forma =g e fazer a substituição v = .
dx x x
194 TÓPICO 2 UNIDADE 3
dy 1
1 x +y= 2
dx y
2 y′ = y (xy 3 – 1)
dy
4 xy 2 = y 3 – x 3, y (1) = 2
dx
dy
5 x 2 + y 2 = xy
dx
6 (x 2 + y 2) dx + xy dy = 0
UNIDADE 3
TÓPICO 3
Equações Diferenciais
lineares de SEGUNDA Ordem
1 INTRODUÇÃO
2 Equações Diferenciais
lineares de SEGUNDA Ordem
d2 y dy
a1 (x) + a2 (x) + a3 (x)y = o (x),
dx 2 dx
onde os coeficientes a1 (x), a2 (x), a3 (x), são contínuos e o (x) também é uma função
contínua em algum intervalo I.
d2 y dy
a1 (x) + a (x) + a3 (x)y = 0
dx 2 2
dx
NOT
A!
Para as equações lineares homogêneas, é válido o princípio da
superposição que diz que, se y1 (x) e y2 (x) são soluções da
equação diferencial, então
UNI
Suponha que y1 (x) e y2 (x), sejam duas soluções. Então, a combinação linear dessas
duas soluções é uma solução geral dada por
Exemplo 1
As funções y1(x) = e 5x e y2(x) = e –5x são ambas soluções da equação diferencial linear homogênea
y′′ – 25y = 0 no intervalo ]–∞, ∞[. Verifique que o wronskiano é diferente de zero e escreva a
solução da EDO.
Resolução
Sejam y1(x) = e 5x e y2(x) = e –5x. Precisamos derivar as funções para calcular o wronskiano.
W(x) =
Conforme o teorema acima, a solução dessa EDO tem a forma y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x).
NOT
A!
Em resumo, do que vimos sobre o wronskiano podemos concluir:
para que y1 (x) e y2 (x) formem um conjunto fundamental
de soluções da equação diferencial homogênea, basta que o
A
wronskiano W (x) ≠ 0, x ∈ I.
Exemplo 2
Mostre que y1 (t) = t ½ e y2 (t) = t –1 formam um conjunto fundamental de soluções da equação
diferencial linear homogênea 2t 2 y′′ + 3ty′ – y = 0 no intervalo ]0, ∞[.
Resolução
Precisamos verificar primeiro se y1 (t) e y2 (t) são soluções da EDO.
1 –½ 1 –
Se y1 (t) = t ½, então y′1 (t) = t e y′′1 (t) = t .
3
2
2 4
1 – 1 ½
2t 2 – t + 3t t – t½ = 0
3
2
4 2
1 ½ 3 ½
– t + t – t ½ = 0.
2 2
2t 2 (2t – 3) + 3t (– t – 2) – t – 1 = 0
4t – 1 – 3t – 1 – t – 1 = 0.
Para que as funções y1 (t) e y2 (t) formem um conjunto de soluções da EDO, pelos teoremas
anteriores, basta verificarmos que o wronskiano é diferente de zero para algum t > 0. Assim,
1 – 3
W (x) = –t – – t = – t – ≠ 0.
3 3 3
2 2 2
2 2
d2 y dy
a +b + cy = 0
dx 2 dx
onde a, b e c são números reais e a ≠ 0. Para esta equação diferencial linear homogênea
existem valores constantes de λ tais que y = eλx é uma solução.
dy d2 y
Substituindo-se y = eλx, = λeλx e = λ2eλx na EDO obtemos
dx dx 2
eλx (aλ2+ bλ + c) = 0
d2 y dy
Como eλx ≠ 0, então y = eλx é solução de a +b + cy = 0 se, e somente se, λ é
dx 2 dx
solução da equação aλ2+ bλ + c = 0.
d2 y dy
A natureza das soluções da equação diferencial linear homogênea a +b + cy = 0
dx 2
dx
depende da natureza das raízes da equação característica correspondente.
Para escrever as soluções das equações diferenciais, teremos três casos a considerar.
Vamos empregar o teorema apresentado a seguir.
i) Se a equação característica tem duas raízes reais distintas λ1 e λ2, então a solução geral
tem a forma
y = c1eλ1x + c2eλ2x.
ii) Se a equação característica tem apenas uma raiz real λ, então a solução geral tem a forma
y = c1eλ1x + c2xeλx ou
NOT
A!
As raízes λ1 e λ2 da equação característica são chamados de
autovalores.
UNIDADE 3 TÓPICO 3 201
Exemplo 3
Encontre a solução geral da equação y′′ + 4y′ + 4y = 0.
Resolução
Conforme vimos acima, devemos escrever a equação característica λ2 + 4λ + 4 = 0 e encontrar
as suas raízes.
–4
λ=
2
λ = –2
Exemplo 4
Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ – 15y = 0. Depois encontre a solução particular
que satisfaz as condições iniciais y (0) = 0 e y′(0) = –1.
Resolução
Resolvendo a equação característica λ2 + 2λ – 15 = 0, temos
–2 ± 8
λ=
2
–2 – 8
λ1 = = –5
2
–2 + 8
λ2 = =3
2
c1e– 5 • 0 + c2e3 • 0 = 0
c1 + c2 = 0
– 5c1e– 5 • 0 + 3c2e3 • 0 = –1
– 5c1 + 3c2= –1
c1 + c2 = 0 1 1
resolvendo o sistema , encontramos c1 = e c2 = – .
– 5c1 + 3c2= –1 8 8
1 – 5x 1 3x
Portanto, a solução que satisfaz as condições iniciais é dada por y = e – e .
8 8
Exemplo 5
Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ + 5y = 0.
Resolução
Conforme vimos acima, devemos escrever a equação característica λ2 + 2λ + 5 = 0 e encontrar
as suas raízes.
– 2 ± 4i
λ=
2
λ = – 1 ± 2i
λ1 = – 1 – 2i
UNIDADE 3 TÓPICO 3 203
λ2 = – 1 + 2i
Assim, pelo teorema a solução geral da EDO é dada por y = e–x (c1 cos 2x + c2 sen 2x).
Exemplo 6
Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ + y = 0.
Resolução
Resolvemos a equação característica λ2 + 2λ + 1 = 0.
–2
λ=
2
λ = –1
FONTE: O autor
204 TÓPICO 3 UNIDADE 3
Exemplo 7
Encontre a solução geral da equação y′′ + 12y = 0.
Resolução
Resolvemos a equação característica λ2 + 12 = 0, temos
λ2 = –12
λ = ± √ –12
λ = ± √ 12i
λ = ± √ 22 • 3i
λ = ± 2 √ 3i
λ1 = 2 √ 3i
λ2 = –2 √ 3i
LEITURA COMPLEMENTAR
A seguir,
Para alguns propósitos, pode ser perfeitamente razoável nos contentarmos com um
modelo de baixa resolução. Por exemplo, você provavelmente já sabe que, nos cursos básicos
de Física, a força retardadora do atrito com o ar é às vezes ignorada, na modelagem do
movimento de um corpo em queda nas proximidades da superfície da Terra, mas se você for
um cientista cujo trabalho é predizer precisamente o percurso de um projétil de longo alcance,
terá de levar em conta a resistência do ar e outros fatores, como curvatura da Terra.
Porém, se as predições obtidas pela solução forem pobres, poderemos elevar o nível
de resolução do modelo ou levantar hipóteses alternativas sobre o mecanismo de mudança
no sistema. As etapas do processo de modelagem são então repetidas, conforme disposto no
seguinte diagrama:
206 TÓPICO 3 UNIDADE 3
FIGURA 56 – DIAGRAMA
Expresse as hipóteses
FORMULAÇÃO
HIPÓTESES em termos de equações
MATEMÁTICA
diferenciais
Se necessário, altere as
hipóteses ou aumente a Resolva as EDs
resolução do modelo
COMPARE AS
PREDIÇÕES DO Exponha as predições
OBTENHA AS
MODELO COM OS do modelo (por exemplo,
SOLUÇÕES
FATOS CONHECIDOS graficamente)
FONTE: O autor
dP dP
∞ P ou =k•P
dt dt
onde k é uma constante de proporcionalidade. Esse modelo simples, embora não leve
em conta muitos fatores que podem influenciar a população humana tanto em seu crescimento
quanto em seu declínio (imigração e emigração, por exemplo), não obstante resulta ser
UNIDADE 3 TÓPICO 3 207
razoavelmente preciso na previsão da população dos Estados Unidos entre os anos de 1970
e 1980. As populações que crescem à taxa descrição por (1) são raras; entretanto, (1) é ainda
usada para modelar o crescimento de pequenas populações em um curto intervalo de tempo
(crescimento de bactérias em placas de Petri, por exemplo).
RESUMO DO TÓPICO 3
d2 y dy
• Um tipo de equação diferencial a equação na forma-padrão a +b + cy = 0. A sua
dx 2
dx
resolução se resume em encontrar as raízes de uma equação do segundo grau aλ2+ bλ + c = 0.
Após encontrar as raízes da equação aplica-se o teorema a seguir.
• Se a equação característica tem duas raízes reais distintas λ1 e λ2, então a solução geral
tem a forma
y = c1eλ1x + c2eλ2x.
• Se a equação característica tem apenas uma raiz real λ, então a solução geral tem a forma
y = c1eλ1x + c2xeλx ou
1 y′′ – 3y′ + 2y = 0
2 8y′′ + 4y′ + y = 0
3 4y′′ + y′ = 0
4 y′′ – y′ – 6y = 0
5 y′′ + 9y = 0
6 12y′′ – 5y′ – 2y = 0
7 y′′ – 4y′ + 5y = 0
8 y′′ – 2y′ + y = 0
210 TÓPICO 3 UNIDADE 3
REFERÊNCIAS
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. v. 2. Poro Alegre: Bookman, 2007.
FINNEY, R.; WEIR, M.; GIORDANO, F. Cálculo de George B. Thomas Jr. v. 2. São Paulo:
Addison Wesley, 2002.
LEITHOLD, Louis. O Cálculo com geometria analítica. v. 2. 3° ed. São Paulo: Harbra,
1994.
SIMMONS, George F. Cálculo com geometria analítica. v. 2. São Paulo: Pearson Makron
Books, 1987.