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AcE ue wort S ESTADO DO ESPIRITO SANTO PODER JUDICIARIO VITORIA — 31° VARA CIVEL Nedo Processo _| 001996-08.2013.8.08.0020 N°do Volume 001 oe Data Ajuizamento _| 01/03/2013 N° Petigao Inicial 201300058091 Classe ~___ |(7) Procedimento Ordinario _ ‘Assuntos Principais | Indenizagao_ Valor da Causa _| R$ 398.664,00 Vara _ [31° CIVEL DE VITORIA a i Data/hora de (01/03/2013 — 11:18 distribuigao __—_—*| Distribuicdoporsorteio Requerente Trasimaco Pereira Campos e Maria de Lourdes Campos Requerido Construtora Brasil Ltda Autuagao Aos dias do més de _ (i107 ano de dois mil _, nesta Cidade e COMARCA DA A CAPITAL- JUIZO DE VITORIA e em meu cartério, autuo a peticao e documentos que diante seguem. Eu ___ Escrivao, subscrevi. (> 0 Shas, iv 001996-08.2013.8.08.0020 - coos MATTIE TTR Exmo. Dr. Dr. Juiz de Direito da__ Vara Civel da Comarca de Vitéria -ES. ME PCH rete Py edi ee Vuléuio eg 0403 deur (ntacduus : Ue Pe oie io TRASIMACO PEREIRA CAMPOS e sua esposa MARIA DE LOURDES CAMPOS, brasileiros, ele aposentado, ela do lar, residentes na Rua Valentim Magalhies, n° 89, Sdo Pedro, Vitéria-ES, por seu advogado infra firmado, inscrito na OAB/ES sob o n° 9.221, conforme instrumento procuratério anexo (doc. 01), com escritério na Av. Jerénimo Monteiro, n° 1.100, sala 704, Vit6ria-ES, endereco que indica para receber intimag6es (art. 39, I, CPC), vem, respeitosamente & presenga de V. Exa., propor a presente ACAO DE INDENIZAGAO contra CONSTRUTORA BRASIL LTDA, pessoa juridica de direito privado, com sede na Av. Pedro Il, n° 90, Centro, Vitéria-ES, pelos fatos ¢ fundamentos que passa a expor: Os Autores eram pais de TERTULIANO PEREIRA CAMPOS, que trabalhava como assistente de pedreiro para a empresa Ré, percebendo de remuneragéio um salério minimo mensalmente, vindo a falecer no dia 30 de janeiro de 2013, conforme se verifica na c6pia da Carteira de Trabalho ¢ Certidao de Obito anexas (doc. 02 ¢ 03). ‘A morte do filho dos Autores se deu em face de ter 0 mesmo cafdo de um andaime de uma altura de aproximadamente 15 metros, sofrendo em consequéncia traumatismo craniano. fatidico acidente, que ceifou a vida de um jovem com apenas 19 anos de idade, se deu por absoluta auséncia de seguranga no trabalho e total desrespeito as normas de protegao pela Ré, pois nao havia cinto de seguranga e nem capacete de protegio, conforme determina a Norma Regulamentadora n° 6 aprovada pela Portaria n° 3.214, de 08/06/78, do MTPS. Destaca-se que a vitima era arrimo de famflia, pois os Autores sio pobres e eram mantidos por seu tinico filho. Indiscutivelmente, a responsabilidade pelo evento danoso, que culminou com a morte de uma pessoa, recai sobre a Ré, que violando todas as normas legais pertinentes, permitiu que 0 trgico acontecesse. = 0) eh) uny 5 A teor do que dispde o Artigo 186 do CC, “aquele que, por agdo ou omissdo voluntdria, negligéncia ou imprudéncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilicito.” Por sua vez, 0 art, 927 do CC preceitua que “aquele que, por ato ilicito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repard-lo.” (odes) G no ( Desta forma, pleiteia-se, com a presente aco, a indenizagio dos danos decorrentes da morte do filho dos Autores por 49 (quarenta € nove) anos, que € 0 tempo que completaria ‘a idade de 68 (sessenta ¢ oito) anos, firmado pela jurisprudéncia como limite de sobrevivéncia do brasileiro, bem como em indenizacAo por dano moral. oe Face ao exposto requerem: R Hade pce UPpucer "HEC, a) Seja citada a Ré, por meio do oficial de justiga (art. 22, “f", CPC), na pessoa de seu representante legal para, querendo, contestar, a presente ago no prazo legal, sob pena de revelia (art. 319, CPC); b) Seja julgado procedente 0 pedido, condenando-se a Ré ao pagamento da indenizagao correspondente a 49 (quarenta e nove) anos calculados com base no salério que percebia a vitima e ao pagamento de indenizacao por dano moral em valor arbitrado por esse Juizo, sendo tais valores corrigidos monetariamente & acrescidos de juros legais; c) Seja a RE condenada a constituir um capital, cuja renda assegure o integral cumprimento da decisao (art. 475-Q, CPC); d) Seja a Ré conidenada ao pagamento de honordrios advocaticios na base de 20% (vinte por cento) sobre valor total da indenizagao, bem como todas as cominagées legais, tudo devidamente corrigido na forma da lei e) Requer seja concedido o beneficio da gratuidade de justiga, uma vez que os Autores nfio dispde de recursos para arcar com as despesas processuais sem prejuizo de scu proprio sustento. Requerem finalmente, a produgao de todos os meios de provas admitidos em direito, notadamente 0 depoimento pessoal do Representante legal da Ré, sob pena de confesso, inquirigio das testemunhas cujo rol segue adiante, as quais deverdo ser intimadas por mandado, produgao de documentos, os juntados 2 presente e outros mais que se fizerem necessérios. Dé-se a presente causa 0 valor de R$ 398.664,00 (trezentos e noventa e ito mil, seiscentos e sessenta ¢ quatro reais). + Cute : _p ROL Sunday Vsticoy outer Nestes termos . Riu, Pede deferimento. op POL ORD WPRiD PA il - Vitdria-ES, 1° de marco de 2013. ee ~ ‘a + Longe Witeniacod Norror Loo MEY mando 2 Pen SIMPLICIO LOPES Spe Sah aoumed - OAB/ES 9.221- a ROL DE TESTEMUNHAS: SOMO 01 - DEMONSTENES NEVES, brasileiro, casado, pedreiro, residente na Rua Aracati, n° 32, Sd Pedro, Vit6ria-ES; 02 - PLOTINO SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreito, residente na Rua da Proclamagio, n° 55, Sdo Pedro, Vit6ria-ES; 03 - PROCUS SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreiro, residente na Rua da Proclamagiio, n° 55, Sao Pedro, Vitoria-ES. 3 a CERTIDAO Certifico que registrei no livro AO & fis. 100, sob n° O20 de ordem e a antuei em Cartério. O referido € verdade e dou fé. Vitoria-ES, 04 / 03/102 . SEL ese Escrivao CERTIDAO Certifico que expedi © (i du CAgtoo na forma determinada. O referido é verdade e dou fé. Vitéria-ES, O_/ A Se Escrivao CERTIDAO Certifico que (Ng non cag AG ortity a0 a 2 OLCLOS. ce tice Orefe weterido é verdade e dou £6. - A Vit6ria-ES, O41 027 Jct. ¢ Escrivao CAOLYN- Ort BAB Che JUNTADA Nesta data junto a a estes autos Contyg, ‘ Mowndt WO fo - ¢ GO Pek HAC GO Phi gui) eae Vit6ria-ES, 19/03 J20i3 Escrivao. ESTADO DO ESP{RITO SANTO PODER JUDICIARIO JUIZO DE DIREITO DA 31° VARA CIVEL DA COMARCA DE VITORIA-ES MANDADO DE CITACAO PROCESSO N° 001996-08.2013.8.08.0020 O DOUTOR CLOVIS BEVILAQUA JUIZ DE DIREITO DA 31° VARA CiVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO ESP{RITO SANTO, POR NOMEACAO NA FORMA DA LEL, ETC., ETC. MANDA a qualquer Oficial de Justica deste Juizo, a quem o presente mandado for distribuido © entregue, extrafdo dos autos dacagtim da Agio de INDENIZAGAO proposta por TRAS[MACO PEREIRA CAMPOS e sua esposa MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS contra CONSTRUTORA BRASIL LTDA que, em seu cumprimento, dirija-se ao lugar neste indicado, Municfpio de Vit6ria- ES, ou onde se tomar preciso, nesta Comarca, ¢, af sendo, -SE a CONSTRUTORA BRASIL LTDA na pessoa de seu representante legal, pessoa juridica de direito privado com sede na Av. Pedro II, n° 90, Centro, Vit6ria-ES, para os fins de todos os termos da petigdo inicial cuja c6pia segue anexa, cientificando-a de que, querendo, podera apresentar defesa no prazo de quinze dias, sob pena de ser presumidos aceitos como verdadeiros os fatos articulados pelos Requerentes. CUMPRA-SE NA FORMA E SOB AS PENAS DA LEI. DADO PASSADO nesta Cidade ¢ Comarca de Vitria, Estado do Espirito Santo, aos 04/0) / JOY) Eu Escrivao subscrevi. &y a CLOVIS BEVILAQUA Juiz de Direito a clacay Tut wlozs dor : 5 Voit CERTIDAO 4) 4) eda 9 CERTIFICO que em cumprimento ao respeitavel mandado 1 retro, dirigi-me ao local nele indicado, e ai sendo, apés as formalidades legais, CITEI a Empresa Construtora Brasil Lida, na pessoa de seu representante legal, Sr. Vanderlei Fragoso, dando-lhe ciéncia de todo o contetido do mesmo, ‘0 qual langou o seu ciente no mandado, apés haver recebido a contra-fé que Ihe foi entregue. O referido é verdade e dou fé. Vitéria-BS, 1/02) 012) ARISTOTELES JUNQUEIRA. - Oficial de Justiga - CERTIDAO Cettifico que ‘ peddysionan Tun O teferido é verdade ¢ dou fé. Vitoria-ES, dh / 0% /Ji\2_. & Escrivéo JUNTADA Nesta data junto a estes autos que se seguem. S, JI 2 fie Escrivao CONCLUSAO Nesta data fago concluso estes autos ao Exmo. !- Cicius Blog. Min, Gury Wasi? Veono Gut, te vilauo.. Vit6ria-ES, af /0% / die. Escrivao Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 31* Vara Cfvel da Comarca de Vitéria-ES. pews Autos n° 001996-08.2013.8.08.0020 CONSTRUTORA BRASIL LTDA, empresa prestadora de servigo em construgao civil, com sede na Av. Pedro II, n° 90, Centro, nesta cidade de Vit6ria- ES, inscrita no CNPJ sob o n° 331.107.934/0001-00, por seu advogado infra~ assinado, conforme instrumento procuratrio em anexo (doc. 01), inscrito na OAB/ES sob o n° 9.963, com escritério na Ay. Leitio da Silva, 1.200, Salas 401/403, enderego que indica para receber intimagées, vem, respeitosamente, presenca de V. Exa., nos autos da ACAO DE INDENIZACAO que Ihe movem ‘TRASIMACO PEREIRA CAMPOS sua esposa MARIA DE LOURDES CAMPOS, Autos n° 001996-08.2013.8.08.0020, oferecer, a presente CONTESTACAO nos termos seguintes: PRELIMINARMENTE DA CARENCIA DE ACAO POR IMPOSSIBILIDADE JURIDICA DO PEDIDO (CPC, art. 301, X cle 267, VI) Colendo Superior Tribunal de Justiga, na stimula n° 89 estabelece que “a agdio acidentéria prescinde do exaurimento da via administrativa”. Consoante se pode verificar nos autos, os Autores nao fizeram prova do exaurimento da via administrativa. Assim, so carecedores de ago por impossibilidade juridica do pedido, conforme nos ensina Vicente Greco Filho: “Seria caso de falta de possibilidade juridica do pedido a hipétese em que a lei exige que 0 autor cumpra certo requisito prévio ao exercicio da agiio ele ndo o fez?” (...) “Resta, ainda, discutir 0 problema dos requisitos prévios especiais estabelecidos pela lei para a propositura da demanda. Nao hd diivida de que eles condicionam o exerctcio da ago, € WAL AS i us necessariamente, devem ser enquadrados como manifestagoes de uma das categorias acima referidas: ou so pertinentes a possibilidade juridica do pedido, ow pertinentes ao interesse processual. No Brasil, a doutrina mais abalizada prefere considerd-los como condicionantes da possibilidade juridica do pedido, ou seja, 0 pedido niio é juridicamente posstvel se ndo cumprida, previamente, a exigéncia legal. E 0 que ocorre com a necessidade de notificagéo prévia para a propositura de certas agées, do depésito preparatério da agao etc.” (in Direito processual Civil Brasileiro, 10° ed., Saraiva, 1995, p. 84/86). Diante do exposto, a Ré requer seja acolhida a preliminar de caréncia de ago e extinto o processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, VI do CPC. Contudo, caso assim nao entenda V.Exa., 0 que se admite apenas para argumentar, no mérito o pedido deverd ser julgado improcedente pelos motivos seguintes: NO MERITO Os Autores ajuizaram Agdo de Indenizagiio contra a Ré, pela morte de seu filho TERTULIANO PEREIRA CAMPOS, alegando em sintese que houve culpa por parte desta ao permitir que a vitima trabalhasse sem uso de capacete cinto de seguranga, razao pela qual pleiteiam indenizagdo, a titulo de pensio alimenticia, a ser paga durante quarenta e nove (49) anos, uma vez que o limite de vida do brasileiro é de sessenta ¢ oito (68) anos e a vitima contava na época do Sbito com apenas dezenove (19) anos de idade Nao assiste razao as alegacdes dos Autores, uma vez que os fatos por eles narrados nao correspondem ao que efetivamente aconteceu. No fatidico dia e hora do acidente, a vitima © os pedreiros PROCUS SANTOS e PLOTINO SANTOS, trabalhavam sobre 0 andaime sustentado por cabos de ago ligados a um sistema de engrenagens (catraca), que permite sua movimentagao no sentido vertical, tanto subindo, quanto descendo. O referido andaime possui uma “catraca” de cada lado, sustentadas por cabos de ago. Cada “‘catraca” € composta por uma roldana dentada na extremidade, uma alavanca que a faz girar num sentido (enrolando 0 cabo de ago) e uma tava que impede que gire no sentido contrario. Para fazer subir o andaime, basta mover a alavanca enrolando 0 cabo de ago preso & roldana, primeiro de um lado e depois do outro. Para fazé-lo descer, € necessério sustentar a alavanca com a mio, e aos poucos descer, dente por dente da catraca, a fim de que o cabo de ago desenrole. © acidente se deu porque a vitima juntamente com um dos pedreiros forcou alavanca liberando uma das engrenagens, enquanto 0 outro pedreiro suspendeu a trava que prendia a engrenagem, liberando-a. Por conseguinte, a engrenagem ficou livre permitindo que, em raziio da concentragdo do peso somente 8 sobre um lado, instantaneamente, aquele lado descesse provocando a queda dos trabalhadores. Observa-se, pois, que o acidente se deu por culpa exclusiva dos trabalhadores, que ao liberarem todas as travas de seguranga do andaime provocaram sua propria queda. Assim, nio hé responsabilidade da Ré, pois segundo a doutrina e a jurisprudéncia, unfssonas neste sentido, os pressupostos da responsabilidade civil so: 0 dano suportado pela vitima; a existéncia de dolo ou culpa ¢ 0 nexo causal entre 0 dano e 0 dolo ou culpa grave Admitindo-se, contudo, apenas para argumentar, que estivessem presentes os dois primeiros elementos, o terceiro, indiscutivelmente, nao ocorren, pois 0 nexo que liga 0 acidente ao dano sofrido pela vitima é a propria conduta desta, Ensina-nos © consagrado HUMBERTO THEODORO JUNIOR em sua obra “ACIDENTE DO TRABALHO E RESPONSABILIDADE CIVIL COMUM”: “Para que, destarte, o empregador seja responsabilizado pela reparagao civil do dano sofrido por seu empregado, mister se faz que seja provado, adequadamente, que a lesdo sofrida adveio diretamente da falta grave praticada.” (in obra citada, p. 44).” Continuando, preleciona o precitado mestre: “mesmo havendo no quadro do acidente alguma falha do empregador ou de terceiro, se a causa determinante do evento for localizada diretamente na propria e injustificavel conduta do operador, lugar né&o haverd, também, para a responsabilidade civil de direito comum” (in obra citada, p. 56. Grifamos). O eminente professor CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA, em sua obra intitulada RESPONSABILIDADE CIVIL, 2° Ed., 1990, sobre 0 mesmo tema, assim se expressa: “Quando se verifica a culpa exclusiva da vitima, tollitur quaestio. Inocorre indenizagao. Inocorre igualmente se a concorréncia da culpa do agente e da vitima chegam ao ponto de compensando-se , anularem totalmente a imputabilidade do dano”. (in obra citada, p. 318). Demostrado est4, que mesmo se houvesse culpa a Ré, o que se admite apenas para argumentar, 0 condio fitico que liga o acidente ao dano (nexo de causalidade) € a atitude da vitima e dos trabalhadores que com ela estavam, inexistindo, assim, obrigagao de indenizar. Admitindo-se ainda, ad argumentandum tantum, que houvesse obrigagao da Ré em indenizar os Autores, nao fariam estes jus a (quarenta e nove (49) anos de pensio alimenticia, porque a jurisprudéncia é unfssona no sentido de que se tratando de filho solteiro a indenizagdo decorrente de sua morte consiste em prestago devida até quando completasse ele vinte ¢ cinco (25) anos de idade, conforme vejamos: Se “RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRANSITO - MORTE DE FILHO SOLTEIRO - CALCULO DE INDENIZAGAO - A indenizagdo por danos pessoais decorrentes da morte de filho solteiro, consiste em prestagdo devida até quando completasse vinte e cinco anos de idade, desde que sequer foi alegada a dependéncia econdmica por parte dos pais. A indenizagdo por danos materiais deve ser reduzida a quantia admitida, em depoimento pessoal, com a reparagdo do vetculo desde que o orcamento the seja superior.” (TASP - Ac. unan. da 3° Cam. Civ. de 26.06.90 - Ap. 3.097/89 - rel. Juiz Pacheco Rocha - Celso Albuquerque Rezende & Femando José Fernandes da Costa - Jurisprudéncia DV, 1990, p. 659). He Diante das razées acima expostas, conclui-se que: 1°) Nao ha nexo de causalidade entre o fato (acidente) ¢ 0 dano e, portanto, nao hd obrigagio de indenizar; 2°) Mesmo que houvesse obrigagao de reparar 0 dano, 0 que se admite apenas para argumentar, a indenizagao $6 alcangaria até o limite em que a vitima completasse vinte e cinco anos de idade. FACE AO EXPOSTO REQUER: a) Seja julgado improcedente o pedido dos Autores; b) Sejam os Autores condenados ao pagamento das custas processuais; honordrios advocaticios e demais cominagSes legais; ©) A producio de todos os meios de provas admitidos em direito, inclusive o depoimento pessoal dos Autores, sob pena de confesso, a inquiric&o das testemunhas abaixo arroladas ¢ a produgio de documentos que se fizerem necessérios. Nestes termos Pede deferimento. Vit6ria-ES, 26 de marco de 2013. TRASILBO BRAGANCA OAB/ES n° 9.963 ROL DE TESTEMUNHAS: 1 - FILELFO LIMA, brasileiro, casado, pedreiro, residente na Rua Gravata, n° 06, Vit6ria-ES. 2 - ESTRABAO SANTANA, brasileiro, casado, pedreiro, residente na Rua Aramaré, n° 13, Vitéria-ES. Ht p CERTIDAO Centfico que de ciaio. Op rc Lo. ws civ wtedy coleentds OC Coshou O feito é verdade e dou fé. Vit6ria-ES, \0/_O' (OCA. SA Escrivao CERTIDAO = Certifico que dla ning oi ublieodo. 0 : wo iglothe jodnd Ws pili tad O feito € verdade e dou fé Vit6ria-ES, 13 / OV / 2245. bey Escrivao JUNTADA. Nesta data junto a estes autos a iWeto a ave sesegu Vitéria-ES, J / 02s 2018 . Escrivao CONCLUSAO Nesta data fago concluso estes autos ao Exme ). i Vit6ria-ES, I 7 AB. L Wi Escrivao FA i pie PD LAO be 1 s ) id Exmo. Sr. ludiducig fre Limi, ~ Dr. Juiz de Direito da 31* Vara Cfvel da Comarca do Vit6ria-ES. pe sane No Mang audiéncion Wilma ponoo dor dels 140s ao ty ¢ dt Vrdtumemn- ae Autos n° 001996-08.2013.8.08.0020 Loven Tuy de Oden to TRAS{MACO PEREIRA CAMPOS ¢ sua esposa MARIA DE LOURDES CAMPOS, jé qualificados nos autos da ACAO DE INDENIZACAO que movem contra CONSTRUTORA BRASIL LTDA, autos n° 001996- 08.2013.8.08.0020, por seu advogado infra-assinado, em atendimento ao despacho de fls. 07, nos termos do art. 327 do CPC, vem, respeitosamente, & presenga de V.Exa., dizer 0 seguinte: A preliminar de caréncia de ago por impossibilidade jurfdica do pedido nfio merece qualquer acolhida, uma vez. que totalmente infundada. A ré ao invocar a simula n° 89 do STJ, que exige o cxaurimento da via administrativa para que se possa ajuizar a ago acidentéria, acaba por confundir esta ago com a ago de responsabilidade civil comum. Aquela, ter4 como sujeito passivo 6rgio da Previdéncia Social enquanto esta (aco de indenizacio) € dirigida ao causador do dano. Vejamos 0 que nos diz a respeito o consagrado Processualista Humberto Theodoro Jtnior: “OQ art. 19, I, da Lei n. 6.367/76 prevé para as agdes acidentirias, a serem ajuizadas contra os 6rgios da Previdéncia Social, 0 procedimento sumério, cuja regulamentacao se encontra no Codigo de Processo Civil, arts. 275 a 281. Trata-se, pois, de uma agio suméria em raziio da matéria. A acio de responsabilidade civil comum, no entanto, sem embargo de ter origem num fato configurador de acidente do trabalho, nfo 6 uma acdo acidentéria, em sentido técnico, porque seus pressupostos e objetivos se situam totalmente fora do campo da infortunistica.” (in Acidente do Trabalho e Responsabilidade Civil Comum, Saraiva, Sao Paulo, 1987, p.59, 08 grifos sao nossos). Estando, pois, demonstrada a inconsisténcia da preliminar alegada, os ‘Autores requerem seja a mesma rejeitada, dando-se prosseguimento ao feito, a fim que seja o pedido julgado totalmente procedente. ‘Termos em que Espera deferimento. Vit6ria-ES, 22 de abril de 2013 SIMPL [CIO LOPES - OAB/ES 9.221- CERTIDAO Certifico que IO dodo vast v Rede cl wliEO or rhaiton obord 0 Tilo 1 O feito é verdade e dou fé. Vitéria-ES30_/ OY /_do? . Petes rt Escrivao CERTIDAO Certifico que ox vii sOur.0u \ a wo DF ts ibn CO feito é verdade e dou fé. Vit6ria-ES, 0G/_05/ 40/3. eee Escrivao JUNTADA Nesta data junto a estes autos Oliv, Ce iif enter Desse Me UB pbs. ___ que se seguem. Vit6ria-BS, 4 /_O5/_so3_. jensenecedt | emncneans Escrivao JUIZO DE DIREITO DA 31° VARA CIVEL DA COMARCA DE VITORIA- ESTADO DO ESPIRITO SANTO. AGAO: INDENIZACAO AUTOS N? 001996-08.2013.8.08.0020 ‘AUTORES: TRASIMACO PEREIRA CAMPOS E S/M MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS RE: CONSTRUTORA BRASIL LTDA. TERMO DE AUDIENCIA Aos uhh « oto ( 25) dias do més de VW (©3), do ano de dois mil ¢ treze (2013), as 14 horas, na sala de audiéncia da 31° Vara Civel desta Cidade ¢ Comarca de Vitéria, Estado do Espirito Santo, onde se encontrava presente, comigo escrivao, no final assinado, CLOVIS BEVILAQUA, MM. Juiz de Direito da 31* Vara Civel. Feito 0 pregao na forma de estilo, compareceram os autores TRASIMACO CAMPOS e MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS, devidamente acompanhados do seu advogado Dr. SIMPLICIO LOPES. Presente a ré CONSTRUTORA BRASIL LTDA, por seu representante 0 Sr. VANDERLEY FRAGOSO, devidamente acompanhado por seu advogado Dr. TRASILBO BRAGANGA. Pelo MM. Juiz foi declarada aberta a presente audiéncia ao tempo em que na conformidade do art. 331 do CPC, concitou as partes a composi¢ao amigavel tendo esta sido invidvel em face da negativa da ré. Em seguida, o MM. Juiz proferiu 0 seguinte despacho: “Segundo dispoe o § 2° do art. 331 do CPC, ‘se, por qualquer motivo, nao for obtida a conciliagao, 0 juiz fixar os pontos controvertidos, decidiré as questdes processuais pendentes ¢ determinaré as provas a serem produzidas, designando audiéncia de instrugdo © julgamento, se necessério’. Uma vez que a Ré arguiu caréncia de agdo por impossibilidade jurfdica do pedido, passo a decidir a preliminar, fazendo-o nos termos seguintes: assistiria razio_& Ré, de que os Autores nfo esgotaram a via administrativa antes de ajuizarem a ago acidentédria, violando, portanto, 0 disposto na stimula 89 do STI, se na hipétese tivéssemos uma ago acidentéria. Contudo, como bem ensina Humberto Theodoro Jtinior, em escélio trazido & colacao pelos réus, ‘a ago de responsabilidade civil comum no 6 uma ago acidentéria’, que sao aquelas ajuizadas com base no art. 19, II, da Lei n° 6.367/76, contra os 6rgios da Previdéncia Social. Assim sendo, rejeito a preliminar e, uma vez que a agao foi tempestivamente contestada, declaro saneado 0 processo, posto que no vislumbro nenhuma outra providéncia preliminar a ser determinada e nem irregularidades que devam ser supridas, inocorrendo qualquer das hip6teses que autorizam julgamento antecipado da lide.” Ato continuo, o MM. Juiz, na forma do art, 331, § 2°, do CPC, ontrovertidos da lide a ocorréncia de culpa ou a_vitima dos equipamentos de protegio, sobre os quais incidir4 a prova a ser produzida. Em seguida, o MM. Juiz prot (© seguinte despacho: “Em conformidade com 0 disposto no § 2° do art. 331 do CPC: 1. 1s IG p- Admito a produgéo de prova testemunhal por ambas as partes, bem como os depoimentos pessoais dos autores e de representante legal da ré; 2. Designo audiéncia de instrugio ¢ julgamento para o dia_[!{_ de _cusjost0 de 2013, as 14 horas, ficando as partes e seus advogados intimados de todos os termos do presente despacho. Nada mais havendo deu-se por encerrada a presente audiéncia. Eu, , Escrivao subscrevi. ph — CLOVIS'BEVILAQUA JUIZ DE DIREITO JUNTADA Nesta data junto a estes autos yay ht cue Loe que se segue. Escrivao Mise phopinen JJ Muditunol & “ wands ost My He One ue) 454 Ce. tana ha 454 ok 456 aoe JU{ZO DE DIREITO DA 31" VARA CiVEL DA COMARCA DE VITORIA- ESTADO DO ESPIRITO SANTO. ACAO: INDENIZAGAO AUTOS N° 001996-08.2013.8.08.0020 AUTORES: TRASIMACO PEREIRA CAMPOS E S/M MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS RE: CONSTRUTORA BRASIL LTDA 4uipcds + (opm TERMO DE AUDIENCIA Aos Qui (HL) dias do més de ausos 0 (OY _), do ano de dois mil e treze (2013), as 14:00 horas, na sala de audiéncia da 31° Vara Civel desta Cidade e Comarca de Vit6ria-ES, onde se encontrava presente, comigo escrivio, no final assinado, CLOVIS BEVILAQUA, MM. Juiz de Direito da 31* Vara Civel. Feito 0 pregdo na forma de estilo, compareceram os autores TRASIMACO CAMPOS e MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS, devidamente acompanhados do seu advogado, Dr. SIMPLICIO LOPES. Presente a ré CONSTRUTORA BRASIL LTDA, por seu representante o Sr. VANDERLEY FRAGOSO, devidamente acompanhado por seu advogado Dr. TRASILBO BRABANCA. Presentes as testemunhas: Demostenes Neves (Autor); Plotino Santos (Autor), Procus Santos (Autor), Filadelfo Lima (Ré) e Estrabao Santana (Ré). Pelo MM. Juiz foi declarada aberta a presente audiéncia ao tempo em que na conformidade do art. 448 do CPC, novamente concitou as partes & composigo amigavel tendo esta sido invidvel. Uma vez que os pontos controvertidos da lide sio_a_ocorréncia_de_culpa_ou_nii _o fornecimento_ou_nao_.dos equipamentos de _protecao sobre.os_quais prova produzida, o MM. Juiz passou a colheita da prova oral, nos termos do art. 452 do CPC, deixando de tomar (© depoimento pessoal dos autores e do representante legal da ré porque foram dispensados pelas partes{Finda a instrugio com a inquirigo das testemunhas arroladas na forma dos termos que apartados se seguem, 0 MM. Juiz concedeu a palavra as partes para que na ordem e forma legal previstas no art. 454 do CPC, fizessem suas alegacées orais finais. Pelo ilustre advogado dos autores foi dito: “MM. Juiz, restou provado nos autos que a Ré negligenciou ao permitir que seus funciondrios trabalhassem sem equipamento de seguranga. Os depoimentos testemunhais foram unanimes neste sentido. Portanto presente esto os elementos que justificam a procedéncia do pedido, em face do dano causado ¢ do dever de indenizar. As alegacdes da Ré nao podem prevalecer, uma vez que o fato se deu por sua inteira responsabilidade. Ensina Caio Mario da Silva Pereira que ‘em ocorrendo acidente, 0 empregado tem direito a ser indenizado por qualquer dano & sua pessoa ocorrido no trabalho ou por ocasifio dele. O empregado tera de provar, simplesmente, a ocorréncia do acidente e a relagdo de emprego’. (in Responsabilidade Civil, 2* Ed., p. 294). Isto posto, ratificando em todos os termos a inicial, requer seja julgado totalmente procedente os pedidos, condenando-se a Ré a indenizar os Autores no valor correspondente a 49 anos de pensio, calculados 0 com base no salério que percebia a vitima e por dano moral em valor a ser arbitrado por esse Jufzo. Nestes termos, pede deferimento.” Dada a palavra a0 ilustre patrono da Ré, por ele foi dito: “Eminente Magistrado, pelo conjunto probat6rio carreado para os autos, ficou sobejamente provado que 0 evento danoso, que resultou na morte da vitima, se deu em face de culpa exclusiva da mesma, que ao forgar a trava de seguranca sob a qual estava ligado o cabo de ago que sustentava um dos lados do andaime, liberou totalmente aquele dispositivo, provocando a sua propria queda e dos demais operérios que com ele estavam. Inexiste, pois, 0 nexo de causalidade necessério & obrigagao de indenizar. Também ficou demonstrado que foi. fornecido, equipamento de seguranga, conforme declarou a testemunha Plotino Santos, ao dizer que ‘na obra tinha trés capacetes’. Portanto, requer seja julgado improcedente 0 pedido dos Autores. Contudo caso assim nao entenda V. Exa., 0 que se admite apenas para argumentar, requer seja, em caso de condenagio, reduzida a indenizacao de quarenta e nove (49) para seis, (6 anos, que € 0 tempo em que a vitima completaria vinte e cinco anos de idade, conforme é 0 entendimento jurisprudencial. Nestes termos Augura deferimento.” Finda as declaragées finais, determinou o MM. Juiz a concluséo dos autos para a prolagio da sentenga. Nada mais havendo deu-se por encerrada a presente audiéncia. Eu sh , Escrivao subscrevi. ee Se JUIZ DE DIREITO. 8 JUIZO DE DIREITO DA 31° VARA C{VEL DA COMARCA DE VITORIA- ESTADO DO ESPIR{TO SANTO. ACAO: INDENIZACAO AUTOS N° 001996-08.2013.8.08.0020, AUTORES: TRASIMACO PEREIRA CAMPOS E S/M MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS RE: CONSTRUTORA BRASIL LTDA 1" TESTEMUNHA DO AUTOR Sr. DEMOSTENES NEVES, brasileiro, casado, pedreiro, residente na rua Aracati, n° 32, Sdo Pedro, Vit6ria-ES. Prometeu dizer a verdade no que Ihe for perguntado. ‘Aos costumes nada disse. Inquirido pelo MM. Juiz, as perguntas respondeu que: 0 depoente estava no local dos fatos no dia e hora que ocorreu o acidente, prestando servigo na mesma obra, em cima de um andaime mével, ou jai; que a vitima e mais duas pessoas trabalhavam em um outro jai que estava do lado; que o jai onde se encontrava a vitima soltou um dos lados, 0 que levou ao fato; que as outras duas pessoas que estavam com a vitima se salvaram. Dada a palavra ao advogado dos Autores, as suas perguntas respondeu: que a vitima e as demais pessoas que estavam no jai, quando ocorreu o acidente, no usavam capacete, nem cintos; que a firma nao chegou a oferecer aos seus empregados acessGrios de seguranca que seja do conhecimento do depoente; que o jai tinha capacidade para mais de trés pessoas; que o andaime ou jati, se encontrava numa altura de 14 metros, aproximadamente, quando ocorren o acidente. Dada a palavra ao Advogado da Ré, As suas perguntas respondeu: que o andaime era elevado ou abaixado, através de uma catraca; que existem duas alavancas, sendo que uma trava a catraca e a outra solta 0 mecanismo; que uma s6 pessoa pode operar o sistema de funcionamento de elevacdo do andaime, através do sistema de catraca; que para movimentar a catraca, existe uma trava de seguranga; que o depoente que trabalhava num andaime ao lado, chegou a operar o sistema ou dispositivo de elevacao e decida do jati; que o depoente fazia movimentar o jai em que trabalha, sem auxilio de seus companheiros; que na hora da queda do andaime os ocupantes estavam mexendo na catraca no sentido de descer o andaime. Nada mais havendo deu-se por encerrado 0 presente. Eu __ ~~ » Escrivao, subscrevi. CLOVIS BEVILAQUA JUIZ DE DIREITO JUIZO DE DIREITO DA 31° VARA CiVEL DA COMARCA DE VITORIA- ESTADO DO ESPIR{TO SANTO. AGAO: INDENIZACAO AUTOS N° 001996-08.2013.8.08.0020 AUTORES: TRASIMACO PEREIRA CAMPOS E S/M MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS RE: CONSTRUTORA BRASIL LTDA 2° TESTEMUNHA DO AUTOR St. PLOTINO SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreiro, residente na Rua da Proclamagio, n° 55, Sio Pedro, Vit6ria-ES. Prometeu dizer a verdade no que lhe for perguntado, Aos costumes nada disse. Inquirido pelo MM. Juiz as suas perguntas respondeu que: o depoente no dia e hora do acidente se encontrava sobre © andaime que provocou a morte de Tertuliano Pereira Campos; que 0 andaime estava aproximadamente 14m de altura; que em face da queda o depoente fraturow a junta do seu dedo polegar, o dedo médio da outra mao e ainda a bacia enquanto 0 irmao do depoente fraturou o braco; que o depoente € seus companheiros, trabalhavam no reboco do prédio; que no momento do acidente a vitima e o irmao do depoente operavam o dispositive mecdnico, chamado catraca, no sentido de abaixar o andaime; que o depoente e seu irmio exerciam a fungao de pedreiro, enquanto que a vitima era ajudante de pedreiro; que com a queda os acidentados perderam 0 sentido s6 0 recobrando quando estavam no hospital; que a vitima, morava com 0s pais ¢ era a pessoa que contribufa para a manutengao da casa. Dada a palavra ao Advogado dos Autores, as suas perguntas respondeu: que no momento do acidente as vitimas nao estavam usando capacete. Dada a palavra ao Advogado da Ré, as suas perguntas respondeu: que na obra tinha trés capacetes, mas eles niio falaram que era para ser usado; que no momento do acidente, operavam o sistema de movimento do andaime, como jé foi dito, a vitima e o irmao do depoente, sendo que em quanto um operava a alavanca, 0 outro movimentava a trava de seguranca; que em dado momento 0 andaime se soltou € 0 depoente nem viu como aconteceu; que a catraca disparou numa faixa de cinco metros aproximadamente; que enquanto a vitima operava a catraca, juntamente com seu irmao o declarante se encontrava em pé ¢ de frente para ele. Nada mais havendo deu-se por encerrado 0 presente, Eu, Escrivao, subscrevi. cLovis BEVILAQUA JUIZ DE DIREITO. JUIZO DE DIREITO DA 31* VARA CIVEL DA COMARCA DE VITORIA- ESTADO DO ESPIRITO SANTO. AGAO: INDENIZAGAO AUTOS N 001996-08.2013.8.08.0020 AUTORES: TRAS[MACO PEREIRA CAMPOS E S/M MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS RE: CONSTRUTORA BRASIL LTDA 3° TESTEMUNHA DO AUTOR Sr. PROCUS SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreiro, residente na Rua da Proclamagao, n° 55, Sao Pedro, Vit6ria-ES. Prometeu dizer a verdade no que Ihe for perguntado. Aos costumes nada disse. Inquirido pelo MM. Juiz, as suas perguntas respondeu: que 0 depoente no dia e hora dos fatos narrados na pega inicial se encontrava no local e era uma das pessoas que trabalhava na obra e estava em cima do andaime que desabou e provocou © acidente; que em cima do andaime que desabou, estavam o depoente, seu irmao Plotino Santos e a vitima Tertuliano Pereira Campos; que o depoente estava movimentando uma alavanca, a fim de mover a catraca para descer 0 andaime: que verificando que a alavanca estava “dura”, ou seja, emperrada, o depoente convidou o seu irmao para ajudé-lo; que a vitima estava mexendo a massa para o reboco e o depoente resolveu convidé-la para também ajudar na movimentagao da catraca; em dado momento, quando todos estavam forcando a alavanea, o andaime despencou em um de seus lados, ¢ o depoente nada mais, yiu, recobrando os sentidos quando se encontrava no hospital; que o depoente e seus companheiros nao estavam usando capacete e nem ficou sabendo se a construtora possui tais equipamentos; que a vitima morava com sua mae na época do acidente ¢ era 0 tinico filho, ainda em companhia desta. Dada a palavra ao Advogado dos Autores, as suas perguntas respondeu: que para o depoente 0 andaime nao estava com excesso de peso; que nao tinha pessoa encarregada de fiscalizar os andaimes antes que os mesmos fossem acionados no inicio da jornada de trabalho; que a manutengao era feita pelas proprias pessoas que deles se utilizavam; que o depoente ¢ seus companheiros nao usavam cinto de seguranga, apesar da altura em que trabalhavam. Dada a palavra ao Advogado da Ré, as suas perguntas respondeu: que o andaime j4 chegou a ser movimentado por uma s6 pessoa; que tanto o depoente quanto a vitima j4 0 movimentaram sozinho; que nos dias anteriores .ao fato o andaime foi movimentado normalmente; que no momento do acidente as tr€s pessoas que se encontravam sobre o andaime estavam do mesmo lado; que no momento do acidente 0 depoente movimentava uma das alavancas, nao se recordando quem estava acionando a outra alavanca, se seu irmao ou a vitima; que a catraca pode ficar livre se a0 mesmo tempo forem acionadas as duas alavancas; que 0 depoente ficou sabendo que nao foi © cabo de ago que quebrou, mas foi a,catraca que desenrolou, Nada mais havendo deu-se por encerrado presente. Eu Escrivao, subscrevi. g CLOVIS BEVILAQUA JUIZ DE DIREITO au JUIZO DE DIREITO DA 31° VARA CiVEL DA COMARCA DE VITORIA- ESTADO DO ESPIRITO SANTO. ACAO: INDENIZAGAO AUTOS N? 001996-08.2013.8.08.0020. AUTORES: TRASIMACO PEREIRA CAMPOS E S/M MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS RE: CONSTRUTORA BRASIL LTDA 1* TESTEMUNHA ARROLADA PELA RE Sr. FILELFO LIMA, brasileiro, casado, pedreiro, residente na Rua Gravaté, n° 06, Vit6ria-ES. Prometeu dizer a verdade no que lhe for perguntado. Aos costumes nada disse. Inquirido pelo MM. Juiz. As suas perguntas respondeu: que o depoente 4 trabalhava como pedreiro na obra onde ocorreu o acidente; que no momento do acidente 0 depoente se encontrava na parte interna do prédio; que 0 depoente auxilion no socorro das vitimas; que pelo que se sabe o fato ocorreu por falha humana; que a catraca que movimenta o andaime no sofreu qualquer avaria, exceto empeno em conseqiiéncia da queda; que o dispositivo acima citado continua sendo utilizado normalmente. Dada a palavra ao Advogado da Ré as suas perguntas respondeu: que para o depoente a catraca que movimenta o andaime s6 pode ter sido disparada quando da movimentagdo da alavanca; que o acidente aconteceu quando o andaime estava sendo movimentado para descer. Dada a palavra ao Advogado dos Autores as suas perguntas respondeu: que a firma construtora fornecia os cintos de seguranga e possufg capacetes. Nada mais havendo deu-se por encerrado o presente. Eu, Escrivao, subscrevi. CLOVIS BEVILAQUA JUIZ DE DIREITO SENTENCA Vistos e examinados estes autos da AGAO DE INDENIZAGAO de n® 001996-08.2013.8.08.0020, proposta por TRASIMACO CAMPOS e MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS a CONSTRUTORA BRASIL LTDA, processados pela escrivania da 31* Vara Civel da Comarca do Vitoria-ES. SINTESE POSTULATORIA PROCEDIMENTAL, Os Autores, qualificados na pega vestibular, através de seu advogado legalmente constituido, aforaram em face da Ré, Agao de Indenizagao, alegando em sintese que: a. Seu filho TERTULIANO PEREIRA CAMPOS, que era funciondrio da Ré, onde exercia a fungao de servente de pedreiro, faleceu em virtude de ter caido de um andaime de uma altura de aproximadamente quinze (15) metros, no momento em que trabalhava. b. A responsabilidade por sua morte 6 da Ré, pois inexistia equipamento de seguranga, de fornecimento obrigatério pela mesma. c. A Ré deve ser condenada a indenizar os Autores no valor correspondente a um salario minimo mensal, que era 0 quantum percebido pela vitima, por um prazo de quarenta e nove (49) anos, que é 0 tempo que a vitima completaria sessenta e oito (68) anos, que 6 0 limite de sobrevivéncia do brasileiro, além do dano moral em valor a ser arbitrado por esse Juizo. Com a inicial, vieram o instrumento procuratério, cépia da Carteira de trabalho e da Certidao de Obito da vitima Citada regularmente, a Ré contestou a ago aduzindo: a. O fatidico acidente se deu, por culpa exclusiva da vitima, que liberando totalmente a “catraca” sobre a qual se enrolava 0 cabo de ago que sustentava o andaime onde estava, provocou sua propria queda; b. Inexiste, portanto, o nexo de causalidade que liga 0 fato ao evento danoso, inocorrendo a obrigacao de indenizar; c. Ainda que houvesse obrigagao da Ré em indenizar os Autores, nao fariam estes jus a quarenta e nove (49) anos de pensao alimenticia, pois em sendo a vitima filo solteiro, a indenizacao decorrente de sua morte consiste em pensao devida até quando completasse ele vinte e cinco (25) anos de idade. Saneador proferido na audiéncia de conciliago, quando se designou audiéncia de instrucao e julgamento. Instalada a audiéncia, prestaram depoimento cinco testemunhas. Finda a instrugo, as partes ratificaram os pedidos da fase postulatéria, em alegagées finais. EIS O RELATORIO, COM BASE NO QUAL DECIDO FUNDAMENTOS E CONCLUSAO DISPOSITIVA Trata-se de Indenizagao por acidente no trabalho. A controvérsia da demanda se instala, a luz da teoria da responsabilidade subjetiva, na culpa ou nao da Ré. Detlui-se da prova judicial oral, produzida em audiéncia, mormente nos depoimentos de DEMOSTENES NEVES, fis. 18; PLOTINO SANTOS, fis. 19 @ 25 PROCUS SANTOS, fls, 20; que a vitima, juntamente com os demais trabalhadores que estavam com ele no andaime, liberaram a trava de seguranga existente. Restou provado ainda, que havia equipamento de seguranga a disposigao dos trabalhadores. Entretanto, o fato destes nao estarem usando tais equipamentos nao socorre a Ré, visto que a legistagao pertinente dispoe que além de obrigatério © fornecimento 6 também o uso, consoante estabelece a Norma Requlamentadora n® 06, aprovada pela Portaria n® 3.214 do MTPS. A tica da responsabilidade subjetiva, a responsabilidade civil decorre de és pressupostos essenciais ao ilicito civil: 1° - a existéncia da conduta antijuridica, por comissao ou omissao, danosa ou culposa, “in stricto sensu"; 2° - a existéncia de lesiio a um bem juridico de ordem moral ou material; 3° - 0 nexo de causalidade entre a conduta delitiva e 0 resultado danoso. No caso em apreco, a conduta antijuridica se dimana do fato da Ré permitir que os seus empregados nao utifizassem 0 equipamento disponivel. Contudo, 6 mister verificar em que isto contribuiu para a ocorréncia do fato que originou o dano, qual seja a queda. Z Em seu magistério, 0 festejado CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA, ao discorrer sobre hipétese de escusativa de responsabilidade fundada na culpa, afirma que “a conduta da vitima como fato gerador do dano elimina a causalidade”. Nesta hipitese, se perfilha conduta da vitima. Mesmo que, a conduta da Ré houvesse de alguma forma contribuido para 0 evento danoso, mister se faz atenta verificagao no sentido de precisar 0 grau de colaboragao desta para o resultado final, pois segundo aquele preclaro jurista, “quando verilicado a culpa exclusiva da vitima, tollitur quaestio. Inocorre indenizagao. Inocorre igualmente se a concoréncia de culpas do agente e da vitima chegam ao ponto de, compensando-se, anularem totalmente a imputabilidade do dano”. Insta ressaltar que 0 evento nao teria Ocorrido se a vitima nao houvesse liberado o sistema de engrenagem de um dos lados do andaime. Ademais, houvesse parcela de culpa da Ré, esta, no maximo, chegaria ao ponto de equiparar-se com a culpa da vitima. Do expendido, atento a prova produzida nos autos e na conformidade da legislagao aplicavel a espécie, JULGO IMPROCEDENTE 0 pedido inicial formulado pelos Autores TRASIMACO CAMPOS e MARIA DE LOURDES PEREIRA CAMPOS, e condeno-os ao pagamento de honorarios advocaticios ao patrono da ré, em 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, corrigido monetariamente desde a data da propositura da ago, bem como nas custas processuais. Publique-se Registre-se e Intimem-se. Vil6ria-ES, 02 de outubro de 2013. CLOVIS BEVILAQUA Juiz de Direito 26

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