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As medidas de segurança são essenciais para o bom rendimento dos trabalhadores. Para
isso, existe uma legislação específica que trata sobre os direitos e deveres dos empregados e
empregadores. A portaria é de 1978, mas até hoje não é cumprida integralmente. Atentando
para as frequentes multas e quebras de produção por descumprimento das normas de
segurança no trabalho, as empresas começam a investir em profissionais da área. Porém, a
UFSM, como instituição autárquica em regime especial, não tem a obrigatoriedade de
cumprimento dessas medidas.
Infocampus: Existe a determinação que toda empresa precisa de uma equipe voltada
para a segurança do trabalho. Como funciona o caso das pequenas empresas?
P. C.: Funcionários públicos da União, como é o caso da UFSM, não estão regidos pela
Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT). Existe o estudo de incluir todos os trabalhadores
no mesmo rol, mas aqui na Universidade, essas leis não são seguidas. Não existe a
obrigatoriedade porque a Universidade Federal de Santa Maria é uma instituição autárquica
federal.
Obras na UFSM e a utilização de materiais de proteção: “Apesar de ser uma autarquia, a
ausência de determinações de segurança no contrato com as empresas licitadas não respalda
o descumprimento dessas normas”. Créditos: Eduardo Covalesky.
P. C.: Quanto à máscara de proteção, tem que analisar com que tipo de material ele estaria
trabalhando. Corte de madeira, poeira, gases, sílica – no caso de quem trabalha com areia –,
para cada atividade, existe uma máscara específica. No caso do chinelo de dedo, isso é
inadmissível. Existe a botina, ou a bota de borracha para uso em superfícies molhadas. As
luvas são necessárias para lidar com o cimento quente, por exemplo. Não é uma coisa
inventada, é uma necessidade vista na prática e que a norma exige. Não é para bonito,
existe a necessidade, de fato.
I: Disseste que o Brasil é um dos países com maior número de acidentes. A que se deve
esse fato: o descaso com a segurança, o descuido ou aquela ideia de que “isso nunca
vai acontecer comigo”?
P. C.: A construção civil é a que está em primeiro lugar, até pela quantidade de obras em
andamento. O setor metal-mecânico e a parte de distribuição de energia elétrica estão na
sequência. Os dados mudam a cada ano, mas no geral são esses os setores.
P. C.: Alguns estados são mais evoluídos nesse aspecto. Tem sido desenvolvido mais, em
estágios mais avançados, e a cobrança é maior também. A principal questão é como se
fazer essa cobrança. Necessita um número de auditores e fiscalizadores maior, não adianta
apenas ter a norma. A dificuldade é que a maioria das empresas ainda não tem pessoas
suficientes nessa área. De uma forma geral, a mentalidade tem mudado porque mexe no
bolso do empregador. As multas são bastante elevadas pelo descumprimento das normas.
De quatro a cinco anos para cá melhorou bastante, mas ainda precisamos evoluir muito, até
pela extensão do país e as dificuldades de ter pessoas para fiscalizar isso, e também pela
quantidade de empresas que existem. Em Estados mais desenvolvidos, é notável a
mudança, até porque se uma corporação vai fazer exportar para países mais desenvolvidos,
com tecnologia maior, existe a exigência que essa empresa esteja adequada na questão de
qualidade e segurança. Como existem muitas empresas multinacionais, você nota a
evolução maior desses cuidados com a segurança, porque elas trazem de fora essa
mentalidade.
P. C.: Nos países desenvolvidos, se pensa na qualidade, não só de vida, mas também na de
equipamentos. O Brasil ainda é um dos países com maior número de acidentes de trabalho.
Nesse sentido, é preciso se inspirar nessas empresas. Nas multinacionais brasileiras, existe
essa preocupação com o trabalhador, no intuito de fornecer melhores condições de trabalho.
O Brasil engatinha ainda nessas possibilidades de intercâmbio com outras empresas. São
com elas que as multinacionais daqui do país buscam seus equipamentos, seus trabalhos
socioambientais e de saúde. Agora, os empresários começaram a trazer essas
oportunidades, essas inovações de empresas estrangeiras que estão instaladas aqui.
P. C.: Esse assunto entra na norma regulamentadora nº 17, sobre ergonomia, que trata as
questões voltadas para o estresse, que acarretam de alguma forma em prejuízo ao
trabalhador. Não só a questão técnica e física do trabalho em si, mas o estado psicológico
também, que colabora para o cansaço e a fadiga do trabalhador. Essa norma vem de
encontro às necessidades do trabalhador.
http://w3.ufsm.br/infocampus/?p=588
NORMA VISA MAIS SEGURANÇA NO TRABALHO PARA O
SERVIDOR PÚBLICO
Brasília, 10/5/2010 – A partir de hoje, os órgãos e entidades da Administração Pública Federal estão diante de
um novo
desafio: implementar ações de promoção e vigilância aos ambientes de trabalho, priorizando a prevenção de riscos
à saúde
do servidor, a avaliação ambiental e a melhoria das condições de trabalho.
As diretrizes para a implementação das ações foram fixadas pela Norma Operacional de Saúde do Servidor – NOSS
–,
estabelecida pela Portaria Normativa nº 3, publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. Até
agora, no serviço
público federal, as ações nessa área eram dispersas e orientavam-se pelas Normas Regulamentadoras (NRs) do
Ministério
do Trabalho, destinadas ao trabalhador da iniciativa privada.
“Com a publicação da norma, são dadas as diretrizes para a Administração Pública Federal”, explica o diretor do
Departamento de Saúde, Previdência e Benefícios do Servidor (Desap), Sérgio Carneiro. “O foco inicial é o gestor
público, a
quem compete a implementação das ações. Mas o beneficiado, em última instância, é o servidor, que terá
assegurado um
ambiente de trabalho saudável”. Integrante da estrutura da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do
Planejamento
(SRH/MP), caberá ao Desap coordenar e acompanhar a implementação das ações e diretrizes estabelecidas pela
Norma.
A NOSS estabelece as competências de outros seis atores, além do Desap, que terão participação fundamental
para a
implementação da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público.
São eles: 1) o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do Servidor, criado em abril de 2009, a quem competirá aprovar
as
diretrizes para aplicação da política;
2) o dirigente do órgão ou entidade, que deve viabilizar os meios e recursos necessários para o cumprimento da
norma, além
de assegurar a implementação das ações;
3) o gestor de RH, considerado o pilar para assegurar o cumprimento da NOSS e promover formação e capacitação,
em
conformidade com as orientações das equipes técnicas de vigilância e promoção à saúde;
4) as equipes de Vigilância e Promoção: acompanharão a saúde do servidor e terão funções de planejamento,
podendo
emitir laudos e relatórios dos ambientes de trabalho, assim como propor ações para prevenção de acidentes e
melhoria do
ambiente de trabalho;
5) a Comissão Interna de Saúde do Servidor Público (Cissp). Equivalente às Cipas existentes hoje na iniciativa
privada, está
com o ato normativo em fase final de elaboração. Cada órgão deverá constituir a sua, composta por representantes
eleitos
pelos servidores, com um número mínimo de três membros e máximo de 21. A quantidade de integrantes será
determinada
pela proporção de um membro para cada 30 servidores. As Cissp terão, entre outras atribuições, as de levantar as
condições
de trabalho visando detectar riscos e situações potencialmente nocivos, além de acompanhar as medidas corretivas;
6) o servidor, de quem se espera não apenas indicar seus representantes na Cissp, mas acompanhar todo o
processo e
apresentar sugestões para melhorias relacionadas à segurança individual e coletiva.
FINANCIAMENTO
A implantação da NOSS de dará de forma descentralizada, mas coletivizada, buscando a integração. Cada órgão ou
entidade deve viabilizar os recursos necessários para viabilizar as ações, seja por meio do Plano Plurianual, da Lei
de
Diretrizes Orçamentárias ou da Lei Orçamentária Anual. Mas o Desap poderá apoiar projetos nessa área.
“Não é grande o volume de recursos disponíveis, mas pretendemos que resultem num estímulo inicial para aqueles
que já
têm um bom projeto e que não podem executar por falta de financiamento”, afirma Sérgio Carneiro.
Dessa forma, os recursos serão destinados, preferencialmente, para órgãos que já tenham constituído as Cisps e
para ações
que atendam mais de um órgão, como por exemplo, aqueles que tenham acordos de cooperação firmados e
integrem as
unidades de referência do Siass. Hoje essas unidades já são mais de uma dezena implantadas em vários estados e
esperase
chegar, até o final do ano, a pelo menos outras 30.
Para os órgãos e entidades que tenham bons projetos de promoção e vigilância, mas que atendam a um número
pequeno de
servidores, a idéia é estimulá-lo a se juntar a outros, por meio de acordo de cooperação técnica, para que a ação
seja mais
ampla e alcance o maior número possível de beneficiados.
http://www.fenasps.org.br/noticias/140510norma.pdf
http://www.scribd.com/doc/6717690/Acidente-de-Trabalho-Responsabilidade
Responsabilidade Solidária em Contratos de Obras Públicas
Os pareceres da Advocacia Geral da União vinculam a Administração Federal de acordo como o que
institui a Lei Orgânica da Advocacia Geral da União.
O Parecer AGU nº MS-8/2006 emitido pelo Consultor da União foi adotado e aprovado pelo
Advogado-Geral da União através do Parecer nº AC – 055. Esse Parecer tem a seguinte ementa:
E ressalta ainda:
O Parecer nº AC-055 foi aprovado pelo Presidente da República em 20/11/2006 e desde então a
Administração Pública não responde solidariamente pelas obrigações para com a Seguridade
Social devidas pelo construtor ou subempreiteira contratados para a realização de obras de
construção, reforma ou acréscimo, qualquer que seja a forma de contratação, desde que a
empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato
integralmente e não envolva a cessão de mão-de-obra.
“Art. 178. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que
constitua o fato gerador da obrigação previdenciária principal e as expressamente designadas
por lei com tal.
§ 1º...
§ 2º Excluem-se da responsabilidade solidária:
I -...
II - ...
III - ...
IV – a partir de 21 de novembro de 1986, as contribuições sociais previdenciárias decorrentes da
contratação, qualquer que seja a forma, de execução de obra de construção civil, reforma ou
acréscimo, efetuadas por órgão público da administração direta, por autarquia e por fundação de
direito público”.
LEGISLAÇÃO CORRELATA:
Obrigações acessórias previstas para fins de elisão da responsabilidade solidária não se aplicam
à Administração Pública contratante de obra de construção civil mediante empreitada total.
Dispositivos legais:
*Lei 8.212/91, art. 30, inciso VI. (Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições
ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:. Inciso
VI. o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591 de 16 de dezembro de 1964, o dono da
obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção,
reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo
cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo
contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para
garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de
ordem) da Lei 8.212/91 (Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio
e dá outras providências).
Atualmente, o Estado vem se servindo de diversos mecanismos para tentar reduzir o seu
papel como prestador de serviços e enquadrar-se como estimulador e controlador dessas
atividades. Dentre eles, estão a privatização, a flexibilização, a desregulamentação, a
concessão, a permissão e a terceirização. Pretende-se alcançar um modelo de Estado menos
executor e mais fiscalizador.
Já naquela época, primava-se pela eficácia do serviço público. O art. 26, III, do aludido
decreto reza: "no que se refere à Administração indireta, a supervisão ministerial visará a
assegurar essencialmente: III – A eficiência administrativa".
Também versa sobre a terceirização de serviços o art. 15, § 1º, da Lei 8.036/90 (FGTS):
A Lei 8.745/93 regula a contratação temporária de servidores pela Administração Federal, nos
termos do inciso IX do art. 37 da CR/88. O art. 1º da lei estabelece que para atender a
necessidade de excepcional interesse público, os órgãos da Administração Federal direta, as
autarquias e as fundações públicas poderão efetuar contratação de pessoal por tempo
determinado, nas condições e prazos previstos nessa Lei. Muito embora alguns autores citem-
na como um dos respaldos legais da terceirização, ousa-se discordar, pois, nesse caso, há a
contratação direta com o Estado e não através de empresa de trabalho temporário.
Já o § 2º da mesma norma prevê que não poderão ser objeto de execução indireta atividades
inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade,
salvo expressa disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou
parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal.
Carlos César Pimenta afirma que o Estado pode terceirizar e efetuar parcerias no caso dos
serviços que não sejam considerados estratégicos e que apresentem um mercado atomizado
e competitivo entre os possíveis fornecedores, mantendo apenas o controle sobre a
quantidade, a qualidade e o preço dos bens e serviços ofertados. (62)
Portanto, não poderá a Administração terceirizar serviços que lhe são peculiares, como de
justiça, segurança pública, fiscalização, diplomacia, etc.
É mister frisar que a terceirização legal ou lícita, inclusive quando a Administração Pública é a
contratante, deve observar os preceitos legais relativos aos direitos dos trabalhadores, não
pretendendo fraudá-los, distanciando-se da existência da relação de emprego. O agente
público pode dar as ordens técnicas de como pretende que o serviço seja realizado,
principalmente, quando o é nas dependências do órgão público, mas não deve ter relação
direta de subordinação com o trabalhador terceirizado.
Dora Maria de Oliveira Ramos faz a ressalva de que o Poder Público só poderá contratar
cooperativas nas mesmas hipóteses em que puder contratar empresas prestadoras de
serviços terceirizados, isto é, desde que, inegavelmente presente uma unidade produtiva
voltada para a execução do objeto contratado com a conjugação de capital, trabalho e
matéria-prima organizados pelo prestador de serviços. (31)
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6209&p=2
Ação de indenização por acidente de trabalho é de responsabilidade única da construtora
contratada, por empreitada, para a realização de obra. Com essa posição, a Advocacia-Geral
do Estado (AGE) conseguiu junto à 19ª Vara do Trabalho a exclusão do Departamento de
Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (DEOP) em Ação Trabalhista nº 01111-2009-019-
03-00-8 que pedia indenização por dano moral e pensão mensal em decorrência de morte em
reforma realizada em uma delegacia fiscal.
Representando o Deop, a procuradora do Estado Aline Guimarães Furlan requereu a
aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 191 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que
afasta a responsabilidade solidária ou subsidiária do dono da obra em contrato da empreitada.
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2026532/contrato-de-empreitada-nao-gera-
responsabilidade-solidaria
Ao concluir pela responsabilidade solidária do Carrefour com a tomadora do serviço – Orca Construtora e
Concretos Ltda. – a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho acompanhou voto do relator, ministro
Horácio de Senna Pires, que rejeitou agravo da empresa, o que, na prática, mantém a condenação ao
pagamento de indenização por danos morais e materiais à esposa e filha de ex-empregado, que morreu após
acidente de trabalho.
O Carrefour celebrou contrato com a Orca abrangendo a locação pelo prazo mínimo de vinte anos do prédio a
ser construído, o complexo comercial Brasil Park Shopping, na cidade de Anápolis (GO), onde ele seria a
principal ‘loja âncora’ do empreendimento. Contratado pela Orca em maio de 2006 para trabalhar no canteiro
de obras da construção do Shopping, seu trabalho consistia em serviços gerais da função de pedreiro, como
concretagem e levantamento de paredes.
O acidente fatal ocorreu no feriado de 7 de setembro/2006, quando estava trabalhando no andar de baixo e a
laje superior, em processo de concretagem, desabou em cima dele e de outros operários. Com traumatismo
craniano, ele faleceu a caminho do hospital.
A viúva ajuizou ação trabalhista. Pleiteou pensão mensal correspondente ao salário percebido pelo ex-marido
(cerca de R$ 965 reais) desde a data do sinistro até que ela complete 70 anos ou o pagamento em uma
parcela, no valor de R$ 580 mil. Também requereu indenização por danos morais, em valor a ser arbitrado,
tendo como base mínima a soma dos salários que o trabalhador receberia até completar 75 anos de idade,
correspondente a R$ 280 mil. O juiz de primeiro grau (Vara do Trabalho) julgou procedentes, em parte, seus
pedidos e deferiu pensão correspondente a 1,6 salários-mínimos, retroativos a setembro/2006, além de
indenização por dano moral no valor de 50 mil reais para ela e 50 mil para a filha. Por discordar da sentença,
o Carrefour recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO).
Em sua decisão, o TRT considerou que a empresa contribuiu ativamente para as condições de trabalho
inseguras, ao estabelecer com a Orca um cronograma de obras extremamente acelerado, para um contrato
assinado em maio/2006, com prazo de entrega improrrogável até o dia 30/11/2006. Assim, houve sub-
empreitadas e a contratação de dezenas de funcionários sem o devido tratamento, orientação ou fiscalização,
que trabalhavam de forma contínua, sem observância às normas de segurança, o que contribuiria para
maximizar as possibilidades de acidentes. Ciente de que tanto o Carrefour quanto as outras empresas
priorizaram os interesses econômicos e empresariais em detrimento das normas que tutelam a higidez física e
mental dos operários, o Regional manteve a sentença.
O Carrefour interpôs recurso de revista, mas o Tribunal Regional denegou seu seguimento ao TST, o que
levou a empresa a interpor agravo de instrumento. O relator da matéria na Terceira Turma, ministro Horácio,
observou que “tendo as instâncias ordinárias e soberanas na derradeira análise da prova concluído que
restou inequivocamente demonstrada a existência do dano e do nexo de causalidade, bem como a culpa das
reclamadas, inviável o processamento do apelo”. Concluir-se de forma diversa, seria necessário o reexame de
fatos e provas, procedimento vedado pela Súmula nº 126/TST, concluiu o ministro.
(AIRR-17040-60.2007.5.18.0054).
http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=24255
A terceirização do trabalho e a responsabilidade do
empregador
Introdução
Este trabalho tem como objeto de estudo a evolução histórica da terceirização, suas principais vantagens e
desvantagens.
O principal propósito é demonstrar as fraudes que podem ocorrer na legislação trabalhista em virtude deste
contrato, abordando a responsabilidade existente por parte da empresa interposta e do tomador dos serviços.
Para tanto, serão analisados os aspectos legais, doutrinários e jurisprudenciais relacionados ao assunto
proposto.
Como objetivo institucional tem-se a produção desta Monografia de conclusão de curso de graduação para
fins de obtenção do título de Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Varginha – FADIVA.
No primeiro capítulo conceitua-se a terceirização do ponto de vista doutrinário; a sua evolução histórica, bem
como, as teorias que justificam o seu surgimento; explica-se o motivo desta denominação e como pode ser
classificado este fenômeno da atualidade.
O segundo capítulo especifica o que é terceirização lícita e ilícita, demonstrando quais são os serviços que a
lei autoriza que sejam feito por empresas interpostas, discorrendo-se sobre os requisitos para a contratação
através da terceirização de serviços.
No terceiro capítulo estuda-se a contratação de serviços com empresa de terceirização de mão-de-obra pela
Administração Pública; analisa-se a Responsabilidade da Administração nesses contratos; faz-se um breve
estudo sobre licitação e contratação pela Administração Pública; estuda-se, também, quando é autorizado à
Administração,contratar mão-de-obra por empresas interpostas.
O quarto capítulo faz uma análise da Súmula 331 do TST, apresentando um breve estudo da citada Súmula;
definindo o que é trabalho temporário, atividade-meio da empresa,e especificando as formas de
responsabilidade existentes em nosso ordenamento jurídico. Ao final, como foco principal da pesquisa,
analisa-se a postura da Superior Corte Trabalhista em definir a responsabilidade subsidiária ao tomador dos
serviços, pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas.
No quinto capítulo apresenta-se a análise de como o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região – TRT3 vem
aplicando a Súmula 331 do TST, colacionando recentes julgados desta Corte sobre a matéria.
Para realizar a monografia adotou-se o método indutivo, que consiste em "pesquisar e identificar as partes de
um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção geral". A investigação foi realizada mediante o
uso da técnica da pesquisa bibliográfica.
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Consiste este fenômeno na contratação de terceiro para realizar atividades-meio da empresa, ou seja,
contrata-se terceiro para que realize as atividades que não constituem o objeto principal da empresa. Essa
contratação pode dar tanto na produção de bens como serviços.
Segundo o professor e doutrinador Sérgio Pinto Martins[1] pode a terceirização ser definida como:
(...) possibilidade de contratar terceiro para a realização de atividades que geralmente não constituem o objeto
principal da empresa. Essa contratação pode envolver tanto a produção de bens como serviços, como ocorre
na necessidade de contratação de serviços de limpeza, de vigilância ou até de serviços temporários.
Para o professor Ismael Marinho Falcão[2], a citada forma de contrato não encontra respaldo em lei, tratando-
se, pois, de uma ruptura dos direitos laborais, por meio de flexibilização das normas trabalhistas. Desonera as
empresas tomadoras de mão-de-obra de certas obrigações laborais e assistenciais, ficando estes direitos a
cargo das empresas interpostas. Dando, assim, maior agilidade na produção de bens e aumento dos lucros
empresariais.
Trata a terceirização de uma forma de flexibilização das normas laborais, que possibilita às empresas
competirem economicamente no mundo globalizado, no qual há livre fluxo de mercados.
É também, a terceirização,uma forma de conter o grande desemprego gerado pelas profundas modificações
na organização da produção.
Porém, por chocar-se com a estrutura e a norma original do Direito do Trabalho, qual seja a relação bilateral
(empregado/empregador), a terceirização sofre restrições doutrinárias e jurisprudenciais trabalhistas, que
tendem a enxergá-la como uma exceção àcontratação da força de trabalho.
A terceirização normalmente surge com as crises econômicas, ocasião em que o empresário busca diminuir
seus gastos, principalmente com mão-de-obra.
Criados no ano de 1966 os Decretos-leis n° 1.212 e 1.216 deram autoridade aos bancos para contratarem
empresas especializadas em segurança, gerando, assim, as primeiras terceirizações regulamentadas por lei.
Posteriormente, em 1968, foi editado o Decreto n° 62.756, estabelecendo regras para a contratação de mão-
de-obra por empresas interpostas, tornando-se lícita a prática já adotada no país.
A primeira lei editada que tratava da terceirização, Lei n° 6.019 de 1974, regimentava a prática de trabalho
temporário. Tempos depois, criou-se a Lei n° 7.102 de 1983, autorizando a terceirização de vigilância
bancária, sendo esta feita em caráter permanente, não mais em caráter temporário, como a contratação
autorizada pela lei de 1974.
Ressalta-se que o segmento privado da economia, nas últimas três décadas, passou a utilizar da terceirização
da força laboral, independente da existência de diploma legal regulamentador desta forma triangular de
trabalho.
Assim, conflitos são gerados quanto à existência ou não da relação de emprego, dando ensejo à definição de
um posicionamento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho - TST, consubstanciado na Súmula 256
e, posteriormente, na sua revisão dada pela Súmula 331.
1.2 - Denominação
A palavra terceirização é um vocábulo não contido nos dicionários da Língua Portuguesa, poistrata-se de um
neologismo criado pela área de administração de empresas, para dar ênfase à descentralização empresarial
de atividadesaum terceiro à empresa.
Para alguns autores o termo correto para definir o tema em estudo seria terciarização, em razão do setor
terciário na atividade produtiva ser o de contratação de serviços, sendo o primário o da agricultura e o
secundário o daindústria.
O termo terceirização vem do latim tertius, que seria o terceiro, o indeterminado, o estranho à relação
existente entre duas pessoas. O terceiro nesta relação é o intermediário, o interveniente. Neste caso, a
relação jurídica poderia ser entendida como a estabelecida entre a terceirizante e o seu cliente, sendo que o
terceirizado ficaria fora dessa relação, daí, portanto, ser terceiro.
Assim, no tempo em que a autonomia da vontade predomina ao máximo no campo obrigacional, terceiro é
considerado quem não é contratante. O empregado de fornecedor de serviços não é parte do contrato que
este celebra com o tomador da mão-de-obra, sendo o terceiro nesta relação. Por isto, terceirização.
Portanto, terceirização para José Martins Catharino[3] é "meio da empresa obter trabalho de quem não é seu
empregado, mas fornecedor com quem contrata."
Para Sérgio Pinto Martins[4], a natureza jurídica da terceirização depende da hipótese em que a terceirização
for utilizada, podendo haver elementos de vários contratos, sendo estes nominados ou inominados.
Já para Ismael Marinho Falcão[5], a natureza jurídica da relação deve ser sempre de emprego, excluindo-se o
trabalho autônomo, os prestados exclusivamente por razões de humanidade ou recuperação.
1.4- Classificação
·Estágio inicial: ocorre quando a empresa transfere a outra empresa atividades que não são importantes para
a sua atividade.
·Estágio intermediário: ocorre quando a tomadora de serviços contrata atividade terceirizada indiretamente
ligada à sua atividade principal, porém, tal atividade não é seu objeto principal.
·Estágio avançado: ocorre quando a terceirização está ligada diretamente a atividade da empresa. Ou seja,
quando a empresa terceiriza a sua atividade-fim.
A externa ocorre quando a empresa transfere a terceiros algumas etapas de sua produção, sendo estas
executadas fora da empresa.
Na terceirização interna, a empresa também transfere a terceiros etapas de sua produção, mas estas, as
terceirizadas, realizam as atividades dentro na própria empresa terceirizante, sendo este o caso mais comum
de se presenciar na atualidade.
Merece destaque o fato deque não existe norma vedando a contratação de serviços por terceiros. Sendo que
a Constituição Federal é específica em consagrar o princípio da livre iniciativa, assim, são lícitos quaisquer
serviços.
A ordem justrabalhista distingue entre terceirização lícita e ilícita, mantendo-se o padrão de contratação de
força laboral, conservando-se a fórmula empregatícia clássica, o que conduz à conclusão de que as hipóteses
de terceirização lícita são exceção à regra.
A terceirização dita lícita, ou legal, como referido por alguns doutrinadores, é a que respeita os preceitos
legais relativos aos direitos dos trabalhadores, não havendo fraude a estes preceitos, distanciando-se da
relação de emprego.
A terceirização ilícita, ou ilegal, é a que burla as leis trabalhistas, tornando-se locação permanente de mão-de-
obra, podendo gerar fraudes e prejuízos aos trabalhadores, pois buscam apenas o melhor preço.
As terceirizações ditas lícitas estão elencadas na Súmula 331 do TST. Este dispositivo delimitou quatro tipos
de contratação de mão-de-obra por empresa interposta.
Em primeiro lugar o TST autorizou a contratação de trabalhador temporário, desde que não ultrapasse três
meses de prestação de serviços pelo funcionário na empresa tomadora.
Pois, deduz-se da Lei 6.019/74, que trata de uma situação transitória de substituição do pessoal permanente
da empresa tomadora ou trata-se de necessidade resultante de acréscimo extraordinário de serviços dessa
empresa.
Em segundo lugar, autorizou-se a contratação de atividades de vigilância, por tratar-se de força de trabalho e
serviços especializados.
Sendo este grupo um dos pioneiros da terceirização de trabalho no país, estáexpresso na Lei n.º 5.645/70.
A quarta hipótese de terceirização autorizada pelo Tribunal Superior do Trabalho não discriminou nenhum tipo
de atividade, apenas se limitou a definir como terceirização lícita todos os serviços especializados ligados a
atividade-meio do tomador.
Neste grupo estão inseridas atividades que não se ajustam ao núcleo de atividades empresariais do tomador
de serviços, não se ajustandoà atividade-fim do tomador.
É também lícita a terceirização de trabalho em domicílio, desde que feito sob forma de contratação de
autônomos. Tal contratação é lícita desde que haja efetiva autonomia do prestador de serviços.
Outra contratação lícita é a do trabalhador avulso, exigindo-se, neste caso, a participação do sindicato da
categoria profissional na contratação.
O TST tem o cuidado de esclarecer que para a terceirização ser lícita não pode haver pessoalidade e
subordinação direta entre o trabalhador terceirizado e o tomador de serviços.
Assim, nota-se que a jurisprudência admite a terceirização enquanto modalidade de contratação de prestação
de serviços entre duas entidades empresariais, sendo que a empresa interposta direciona os serviços
efetuados por seu trabalhador perante a tomadora de serviços, mantendo-se, portanto, a subordinação e
pessoalidade perante a empresa de terceirização.
Somente o trabalhador temporário poderá ter pessoalidade e subordinação perante o tomador de serviços.
Excluindo-se os casos supracitados, não há no ordenamento jurídico brasileiro preceito legal que autorize
contratos trabalhistas mediante os quais uma pessoa física preste serviços não-eventuais, onerosos, pessoais
e subordinados a outrem, sem que o tomador responda juridicamente pela relação de emprego estabelecida.
Caracteriza-se, nestes casos, a terceirização ilícita.
2.1- Requisitos
Para a validade da terceirização no âmbito empresarial, não pode haver elementos pertinentes à relação de
emprego no trabalho do terceirizado. O tomador de serviços não poderá ser considerado superior hierárquico
do terceirizado; não poderá haver controle de horário; não poderá existir pessoalidade, devendo simhaver
total autonomia do terceirizado, ou seja, independência de seus empregados.
Os empregados da empresa terceirizada não deverão ter nenhuma subordinação com a terceirizante, nem
poderão estar sujeitos ao seu poder de direção, caso contrário, existirá o vínculo de emprego.
Para compreender melhor o assunto faz-se mister distinguir a subordinação jurídica da subordinação técnica.
A subordinação jurídica ocorre perante a empresa prestadora de serviços, sendo esta responsável pela
admissão, demissão, transferência e dar as ordens, enquanto que a subordinação técnica se dá perante o
tomador que orienta como pretende que o serviço seja realizado, principalmente quando este ocorrer em sua
dependência.
Caso o serviço do obreiro seja essencial à atividade da empresa, pode a terceirização ser ilícita, se
comprovadas a subordinação e pessoalidade com o tomador dos serviços.
A empresa de terceirização terá trabalhadores permanentes que prestam serviços para tomadores diversos,
assumindo todas as obrigações trabalhistas de sua atividade, enquanto a empresa terceirizante utilizará a
mão-de-obra extra apenas quando necessária, não se responsabilizando pelas obrigações trabalhistas dos
terceiros que a ela prestam serviços.
Se ficar caracterizado que o trabalhador presta serviço no mesmo local, exercendo os mesmos serviços, nos
mesmos horários com exclusividade ao suposto terceirizante, não haverá terceirização e sim contrato de
trabalho. Caso provado que o empregador tinha como objetivo unicamente reduzir despesas e encargos
sociais ou salários, haverá terceirização ilegal, descaracterizando-se esta, pois é vedado o leasing[6] de mão-
de-obra.
A terceirização ilícita implica na locação permanente de serviços, o fornecimento de mão-de-obra mais barata,
com redução de salários e desvirtuamento da relação de emprego. Contratando-se parceiros inadequados,
quando inidôneos financeiramente.
Na terceirização lícita verifica-se que a empresa dedica-se a um menor número de atividades, há menor
desperdício no processo de produção, desconcentração da mão-de-obra, inexistindo relação de emprego por
não estar presente o elemento subordinação.
A terceirização na Administração Pública teve como marco inicial o Decreto-Lei nº 200/67, citado diploma
legal queimplantou a reforma administrativa, chamando a terceirização de execução indireta dos serviços.
O artigo 10, parágrafo 7° do Decreto-Lei 200/67, autorizou a Administração Pública a transferir somente as
atividades materiais, ou seja, as atividades-meio, não podendo transferir as atividades relacionadas com o
objeto propriamente dito da atuação das entidades privadas ou públicas.
Há três posicionamentos doutrinários a respeito deste problema criado a partir da Carta Magna.
A primeira posição sustenta que à medida que a terceirização por entidades estatais, mesmo que ilícitas, não
gera vínculo empregatício, não teria ela também aptidão para produzir qualquer diferença justrabalhista em
benefício do trabalhador ilicitamente terceirizado.
Este posicionamento trata de negar remuneração à prática trabalhista ilícita, beneficiando os sujeitos
favorecidos pela ilicitude perpetrada, sendo gravíssimo esse posicionamento do ponto de vista jurídico da
atualidade.
A segunda corrente quer evitar o resultado alcançado pela primeira, situando-se no pólo extremamente
oposto.
Os defensores desta sustentam que a prática ilícita não poderia beneficiar aquele que já foi por ela
economicamente favorecido. Assim, considera-se que a presente situação figurada não foge à situação-
padrão de nulidade no Direito Trabalhista, sofrendo os efeitos comuns ao ramo justrabalhista, convalidam-se
todos os atos praticados econferindo validade ao vínculo jurídico com o ente estatal tomador dos serviços,
que assume, em consequência, a posição de empregador desde o início da relação socioeconômica
verificada.
Já a terceira posição, adota o caminho hermenêutico, colocando-se em linha equidistante das demais
correntes. Esta reconhece que a primeira vertente tem o mérito de conferir eficácia ao comando constitucional
de negativa de vínculo empregatício sem concurso público. Mas, padece da falha de compreender que pode a
ordem jurídica conferir tratamento privilegiado ao ato ilícito. Já a segunda vertente teria o mérito de buscar
alternativas para que o ilícito trabalhista não favoreça aquele que já foi beneficiado pelo trabalho despendido.
Em contrapartida padece da falha de fazer absoluta tabula rasa do texto constitucional, negando qualquer
mínima eficácia à salutar vedação nele contida.
Esta terceira corrente tornou-se, na atualidade, a mais aceita pela jurisprudência. Para ela, o primeiro passo
para interpretar a ordem constitucional e justrabalhista, é não negar validade e eficácia à Constituição.
Porém, para esta corrente, permanece a dificuldade de adequar à vedação constitucional de reconhecimento
do vínculo empregatício com entidades estatais sem concurso público, com outros princípios e regras também
constitucionais, tão importantes quanto a regra do artigo 37, inciso II, da Constituição da República.
Para resolver o problema o magistrado deve observar a garantia da isonomia, prevista no artigo 5º, 'caput' ab
initio, e inciso I e artigo 7º, inciso XXXII, da Constituição Federal, no contrato de relação jurídica trabalhista
pactuada, afastando-se os efeitos traiçoeiros e discricionários da terceirização ilícita.
A entidade terceirizante fica obrigada, em primeiro plano, pelas verbas derivadas da isonomia e comunicação
remuneratórias. Responderia, subsidiariamente, por tais verbas, a entidade estatal tomadora dos serviços,
conforme Enunciado 331, IV do TST. Isto, sem afrontas à vedação expressa na Constituição Federal em seu
artigo 37, "caput", inciso II e parágrafo 2º, e sem negativa de eficácia ao princípio da isonomia também
previsto na Constituição Federal.
O Enunciado 331, inciso IV, do Tribunal Superior do Trabalho define que a responsabilidade da Administração
Pública pelos créditos trabalhistas, na hipótese de terceirização, é subsidiária.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Corroborando com esta diretriz, o Código Civil em seu artigo 43 reproduz a mesma regra, reforçando a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno, por atos de seus agentes.
O doutrinador Rui Stoco[7] garante em sua obra que a Constituição Federal em seu artigo 37, parágrafo 6º,
manteve a orientação iniciada na Constituição de 1946, voltando-se para o Direito Público, mantendo, com
isto, a responsabilidade civil objetiva do Estado sob a modalidade risco administrativo, que dispensa a prova
da culpa da Administração e permite a esta discutir causas excludentes da responsabilidade, como o caso
fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima.
Já o parágrafo 1º, do artigo 71, da Lei 8.666/93[8] estabelece que a inadimplência do contrato com referência
aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por
seu pagamento, nem onera o objeto do contrato ou restringi a regularização e o uso das obras e edificações,
inclusive perante o registro de imóveis.
Ocorre que o parágrafo 6º do artigo 37 da Carta Magna, ao abordar a responsabilidade objetiva, não faz
distinção entre a responsabilidade civil e a trabalhista. Trata de qualquer dano, inclusive os ocorridos sob a
jurisdição da responsabilidade trabalhista. Deste modo, o parágrafo 1º do artigo 71 da Lei n.º 8.666/93 não
poderia fazer tal citação distintiva.
O entendimento predominante na doutrina e jurisprudência é de que a Administração Pública responda por
atos de seus agentes, visto que,sendo ela beneficiária da prestação de serviços, deverá responder pelos
inadimplementos da empresa de terceirização, pois teve culpa in eligendo, ao escolher parceiro inadequado,e
in vigilando, por falta de fiscalizá-lo quanto à utilização dasverbas trabalhistas.
Para Odete Medauar[9] a responsabilidade objetiva emerge da existência de causa e efeito entre a ação ou
omissão administrativa e o dano sofrido pela vítima, sendo irrelevante para fins de ressarcimento do dano, o
questionamento do dolo ou culpa do agente, o questionamento da licitude ou ilicitude da conduta, o
questionamento do bom ou mau funcionamento da Administração.
Para se imputar responsabilidade objetiva ao Poder Público inexiste a necessidade se verificar se a atuação
estatal foi legítima ou ilegítima, necessita-se, apenas, verificar a existência de causa e efeito entre a ação ou
omissão estatal e o dano sofrido.
O Estado deve ser responsabilizado objetivamente nos casos em que seu próprio comportamento determina o
dano e, nas situações em que o Estado criar situações ensejadoras do dano.
A terceirização de serviços amolda-se nos casos em que o Estado cria a situação ensejadora de dano, visto
que, este celebra contrato de prestação de serviços com a empresa interposta, fazendo com que esta
contrate trabalhadores. Sendo que esta, ao deixar de satisfazer os direitos trabalhistas dos empregados que
contratou por força do contrato celebrado com a Administração Pública, enseja dano, cuja causa o Estado
participou.
Portanto, a atribuição de responsabilidade subsidiária imputada ao Ente Público pelo Tribunal Superior do
Trabalho na Súmula 331, inciso IV, encontra-se em perfeita sintonia com o estabelecido no artigo 37,
parágrafo 6º, da Constituição da República, uma vez que, fundamenta-se na responsabilidade objetiva, sob a
modalidade do risco administrativo.
Odete Medauar[10] define licitação como "processo administrativo em que a sucessão de fases e atos leva à
indicação de quem vai celebrar contrato com a Administração."
A licitação está prevista no inciso XXI, do artigo 37, sendo regulamentada pela Lei n.º 8.666/93, que especifica
normas para se fazer contratos e licitações com o Ente Público. Através desta lei é possível verificar a licitude
da contratação de serviços pela Administração.
A contratação de serviços está explicita no inciso II, do artigo 6º, da supracitada lei, e,neste inciso nota-se um
rol, meramente exemplificativo, para se definir o que é serviço, sendo que em seu artigo 72, a Lei n.º
8.666/93, permite a subcontratação de partes de obra ou dos serviços pela Administração Pública.
A terceirização na Administração Pública é feita na forma de execução indireta de obras e serviços, sendo a
prestação de serviços técnicos e especializados previsto no parágrafo 3º, do artigo 13, da lei citada acima.
Com isto, tem-se como lícitaa contratação de serviços de terceiros pelo ente estatal. Admitindo-se, também, a
contratação temporária de servidores, sem o requisito do concurso público, nos casos de calamidade pública,
combate a surtos endêmicos, recenseamentos, admissão de professor substituto e visitante, admissão de
professor e pesquisador visitante estrangeiro, atividades especiais nas organizações das Forças Armadas
para atender à área industrial ou encargos temporários e serviços de Engenharia, nos termos da Lei n.º
8.745/93.
A terceirização na Administração Pública pode ser feita mediante concessão e permissão, em que a
Administração vai contratar terceiros para lhe prestar serviços.
A concessão é uma das modalidades de delegação do Serviço Público, onde o ente federativo transfere a
execução do serviço a uma pessoa da Administração Indireta ou particular.
Concessão de serviço publico é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de um serviço publico a
alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis
unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro,
remunerando-se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas
diretamente do usuário do serviço.
A concessão encontra-se prevista na Constituição Federal, em seu artigo 175, como se pode observar:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
O regime de concessão da prestação de Serviços Públicos é regulado por legislação específica, qual seja a
Lei nº 8.987/95, que em seu artigo 2º, inciso II, assim a conceitua:
I - (...)
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
Após o conhecimento do conceito legal de concessão de Serviço Público, foi possível notar que para a
delegação de uma prestação, deve-se preceder de licitação, inclusive na forma de concorrência e, ainda,
sendonecessária comprovação da capacidade para a prestação do serviço. Enfim, denota-se, portanto, que a
lei atribui ao concessionário a responsabilidade pelo serviço e prevê prazo determinado para sua prestação.
Contudo, apesar de toda exposição da previsão legal e doutrinária até aqui exposta, destaca-se, o que está
expresso no artigo 4º da lei de concessões e permissões (Lei nº 8.987/95), que determina:
Art. 4º. A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será formalizada
mediante contrato, que deverá observar os termos desta lei, das normas pertinentes e do edital de licitação.
Dessa forma, justifica-se a citação desse artigo, em razão da necessidade da formalização de contrato para a
prestação do serviço.
Tratando-se da natureza jurídica da concessão, existe discrepância entre doutrinadores. Para alguns, trata-se
de Contrato Administrativo, para outros, ato unilateral. Porém, é majoritário na doutrina o entendimento de que
a concessão de Serviço Público tem natureza jurídica contratual.
Constata-se que, a Constituição Federal em seu artigo 175, parágrafo único, inciso I, utiliza o termo "contrato".
Já a Lei n.º 8.666/93, que cuida das licitações e Contratos Administrativos, faz referência a "Contratos
Administrativos". A Lei n.º 8.987/95 (concessões e permissões), tanto em seu artigo 1º quanto no artigo 4º,
dispõe da concessão como contrato.
Assim, o vínculo que investe certa pessoa jurídica no direito de executar e explorar determinado serviço
público, como concessionário, é de natureza contratual e da espécie dos contratos administrativos (RSTJ,
52:305).
A concessão é executada em caráter intuitu personae, ressaltando-se que a transferência é transitória e
ocorre somente da execução do serviço e não da titularidade do serviço.
O parágrafo 1º do artigo 25, da Lei n.º 8.987/95 permite à concessionária contratar com terceiros o
desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem como a
implementação de projetos associados. Estão aqui previstos o contrato de limpeza, vigilância, obras, reparos,
entre outros. Os contratos firmados entre a concessionária e os terceiros regem-se pelo direito privado, não
havendo qualquer vínculo jurídico entre o terceiro e a Administração Pública. Assim, não há exigência de
autorização do ente público para celebração do contrato, sendo que o concessionário irá responder pela
adequada execução do serviço perante o poder concedente.
Sendo as contratações feitas pela concessionária regidas pelo direito privado e pela legislação trabalhista,
não há nenhuma relação entre os terceiros contratados pela concessionária e o poder concedente, não
havendo responsabilidade por parte da Administração caso a concessionária não cumpra com o pactuado.
A permissão é ato unilateral, discricionário, precário, pelo qual a Administração delega ao particular a
execução de um serviço público ou a utilização de um bem público, devendo esta ser feita por licitação.
A permissão, assim como a concessão, encontra-se prevista no artigo 175 da Constituição Federal e,
também, na Lei nº 8.987/95.
O conceito legal de permissão de Serviço Público é extraído do artigo 2º, inciso IV, da referida lei, cuja
redação é a seguinte:
(...)
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de serviços
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco.
Tradicionalmente, a doutrina conceitua a figura da permissão como ato unilateral e precário, mediante o qual
a Administração Pública transfere à pessoa física ou jurídica, o desempenho de um serviço de sua
competência, permitindo a exploração econômica dessa atividade, em regra, por meio de cobrança de tarifa
dos usuários.
A precariedade, tecnicamente, pode ser compreendida como a prerrogativa do poder concedente, titular do
serviço público, revogar a qualquer momento o ato de permissão, sem acarretar o dever de indenizar o
permissionário. Saliente-se que pela própria característica do instituto, o ato de permissão é delegado sem
prazo determinado. Caso seja estabelecido determinado prazo, desaparece a precariedade e o permissionário
terá direito à indenização.
Esta é a chamada permissão condicionada ou qualificada, mencionada no artigo 2º, inciso IV, da Lei nº
8.987/95, que trata de normas gerais de concessão e permissão de serviços públicos.
O artigo 40 desta lei, entretanto, estabelece que a permissão de serviço público seja formalizada por meio de
contrato de adesão, mantida a precariedade e a revogabilidade unilateral do instituto. O artigo 175, parágrafo
único, da Constituição, também dá a entender que será delegada a permissão contratualmente.
A sistemática estabelecida pelo artigo 40 prevê a estranha figura de um "contrato precário". Na verdade, esta
idéia representa uma contradição, uma vez que, a idéia de contrato representa estabilidade numa relação
jurídica firmada entre as partes envolvidas, trazendo especialmente uma segurança maior ao permissionário.
Caso seja rescindido o contrato antes do prazo nele estabelecido, sem culpa do particular, este receberá uma
indenização pela quebra do equilíbrio econômico-financeiro. Ao se afirmar que será precária tal relação, retira-
se a possibilidade de indenização na hipótese de rescisão antecipada do contrato.
Enfim, o artigo 5º, da Lei nº 8.987/95 prevê um prazo obrigatório para o contrato formalizador da permissão, o
que nega a sua precariedade, nos casos voltados para a prestação de Serviços Públicos.
A permissão não tem natureza contratual, não se caracterizando como contrato administrativo, mas sim, ato
administrativo. Sendo esta unilateral, discricionária e precária, não há direito do particular contra a
Administração Pública.
A Constituição Federal em seu artigo 21, inciso XII estabelece que compete à União explorar, diretamente ou
mediante autorização, concessão ou permissão, vários tipos de serviços, de radiodifusão, energia elétrica,
transporte ferroviário e aquaviário. Ficando claro que a terceirização de tais serviços mediante concessão,
permissão ou autorização, é permitida.
Pelo modelo tradicional, a relação de emprego estabelece-se entre o trabalhador e o tomador dos serviços, ou
seja, o empregador. Assim sendo o contrato de trabalho pode ser visto comoum contrato bilateral, oneroso e
sinalagmático.
Bilateral por criar obrigações para ambas as partes, sendo que o empregado tem a obrigação de trabalhar
subordinado ao empregador e este, tem a obrigação de remunerar o empregado pelo serviço prestado e
pagar demais encargos trabalhistas.
Oneroso por ter o empregado direito a receber salário, não se admitindo, salvo em ocasiões especiais,
trabalho sem remuneração.
Porém, as novas modalidades de contratação mudaram o eixo do devedor principal para outros partícipes,
ainda que indiretos, da relação laboral, desde que beneficiários da força de trabalho do empregado.
O artigo 16, da Lei n.º 6.019/74 prevê a responsabilidade solidária do tomador de serviços para com os
encargos trabalhistas, caso a empresa de trabalho temporário sofra falência.
Citado artigo não admite que o trabalhador, caso a empresa prestadora de serviço esteja comprometida
financeiramente, seja prejudicado pela inadimplência do seu empregador.
Não se trata de reconhecimento do vínculo empregatício, tendo em vista que a Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, em seu artigo 9°, admite este reconhecimento somente quando evidenciada fraude à Lei n°
6.019/74, que normatiza a contratação de trabalhador temporário. O tomador de serviços continua sendo
mero locador de mão-de-obra, porém puni-se o beneficiado da força de trabalho por ter ele contratado com
empresa inidônea.
A Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho ampliou as hipóteses nas quais se responsabiliza o tomador
dos serviços pelas obrigações trabalhistas. O item IV do citado enunciado, condicionando a participação da
empresa terceirizante na relação processual, atribuiu responsabilidade subsidiária a esta em casos de
inadimplemento das obrigações pela cedente de mão-de-obra.
Há várias fundamentações para se explicar este entendimento do TST, nos quaisse destacam a teoria da
responsabilidade subjetiva, fundada na culpa in eligendo e in vigilando, a teoria do abuso de direito, a teoria
objetiva, fundada no risco empresarial, e a função social do contrato.
A responsabilidade civil subjetiva é aquela decorrente de dano causado por ato doloso ou culposo. Trata-se
de principio previsto no Código Civil, aplicáveis no Direito do Trabalho por força do artigo 8º, parágrafo único,
da CLT. Fundamenta-se na culpa que pode ocorrer pela negligência (falta de cautela) ou pela imprudência
(falta de cuidado, descaso).
Esta teoria pressupõe que o tomador de serviços agiu com culpa ao contratar empresa fornecedora de
serviços que não adimpliu os direitos de seus empregados, sendo esta omissa por não fiscalizar o
cumprimento dos encargos trabalhistas.
A teoria do abuso de direito fundamenta-se do artigo 187, do Código Civil e, para os defensores desta teoria,
embora seja assegurado às empresas, por força dos princípios gerais da atividade econômica, em especial da
livre iniciativa e da livre concorrência, delegar a terceiros atividades especializadas ou de mero apoio, com a
finalidade de concentrar-se no objetivo principal da empresa, buscando assim, maior eficiência e
produtividade, não é dado abusar desse direito, ao firmar contrato com empresa economicamente inidônea e
incapaz de arcar os encargos trabalhistas e, ainda, pretender eximir-se de qualquer responsabilidade, quando
beneficiou-se da energia laboral.
A teoria objetiva tem como fundamento o parágrafo único, do artigo 927, do Código Civil, que especifica a
obrigação de reparar o dano independente de culpa, quando a atividade desenvolvida pelo autor do dano
implicar risco para os direitos de outrem. Esta cláusula visa equacionar inúmeras situações tradicionalmente
aceitas pela responsabilidade subjetiva, porém, diante da dificuldade da vítima em provar a culpa do agente,
não havia a devida reparação.
O conceito de risco que se enquadra melhor a este posicionamento é a teoria do risco. Segundo esta teoria,
aquele que, através de sua atividade cria um risco de dano para outrem, deve ser obrigado a repará-lo, ainda
que sua atividade e o seu comportamento sejam isentos de culpa.
O Código Civil Brasileiro também prevê, em seu artigo 932, inciso III, a responsabilidade por atos de terceiros.
Caso o terceiro contratado cause dano a alguém, deverá a empresa arcar com os danos praticados por seu
preposto (terceiro), independentemente de existência de sua culpa.
A CLT é clara ao definir que empregador tem incumbência de suportar os riscos do negócio, inserindo-se
nessa responsabilidade a satisfação dos direitos dos trabalhadores diretamente contratados e, dos
trabalhadores contratados por empresas interpostas, na medida em que o tomador do serviço é o beneficiário
direto da energia laboral do empregado.
A função social do contrato, prevista no artigo 421, do Código Civil consagra a responsabilidade do tomador
pelos encargos trabalhistas decorrentes da contratação de empresas prestadoras de serviço. Desse princípio
extrai-se que a análise do contrato não pode se restringir ao prisma formal e seus efeitos não devem se
circunscrever ao aspecto meramente econômico, devendo observar também sua função social, na qual se
insere a justa, adequada e efetiva remuneração da força de trabalho.
Após analisar todos os princípios que regem o atual entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, convém
ressaltar que se trata de responsabilidade subsidiária, somente podendo ser executado o tomador de
serviços, após esgotar todas as tentativas de receber o crédito contra a empresa prestadora de mão-de-obra.
Terceirizantes somente poderão ser executados após ser constatado que a empresa prestadora de serviços
não possui bens ou ativos financeiros capazes de solver a divida trabalhista, salvo, na contratação de
trabalhador temporário que ocorrendo a falência da empresa prestadora de serviços, deverá a empresa
tomadora ser responsabilizada solidariamente, nos termos do artigo 16, da ainda em vigor Lei 6.019/74.
O Egrégio Tribunal Superior do Trabalho procurando dar orientação às diversas hipóteses de terceirização de
serviços editou a Súmula 331, onde são tratadas várias questões ligadas à matéria.
O citado Enunciado revisou a Súmula 256 do TST, a pedido do Ministério Público do Trabalho, objetivando
corrigir obscuridades e responder a algumas críticas feitas ao enunciado anterior.
O Enunciado 331 do TST tem a seguinte redação:
I – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal formando-se o vínculo diretamente com o
tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 3-1-74);
II – A contratação irregular de trabalhador, através de empresa interposta, não gera vínculo de emprego com
os órgãos da Administração Pública Direta, Indireta ou Fundacional (art. 37, II - da Constituição da República);
III – Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de
20-6-83), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do
tomador, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação direta;
No ano de 2000, com a Resolução 96 do TST, de 11 de setembro, o citado Enunciado sofreu modificação em
seu inciso IV, recebendo nova redação, para esclarecer que a responsabilidade subsidiária ali especificada
abrangia também "órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista".
A edição da presente Súmula teve como fundamentação o Decreto-Lei n.º 200/67, artigo 10, parágrafo 7º, a
Lei n.º 5645/70, artigo 3º, parágrafo único, a Lei n.º 6.019/74, a Lei n.º 7.102/83 e a Constituição Federal de
1988, artigo 37, inciso II.
A uniformização da jurisprudência decorreu de precedentes ditados por decisões do Órgão Especial e das
Turmas do TST, notadamente dos objetos dos seguintes julgados: E-RR 0211/90.6, Relator Ministro Cnéa
Moreira, Ac. SDI nº 2.333/93, DJU 3-9-93; RR 41.486/91.2, Relator Ministro Manoel Mendes de Freitas, Ac. 3ª
Turma 46/92, DJU 26-3-93; RR 24.086/91.7, Relator Ministro Vantuil Abdala, Ac. 2ª Turma 806/92, DJU 8-5-
92; RR 41.974/91, Relator Ministro Marcelo Pimentel, Ac. 4ª Turma 1.420/93, DJU 18-6-93; RR 35.607/91,
Relator Ministro José Ajuricaba, Ac. 5ª Turma 1.275/93, DJU 25/6-93; RR 42.286/91.9, Relator Ministro
Leonaldo Silva; Ac. 4ª Turma 2.936, DJU 12-2-93; RR 44.058/92.6, Relator Ministro Afonso Celso; Ac. 1ª
Turma 3.308/92, DJU 4-12-92; RR 62.835/92.0, Relator Ministro Ursulino Santos; Ac. 1ª turma 2.340/93, DJU
1-10-93.
Inicialmente observa-se que em seu inciso III, o Enunciado 331, deixou de lado o rigor excessivo do
Enunciado 256, inadequado as inúmeras hipóteses de terceirização de serviços, permitindo-se uma
interpretação mais compatível com as várias situações que podem ocorrer quando se contrata empresas
prestadoras de serviços, que podem não implicar em intermediação fraudulenta de mão-de-obra. Alargando-
se, com isto, o campo de análise não só para o ente público, como também para a iniciativa privada, em
medida que nos parece acertada.
Manteve, entretanto, o entendimento expresso em seu item I, de que a interposição fraudulenta de mão-de-
obra continua não sendo aceita, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços.
Ocorre a intermediação fraudulenta quando o trabalhador está inserido na atividade econômica do tomador
dos serviços, é por ele dirigido e a ele beneficia. O trabalho relaciona-se à atividade-fim do tomador dos
serviços, para fazer uso das expressões utilizadas no verbete sumulado.
Nota-se que a Súmula 331 do TST continua a considerar ilegal a locação permanente de serviços, porém
reconhece a impossibilidade de formação de vínculo empregatício com a Administração Pública, respeitando-
se o disposto no artigo 37, inciso II, da Constituição Federal. Deste modo, caso seja encontrada locação
permanente de mão-de-obra na Administração Pública, esta será responsável subsidiariamente pelos direitos
trabalhistas dos terceirizados, não se reconhecendo o vínculo empregatício com este ente.
A Súmula 331, além de ratificar a legalidade da contratação de serviços de vigilância (autorizado pela Súmula
256), também autorizou a contratação de serviços terceirizados de limpeza e conservação e os
especializados ligados à atividade-meio da empresa tomadora.
Não trata o Enunciado em estudo, da terceirização sob forma de cooperativas, tendo em vista que a Lei n.º
8.949, de 9 de dezembro de 1994, que acrescentou o parágrafo único ao artigo 442 da CLT, foi editado
posteriormente à unificação da jurisprudência e edição do Enunciado 331.
Não se pode entender a Súmula 331 como taxativa, pois pode haver outras atividades que podem ser
terceirizadas apesar de não estarem especificadas no Enunciado e, também, podem existir fraudes nas
atividades nele contidas.
A contratação de trabalhador temporário é uma das formas de contratação de trabalhador por empresa
interposta considerada legal pela Súmula 331 do TST. Por isso, faremos um breve estudo sobre o tema.
O trabalho temporário foi criado pela Lei n.º 6.019/74 e regulamentado pelo Decreto 73.841/74.
O entendimento atual do contrato de trabalho é de que, embora regido por lei especial, é um contrato de
emprego, do tipo pacto a termo, apenas submetido às regras especiais da Lei n.º 6.019/74.
O trabalho temporário consiste no serviço prestado por pessoa física a uma determinada empresa, para
atender necessidade transitória de substituição de pessoal, regular e permanente, ou motivado pelo
acréscimo extraordinário de serviços; a inobservância desses preceitos qualifica automaticamente o
empregado temporário em normal.
Não se confunde a contratação de empreitada de labor com o trabalho temporário. Naquela, há apenas o
fornecimento de mão-de-obra, sem material, mas não há subordinação com o empreiteiro. No trabalho
temporário, há subordinação entre o trabalhador temporário e a empresa de trabalho temporário.
Ressalta-se também a diferença existente entre o trabalhador temporário com o trabalhador admitido a prazo,
por curto período, pela própria empresa tomadora de serviços. Esse último é empregado clássico, firmando
relação de emprego com o tomador real de seu serviço, sendo esta relação regida pela CLT, nos seus artigos
443 e 445. Enquanto que o primeiro é regido pela Lei n.º 6.019/74, tendo sua relação de emprego firmada
com a empresa de trabalho temporário e não com a empresa cliente.
As empresas de trabalho temporário alocam trabalhadores devidamente qualificados e por ela remunerados,
temporariamente no mercado de trabalho, à disposição das empresas tomadoras de serviços.
Para que haja prestação de serviço temporário é necessária a existência de contrato escrito entre a empresa
de trabalho temporário e a empresa tomadora dos serviços, no qual deve constar o motivo justificador da
demanda de mão-de-obra, bem como a modalidade de remuneração da prestação de serviços, devendo estar
discriminadas as parcelas relativas a salários e encargos sociais. Essa exigência difere, portanto, da regra
geral que permite o ajuste verbal, regra essa expressa no artigo 443 da CLT.
O artigo 10,da Lei n.º 6.019/74 dispõe que o contrato entre a empresa de trabalho temporário e a empresa
tomadora de mão-de-obra não poderá exceder a três meses com relação a um mesmo trabalhador, salvo se
houver autorização conferida pelo Órgão local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, segundo
Instruções a serem baixadas pelo Departamento Nacional de Mão-de-Obra.
Esta prorrogação autorizada pelo artigo 10 da Lei n.º 6.019/74, não poderá ser feita em casos de força maior
ou necessidade imperiosa de serviço, tendo em vista tais hipóteses não constarem no citado diploma legal.
O trabalhador temporário tem direito a remuneração equivalente à recebida pelos empregados da mesma
categoria na empresa cliente; jornada de oito horas, remunerada as horas extras; férias proporcionais, em
caso de dispensa sem justa causa ou término normal do contrato de trabalho; repouso semanal remunerado;
adicional por trabalho noturno; décimo terceiro salário; fundo de garantia por tempo de serviço - FGTS; seguro
de acidente de trabalho; benefícios e serviços da Previdência Social.
Ressalta-se, que o trabalhador temporário não tem direito aos 40% da multa sobre o montante o FGTS, aviso
prévio ou qualquer outra estabilidade como a da gestante.
O inciso III, do Enunciado 331 do TST, exclui o vínculo empregatício da empresa tomadora de mão-de-obra
nos casos de contratação de serviços de vigilância, conservação, limpeza, bem como quanto à contratação de
atividades especializadas que dizem respeito àatividade-meio da tomadora, desde que, não haja qualquer
vínculo de dependência entre o trabalhador e a empresa locatária. Isto quer dizer que, a empresa tomadora
de serviços não poderá aplicar qualquer penalidade ao empregado que lhe presta serviços. Qualquer
reclamação que tenha contra ele deverá ser formalizada perante a empresa locadora.
A atividade-meio é aquela não representativa do objetivo principal da empresa, não fazendo parte, portanto,
do processo produtivo e caracterizando um serviço necessário, mas não essencial. Pode-se dizer que
atividade-meio é aquela que se presta a dar condições para que uma empresa atinja seus objetivos sociais.
Segundo o doutrinador Sérgio Pinto Martins[13], atividade-meio pode ser definida como "a atividade
desempenhada pela empresa que não coincide com seus fins principais. É a atividade não essencial da
empresa, secundária, que não coincide com seus fins principais. É a atividade de apoio ou complementar".
Assim, podemos concluir que atividade-meio é a atividade que possui caráter meramente secundário, auxiliar,
distante do escopo fundamental ao qual está inserida a empresa.
Atividade-fim compreende as atividades essenciais e normais para as quais a empresa se constitui. É seu
objetivo a exploração do ramo de atividade, expressa nos objetivos do contrato social. Incluem-se na
atividade-fim a produção de bens ou serviço ea comercialização.
Pode-se definir a atividade-fim da empresa como a atividade principal, central da empresa, direta, de seu
objeto social.
A terceirização da atividade-fim da empresa será uma mera delegação de prestação de serviços da própria
atividade principal da empresa, não havendo especialização.
A Súmula 331 veda a contratação por empresa interposta de empregadores a trabalharem na atividade-fim da
empresa; entretanto, ocorre que em virtude do artigo 170 da Constituição Federal, que estabelece o princípio
da livre iniciativa, não se pode afirmar que a terceirização restringe-se à atividade-meio da empresa.
Outra possibilidade de terceirização da atividade-fim está prevista no artigo 25, da Lei n.º 8.987/95, que trata
de concessão telefônica. Este artigo permite à concessionária executar as atividades-fim da empresa.
Cabe ao empresário definir quais áreas pretende terceirizar, inclusive da atividade-fim, devido ao princípio da
livre iniciativa.
Ressalta-se, entretanto, que para não haja vínculo empregatício com a tomadora de serviços, é necessário
que a pessoalidade e subordinação direta do empregado se dêem com a empresa fornecedora de mão-de-
obra. Caso os serviços sejam executados no estabelecimento da tomadora, devem ser executados sob
ordens de preposto da prestadora e não da tomadora.
Neste tipo de responsabilidade o credor tem direito à totalidade da prestação, como se fosse único credor, ou
cada devedor estará obrigado por todo o montante do débito, como se único devedor fosse.
A solidariedade não é presumida, ela decorre de lei ou da vontade das partes, conforme determinado no
artigo 265, do Código Civil.
Normalmente, a solidariedade no Direito do Trabalho decorre de lei, tendo em vista que o tomador de serviços
não irá querer responder pela dívida do prestador dos serviços.
Haverá solidariedade passiva quando houver mais de um devedor, podendo o credor receber de um ou de
alguns dos devedores, parcialmente ou totalmente, a dívida comum.
Haverá solidariedade ativa quando houver mais de um credor, podendo cada um dos credores exigir o
cumprimento da dívida por inteiro.
A solidariedades passiva e ativa estão previstas, respectivamente, nos artigos 275 e 267 ambos do Código
Civil.
Na Consolidação das Leis do Trabalho não há um conceito de solidariedade ativa e nem passiva, devendo ser
aplicado, por analogia, nos termos do artigo 8º da CLT, o Direito Civil.
A teoria da solidariedade ativa entende que o empregador é um só – o grupo, sendo que o empregado que
trabalha para uma das empresas, presta serviço para o grupo todo. Assim, há um único empregador e um
único credor dos serviços do empregado, qual seja, o grupo.
Para Sérgio Pinto Martins[14], a solidariedade ativa no direito do trabalho está prevista no parágrafo 2º, do
artigo 2º, da CLT, pois para ele poderá haver a solidariedade ativa quando o empregador cuida de um grupo
de empresas.
Poderá qualquer uma das várias empresas do grupo exigir o trabalho do empregado. Sendo que, também é
permitida a transferência do empregado de uma empresa para outra, desde que pertencente ao grupo.
Para efeito de férias, 13º salário, estabilidade, e outras garantias do empregado, conta-se o tempo de serviços
prestados entre as diversas empresas do grupo.
A solidariedade passiva somente ocorrerá em três casos, sendo estes previstos em lei. Os três casos nos
quais ocorrerá solidariedade passiva são:
No grupo de empresas, conforme se depreende do parágrafo 2°, do artigo 2°, da CLT e parágrafo 3°, do artigo
3°, da Lei n.° 5.889/73 que regulamenta o trabalho rural.
Na falência da empresa de trabalho temporário, cuja Lei de n.° 6.019, que regula o contrato de trabalho em
espécie, em seu artigo 16, impõe a solidariedade passiva caso a empresa de trabalho venha a falir, a fim de
resguardar os direitos do trabalhador.
Uma hipótese de solidariedade não prevista na CLT, porém aplicável a esta subsidiariamente, é o artigo 942
do Código Civil. Este artigo prevê que os bens do responsável pelo dano praticado contra terceiro ficam
sujeitos à reparação do dano e, caso houver, mais de um autor do dano, estes responderão solidariamente
pela reparação.
A regra do artigo 942 poderá, se houver mais de um responsável pelo dano, ser aplicada nos casos de
terceirização trabalhista.
Porém, é destacado que, para a aplicação do mencionado artigo, é necessário que o empregado tenha uma
causa específica de pedir; caso não haja, não poderá o juiz de ofício aplicar o diploma legal.
A responsabilidade subsidiária surgiu no ordenamento jurídico como um remédio hábil a conferir eficácia
jurídica e social aos direitos do obreiro terceirizado.
O Enunciado 331, inciso IV do TST impôs expressamente a responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços para com os créditos trabalhistas. Apreende desta súmula a incidência da responsabilidade, desde
que verificado o inadimplemento trabalhista, por parte do contratante formal do trabalhador terceirizado.
Na responsabilidade subsidiária há de ser respeitado o benefício de ordem. Primeiro deve-se tentar receber o
crédito trabalhista do devedor principal (empresa prestadora de serviços) e, caso este não pague, deve a
empresa tomadora dos serviços, arcar com o débito.
Para o TST, sendo a empresa tomadora de serviços beneficiária da força laboral do obreiro, deve esta
responder, mesmo que subsidiariamente, pelos direitos trabalhistas, pois não há como o trabalhador retornar
aos status quo ante, não há como devolver para ele sua energia de trabalho.
O inadimplemento para com os direitos trabalhista revela que a empresa contratada não possui idoneidade
financeira. Sendo assim, a empresa contratante ou tomadora de serviços agiu com culpa in eligendo e in
vigilando, pois escolheu empresa inadequada para firmar acordo e não fiscalizou o cumprimento das
obrigações trabalhistas.
Destaca-se que para cobrar os créditos trabalhistas da empresa tomadora de serviços, é necessário que esta
componha o pólo passivo da lide trabalhista, pois em um processo, quem não foi parte do processo de
conhecimento, não o poderá ser da fase de execução, tendo em vista que sentença processual somente faz
coisa julgada perante as partes que figuraram no feito.
Procura a Superior Corte trabalhista, com o atual entendimento, que as empresas firmem contratos com
empresas idôneas, sob pena, de não o fazendo, arcar com os prejuízos sofridos pelo obreiro.
Deste modo, deve a empresa, antes de efetivar a contratação da prestadora de serviços, cercar-se dos
cuidados necessários, a fim de evitar possíveis contratempos, especificamente no que diz respeito à
idoneidade da contratada, mantendo-se vigilante em relação à quitação, por parte da mesma, das obrigações
decorrentes dos contratos de trabalho mantidos com os empregados, que desempenham labor em suas
instalações.
O fato do tomador dos serviços ser responsável subsidiário pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas,
não o transforma em empregador e nem torna nulo o contrato de trabalho realizado entre o trabalhador e a
empresa que o contratou.
Assim, a responsabilidade trazida no inciso IV do Enunciado 331 do TST, dizem respeito apenas aos direitos
adquiridos pelo trabalhador no curso da prestação de serviços que beneficiou a empresa tomadora/cliente.
Segundo Sérgio Pinto Martins[15], o TST agiu acertadamente ao falar em responsabilidade subsidiária do
tomador de serviços ao se aplicar, analogicamente, o artigo 445 da CLT, que não trata de responsabilidade
solidária, pois esta só resulta de lei ou da vontade das partes.
Para que ocorra esta responsabilidade, deverá o obreiro provar que prestou serviços para a tomadora, sendo
este fato constitutivo de seu direito. Exclui-se, no entanto, a responsabilidade subsidiária do tomador nos
casos em que o trabalhador presta serviços nas dependências da própria empresa prestadora de serviços.
Caso o tomador seja responsabilizado pelos créditos trabalhistas e venha a quitar tais verbas, terá direito a
ação de regresso contra a empresa prestadora.
Para se excluir a responsabilidade tanto solidária, quando subsidiária do tomador de serviços é necessário
que este faça contrato de terceirização com empresas idôneas, inclusive financeiramente; seja este contrato
firmado de boa-fé, evitando-se burlar as normas trabalhistas, prejudicando o empregado.
Mesmo que os serviços prestados pelos trabalhadores terceirizados coincidam com a atividade-fim da
empresa, para que não ocorra a formação do vínculo empregatício com a tomadora, é necessário que a
subordinação não se dê diretamente com esta e sim, com a prestadora de serviços.
(TRT-RO 01238-2008-139-03-00-9, Relator: Alice Monteiro de Barros, Órgão Julgador Sétima Turma,
Publicado no DEJT de 23/07/2009)
(TRT-RO 00101-2009-054-03-00-2, Relator: Deoclecia Amorelli Dias, Órgão Julgador Décima Turma,
Publicado no DEJT de 15/07/2009).
(TRT-RO 01523-2008-114-03-00-3, Relator: Luiz Otávio Linhares Renault, Órgão Julgador Quarta Turma,
Publicado no DEJT de 15/06/2009).
Porém, nos casos do contrato de terceirização para vigilância armada, a nona Turma do TRT3 diverge da
Súmula 331 do TST, afastando a responsabilidade, tanto solidária quanto subsidiária do tomador dos
serviços, por considerar a atividade exclusiva de empresas autorizadas pelo Ministério da Justiça, conforme
se depreende dos recentes julgados a seguir elencados.
(TRT-RO-00262-2008-043-03-00-1, Relator: Emília Facchini, Órgão Julgador Nona Turma, Publicado no DEJT
de 27/05/2009)
A atividade de vigilância armada, regida pela legislação federal a partir da Lei n. 7.102/83, é privativa das
empresas autorizadas a tanto pelo Ministério da Justiça e, diante da exigência de ser prestada por quem
esteja legalmente habilitado e para tal registrado, é autônoma, do que resulta não ser ela terceirizável. Para
se pensar em responsabilidade supletiva de pessoa que não é o empregador, necessariamente se deverá ter
a hipótese de terceirização, porque é esta a via que comanda a análise da interposição e a prestação de
serviços diretos a quem os contrata. Não há atividade-meio de vigilância; ela é um fim em si mesma, e é
autônoma. Inaplicável a Súmula n. 331, do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
(TRT-RO- 01438-2006-103-03-00-0, Relator: Ana Maria Amorim Rebouças, Órgão Julgador Nona Turma,
Publicado no DEJT de 19/11/2008)
Considerações Finais
No decorrer da pesquisa foi possível concluir que a terceirização retrata uma forma de flexibilização dos
direitos trabalhista, o que conduz à constatação de que deve a norma trabalhista se modernizar, para
adequar-se a esta nova forma de contratação de serviços.
Observa-se que a terceirização veio para os empresários como forma para conter a crise, fazendo com que
estes tivessem maior produtividade, com trabalhadores cada vez mais especializados, assim melhorando a
qualidade dos serviços a custos mais baixos. Porém, é necessário, para que não haja fraudes e abusos às
normas trabalhistas, que esta nova forma de contratação de serviços seja normatizada em nosso
ordenamento jurídico.
No decorrer da pesquisa notou-se claramente que embora o Tribunal Superior do Trabalho tente coibir
fraudes por meio da terceirização do trabalho com a edição da Súmula 331, ainda há omissões, fazendo com
que muitos empregadores prefiram a contratação de trabalhadores por empresa interposta, visando a
baratear custos e excluir sua responsabilidade direta pelas obrigações trabalhistas.
Torna-se, portanto, necessário que o empregador observe alguns requisitos para que esta terceirização não
seja desconsiderada, gerando o vínculo empregatício diretamente com ele, tais como: contratar com empresa
idônea e fiscalizar o cumprimento por esta dos encargos trabalhistas; não ser o empregado terceirizado
subordinado diretamente à empresa terceirizante; não haver a pessoalidade deste empregado.
Deve evitar-se, ainda, que os serviços terceirizados aconteçam entre empresas do mesmo grupo econômico
da empresa terceirizante, conforme apresentado no idem 4.5 do presente estudo, vindo a ocorrer, caso haja
inadimplemento para com as obrigações trabalhistas, a responsabilidade se dar de forma solidária, gerando
vínculo empregatício com o grupo, pois este é o empregador.
É necessária a edição de lei regulamentando a matéria, especificando regras para a terceirização, tanto na
atividade-meio como na atividade-fim da empresa, delimitando quando ocorrerá a responsabilidade
subsidiária e solidária entre a empresa terceirizante e a interposta, objetivando resguardarem-se os direitos
dos empregados.
Deve-se também normatizar a presente matéria a fim de auxiliar os Juízos trabalhistas a aplicarem melhor o
Direito, para resguardar os interesses dos empregados contratados em terceirizações feitas ilicitamente.
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STOCO, Rui.Tratado de Responsabilidade Civil.6. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->
[1] MARTINS, Sérgio Pinto. A Terceirização e o Direito do Trabalho. 8°. Ed.São Paulo: Atlas, 2007,p. 23.
[2] FALCÃO, Ismael Marinho. A Terceirização no Direito do Trabalho. 20. Ed. São Paulo: Edipro, p. 18.
[3] CATHARINO, José Martins. Neoliberalismo e Sequela. 1ª Ed. São Paulo. LTr 1997, p. 72.
[4] MARTINS, Sérgio Pinto. A Terceirização e o Direito do Trabalho. 8°. Ed.São Paulo: Atlas,2007.
[5] FALCÃO, Ismael Marinho. A Terceirização no Direito do Trabalho. 20. Ed. São Paulo: Edipro, p. 18.
[6] Também denominado arrendamento mercantil, é uma operação em que o proprietário (arrendador,
empresa de arrendamento mercantil) de um bem móvel ou imóvel cede a terceiro (arrendatário, cliente,
"comprador") o uso desse bem por prazo determinado, recebendo em troca uma contraprestação. Esta
operação de financiamento proporciona aos empresários o acesso aos bens de produção necessários ao
funcionamento da empresa, sem que tenha de comprá-los.
[7] STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.
958/959.
[9] MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10ª. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p.
366/367.
[10] MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10ª. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p.
366/367.
[11] MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 20. Ed. São Paulo. Malheiros,
2006, p. 664.
[12] Aprovada pela Resolução Administrativa n.º 23/93, de dezembro de 1993, decorrente de orientação
provinda do Órgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho, e publicada no Diário de Justiça da União em
21 de dezembro de 1993.
[13] MARTINS, Sérgio Pinto. A terceirização e o Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2007, p. 136.
[14] MARTINS, Sérgio Pinto. A Terceirização e o Direito do Trabalho. 8°. Ed.São Paulo: Atlas, 2007, p. 139.
[15] MARTINS, Sérgio Pinto. A Terceirização e o Direito do Trabalho. 8°. Ed.São Paulo, Atlas 2007, p. 140.
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/27859/1/A-terceirizacao-do-trabalho-e-a-responsabilidade-do-
empregador/pagina1.html#ixzz0wVu0r2VE
Lei 6404/76 (Lei das SA), art. 242: consagra a penhorabilidade dos bens da
sociedade de economia
mista.
Pode haver penhora tanto na estatal que realiza atividade econômica como na
que presta serviço público. Ocorre que as que prestam serviço público são
protegidas pelo Princípio da Continuidade ou Manutenção do Serviço Público.
A prestação de serviço público não pode ser interrompida para que um bem,
necessário à sua realização, seja penhorado para garantir pagamento de
dívida. Portanto, os bens da estatalPODEM ser penhorados, mas só até o
montante de bens que não prejudique a prestação daquele serviço público.
Hoje, em muitos casos, em vez de penhorar os bens da empresa, a penhora
recai sobre a renda recebida ou arrecadada pela empresa, na prestação
daquele serviço público.
Se já foi penhorado tudo que se podia penhorar sem atrapalhar a prestação de
serviço público, mas
ainda falta muito para pagar a dívida, Celso Antônio Bandeira de Mello acha
que surge
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA (não é solidária) do ente criador daquele estatal.
O que vimos até agora refere-se à penhora de bens de estatal prestadora de
serviço público, apenas.
São as estatais que estão mais próximas do Estado, em sua finalidade e
atividade.
A estatal que realiza atividade econômica está mais próxima da iniciativa
privada. Dessa forma, o tratamento dado a elas deve ser igual ao dispensado à
iniciativa privada. Por isso, os bens destas outras estatais são totalmente
penhoráveis (sem qualquer limite). NÃO HÁ responsabilidade subsidiária do ente
criador. A empresa funciona como qualquer particular. O limite do art. 242 da
Lei das SA seria só para as estatais prestadoras de serviço público.
Quanto à RESPONSABILIDADE DAS ESTATAIS : na responsabilidade subjetiva, o ônus da
prova é de quem pleiteia a reparação; na responsabilidade objetiva, basta ao
autor provar o dano e o nexo de causalidade com a conduta do agente público.
É o Poder Público quem deve provar que não teve qualquer culpa naquele
evento de que resultou o dano. CF, 37, §6: diz que pessoas jurídicas de
direitoPÚB LICO sempre respondem objetivamente. As pessoas jurídicas de
direitoP RI VA D O prestadoras de serviço público também se submetem à teoria
da responsabilidade objetiva. No entanto, se a finalidade da estatal (ou da
pessoa jurídica de direito privado em geral) é a realização de atividade
econômica, a responsabilidade éSUBJE TIVA, dependendo da verificação de culpa.
Celso Antônio Bandeira de Mello diz que a diferença entre serviço público e
atividade econômica está no fato de aquilo estar imediatamente à disposição
da população ou não. Ex: ônibus, serviço postal (serviços públicos). É diferente
de algo como extração de minério (Vale), exploração de petróleo (Petrobras),
que são atividades econômicas. Isso abrange até empresas particulares, como
as empresas de ônibus, que são pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público, e por isso respondemO BJETIVAMENTE , sujeitando-
se à Teoria Objetiva.
O CF, 37, §6° só pode se aplicar a pessoasJURÍ D ICAS.
CE-RJ, 77, §2°: EMPRESA PÚBLICA pode tomar qualquer das formas admitidas em
direito. Ver também
DL 200/67, 5°, II.
DL 200/67, 5°, III: sociedade de economia mista será obrigatoriamente SA
(sociedade anônima). Mas isso é normaFE DER AL. As sociedades de economia
mista estaduais e municipais poderiam tomar outra forma, em Princípio, mas
acabam sempre sendo SA. A CE-RJ também exige a forma de SA para as
sociedades de economia mista estaduais fluminenses.
CF, 173, §§1° e 2°: o tratamento dado à estatal (empresa pública e sociedade
de economia mista)
deve ser igual ao dado à iniciativa privada. Desta forma, NÃO PODE SER DADO
QUALQUER PRIVILÉGIO FISCAL
OU PROCESSUAL A ELAS. Elas só receberão as mesmas vantagens recebidas por todas
as demais
empresas privadas de sua atividade.
Só as empresas públicas federais (não as sociedades de economia mista) têm
um único privilégio, que é o de foro (a Justiça Federal). As sociedades de
economia mista não têm este privilégio, mas serão demandadas apenas no
local de sua sede (CF, 109, I)
Quanto à FORMAÇÃO DE CAPITAL :
- EMPRESAS PÚBLICAS:
-FE DER AIS: o capital da empresa deve ser exclusivo da União (DL 200/67, art.
5°, II);
- ESTADUAIS FLUMINENSES: é diferente. O capital deve ser majoritariamente daquele
Estado, para que se admita aquela empresa como sendo pública estadual. Não
é que um particular possa complementar o capital, apenas admite-se que outro
ente da federação também tenha participação no capital. O que caracteriza a
empresa como pública, então, é o fato de o capital que a compõe ser
exclusivamente público (não importa de qual ente).
- SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: a maioria das ações com direito a voto deve estar
em poder do ente
da federação ou da Administração Pública indireta.
Quanto à POSSIBILIDADE DE FALÊNCIA, diz-se que empresa pública e sociedade de
economia mistaN ÃO
PODEM FALIR. Na verdade, não há qualquer lei proibindo falência de empresa pública.
Em relação às
sociedades de economia mista, há a lei das SA, art. 242. Mas LOCJ acha que
este artigo teria sido revogado pelo CF, 173, §§1° e2°, que exige tratamento
igual para as sociedade de economia mista e para as empresas privadas,
permitindo assim a falência também das sociedades de economia mista.
O REGIME DE PESSOAL de ambas as estatais é o celetista. Mas ambas estão
sujeitas ao CF, 37, II, que exige CONCURSO PÚBLICO também para preenchimento
de EMPREGO PÚBLICO (de celetistas), além dos cargos públicos (estatutários).
Portanto, empresas públicas e em sociedades de economia mista devem fazer
concurso público para preencher suas vagas, obrigatoriamente.
CF, 37, XXI: as estatais estão OBRIGADAS A LICITAR. (ver Lei 8666/93, art. 1°, P.
ún.)
http://www.scribd.com/doc/13348197/Curso-de-Direito-Administrativo-Prof-Luis-
Oliveira-Castro-Jungstedt