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Direito Administrativo

Profª. Marianne Rios Martins

ATOS ADMINISTRATIVOS

PARTE II

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMNISTRATIVOS


 Os atos administrativos se classificam de acordo com determinados critérios:
 Quanto as prerrogativas
 Quanto à função da vontade
 Quanto à formação da vontade
 Quanto aos destinatários
 Quanto à exeqüibilidade
 Quanto aos efeitos
 Quanto a natureza da situação jurídica que criam (Bandeira de Mello)
 Quanto ao Grau de liberdade (Bandeira de Mello)

a) QUANTO ÀS PRERROGATIVAS
A.1) ATOS DE IMPÉRIO
- Praticados com todas as prerrogativas e privilégios de autoridade
- Unilaterais
- Coerção aos particulares independente de autorização judicial
- Os particulares não podem praticar atos semelhantes, a não ser por
delegação
- Regidos pelo Direito Público
Ex. Desapropriação, interdição de atividade

A.2) ATOS DE GESTÃO


- Praticados pela Administração em situação de igualdade com os particulares
- A distinção está em desuso pois queria caracterizar a exclusão da
responsabilidade para os Atos de Imperio
- Atos de direito privado praticados pela Administração ( Atos da Administração)
Ex. Locação de imóvel, alienação de bens públicos

b) QUANTO À FUNÇÃO DA VONTADE


B.1) ATOS ADMINISTRATIVOS PROPRIAMENTES DITOS E PUROS
- Há uma declaração de vontade da Administração com efeito jurídicos Ex.
tombamento, demissão, etc
- Alguns são imperativos

B.2) MERO ATO ADMINISTRATIVO


- Opinião (parecer); Conhecimento (certidão) ou desejo ( Voto)

c) FORMAÇÃO DA VONTADE
É a classificação mais controvertida dos atos administrativo, pois os doutrinadores
oferecem exemplos diferentes, que muitas vezes mudam o sentido do conceito de

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cada ato. Nesse ponto o posicionamento da Di Pietro é minoritário, deve-se ser


seguido dos demais doutrinadores

C.1) SIMPLES
Decorrem da vontade de um único órgão (singular ou colegiado)
Ex Decisão de um determinado Conselho, declaração de uma CPI

C.2) COMPLEXOS
-Resultam da manifestação de dois ou mais órgãos (singulares ou colegiados)
- Vontades homogêneas (identidade de conteúdo e fins)
- Duas ou mais vontades para um ATO ÚNICO
- A manifestação do segundo órgão é elemento de existência do ato complexo.
- Somente após a manifestação do segundo órgão, o ato torna-se perfeito
- Somente após a manifestação do segundo órgão, o ato passa a ser atacável pela
via judicial ou administrativa.
Exemplos mais utilizados:
- O decreto que é assinado pelo Chefe do Executivo e referendado pelo Ministro de
Estado ( Di Pietro)
- Investidura de funcionário, pois a nomeação é feita pelo chefe do executivo e
complementada pela posse dada pelo chefe da repartição ( Hely Lopes)
- Nomeação por lista tríplice ( Bandeira de Mello)
- Investidura de Ministro do STF ( Carvalho Filho)
- Nomeação de desembargadores para Tribunais Federais ( Dirley da Cunha Junior)
- Aposentadoria do servidor Público (Dirley da Cunha Junior)
- Concessão de alguns regimes especiais de tributação (Marcelo Alexandrino)
- Alguns casos de redução de alíquota do IPI (Marcelo Alexandrino)
- Alguns regimes especiais relativos a documentos fiscais (Marcelo Alexandrino)
- Nomeação de dirigente de agencia reguladora ( Alexandre Mazza)

C.3 – ATOS COMPOSTOS


- Manifestação de DOIS OU MAIS ÓRGÃOS ( Para Di Pietro)
- Manifestação de um ÚNICO ORGÃO ( Para Carvalho Filho, Marcelo
Alexandrino, Alexandre Mazza, Hely Lopes, etc)
- A vontade de um é instrumental para o outro
- DOIS ATOS (um principal e o outro acessório)
- Dependem de CONDIÇÕES DE EXEQUIBILIDADE ( verificação, anuencia,
autorização, aprovação, homologação, visto, etc.)
Ex. Auto de infração lavrado por fiscal e aprovado pela chefia (Carvalho Filho)
Ex. A nomeação do Procurador Geral da República depende da prévia aprovação
pelo Senado - art. 129 §1º CF) nomeação (principal) + prévia aprovação
(acessório) – ( Di Pietro, que não é aceito pela maioria)

Divergências sobre ato composto e complexo


 O exemplo da Di Pietro de nomeação de Procurador da Republica como
sendo ato composto é utilizado pelo Hely Lopes como ato complexo
 Bandeira de Melo nega a existência de atos compostos enquadrando em
procedimento

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 Posição do STF: “... um ato complexo, isto é, daqueles que não adquirem
vitalidade sem o sacramento de órgão de outro Poder do Estado e, igualmente, não
podem ser eliminados por ato de arbítrio de um só deles” (RMS 10544. Relator
Ministro Cunha Melo) (MS 19873/DF. Relator Ministro Amaral Santos)

d)QUANTO AOS DESTINATÁRIOS


D.1) ATOS GERAIS
 Atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação
 São os atos normativos praticados pela administração
Ex. Regulamentos, portarias, resoluções, circulares, instruções, deliberações e
regimentos
D.2) ATOS INDIVIDUAIS
 São os que produzem efeitos jurídicos no caso concreto
Ex. nomeação, demissão, tombamento, servidão administrativa, licença,
autorização.

Obs: a prof. Silvia Di Pietro entende que os atos gerais são atos da administração e
não atos administrativos

e) QUANTO À EXEQÜIBILIDADE
E.1) ATO PERFEITO
Aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já completou
todo o seu ciclo de formação (um ato motivado, reduzido a escrito, assinado e
publicado)

E.2) ATO IMPERFEITO


Aquele que não está em condições de produzir efeitos jurídicos porque não
completou o seu ciclo de formação. (quando falta a publicação, homologação, a
aprovação, etc)
Obs: A prescrição não corre enquanto o ato não se torna perfeito

E.3) ATO PENDENTE


É o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir efeitos. (Já
completou o ciclo de formação)

E.4) ATO CONSUMADO


É o que já exauriu os seus efeitos.

f) QUANTO AOS EFEITOS


F.1) CONSTITUTIVO
Ato que cria, modifica ou extingue um direito ou uma situação.
Ex. permissão, autorização, dispensa, revogação, aplicação de penalidade

F.2) DECLARATÓRIO
A administração apenas reconhece um direito que já existia antes do ato.
Ex. admissão, licença, homologação, isenção

F.3) ENUNCIATIVO

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É aquele que a administração apenas atesta determinada situação de fato ou de


direito.
Ex. certidões, atestados, informações, etc

#Para alguns autores não são atos administrativos, pois não produzem efeitos
jurídicos.

g) QUANTO A NATUREZA DA SITUAÇÃO JURÍDICA QUE CRIAM

G.1) ATOS-REGRA
 Os que criam situações gerais, abstratas e impessoais
 Podem ser a qualquer tempo modificáveis pela vontade de quem os produziu
Ex. regulamento

G.2) ATOS- SUBJETIVOS


 Os que criam situações particulares, concretas e pessoais.
 Produzidas quanto à formação e efeitos pela vontade das partes
 Imodificável pela vontade de um só das partes
 Ex. contrato

G.3 ) ATOS-CONDIÇÃO
 Os que alguém pratica incluindo-se, isoladamente ou mediante acordo,
debaixo de situações criadas pelos ATOS-REGRA
 Ex. ato de aceitação do cargo público, acordo na concessão de serviço
público

h) QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE DA ADMINISTRAÇÃO EM SUA PRÁTICA

H.1) ATOS DISCRICIONÁRIOS


 Os que a Administração pratica dispondo de certa margem de liberdade para
decidir-se, pois a lei deixa um campo para apreciação que comporta certo
subjetivismo

 Diante do caso concreto tem que apreciar segundo os critérios de


oportunidade e conveniência e escolher uma dentre duas ou mais soluções válidas
para o direito (mérito administrativo)
Ex. autorização de porte de arma, nomeação de Ministro de “notório saber jurídico”

H.2) ATOS VINCULADOS


 Os que a Administração pratica sem margem alguma de liberdade para
decidir-se, pois a lei previamente tipificou o único comportamento possível
 Gera para o particular um direito subjetivo
Ex. licença para edificar, aposentadoria por tempo de serviço

REFERENCIAS
 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito Administrativo. 20 ed. São Paulo: Atlas,
2007.
 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva,
2011.
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 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 32.ed.São


Paulo: Malheiros, 2006.
 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.21 ed.
São Paulo: Malheiros

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

1. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª Região/2003) - O Prefeito


Totonho Filho, cumprindo todas as formalidades, desapropriou um imóvel
para construir uma escola no local. Esse ato administrativo pode ser
classificado como ato
(A) de expediente.
(B) vinculado.
(C) de gestão.
(D) complexo.
(E) de império.

2. (Analista Judiciário –Execuçao de Mandados – TRT 24ª Região/2003) - A


assessoria jurídica, chamada a opinar, informou ao Prefeito Totonho Filho
que ele poderia praticar certo ato com integral liberdade de atuação,
conforme a conveniência e oportunidade, devendo apenas observar os
limites traçados pela legalidade. Dentre as alternativas possíveis, o Prefeito
escolheu a solução que mais lhe agradou e praticou o ato. Pelas indicações
dadas, sabe-se, com certeza, que se tratava de um ato
(A) de império.
(B) discricionário.
(C) enunciativo.
(D) de mero expediente.
(E) homologatório.

3. (Analista Judiciário – Adm – TRT 8ª R/2004) - Sobre a classificação dos


atos administrativos, é correto afirmar:
(A) Denominam-se atos complexos aqueles que resultam da manifestação de
dois ou mais órgãos, cujas vontades se unem para formar um ato único.
(B) Consideram-se atos perfeitos aqueles que ainda não exauriram os seus efeitos.
(C) Nos denominados atos de gestão, a Administração Pública lança mão de
sua supremacia sobre os interesses dos particulares.
(D) São considerados atos imperfeitos aqueles inaptos a produzir efeitos jurídicos,
embora tenham completado o ciclo de formação.
(E) São denominados atos compostos aqueles que necessitam da manifestação
de vontade de um único órgão, mas sempre dependem de apreciação judicial
para tornarem-se exeqüíveis.

4. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 9ª R/2004) - O novo Chefe do


Poder Executivo Estadual, após cinco dias da posse, ao exonerar o
Assessor Especial do Governador, nomeado em comissão há mais de 10
(dez) anos, estará praticando ato administrativo
(A) de império e enunciativo.
(B) vinculado e composto.
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(C) complexo e regulamentar.


(D) discricionário e ex officio.
(E) de gestão e constitutivo.

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