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DIREITO CIVIL – MAGISTRATURA FEDERAL
Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Paulo H M Sousa
AULA 00
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL:
LINDB E HERMENÊUTICA
.
Sumário
Sumário .................................................................................................... 1
Direito Civil nas provas da Magistratura Federal ............................................ 2
Cronograma de Aulas ................................................................................. 4
Metodologia do Curso ................................................................................. 6
Apresentação Pessoal ................................................................................. 8
Considerações Iniciais ................................................................................ 9
TEORIA GERAL........................................................................................... 9
1.1. Formação do CC/2002 ......................................................................... 9
1.2. LINDB .............................................................................................. 15
1. Noções gerais ................................................................................... 15
2. Vigência e eficácia das normas............................................................ 16
3. Conflito de leis no espaço e no tempo .................................................. 25
4. Critérios de interpretação normativa e hermenêutica ............................ 31
5. Critérios de integração do ordenamento ............................................... 35
6. Regras de DIPri ................................................................................. 38
Legislação pertinente ................................................................................ 43
Jurisprudência e Súmulas.......................................................................... 45
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Questões ................................................................................................. 46
Questões sem comentários ..................................................................... 46
Gabaritos ............................................................................................. 62
Questões com comentários ..................................................................... 66
Resumo .................................................................................................. 92
Considerações Finais ................................................................................ 98
que temos, mas tentando trazer, quando possível, mais questões do CESPE e dos
próprios TRFs. Igualmente, traremos tanto questões de múltipla escolha (A a D
ou A a E, com uma única alternativa correta), quanto questões de C e E do famoso
“padrão CESPE” (CERTO ou ERRADO com a anulação de questões corretas pelas
incorretamente marcadas).
Quanto às disciplinas, talvez aqui comecem os problemas desse cargo. Em regra,
as questões da Magistratura não são muito mais difíceis que as provas de
Defensor Federal, Procurador da República, Procurador da União ou Procurador
da Fazenda Nacional. Obviamente que isso é relativo, mas estatisticamente, boa
parte das questões tem um nível muito semelhante à maioria desses cargos
citados.
No entanto, em regra também, as disciplinas cobradas nesse cargo são bem mais
variadas que nos demais cargos. Tomemos o TRF da 4º Região, agora em 2016,
como exemplo: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito
Previdenciário, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Econômico, Direito
do Consumidor, Direito Civil, Direito Empresarial, Direito Processual Civil, Direito
Tributário, Direito Financeiro, Direito Ambiental, Direito Internacional Público,
Direito Internacional Privado, Sociologia do Direito, Psicologia Judiciária, Filosofia
do Direito, Ética, Teoria Geral do Direito e da Política... Obviamente, cada TRF
seleciona as disciplinas que julga mais conveniente, mas em geral não se escapa
desse grupo “mínimo”.
Nas provas da Magistraturas temos um número de questões que varia
entre 8% a 15% das provas. Quando há mais disciplinas no Edital, o
Direito Civil tem menor incidência; quando o Edital é mais concentrado
nas disciplinas “clássicas”, o Direito Civil ganha força também. Em
média, porém, temos algo em torno de 10% das questões dos Editais das
Magistraturas no Direito Civil.
Questões
Direito Civil
10%
Demais
90%
Não obstante, o grosso do que se cobram nas provas desse tipo de certame ainda
gira em torno da disciplina regulada pelo próprio Código Civil, com as
modificações ou reinterpretações feitas pela jurisprudência, claro.
Assim, se você quer acertar parte das numerosas questões de Direito Civil e
carimbar seu sucesso em boa parte da prova – entre 8% e 15% da prova (e
ajudar em outras tantas) –, o Direito Civil é imprescindível!
Como fazer para saber o foco necessário para a prova? Nós analisamos
as mais variadas questões dos últimos concursos das Magistraturas
Federais que encontramos, além de outros concursos de carreiras
jurídicas do mesmo nível, como Ministério Público, Defensoria,
Procuradoria etc.
Cronograma de Aulas
O nosso Curso compreenderá um total de 16 aulas, além desta aula
demonstrativa. 00000000000
Como vocês podem perceber, as aulas são distribuídas para que possamos tratar
cada um dos assuntos com a tranquilidade necessária para você absorver o
conteúdo, transmitindo segurança a vocês para um excelente desempenho em
prova. Obviamente, também precisamos também de muita objetividade para
evitar perder tempo com questões laterais.
As aulas ficarão distribuídas conforme cronograma abaixo, que, se necessário,
pode sofrer alguma alteração de curso ao longo do tempo, mas sempre sem
qualquer prejuízo para o aluno:
Dos temas dos Editais de Direito Civil, alguns itens não serão por nós tratados.
Alguns pontos serão vistos na disciplina específica de Legislação Civil Especial,
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também por mim ministrada, eis que tratam de temas mais pontuais que acabam
caindo com mais frequência nos últimos concursos e que fogem um pouco à
perspectiva mais tradicional do direito civil “puro”. Igualmente, atente porque,
como os concursos da Magistratura Federal não exigem conhecimentos
sobre o Direito de Família e o Direito das Sucessões, deixaremos de ver
esses pontos.
Por que isso? Para racionalizar os seus estudos, evitando repetições
desnecessárias, ou que não sejam de Direito Civil em sentido estrito. O
seu tempo é precioso e precisamos focar 100%. Lembre-se que o nosso
objetivo é te preparar integralmente para a prova da Magistratura, pelo que
precisamos trabalhar com a estratégia necessária para tornar os seus estudos o
mais objetivo e direto possível, maximizando suas chances de aprovação!
Metodologia do Curso
Vistos esses aspectos iniciais referentes ao concurso, vamos tecer algumas
observações prévias importantes a respeito do nosso Curso:
PRIMEIRA, como a disciplina e conteúdo são vastos vamos priorizar os assuntos
mais recorrentes e importantes para a prova. Desse modo, os conceitos e
informações apresentados serão objetivos e diretos, visando à resolução de
provas objetivas.
SEGUNDA, serão utilizadas, ao longo do curso, as questões do último concurso,
além das demais provas que mencionamos acima. NOSSO INTUITO SERÁ,
PORTANTO, FOCAR EXCLUSIVAMENTE NO EDITAL DO SEU CONCURSO
PARA QUE SUA PREPARAÇÃO SEJA 100%!
É bom registrar que todas as questões do material serão comentadas de
forma analítica. Sempre explicaremos o porquê de a assertiva estar correta ou
incorreta. Isso é relevante, pois o aluno poderá analisar cada uma delas, perceber
eventuais erros de compreensão e revisar os assuntos tratados.
TERCEIRA, os conteúdos desenvolvidos observarão a doutrina mais abalizada à
prova atualmente. Além disso, dado o conteúdo exigido nas questões,
levaremos em consideração especialmente a legislação pertinente e, se
necessário, o posicionamento dos tribunais superiores, notadamente do
STJ, a respeito dos temas. Essa é a nossa proposta!
As aulas em .pdf têm por característica essencial a didática. Vamos abordar
assuntos doutrinários, legislativos e jurisprudenciais com objetividade,
priorizando a clareza, para facilitar a absorção.
Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que
necessário os assuntos serão aprofundados de acordo com o nível de
exigência das provas anteriores.
Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos
informativos, resumos, figuras, tudo com o fito de “chamar atenção”
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Material objetivo
Fórum de Dúvidas
Por fim, nossas aulas seguirão uma estrutura padronizada. Haverá uma parte
inicial, onde abordaremos os assuntos que serão tratados, informações sobre
aulas passadas (tais como esclarecimentos, correções etc.). Em seguida, teremos
a parte teórica da aula, permeadas por questões.
Por fim, além da lista de questões apresentadas, da legislação e jurisprudência
correlatas, faremos o fechamento da aula, com sugestões para a revisão e dicas
de estudo.
Vejamos a estrutura das aulas:
Apresentação Pessoal
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Paulo H M Sousa.
Sou graduado e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Atualmente, sou Doutorando em Direito pela mesma Instituição e visiting
researcher no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales
Privatrecht, em Hamburgo/Alemanha.
Estou envolvido especificamente com concursos há algum tempo. Atualmente,
sou o responsável por numerosos cursos aqui no Estratégia Concursos, no
Estratégia Carreiras Jurídicas e no Estratégia OAB.
Leciono desde os cursos de Direito Civil para a 1ª e 2ª Fases da OAB, passando
pelas aulas de vários cursos de Nível Médio, como Técnico Judiciário, Assistente
Administrativo, aos cursos de “entrada” de Nível Superior, como Analista
Judiciário, Auditor-Fiscal da Receita Estadual, cursos mais “avançados”, como
PGEs, PGMs, PGFN, BACEN, AGU, DPU, DPEs, Assembleias Legislativas, até os
Cursos Extensivos de preparação geral, como PGEs, Magistraturas Estaduais e
Magistraturas Federais.
Além disso, ainda leciono a Legislação Civil Especial para alguns concursos que
exigem temas bem específicos do Direito Privado, como a PGEs, DPEs e
Magistraturas.
Produzo tanto o material em pdf quanto as videoaulas para esses certames desde
quando o Estratégia Concursos lançou esses cursos. Igualmente, leciono Direito
já há 6 anos. Desde então exerço a advocacia e me dediquei à docência,
profissões que exerço ainda hoje.
Leciono as disciplinas de Direito Civil, desde a Introdução ao Direito Civil até o
Direito das Sucessões, e de Bioética, na graduação e na pós-graduação em Direito
em diversas instituições privadas. Recentemente empreendemos o projeto das
Carreiras Jurídicas aqui no Estratégia e eu me tornei o responsável pela área do
Direito Civil.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Será um
prazer orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que se inicia hoje.
Sempre que precisar, utiliza um desses canais de comunicação, o que for mais
00000000000
prof.paulosousa@yahoo.com.br
https://www.facebook.com/prof.paulohmsousa
Considerações Iniciais
Na aula de hoje vamos tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, com algumas
noções introdutórias importantes para a compreensão da Parte Geral do Código,
começando com a LINDB.
Pela LINDB passaremos por diversos temas bastante amplos, que escapam do
Direito Civil e são um tanto quanto de Teoria Geral do Direito. Obviamente, por
isso, tocaremos pontos que são centrais e que têm peculiaridades em numerosas
outras disciplinas, como o Direito Penal, o Direito Constitucional etc. Meu objetivo
não é esgotar esses temas, claro; meu objetivo é bem mais contido: tratar das
noções gerais contidas na LINDB e que dela se abrem.
Em que pesem essas questões caírem nos certames, caem com frequência
muitíssimo mais baixa do que as demais aulas que teremos adiante. Inclusive,
as provas mais antigas, realizadas entre 2002 e 2010, costumavam tratar mais
da LINDB; agora, vez ou outra temos uma questão sobre essa Lei numa prova
de Nível Superior, mas não é tão frequente assim. Como é uma aula mais curta,
porém, é fácil ajudar a carimbar sua aprovação gabaritando o tipo de questão
que aparece sobre a LINDB.
TEORIA GERAL
1.1. Formação do CC/2002
Nascido avançado, o CC/1916, porém, rapidamente sentiu os efeitos das
radicais mudanças operadas na sociedade brasileira. O êxodo rural, o
nascimento de nossas metrópoles, a acelerada e desorganizada urbanização, a
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Em 1969, Miguel Reale é chamado pelo Marechal que assumira a Presidência dois
anos antes, Costa e Silva, para elaborar um projeto de revisão da CF/1967. Desse
projeto nasce a Emenda Constitucional 1/1969 (ou CF/1969), promulgada pela
Junta Governativa Provisória de 1969, composta pelos ministros do Exército,
Marinha e Aeronáutica. Ela incorpora os Atos Institucionais à CF/1967 e dá
sustentação jurídica ao Regime, que se torna constitucional.
Antes de morrer, porém, Costa e Silva incumbiu Miguel Reale de uma segunda
tarefa. Cria-se, então, em 1969, nova comissão capitaneada por Miguel
Reale para criar um novo texto codificatório. Torna-se
projeto de lei em 1975 e Reale é fortemente criticado
pela postura conservadora e comodista, mantendo em
grande parte a mesma regulação do CC/1916.
(C) utilizou a técnica legislativa das normas abertas, razão pela qual o
processo de aplicação do Direito depende exclusivamente do raciocínio
dedutivo e silogístico.
(D) estabeleceu a visão antropocêntrica ao Direito Privado, da qual é
exemplo a previsão normativa dos direitos da personalidade.
(E) promoveu a unificação do Direito Privado, com exceção do direito das
obrigações, onde manteve a autonomia do Direito Civil e do Direito
Empresarial.
Comentários
A alternativa A está incorreta, ante a repersonalização dos institutos jurídicos
havida.
A alternativa B está incorreta, eis que as cláusulas gerais dão abertura para o
intérprete.
A alternativa C está incorreta, já que a integração da norma não se faz a partir
de um raciocínio silogístico, que sequer é possível, mas de hermenêutica de
índole constitucional.
A alternativa D está correta, em que pese o termo “antropocêntrica” ser
questionável, mas ele aponta para a repersonalização e para a
despatrimonialização do Direito Privado, adequadamente.
A alternativa E está incorreta, dado que a unificação, ao menos em tese, foi
completa.
Por fim, retome-se que a Teoria Tridimensional de Miguel Reale trabalha com a
perspectiva fática, axiológica e normativa. Segundo Judith
Martins-Costa, o CC/2002 se funda na concepção
culturalista trazida pela Teoria daquele, sendo que é
possível identificar nele quatro diretrizes teóricas:
A. Socialidade
• Determina a prevalência dos valores metaindividuais aos
individuais, resguardados os direitos individuais fundamentais
inerentes à pessoa humana
• Consequência da socialidade é a funcionalização dos institutos
(função social da propriedade, do contrato, da empresa etc.)
B. Eticidade
• Determina a necessidade de se analisar o caso concreto de
acordo com a equidade, a justiça e a boa-fé nas situações
jurídicas privadas
• Consequência da eticidade é o vasto campo de aplicação do
princípio da boa-fé objetiva no ordenamento brasileiro,
especialmente no campo obrigacional
C. Operabilidade ou efetividade
• Determina a imposição de soluções jurídicas que permitam aos
partícipes do Direito acessarem sem dificuldades sua aplicação,
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de maneira simples
• Consequência da operabilidade é o afastamento do casuísmo
pelo uso das cláusulas abertas, que aproxima o julgador do caso
sensível
D. Sistematicidade
• Determina que o Direito Privado se pauta numa produção
legislativa fundada na diretriz de sistema
• Consequência disso é que a norma de Direito Privado não pode
ser lida ou interpretada descolada da Parte Geral do CC/2002
1.2. LINDB
1. Noções gerais
A Lei de Introdução ao Código Civil – LICC servia, como o próprio nome diz, de
Introdução ao CC/1916. Surgida pelo Decreto-Lei 4.657/1942, era um “anexo
VIP” do Código anterior. Servia de suporte à aplicação das normas de
5) Regras DIPri
eficácia. A lei pode ser válida, mas ainda pendente de vigência; bem como pode
ser vigente, mas não eficaz.
A lei é válida quanto aprovada de acordo com os requisitos estabelecidos pela
CF/1988 e pelas normas infraconstitucionais atinentes à aprovação. A validade
faz com que a norma entre no mundo jurídico e seja apta a atribuir efeitos
jurídicos. Se inválida, a lei é nula, seguindo a teoria do fato jurídico, que veremos
adiante.
A vigência se relaciona com a possibilidade de o aparato coercitivo do Estado
poder ser acionado em virtude da inobservância de uma norma válida, bem como
se exigida nas relações interprivadas. Em outras palavras, a vigência dá
exigibilidade aos comportamentos nela previstos.
Ano - art. 1º
• Considera-se ano o período de doze meses contado do dia do
início ao dia e mês correspondentes do ano seguinte
Mês - art. 2º
• Considera-se mês o período de tempo contado do dia do início ao
dia correspondente do mês seguinte
Como, até agora, o referido Cadastro ainda não foi produzido, o art. 12, §2º da
LPS, apesar de válido e vigente (desde 2012), é ineficaz. Quando o Cadastro for
produzido, aí sim a referida norma se tornaria eficaz.
Alguns autores, no campo da eficácia, ainda fazem subdivisões, como é o caso
de Paulo de Barros Carvalho. Por exemplo, distingue-se eficácia jurídica de
eficácia social. O exemplo supracitado seria de ineficácia jurídica. Outras normas,
porém, seriam juridicamente eficazes, mas socialmente ineficazes; seriam as
“leis que não pegam”, pois apesar de estarem aptas a produzir efeitos jurídicos
acabam não tendo aceitação social.
Essas distinções, porém, não são imunes às críticas. Segundo os realistas,
como Alf Ross, validade e vigência são a mesma coisa. Uma Lei válida é
vigente; pode ser ineficaz, porém. Assim, a Lei válida/vigente, só será eficaz
quando puder produzir efeitos. Nesse sentido, Miguel Reale:
Validade formal ou vigência é, em suma, uma propriedade que diz respeito à competência
dos órgãos e aos processos de produção e reconhecimento do Direito no plano normativo.
A eficácia, ao contrário, tem um caráter experimental, porquanto se refere ao cumprimento
efetivo do Direito por parte de uma sociedade, ao reconhecimento (Anerkennung) do Direito
pela comunidade, no plano social, ou, mais particularizadamente aos efeitos sociais que
uma regra suscita através de seu cumprimento.
Se a norma ainda não pode ser aplicada por falta de “complementação”, isso não
torna a lei ineficaz, mas apenas faz com que sua eficácia seja subsumida a outra
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A) Perfeitas
• São as normas que preveem a nulidade/anulabilidade do ato
jurídico (negócio jurídico celebrado por incapaz)
D) Imperfeitas
• Não preveem sanção jurídica ao ato inquinado (segundo a
doutrina mais tradicional, como ocorre com variados princípios
constitucionais)
Pois bem, até aqui ainda estamos no plano hipotético da norma: na norma, prevê-
se um suporte fático e seus efeitos jurídicos respectivos (se SF então deve ser
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P). Porém, nada aconteceu e a norma não incidiu. Posteriormente, o fato ocorre
no mundo real, e se verifica que esse fato ou conjunto de fatos integra um suporte
fático e a norma, então, incide!
Esse é o fenômeno da juridicização. Ocorre um fato,
cujo suporte fático está previsto na norma, verifica-se
que esse suporte fático satisfaz o preenchimento
mínimo de aplicabilidade da norma e a norma, então,
incide. O fato real se transforma em fato jurídico e aí podemos pensar nos efeitos
desse fato. Até a incidência, porém, nem o fato nem a norma têm efeito sobre as
pessoas. Mas, quais são as características da incidência? Duas:
A. Cogentes ou injuntivas:
• Inafastáveis, aplicadas independentemente da vontade das
partes, permitindo ou proibindo. Essas normas se subdividem em
normas imperativas/impositivas (obrigam uma conduta) e
proibitivas (proíbem uma conduta)
B. Não-cogentes ou supletivas
• Afastáveis, sendo aplicadas subsidiariamente. Subdividem-se em
normas dispositivas (no silêncio das partes) e normas
interpretativas (para definir o sentido da manifestação de
vontade obscura)
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2014”.
Igualmente, a Portaria Conjunta 216/2015, dos Ministérios da Justiça, das
Relações Exteriores e do Turismo, listava determinadas nacionalidades que
estavam dispensadas da exigência de visto de turismo durante a realização das
Olimpíadas, no período de 1º/06/2016 a 18/09/2016. No dia 19/09/2016, a
Portaria perdeu vigência, automaticamente.
Nada impede, também, que uma norma temporária seja inserida no
contexto de uma norma perene. Exemplo típico é o art. 35, §1º da Lei
10.828/2003, o Estatuto do Desarmamento – EDes (“Este dispositivo, para entrar
em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado
em outubro de 2005”).
estabelece uma série de recomendações sobre a alteração das leis, para se seguir
técnica legislativa coesa. Segundo o art. 12, a alteração da lei será feita:
3. Mediante
1. Mediante
substituição, no
reprodução integral em
2. Mediante revogação próprio texto, do
novo texto, quando se
parcial dispositivo alterado, ou
tratar de alteração
acréscimo de
considerável
dispositivo novo
alternativa A.
De regra, a Lei em vigor terá efeito imediato e geral. Porém, o art. 6º da LINDB
estabelece que a modificação da Lei não pode violar o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada. A própria LINDB estabelece, nos §§1º a
3º do referido artigo o que se considera cada uma dessas situações:
Direito adquirido
A. Restrição
• A interpretação restritiva busca restringir o alcance da norma, de
modo a não extrapolar os limites geralmente considerados da
norma
B. Extensão
• A interpretação extensiva busca elastecer o sentido da norma a
situações não subsumidas a ela de imediato, automaticamente
C. Sistematização
• A interpretação sistemática busca dar sentido a uma norma dentro
do contexto do sistema normativo
D. Absurdo
• A interpretação ao absurdo leva o argumento às últimas
consequências para comprovar a incorreção de um fundamento ou
tese
E. Equidade
• Objetivamente é a adaptabilidade da norma ao fato, gerando
igualação; subjetivamente, é a aplicação conveniente da norma
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F. Analogia
• A interpretação baseada na similaridade de situações, numa
racionalidade lógico-decisional pela dedução e indução
Quanto à equidade, Tércio Sampaio Ferraz Jr. esclarece que a equidade colabora
na solução de litígios pela consideração harmônica das situações concretas,
ajustando a norma à especificidade do caso, de modo a produzir uma decisão
mais adequada e justa.
A abertura dos textos normativos, nesse sentido,
pretende justamente abrir o conteúdo da regra
jurídica ao julgador. Nesses casos, o juiz preenche os
má-fé ao ato ilícito. Na prática, o juiz não decreta sempre a nulidade dos negócios
jurídicos eivados de má-fé; por vezes, desconsidera a cláusula ou mesmo ordena
o cumprimento do contrato. Os efeitos, portanto, são variados, e criados no e
para o caso concreto.
Não me parece relevante fazer essa distinção, já que isso está longe de consenso
e, ao final, é mero rigorismo técnico-classificatório.
Questiona-se a possibilidade de o julgamento por
equidade ser contra legem. Boa parte da doutrina admite
essa solução, ainda que isso não seja unânime. No entanto,
há unanimidade quanto ao descabimento de decisão tomada por equidade contra
a Constituição ou a ordem pública.
Critério Cronológico
• A norma posterior tem prevalência sobre a norma anterior
Critério de Especialidade
• A norme especial tem prevalência sobre a norma geral
Critério Hierárquico
• A norma superior tem prevalência sobre a norma inferior
Pode haver um conflito entre duas normas que exija o recurso a mais de um
critério de resolução das antinomias. A partir da necessidade ou não de recurso
a apenas uma ou a mais de um critério, podemos classificar as antinomias em:
Antinomia de 1º Grau
• Conflito entre normas que exige o recurso a apenas um dos
critérios
Antinomia de 2º Grau
• Conflito de normas válidas que envolve pelo menos dois dos
critérios
A. Lei
• As normas jurídicas em sentido estrito nas mais diversas formas:
Constituição, Código, Lei Complementar, Regulamentos, Portarias,
Decretos e Atos Administrativos
B. Jurisprudência
• A reiteração uniforme das decisões judiciais que demonstram um
entendimento num dado sentido. Jurisprudência e decisão judicial
não são sinônimas, portanto
Aqui relevam as Súmulas Vinculantes do STF, pelo art. 103-A da
CF/1988
C. Convenções
• Tratados e Convenções internacionais ratificados pelo Brasil na
forma estabelecida na Constituição, sejam com status de Emenda
Constitucional, sejam com eficácia supralegal
Outras fontes, porém, são admitidas, mas sem o caráter obrigatório das fontes
estatais. Assim, seriam fontes não-estatais, materiais ou secundárias:
A. Costume
• O direito consuetudiário
B. Doutrina
• A literatura jurídica especializada
D. Analogia 00000000000
Há intenso debate sobre essa divisão, que não será objeto de nossa aula porque
foge da necessidade do concurso.
Quanto ao costume, questão de intenso debate é o costume contra legem e a
possibilidade deste de revogar a Lei. Parece que esse enfoque é equivocado, pois
somente lei revoga lei. Mesmo a declaração de inconstitucionalidade da norma
não gera sua revogação. O STF pode decretar a nulidade da norma, mas não a
revogar, que é retirar o suporte fático que dá sustentação à lei, no plano da
existência.
A alternativa D está correta, na regra do art. 2º, § 2º: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior”.
A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 2º, §3º: “Salvo disposição
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.
6. Regras de DIPri
Por fim, a LINDB traz numerosas regras aplicáveis ao Direito Internacional
Privado. Trata-se da regulamentação do conflito de normas a partir de uma
perspectiva de soberania.
O Direito brasileiro adota a doutrina da Territorialidade Moderada. Ou
seja, a LINDB aplica, ao mesmo tempo, o princípio da territorialidade,
como nos arts. 8º e 9º, e o princípio da extraterritorialidade, como nos arts.
7º e 10).
O art. 7º prevê que a lei do país em que domiciliada a
pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família.
Quanto ao casamento, caso seja ele realizado no Brasil, será aplicada a lei
brasileira quanto aos impedimentos (dirimentes) e às formalidades da
celebração. Podem os nubentes, se estrangeiros, celebrar o casamento perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos.
Se os nubentes tiverem domicílio diverso, as invalidades do matrimônio são
regidas pela lei do primeiro domicílio conjugal, independentemente de qual
era o domicílio anterior. Quanto ao regime de bens, legal ou convencional, deve-
se obedecer à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
Quando se naturaliza, o estrangeiro casado pode requerer ao juiz, mediante
expressa anuência de seu cônjuge, no ato de entrega do decreto de
naturalização, adotar o regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
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Atente, porém, pois o art. 961, §5º do CPC determina que a sentença
estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil,
independentemente de homologação pelo STJ. Trata-se da decisão
puramente dissolutiva da união, que realiza o divórcio de maneira consensual
(divórcio consensual puro ou simples), sem
disposições outras, como guarda dos filhos,
alimentos, e/ou partilha de bens, conforme
estabelece o Provimento 53/2016 do STJ.
Se houver disposições sobre partilha, alimentos ou guarda de filhos, porém,
mantém-se a competência do STJ para homologar a sentença estrangeira. A
homologação seguirá o rito definido pelo Regimento Interno do STJ -
RISTJ, nos arts. 216-A a 216-N, na forma da Emenda Regimental 17/2014.
Desnecessária medida em território nacional quando o divórcio consensual se
realizar mediante a autoridade consular brasileira, desde que não tenha
o casal filhos incapazes. No entanto, o divórcio perante a autoridade consular
nacional permite que o casal trate de partilha dos bens comuns, de pensão
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de
solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento, segundo
o art. 18, §1º da LINDB.
De qualquer forma, é indispensável a assistência de advogado, devidamente
constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com
ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado
próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da
escritura pública
Ou seja, o divórcio realizado no estrangeiro, por cônjuge brasileiro, assim
se regula:
que segue a lei americana, cujo herdeiro deve seguir a lei francesa sobre
capacidade sucessória.
Se o falecido é estrangeiro, a sucessão de seus bens,
situados no Brasil, será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de
quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.
Ou seja, aplica-se a lei brasileira, em regra, mas se permite a aplicação da lei
estrangeira, desde que mais favoráveis aos herdeiros brasileiros. Vale lembrar
que, por se tratar de legislação estrangeira, deve a parte provar nos autos sua
aplicabilidade, dado que se excepciona aqui o princípio jura novit curia. O art. 14
da LINDB deixa isso bastante claro, aduzindo que o juiz pode exigir de quem
invoca lei estrangeira prova do texto e da vigência.
Atente para o último requisito, pois, por força da EC 45/2005, a competência para
a execução da decisão estrangeira passou, segundo o art. 105, inc. I, alínea “i”
da CF/1988, para o STJ. A execução, por homologação
ou exequatur de carta rogatória, será feita, como dito
antes, de acordo com as regras do RISTJ.
Quando se for aplicar lei estrangeira, deve-se ter em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei (art. 16 da LINDB).
De qualquer forma, estabelece o art. 17, as leis, atos e sentenças de outro país,
bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Legislação pertinente
d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando
preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente;
e) usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter
estilístico;
II - para a obtenção de precisão:
a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do
objetivo da lei e a permitir que seu texto evidencie com clareza o conteúdo e o alcance que
o legislador pretende dar à norma;
b) expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o
emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;
c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto;
d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte do território
nacional, evitando o uso de expressões locais ou regionais;
e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira
referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado; f) grafar por
extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de lei e nos
casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto;
g) indicar, expressamente o dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões
‘anterior’, ‘seguinte’ ou equivalentes;
III - para a obtenção de ordem lógica:
a) reunir sob as categorias de agregação - subseção, seção, capítulo, título e livro - apenas
as disposições relacionadas com o objeto da lei;
b) restringir o conteúdo de cada artigo da lei a um único assunto ou princípio;
c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no
caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida;
d) promover as discriminações e enumerações por meio dos incisos, alíneas e itens.
Jurisprudência e Súmulas
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Questões
Questões sem comentários
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A) não é entendido como fraude à lei os atos praticados com fulcro na lei
revogada no período da vacatio legis.
B) No período da vacatio legis pode a Lei nova ser aplicada pelos
contratantes, desde que não contrarie os princípios de ordem pública
vigente, nem fira os interesses e direitos de terceiros;
C) As emendas e correções da Lei que já tenha entrado em vigor são
consideradas Lei nova;
D) Se durante a vacatio legis vier a norma a ser corrigida em seu texto,
cujas correções são publicadas, o prazo para sua entrada em vigor é
renovado.
E) A contagem do prazo da vacatio legis, inclui o dia da publicação e o último
dia, prorrogando-se esse último dia domingo ou feriado.
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b. histórica.
c. jurisprudencial.
d. teleológica.
e. lógica.
B) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa
deixar de ser aplicada.
C) Na situação em que uma lei anterior e especial esteja em confronto com
outra lei geral posterior, tem-se uma antinomia de primeiro grau,
perfeitamente solucionável com as regras previstas na LINDB.
D) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.
E) A lacuna ontológica ocorre quando existe texto legal que soluciona uma
situação concreta, mas que contraria os princípios e os axiomas norteadores
da própria ideia de justiça.
3) A revogação de uma norma por outra posterior tem por espécies a ab-
rogação e a derrogação, e pode ser expressa ou tácita, sendo que, neste
último caso, é obrigatório conter, na lei nova, a expressão “revogam-se as
disposições em contrário”.
derivou sua perda de visão. Mas, desconhecendo a lei referida, não solicitou
o benefício da isenção e, somente em janeiro de 2006, recebido o carnê do
IPTU/06, resolveu exercer seu direito subjetivo. Ocorre que, na data de sua
solicitação, a lei referida não estava mais em vigor, e esta teve seu pleito
indeferido sob a justificativa de inexistência de direito adquirido e revogação
da lei que o implementara.
Somente é correto o que se afirma em:
a) I,II e III
b) II,III e IV
c) I,III e IV
d) I,II,III e IV.
Julgue o item seguinte, que diz respeito à aplicação da lei, às pessoas e aos
bens.
28. Caso a lei a ser aplicada não encontre no mundo fático suporte
concreto sobre o qual deva incidir, caberá ao julgador integrar o
ordenamento mediante analogia, costumes e princípios gerais do direito.
Gabaritos
33. E
50. D
17. C
20. C
28. C
00000000000
(E) Não se consideram novas leis as meras correções ao seu texto, ainda
que já em vigor.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 2º, §3º da LINDB: “Salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está correta, consoante o art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga
a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
A alternativa D está incorreta, conforme regra do art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa E está incorreta, por aplicação do art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
(D) não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou a revogue.
(E) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, sempre revoga a anterior.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1º, §1º: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.
A alternativa C está incorreta, por aplicação do art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa D está correta, conforme regra do art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa E está incorreta, também segundo o art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 2º, §3º: “Salvo disposição
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.
00000000000
b. Caso uma lei cujo prazo de vigência não se tenha iniciado seja novamente
publicada para correção de erro material constante da publicação anterior,
o prazo da vacatio legis será contado a partir da primeira publicação, salvo
se outra data nela vier expressa.
c. A contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam
período de vacância deve ser feita nos termos da regra geral do direito civil,
de modo a se excluir a data da publicação da lei e se incluir o último dia do
prazo.
d. No que se refere à eficácia espacial da lei, o ordenamento pátrio adotou
o sistema da territorialidade moderada, de forma a permitir a aplicação de
lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, sem,
contudo, admitir a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.
e. Em razão da denominada ultratividade da norma, mesmo revogado, o
Código Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua
vigência, ainda que o inventário tenha sido proposto após o advento do
Código Civil de 2002.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois existe ultratividade legal, ainda que seja
exceção, na forma do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa C está incorreta, pela aplicação do art. 8º, §1º, da Lei
Complementar 95/1998 (“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da
publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consumação integral”).
A alternativa D está incorreta. De fato, o Brasil adota a territorialidade
moderada, mas isso significa que é possível aplicar lei estrangeira no território
00000000000
d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
e) A referida lei prevê, como métodos de integração das normas, em ordem
preferencial e taxativa, a analogia, os costumes, os princípios gerais de
direito e a equidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a revogação pode ser tácita.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 9º, § 2º: “A obrigação resultante
do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”.
A alternativa C está correta, na forma do art. 10, § 2º: “A lei do domicílio do
herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder”.
A alternativa D está incorreta, consoante o art. 13: “A prova dos fatos ocorridos
em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios
de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça”.
A alternativa E está incorreta, pois a equidade não é método de interpretação
de normas prevista na LINDB (“Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”)
pois não pode a lei nova atingir a validade dos negócios jurídicos já
constituídos, nem interferir nos efeitos do contrato de execução de trato
sucessivo, salvo se houver sido assim previsto pelas partes.
Comentários
O item está incorreto, porque não se verifica a consumação do ato, eis que sua
execução, diferida no tempo, consuma-se também já na vigência do atual
diploma.
B) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa
deixar de ser aplicada.
C) Na situação em que uma lei anterior e especial esteja em confronto com
outra lei geral posterior, tem-se uma antinomia de primeiro grau,
perfeitamente solucionável com as regras previstas na LINDB.
D) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.
E) A lacuna ontológica ocorre quando existe texto legal que soluciona uma
situação concreta, mas que contraria os princípios e os axiomas norteadores
da própria ideia de justiça.
Comentários
A alternativa A está correta, porque o direito adquirido surge de uma situação
jurídica, que pode se originar de um fato jurídico em sentido estrito que não
constitua negócio jurídico ou ato-fato jurídico, como ficará mais claro na aula
sobre o tema.
A alternativa B está incorreta, porque a ineficácia social não tem ligação direta
com a vigência; lei socialmente ineficaz é ainda plenamente vigente, portanto.
A alternativa C está incorreta, pois, no caso, necessário é recorrer a mais de
um critério de resolução da antinomia, algo não previsto na LINDB.
A alternativa D está incorreta, porque, em dadas situações, se permite alegar
o erro de direito, excepcionalmente, desde que o interessado não se beneficie da
escusa.
A alternativa E está incorreta, eis que a lacuna ontológica, mais afeita ao direito
constitucional, trata da norma desconectada da realidade social, sem aplicação
prática.
O item I está correto, dado que ele, como redator do Código, fincou fortes raízes
de sua perspectiva culturalista, baseada nesses três princípios.
O item II está correto, pois a eticidade determina a necessidade de se analisar
o caso concreto de acordo com a equidade, a justiça e a boa-fé nas situações
jurídicas privadas, aplicando-se tais cláusulas.
O item III está incorreto, porque ele pode ser visto ainda que de maneira não
expressa na legislação.
O item IV está correto, pois ele abrange, além da prevalência dos direitos
metaindividuais sobre os individuais, a manutenção dos direitos individuais
fundamentais da pessoa.
A alternativa B está correta, portanto.
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
e) o erro de lei mas não o erro de direito, razão pela qual o negócio é válido
mas a lei não é de cumprimento obrigatório.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que se assim o fosse o princípio seria de
pouca aplicabilidade.
A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa anterior.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 139, inc. III do CC/2002: “sendo
de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico”.
A alternativa D está incorreta, quase correta, mas equivocada ao tratar que
nãos e afastam os efeitos do negócio.
A alternativa E está incorreta, porque a legislação não permite o “erro de lei”,
nos termos do supracitado art. 139.
Comentários
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1º, § 4º: “As correções a texto de
lei já em vigor consideram-se lei nova”.
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga
a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
A alternativa D está incorreta, na forma do art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar
a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
O item 2 está incorreto, nos termos do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em
contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.
O item 3 está incorreto, porque se a revogação é tácita, ela obviamente não
contará com tal expressão.
O item 4 está incorreto, pois a lei nova não tem o condão de validar atos inválidos
anteriores, ao menos não em princípio.
O item 5 está correto, ou seja, quando a lei revocatória entrar em vigor, e não
quando de sua publicação ou promulgação.
A alternativa C está correta, portanto.
oficialmente publicada”.
A alternativa B está incorreta, como se extrai do art. 1º, §1º: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.
A alternativa C está correta, de acordo com o art. 2º, § 1º: “A lei posterior
revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior”.
A alternativa D está incorreta, pois a equidade não está no rol do art. 4º
(“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito”).
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está incorreta, pois o desuso não se encontra nesse rol,
conforme preconiza o art. 2º (“Não se destinando à vigência temporária, a lei
terá vigor até que outra a modifique ou revogue”).
A alternativa D está incorreta, porque o uso desses dispositivos (analogia,
costumes...) não é certo, mas apenas aplicado em caso de lacunas.
A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar a
lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”.
derivou sua perda de visão. Mas, desconhecendo a lei referida, não solicitou
o benefício da isenção e, somente em janeiro de 2006, recebido o carnê do
IPTU/06, resolveu exercer seu direito subjetivo. Ocorre que, na data de sua
solicitação, a lei referida não estava mais em vigor, e esta teve seu pleito
indeferido sob a justificativa de inexistência de direito adquirido e revogação
da lei que o implementara.
Somente é correto o que se afirma em:
a) I,II e III
b) II,III e IV
c) I,III e IV
d) I,II,III e IV.
Comentários
O item I está incorreto, porque a sucessividade do pacto, dado seu diferimento
no tempo, atrai a aplicação da lei nova, já que o ato ainda não se perfectibilizou.
O item II está correto, já que o direito que ele adquirira em 1963 era o direito
a dirigir até 2005, não se estendendo para além dessa possibilidade.
O item III está correto, pois o ato já se perfectibilizara à época do pacto, não
se o atingindo pela lei nova, nos termos do art. 6º.
O item IV está correto, dado que com a revogação da lei, Maria Eduarda não
mais possuía direito ao benefício.
A alternativa B está correta, assim.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a repristinação é exceção.
A alternativa B está incorreta, dada a patente violação do ato jurídico perfeito,
no caso.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 4º: “Quando a lei for omissa, o
juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar a
lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”.
A alternativa E está correta, por aplicação do art. 8º: “Para qualificar os bens e
regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que
estiverem situados”.
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”.
Resumo
A. Socialidade
• Determina a prevalência dos valores metaindividuais aos
individuais, resguardados os direitos individuais fundamentais
inerentes à pessoa humana
• Consequência da socialidade é a funcionalização dos institutos
(função social da propriedade, do contrato, da empresa etc.)
B. Eticidade
• Determina a necessidade de se analisar o caso concreto de
acordo com a equidade, a justiça e a boa-fé nas situações
jurídicas privadas
• Consequência da eticidade é o vasto campo de aplicação do
princípio da boa-fé objetiva no ordenamento brasileiro,
especialmente no campo obrigacional
C. Operabilidade ou efetividade
• Determina a imposição de soluções jurídicas que permitam aos
partícipes do Direito acessarem sem dificuldades sua aplicação,
de maneira simples
• Consequência da operabilidade é o afastamento do casuísmo
pelo uso das cláusulas abertas, que aproxima o julgador do caso
sensível
D. Sistematicidade
• Determina que o Direito Privado se pauta numa produção
legislativa fundada na diretriz de sistema
• Consequência disso é que a norma de Direito Privado não pode
ser lida ou interpretada descolada da Parte Geral do CC/2002
• 45 dias, em
Lei a aprovação regra
e a vigência
A) Perfeitas
• São as normas que preveem a nulidade/anulabilidade do ato
jurídico (negócio jurídico celebrado por incapaz)
D) Imperfeitas
• Não preveem sanção jurídica ao ato inquinado (segundo a
doutrina mais tradicional, como ocorre com variados princípios
constitucionais)
00000000000
A. Cogentes ou injuntivas:
• Inafastáveis, aplicadas independentemente da vontade das
partes, permitindo ou proibindo. Essas normas se subdividem em
normas imperativas/impositivas (obrigam uma conduta) e
proibitivas (proíbem uma conduta)
B. Não-cogentes ou supletivas
• Afastáveis, sendo aplicadas subsidiariamente. Subdividem-se em
normas dispositivas (no silêncio das partes) e normas
interpretativas (para definir o sentido da manifestação de
vontade obscura)
Ab-rogação (revogação em
sentido estrito): revogação
completa
Revogação em sentido amplo
A modificação da lei, porém, seja por ab-rogação, seja por derrogação, não
pode violar:
Direito adquirido
A. Restrição
• A interpretação restritiva busca restringir o alcance da norma, de
modo a não extrapolar os limites geralmente considerados da
norma
B. Extensão
• A interpretação extensiva busca elastecer o sentido da norma a
situações não subsumidas a ela de imediato, automaticamente
C. Sistematização
• A interpretação sistemática busca dar sentido a uma norma dentro
do contexto do sistema normativo
D. Absurdo
• A interpretação ao absurdo leva o argumento às últimas
consequências para comprovar a incorreção de um fundamento ou
tese
E. Equidade
• Objetivamente é a adaptabilidade da norma ao fato, gerando
igualação; subjetivamente, é a aplicação conveniente da norma
F. Analogia
• A interpretação baseada na similaridade de situações, numa
racionalidade lógico-decisional pela dedução e indução
Aparente
Existência Própria Princípios
Real
Imprópria Valoração
Interna
Teleológicas
Espaço Internacional
Interno-internacional
Antinomias
Total-total
Extensão Total-parcial
Parcial-parcial
1º Grau
Critérios
2º Grau
Critério Cronológico
• A norma posterior tem prevalência sobre a norma anterior
Critério de Especialidade
• A norme especial tem prevalência sobre a norma geral
00000000000
Critério Hierárquico
• A norma superior tem prevalência sobre a norma inferior
A. Lei
• As normas jurídicas em sentido estrito nas mais diversas formas:
Constituição, Código, Lei Complementar, Regulamentos, Portarias,
Decretos e Atos Administrativos
B. Jurisprudência
• A reiteração uniforme das decisões judiciais que demonstram um
entendimento num dado sentido. Jurisprudência e decisão judicial
não são sinônimas, portanto
Aqui relevam as Súmulas Vinculantes do STF, pelo art. 103-A da
CF/1988
C. Convenções
• Tratados e Convenções internacionais ratificados pelo Brasil na
forma estabelecida na Constituição, sejam com status de Emenda
Constitucional, sejam com eficácia supralegal
A. Costume
• O direito consuetudiário
B. Doutrina
• A literatura jurídica especializada
D. Analogia
00000000000
Considerações Finais
Chegamos ao final da aula inaugural! Vimos que, mesmo que sejam temas mais
genéricos, são assuntos exigidos nas provas da 1ª Fase, como ficou claro com
questões que, ainda nos últimos tempos, continuam caindo nas provas. Isso
confirma a importância da LINDB, que não pode ser ignorada.
Vimos que há, inclusive, algumas pegadinhas que podem te trazer problemas se
você não prestar atenção, por isso, todo cuidado é pouco! É possível que
tenhamos questões que envolvam a LINDB na 1ª Fase da prova para a
qual você se prepara!
Na próxima aula daremos continuidade à Parte Geral do CC/2002, entrando no
CC/2002, efetivamente, com a parte de pessoas físicas e jurídicas. Como eu disse
a você no início da aula, esses são os temas que caem com mais frequência nos
certames de Nível Superior, ultimamente.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!
Paulo H M Sousa
prof.paulosousa@yahoo.com.br
https://www.facebook.com/prof.paulohmsousa
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