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Aulas digitadas paciente está entrando no grupo da obesidade

mórbida.
CLÍNICA MÉDICA – Cirrose e suas complicações
Sua PA estava 13/85 mmHg, estando no limite
17/04/2015 – Galvão
máximo da normalidade. A FC estava 96bpm,
eupneico, abdome em peso, fígado e baço palpáveis e
A gravação começou um pouco depois do início
sem edema de membros inferiores. Essa é a história
da aula, na qual o professor apresenta um caso
do paciente.
clínico. Ele faz um cálculo sobre o quanto de álcool é
A partir daí, qual seria a conduta? Uma
consumido de acordo com a quantidade de cerveja
ultrassonografia color doppler? Marcadores
ingerida. Se uma pessoa consumir 144 gramas ao
sorológicos virais?
longo de uma semana, serão mais ou menos 20g por
O US na obesidade, no abdome agudo, pode ser
dia, é um bebedor leve; se beber essa quantidade
ruim, porém no indivíduo normal, reflete muito
duas vezes em uma semana, serão 280 (40g por dia),
(inaudível). Na obesidade, não faria, pois o fígado é
já passa a ser um bebedor moderado; acima de 80g, o
muito superficial. O grande método para se ver
indivíduo já é um bebedor pesado.
esteatose hepática, por exemplo, é o ultrassom. (ficou
Essa é a relação com as doenças em quem é
confusa essa parte, não entendi direito porque tinha
suscetível. Há pessoas que bebem a vida inteira e não
muita gente fazendo barulho)
desenvolvem doença nenhuma, portanto não é
O TAP normal é acima de 70; o TAP do paciente
qualquer um que bebe que vai ter qualquer patologia.
estava normal, ou seja, sua produção de protrombina
Esse garoto (do caso que ele estava apresentando)
era normal. Só o fígado produz protrombina, ninguém
tinha um etilismo leve; a princípio, o etilismo leve não
mais, portanto o TAP é um marcador de função, de
leva a nenhuma doença. Isso é importantíssimo
síntese hepática. A síntese pelo TAP, neste caso, está
quando vamos avaliar outras causas de doenças
boa.
pancreáticas, neurológicas e hepáticas relacionadas
“Aqui” é de 93.000 (acredito que ele esteja se
ao álcool. Um bebedor leve não deve ter nenhuma
referindo às plaquetas). Qual o significado de uma
doença hepática muito relacionada ao álcool.
plaquetopenia para esse paciente?
Continuando o caso, o paciente apresentava
A medula óssea produz plaquetas, leucócitos e
obesidade e (não deu pra entender). Então ele era um
hemácias. Neste caso, os leucócitos e hemácias
etilista leve, estava obeso e sua alimentação tinha
estavam normais, então provavelmente sua medula
uma má qualidade, com muita fritura, muita gordura.
está boa, a não ser que ela não tenha uma produção
Em exames de rotina, percebeu-se uma elevação das
específica de plaquetas.
transaminases – da aspartato aminotransferase
Algumas doenças comuns que podem fazer
(estava 70, sendo que o normal é até 46) e ALT de 63
plaquetopenia são dengue, púrpura trombocitopênica
(normal até 72). Já tinha também um grau de
idiopática (PTT, doença autoimune na qual ocorre
plaquetopenia.
uma lise das plaquetas); nesse mesmo caminho,
Analisando os dados positivos, temos AST (ou
quase todas as doenças autoimunes, principalmente o
TGO) aumentada, ALT normal, e além disso a
lúpus, causam plaquetopenia. Uma causa
plaquetopenia. O valor normal das plaquetas é de
fundamental de plaquetopenia são as hepatopatias
150.000 a 450.000.
crônicas, em especial o vírus C da hepatite.
Temos que ter o cuidado de ler casos clínicos e
Então, esse paciente tinha as transaminases um
não esperar que mostrem, por exemplo, que há uma
pouco alteradas, especialmente a TGO (também
plaquetopenia; temos que buscar os dados.
chamada AST). Em termos de estudo médico, as
Ao exame clínico, o paciente estava anictérico,
transaminases servem para analisar necrose ou
bem hidratado, corado e pesando 127kg. Ele tinha
inflamação hepática. Para avaliar a função hepática,
1,75 m, possuindo então um IMC de 42 (127/1,752). O
temos três grandes formas que são TAP, proteínas
IMC normal é de 18 até 24,9-25. Abaixo de 18 é
totais e frações (albumina só é produzida no fígado) e
magro; entre 25 e 29.9 é sobrepeso; entre 30 e 35,
a bilirrubina, que é sintetizada e conjugada no fígado.
obesidade grau I; entre 35e 40, obesidade grau II; já
Se houver uma obstrução, a bilirrubina irá mostrar
um IMC acima de 40, obesidade mórbida. Portanto, o
que a hepatofunção está alterada. Não

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necessariamente é a função do hepatócito, pode ser Portanto, é um paciente com plaqueta baixa, o
da via biliar. que pode acontecer em todas as hepatopatias
O que chama atenção no caso então: é um crônicas, desde a esquistossomose até a cirrose. Se as
paciente jovem, com plaqueta baixa, TGO elevado e, plaquetas estão baixas, deve-se pensar em fígado. É
curiosamente, sua albumina está no limite mínimo da mais comum do que púrpura trombocitopênica, do
normalidade (que é 3 a 5g/dL), ainda está normal mas que lúpus. Ele tem uma hiperglobulinemia, que pode
está no limite mais baixo. Tem também uma globulina nos levar a pensar em doença autoimune (quando
de 4,1 (normal até 2). tem muita globulina, o paciente pode estar com
Estamos falando de um paciente obeso muito anticorpo). Porém, nas agressões hepáticas, as
(obesidade mórbida) que procurou o médico para células de Kupffer produzem muita globulina. Sua
fazer exames de rotina e encontrou transaminase bilirrubina é uma Síndrome de Gilbert e sua ferritina
elevada. Professor disse que isso é muito comum, que está elevada. Com a ferritina muito elevada, é preciso
ao menos uma vez na semana recebe um paciente continuar investigando, continuar na sequência.
com transaminases elevadas. A primeira pergunta que Os marcadores virais dele nessa data foram: anti-
foi feita é se ele bebia. O paciente bebe, porém de HCV, HBsAg e Anti-HBc não reagentes. Não tinha
forma leve; também não está tomando nenhum hepatopatia crônica por vírus C nem B. Professor
medicamento que justificasse a toxicidade hepática reforça que a principal causa de hepatopatia com
medicamentosa. Aparece a plaqueta diminuída, a plaquetopenia é hepatite C.
albumina (que só é produzida no fígado) está no Quando se fez o ultrassom, que foi um dos
limite inferior, e ele também apresenta uma exames que nós pedimos, foi possível ver uma
hiperglobulinemia. Sua glicemia está normal (98 hiperecogenicidade compatível com esteatose
g/dL). O professor diz que muitos perguntam se uma hepática. O fígado parecia um pouco reduzido de
glicemia de 89 é alta, já que o limite é 99; se o valor tamanho. No hilo esplênico do baço havia uma rica
normal é de 60 a 99, tudo que está nessa faixa é circulação colateral, que pôde ser vista com ultrassom
normal. doppler. Geralmente, “daqui” sai um caminho que é a
Pergunta: mas pela história dele você já não fica artéria esplênica e um outro caminho que é a veia
mais alerta? esplênica; no exame, está tudo enovelado, com
Resposta: não, fico atento com a obesidade. Se grosso calibre, caracterizando uma circulação
eu melhorar a obesidade, melhoro (??) da glicemia, da colateral.
intolerância. Resumindo, paciente com 39 anos, não bebe e
Continuando, sua bilirrubina total é de 2,1 não tem vírus. Temos que descobrir qual a causa
(normal é até 1 mg/dL). O valor normal de bilirrubina dessa hepatopatia. Além disso, ele tinha
direta é até 0,15; mas a que está aumentada no transaminases alteradas (TGO). Por que a TGO estava
paciente é a indireta (1,91 mg/dL). A causa mais um pouco alterada e a TGP não? A TGP é marcadora
comum para aumento da bilirrubina indireta é a de doença viral aguda; já a TGO é muito marcadora de
Síndrome de Gilbert, que são pacientes que não doença alcóolica ou cirrose. Quando a hepatopatia é
captam toda esta bilirrubina, tem algum processo pré- muito crônica, a TGO costuma estar aumentada e a
conjugação, ela ainda não está conjugada. É uma TGP não. É um dado importante.
doença que acomete 6% da população mundial. Temos então um paciente com hepatopatia
Esse dado leva ao erro; se olharmos só isso crônica. Os dados que nos dizem isso são: baço
(globulina elevada, albumina baixa, plaqueta baixa...), aumentado, colateral (hipertensão porta), fígado
acharemos que este paciente não é hepatopata. Essa diminuído e esteatótico, TGO um pouco aumentada,
bilirrubina não tem valor na história, pois parece uma globulina aumentada e plaqueta baixa. É um quadro
síndrome de Gilbert. clássico de hepatopatia crônica.
Dando seguimento ao caso: triglicerídeos Precisamos saber então qual a causa dessa
normais, colesterol normal, e apresenta ferritina hepatopatia, já que ele não bebe e não tem vírus.
muito alta. A ferritina, que é um reservatório de ferro, Se a ferritina, que é reservatório de ferro, está
aumenta muito nas hepatopatias inflamatórias; isso é alta, poderíamos pensar em doenças que não tem a
um dado importante para sabermos. ver com o fígado, mas que causam depósito de fero. A

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doença que causa isso é a hemocromatose. Nessa O melhor seguimento seria a angio TC. Poderia
patologia, há uma absorção maior de ferro pelo tubo ser a angioRM, qualquer uma das duas estaria
digestivo, e esse ferro vai ser depositado em vários correta. Temos que fazer um estudo desse fígado com
locais, como articulação, pâncreas e fígado. Isso pode um método melhor e ver como está a circulação
causar doença hepática crônica, doença pancreática colateral.
crônica, miocardiopatia e poliartropatia. No entanto, QUESTÃO DE PROVA! Professor pergunta quais
para isso era necessário que, além da ferritina, o ferro são as duas grandes síndromes de uma cirrose
e a transferrina também estivessem aumentados. hepática. A primeira é a síndrome de hipertensão
Ainda iremos ver se pediremos esses exames, pois porta. Quando pensamos em hipertensão porta, o
hemocromatose é uma possibilidade nessa idade. que é que pensamos que está clinicamente
A ceruloplasmina é uma substância que se liga ao relacionado a ela?
cobre, portanto diminui quando há muito cobre.
Portanto, a ceruloplasmina poderia mostrar uma
outra forma de doença hepática, que é a doença de
Wilson. Nela, ocorre um depósito excessivo de cobre
no fígado. Ambas as doenças são raras, sendo a
hemocromatose um pouco mais comum que a de
Wilson.
Como o paciente tem uma hiperglobulinemia,
poderia ser uma doença autoimune. O professor
pergunta à turma quais são as doenças autoimunes
do fígado, e alguém fala hepatite autoimune. Ele diz
que esta é a mais provável em caso de enzima
alterada, hiperglobulinemia. Professor segue citando
outras doenças, como colangite esclerosante
primária, cirrose biliar primária, síndrome (acho que
foi isso que ele disse) de IgG4 (tanto hepático quando
biliar), são as mais comuns. Professor diz que é
importante saber três delas, que são a cirrose biliar
primária, colangite esclerosante primária e (não Imagens retiradas da internet.
consegui entender, mas pelo que pesquisei na internet “Aqui” é o sistema porta, que vai entrar “aqui
é colangite autoimune). dentro”. “Aqui” estão as células do fígado, e por aqui
Pedidos os exames, os resultados foram: passa o sistema vascular e biliar. Por isso, quando
ceruloplasmina normal (o que afasta doença de uma célula incha na hepatite, ela comprime o
Wilson); FAN não reagente. Na hepatite autoimune, o canalículo, causando a icterícia. Então, aqui estão os
FAN é positivo em 90-95%, então podemos descartar hepatócitos e aqui os sinusoides; os sinusoides estão
a hepatite autoimune. O ferro está normal; a ferritina entre os hepatócitos, eles fazem toda a alimentação
estava alta, mas a capacidade de combinação do ferro dos hepatócitos. Quando o hepatócito faz um nódulo
também estava normal, assim como o índice de de penetração, esses nódulos comprimem ou
transferrina. O valor elevado de ferritina indica que é envolvem por fibrose o sistema sinusoidal,
decorrente do processo inflamatório e nada mais, não aumentando sua pressão. Essa pressão aumentada vai
é sendo transmitida até chegar nas tributárias no
Para maior avaliação do parênquima hepático e esôfago. Portanto, a primeira grande manifestação é
sistema porta o que você solicitaria? a hipertensão porta e a dilatação de suas tributárias.
a. TC de abdome superior; lembrar que há Se a veia do baço está dilatada, o baço aumenta,
circulação colateral. fica ingurgitado. O baço é o órgão que rompe as
b. Angio RM vanosa de abdome células sanguíneas velhas; quando ele está
c. PET-TC aumentado, destrói mais, portanto a plaquetopenia é
d. Ecoendoscopia resultante disso. A esplenomegalia é também uma

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das manifestações da hipertensão porta, isso é Falando de insuficiência hepática – o fígado
importante!! falhou, está pequeno, está fibrosado. O marco da
Com a hipertensão, o caminho natural está com cirrose é a fibrose, é a substituição do tecido normal
uma resistência , portanto ocorre procura de outros pelo fibrótico, que não tem vida, não produz nada.
caminhos, resultando em dilatação das veias do Quando falamos de insuficiência hepática, estamos
esôfago e do fundo gástrico, fazendo varizes gástricas falando da função do fígado.
e esofagianas. As varizes são dilatações de veias que Uma das funções do fígado é produzir proteína,
já existem; com isso, o organismo resolve procurar como a albumina que serve para manter uma boa
outro caminho, abrindo então veias que estavam pressão oncótica. Se há uma hipertensão porta e
“dormindo” e fazendo circulação colateral. Portanto, pouca albumina, o sangue vai transudar muito mais
temos então: esplenomegalia por congestão, varizes facilmente. Desse modo, um hepatopata que tem
por dilatação e circulação colateral por busca de outro hipertensão porta e insuficiência hepática tem uma
local. chance muito maior de fazer ascite. Se ele tem ascite,
As varizes gástricas e esofagianas são as mais pode fazer uma peritonite bacteriana espontânea (ou
comuns, mas podem ocorrer varizes até no ascite neutrofílica), que é uma complicação.
retroperitoneo, no duodeno. A albumina fica baixa, assim como o TAP. O TAP
Pergunta: e a dilatação das tributárias? faz parte da coagulação sanguínea; no entanto, 50%
Resposta: é a dilatação das tributárias que está da coagulação sanguínea está no fígado – fatores II, V,
fazendo varizes. VII, VIII e X. Com isso, esses indivíduos têm distúrbio
A congestão da veia mesentérica superior dá de coagulação; não é incomum esses pacientes terem
edema nas alças intestinais, pois as alças de delgado telangiectasias, hemorragias, equimoses espontâneas.
drenam para a mesentérica superior. Dá edema nas Têm distúrbio de coagulação por causa da
alças e no lado esquerdo do cólon, o que faz com que insuficiência hepática, que não produz fatores de
ocorra mais hemorroida. A hemorroida é mais comum coagulação de maneira adequada.
na cirrose hepática com hipertensão porta. O O fígado não metabolizando bem os hormônios
peritônio que drena “para cá” as vezes transuda, femininos, dá uma característica de feminilidade no
fazendo uma ascite. Ele irá transudar mais se, além de homem, que passa a ter ginecomastia, pilificação
uma hipertensão porta, o paciente tiver albumina ginecoide, deposição de gordura na coxa,
baixa. Isso é uma segunda síndrome, que é a hipogonadismo, testosterona baixa... isso tudo é
síndrome de insuficiência hepática. manifestação de insuficiência hepática.
A síndrome da hipertensão porta é caracterizada Professor diz que na prova pedirá para citarmos
por esplenomegalia, varizes, circulação colateral, as manifestações de hipertensão porta e as de
ascite. Quando o sangue passa pelo fígado normal, insuficiência hepática. Diz que até esse momento da
este o filtra, peroxida, transforma amônia em ureia, aula, ele já falou de duas questões das três que ele
enfim faz todo um metabolismo hepático. Se o fígado mandou, sendo uma delas dissertativa.
não está bom, não tem capacidade para realizar essa Pergunta: por que ocorre essa característica de
transformação adequadamente, fazendo com que o feminilidade nos homens?
indivíduo fique em estado de hiperamonemia. Ao Resposta: tanto o homem quanto a mulher têm
mesmo tempo, existe a circulação colateral para a os dois tipos de hormônios, predominando os
passagem do sangue que não consegue entrar no hormônios masculinos nos homens. No caso dos
fígado doente; essa amônia elevada que não passa hormônios femininos, eles são degradados no fígado
pelo fígado é uma das causas para a encefalopatia do homem; o homem com insuficiência hepática não
hepática, que é uma manifestação tanto de degrada, então faz ginecomastia, palma hepática na
insuficiência hepática quanto de hipertensão porta. região tenar e hipotênar, faz telangiectasia, que é
O professor diz que quer que guardemos as uma angiodisplasia arterial, uma aranha vascular. Eu
manifestações de um e de outro (síndrome de sei que é arterial porque, se eu apertar no centro dela,
insuficiência hepática e da hipertensão porta); a ela desaparece, e se fosse veia, dilatava.
encefalopatia e a ascite são manifestações dos dois. A Isso é tudo sinal de insuficiência hepática:
albumina baixa é insuficiência hepática. ginecomastia, palma hepática, encefalopatia (que é

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lícita, podendo ser manifestação de insuficiência
hepática e de hipertensão porta). Quando infecta a
ascite (todos começaram a falar ao mesmo tempo,
não deu pra entender).
Pergunta: (inaudível)
Resposta: a principal causa de peritonite
bacteriana espontânea é a presença da ascite; o
paciente sem ascite raramente vai apresentar.
Pergunta: a prega palmar vermelha é da
hipertensão porta?
Resposta: não, os hormônios femininos fazem
uma vermelhidão, uma vasodilatação, então há
formação da angiodisplasia. Quando está Nessa imagem você compra o fígado e o baço.
vasodilatador, fica mais vermelho. O fígado está diminuído e o baço aumentado, estão
Pergunta: (inaudível) quase do mesmo tamanho. Vemos também uma
Resposta: esse paciente tem uma tendência a ter circulação colateral já esboçada. “ali” circulação
uma fácies característica: parótida aumentada, nos colateral do baço, aqui várias colaterais.
alcóolatras principalmente), o hiper(??) pelo aumento
de parótida e, como tem uma insuficiência hepática,
uma vermelhidão em vários lugares, inclusive no
rosto.

Aqui começa a aparecer outra circulação


colateral. Está vindo do baço e indo para a periferia.
Olhem o tamanho da veia renal esquerda. O paciente
Foi feito esse exame: por acaso apareceu um fez uma colateral buscando outro caminho, a veia
cálculo nele também. Esse cálculo. Ele é radiopaco ou renal esquerda. Porque a veia esplênica pode ter
não? como tributaria a veia renal esquerda, calibrosa. Ele
não estava encontrando caminho dentro do fígado.
Como eu sei se um cálculo é radiopaco ou
Se cai na veia renal, essa vai para a cava, ou seja, o
não? Tudo que é radiopaco é calcificado, isso é um
sangue não passou pelo fígado e foi para a cava
calcificação.
direto.
Qual é o cálculo mais comum em um
indivíduo? É o radiopaco ou o radiotransparente? É o
calculo (?)(ele falou muito baixo e arrastado), esse
aqui.
Nas hepatopatias crônicas, coo altera o
metabolismo da bilirrubina, favorece o cálculo de
bilirrubinato de cálcio. Que é um caso relativamente
comum.

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Os exames de imagem mostram uma cirrose
hepática com hipertensão porta. Qual exame se
torna fundamental?
a) Alfa feto proteína
b) Videoendoscopia digestiva
c) RM de crânio
d) Biópsia hepática

Os exames de imagem mostram cirrose


hepática e hipertensão porta. Qual exame se torna
fundamental?
a) Alfa feto proteína. Para ver carcinoma
hepatocelular.
Nos pacientes com hipertensão portal, o O que é a alfa feto proteína? É uma proteína
achado de uma veia renal esquerda calibrosa, pode de vida intrauterina, por isso chama “feto proteína”,
indicar a presença de anastomoses esplenorenal ou seja, vinda da vida fetal. Quando você tem um
espontâneas. hepatocarcinoma na vida adulta, essa proteína que só
Observem o tamanho da veia renal, olhem a tínhamos na vida intrauterina, ela volta a subir na vida
da direita. adulta. Então é um marcador. Possivelmente por
O baço está quase do tamanho do estar sendo produzidas células novas.
fígado. Esplenomegalia é manifestação de? Aluno Quando perguntarem algo para vocês, vocês
responde: hipertensão porta. devem se perguntar o que aquilo significa. Até já
Observem as colaterais nesse método. perguntei aqui em sala de aula, para que serve
albumina? Para manter a pressão oncótica e
transportar quase tudo no organismo, é o grande
motorista do nosso organismo.
Você sabem qual a causa dessa hepatite,
desse caso? Uma das causas, que hoje é uma das três
grandes causas de hepatopatia crônica do mundo, e
para 2040 vai ser a principal causa de cirrose no
mundo, é a esteato hepatite não alcóolica. Esse
paciente não é alcóolatra, ele é obeso e tinha
esteatose na US no primeiro exame, tinha erro
alimentar, então ele tem uma esteato hepatite não
alcóolica.
O que é esteato hepatite? É inflamação do
fígado esteatótico. Esteatose é deposição de gordura
Observem que interessante onde está indo em mais de 5% dos hepatócitos na biópsia.
essa colateral. Ela está indo para a pelve. Ele fez Geralmente o grande método vem através da
colateral que foi buscar vaso da pelve lá embaixo para ultrassonografia. O mais adequado método para
poder retornar ao coração. avaliar a esteatose é a ressonância magnética.
Professor comenta que esse paciente é Então nós optamos aqui para saber o
azarado, fez um exame de rotina, achou transaminase diagnóstico dele para fazer uma biópsia hepática. Não
altas e estava com cirrose. que ele não precisasse de uma videoendoscopia, aliás,
Uma cirrose com hipertensão porta, fígado já ele fez para ver se havia varizes, e havia varizes de
reduzido de tamanho, professor pergunta, qual o tipo pequeno calibre. Ele fez uma circulação colateral
de doença que está levando isso? Vamos continuar muito grande e não fez varizes de grande calibre.
pesquisando.

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Então esse paciente tinha uma cirrose principalmente pela circulação colateral e a
macronodular, esplenomegalia sem outros sinais de esplenomegalia, e pouca insuficiência hepática. Ele
hipertensão porta à macroscopia. Ele fez uma biópsia não tinha ginecomastia. Quais são as características
por laparoscopia. de insuficiência hepática desse paciente? Baixa de
Como fazemos uma biopsia hepática? Quais bilirrubina, TAP tava normal. Qual exame a gente
só os métodos que temos para fazer uma biópsia pede para saber se tem distúrbio de coagulação além
hepática? Aluna responde: Punção por agulha fina. do TAP? (PTT não tem nada a ver com fígado) É o
Professor diz que está certo e complementa com os fator V da coagulação. Cuidado! Não é o fator V de
outros métodos. Leiden, esse fator é de trombofilia. Os franceses usam
O primeiro é o percutâneo. Esse é o método tanto fator V de coagulação, que apenas fator muito
mais usado do mundo. Consiste em ver na ultrassom baixo como dado, já é indicativo de transplante
onde está o fígado (antigamente era feito à cegas e hepático.
fazia muito pneumotórax) e faz a biópsia. O segmento
ideal deve ter 10 mm, onde deve ter de 7 a 11 tríades Como posso acompanhar esse paciente?
portal. O segundo mais utilizado é a laparoscopia. a) Alfa feto proteína semestral
Qual é a vantagem da laparoscopia? Você vê o fígado, b) Ultrassonografia abdominal anual
então você tem um diagnostico macroscópico, como c) TC de abdome
foi dado no caso (cirrose hepática macro nodular e d) RM anual
esplenomegalia sem outros sinais de hipertensão
porta). Você percebe que ele não vê muito, porque Como vou acompanhar um cirrótico? Primeiro
aqueles exames de imagem estavam cheios de tenho que emagrecer o paciente.
circulação colateral. Professor relata que o paciente é um
A outra forma seria numa laparotomia, onde advogado, professor de na faculdade de direito e sua
você está operando o paciente e faz a biópsia. E a mulher era uma companheirona, onde ele fala que o
última é em um doente muito grave. O paciente tem sucesso do tratamento se deve muito a ela. “O
um distúrbio de coagulação muito grande e você esclarecimento do cara ajuda muito no
cateteriza. Chama-se transjugular. A jugular volta pelo acompanhamento”. A relação com o doente e os
sistema da supra-hepática “aqui”. Biópsia hepática familiares é fundamental para o paciente cumprir o
transjugular. Esse procedimento faz muito em falência acompanhamento. Seis em seis meses esse paciente
hepática aguda, onde o paciente não tem coagulação vai comigo.
sanguínea nenhuma. Como acompanhamos esse paciente? A
Quando vai para a biópsia: literatura atual diz que você deve acompanhar com
ultrassom semestral junto com alfafetoproteína.
DIAGNÓSTICO: cirrose hepática em atividade Embora tenha muita controversa disso.
neste material. Esteatose macrovesicular focal. No resultado teve ultrassom e
alfafetoproteína inalterados na primeira avaliação.
Então nós fizemos o diagnóstico etiológico, a Ao realizar exames de rotina, paciente
esteatose é a causa. Não havia mais esteatose porque solicitou incluir testosterona. Professor relata que
o fígado estava destruído, a fibrose diminui-o, mas falou com o paciente que era coisa da cabeça dele,
tem uma esteatose macrovesicular. (isso que o mas o mesmo insistiu. Saindo o resultado da
professor disse). testosterona, observou-se que essa se encontrava
Caso Clínico muito elevada.
RESUMO: Professor ficou incucado. Paciente que possui
39 anos uma cirrose com hipertensão porta, com insuficiência
Cirrose hepática metabólica? hepática, deveria ter uma testosterona baixa, com
Hipertensão porta/esplenomegalia hipogonadismo. Será que é um tumor? Não. É uma
Trata-se de um homem de 39 anos com uma circulação colateral gonadal. Aquela circulação que se
cirrose hepática metabólica, ou seja, esteato hepatite dirigia para baixo, limpava a gônoda dele e levava
não alcóolica, com hipertensão porta caracterizado rapidamente para circulação sistêmica, sem passar

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pelo fígado, então tinha testosterona em alta alcoolismo, vírus B, vírus C, anabolizante. Mas o
quantidade. Esse fato eu não encontrei descrito na professor diz que é CIRROSE.
literatura. Marta e Galvão começam uma discussão de
Caso clínico vírus C e vírus B. Desnecessário transcreve-las.
Solicito TC para avaliar adenoma de supra-renal, Coloquei alguns pontos.
evidenciou-se área nodular no segmento V do fígado  Quem da mais cirrose, vírus c ou b?
com impregnação precoce em fase arterial pelo meio virus C.
contraste.  O vírus C hoje é só transfusão e droga.
Onde a transfusão é muito pouco, 1
Professor diz que pediu TC para ve se não em cada 33.000.
tinha tumor de supra-renal, porque adenoma de  Se o vírus C provoca muito mais
supre-renal pode produzir elevadas quantidades de cronicidade que o vírus B, você tem
testosterona. mais cirrose pelo vírus C, apesar dele
ser menos frequente que o vírus B?
Não tem essa variação. O que
acontece é o seguinte: de 3 milhões de
portadores do vírus C, só 20% vai ter
cirrose. De todos os alcóolatras do
Brasil, apenas 10% vai fazer
hepatopatia crônica.
O que eu estou dizendo é que quem faz
cirrose é que vai fazer carcinoma hepatocelular.
Pergunta: 100%?
Resposta: não, 100% não.
O grande fator de risco para fazer
hepatocarninoma é a cirrose de qualquer etiologia. Eu
Evidenciou-se área nodular no segmento V do fígado tenho vírus C, vírus B ou sou alcóolatra, mas não
com impregnação precoce em fase arterial pelo meio tenho cirrose, o risco para o hetatocarcinoma é
contraste. Precocemente! mínimo. Você não acompanha com alfafetoproteína o
O carcinoma hepatocelular tem um portador de vírus C, você acompanha o portador de
enchimento precoce. cirrose, de hepatopatia crônica bem delineada.
Professor pergunta para a professora Marta, ESSA É A QUESTÃO DA PROVA!!!!
qual é mesmo o nome dessa alteração vascular que Eu coloquei exatamente assim: qual o
não é maligna? Professora responde artefato de fluxo, principal fator para desenvolver hepatocarcinoma?
professor diz que é, no entanto ainda tem outro Alcoolismo, vírus B, vírus C ou cirrose? A RESPOSTA É
nome. CIRROSE!!
A dúvida nessa imagem é se isso é um Pergunta: professor então o acompanhamento é com
carcinoma hepatocelular no início, ou se é um alfafetoproteína e US. Mas nesse caso se encontrar...
artefato de fluxo. professor interrompe: se encontrar alguma coisa. Esse
O tumor tem muita circulação colateral, muito cara está com um pouco de sorte, sorte que
mudança estrutura vascular intra-hepática. encontrou uma companheira legal, ele emagreceu,
Em falar em hepatocarcinoma intracelular, perdeu quase 50 kg sem cirurgia, começou a fazer
nós fazemos uma ultrassom e alfa feto proteína exercício diário, acertou a alimentação.
periodicamente para tentarmos achar um tumor Na ultrassom tem diagnóstico diferencial
precocemente. O tumor precoce é indicativo de devido as macronodulações, professora Marta diz.
transplante. Professor Galvão cortou dizendo que daí tem que
Qual o principal fator de risco para o evoluir, que o melhor método é a RM.
carcinoma hepatocelular? Alunos respondem Professora Marta: quero deixar claro que a RM é
melhor método do que a US, pois ela é mais
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funcional. A RM mostra as fases. O nódulo se imprega Professor diz que vai resumir: cirrose hepática
imediatamente na fase arterial. é uma doença crônica, que demora em média torno
A veia porta dele até que não estava tão de 30 anos para desenvolver, exceção nas crianças,
grande, a mesentérica que estava. que em média em 10 anos. A criança tem a principal
CONDUTA fonte de aquisição, que é a vertical e canal do parto.
Masc., 39 anos, cirrose, hipertensão portal, rica Vírus B ou C, que pode ser por via sanguínea e
circulação colateral, TC e RM evidenciando nódulo principalmente pelo canal do parto.
no fígado. Pegou vírus B, quantos por cento vira hepatite
Opera, biopsia, o que faz? crônica? 10%. Se pegar na infância, 90%.
Conversei com toda a equipe e chegamos no O vírus C não influencia a infância, ela é mais
acordo de acompanhar de novo que estava grave no idoso. O vírus C independente de idade, 70 a
parecendo mais artefato vascular. (professora Marta 80% vão desenvolver hepatite crônica. Não quer dizer
lembra o nome correto desse artefato vascular: que vai fazer cirrose. Desse grupo que faz hepatite
defeito perfusional). crônica, 20% farão cirrose, de todos os dois, B e C.
RM DO ABDOME TOTAL No alcoolismo 10% faz hepatite crônica. 90%
O foco hipervascular localizado em projeção de quem bebe não faz lesão hepática. Só em 20% de
do segmento V ainda é identificada no atual exame quem bebe tem consequência do álcool. 80% não
tem comportamento de configuração triangular, sem tem. Razões: genética.
lavagem na fase tardia ou expressão nas demais Qual a causa que aparece espontânea na
fases do estudo. Mantêm-se a impressão da literatura como causa de hepatopatia crônica.
alteração perfusional focal com principal hepatopatia crônica. Esteatose, esteatopatite que
possibilidade diagnóstica. pode levar a cirrose. Eu coloquei esse caso para
Não há no atual exame lesão focal chamar atenção disso, a obesidade é um fenômeno,
hipervascular sugestiva de carcinoma hepatocelular. nos EUA, que para 2040 e 2050, vai ser o principal
Demais aspectos sem alterações evolutivas causador de transplante hepático.
significativas. Bom, ai estão as 4 principais causas de cirrose
hepática: vírus C, vírus B, álcool e esteatose hepática.
Pergunta: professor eu não entendi a elação desse Pergunta: incompreensível.
marcado (alfafetoproteína), com o tumor. Resposta: por esteato hepatite cirrose. Quando ocara
Resposta: nem eu. chega em cirrose. De quem chega a cirrose, é um
percentual de 20%. Não é todo mundo que tem vírus
O que acontece é o seguinte, as células que B que faz cirrose.
dão origem ao hepatocarcinoma, são células Pergunta: qual é a porcentagem de esteatose que
mutantes. Essas células mutantes têm características transforma em cirrose?
das células intrauterinas, que são produtoras das Resposta: esse percentual não tem descrito. Mas é
células alfafetoproteína. Só para ter ideia quando tem estimado em cerca de 3 a 5%. Bem menor. De quem
aplasia de medula quem cresce é o fígado e o baço, e faz esteato hepatite e não esteatose.
muito. Porque quem produz hemácia na vida Quando é que eu desconfio de esteato
intrauterina eles tinham funções hematopoiéticas. hepatite? Quando eu tenho duas ?? e enzima
Esse paciente faz todo ano RM, não seria bom alterada. Se a enzima hepática é sequencialmente
se fosse uma TC. Agora eu encontrei um nódulo, inalterada, esse cara não deve ter inflamação. Já que
quero ver como vai evoluir. as transaminases não são este de função, são teste de
Qual a principal causa de cirrose no mundo? necrose e inflamação.
Os europeus acham que é o alcoolismo. Os Marta finaliza: Galvão é a doença do século. De cada
EUA acham que é hepatite C e álcool. No Brasil é 15 US 8 tem esteatose. Ela tem a ver com
considerado a hepatite C. triglicerídeo.
Causas de cirrose hepática: alcoolismo, vírus B
e C. Vírus A é causa de cirrose hepática? Não, vírus A
não cronifica.

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