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DE VITÓRIA
Vitória
2018
Sumário
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1. Histórico e Legislação
Desde o início dos anos 2000, o governo federal vem se dedicando a organizar
a atenção às urgências no país, diante do contexto histórico de superlotação dos
prontos-socorros e alta taxa de morbimortalidade no Sistema Único de Saúde -
SUS. Em 2003, foi inaugurada a Política Nacional de Atenção à Urgências
(PNAU), baseada nos sistemas de atenção às urgências estaduais, regionais e
municipais. De acordo com KONDER (2013), essa política deu especial atenção
à assistência pré-hospitalar tão carente em nosso país, mas também enfatizou
a compreensão de que a atenção às urgências não está restrita ao hospital. Para
isso, retomou a ideia, já proposta anteriormente (BRASIL, 2002), de constituição
de redes locorregionais de atenção às urgências com um componente pré-
hospitalar fixo, composto tanto pela assistência primária à saúde como por
unidades de pronto-atendimento não-hospitalares. Documentos subsequentes
instruíram a implantação, o financiamento e a expansão dessas unidades de
pronto-atendimento não-hospitalares, que viriam a ser popularizadas como
Unidades de Pronto Atendimento – UPA 24h. A Tabela 1 apresenta uma relação
histórica de algumas portarias que estão relacionadas à instituição das UPAs.
Tabela 1. Quadro evolutivo das portarias referentes à regulamentação das UPAs. Fonte:
CONASS, 2015.
Ano Documento Descrição
2002 Portaria 2.048 de Regulamenta o atendimento dos Sistemas
2002 Estaduais de Urgência e Emergência;
estabelece seus princípios e diretrizes; define
normas, critérios de funcionamento,
classificação e cadastramento dos serviços pré-
hospitalar fixos, unidades não hospitalares (24
horas), pré-hospitalar móvel e unidades
hospitalares. Processo de capacitação
profissional – conteúdos e atividades. Revoga a
Portaria n. 814/2001a e inclui diversas
orientações constadas nas portarias anteriores.
2003 Portaria Institui a Política Nacional de Atenção às
1.863/2003 Urgências (PNAU), a ser implementada em
(revogada) todas as unidades federadas, respeitadas as
competências das três esferas de gestão
(organização das redes locorregionais em seus
componentes – pré-hospitalar fixo, pré-
hospitalar móvel, hospitalar e pós-hospitalar).
2008 Portaria Estabelece diretrizes para a organização de
2.922/2008a redes locorregionais de atenção integral às
urgências. Define conceitos, atribuições e
requisitos para a implementação das UPAs e
salas de estabilização em locais/unidades
estratégicas para a configuração dessas redes.
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2009 Portaria Estabelece diretrizes para a implantação do
1.020/2009 componente pré-hospitalar fixo – UPA e SE –
(revogada) visando à organização de redes locorregionais
de atenção integral às urgências. Define
competências das UPAs, porte (I, II, e III) e os
incentivos de acordo com o porte.
2011 Portaria Reformula a Política Nacional de Atenção às
1.600/2011 Urgências e institui a Rede de Atenção às
Urgências no Sistema Único de Saúde. Define
os componentes da Rede (promoção, vigilância,
AB, SAMU, SE, Força Nacional de Saúde –
pop. Vulneráveis – UPAs, hospitais e atenção
domiciliar). Revoga a Portaria n. 1.863/GM/MS
de 2003.
2011 Portaria Estabelece diretrizes para a implantação do
1.601/2011 componente Unidades de Pronto Atendimento
(revogada) (UPA 24h) e o conjunto de serviços de urgência
24 horas da Rede de Atenção às Urgências, em
conformidade com a Política Nacional de
Atenção às Urgências. Institui o incentivo
financeiro e custeio considerando: UPA nova,
ampliada e reformada. Revoga a Portaria n.
1.020/2009.
2011 Portaria Redefine as diretrizes para implantação das
2.648/2011 UPAs e do conjunto de serviços de urgência 24
horas em conformidade com a Política Nacional
de Atenção às Urgências (PNAU). Revoga a
Portaria n. 1.601/2011.
2012 Portaria Dispõe sobre o incentivo financeiro de
1.071/2012 investimento para a construção e ampliação no
âmbito do componente UPA e do conjunto de
serviços de urgência 24 horas da Rede de
Atenção às Urgências, em conformidade com a
PNAU. Revoga a Portaria n. 2.820/2011.
2012 Portaria Dispõe sobre o incentivo financeiro de custeio
1.072/2012 no âmbito do componente UPA e do conjunto
de serviços de urgência 24 horas da Rede de
Atenção às Urgências, em conformidade com a
PNAU. Revoga a Portaria n. 2.821/2011.
2. Definição e Diretrizes
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unidades básicas de saúde (UBS) sejam encaminhados para as unidades
hospitalares, de forma que nas localidades que contam com UPA, 97% dos
casos são solucionados na própria unidade. Para isso, a UPA 24h oferece
estrutura simplificada, com raio-X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de
exames e leitos de observação.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, as UPA’s devem seguir as seguintes
diretrizes:
I - Funcionamento ininterrupto 24 (vinte e quatro) horas e em todos os dias da
semana, incluindo feriados e pontos facultativos;
II - Equipe Assistencial Multiprofissional com quantitativo de profissionais
compatível com a necessidade de atendimento com qualidade, considerando a
operacionalização do serviço, o tempo - resposta, a garantia do acesso ao
paciente e o custo-efetividade, em conformidade com a necessidade da Rede de
Atenção à Saúde – RAS e as normativas vigentes, inclusive as resoluções dos
conselhos de classe profissional;
III - Acolhimento;
IV - Classificação de risco.
Diante do exposto, para que a UPA cumpra seus objetivos e siga as diretrizes a
ela imposta, é de extrema importância que a população tenha o direcionamento
necessário para dirigir-se aos locais apropriados de entrada no Sistema Único
de Saúde (SUS) de acordo com sua demanda. A Prefeitura de Vitória, por
exemplo, determina que devem ser atendidos em UPA’s usuários com quadros
de dores agudas, sangramentos, pequenos acidentes domésticos com cortes e
outros machucados, febre alta, vômito constante, diarreia, suspeita de
intoxicação e acidentes com animais peçonhentos. Os demais problemas de
saúde não urgentes são verificados pelos médicos por meio de consultas
agendadas com antecedência nas unidades de saúde.
É importante ressaltar que o Artigo 12 da resolução CFM nº 2.079/14 estipula
que o tempo máximo de permanência do paciente na UPA para elucidação
diagnóstica e tratamento é de 24h, estando indicada internação após esse
período, sendo de responsabilidade do gestor a garantia de referência a serviço
hospitalar.
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processo de escuta ampliada, o profissional de saúde identifica as necessidades
do usuário segundo riscos e vulnerabilidade, classificando-o de acordo com a
Tabela 2. O fluxograma contido na Figura 1 ilustra possíveis caminhos que o
usuário pode percorrer ao dirigir-se à UPA.
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Tabela 2. Classificação de Risco dos Usuários no Processo de Acolhimento. Fonte: SANTOS,
2008.
Cor Prioridade
Vermelho 0 – emergência, atendimento
imediato
Amarelo 1 – urgência, atendimento o mais
rápido possível
Verde 2 – prioridade não urgente
Azul 3 – consultas de baixa complexidade
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5. Recursos Humanos das UPAs
Figura 3. Distribuição da média do número de profissionais de saúde que atuam nas UPAs da
amostra, segundo porte, agosto 2013. Fonte: CONASS, 2015.
Um aspecto relevante dos recursos humanos das UPAs foi levantado por
MACHADO et al. Em pesquisa realizada entre novembro de 2012 e janeiro de
2013, no estado do Rio de Janeiro. O artigo analisa as estratégias de gestão do
trabalho dos governos e o perfil dos profissionais das UPA. Os resultados
evidenciaram que a contratação de profissionais por meio de Organizações
Sociais permitiu a rápida abertura de unidades e flexibilidade na gestão do
trabalho nas UPAs. Porém, a terceirização não resolveu problemas de
recrutamento e fixação, destacando-se nessas unidades a presença de
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profissionais jovens com limitada experiência em urgências e a rotatividade de
médicos em áreas de vulnerabilidade social, reforçando as UPAs como postos
de trabalho temporários. Nesse contexto, a qualidade do cuidado pode ficar
prejudicada.
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6. Referências