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Transtorno de Burnout
MÓDULO II
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos
na Bibliografia Consultada.
Módulo II
Música de Trabalho
Legião Urbana
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1. O que é burnout?
Termo de origem inglesa, burnout designa "algo que deixou de funcionar por
exaustão de energia". Esse termo foi utilizado pela primeira vez publicamente por
Maslach, no Congresso Anual da Associação Americana de Psicologia, em 1997, mas já
havia sido descrita pelo psiquiatra Hebert J. Freudenberg, em 1974. Este descreveu a
síndrome de burnout com um estado relacionado com experiências de esgotamento,
decepção e perda do interesse pelo trabalho, surgindo em profissionais que trabalham
diretamente com pessoas na prestação de serviços e resultaria do deste contato diário no
trabalho. Este estado de esgotamento vivido pelo indivíduo com síndrome de burnout
resultaria da persistência de expectativas inalcançáveis. Assim, para Freudenberg a
etiologia da síndrome seriam causas individuais.
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ser concebida com um construto que abrange três fatores, são eles, a exaustão
emocional, a despersonalização e sentimentos de reduzida realização profissional.
Para Pines & Aronson (citados por Silveira, 2005), a síndrome pode ser
definida como um estado de exaustão emocional, física e mental causado por
um envolvimento de longa duração em situações emocionalmente exigentes.
Isso quer dizer que, esse estado emocional exaustivo é causado por uma exigência
excessiva de caráter psicológico e emocional.
Cabe salientar, no entanto, que, tal como afirmam Silveira (2005), o burnout é
distinto das reações clássicas de estresse porque está mais relacionado a uma fadiga
psicológica.
Ou seja, é diferente do
estresse porque, enquanto o burnout
envolve atitudes e condutas
negativas com relação aos usuários,
clientes, à organização e ao trabalho,
o estresse aparece mais como uma
relação particular entre uma pessoa e
o seu ambiente.
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Kohan & Mazmanian (2003 citados por Silveira, 2005) postulam a noção de que o
burnout é um estado de extremo esgotamento de recursos, resultante de uma
exposição crônica ao estresse laboral. Sua ocorrência se vincula a processos de
diminuição das funções individuais, mal-estar físico, depressão, ansiedade, dificuldade
nas relações interpessoais, aumento no uso de drogas, déficit no desempenho do
trabalho, aumento do absenteísmo (falta ao trabalho), da rotatividade do quadro de
funcionários, bem como intenção de desistir ou diminuição do comprometimento
organizacional.
Estudos mostram ainda que os primeiros anos da carreira profissional seriam os
mais vulneráveis ao desenvolvimento da doença e que há preponderância do transtorno
em mulheres. Segundo Kohan & Mazmanian (2003), as pesquisas têm demonstrado que
as percepções globais do local de trabalho são importantes preditores do burnout.
Embora as pesquisas estejam estendendo o conceito de burnout na direção de outras
ocupações, elas têm demonstrado que sua presença é mais significante em empregados
que trabalham em profissões de ajuda, bem como naquelas que envolvem um alto nível
de contato interpessoal, comprometendo o próprio empregado.
Fonte: www.gettyimages.com
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Ainda conforme Silveira (2005), o nível de auto-estima deveria somar-se aos
fatores relacionados à avaliação do burnout. Isso se explica pelo fato de que o indivíduo
com baixa auto-estima tende a ser menos efetivo nos relacionamentos interpessoais.
Certamente, tanto o estresse como o burnout são síndromes geradas pelo meio
e pelas condições de trabalho, mas o interesse que perseguimos é a análise no ambiente
de trabalho. Igualmente ao assédio moral e ao estresse, vejamos algumas formas de
enfocar o conceito de burnout. Como definição tem que o burnout é um estado de
esgotamento físico, emocional e mental causado ao envolver-se a pessoa em situações
emocionalmente demandante durante um tempo prolongado, necessário haver uma
condição estressante para que apareça o burnout ou síndrome de estar esgotado.
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Posteriormente, em resposta a ambos, como uma estratégia de afrontamento ou
defensiva, instala-se a despersonalização.
Fonte: www.gettyimages.com
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O trabalho, como ação humana social, compreende a capacidade de o homem
produzir o meio em que vive, bem como a si mesmo. No processo de interação com a
natureza, mediado pelos instrumentos fabricados, o homem, ao mesmo tempo em que
modifica a natureza, também é modificado por ela. Dentre as inúmeras modificações,
encontram-se aquelas que têm conseqüências no aparelho psíquico.
O trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parcela do tempo de cada
indivíduo e do seu convívio em sociedade. Com base nisso, Dejours (1992, citado por
Trigo, 2007) afirma que o trabalho nem sempre possibilita realização profissional. Pode,
ao contrário, causar problemas desde insatisfação até exaustão. Estudos mostram que o
desequilíbrio na saúde do profissional pode levá-lo a se ausentar do trabalho
(absenteísmo), gerando licenças por auxílio-doença e a necessidade, por parte da
organização, de reposição de funcionários, transferências, novas contratações, novo
treinamento, entre outras despesas. A qualidade dos serviços prestados e o nível de
produção fatalmente são afetados, assim como a lucratividade, conforme Moreno-
Jimenez (2000, citado por Trigo, 2007)).
Fonte: www.gettyimages.com
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Freudenberger (1974, citado por Trigo, 2007) criou a expressão staff burnout para
descrever uma síndrome composta por exaustão, desilusão e isolamento em
trabalhadores da saúde mental. Desde essa época, tal síndrome tem sido tema de um
grande número de artigos, de livros; de discussões em congressos, como o debate sobre
o “Burnout entre os psiquiatras” realizado no Encontro Anual da Associação Americana de
Psiquiatria. Observou que muitos voluntários com os quais trabalhava, apresentavam um
processo gradual de desgaste no humor e/ou desmotivação. Geralmente, esse processo
durava aproximadamente um ano, e era acompanhado de sintomas físicos e psíquicos
que denotavam um particular estado de estar "exausto".
Com isso, o burnout foi reconhecido como um risco ocupacional para profissões
que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos, Golembiewski, 1999;
Maslach, 1998; Murofuse et al., (2005, citados por Trigo, 2007). No Brasil, o Decreto no
3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu
Anexo II, que trata dos Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais. O
item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o
Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional das Doenças – CID-10) cita a
“Sensação de Estar Acabado” (“Síndrome de Burnout”, “Síndrome do Esgotamento
Profissional”).
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Os profissionais mais atingidos são os que trabalham mais diretamente com
pessoas, como médicos, enfermeiros, professores, psicólogos, assistentes sociais,
policiais, bombeiros.
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Gutiérrez (2000) distingue cinco elementos comuns nas pessoas que sofrem a
Síndrome de Burnout:
a) um predomínio de sintomas como cansaço mental ou emocional, fadiga e
depressão;
b) a evidência pode ser vista em um sintoma mental ou de conduta mais do que
em sintomas físicos;
c) os sintomas estão relacionados com o trabalho;
d) os sintomas se manifestam em pessoas "normais" que não sofriam
anteriormente de nenhuma alteração psicopatológica;
e) se pode observar uma redução da efetividade e do rendimento no trabalho.
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2.1. Quadro Clínico
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2.2. Sintomas Psicossomáticos
• palpitações,
• cefaléias freqüentes;
• cansaço crônico;
• crises de asma;
• desordens gatrointestinais ou úlceras;
• dores cervicais;
• insônias;
• hipertensão;
• alergias;
• diarréias;
• alterações menstruais.
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• dificuldade de concentração;
• distanciamento afetivo;
• decréscimo do rendimento no trabalho;
• sentimento de impotência;
• depressão.
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3.0. Desenvolvimento do Burnout
Maslach (2001) conclui que não existe acordo sobre a evolução da síndrome e,
que, existem oito possíveis combinações para a Síndrome de Burnout, sendo a primeira
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fase a despersonalização, logo a reduzida realização pessoal e finalmente o esgotamento
emocional. Uma segunda alternativa é que as dimensões se desenvolvam
simultaneamente, mas de forma independente.
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Maslach (2001) assinala que o esgotamento emocional representa a
dimensão de tensão básica da Síndrome de Burnout; a despersonalização expressa o
contexto interpessoal onde se desenvolve o trabalho do sujeito, e a diminuição das
conquistas pessoais, representa a auto-avaliação que o indivíduo realiza de seu
desempenho ocupacional e pessoal.
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5.0. Prevenção e tratamento do burnout
Segundo Gil-Monte (2003), as estratégias de prevenção e tratamento do burnout
podem ser agrupadas em três categorias: individuais, grupais e organizacionais.
1. Físicos:
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- técnicas de relaxamento;
- alimentação adequada;
- exercícios físicos regulares;
- repouso, lazer e diversão;
- sono apropriado às necessidades individuais;
- medicação, se necessária e sob supervisão médica.
2. Psíquicos:
- métodos psicoterapêuticos;
- processos que favorecem o autoconhecimento;
- estruturação do tempo livre com atividades prazerosas e atrativas;
- avaliação periódica da qualidade de vida individual;
- reavaliação do limite individual de tolerância e exigência;
- busca de convivência menos conflituosa com pares e grupos.
3. Sociais:
- revisão e redimensionamento das formas de organizações de trabalho;
- aprimoramento por parte da população em geral do conhecimento de
seus problemas médicos e sociais;
- concomitância dos planejamentos econômico, social e de saúde.
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Acreditamos que, dentro da abordagem psicossomática para promoção de saúde,
inclusive nos processos estressantes, encontram-se propostas consistentes para viabilizar
o gerenciamento efetivo do estresse de cada dia.
A versão atual é formada por 22 itens sob a forma de Likert (sob a forma de
afirmações), a cada um destes itens são atribuídos graus de intensidade que vão desde: 1
(nunca), 2 (algumas vezes por ano), 3 (uma vez por mês), 4 (algumas vezes por mês), 5
(uma vez por semana), 6 (algumas vezes por semanas) e 7 (todos os dias). O
preenchimento deste questionário leva em média 10 a 15 minutos. É composto por 3 sub-
escalas: a “exaustão emocional”, a despersonalização” e a “realização pessoal”.
Estas sub-escalas avaliam prováveis manifestações de burnout e embora digam respeito
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a extensões diferentes, estão relacionadas ao burnout, onde a “realização pessoal” está
opostamente correlacionada com o síndroma:
- A “exaustão emocional” é composta por 9 questões (1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, e 20),
que traduzem sentimentos de se estar emocionalmente exausto e esgotado com o
trabalho;
- A “despersonalização”, formada por 5 itens (5, 10, 11, 15 e 22) que descrevem
respostas impessoais;
- A “realização pessoal”, que é constituída por 8 questões (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21),
que descrevem sentimentos ao nível da capacidade e sucessos alcançados no trabalho
com pessoas, esta última está inversamente correlacionada com o síndroma.
Por último um nível alto de burnout traduz-se em scores altos para as sub-
escalas de “exaustão emocional” e “despersonalização”, e scores baixos na “realização
pessoal”, ou seja para a cotação das três dimensões do teste estão estipulados os
intervalos rácios que correspondem a atribuições qualitativas.
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Quanto à “despersonalização”, as pontuações superiores a 10 são níveis altos,
de 6-9 médios e inferior a 6 indica um nível baixo. Por último a “realização pessoal”
funciona opostamente ás anteriores, isto é, níveis maiores ou iguais a 40 é baixo, entre
34-39, médio e menor ou igual a 33 é um nível alto de burnout.
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Referências
CHENISS, C. (1980) Staff Burnout: job stress in the human services. Beverly Hills- British
Journal of Social Work (1981)
FARBER , F.L.F.- Stress perception among Kentucky Secondary School Principals Master
Dissertation, 1986
FREUDENBERG, H.J. Staff burn-out. Journal of Social Issues, 1974, vol. 30 (1), 159 -
165.
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MANASSERO, M. FORNÉS, J. FERNÁNDEZ, M. VÁZQUEZ, A. & FERRER, V.. Burnout
en la Enseñanza: Análisis de su influencia y determinantes. Revista de Educación
Española, 308, 241-266, 1995
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