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CASOS HUMANOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL ENTRE 2007 E

2013 NO MUNICÍPIO DE PALMAS, TOCANTINS


R. S. SOARES JR.¹, Y. F. MORENO¹, K. B. M. SILVA², J. G. D. CASTRO³, O. S.
RODRIGUES³, E. BARRERA JR3., M. S. JAYME3, P. C. PÁDUA³, E. BARRERA JR³., M. S.
JAYME³, A. B. O. COSTA³

¹ Acadêmicos do Curso de Biomedicina do CEULP/ULBRA. Email: robertjr@ymail.com


² Farmacêutica Generalista e Bióloga, Especialista em Farmácia Hospitalar e Mestranda em Ciências do Ambiente pela UFT.
³ Participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde.

XIV Jornada de Iniciação Científica do CEULP/ULBRA

RESUMO: Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença parasítica debilitante e potencialmente fatal
que afeta ao menos 12 milhões de pessoas, com uma incidência estimada de 2 milhões de novos
casos anualmente, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde, a segunda maior doença
de importância pública causada por um protozoário. Com transmissão por flebotomíneos das
espécies Lutzomyia longipalpis e L. cruzi, a mesma apresenta em infecções fatores como febre,
hepato e esplenomegalia, podendo causar óbito caso não tratada. Sendo própria de locais com clima
seco e precipitações pluviométricas anuais inferiores a 800 mm, com fisiografia entre montanhas e
vales. Em 2003 o Tocantins foi o estado que registrou a maior taxa de incidência da doença no país
com 20 casos por 100 mil habitantes.

PALAVRAS-CHAVE: Leishmaniose Visceral. Epidemiologia. Parasitologia.

INTRODUÇÃO: O programa brasileiro de controle da leishmaniose visceral (LV) baseia sua


estratégia em três medidas, sendo que a primeira delas tem caráter eminentemente curativo: 1)
detecção e tratamento de casos humanos, 2) controle dos reservatórios domésticos, e 3) controle de
vetores (Costa et al., 2007). A vigilância de casos humanos é realizada por meio da notificação de
casos suspeitos, de sua investigação e da confirmação mediante exame parasitológico direto ou por
critério clínico epidemiológico (Camargo-Neves et. al., 2001).
De acordo com o Ministério da Saúde (apud Bezerra, 2008), entre 1984 e 2002, houve um total de
48,455 casos de LV no Brasil, com 60% destes nos estados de Bahia, Ceará, Maranhão, e Piauí. E
também (apud Glória, 2006), em 2003 o Tocantins foi o estado que registrou a maior taxa de
incidência da doença no país com 20 casos por 100 mil habitantes.

MATERIAIS E MÉTODOS: Para este trabalho fez-se uma pesquisa no Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (SINAN). O qual é uma base de dados alimentada por informações do
Ministério da Saúde, sendo formado por informações dos órgãos de saúde nas esferas municipais e
estaduais. Optou-se por uma busca de informações sobre as ocorrências de Leishmaniose Visceral
Humana entre os anos de 2007 e 2012. Os valores encontrados foram tabelados e posteriormente
analisados e transformados em gráficos no Microsoft Excel 2013. Os dados Pluviométricos foram
obtidos pelo site Tempo Agora, as demais imagens externas foram editadas de seus artigos
originais. Para analisar os dados encontrados na literatura, foram realizadas estatísticas descritivas,
gráficos com frequências absolutas, e estatísticas inferenciais envolvendo o teste de qui-quadrado
para tendência (para relacionar o ano e os casos de leishmaniose), o teste de qui-quadrado para
independência (verificar a associação entre sexo e os casos de LV), bem como Correlação de
Pearson para investigar a relação entre as variáveis climáticas de temperatura, pluviosidade e os
casos de Leishmaniose. Em todos os testes foi adotado um nível de significância (a) de 0,05 para
Erro do Tipo I, ou seja, o erro de rejeitar a Ho quando esta devia ser aceita (SOARES &
SIQUEIRA, 2002). As estatísticas referenciais foram feitas com o auxtílio do Epi Info (2004),
versão 3.5.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre os estudos feitos em Palmas, sobre a incidência da
LV esta o trabalho de Glória (2006), a qual apresentou tendência significativa (Χ²=41,8; p=0,0001)
como pode ser observado na figura 1.
100

80 91
60

40 53 51
41
20
26 25
0
15
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Figura 1: Variação de casos anuais de Leishmaniose Visceral Humana em Palmas entre 2007 e
2003.

Pelos dados apresentados, pode-se verificar que no período entre 1997 e 2003, a LV estava ainda
em um ciclo de crescimento contínuo, no qual a mesma passava por anos de aumento consecutivo,
com pequenas quedas nos anos de 1999 e 2002, porém em 2003, na cidade de Palmas obteve-se o
patamar de 66 casos por 100 mil habitantes.
Relativamente ao avanço da endemia na cidade a figura 2 apresenta os dados do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN), mostram que na década posterior os números
estavam baixando significativamente (Χ²=6,86; p=0,008).
45
40
35 39 39
30
32 32
25
20 26 26
15 21
10
5
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Figura 2: Nº de Casos de LV em Palmas entre os anos de 2007 e 2013.


Fonte: SINAN, consultado em 13/03/2014
Em relação aos casos da doença humana, a mesma encontra-se em casos de diminuição com sua
tendência a diminuir, ou estabilizar-se nos anos posteriores. Para isso, seria adequado uma maior
análise de seu ciclo em relação ao ano e possíveis comparações com as condições do ambiente,
como precipitações. As figuras 3 e 4 fornecem uma comparação útil sobre a mesma.
Comparativamente a pluviosidade e os casos cumulativos mensais do período estudado, não houve
correlação significativa (rp=-0,25; p=0,43). Não houve correlação significativa entre a temperatura
mínima e os casos de Leishmaniose durante o período estudado (rp=-0,14; p=0,66) e nem máxima
(rp=-,14; p=0,64).
Figura 3: Casos Cumulativos de LV Humana por mês entre 2007 e 2013
30 26 27
25
23
25 21
18
20 16 16 15
13 13
15 10
10
5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: SINAN, consultado em 13/03/2014.


Figura 4: Variação Cumulativa de Temperatura e Precipitação em Palmas entre 1961 e 1990.

Fonte: SOMAR 2013, acessado em: 05/09/2013 (adaptado).


A enzootia tem sua distribuição de forma constante com o passar dos anos, mas de forma a ter
maior acúmulo de casos nos meses de Maio a Julho, os que são os de menor precipitação,
coincidindo com o Inverno do Hemisfério Sul. A LV tem sua principal distribuição em regiões do
globo terrestre considerados de terceiro mundo; grandes exemplos de casos de endemia dessa
doença ocorreram e ainda ocorrem em locais como China (a partir de 1950), India (a partir de
1940) e no Brasil com o primeiro diagnóstico por Chagas em 1936, porém tendo início como
medida de tratamento no Ceará em 1953 (Costa et. al., 1995; Costa, 2011).Entre as características
desses locais, há a clara colocação do semi-árido, o qual poderia apresentar condições específicas.
Segundo Menezes (2008) a doença é própria de locais com clima seco e precipitações
pluviométricas anuais inferiores a 800 mm, com fisiografia entre montanhas e vales.
Sobre a sua disseminação por sexo, a figura 5 mostra que há maior contato com Homens, os quais
apresentam um valor de 65% no total cumulativo. A semelhança desses dados, Prado et. al (2011),
encontraram em Montes Claros (MG), valores de 64% e 36% para homens e mulheres
respectivamente. Não houve associação significativa pelo teste de qui-quadrado entre o gênero e os
anos de estudo (X²=4.297; p=0,0.636).
250 212
200
138
150

100 74
32 39 39 32
50 17 9 26 23
9
2613 2118 23
9 16 7 23 12 9 21
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

Masculino Feminino Total

Figura 5 – Frequência Anual de Casos por Sexo.


Fonte: SINAN, consultado em 13/03/2014.

CONCLUSÕES: A Leishmaniose Visceral é multifacetária, entre os dados apresentados acima,


verifica-se que as ações de combate da LV em humanos tem tido uma resposta positiva, logo, as
ações devem estar focadas no combate ao vetor, e cuidado com os reservatórios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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perfil em focos urbanos. UFT: Palmas, 2008. 85 f. Disponível em:
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