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Aula 00

Direito Civil p/ Magistratura Federal (Curso Regular)


Professor: Paulo H M Sousa

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DIREITO CIVIL – MAGISTRATURA FEDERAL
Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Paulo H M Sousa

AULA 00
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL:
LINDB E HERMENÊUTICA
.

Sumário
Sumário .................................................................................................... 1
Direito Civil nas provas da Magistratura Federal ............................................ 2
Cronograma de Aulas ................................................................................. 4
Metodologia do Curso ................................................................................. 6
Apresentação Pessoal ................................................................................. 8
Considerações Iniciais ................................................................................ 9
TEORIA GERAL........................................................................................... 9
1.1. Formação do CC/2002 ......................................................................... 9
1.2. LINDB .............................................................................................. 15
1. Noções gerais ................................................................................... 15
2. Vigência e eficácia das normas............................................................ 16
3. Conflito de leis no espaço e no tempo .................................................. 25
4. Critérios de interpretação normativa e hermenêutica ............................ 31
5. Critérios de integração do ordenamento ............................................... 35
6. Regras de DIPri ................................................................................. 38
Legislação pertinente ................................................................................ 43
Jurisprudência e Súmulas.......................................................................... 45
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Questões ................................................................................................. 46
Questões sem comentários ..................................................................... 46
Gabaritos ............................................................................................. 62
Questões com comentários ..................................................................... 66
Resumo .................................................................................................. 92
Considerações Finais ................................................................................ 98

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Teoria e Questões
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Direito Civil nas provas da Magistratura Federal


Hoje vamos iniciar o nosso Curso de Direito Civil para o Concurso das
Magistraturas Federais, as MFs, focados nas provas objetivas.
Se você está acompanhando nossa aula demonstrativa e resolver
adquirir o pacote de Direito Civil, de Legislação Civil Especial ou o pacote
integral do Concurso, você já está um passo à frente da concorrência!
Isso porque como não se trata de um curso específico voltado a uma única prova,
sua aquisição demonstra que você pretende uma preparação de mais longo
prazo, sem que se tenha desde já a pressa para um certame específico.
Como as provas estão cada vez mais difíceis e os certames cada vez mais
disputados, é necessário que você tenha uma preparação mais cuidadosa e
ampla, para que depois passe a se focar no(s) Edital(is) que pretende disputar
com segurança e tranquilidade.
Isso é muito importante, eis que o cargo de Juiz Federal é, sem dúvida alguma,
muito almejado pelos candidatos, pois a remuneração é, para a realidade
socioeconômica do Brasil, bastante elevada. Em 2016, a remuneração-base de
um Juiz Federal Substituto, porta de entrada da carreira, estava em R$27.500,17.
Isso sem contar com os numerosos benefícios que o cargo traz consigo, que
variam de Tribunal para Tribunal, mas que englobam, ao menos, o auxílio-
moradia, de R$4.377,00, que fazem o salário bruto ultrapassar facilmente a casa
dos R$30.000,00.
Além disso, ao contrário do Juiz Estadual, que, no início da carreira, quando da
Entrância Inicial, costuma ser mandado para cidades bem pequenas do interior,
o Juiz Federal já inicia sua carreira em cidades maiores, dado que a JF não tem
varas em cidades mais interioranas. Some-se a isso o prestígio do cargo e já
temos uma ideia da razão pela qual essa carreira é tão disputada.
Quanto às Bancas examinadoras, obviamente que cada TRF tem autonomia para
escolher a que achar mais conveniente. É comum que os Tribunais Regionais se
utilizem de bancas próprias ou do CESPE. Basta ver as últimas provas dos TRFs
que lançaram provas em 2015 e 2016.
Por isso, tentaremos trazer ao máximo as variadas questões das muitas bancas
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que temos, mas tentando trazer, quando possível, mais questões do CESPE e dos
próprios TRFs. Igualmente, traremos tanto questões de múltipla escolha (A a D
ou A a E, com uma única alternativa correta), quanto questões de C e E do famoso
“padrão CESPE” (CERTO ou ERRADO com a anulação de questões corretas pelas
incorretamente marcadas).
Quanto às disciplinas, talvez aqui comecem os problemas desse cargo. Em regra,
as questões da Magistratura não são muito mais difíceis que as provas de
Defensor Federal, Procurador da República, Procurador da União ou Procurador
da Fazenda Nacional. Obviamente que isso é relativo, mas estatisticamente, boa
parte das questões tem um nível muito semelhante à maioria desses cargos
citados.

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No entanto, em regra também, as disciplinas cobradas nesse cargo são bem mais
variadas que nos demais cargos. Tomemos o TRF da 4º Região, agora em 2016,
como exemplo: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito
Previdenciário, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Econômico, Direito
do Consumidor, Direito Civil, Direito Empresarial, Direito Processual Civil, Direito
Tributário, Direito Financeiro, Direito Ambiental, Direito Internacional Público,
Direito Internacional Privado, Sociologia do Direito, Psicologia Judiciária, Filosofia
do Direito, Ética, Teoria Geral do Direito e da Política... Obviamente, cada TRF
seleciona as disciplinas que julga mais conveniente, mas em geral não se escapa
desse grupo “mínimo”.
Nas provas da Magistraturas temos um número de questões que varia
entre 8% a 15% das provas. Quando há mais disciplinas no Edital, o
Direito Civil tem menor incidência; quando o Edital é mais concentrado
nas disciplinas “clássicas”, o Direito Civil ganha força também. Em
média, porém, temos algo em torno de 10% das questões dos Editais das
Magistraturas no Direito Civil.

Questões

Direito Civil
10%

Demais
90%

Direito Civil Demais

E qual a razão de tamanha importância para o Direito Civil? Pela extensão da


matéria e pela aplicabilidade dela na atuação do cargo de juiz. Não à toa,
é necessário que façamos, além do Curso de Direito Civil, um Curso de Legislação
Civil Especial, já que o Direito Civil não se resume ao CC/2002. Com o movimento
de descodificação, sobre o qual eu trato nesta Aula 0, pulverizou-se a legislação
em numerosas outras Leis Especiais.
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Não obstante, o grosso do que se cobram nas provas desse tipo de certame ainda
gira em torno da disciplina regulada pelo próprio Código Civil, com as
modificações ou reinterpretações feitas pela jurisprudência, claro.
Assim, se você quer acertar parte das numerosas questões de Direito Civil e
carimbar seu sucesso em boa parte da prova – entre 8% e 15% da prova (e
ajudar em outras tantas) –, o Direito Civil é imprescindível!
Como fazer para saber o foco necessário para a prova? Nós analisamos
as mais variadas questões dos últimos concursos das Magistraturas
Federais que encontramos, além de outros concursos de carreiras
jurídicas do mesmo nível, como Ministério Público, Defensoria,
Procuradoria etc.

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Ou seja, nosso foco principal são exatamente as provas de Magistratura


Federal. Focamos, em segundo lugar, os concursos de nível superior que estão
no mesmo “nível” da Magistratura, para que você vá diversificando seus estudos,
ne acharmos necessário ao longo do curso. Nosso foco é a matéria voltada à
resolução das questões que você precisa para obter a aprovação. Parte das
questões ficará disponível para você treinar, com o gabarito na sequência, e outra
parte ficará comentada.
A quantidade de questões comentadas e de questões para exercício dependerá
da quantidade de questões que foram cobradas. Assim, em tópicos nos quais
temos quantidade grande de questões, como na aula de hoje, teremos uma
quantidade de questões de treino maior, ao passo que nos tópicos nos quais
temos uma quantidade menor de questões, como na aula que trata da Alienação
Fiduciária de Imóveis, teremos uma quantidade de questões de treino menor. O
tema da aula de hoje é quentíssimo nas provas de Nível Superior, o que
torna esse um dos temas quentes para estudar para as provas das
Magistraturas Federais. Fique ligado!
O foco é importante. Tão importante que nós também vamos guiar os seus
estudos de maneira focada. Como? Nosso Curso foi desenhado
detalhadamente em cima dos últimos Editais das provas das
Magistraturas publicados, bem como em cima das últimas tendências dos
concursos de Nível Superior. É de se esperar que a sua prova não mude muito
em relação aos últimos concursos, dado que tivemos, tecnicamente falando,
poucas – ainda que importantes – mudanças de grande impacto na legislação
civil nos últimos tempos. No entanto, quando tivermos mudanças mais
impactantes na legislação, nós te avisaremos, para que você preste máxima
atenção e não deixe, por bobeira, algum detalhe passar batido!
Assim, em vista das informações que levantamos desenvolveremos um Curso
objetivo e direto, com base nos assuntos mais cobrados em prova.

Cronograma de Aulas
O nosso Curso compreenderá um total de 16 aulas, além desta aula
demonstrativa. 00000000000

Como vocês podem perceber, as aulas são distribuídas para que possamos tratar
cada um dos assuntos com a tranquilidade necessária para você absorver o
conteúdo, transmitindo segurança a vocês para um excelente desempenho em
prova. Obviamente, também precisamos também de muita objetividade para
evitar perder tempo com questões laterais.
As aulas ficarão distribuídas conforme cronograma abaixo, que, se necessário,
pode sofrer alguma alteração de curso ao longo do tempo, mas sempre sem
qualquer prejuízo para o aluno:

AULA DATA CONTEÚDO

00 08/02/2017 LINDB (1)

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01 10/02/2017 Pessoas (1)

02 17/02/2017 Personalidade (1)

03 24/02/2017 Bens (1)

04 10/03/2017 Fato jurídico (1)

05 17/03/2017 Caducidade (1)

06 24/03/2017 Teoria Geral das Obrigações (2)

07 31/03/2017 Direito das Obrigações I (2)

08 07/04/2017 Direito das Obrigações II (2)

09 14/04/2017 Teoria Geral dos Contratos (3)

10 21/04/2017 Contratos em Espécie I (3)

11 28/04/2017 Contratos em Espécie II (3)

12 04/05/2017 Responsabilidade Civil I (4)

13 12/05/2017 Responsabilidade Civil II (4)

14 19/05/2017 Posse (5)

15 26/05/2017 Propriedade (5)

16 09/06/2017 Direitos Reais (5)

Dos temas dos Editais de Direito Civil, alguns itens não serão por nós tratados.
Alguns pontos serão vistos na disciplina específica de Legislação Civil Especial,
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também por mim ministrada, eis que tratam de temas mais pontuais que acabam
caindo com mais frequência nos últimos concursos e que fogem um pouco à
perspectiva mais tradicional do direito civil “puro”. Igualmente, atente porque,
como os concursos da Magistratura Federal não exigem conhecimentos
sobre o Direito de Família e o Direito das Sucessões, deixaremos de ver
esses pontos.
Por que isso? Para racionalizar os seus estudos, evitando repetições
desnecessárias, ou que não sejam de Direito Civil em sentido estrito. O
seu tempo é precioso e precisamos focar 100%. Lembre-se que o nosso
objetivo é te preparar integralmente para a prova da Magistratura, pelo que
precisamos trabalhar com a estratégia necessária para tornar os seus estudos o
mais objetivo e direto possível, maximizando suas chances de aprovação!

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Eventuais ajustes de cronograma poderão ser realizados por questões didáticas


e serão sempre informados com antecedência.

Metodologia do Curso
Vistos esses aspectos iniciais referentes ao concurso, vamos tecer algumas
observações prévias importantes a respeito do nosso Curso:
PRIMEIRA, como a disciplina e conteúdo são vastos vamos priorizar os assuntos
mais recorrentes e importantes para a prova. Desse modo, os conceitos e
informações apresentados serão objetivos e diretos, visando à resolução de
provas objetivas.
SEGUNDA, serão utilizadas, ao longo do curso, as questões do último concurso,
além das demais provas que mencionamos acima. NOSSO INTUITO SERÁ,
PORTANTO, FOCAR EXCLUSIVAMENTE NO EDITAL DO SEU CONCURSO
PARA QUE SUA PREPARAÇÃO SEJA 100%!
É bom registrar que todas as questões do material serão comentadas de
forma analítica. Sempre explicaremos o porquê de a assertiva estar correta ou
incorreta. Isso é relevante, pois o aluno poderá analisar cada uma delas, perceber
eventuais erros de compreensão e revisar os assuntos tratados.
TERCEIRA, os conteúdos desenvolvidos observarão a doutrina mais abalizada à
prova atualmente. Além disso, dado o conteúdo exigido nas questões,
levaremos em consideração especialmente a legislação pertinente e, se
necessário, o posicionamento dos tribunais superiores, notadamente do
STJ, a respeito dos temas. Essa é a nossa proposta!
As aulas em .pdf têm por característica essencial a didática. Vamos abordar
assuntos doutrinários, legislativos e jurisprudenciais com objetividade,
priorizando a clareza, para facilitar a absorção.
Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que
necessário os assuntos serão aprofundados de acordo com o nível de
exigência das provas anteriores.
Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos
informativos, resumos, figuras, tudo com o fito de “chamar atenção”
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para os conteúdos que possuem relevância para a prova. Sempre


que houver uma “corujinha” no material redobre a atenção.
Sugere-se acompanhar as aulas com a legislação pertinente. Citaremos, por
razões óbvias, apenas os dispositivos mais relevantes, dado o volume enorme de
legislação que existe no Direito Civil.
Outro aspecto muito importante dos nossos cursos é a possibilidade de contato
direto e permanente com o Professor. Temos um fórum de dúvidas, por
intermédio do qual o aluno poderá manter contato com o Professor. Durante o
estudo dos materiais, podem surgir dúvidas ou dificuldades de compreensão. É
direito do aluno questionar e dever do Professor atendê-lo.
Foco, objetividade e didática conduzirão todo o nosso curso.

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Destaque das principais aspectos de cobrança em


prova.

CARACTERÍSTICAS DO Utilização de recursos didáticos (esquemas, quadros,


CURSO resumos, gráficos).

Questões comentadas analíticamente.

Material objetivo

Fórum de Dúvidas

Por fim, nossas aulas seguirão uma estrutura padronizada. Haverá uma parte
inicial, onde abordaremos os assuntos que serão tratados, informações sobre
aulas passadas (tais como esclarecimentos, correções etc.). Em seguida, teremos
a parte teórica da aula, permeadas por questões.
Por fim, além da lista de questões apresentadas, da legislação e jurisprudência
correlatas, faremos o fechamento da aula, com sugestões para a revisão e dicas
de estudo.
Vejamos a estrutura das aulas:

•Observações sobre aulas passadas, eventuais


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
ajustes e assuntos a serem estudados

•Teoria, questões comentadas, esquemas e


AULA EXPOSITIVA gráficos explicativos, legislação pertinente,
doutrina e jurisprudência

•Observações quanto a elementos pontuais da


LEGISLAÇÃO PERTINENTE
legislação, para você gravar

•Análise de jurisprudência e entendimentos


JURISPRUDÊNCIA E SÚMULAS
sumulares, quando pertinentes
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•Questões "secas", sem comentários, para você


QUESTÕES treinar, o gabarito, para que você possa rever o
conteúdo e as questões comentadas

•Ao final da aula, resumos sobre os principais


RESUMO
tópicos da aula, para rememorar

•Dicas e sugestões de estudo e informações sobre


CONSIDERAÇÕES FINAIS
a próxima aula.

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Apresentação Pessoal
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Paulo H M Sousa.
Sou graduado e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Atualmente, sou Doutorando em Direito pela mesma Instituição e visiting
researcher no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales
Privatrecht, em Hamburgo/Alemanha.
Estou envolvido especificamente com concursos há algum tempo. Atualmente,
sou o responsável por numerosos cursos aqui no Estratégia Concursos, no
Estratégia Carreiras Jurídicas e no Estratégia OAB.
Leciono desde os cursos de Direito Civil para a 1ª e 2ª Fases da OAB, passando
pelas aulas de vários cursos de Nível Médio, como Técnico Judiciário, Assistente
Administrativo, aos cursos de “entrada” de Nível Superior, como Analista
Judiciário, Auditor-Fiscal da Receita Estadual, cursos mais “avançados”, como
PGEs, PGMs, PGFN, BACEN, AGU, DPU, DPEs, Assembleias Legislativas, até os
Cursos Extensivos de preparação geral, como PGEs, Magistraturas Estaduais e
Magistraturas Federais.
Além disso, ainda leciono a Legislação Civil Especial para alguns concursos que
exigem temas bem específicos do Direito Privado, como a PGEs, DPEs e
Magistraturas.
Produzo tanto o material em pdf quanto as videoaulas para esses certames desde
quando o Estratégia Concursos lançou esses cursos. Igualmente, leciono Direito
já há 6 anos. Desde então exerço a advocacia e me dediquei à docência,
profissões que exerço ainda hoje.
Leciono as disciplinas de Direito Civil, desde a Introdução ao Direito Civil até o
Direito das Sucessões, e de Bioética, na graduação e na pós-graduação em Direito
em diversas instituições privadas. Recentemente empreendemos o projeto das
Carreiras Jurídicas aqui no Estratégia e eu me tornei o responsável pela área do
Direito Civil.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Será um
prazer orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que se inicia hoje.
Sempre que precisar, utiliza um desses canais de comunicação, o que for mais
00000000000

fácil e conveniente para você:

prof.paulosousa@yahoo.com.br

https://www.facebook.com/prof.paulohmsousa

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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AULA 00 – TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL:


LINDB E HERMENÊUTICA

Considerações Iniciais
Na aula de hoje vamos tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, com algumas
noções introdutórias importantes para a compreensão da Parte Geral do Código,
começando com a LINDB.
Pela LINDB passaremos por diversos temas bastante amplos, que escapam do
Direito Civil e são um tanto quanto de Teoria Geral do Direito. Obviamente, por
isso, tocaremos pontos que são centrais e que têm peculiaridades em numerosas
outras disciplinas, como o Direito Penal, o Direito Constitucional etc. Meu objetivo
não é esgotar esses temas, claro; meu objetivo é bem mais contido: tratar das
noções gerais contidas na LINDB e que dela se abrem.
Em que pesem essas questões caírem nos certames, caem com frequência
muitíssimo mais baixa do que as demais aulas que teremos adiante. Inclusive,
as provas mais antigas, realizadas entre 2002 e 2010, costumavam tratar mais
da LINDB; agora, vez ou outra temos uma questão sobre essa Lei numa prova
de Nível Superior, mas não é tão frequente assim. Como é uma aula mais curta,
porém, é fácil ajudar a carimbar sua aprovação gabaritando o tipo de questão
que aparece sobre a LINDB.

TEORIA GERAL
1.1. Formação do CC/2002
Nascido avançado, o CC/1916, porém, rapidamente sentiu os efeitos das
radicais mudanças operadas na sociedade brasileira. O êxodo rural, o
nascimento de nossas metrópoles, a acelerada e desorganizada urbanização, a
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industrialização, o nascimento de uma economia nacional menos voltada à


exportação, os influxos do feminismo, as marchas e contramarchas de processo
político e o fortalecimento de uma elite capitalista emergente tornam aquele
diploma legislativo um problema.
A solução encontrada não foi reformular toda a codificação monumental, mas há
um crescente processo de descodificação. Após a Segunda Guerra Mundial,
floresce com força o movimento constitucional, amparado pelo fortalecimento
contínuo das Constituições. O mais jovem ramo do Direito torna-se o elemento
central da ordenação jurídica nacional.
Há, então, o primeiro movimento em direção à perda
da centralidade do Código no sistema jurídico e nas
relações jurídicas privadas com a Constituição. O

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Teoria e Questões
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segundo virá com o surgimento dos microssistemas, que paulatinamente


retiram nacos da codificação unitária para criar micro legislações.
O Brasil demora um pouco mais a adotar esses dois movimentos, especialmente
por conta do Regime de Exceção havido na década de 1960, o que fez, em termos
legislativos, nosso ordenamento sofrer uma brusca parada. No entanto, já no
final da década de 1950 esse fluxo começava a ocorrer, especialmente com o
reconhecimento dos filhos adulterinos pelo STF, em 1958, o Estatuto da Mulher
Casada, de 1962, e a possibilidade da dissolução patrimonial da sociedade de
fato, pela criação da Súmula 380, em 1964.
Esse movimento, refreado pela Ditadura, voltará com força com a
redemocratização e a restituição verdadeira do Estado Democrático de Direito.
Não à toa, no início de 1990 surgem inúmeras leis que paulatinamente esvaziam
o conteúdo do CC/1916. O CDC, o ECA e a Lei de Locações são os mais visíveis
exemplos.
Há, além disso, um fortalecimento enorme da Justiça do Trabalho com a CF/1988,
que acaba também contribuindo para esvaziar a aplicação do CC/1916. Com isso,
o projeto moderno de codificação monolítica rui; por quê?
Porque a sociedade contemporânea exige celeridade
que é incompatível com a dificuldade de mudança dos
grandes Códigos, marcados pela característica e
pretensa imobilidade. Há uma proliferação legislativa,
por muitos identificada como verdadeira legislorragia.
A percepção do Código Civil como espinha dorsal do Direito desaparece, a
especialização dos ramos recrudesce, como aconteceu com tantos ramos
científicos, e o sistema jurídico se pulveriza. No entanto, em meio a esse
admirável mundo novo, há uma proliferação de decisões conflitantes e o projeto
de Código é reanimado.
Já em 1941, Orozimbo Nonato, então ministro do STF, publica um Projeto de
Código das Obrigações. Sem apoio, o projeto é arquivado. Em 1961, Orlando
Gomes é chamado para redigir um novo Código, junto com Orozimbo Nonato e
Caio Mario da Silva Pereira, mas esse projeto também é engavetado.
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Em 1969, Miguel Reale é chamado pelo Marechal que assumira a Presidência dois
anos antes, Costa e Silva, para elaborar um projeto de revisão da CF/1967. Desse
projeto nasce a Emenda Constitucional 1/1969 (ou CF/1969), promulgada pela
Junta Governativa Provisória de 1969, composta pelos ministros do Exército,
Marinha e Aeronáutica. Ela incorpora os Atos Institucionais à CF/1967 e dá
sustentação jurídica ao Regime, que se torna constitucional.
Antes de morrer, porém, Costa e Silva incumbiu Miguel Reale de uma segunda
tarefa. Cria-se, então, em 1969, nova comissão capitaneada por Miguel
Reale para criar um novo texto codificatório. Torna-se
projeto de lei em 1975 e Reale é fortemente criticado
pela postura conservadora e comodista, mantendo em
grande parte a mesma regulação do CC/1916.

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O projeto é aprovado na Câmara dos Deputados em 1983, mas na aurora da


redemocratização ele é posto de lado. Esquecido, permanece no Congresso por
vários anos, até ser novamente retomado em 2001. Sofre numerosas emendas,
para readequá-lo à CF/1988 e, no afogadilho, é aprovado no Senado Federal e
na Câmara dos Deputados, em 2002, vigendo a partir de 2003.
Sua característica mais marcante é a manutenção, no
máximo possível, da redação e da estrutura do
CC/1916. Há uma cosmética redistribuição dos livros, para
adequar o Código a uma estrutura mais biográfica. Ademais, foi feita uma
atualização, de acordo com os novos institutos já assentados e a incorporação de
leis especiais posteriores.
Essa característica é própria do pensamento culturalista de Miguel Reale,
que pressupunha que a legislação deveria espelhar as características
assentadas da sociedade, de modo a dar estabilidade à codificação.
Inovar legislativamente significaria a perigosa tentativa de induzir novas formas
sociais por meio da lei, o que fatalmente geraria instabilidade.
A Teoria Tridimensional de Miguel Reale dá base para
sua compreensão do fenômeno jurídico. Segundo ele,
de maneira bastante básica, o Direito é composto de
uma tríade de aspectos, fático, axiológico e
normativo. Essa estruturação segue uma linha
hegeliana de pensamento dialético, eis que os três elementos se
influenciam mutuamente.
Fático porque o Direito depende da experiência. Axiológico porque ele é
permeado por uma carga de valores. Normativo porque a norma no Estado
contemporâneo é fundamental. Mas nem só fático, nem só axiológico, nem só
normativo é o Direito, mas tridimensional.
Em que pese a abertura desse raciocínio, ele não flerta com o relativismo,
eis que Reale propõe determinadas constantes axiológicas, que são,
segundo ele, “um complexo de condições lógicas e axiológicas universais
imanentes à experiência jurídica”.
Essas constantes, contraditoriamente, são visivelmente semelhantes ao Direito
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Natural (e Reale se dizia culturalista), pois seriam valores inerentes ao ser


humano, de maneira indistinta, como a vida, a liberdade, a igualdade. Se
inerentes à condição humana, são valores “naturais”, o que contradiz, em certa
medida, a percepção dele de que o Direito é uma construção social marcada pela
constante mudança.
O conservadorismo (no sentido clássico do termo) desse pensamento se
evidencia na tentativa de manutenção do Código como lei básica do Direito
Privado, algo que já estava superado pelos microssistemas vigentes.
Reale flerta com a tradição ao retomar a unificação do Direito Privado num único
corpo legislativo, trazendo para dentro do Código Civil a matéria comercial, até
então ainda regulada pelo CCom/1850.

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No tocante à Família e às Sucessões, o Código inova em pontos específicos, ainda


que tenha mantido grande parte dos elementos do CC/1916, já criticados por
Pontes de Miranda em 1926 e por Orlando Gomes em 1958, com mais dureza.
Pior, em matéria das relações paterno-filiais, especialmente no tocante à adoção,
o CC/2002 retrocede em relação ao ECA, que já contava com mais de 10 anos;
nasce, nesse item, já praticamente revogado tacitamente pela Lei Especial.
Em resumo, a esmagadora maior parte da doutrina criticará o CC/2002
afiançando que ele é uma nova roupagem para os velhos institutos. O
Código nasce com inúmeros dispositivos ultrapassados (vide ECA, culpa pelo
divórcio, concubinato), outros tantos inconstitucionais, alguns em franca omissão
e outros ainda incompatíveis.
O CC/2002 é fruto de um projeto sem grande discussão no meio jurídico,
exatamente no período dos “anos de chumbo” da Ditadura, ficou quase 30 anos
“esquecido” no Congresso e inúmeros microssistemas vieram à tona nesse meio
tempo. Ao final, fez-se um remendo às pressas em 2001 e ele foi aprovado de
maneira extraordinariamente rápida em 2002. Segundo a doutrina, o CC/2002
causou duro golpe à evolução jurisprudencial que vinha se formando, lentamente,
na última década.
Foi preciso (e ainda é, como veremos no caso do
falecimento do caso no regime da comunhão parcial
de bens) um esforço enorme da jurisprudência para,
de novo, paulatinamente, readequar o CC/2002 à CF/1988 e ao
pensamento jurídico dominante que vinha se formando nos Tribunais
Superiores. A aplicação direta e imediata da CF/1988, porém, pela densificação
constitucional, tentou facilitar o árduo trabalho dos juristas.
Para solucionar esses problemas, a Constitucionalização do Direito Civil tentou
mostrar o caminho. A CF/1988 pretende evitar os desmandos de um governo de
exceção e as moléstias do autoritarismo, ao mesmo tempo em que tenta gerar o
fortalecimento das instituições e a criação de inúmeros direitos constitucionais, a
serem providos pelo Estado.
O primeiro passo é o próprio texto constitucional, a
ser “recheado” pelo Direito Privado. Podemos
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compreender esse como o primeiro momento da


constitucionalização, ainda incipiente. Trata-se da
constitucionalização formal, que busca, numa perspectiva espacial,
inserir no texto constitucional os institutos jusprivatísticos. Exemplos são
o art. 5º, que trata da propriedade, o art. 226, que regula a família e a criança,
entre outros.
Já na perspectiva material, a Constituição passa a regular a vida do homem
privado, numa perspectiva ainda calcada na separação entre Direito Público e
Direito Privado. Não existe mais uma “Constituição do Direito Privado”, o Código
Civil, mas sim uma Constituição, para todos.
Há, assim, uma releitura das normas de Direito Civil a partir dos princípios
constitucionais, que se aplicam de maneira direta e imediata. A CF/1988 serve

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de critério de adequação das normas infraconstitucionais, incluindo a


“Constituição do Direito Privado”. A constitucionalização abre o sistema jurídico
privado, que não mais subsiste por si só. O CC/2002, assim, é repersonalizado,
despatrimonializado e aberto.
A repersonalização afasta a concepção abstrata de
sujeito de direito e de igualdade formal, permeando-se
pela igualdade material e pela hipossuficiência de
determinados grupos de pessoas vulneráveis. A repersonalização pretende trazer
a concretude da experiência humana ao Direito, ao invés de fechar os olhos para
a diferença.
A despatrimonialização retira o elemento patrimonial
do núcleo, tratando em primeiro lugar da pessoa, a
quem deve servir a legislação. A pessoa assume lugar
central no sistema jurídico, deslocando o eixo das
discussões.
Aberto porque, a partir da técnica das cláusulas
gerais, permite-se ao intérprete preencher o conteúdo
na norma na concretude do fato jurídico. Assim, o
jurista pode integrar a norma jurídica de maneira não apriorística, mas pautada
pelos princípios constitucionais que regem o sistema jurídico.

FCC – DPE/RS – 2014 – Defensor Público


33. O sistema de codificação do Código Civil de 2002
(A) resguardou a igualdade por meio da visão abstrata do sujeito de direitos,
considerado em razão das normas jurídicas, e não em face de suas
circunstâncias concretas.
(B) adotou a concepção de sistema fechado, uma vez que permitido o diálogo
apenas com a Constituição Federal e com as normas especiais de direito
privado. 00000000000

(C) utilizou a técnica legislativa das normas abertas, razão pela qual o
processo de aplicação do Direito depende exclusivamente do raciocínio
dedutivo e silogístico.
(D) estabeleceu a visão antropocêntrica ao Direito Privado, da qual é
exemplo a previsão normativa dos direitos da personalidade.
(E) promoveu a unificação do Direito Privado, com exceção do direito das
obrigações, onde manteve a autonomia do Direito Civil e do Direito
Empresarial.
Comentários
A alternativa A está incorreta, ante a repersonalização dos institutos jurídicos
havida.

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A alternativa B está incorreta, eis que as cláusulas gerais dão abertura para o
intérprete.
A alternativa C está incorreta, já que a integração da norma não se faz a partir
de um raciocínio silogístico, que sequer é possível, mas de hermenêutica de
índole constitucional.
A alternativa D está correta, em que pese o termo “antropocêntrica” ser
questionável, mas ele aponta para a repersonalização e para a
despatrimonialização do Direito Privado, adequadamente.
A alternativa E está incorreta, dado que a unificação, ao menos em tese, foi
completa.
Por fim, retome-se que a Teoria Tridimensional de Miguel Reale trabalha com a
perspectiva fática, axiológica e normativa. Segundo Judith
Martins-Costa, o CC/2002 se funda na concepção
culturalista trazida pela Teoria daquele, sendo que é
possível identificar nele quatro diretrizes teóricas:

A. Socialidade
• Determina a prevalência dos valores metaindividuais aos
individuais, resguardados os direitos individuais fundamentais
inerentes à pessoa humana
• Consequência da socialidade é a funcionalização dos institutos
(função social da propriedade, do contrato, da empresa etc.)
B. Eticidade
• Determina a necessidade de se analisar o caso concreto de
acordo com a equidade, a justiça e a boa-fé nas situações
jurídicas privadas
• Consequência da eticidade é o vasto campo de aplicação do
princípio da boa-fé objetiva no ordenamento brasileiro,
especialmente no campo obrigacional
C. Operabilidade ou efetividade
• Determina a imposição de soluções jurídicas que permitam aos
partícipes do Direito acessarem sem dificuldades sua aplicação,
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de maneira simples
• Consequência da operabilidade é o afastamento do casuísmo
pelo uso das cláusulas abertas, que aproxima o julgador do caso
sensível
D. Sistematicidade
• Determina que o Direito Privado se pauta numa produção
legislativa fundada na diretriz de sistema
• Consequência disso é que a norma de Direito Privado não pode
ser lida ou interpretada descolada da Parte Geral do CC/2002

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CESPE – DPE/TO – 2013 – Defensor Público


28. Acerca do Direito Civil, assinale a opção correta.
A- O princípio da eticidade, paradigma do atual direito civil constitucional,
funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores,
tendo por base a equidade, boa-fé, justa causa e demais critérios éticos, o
que possibilita, por exemplo, a relativização do princípio do pacta sunt
servanda, quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um
contratante em detrimento do outro.
B- Cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados são
expressões que designam o mesmo instituto jurídico.
C- A operacionalidade do direito civil está relacionada à solução de
problemas abstratamente previstos, independentemente de sua expressão
concreta e simplificada.
D- Na elaboração do Código Civil de 2002, o legislador adotou os paradigmas
da socialidade, eticidade e operacionalidade, repudiando a adoção de
cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados.
E- No Código Civil de 2002, o princípio da socialidade reflete a prevalência
dos valores coletivos sobre os individuais, razão pela qual o direito de
propriedade individual, de matriz liberal, deve ceder lugar ao direito de
propriedade coletiva, tal como preconizado no socialismo real.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme dito acima, pois a eticidade, vetor da
perspectiva axiológica, pressupõe a aplicação de determinados valores, como a
boa-fé objetiva, para proteger a pessoa humana.
A alternativa B está incorreta, visto que os princípios têm conformação
completamente diferente das cláusulas gerais, estas que, inclusive, têm o
conteúdo jurídico preenchido por aqueles.
A alternativa C está incorreta, porque a operabilidade do culturalismo de Miguel
Reale pressupõe exatamente o inverso, a solução concreta simples.
A alternativa D está incorreta, novamente, ao contrário, eis que a adoção desses
00000000000

princípios gera a adoção das cláusulas gerais, como a boa-fé objetiva.


A alternativa E está incorreta, pois a socialidade dá primazia ao coletivo, mas
sem esboroar o individual.

1.2. LINDB
1. Noções gerais
A Lei de Introdução ao Código Civil – LICC servia, como o próprio nome diz, de
Introdução ao CC/1916. Surgida pelo Decreto-Lei 4.657/1942, era um “anexo
VIP” do Código anterior. Servia de suporte à aplicação das normas de

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Direito Privado, tanto numa perspectiva interna quanto externa,


servindo de base ao Direito Internacional Privado – DIPri.
Chama-se LICC pela perspectiva ainda comum na década de 1940 e nas décadas
subsequentes que a legislação mais importante na Nação era, efetivamente, o
Código Civil, a espinha dorsal do sistema jurídico do país. Vale lembrar que a
Constituição, apesar de já marchar a passos largos rumo à compreensão atual,
ainda não gozava de grande prestígio no meio jurídico.
Entendia-se a CF muito mais como uma carta política, de princípios norteadores
do ordenamento, do que efetivamente legislação aplicável às relações
interprivadas. No entanto, com o surgimento dos microssistemas jurídicos, já na
década de 60, com o Estatuto da Mulher Casada, em 1962, o termo LICC começa
a perder o sentido. Isso porque Lei não se aplicava apenas ao CC/1916, mas à
legislação civil em sentido amplo.
Com a CF/1988, a perda da centralidade do CC/1916 fica evidenciada. Apesar da
grande relevância, o Código já não é mais visto como a espinha dorsal do sistema,
deslocada para a Constituição. A lei de “introdução ao Código Civil” já não
introduz, há muito tempo, apenas o Código Civil, e
nem mesmo apenas o Direito Privado, mas o complexo
normativo brasileiro.
Por isso, em 2010, por meio da Lei 12.376, a LICC passa a se chamar Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB. A mudança é terminológica
apenas, para readequar o Direito à realidade. Apesar de bastante curta (conta
apenas com 19 artigos), a LINDB tem aplicabilidade imensa no Direito brasileiro.
A LINDB trata de temas variados, introdutórios aos diversos ramos do Direito:

1) Vigência e eficácia das normas jurídicas

2) Conflito de leis no espaço e no tempo

3) Critérios de interpretação normativa (hermenêutica)

4) Critérios de integração do ordenamento


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5) Regras DIPri

É com base nessa divisão que analisaremos a LINDB, a partir de agora.

2. Vigência e eficácia das normas


O Direito brasileiro não adota a perspectiva, em regra, de que é possível alegar
desconhecimento da lei para justificar determinada conduta. A lei é imperativa,
pelo que seu seguimento não é opção. Assim, ignorantia juris neminem
excusat, a ignorância da lei não escusa ninguém de seu cumprimento

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Nesse sentido, o art. 3º da LINDB estabelece com clareza


solar que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando
que não a conhece. Há exceção à regra no que tange
à aplicação da lei penal, no caso do art. 8º da Lei das
Contravenções Penais (“No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei,
quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada”).
Tal regra existe porque a norma tem caráter obrigatório, é de imposição
incondicional e independe de adesão do sujeito de direito, sendo
plenamente eficaz mesmo contra sua vontade. Sua obrigatoriedade, seja
quanto à validade, seja quanto à eficácia, é apriorística.
Os juristas e filósofos discutem há tempos os argumentos que justificam
essa perspectiva. Dworkin e Alexy usam argumentos de cunho axiológico, ou
seja, justificam a norma pelos valores fundamentais de juridicidade, de
cunho moral, geralmente. Kelsen, Austin, Raz, MacCormick e Hart seguem a linha
positivista, justificando a norma por critérios dogmáticos, calcados numa norma
fundamental abstrata.
Há ainda justificações menos comuns, como os trazidos por Elias, Weber,
Luhmann e Durkheim, de cunho sociológico. Correntes jusnaturalistas de
diversas matizes, como cosmológicas, teológicas e mesmo nazistas, procuram
fundamento num elemento externo, como o fazem diversos teóricos bastante
distintos entre si, como Hobbes, Locke, Rousseau, Kant, Nozick, Finnis e
Radbruch.
De qualquer forma, geralmente o argumento mais utilizado e aceito é a
coerção fundada na sanção, oriunda da perspectiva de Hans Kelsen. Já numa
perspectiva mais específica, Pontes de Miranda, na
Teoria do Fato Jurídico, utiliza o argumento da
incidência. É a incidência que transforma o suporte
fático (determinados fatos que ocorrem no mundo
exterior) em fato jurídico. Para ele, porém, a normatividade ocorre
independentemente de sanção, eis que a incidência, por si só, cria o Direito,
mesmo que ausente o elemento sancionatório.
O Direito brasileiro distingue a validade e vigência, e, em alguma medida,
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eficácia. A lei pode ser válida, mas ainda pendente de vigência; bem como pode
ser vigente, mas não eficaz.
A lei é válida quanto aprovada de acordo com os requisitos estabelecidos pela
CF/1988 e pelas normas infraconstitucionais atinentes à aprovação. A validade
faz com que a norma entre no mundo jurídico e seja apta a atribuir efeitos
jurídicos. Se inválida, a lei é nula, seguindo a teoria do fato jurídico, que veremos
adiante.
A vigência se relaciona com a possibilidade de o aparato coercitivo do Estado
poder ser acionado em virtude da inobservância de uma norma válida, bem como
se exigida nas relações interprivadas. Em outras palavras, a vigência dá
exigibilidade aos comportamentos nela previstos.

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Fala-se, aqui, do instituto da vacatio legis, ou vacância. A lei, válida, ainda


não pode ter sua aplicação exigida, mas somente depois de passado o período de
vacância.
A vigência da lei deve ser sempre indicada de forma expressa e de modo a
contemplar prazo razoável para que dela se tenha
amplo conhecimento. É para isso que serve o prazo de
vigência, para que as pessoas possam se adequar à
nova legislação.
É o que prevê a Lei Complementar 95/1998 – LC 95, que dispõe sobre a
elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis. Essa lei não apenas
complementa a LINDB, como a minudencia. Ela se originou do comando do art.
59, parágrafo único da CF/1988 que determina edição de Lei Complementar para
dispor sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Por exemplo, o Código Civil brasileiro tornou-se válido em 10/01/2001, mas,
apesar da validade, não era vigente no dia seguinte porque o art. 2.044
estabelecia que vacatio legis de 1 ano, para que ele se tornasse vigente após a
publicação.
Publicado no Diário Oficial da União – DOU em 11/01/2001, vigoraria apenas no
ano seguinte, portanto. A Lei 10.825/2002, que deu nova redação ao CC/2002
relativamente aos dispositivos que tratam dos partidos políticos, porém,
estabelece, no art. 3º, que sua vigência se daria na data de sua publicação.
Publicada no DOU em 23/12/2003, seus efeitos são imediatos. O CC/1916, por
sua vez, publicado em 05/01/1915, determinou que a vigência da norma
ocorreria em 1º/01/1916, ou seja, estabeleceu data exata.
Assim, a vigência da norma respeita a vigência nela mesma estabelecida.
De maneira quase tautológica, a lei vige quando diz que vige. Legislações mais
complexas têm vacatio legis maior, como o CPC/2015 ou o CC/2002 (um ano);
se um pouco mais simples, prazo menor, como o Estatuto da Pessoa com
Deficiência – EPD (180 dias).
O art. 8º da LC 95, estabelece que a cláusula "entra em
vigor na data de sua publicação" é reservada apenas
para as leis de pequena repercussão, que alteram
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dispositivos menores, fazem pequenas correções etc.


No entanto, a LINDB traz regra específica para o caso de
omissão. Dispõe o art. 1º que, salvo disposição em
contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45
dias depois de oficialmente publicada. É a chamada
cláusula de vigência!
Atente para a forma de contagem do tempo no Direito brasileiro. A Lei 810/1949
define a contagem do tempo no ano civil da seguinte forma:

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Ano - art. 1º
• Considera-se ano o período de doze meses contado do dia do
início ao dia e mês correspondentes do ano seguinte

Mês - art. 2º
• Considera-se mês o período de tempo contado do dia do início ao
dia correspondente do mês seguinte

O art. 3º da Lei 810/1949 ainda dispõe que quando no ano


ou mês do vencimento não houver o dia
correspondente ao do início do prazo, este findará no
primeiro dia subsequente. Essa regra se aplicará, com
algumas pequenas alterações, aos prazos processuais.
Quanto aos dias, eles são contados em dias corridos, contando-se dias
úteis, sábados, domingos e feriados. O art. 219 do CPC, porém, estabelece
que na contagem de prazo processual em dias computam-se somente os dias
úteis, excluindo sábados, domingos e feriados. Frise-se que essa regra vale
apenas para os prazos processuais, ou seja, na vigência da norma não se fala em
dia útil, mas em dias corridos.
A LC 95/1998, em seu art. 8º, §1º, estabelece que a contagem do prazo para
entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância será feita com a inclusão da data da
publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente à sua consumação integral.
Esse prazo não se interrompe, nem se suspense ou se protrai, de modo que se a
data indicada pela lei cair em dia feriado, sábado ou domingo, a vigência da
norma se dá naquele dia, independentemente de ser útil ou não, conforme
afiança Caio Mario da Silva Pereira.
A LC 95 foi utilizada pelo STJ para definir, de maneira inequívoca, a data de
entrada em vigor do CPC/2015. O art. 1.045 fixa que “Este Código entra em vigor
após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial”. Como o CPC foi
publicado no DOU em 17/03/2015, contando-se o dia da publicação e o último
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dia do prazo (17/03/2016, conforme o art. 1º da Lei 810/1949), a entrada em


vigor ocorreria no “dia subsequente à sua consumação integral”, ou seja,
18/03/2016. Em março de 2016, o Tribunal Pleno do STJ chegou a esse
entendimento.
Agora, cuidado! Essa forma de contagem é ligeiramente diferente da contagem
do art. 224 do CPC. Segundo o dispositivo processual, deve-se computar, salvo
disposição em contrário, o dia do vencimento, apenas. Ou seja, os prazos serão
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. Para se
fazer essa contagem sempre se considera como data de publicação o primeiro
dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário Oficial.
Assim, voltando ao art. 1º da LINDB, a vigência se inicia em 45 dias corridos
após a publicação da norma em Diário Oficial (DOU, DOE, DOM ou DODF)

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ou equivalente veículo de informação, no caso dos Municípios que não contem


com Diário Oficial próprio.
Ademais, o mencionado dispositivo estabelece que “a lei começa a vigorar em
todo o país” nesse prazo. Isso significa que não há distinção temporal ou
geográfica para a vigência na lei, em regra. Publicada no DOU, a lei federal tem
vigência em 45 dias em todo o território nacional,
indistintamente. Trata-se do sistema único ou
sincrônico, no qual a vigência ocorre em sincronia no
país.
Não há sincronia na vigência da lei brasileira no
território nacional e no exterior. Segundo o art. 1º,
§1º da LINDB, nos Estados estrangeiros, a
obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia somente três meses depois de oficialmente
publicada.
Possível também que a lei válida, mas ainda não vigente, seja alterada.
Especialmente em leis mais complexas, como os Códigos, isso não é incomum.
Nesses casos, se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer
nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo do art. 1º da LINDB começará a correr da nova
publicação, prevê o §3º desse dispositivo. Isso porque essas correções de texto
legal são consideradas lei nova.
Para evitar problemas, porém, é comum que as alterações feitas no texto de leis
que ainda não entraram em vigor passem a vigorar junto com ela, por previsão
expressa. É o que ocorreu com a Lei 13.256/2016, que altera a disciplina do REsp
e do RExt do CPC/2015. Publicada no DOU em 05/02/2016, seu art. 4º prevê que
a lei “ entra em vigor no início da vigência da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015”.

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


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62. Analisado a Lei de introdução ao Código Civil julgue as alternativas


abaixo. Assinalando a alternativa falsa:
A) não é entendido como fraude à lei os atos praticados com fulcro na lei
revogada no período da vacatio legis.
B) No período da vacatio legis pode a Lei nova ser aplicada pelos
contratantes, desde que não contrarie os princípios de ordem pública
vigente, nem fira os interesses e direitos de terceiros;
C) As emendas e correções da Lei que já tenha entrado em vigor são
consideradas Lei nova;

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D) Se durante a vacatio legis vier a norma a ser corrigida em seu texto,


cujas correções são publicadas, o prazo para sua entrada em vigor é
renovado.
E) A contagem do prazo da vacatio legis, inclui o dia da publicação e o último
dia, prorrogando-se esse último dia domingo ou feriado.
Comentários
A alternativa A está correta, eis que a fraude à lei pressupõe um elemento
intencional, fraudatório, que não se caracteriza meramente pela utilização da lei
revogada no período da vacatio legis. De qualquer forma, como a lei ainda não
entrou em vigor, obviamente que todos continuarão a obedecer à lei revogada,
enquanto a lei nova não vigora. Exemplo visível é a aplicação do CPC/1973
durante o ano de 2015 praticamente inteiro. Apesar de revogado, todos
continuaram a aplicar a lei revogada, já que a lei nova, o CPC/2015, ainda não
vigorava.
A alternativa B está correta, já que não há limitação a tal aplicação na LINDB.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 1º, §4º da LINDB: “As correções
a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
A alternativa D está correta, na forma do art. 1º, §3º da LINDB: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa E está incorreta, pela conjugação do art. 8º, §1º, da Lei
Complementar 95/1998 (“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da
publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consumação integral”) com o art. 3º da Lei 810/1949, que não prevê que o prazo
se protrairá, em momento algum.
Pois bem. A lei, aprovada conforme os mandamentos legais, é válida. Estabelece-
se que a Lei só passará a viger em 45 dias. Entre sua publicação e esses 45 dias,
a Lei é válida, mas ainda não vige, portanto.
Por sua vez, a eficácia da Lei está relacionada à
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possibilidade de a lei, uma vez válida, devidamente


publicada e vigente, vir a surtir efeitos junto aos seus
destinatários. Nesse sentido, fala-se em eficácia da norma
jurídica quando ela está completamente apta a regular situações e a produzir
efeitos práticos junto aos seus destinatários.
A Lei poderia ser válida e vigente, mas ineficaz. É o caso, por exemplo, de uma
Lei já publicada e vigente, mas que depende de algo mais para produzir algum
efeito jurídico relevante. Necessita-se de uma norma extra, de um regulamento
ou de alguma decisão de um gestor público. Exemplo seria o art. 12, §2º da Lei
6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano – LPS), cuja inserção ocorreu
por meio da Lei 12.608/2012:

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Nos Municípios inseridos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à


ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos
geológicos ou hidrológicos correlatos, a aprovação do projeto de que trata o caput ficará
vinculada ao atendimento dos requisitos constantes da carta geotécnica de aptidão à
urbanização.

Como, até agora, o referido Cadastro ainda não foi produzido, o art. 12, §2º da
LPS, apesar de válido e vigente (desde 2012), é ineficaz. Quando o Cadastro for
produzido, aí sim a referida norma se tornaria eficaz.
Alguns autores, no campo da eficácia, ainda fazem subdivisões, como é o caso
de Paulo de Barros Carvalho. Por exemplo, distingue-se eficácia jurídica de
eficácia social. O exemplo supracitado seria de ineficácia jurídica. Outras normas,
porém, seriam juridicamente eficazes, mas socialmente ineficazes; seriam as
“leis que não pegam”, pois apesar de estarem aptas a produzir efeitos jurídicos
acabam não tendo aceitação social.
Essas distinções, porém, não são imunes às críticas. Segundo os realistas,
como Alf Ross, validade e vigência são a mesma coisa. Uma Lei válida é
vigente; pode ser ineficaz, porém. Assim, a Lei válida/vigente, só será eficaz
quando puder produzir efeitos. Nesse sentido, Miguel Reale:
Validade formal ou vigência é, em suma, uma propriedade que diz respeito à competência
dos órgãos e aos processos de produção e reconhecimento do Direito no plano normativo.
A eficácia, ao contrário, tem um caráter experimental, porquanto se refere ao cumprimento
efetivo do Direito por parte de uma sociedade, ao reconhecimento (Anerkennung) do Direito
pela comunidade, no plano social, ou, mais particularizadamente aos efeitos sociais que
uma regra suscita através de seu cumprimento.

Já para os positivistas, vigência e eficácia confundem-se. A lei, válida,


passará a produzir efeitos quando se tornar vigente. Essa é a perspectiva
kelseniana, pela qual a eficácia da lei decorre de sua validade; sua validade
decorre da validade da norma superior, e assim sucessivamente, até a norma
fundamental (Grundnorm). Esse é o sentido trazido pelo art. 6º da LINB:
A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.

Se a norma ainda não pode ser aplicada por falta de “complementação”, isso não
torna a lei ineficaz, mas apenas faz com que sua eficácia seja subsumida a outra
00000000000

norma, por exemplo, ainda não editada. Igualmente, a eficácia social é


irrelevante para os positivistas, já que o fato de a lei “não pegar” não é uma
questão jurídica, mas sociológica.
Pode-se, resumidamente, compreender que a norma jurídica é uma
proposição que estabelece que ocorrendo um fato (suporte fático),
certas consequências jurídicas devem ocorrer (efeitos
jurídicos respectivos). Precisa ser uma sanção? Não
necessariamente, segundo a teoria do fato jurídico de
Pontes de Miranda, eis que a norma tem de ter algum
efeito, apenas, mas não sanção; necessariamente deverá ser uma sanção,
porém, segundo a teoria sancionatória de Kelsen.

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No entanto, a perspectiva positivista de Kelsen encontra pouco respaldo


doutrinário. A doutrina chega a classificar as normas em relação à
intensidade da sanção:

A) Perfeitas
• São as normas que preveem a nulidade/anulabilidade do ato
jurídico (negócio jurídico celebrado por incapaz)

B) Mais que perfeitas


• Além da sanção de nulidade/anulabilidade, preveem sanção
criminal (casamento realizado por alguém já casado)

C) Menos que perfeitas


• Preveem sanção mais branda que a nulidade/anulabilidade, como
a ineficácia perante terceiro (compra e venda realizada por
instrumento particular)

D) Imperfeitas
• Não preveem sanção jurídica ao ato inquinado (segundo a
doutrina mais tradicional, como ocorre com variados princípios
constitucionais)

Em resumo, matematicamente, seria possível estabelecer para Pontes de


Miranda que a norma funciona no seguinte esquema:

Se SF então deve ser P

• Onde, SF é o suporte fático e P é o preceito (incidência da norma


e consequentes efeitos)

Pois bem, até aqui ainda estamos no plano hipotético da norma: na norma, prevê-
se um suporte fático e seus efeitos jurídicos respectivos (se SF então deve ser
00000000000

P). Porém, nada aconteceu e a norma não incidiu. Posteriormente, o fato ocorre
no mundo real, e se verifica que esse fato ou conjunto de fatos integra um suporte
fático e a norma, então, incide!
Esse é o fenômeno da juridicização. Ocorre um fato,
cujo suporte fático está previsto na norma, verifica-se
que esse suporte fático satisfaz o preenchimento
mínimo de aplicabilidade da norma e a norma, então,
incide. O fato real se transforma em fato jurídico e aí podemos pensar nos efeitos
desse fato. Até a incidência, porém, nem o fato nem a norma têm efeito sobre as
pessoas. Mas, quais são as características da incidência? Duas:

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• Característica distintiva das normas


1. Incondicionalidade jurídicas: independentemente de
qualquer adesão elas são vinculativas

É daí que nasce a impossibilidade de alegar como


excludente de ilicitude a ignorância da lei, porque a
incidência não se condiciona à adesão. Nesse sentido,
prevê o art. 18 da LC 95 que mesmo eventual inexatidão formal de norma
elaborada mediante processo legislativo regular não constitui escusa válida para
o seu descumprimento. Exemplo é o art. 1.829, inc. I do CC/2002, que faz
menção ao art. 1.640, parágrafo único, equivocadamente, ao invés do art. 1.641
do mesmo diploma.
A incidência, porém, não ocorre obrigatoriamente em todos os casos.
Classificam-se as normas:

A. Cogentes ou injuntivas:
• Inafastáveis, aplicadas independentemente da vontade das
partes, permitindo ou proibindo. Essas normas se subdividem em
normas imperativas/impositivas (obrigam uma conduta) e
proibitivas (proíbem uma conduta)

B. Não-cogentes ou supletivas
• Afastáveis, sendo aplicadas subsidiariamente. Subdividem-se em
normas dispositivas (no silêncio das partes) e normas
interpretativas (para definir o sentido da manifestação de
vontade obscura)

• Geralmente a norma incidirá sempre que


2. Inesgotabilidade o suporte fático vier a se compor,
inúmeras vezes

00000000000

Algumas normas, porém, se esgotam numa única incidência, como o art. 19 do


ADCT (Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em
exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos
continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da
Constituição, são considerados estáveis no serviço público). Aplica-se uma vez e
esgota-se a norma.
Isso, porém, é raríssimo, já que a norma tem por finalidade fazer o regramento
da generalidade das situações. Enquanto a norma é vigente, é inesgotável sua
incidência. No entanto, antes de começar a viger (vacatio legis) ou depois de não
mais viger (revogação), a norma não pode mais incidir.

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É possível que uma norma sequer tenha vigência, se


revogada antes de sua entrada em vigor, como o art.
374 do CC/2002, cuja revogação se deu pela MP 75 de
24/10/2002, ou o art. 1.029, §2º do CPC, revogado pela Lei 13.256/2016, que
passou a viger no mesmo que dia o NCPC (art. 4º: “Esta Lei entra em vigor no
início da vigência da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015”).

3. Conflito de leis no espaço e no tempo


Em vigor a lei, necessário é analisar seus efeitos no espaço e no tempo. Não raro,
as leis conflitam, eis que os efeitos de uma delas vão de encontro aos efeitos de
outra lei. Isso ocorre por conta do princípio da continuidade da lei.
O princípio da continuidade da lei está estampado no
art. 2º da LINDB: Não se destinando à vigência
temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue. Ou seja, dura lex, sed lex, até que seja ela
modificada ou revogada. Enquanto isso não ocorrer, a lei é a lei, por mais
defeituosa ou anacrônica que ela seja.
Assim, somente por lei pode a lei perder sua eficácia. Contemporaneamente,
porém, pode a lei ser afastada pelo controle de constitucionalidade, ou seja,
apesar de vigente, ela pode ser declarada inconstitucional, ainda que a Corte
Constitucional não a julgue nula.
Exemplo é o art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso – EI, julgado
inconstitucional pelo STF, sem que fosse declarada sua nulidade, por meio da
Reclamação Constitucional 4.374, julgada em 2013. Em que pese não revogada
a lei, ela é ineficaz por força da decisão do STF no caso.
Excepcionalmente, a lei perde vigência pela expiração de seu prazo de
validade, no caso das leis temporárias, como dispõe o art. 2º da LINDB,
supracitado. Essas leis são excepcionais, dada a característica da
inesgotabilidade, que vimos.
Exemplo evidente é a Lei 12.663/2012, a Lei Geral da Copa – LGC. O art. 5º da
LGC estabelece que “As anotações do alto renome e das marcas notoriamente
conhecidas de titularidade da FIFA produzirão efeitos até 31 de dezembro de
00000000000

2014”.
Igualmente, a Portaria Conjunta 216/2015, dos Ministérios da Justiça, das
Relações Exteriores e do Turismo, listava determinadas nacionalidades que
estavam dispensadas da exigência de visto de turismo durante a realização das
Olimpíadas, no período de 1º/06/2016 a 18/09/2016. No dia 19/09/2016, a
Portaria perdeu vigência, automaticamente.
Nada impede, também, que uma norma temporária seja inserida no
contexto de uma norma perene. Exemplo típico é o art. 35, §1º da Lei
10.828/2003, o Estatuto do Desarmamento – EDes (“Este dispositivo, para entrar
em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado
em outubro de 2005”).

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Essas são situações peculiares, portanto. Em regra, a vigência se apaga apenas


com a revogação da norma. A revogação, no entanto, não precisa ser
expressa, pode ser tácita. A lei posterior revoga a
anterior também quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava
a lei anterior, estabelece o art. 2º, §1º da LINDB.

VUNESP – PGM/SP – 2014 – Procurador Municipal


61. Assinale a alternativa correta, conforme disposições da Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro.
(A) A repristinação é regra no direito brasileiro, admitindo-se disposição legal
que afaste sua incidência.
(B) Há regra expressa acerca da vacatio legis para a vigência de lei no Brasil
e em Estados estrangeiros, sem possibilidade de alteração.
(C) Admite-se, no direito brasileiro, a revogação tácita de lei.
(D) Não são admitidas leis com vigência temporária, em respeito à
segurança jurídica.
(E) Não se consideram novas leis as meras correções ao seu texto, ainda
que já em vigor.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 2º, §3º da LINDB: “Salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está correta, consoante o art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga
a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
00000000000

ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.


A alternativa D está incorreta, conforme regra do art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa E está incorreta, por aplicação do art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
Surge aí a primeira regra clássica relativa ao conflito de leis, no tempo:
norma posterior revoga norma anterior! Cuidado, porém...
É da boa técnica legislativa e recomendável, no entanto, deixar clara a revogação
de dispositivo legal. Evita-se confusão e questionamento. Não à toa, a LC 95

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estabelece uma série de recomendações sobre a alteração das leis, para se seguir
técnica legislativa coesa. Segundo o art. 12, a alteração da lei será feita:

3. Mediante
1. Mediante
substituição, no
reprodução integral em
2. Mediante revogação próprio texto, do
novo texto, quando se
parcial dispositivo alterado, ou
tratar de alteração
acréscimo de
considerável
dispositivo novo

No caso de substituição do dispositivo no próprio texto alterado, devem ser


observadas as seguintes regras:

A) Veda-se, mesmo quando recomendável, qualquer


renumeração de artigos e de unidades superiores ao
artigo (em ordem crescente: Subseção, Seção, Capítulo,
Título, Livro e Parte)

• Deve ser utilizado o mesmo número do artigo ou unidade


imediatamente anterior, seguido de letras maiúsculas, em ordem
alfabética, tantas quantas forem suficientes para identificar os
acréscimos

B) Veda-se o aproveitamento do número de dispositivo


revogado, vetado, declarado inconstitucional pelo STF ou
de execução suspensa pelo Senado Federal em face de
decisão do STF

• Deve a lei alterada manter essa indicação, seguida da expressão


‘revogado’, ‘vetado’, ‘declarado inconstitucional, em controle
concentrado, pelo STF’, ou ‘execução suspensa pelo Senado
Federal, na forma do art. 52, X, da CF’

C) Admite-se a reordenação interna das unidades em


que se desdobra o artigo 00000000000

• Deve ser identificado o artigo assim modificado por alteração de


redação, supressão ou acréscimo com as letras ‘NR’ maiúsculas,
entre parênteses, uma única vez ao seu final, obedecidas,
quando for o caso, as prescrições da alínea "c"

Assim, retomando a LINDB, a lei posterior não revoga,


necessariamente, a lei anterior, quando com ela não
conflita ou não seja incompatível. Isso se torna mais
evidente no caso de lei especial, que não regula toda a matéria já regulada pela
lei geral, mas apenas a minudencia, detalha e especifica em relação a algum

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ponto peculiar, como ocorre com as normas de Direito do Consumidor em relação


às normas de Direito Civil.
Nesse sentido, o art. 2º, §2º da LINDB prevê que a lei nova,
que estabeleça disposições gerais ou especiais a par
das já existentes, não revoga nem modifica a lei
anterior. Assim a regra do art. 435 do CC/2002 (“Reputar-
se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”), que por consequência
estabelece o foro de discussão do contrato, não foi revogada pelo art. 101, inc. I
do CDC, que prevê como domicílio competente o do consumidor, para a
propositura de ação.

FCC – PGE/MT – 2011 – Procurador do Estado


33. É correto afirmar que,
(A) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País, 45
(quarenta e cinco) dias depois de oficialmente promulgada.
(B) nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia 90 (noventa) dias depois de oficialmente promulgada.
(C) se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo de início de sua vigência começará a correr da
data da primeira publicação.
(D) não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou a revogue.
(E) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, sempre revoga a anterior.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”. 00000000000

A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1º, §1º: “Nos Estados,


estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.
A alternativa C está incorreta, por aplicação do art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa D está correta, conforme regra do art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa E está incorreta, também segundo o art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,

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o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova


publicação”.
São duas normas que se harmonizam, aquela se aplicando à generalidade das
situações e esta à peculiaridade das relações de consumo. Harmonizam-se,
portanto.
Surge aí a segunda regra clássica relativa ao conflito de leis, agora no
espaço: norma especial derroga norma geral! Cuidado, porém...
A revogação, em sentido amplo, pode ser parcial ou total.
Total, chamada de ab-rogação, é quando a revogação
é completa (ou revogação em sentido estrito);
derrogação, ao contrário, é a revogação parcial. O art.
101, inc. I do CDC, portanto, derrogou a norma do art. 435 do CC/2002, mas
não a ab-rogou.
Curiosamente, a que não está mais vigente, pode ter aplicação mesmo
depois de revogada. É o que se chama de ultratividade legal, ou seja, a
aplicação da lei vigente à época do fato, mesmo depois de revogada. A
ultratividade é extremamente relevante no Direito Penal, mas tem também
grande impacto no Direito Privado. Exemplo é o art. 2.041 do CC/2002 (“As
disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a
1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o
disposto na lei anterior”), que ordena a aplicação do CC/1916 caso um
inventário seja manejado para tratar do patrimônio de alguém falecido
antes de 2003.
No entanto, o que ocorre se uma norma for revogada por outra e, posteriormente,
a segunda é também revogada, mas sem que norma nova
seja imposta? O art. 2º, §3º deixa claro que salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
O inverso é chamado de repristinação, ou seja, o fato de a lei revogada
ganhar novamente vigência. Exemplo é o art. 122 da Lei 8.213/1991,
revogado expressamente pelo art. 8° da Lei 9.032/1995. O art. 2º da Lei
9.528/1997, porém, repristinou a lei revogada, dando nova eficácia ao art. 122
00000000000

revogado, expressamente (“Ficam restabelecidos o §4º do art. 86 e os arts. 31 e


122 da Lei 8.213/1991”. Salvo expressão em contrário, não há repristinação da
lei no ordenamento brasileiro, porém.
Surge aí a terceira regra clássica relativa ao conflito de leis, de novo no
espaço: a revogação da norma revogadora não repristina a norma
revogada! Cuidado, porém...
No controle de constitucionalidade, o STF pode declarar inconstitucional uma
norma, sem decretar sua nulidade. Assim, apesar de inconstitucional, a norma
continua válida. Não há repristinação, nesse caso. Porém, o STF, atuando como
verdadeiro legislador negativo, pode dar efeito
repristinatório a norma revogada, não porque está

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revogando a norma revogante, mas pela declaração de


inconstitucionalidade.

FCC – PGE/SP – 2009 – Procurador do Estado


33. No que diz respeito à vigência da norma jurídica,
(A) a revogação de uma lei opera efeito repristinatório automático em caso
de lacuna normativa.
(B) a lei não pode ter vigência temporária.
(C) a lei começa a vigorar em todo país, salvo disposição contrária, 40
(quarenta) dias depois de oficialmente publicada, denominando-se período
de vacatio legis.
(D) a ab-rogação é a supressão parcial da norma anterior, enquanto a
derrogação vem a ser a supressão total da norma anterior.
(E) os efeitos da lei revogada poderão ser restaurados se houver previsão
expressa na lei revogadora.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 2º, §3º da LINDB: “Salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, tal como prevê o art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa C está incorreta, de acordo com a regra do art. 1º: “Salvo
disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada”.
A alternativa D está incorreta, tendo a alternativa invertendo as regras de
revogação.
A alternativa E está correta, pelas mesmas razões já apresentadas na
00000000000

alternativa A.
De regra, a Lei em vigor terá efeito imediato e geral. Porém, o art. 6º da LINDB
estabelece que a modificação da Lei não pode violar o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada. A própria LINDB estabelece, nos §§1º a
3º do referido artigo o que se considera cada uma dessas situações:

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Ato jurídico perfeito

• Ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se


efetuou, regido pela Lei da época de sua prática

Direito adquirido

• Situações jurídicas incorporadas ao patrimônio da pessoa

Coisa julgada ou coisa julgada

• A decisão judicial de que já não caiba recurso, imutável

Quanto ao direito adquirido, o §3º da LINDB estabelece que também se


consideram direito adquirido os direitos que o seu
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-
fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem. Ou seja, é possível se falar em direito adquirido sob
condição e sob termo.
Assim, a retroatividade da norma pode ocorrer, mas não pode ela ocorrer se
violar ato jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada. Para além de
proteger tais situações, a lei retroativa deve ter tal eficácia expressamente
consignada. Tal ocorre com o art. 2.035 do CC/2002, que permite a retroação
da norma de ordem pública que asseguram o cumprimento da função social do
contrato e da propriedade.
As normas penais, ao contrário, se benéficas ao réu, sempre retroagem e, ao
contrário, se lhe causam prejuízo, jamais retroagem, por previsão expressa do
art. 5º, inc. XL da CF/1988.
A coisa julgada, por sua vez, pode ser afastada em caso de aplicação de alguma
das hipóteses processuais de cabimento da ação rescisória.
00000000000

Discute-se, no Direito Constitucional, acerca das


possibilidades de desconstituição da coisa julgada
ante a inconstitucionalidade da norma jurídica que lhe
serviu de base, a chamada coisa julgada inconstitucional.

4. Critérios de interpretação normativa e


hermenêutica
Em regra, pela aplicação do princípio jura novit curia, o juiz conhece a lei.
Por isso, é desnecessário transcrever a norma quando de uma petição, pois
o juiz conhece a lei, não é necessário dizer a ele o que a lei diz. Ele sabe.

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Esse princípio é excepcionado nos casos de direito


estrangeiro, direito consuetudinário, direito estadual
e direito municipal. Essas leis devem ser provadas
pelo interessado; as demais, não. Assim, se quero que se aplique uma norma
de Direito Municipal, tenho eu de fazer prova que esta lei está em vigor.
Mas, como o juiz fará a interpretação? O objetivo da interpretação é buscar
a “exposição do verdadeiro sentido da lei”. Essa é a interpretação em
sentido estrito (a interpretação em sentido amplo busca determinar a
regra aplicável, num sentido mais de integração).
A interpretação será feita de variadas formas e por variados critérios.

A. Restrição
• A interpretação restritiva busca restringir o alcance da norma, de
modo a não extrapolar os limites geralmente considerados da
norma

B. Extensão
• A interpretação extensiva busca elastecer o sentido da norma a
situações não subsumidas a ela de imediato, automaticamente

C. Sistematização
• A interpretação sistemática busca dar sentido a uma norma dentro
do contexto do sistema normativo

D. Absurdo
• A interpretação ao absurdo leva o argumento às últimas
consequências para comprovar a incorreção de um fundamento ou
tese

E. Equidade
• Objetivamente é a adaptabilidade da norma ao fato, gerando
igualação; subjetivamente, é a aplicação conveniente da norma
00000000000

F. Analogia
• A interpretação baseada na similaridade de situações, numa
racionalidade lógico-decisional pela dedução e indução

Quanto à equidade, Tércio Sampaio Ferraz Jr. esclarece que a equidade colabora
na solução de litígios pela consideração harmônica das situações concretas,
ajustando a norma à especificidade do caso, de modo a produzir uma decisão
mais adequada e justa.
A abertura dos textos normativos, nesse sentido,
pretende justamente abrir o conteúdo da regra
jurídica ao julgador. Nesses casos, o juiz preenche os

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sentidos da norma de maneira axiológica, buscando a melhor solução do


caso concreto.
Mas, o que é agir de boa-fé? Veja que o art. 422 (“Os contratantes são obrigados
a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios
de probidade e boa-fé”) não explicita seu conteúdo. O conteúdo da norma não
está predeterminado aprioristicamente, necessita de concreção. É o julgador
quem fará isso, e não o legislador. Há, no caso da boa-fé, um conceito jurídico
indeterminado, que será “pós-determinado” pelo juiz, quando da interpretação
do caso concreto.
Mas, qual é o efeito para a violação da boa-fé? O art. 187 do CC/2002 é claro:
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-
fé ou pelos bons costumes”. Ou seja, quem não age de acordo com a boa-fé
comete ato ilícito.
Parte da doutrina distingue as cláusulas gerais dos conceitos jurídicos
indeterminados. As primeiras teriam abertura tanto no conteúdo quanto
nos efeitos, ao passo que os segundos trariam abertura à colmatação
apenas em relação ao conteúdo, já que os efeitos estariam
predeterminados em lei. As cláusulas gerais, dessa forma, absorveriam
os conceitos jurídicos indeterminados (conceito) e abririam a norma
ainda mais (efeito) ao arbítrio do julgador.
As cláusulas gerais são, portanto, a positivação dos princípios gerais do Direito,
segundo Rosa Maria Nery e Nery Junior. Os princípios gerais, por sua vez,
decorrem de valores éticos, morais, sociais, econômicos e jurídicos, não
plasmados no ordenamento.
Assim, parte da doutrina diz que a boa-fé é um conceito jurídico indeterminado,
já que seus efeitos estariam já contidos na lei, não havendo espaço para o
julgador colmatar os efeitos (ato ilícito, cujo efeito é a nulidade), mas apenas o
preceito, o conceito (o que é boa-fé). O art. 422 e o princípio da boa-fé objetiva
seriam, então, um conceito jurídico indeterminado, mas não uma cláusula geral.
Outros autores, no entanto, discordam dessa perspectiva, estabelecendo que o
consequente não está predeterminado em lei, apenas equiparando o legislador a
00000000000

má-fé ao ato ilícito. Na prática, o juiz não decreta sempre a nulidade dos negócios
jurídicos eivados de má-fé; por vezes, desconsidera a cláusula ou mesmo ordena
o cumprimento do contrato. Os efeitos, portanto, são variados, e criados no e
para o caso concreto.
Não me parece relevante fazer essa distinção, já que isso está longe de consenso
e, ao final, é mero rigorismo técnico-classificatório.
Questiona-se a possibilidade de o julgamento por
equidade ser contra legem. Boa parte da doutrina admite
essa solução, ainda que isso não seja unânime. No entanto,
há unanimidade quanto ao descabimento de decisão tomada por equidade contra
a Constituição ou a ordem pública.

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A interpretação ainda deverá levar em conta as eventuais antinomias do


ordenamento. As antinomias apenas aparentes se resolvem facilmente de
maneira sistêmica. Por exemplo, a aparente antinomia entre o art. 435 do
CC/2002 (“Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”) e o
art. 101, inc. I do CDC (“A ação pode ser proposta no domicílio do autor”) é
facilmente resolvida pela compreensão de que a norma especial derroga a norma
geral na aplicação.
No entanto, nas antinomias reais, o sujeito não pode
agir em acordo com ambas as regras. Sua ação se
torna insustentável do ponto de vista do seguimento
da ordem jurídica, eis que se seguir uma norma,
violará, automaticamente, a outra.
Visualiza-se, aqui, uma antinomia jurídica própria, eis que se exige um
comportamento contraditório, ao se considerar ambas as normas válidas.
Contrariamente, a antinomia é imprópria quando as normas tratam de
ramos jurídicos distintos, que, apesar de dar a uma mesma situação
tratamentos diversos, não conflitam (como acontece com a posse, analisada de
maneira distinta no Direito Civil, Penal e Administrativo).
Karl Engisch estabelece que as antinomias impróprias podem ser
antinomias de princípios (princípios que conflitam), antinomias de
valoração (curioso caso do prazo de convalidação do testamento nulo em 5 anos
contados do registro, ao passo que a anulação por erro ocorre em 4 anos, mas
contados da ciência do vício, que pode ocorrer muitos anos depois do registro) e
antinomias teleológicas (incompatibilidade entre os fins e os meios da norma).
A antinomia de direito interno, que se verifica dentro de um ordenamento jurídico
específico, será decidida pelo órgão competente internamente. A antinomia de
direito internacional, vista quando há normas internacionais conflitantes, resolve-
se pela autoridade internacional responsável pelo ato.
O problema reside na antinomia de direito interno-
internacional, que se visualiza quando há
incompatibilidade da norma interna em relação à
norma internacional. O problema reside em se saber a
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prevalência de qual ordenamento ocorrerá. Se o juízo decisório é internacional,


aplica-se a norma internacional. Se o juízo é o interno, de um lado, a norma
internacional é inaplicável quando o legislador interno claramente legislou em
contrário; de outro, entende-se pela superioridade da norma internacional.
Problema mais grave é quando a norma interna em questão é a Constituição.
Nesses casos, a solução admitida é mais complexa, obedecendo às regras fixadas
pelo Direito Constitucional, especificamente. Exemplo era a discussão sobre a
prisão do depositário infiel estabelecida no art. 5º, inc. LXVII da CF/1988 e
vedada pelo Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil.
Por fim, quanto à extensão, a antinomia total-total ocorre quando todo o
conteúdo de ambas as normas usa critérios de validade idênticos (não pode casar
X pode casar); o seguimento de uma necessariamente leva à violação da outra.

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A antinomia total-parcial se verifica quanto é possível cumprir em parte uma


das normas, mas é impossível cumprir a outra em sua integralidade. Já a
antinomia parcial-parcial é visualizada quando há apenas um campo
antinômico entre ambas as normas.
Para se resolver uma antinomia, recorre-se a três critérios, que vimos
acima:

Critério Cronológico
• A norma posterior tem prevalência sobre a norma anterior

Critério de Especialidade
• A norme especial tem prevalência sobre a norma geral

Critério Hierárquico
• A norma superior tem prevalência sobre a norma inferior

Pode haver um conflito entre duas normas que exija o recurso a mais de um
critério de resolução das antinomias. A partir da necessidade ou não de recurso
a apenas uma ou a mais de um critério, podemos classificar as antinomias em:

Antinomia de 1º Grau
• Conflito entre normas que exige o recurso a apenas um dos
critérios

Antinomia de 2º Grau
• Conflito de normas válidas que envolve pelo menos dois dos
critérios

5. Critérios de integração do ordenamento


Geralmente distinguem-se as fontes do Direito pela sua origem. Pela perspectiva
estatista, seria possível distinguir as fontes que emanam do Estado ou não. As
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fontes estatais, formais ou primárias seriam:

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A. Lei
• As normas jurídicas em sentido estrito nas mais diversas formas:
Constituição, Código, Lei Complementar, Regulamentos, Portarias,
Decretos e Atos Administrativos

B. Jurisprudência
• A reiteração uniforme das decisões judiciais que demonstram um
entendimento num dado sentido. Jurisprudência e decisão judicial
não são sinônimas, portanto
Aqui relevam as Súmulas Vinculantes do STF, pelo art. 103-A da
CF/1988

C. Convenções
• Tratados e Convenções internacionais ratificados pelo Brasil na
forma estabelecida na Constituição, sejam com status de Emenda
Constitucional, sejam com eficácia supralegal

Outras fontes, porém, são admitidas, mas sem o caráter obrigatório das fontes
estatais. Assim, seriam fontes não-estatais, materiais ou secundárias:

A. Costume
• O direito consuetudiário

B. Doutrina
• A literatura jurídica especializada

C. Princípios Gerais do Direito


• Reconhecidos, ainda que não positivados, como a vedação ao
comportamento contraditório

D. Analogia 00000000000

• A aplicação de norma jurídica por semelhança a casos próximos

Há intenso debate sobre essa divisão, que não será objeto de nossa aula porque
foge da necessidade do concurso.
Quanto ao costume, questão de intenso debate é o costume contra legem e a
possibilidade deste de revogar a Lei. Parece que esse enfoque é equivocado, pois
somente lei revoga lei. Mesmo a declaração de inconstitucionalidade da norma
não gera sua revogação. O STF pode decretar a nulidade da norma, mas não a
revogar, que é retirar o suporte fático que dá sustentação à lei, no plano da
existência.

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Por isso, é de se questionar se o costume contra legem pode, em verdade


tornar a lei ineficaz, sob a perspectiva social. É o chamado costume
negativo. Visível é sua aplicação no caso da habitual emissão de cheque pré-
datado. A norma é clara ao dispor que o cheque é título de crédito descontável à
vista, mas o costume profundamente enraizado na sociedade brasileira é de
aguardar até a data indicada no título.
Pode o credor descontar antes, porém? Pode, mas ele se sujeita a indenizar o
devedor pelos prejuízos causados. Ou seja, o credor é punido mesmo que agindo
conforme a norma própria, por aplicação do costume negativo, contra legem.
No entanto, é de se mencionar que o art. 4º da LINDB estabelece que somente
quando a lei for omissa, o juiz pode decidir o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito. Para tanto, o magistrado deve
atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum, exige o art. 5º da LINDB.

FCC – DPE/MA – 2009 – Defensor Público


50. Segundo a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (Decreto-Lei no
4.657/42):
A) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.
B) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta
e cinco dias depois de oficialmente promulgada.
C) nos Estados, a obrigatoriedade da lei federal inicia-se três meses depois
de oficialmente publicada, salvo disposição contrária.
D) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
E) salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei
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revogadora perdido a vigência.


Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 4º da LINDB: “Quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1º, §1º: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.

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A alternativa D está correta, na regra do art. 2º, § 2º: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior”.
A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 2º, §3º: “Salvo disposição
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.

6. Regras de DIPri
Por fim, a LINDB traz numerosas regras aplicáveis ao Direito Internacional
Privado. Trata-se da regulamentação do conflito de normas a partir de uma
perspectiva de soberania.
O Direito brasileiro adota a doutrina da Territorialidade Moderada. Ou
seja, a LINDB aplica, ao mesmo tempo, o princípio da territorialidade,
como nos arts. 8º e 9º, e o princípio da extraterritorialidade, como nos arts.
7º e 10).
O art. 7º prevê que a lei do país em que domiciliada a
pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família.
Quanto ao casamento, caso seja ele realizado no Brasil, será aplicada a lei
brasileira quanto aos impedimentos (dirimentes) e às formalidades da
celebração. Podem os nubentes, se estrangeiros, celebrar o casamento perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos.
Se os nubentes tiverem domicílio diverso, as invalidades do matrimônio são
regidas pela lei do primeiro domicílio conjugal, independentemente de qual
era o domicílio anterior. Quanto ao regime de bens, legal ou convencional, deve-
se obedecer à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
Quando se naturaliza, o estrangeiro casado pode requerer ao juiz, mediante
expressa anuência de seu cônjuge, no ato de entrega do decreto de
naturalização, adotar o regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
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direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.


Quanto ao divórcio, quando realizado no estrangeiro, se um ou ambos os
cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de um
ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial
por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato,
obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras
no país. O STJ, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a
requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação
de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a
produzir todos os efeitos legais.

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Atente, porém, pois o art. 961, §5º do CPC determina que a sentença
estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil,
independentemente de homologação pelo STJ. Trata-se da decisão
puramente dissolutiva da união, que realiza o divórcio de maneira consensual
(divórcio consensual puro ou simples), sem
disposições outras, como guarda dos filhos,
alimentos, e/ou partilha de bens, conforme
estabelece o Provimento 53/2016 do STJ.
Se houver disposições sobre partilha, alimentos ou guarda de filhos, porém,
mantém-se a competência do STJ para homologar a sentença estrangeira. A
homologação seguirá o rito definido pelo Regimento Interno do STJ -
RISTJ, nos arts. 216-A a 216-N, na forma da Emenda Regimental 17/2014.
Desnecessária medida em território nacional quando o divórcio consensual se
realizar mediante a autoridade consular brasileira, desde que não tenha
o casal filhos incapazes. No entanto, o divórcio perante a autoridade consular
nacional permite que o casal trate de partilha dos bens comuns, de pensão
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de
solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento, segundo
o art. 18, §1º da LINDB.
De qualquer forma, é indispensável a assistência de advogado, devidamente
constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com
ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado
próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da
escritura pública
Ou seja, o divórcio realizado no estrangeiro, por cônjuge brasileiro, assim
se regula:

A. Regra geral: dependência de homologação pelo


STJ, nos seguintes casos:

• Divórcio litigioso, realizado perante autoridade judiciária


estrangeira
• Divórcio consensual qualificado (guarda, alimentos e/ou partilha),
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realizado perante autoridade judiciária estrangeira


• Divórcio consensual, realizado perante autoridade consular
brasileira, havendo filhos incapazes

B. Exceção: independe de homologação pelo STJ,


nos seguintes casos:

• Divórcio consensual simples ou puro (somente dissolução),


realizado perante autoridade judiciária estrangeira
• Divórcio consensual, realizado perante autoridade consular
brasileira, por escritura pública, desde que sem filhos incapazes e
com assistência advocatícia, independentemente de guarda,
alimentos e/ou partilha

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Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares


brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro
Civil e de Tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos
de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado, estabelece o
art. 18 da LINDB.
Quanto ao domicílio, prevê o §7º do art. 7º da LINDB que o domicílio do chefe
da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos
não emancipados, e o do tutor ou curador aos
incapazes sob sua guarda, exceto no caso de
abandono. Quando a pessoa não tiver domicílio, deve-se considerá-la
domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.
Em relação os bens, o art. 8º estabelece que, na sua qualificação e regulação
quanto às relações a eles concernentes, deve-se aplicar a lei do país em que
estiverem situados.
Em relação os bens móveis, aplica-se a lei do país em
que for domiciliado o proprietário, quanto àqueles que
trouxer ou se destinarem a transporte para outros
lugares. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver
a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Já
quanto aos imóveis, o art. 12, §1º estabelece que só a autoridade
judiciária brasileira tem competência para conhecer das ações relativas
a imóveis situados no Brasil.
Quanto às obrigações, seja para as qualificar ou reger, aplica-se a lei do país em
que se constituírem, prevê expressamente o art. 9º. É a chamada regra do locus
regit actum. Porém, destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e
dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades
da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
Segundo o art. 9º, §2º da LINDB, a obrigação resultante do contrato reputa-
se constituída no lugar em que residir o proponente. Essa previsão vai
ao encontro da previsão do art. 435 do CC/2002 (“Reputar-se-á celebrado
o contrato no lugar em que foi proposto”). No entanto, é de se atentar para a
regra especial do art. 101, inc. I do CDC.
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Já relativamente à sucessão por morte ou por ausência, rege o art. 10 da LINDB,


deve-se obedecer à lei do país em que domiciliado o
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a
natureza e a situação dos bens. A lei do domicílio do
herdeiro ou legatário regula a capacidade para
suceder.
Assim, se o falecido era domiciliado nos EUA, segue-se a lei americana quanto à
sucessão. Porém, se o herdeiro estava domiciliado na França, a lei francesa deve
ser seguida para se verificar que tem ele capacidade para suceder, ainda que a
lei americana se aplique à sucessão em si. Se o falecido contraiu obrigação no
Brasil, a lei brasileira regerá o cumprimento dessa obrigação, de uma sucessão

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que segue a lei americana, cujo herdeiro deve seguir a lei francesa sobre
capacidade sucessória.
Se o falecido é estrangeiro, a sucessão de seus bens,
situados no Brasil, será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de
quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.
Ou seja, aplica-se a lei brasileira, em regra, mas se permite a aplicação da lei
estrangeira, desde que mais favoráveis aos herdeiros brasileiros. Vale lembrar
que, por se tratar de legislação estrangeira, deve a parte provar nos autos sua
aplicabilidade, dado que se excepciona aqui o princípio jura novit curia. O art. 14
da LINDB deixa isso bastante claro, aduzindo que o juiz pode exigir de quem
invoca lei estrangeira prova do texto e da vigência.

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


63. Ainda analisando a Lei de introdução ao Código Civil, assinale a
alternativa correta:
A) Fritz, alemão, e Maria, italiana casam-se no estrangeiro e assentam,
imediatamente após as núpcias, domicilio no Brasil. Maria, após alguns dias,
descobre o passado criminoso de Fritz, mas, não pode evocar a anulação do
casamento, com base no Código Civil brasileiro, porque o casamento não
seguiu lei brasileira;
B) John, inglês, celebra em território brasileiro acordo com João, brasileiro,
com base na Lei brasileira. Internacionalmente, a norma locus regit actum
assegura a sua validade quanto aos requisitos extrínsecos.
C) João, brasileiro, passa a ter domicilio na Espanha, mas falece ao visitar
parentes na Alemanha, então perante a LICC, a sucessão, em regra, deverá
seguir a Lei alemã.
D) Romulo, argentino, e Leticia, paraguaia, ambos com domicilio no Brasil,
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resolvem aqui casar-se. Então quanto aos impedimentos dirimentes serão


aplicadas as Leis dos países de ambos, e quantos às formalidades da
celebração a Lei brasileira.
E) todas as alternativas estão erradas.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois o art. 7, §3º da LINDB expressamente prevê
outra regra: “Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade
do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal”.
A alternativa B está correta, consoante explicita o art. 9º, § 1º: “Destinando-se
a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta

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observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos


extrínsecos do ato”.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 10: “A sucessão por morte ou
por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”.
A alternativa D está incorreta, conforme regra do art. 7º, §1º: “Realizando-se
o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
dirimentes e às formalidades da celebração”.
A alternativa E está incorreta, consequentemente.
Em relação a pessoas jurídicas de direito privado, o art. 11 da LINDB
assegura que as organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as
sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se
constituírem. Para que possam ter filiais, agências ou estabelecimentos
no território nacional, mister que tenham aprovados pela lei brasileira
seus atos constitutivos.
As pessoas jurídicas de direito público (incluindo Estados estrangeiros e
quaisquer organizações), ao contrário, não podem adquirir no Brasil
bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação.
Podem, porém, adquirir a propriedade dos prédios
necessários à sede dos representantes diplomáticos
ou dos agentes consulares, apenas.
Quanto às normas processuais, a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro
rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se. No
entanto, deixa claro o art. 13 da LINDB, não se admite nos tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Processualmente ainda, o art. 12 da LINDB consigna que há competência da
autoridade judiciária brasileira quando for o réu domiciliado no Brasil ou
aqui tiver de ser cumprida a obrigação. Pode a autoridade judiciária brasileira
cumprir, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei
brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
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Novamente, a forma de concessão do exequatur a cartas rogatórias se dá


pelos arts. 216-O a 216-X do RISTJ, na forma da Emenda Regimental 17/2014.
De qualquer forma, a execução de sentença deve reunir os seguintes
requisitos, previstos no art. 15 da LINDB:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução
no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

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Atente para o último requisito, pois, por força da EC 45/2005, a competência para
a execução da decisão estrangeira passou, segundo o art. 105, inc. I, alínea “i”
da CF/1988, para o STJ. A execução, por homologação
ou exequatur de carta rogatória, será feita, como dito
antes, de acordo com as regras do RISTJ.
Quando se for aplicar lei estrangeira, deve-se ter em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei (art. 16 da LINDB).
De qualquer forma, estabelece o art. 17, as leis, atos e sentenças de outro país,
bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

Legislação pertinente

Veja as regras da LC 95 sobre a técnica legislativa, que minudenciam a forma


como devem ser redigidos os textos legais e como eles devem se articular entre
si:
Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes princípios:
I - A unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura "Art.", seguida
de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste;
II - os artigos desdobrar-se-ão em parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos, os
incisos em alíneas e as alíneas em itens;
III - os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico "§", seguido de numeração ordinal
até o nono e cardinal a partir deste, utilizando-se, quando existente apenas um, a expressão
"parágrafo único" por extenso;
IV - os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas por letras minúsculas
e os itens por algarismos arábicos;
V - o agrupamento de artigos poderá constituir Subseções; o de Subseções, a Seção; o de
Seções, o Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos, o Livro e o de Livros, a Parte;
VI - os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em letras maiúsculas e identificados
por algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-se em Parte Geral e Parte
Especial ou ser subdivididas em partes expressas em numeral ordinal, por extenso;
VII - as Subseções e Seções serão identificadas em algarismos romanos, grafadas em letras
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minúsculas e postas em negrito ou caracteres que as coloquem em realce;


VIII - a composição prevista no inciso V poderá também compreender agrupamentos em
Disposições Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias, conforme necessário.
Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica,
observadas, para esse propósito, as seguintes normas:
I - para a obtenção de clareza:
a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a norma versar
sobre assunto técnico, hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em
que se esteja legislando;
b) usar frases curtas e concisas;
c) construir as orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivações
dispensáveis;

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d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando
preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente;
e) usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter
estilístico;
II - para a obtenção de precisão:
a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do
objetivo da lei e a permitir que seu texto evidencie com clareza o conteúdo e o alcance que
o legislador pretende dar à norma;
b) expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o
emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;
c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto;
d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte do território
nacional, evitando o uso de expressões locais ou regionais;
e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira
referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado; f) grafar por
extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de lei e nos
casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto;
g) indicar, expressamente o dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões
‘anterior’, ‘seguinte’ ou equivalentes;
III - para a obtenção de ordem lógica:
a) reunir sob as categorias de agregação - subseção, seção, capítulo, título e livro - apenas
as disposições relacionadas com o objeto da lei;
b) restringir o conteúdo de cada artigo da lei a um único assunto ou princípio;
c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no
caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida;
d) promover as discriminações e enumerações por meio dos incisos, alíneas e itens.

A referida LC 95 ainda trata da forma de consolidação das leis federais, seja


feita por Decreto, seja feita por Projeto de Lei, em situações específicas:
Art. 13. As leis federais serão reunidas em codificações e consolidações, integradas por
volumes contendo matérias conexas ou afins, constituindo em seu todo a Consolidação da
Legislação Federal.
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§ 1º A consolidação consistirá na integração de todas as leis pertinentes a determinada


matéria num único diploma legal, revogando-se formalmente as leis incorporadas à
consolidação, sem modificação do alcance nem interrupção da força normativa dos
dispositivos consolidados.
§ 2º Preservando-se o conteúdo normativo original dos dispositivos consolidados, poderão
ser feitas as seguintes alterações nos projetos de lei de consolidação:
I – introdução de novas divisões do texto legal base;
II – diferente colocação e numeração dos artigos consolidados;
III – fusão de disposições repetitivas ou de valor normativo idêntico;
IV – atualização da denominação de órgãos e entidades da administração pública;
V – atualização de termos antiquados e modos de escrita ultrapassados;
VI – atualização do valor de penas pecuniárias, com base em indexação padrão;

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VII – eliminação de ambiguidades decorrentes do mau uso do vernáculo;


VIII – homogeneização terminológica do texto;
IX – supressão de dispositivos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal,
observada, no que couber, a suspensão pelo Senado Federal de execução de dispositivos,
na forma do art. 52, X, da Constituição Federal;
X – indicação de dispositivos não recepcionados pela Constituição Federal;
XI – declaração expressa de revogação de dispositivos implicitamente revogados por leis
posteriores.
§ 3º As providências a que se referem os incisos IX, X e XI do § 2o deverão ser expressa e
fundadamente justificadas, com indicação precisa das fontes de informação que lhes
serviram de base.
Art. 14. Para a consolidação de que trata o art. 13 serão observados os seguintes
procedimentos:
– O Poder Executivo ou o Poder Legislativo procederá ao levantamento da legislação federal
em vigor e formulará projeto de lei de consolidação de normas que tratem da mesma
matéria ou de assuntos a ela vinculados, com a indicação precisa dos diplomas legais
expressa ou implicitamente revogados;
II – a apreciação dos projetos de lei de consolidação pelo Poder Legislativo será feita na
forma do Regimento Interno de cada uma de suas Casas, em procedimento simplificado,
visando a dar celeridade aos trabalhos;
§ 1º Não serão objeto de consolidação as medidas provisórias ainda não convertidas em lei.
§ 2º A Mesa Diretora do Congresso Nacional, de qualquer de suas Casas e qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional
poderá formular projeto de lei de consolidação.
§ 3º Observado o disposto no inciso II do caput, será também admitido projeto de lei de
consolidação destinado exclusivamente à:
I – declaração de revogação de leis e dispositivos implicitamente revogados ou cuja eficácia
ou validade encontre-se completamente prejudicada;
II – inclusão de dispositivos ou diplomas esparsos em leis preexistentes, revogando-se as
disposições assim consolidadas nos mesmos termos do § 1o do art. 13.

Jurisprudência e Súmulas
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Veja a ADI 652, no qual se trata da repristinação pela declaração de


inconstitucionalidade de norma:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO -
NATUREZA DO ATO INCONSTITUCIONAL - DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE -
EFICACIA RETROATIVA - O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO "LEGISLADOR NEGATIVO"
- REVOGAÇÃO SUPERVENIENTE DO ATO NORMATIVO IMPUGNADO - PRERROGATIVA
INSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO - AUSÊNCIA DE EFEITOS RESIDUAIS CONCRETOS -
PREJUDICIALIDADE. - O REPUDIO AO ATO INCONSTITUCIONAL DECORRE, EM ESSENCIA,
DO PRINCÍPIO QUE, FUNDADO NA NECESSIDADE DE PRESERVAR A UNIDADE DA ORDEM
JURÍDICA NACIONAL, CONSAGRA A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO. ESSE POSTULADO
FUNDAMENTAL DE NOSSO ORDENAMENTO NORMATIVO IMPÕE QUE PRECEITOS
REVESTIDOS DE "MENOR" GRAU DE POSITIVIDADE JURÍDICA GUARDEM,
"NECESSARIAMENTE", RELAÇÃO DE CONFORMIDADE VERTICAL COM AS REGRAS

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Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Paulo H M Sousa

INSCRITAS NA CARTA POLITICA, SOB PENA DE INEFICACIA E DE CONSEQUENTE


INAPLICABILIDADE. ATOS INCONSTITUCIONAIS SÃO, POR ISSO MESMO, NULOS E
DESTITUIDOS, EM CONSEQUENCIA, DE QUALQUER CARGA DE EFICACIA JURÍDICA. - A
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE UMA LEI ALCANCA, INCLUSIVE, OS ATOS
PRETERITOS COM BASE NELA PRATICADOS, EIS QUE O RECONHECIMENTO DESSE
SUPREMO VÍCIO JURÍDICO, QUE INQUINA DE TOTAL NULIDADE OS ATOS EMANADOS DO
PODER PÚBLICO, DESAMPARA AS SITUAÇÕES CONSTITUIDAS SOB SUA EGIDE E INIBE -
ANTE A SUA INAPTIDAO PARA PRODUZIR EFEITOS JURIDICOS VALIDOS - A
POSSIBILIDADE DE INVOCAÇÃO DE QUALQUER DIREITO. - A DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE EM TESE ENCERRA UM JUÍZO DE EXCLUSAO, QUE, FUNDADO
NUMA COMPETÊNCIA DE REJEIÇÃO DEFERIDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
CONSISTE EM REMOVER DO ORDENAMENTO POSITIVO A MANIFESTAÇÃO ESTATAL
INVALIDA E DESCONFORME AO MODELO PLASMADO NA CARTA POLITICA, COM TODAS AS
CONSEQUENCIAS DAI DECORRENTES, INCLUSIVE A PLENA RESTAURAÇÃO DE EFICACIA
DAS LEIS E DAS NORMAS AFETADAS PELO ATO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. ESSE
PODER EXCEPCIONAL - QUE EXTRAI A SUA AUTORIDADE DA PROPRIA CARTA POLITICA -
CONVERTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM VERDADEIRO LEGISLADOR NEGATIVO. - A
MERA INSTAURAÇÃO DO PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA NÃO
IMPEDE O EXERCÍCIO, PELO ÓRGÃO ESTATAL COMPETENTE, DA PRERROGATIVA DE
PRATICAR OS ATOS QUE SE INSEREM NA ESFERA DE SUAS ATRIBUIÇÕES
INSTITUCIONAIS: O DE CRIAR LEIS E O DE REVOGA-LAS. O AJUIZAMENTO DA AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NÃO TEM, POIS, O CONDAO DE SUSPENDER A
TRAMITAÇÃO DE PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS OU DE REFORMA CONSTITUCIONAL QUE
OBJETIVEM A REVOGAÇÃO DE LEIS OU ATOS NORMATIVOS CUJA VALIDADE JURÍDICA
ESTEJA SOB EXAME DA CORTE, EM SEDE DE CONTROLE CONCENTRADO. - A SUSPENSÃO
CAUTELAR DA EFICACIA DO ATO NORMATIVO IMPUGNADO EM AÇÃO DIRETA - NÃO
OBSTANTE RESTAURE, PROVISORIAMENTE, A APLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO ANTERIOR
POR ELE REVOGADA - NÃO INIBE O PODER PUPLICO DE EDITAR NOVO ATO ESTATAL,
OBSERVADOS OS PARAMETROS INSTITUIDOS PELO SISTEMA DE DIREITO POSITIVO. - A
REVOGAÇÃO SUPERVENIENTE DO ATO NORMATIVO IMPUGNADO, EM SEDE DE CONTROLE
CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE, IMPEDE, DESDE QUE INEXISTENTES
QUAISQUER EFEITOS RESIDUAIS CONCRETOS, O PROSSEGUIMENTO DA PROPRIA AÇÃO
DIRETA (ADI 652, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em
02/04/1992, DJ 02-04-1993 PP-05615 EMENT VOL-01698-03 PP-00610 RTJ VOL-00146-02
PP-00461).

Questões
Questões sem comentários
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As questões abaixo foram tratadas ao longo da aula. Na sequência, estão


elas sem comentários, secas, para você acompanhar. Adiante, estarão os
gabaritos dessas questões e, ao final, os comentários:

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


62. Analisado a Lei de introdução ao Código Civil julgue as alternativas
abaixo. Assinalando a alternativa falsa:

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Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Paulo H M Sousa

A) não é entendido como fraude à lei os atos praticados com fulcro na lei
revogada no período da vacatio legis.
B) No período da vacatio legis pode a Lei nova ser aplicada pelos
contratantes, desde que não contrarie os princípios de ordem pública
vigente, nem fira os interesses e direitos de terceiros;
C) As emendas e correções da Lei que já tenha entrado em vigor são
consideradas Lei nova;
D) Se durante a vacatio legis vier a norma a ser corrigida em seu texto,
cujas correções são publicadas, o prazo para sua entrada em vigor é
renovado.
E) A contagem do prazo da vacatio legis, inclui o dia da publicação e o último
dia, prorrogando-se esse último dia domingo ou feriado.

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


63. Ainda analisando a Lei de introdução ao Código Civil, assinale a
alternativa correta:
A) Fritz, alemão, e Maria, italiana casam-se no estrangeiro e assentam,
imediatamente após as núpcias, domicilio no Brasil. Maria, após alguns dias,
descobre o passado criminoso de Fritz, mas, não pode evocar a anulação do
casamento, com base no Código Civil brasileiro, porque o casamento não
seguiu lei brasileira;
B) John, inglês, celebra em território brasileiro acordo com João, brasileiro,
com base na Lei brasileira. Internacionalmente, a norma locus regit actum
assegura a sua validade quanto aos requisitos extrínsecos.
C) João, brasileiro, passa a ter domicilio na Espanha, mas falece ao visitar
parentes na Alemanha, então perante a LICC, a sucessão, em regra, deverá
seguir a Lei alemã.
D) Romulo, argentino, e Leticia, paraguaia, ambos com domicilio no Brasil,
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resolvem aqui casar-se. Então quanto aos impedimentos dirimentes serão


aplicadas as Leis dos países de ambos, e quantos às formalidades da
celebração a Lei brasileira.
E) todas as alternativas estão erradas.

FCC – PGE/SP – 2009 – Procurador do Estado


33. No que diz respeito à vigência da norma jurídica,
(A) a revogação de uma lei opera efeito repristinatório automático em caso
de lacuna normativa.
(B) a lei não pode ter vigência temporária.

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(C) a lei começa a vigorar em todo país, salvo disposição contrária, 40


(quarenta) dias depois de oficialmente publicada, denominando-se período
de vacatio legis.
(D) a ab-rogação é a supressão parcial da norma anterior, enquanto a
derrogação vem a ser a supressão total da norma anterior.
(E) os efeitos da lei revogada poderão ser restaurados se houver previsão
expressa na lei revogadora.

VUNESP – PGM/SP – 2014 – Procurador Municipal


61. Assinale a alternativa correta, conforme disposições da Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro.
(A) A repristinação é regra no direito brasileiro, admitindo-se disposição legal
que afaste sua incidência.
(B) Há regra expressa acerca da vacatio legis para a vigência de lei no Brasil
e em Estados estrangeiros, sem possibilidade de alteração.
(C) Admite-se, no direito brasileiro, a revogação tácita de lei.
(D) Não são admitidas leis com vigência temporária, em respeito à
segurança jurídica.
(E) Não se consideram novas leis as meras correções ao seu texto, ainda
que já em vigor.

FCC – PGE/MT – 2011 – Procurador do Estado


33. É correto afirmar que,
(A) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País, 45
(quarenta e cinco) dias depois de oficialmente promulgada.
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(B) nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando


admitida, se inicia 90 (noventa) dias depois de oficialmente promulgada.
(C) se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo de início de sua vigência começará a correr da
data da primeira publicação.
(D) não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou a revogue.
(E) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, sempre revoga a anterior.

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FCC – DPE/MA – 2009 – Defensor Público


50. Segundo a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (Decreto-Lei no
4.657/42):
A) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.
B) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta
e cinco dias depois de oficialmente promulgada.
C) nos Estados, a obrigatoriedade da lei federal inicia-se três meses depois
de oficialmente publicada, salvo disposição contrária.
D) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
E) salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.

CESPE – DPE/TO – 2013 – Defensor Público


28. Acerca do Direito Civil, assinale a opção correta.
A- O princípio da eticidade, paradigma do atual direito civil constitucional,
funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores,
tendo por base a equidade, boa-fé, justa causa e demais critérios éticos, o
que possibilita, por exemplo, a relativização do princípio do pacta sunt
servanda, quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um
contratante em detrimento do outro.
B- Cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados são
expressões que designam o mesmo instituto jurídico.
C- A operacionalidade do direito civil está relacionada à solução de
problemas abstratamente previstos, independentemente de sua expressão
concreta e simplificada.
D- Na elaboração do Código Civil de 2002, o legislador adotou os paradigmas
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da socialidade, eticidade e operacionalidade, repudiando a adoção de


cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados.
E- No Código Civil de 2002, o princípio da socialidade reflete a prevalência
dos valores coletivos sobre os individuais, razão pela qual o direito de
propriedade individual, de matriz liberal, deve ceder lugar ao direito de
propriedade coletiva, tal como preconizado no socialismo real.

FCC – DPE/RS – 2014 – Defensor Público


33. O sistema de codificação do Código Civil de 2002

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(A) resguardou a igualdade por meio da visão abstrata do sujeito de direitos,


considerado em razão das normas jurídicas, e não em face de suas
circunstâncias concretas.
(B) adotou a concepção de sistema fechado, uma vez que permitido o diálogo
apenas com a Constituição Federal e com as normas especiais de direito
privado.
(C) utilizou a técnica legislativa das normas abertas, razão pela qual o
processo de aplicação do Direito depende exclusivamente do raciocínio
dedutivo e silogístico.
(D) estabeleceu a visão antropocêntrica ao Direito Privado, da qual é
exemplo a previsão normativa dos direitos da personalidade.
(E) promoveu a unificação do Direito Privado, com exceção do direito das
obrigações, onde manteve a autonomia do Direito Civil e do Direito
Empresarial.

As questões abaixo, agora sem comentários, não estão contidas na aula.


Elas orbitam em torno das questões acima e, por isso, apresentam
comentários não tão detalhados quanto as questões anteriores. É pra
você treinar! Adiante, seguem os gabaritos e, ao fim, os comentários.

CESPE – TRF/4ª Região – 2016 – Juiz Federal Substituto


1. Assinale a alternativa INCORRETA.
Levando em conta a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
(Decreto-Lei nº 4.657/1942, com a redação da Lei nº 12.376/2010):
a. A lei do país em que nasceu a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, do nome, da capacidade e dos direitos de família.
b. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto
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aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.


c. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.
d. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
e. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio
conjugal.

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CESPE – TRF/2ª Região – 2009 – Juiz Federal Substituto


2. A respeito da aplicabilidade da Lei de Introdução ao Código Civil, o
sistema da obrigatoriedade simultânea regula a obrigatoriedade da lei no
país, a qual entra em vigor, em todo o território nacional, quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada, se não haver disposição em
contrário.

CESPE – TJ/AM – 2016 – Juiz Estadual Substituto


3. A respeito da eficácia da lei no tempo e no espaço, assinale a opção
correta conforme a LINDB.
a. Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que
ela seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.
b. Tendo o ordenamento brasileiro optado pela adoção, quanto à eficácia
espacial da lei, do sistema da territorialidade moderada, é possível a
aplicação da lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente,
fora, e vedada a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.
c. Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida,
fora do território nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto,
quando esta for mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros, ainda que
todos os bens estejam localizados no Brasil.
d. Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei
coincidirá com a data da sua publicação.
e. Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão
somente para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo
da vacatio legis não sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da
primeira publicação.

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CESPE – TJ/DFT – 2016 – Juiz Distrital Substituto


4. A respeito da hermenêutica e da aplicação do direito, assinale a opção
correta.
a. Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma
lei, à solução do conflito é essencial a diferenciação entre antinomia real e
antinomia aparente, porque reclamam do interprete solução distinta.
b. Os tradicionais critérios hierárquico, cronológico e da especialização são
adequados à solução de confronto caracterizado como antinomia real, ainda
que ocorra entre princípios jurídicos.

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Teoria e Questões
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c. A técnica da subsunção é suficiente e adequada à hipótese que envolve a


denominada eficácia horizontal de direitos fundamentais nas relações
privadas.
d. Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma
lei, o conflito deve ser resolvido pelos critérios da hierarquia e(ou) da
sucessividade no tempo.
e. A aplicação do princípio da especialidade, em conflito aparente de normas,
afeta a validade ou a vigência da lei geral.

CESPE – TJ/PB – 2015 – Juiz Estadual Substituto


5. Acerca da eficácia da lei no tempo e no espaço, assinale a opção correta.
a. O direito brasileiro veda o denominado efeito repristinatório das normas,
mesmo que previsto expressamente, de modo que uma lei nova não pode
prever a recuperação da vigência de lei já revogada.
b. Caso uma lei cujo prazo de vigência não se tenha iniciado seja novamente
publicada para correção de erro material constante da publicação anterior,
o prazo da vacatio legis será contado a partir da primeira publicação, salvo
se outra data nela vier expressa.
c. A contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam
período de vacância deve ser feita nos termos da regra geral do direito civil,
de modo a se excluir a data da publicação da lei e se incluir o último dia do
prazo.
d. No que se refere à eficácia espacial da lei, o ordenamento pátrio adotou
o sistema da territorialidade moderada, de forma a permitir a aplicação de
lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, sem,
contudo, admitir a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.
e. Em razão da denominada ultratividade da norma, mesmo revogado, o
Código Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua
vigência, ainda que o inventário tenha sido proposto após o advento do
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Código Civil de 2002.

CESPE – TRF 5ª Região – 2015 – Juiz Federal Substituto


6. Se, ao interpretar a lei, o magistrado concluir que a impenhorabilidade do
bem de família deve resguardar o sentido amplo da entidade familiar,
abrangendo, além dos imóveis do casal, também os imóveis pertencentes
a pessoas solteiras, separadas e viúvas, ainda que estas não estejam
citadas expressamente no texto legal, essa interpretação, no que se
refere aos meios de interpretação, será classificada como:
a. sistemática.

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b. histórica.
c. jurisprudencial.
d. teleológica.
e. lógica.

CESPE – TJ/RN – 2013 – Juiz Estadual Substituto


7. Consoante a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, assinale
a opção correta.
a) A lei posterior somente revoga a anterior quando expressamente o
declare, podendo a revogação ser total (ab- rogação) ou parcial
(derrogação).
b) As regras de aplicação da lei no espaço estabelecem que deve ser aplicada
a lei brasileira quando a obrigação resultante de contrato tenha de ser
cumprida no Brasil, ainda que o domicílio do proponente seja em outro país.
c) Na sucessão por morte ou por ausência de estrangeiro, a lei do domicílio
do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder,
independentemente do lugar do domicílio do falecido ou ausente.
d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
e) A referida lei prevê, como métodos de integração das normas, em ordem
preferencial e taxativa, a analogia, os costumes, os princípios gerais de
direito e a equidade.

CESPE – PGE/AM – 2004 – Procurador do Estado


Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
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seguida de uma assertiva a ser julgada.


8. Vilma celebrou contrato de financiamento com uma instituição financeira
antes da entrada em vigor do atual Código Civil. Por força desse contrato,
ficou obrigada a pagar, mensalmente, prestações pecuniárias à instituição
pelo prazo de 10 anos. Nessa situação, o referido contrato deve
subordinar-se integralmente aos preceitos do código revogado, pois não
pode a lei nova atingir a validade dos negócios jurídicos já constituídos,
nem interferir nos efeitos do contrato de execução de trato sucessivo,
salvo se houver sido assim previsto pelas partes.

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Teoria e Questões
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FCC – PGE/MT – 2016 – Procurador do Estado


9. De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a lei
nova possui efeito
a. imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar a
coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, incluindo o negócio
jurídico sujeito a termo ou sob condição suspensiva.
b. retroativo, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar
a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, ao qual não se
equiparam, para fins de direito intertemporal, o negócio jurídico sujeito a
termo ou sob condição suspensiva.
c. retroativo, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar
a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, ao qual se
equipara, para fins de direito intertemporal, o negócio jurídico sujeito a
termo, porém não o negócio jurídico sob condição suspensiva.
d. imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, ainda que se caracterizem
como coisa julgada, ato jurídico perfeito ou direito adquirido.
e. imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar a
coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, ao qual se
equiparam as faculdades jurídicas e as expectativas de direito.

CESPE – PGE/PI – 2014 – Procurador do Estado


10. De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(LINDB), assinale a opção correta.
A) Há direito adquirido quando já tiverem sido praticados todos os atos ou
realizados todos os fatos exigidos pela lei para a obtenção do direito
pretendido. Nesse contexto, é correto afirmar que nem todo direito adquirido
surge de uma relação jurídica, a exemplo do direito de apropriar-se de coisa
sem dono.
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B) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa
deixar de ser aplicada.
C) Na situação em que uma lei anterior e especial esteja em confronto com
outra lei geral posterior, tem-se uma antinomia de primeiro grau,
perfeitamente solucionável com as regras previstas na LINDB.
D) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.
E) A lacuna ontológica ocorre quando existe texto legal que soluciona uma
situação concreta, mas que contraria os princípios e os axiomas norteadores
da própria ideia de justiça.

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CESPE – AGU – 2008 – Procurador Federal


11. Suponha que, no dia 20 de janeiro, tenha sido publicada lei
estabelecendo, no art. 2.º, que os proprietários de veículos populares
pagariam, na ocasião do abastecimento, 20% a menos do preço fixado
na bomba de combustível. Suponha, ainda, que, no art. 5.º, a referida lei
tenha definido veículo popular como aquele com motorização até 1.6. Se
não constar do texto da referida lei a data de vigência, ela passará a
vigorar a partir da data oficial de sua promulgação.

CESPE – PGE/AL – 2008 – Procurador do Estado


12. Considerando que ninguém pode se escusar de cumprir a lei, esta
começa a vigorar a partir da sua publicação, salvo disposição em
contrário, tanto no Brasil como nos Estados estrangeiros.

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


13. Analisando o novo Código Civil
I – O novo Código Civil está impregnado do culturalismo de Miguel Reale.
Dessa Forma podemos extrair três grandes princípios norteadores da novel
codificação, a saber: princípio da sociabilidade, princípio da eticidade, e
princípio da operabilidade;
II – O princípio da eticidade consiste em oportunizar a utilização constante
de princípios cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados;
III – O princípio da sociabilidade está presente apenas de forma expressa.
IV – O princípio da sociabilidade apresenta-se de forma genérica e de forma
específica.
a) Somente os itens I, II e III estão corretos.
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b) Somente os itens I, II e IV estão corretos.


c) Só está correto o item I.
d) Todos os itens estão corretos.
e) Todos os itens são falsos.

FCC – PGE/MA – 2003 – Procurador do Estado


14. "O alcance, portanto, da regra do efeito imediato entre nós, é o de
que a nova lei, em princípio, atinge as partes posteriores dos facta
pendentia com a condição de não ferir o ato jurídico perfeito, o direito

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adquirido e a coisa julgada." (FRANÇA, R. Limongi. A Irretroatividade das


Leis e o Direito Adquirido. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 210) A
afirmação acima, de um dos autores que estudaram o direito
intertemporal, se refere
(A) à vedação expressa na Constituição de lei com efeito retroativo.
(B) apenas à regra constitucional que preserva da lei nova o direito
adquirido.
(C) à regra contida na legislação ordinária, segundo a qual a lei em vigor
terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
(D) à proibição contida na lei ordinária de que as leis e regulamentos tenham
efeito retroativo.
(E) à regra segundo a qual a lei entra em vigor imediatamente a partir de
sua publicação, se nada dispuser em sentido contrário, mas serão
respeitados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

FCC – DPE/MA – 2003 – Defensor Público


15. A Lei nova que estabelecer disposição geral a par da lei especial em
vigor:
A) não revoga nem modifica a lei especial.
B) apenas modifica a lei especial.
C) revoga a lei especial.
D) derroga, mas não ab-roga a lei especial.
E) só entrará em vigor depois de expressamente revogada a lei especial.

CESPE – TCE/ES – 2009 – Procurador Especial de Contas


00000000000

A respeito da Lei X, publicada no dia 1º de junho de 2009, julgue o item


seguinte.
16. Eventual correção de texto da Lei X será considerada lei nova, se
aquela já estiver em vigor.

Instituto Cidades – DPE/GO – 2010 – Defensor Público


17. A Lei de Introdução do Código Civil, Decreto-lei n. 4657, de setembro
de 1942, dispõe, em seu artigo 3º. Que “Ninguém se escusa de cumprir

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a lei alegando que não a conhece.” O principio da irrelevância do


desconhecimento da lei admite:
a) a exceptio ignorantiae juris, impedindo os efeitos da lei em casos em que
ficar demonstrada a sua ignorância no negócio jurídico.
b) o erro de direito para o não cumprimento do negócio, eximindo-se o
interessado do cumprimento da lei.
c) o erro de direito sobre o motivo do negócio, dando causa a sua anulação
quando for seu motivo principal, não afastando o cumprimento da lei.
d) a exceptio ignorantiae juris, não afastando os efeitos da lei e do negócio
em casos em que ficar demonstrado o erro de direito.
e) o erro de lei mas não o erro de direito, razão pela qual o negócio é válido
mas a lei não é de cumprimento obrigatório.

FEPESE – DPE/SC – 2012 – Defensor Público


18. Sobre a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é correto
afirmar:
a) A lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
b) As correções a texto de lei já em vigor não se consideram lei nova.
c) A lei posterior revoga a anterior apenas quando expressamente o declare.
d) A lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada e se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo continua correndo da
primeira publicação.
e) Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém
por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
00000000000

NC/UFPR – DPE/PR – 2014 – Defensor Público


19. Acerca da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
considere as seguintes afirmativas:
1) Os princípios gerais de direito, estejam ou não positivados no sistema
normativo, constituem-se em regras estáticas carecedoras de concreção e
que têm como função principal auxiliar o juiz no preenchimento de lacunas.
2) De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, o efeito repristinatório
da lei revogadora de outra lei revogadora é automático e imediato sobre a
velha norma abolida, prescindindo de declaração expressa de lei nova que a
restabeleça.

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3) A revogação de uma norma por outra posterior tem por espécies a ab-
rogação e a derrogação, e pode ser expressa ou tácita, sendo que, neste
último caso, é obrigatório conter, na lei nova, a expressão “revogam-se as
disposições em contrário”.

4) A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados os atos jurídicos


consumados, mesmo que inválidos.
5) A cessação da eficácia de uma lei não corresponde à data em que ocorre
a promulgação ou publicação da lei que a revoga, mas sim à data em que a
lei revocatória se tornar obrigatória.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1 e 5 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 3, 4 e 5 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

FCC – DPE/MT – 2009 – Defensor Público


20. Segundo a Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro,
A) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país três
meses depois de oficialmente publicada.
B) nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei federal inicia-se três
meses depois de oficialmente promulgada, salvo disposição contrária.
C) a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.
D) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
00000000000

os costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.


E) salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.

FCC – DPE/PA – 2009 – Defensor Público


21. Em nossa legislação pátria:
A) a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior. Entretanto, caso estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

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B) a lei começa a vigorar em todo o país, salvo disposição contrária, na data


de sua publicação.
C) a lei, sem exceção, terá vigor até que outra a modifique, revogue ou que
ela caia em desuso.
D) na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
às exigências do bem comum, sendo certo que, ao interpretá-la, o juiz
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.
E) se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto
destinada a correção, ainda que mantida a vacatio legis, o início de sua
vigência ocorrerá no dia da nova publicação.

UNAMA – DPE/PA – 2006 – Defensor Público


22. A LICC (Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro) trata sobre
vigência e interpretação das leis e, para a aplicação destas no tempo,
dever-se-á respeitar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito
adquirido. Considerando vigência e revogação das leis, é correto afirmar:
I. Em caso de contrato realizado sob a égide de lei anteriormente em vigor,
com execução para tempo posterior sob a égide de lei nova, não se aplicará
a este as determinações da nova lei, posto que esse contrato não é ato
jurídico perfeito e deverá ter seus efeitos atingidos pela nova lei.
II. Determinado cidadão adquiriu carteira de habilitação em 17.02.1963,
data em que completara 18 anos e encontrava-se capacitado à aquisição do
direito. Sua carteira de motorista tinha vencimento previsto para 17.02.05,
data em que completaria 60 anos. Ocorre que, nesta data, a lei em vigor
coibia a emissão de habilitação para pessoas a partir de 60 anos. Não goza
esse cidadão do direito à renovação, posto que o direito adquirido pelo
mesmo perdeu o vigor em 17.02.05, não tendo direito a exigibilidade da
extensão do gozo.
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III. A lei em vigor em 2002, que regulamentava os contratos de leasing,


tendo por objeto os veículos automotivos, exigia que o sujeito que se
habilitasse a contratar tivesse maioridade civil. A capacidade civil, à época,
era adquirida aos dezoito anos. No ano de 2003, Carlos realiza um contrato
de leasing aos 19 anos, tendo suas parcelas divididas em 24 meses. No ano
de 2004, entra em vigor novo diploma legal que determina a aquisição da
maioridade civil aos 21 anos. Mesmo estando em vigor o contrato de Carlos,
este não será objeto de nulidade, pois à época de sua realização o agente
era plenamente capaz à realização do ato jurídico referido, considerando-se
este perfeito para toda a produção de efeitos.
IV. Em 1998, entrou em vigor lei municipal que beneficiava os portadores
de deficiência visual com a isenção do pagamento de IPTU. Por fatalidade,
no mesmo ano, Maria Eduarda sofreu um acidente automotivo do qual

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derivou sua perda de visão. Mas, desconhecendo a lei referida, não solicitou
o benefício da isenção e, somente em janeiro de 2006, recebido o carnê do
IPTU/06, resolveu exercer seu direito subjetivo. Ocorre que, na data de sua
solicitação, a lei referida não estava mais em vigor, e esta teve seu pleito
indeferido sob a justificativa de inexistência de direito adquirido e revogação
da lei que o implementara.
Somente é correto o que se afirma em:
a) I,II e III
b) II,III e IV
c) I,III e IV
d) I,II,III e IV.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


Considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
a respeito da vigência da norma jurídica, da interpretação das leis e da
eficácia da lei no espaço, julgue o item a seguir.
23. Na aplicação da lei, cabe ao juiz, a fim de criar uma norma individual,
interpretá-la buscando atender aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


No que diz respeito às normas jurídicas, à prescrição, aos negócios jurídicos
e à personalidade jurídica, julgue o item a seguir.
24. É possível que lei de vigência permanente deixe de ser aplicada em
razão do desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite
aplicação dos costumes de forma contrária àquela prevista na lei
00000000000

revogada pelo desuso.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


A respeito da aplicação da lei civil, da pessoa natural e dos bens, julgue o
item a seguir.
25. O fenômeno da ultratividade da norma jurídica é exceção à regra de
que a lei necessita estar vigente para ser aplicada.

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CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


Com relação à vigência das leis, às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e
aos bens, julgue o item subsequente.
26. Caso determinada lei tivesse sido publicada no dia doze de fevereiro
— sexta-feira —, o prazo de vacatio legis começaria a fluir no dia quinze
de fevereiro.

CESPE – TCE/PR – 2016 – Auditor do Tribunal de Contas


27. Em relação à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
assinale a opção correta.
a. Em regra, aceita-se o fenômeno da repristinação no ordenamento jurídico
brasileiro.
b. Celebrado contrato no período de vigência de determinada lei, qualquer
dos contratantes poderá invocar a aplicação de lei posterior que lhes for mais
benéfica.
c. Não se admite no ordenamento jurídico pátrio a chamada integração
normativa, ainda que para preencher eventuais lacunas do ordenamento.
d. Publicada lei para corrigir texto de lei publicado com incorreção, não
haverá novo prazo de vacatio legis, se a publicação ocorrer antes da data
em que a lei corrigida entraria em vigor.
e. Autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para o
conhecimento de ações que discutam a validade de hipoteca que recai sobre
bens imóveis situados no Brasil, ainda que as partes residam em país
estrangeiro.

CESPE – AGU – 2015 – Advogado da União


00000000000

Julgue o item seguinte, que diz respeito à aplicação da lei, às pessoas e aos
bens.
28. Caso a lei a ser aplicada não encontre no mundo fático suporte
concreto sobre o qual deva incidir, caberá ao julgador integrar o
ordenamento mediante analogia, costumes e princípios gerais do direito.

CESPE – TCU – 2015 – Procurador do Ministério Público


29. Tem caráter absoluto o dispositivo da lei em questão segundo o qual
a sucessão por morte ou por anuência obedece à lei do país em que era
domiciliado o falecido ou o desaparecido.

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CESPE – TCU – 2015 – Auditor Federal de Controle Externo


A respeito das pessoas naturais e jurídicas, dos fatos e negócios jurídicos e
do disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o
seguinte item.
30. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro prevê, em ordem
preferencial e taxativa, como métodos de integração do direito, a
analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.

Gabaritos

Gabaritos das questões com comentários

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


59. B

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


62. E

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


63. B

FCC – PGE/SP – 2009 – Procurador do Estado


00000000000

33. E

VUNESP – PGM/SP – 2014 – Procurador Municipal


61. C

FCC – PGE/MT – 2011 – Procurador do Estado


33. D

FCC – DPE/MA – 2009 – Defensor Público

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50. D

CESPE – DPE/TO – 2013 – Defensor Público


28. A

FCC – DPE/RS – 2014 – Defensor Público


33. D

Gabaritos das questões sem comentários

CESPE – TRF/4ª Região – 2016 – Juiz Federal Substituto


1. A

CESPE – TRF/2ª Região – 2009 – Juiz Federal Substituto


2. C

CESPE – TJ/AM – 2016 – Juiz Estadual Substituto


3. C

CESPE – TJ/DFT – 2016 – Juiz Distrital Substituto


4. A

CESPE – TJ/PB – 2015 – Juiz Estadual Substituto


5. E
00000000000

CESPE – TRF 5ª Região – 2015 – Juiz Federal Substituto


6. D

CESPE – TJ/RN – 2013 – Juiz Estadual Substituto


7. C

CESPE – PGE/AM – 2004 – Procurador do Estado


8. E

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FCC – PGE/MT – 2016 – Procurador do Estado


9. A

CESPE – PGE/PI – 2014 – Procurador do Estado


10. A

CESPE – AGU – 2008 – Procurador Federal


11. E

CESPE – PGE/AL – 2008 – Procurador do Estado


12. E

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


13. B

FCC – PGE/MA – 2003 – Procurador do Estado


14. C

FCC – DPE/MA – 2003 – Defensor Público Estadual


15. A

CESPE – TCE/ES – 2009 – Procurador Especial de Contas


16. C

Instituto Cidades – DPE/GO – 2010 – Defensor Público Estadual


00000000000

17. C

FEPESE – DPE/SC – 2012 – Defensor Público Estadual


18. E

NC/UFPR – DPE/PR – 2014 – Defensor Público Estadual


19. C

FCC – DPE/MT – 2009 – Defensor Público Estadual

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20. C

FCC – DPE/PA – 2009 – Defensor Público Estadual


21. A

UNAMA – DPE/PA – 2006 – Defensor Público Estadual


22. B

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


23. C

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


24. E

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


25. C

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


26. E

CESPE – TCE/PR – 2016 – Auditor do Tribunal de Contas


27. E

CESPE – AGU – 2015 – Advogado da União


00000000000

28. C

CESPE – TCU – 2015 – Procurador do Ministério Público


29. E

CESPE – TCU – 2015 – Auditor Federal de Controle Externo


30. C

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Questões com comentários

Aqui, as questões que foram comentadas ao longo da aula, com


comentários:

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


62. Analisado a Lei de introdução ao Código Civil julgue as alternativas
abaixo. Assinalando a alternativa falsa:
A) não é entendido como fraude à lei os atos praticados com fulcro na lei
revogada no período da vacatio legis.
B) No período da vacatio legis pode a Lei nova ser aplicada pelos
contratantes, desde que não contrarie os princípios de ordem pública
vigente, nem fira os interesses e direitos de terceiros;
C) As emendas e correções da Lei que já tenha entrado em vigor são
consideradas Lei nova;
D) Se durante a vacatio legis vier a norma a ser corrigida em seu texto,
cujas correções são publicadas, o prazo para sua entrada em vigor é
renovado.
E) A contagem do prazo da vacatio legis, inclui o dia da publicação e o último
dia, prorrogando-se esse último dia domingo ou feriado.
Comentários
A alternativa A está correta, eis que a fraude à lei pressupõe um elemento
intencional, fraudatório, que não se caracteriza meramente pela utilização da lei
revogada no período da vacatio legis. De qualquer forma, como a lei ainda não
entrou em vigor, obviamente que todos continuarão a obedecer à lei revogada,
enquanto a lei nova não vigora. Exemplo visível é a aplicação do CPC/1973
00000000000

durante o ano de 2015 praticamente inteiro. Apesar de revogado, todos


continuaram a aplicar a lei revogada, já que a lei nova, o CPC/2015, ainda não
vigorava.
A alternativa B está correta, já que não há limitação a tal aplicação na LINDB.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 1º, §4º da LINDB: “As correções
a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
A alternativa D está correta, na forma do art. 1º, §3º da LINDB: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa E está incorreta, pela conjugação do art. 8º, §1º, da Lei
Complementar 95/1998 (“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis

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que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da


publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consumação integral”) com o art. 3º da Lei 810/1949, que não prevê que o prazo
se protrairá, em momento algum.

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


63. Ainda analisando a Lei de introdução ao Código Civil, assinale a
alternativa correta:
A) Fritz, alemão, e Maria, italiana casam-se no estrangeiro e assentam,
imediatamente após as núpcias, domicilio no Brasil. Maria, após alguns dias,
descobre o passado criminoso de Fritz, mas, não pode evocar a anulação do
casamento, com base no Código Civil brasileiro, porque o casamento não
seguiu lei brasileira;
B) John, inglês, celebra em território brasileiro acordo com João, brasileiro,
com base na Lei brasileira. Internacionalmente, a norma locus regit actum
assegura a sua validade quanto aos requisitos extrínsecos.
C) João, brasileiro, passa a ter domicilio na Espanha, mas falece ao visitar
parentes na Alemanha, então perante a LICC, a sucessão, em regra, deverá
seguir a Lei alemã.
D) Romulo, argentino, e Leticia, paraguaia, ambos com domicilio no Brasil,
resolvem aqui casar-se. Então quanto aos impedimentos dirimentes serão
aplicadas as Leis dos países de ambos, e quantos às formalidades da
celebração a Lei brasileira.
E) todas as alternativas estão erradas.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois o art. 7, §3º da LINDB expressamente prevê
outra regra: “Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade
do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal”.
A alternativa B está correta, consoante explicita o art. 9º, § 1º: “Destinando-se
00000000000

a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta


observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos
extrínsecos do ato”.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 10: “A sucessão por morte ou
por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”.
A alternativa D está incorreta, conforme regra do art. 7º, §1º: “Realizando-se
o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
dirimentes e às formalidades da celebração”.
A alternativa E está incorreta, consequentemente.

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FCC – PGE/SP – 2009 – Procurador do Estado


33. No que diz respeito à vigência da norma jurídica,
(A) a revogação de uma lei opera efeito repristinatório automático em caso
de lacuna normativa.
(B) a lei não pode ter vigência temporária.
(C) a lei começa a vigorar em todo país, salvo disposição contrária, 40
(quarenta) dias depois de oficialmente publicada, denominando-se período
de vacatio legis.
(D) a ab-rogação é a supressão parcial da norma anterior, enquanto a
derrogação vem a ser a supressão total da norma anterior.
(E) os efeitos da lei revogada poderão ser restaurados se houver previsão
expressa na lei revogadora.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 2º, §3º da LINDB: “Salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, tal como prevê o art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa C está incorreta, de acordo com a regra do art. 1º: “Salvo
disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada”.
A alternativa D está incorreta, tendo a alternativa invertendo as regras de
revogação.
A alternativa E está correta, pelas mesmas razões já apresentadas na
alternativa A.

00000000000

VUNESP – PGM/SP – 2014 – Procurador Municipal


61. Assinale a alternativa correta, conforme disposições da Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro.
(A) A repristinação é regra no direito brasileiro, admitindo-se disposição legal
que afaste sua incidência.
(B) Há regra expressa acerca da vacatio legis para a vigência de lei no Brasil
e em Estados estrangeiros, sem possibilidade de alteração.
(C) Admite-se, no direito brasileiro, a revogação tácita de lei.
(D) Não são admitidas leis com vigência temporária, em respeito à
segurança jurídica.

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(E) Não se consideram novas leis as meras correções ao seu texto, ainda
que já em vigor.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 2º, §3º da LINDB: “Salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está correta, consoante o art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga
a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
A alternativa D está incorreta, conforme regra do art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa E está incorreta, por aplicação do art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.

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33. É correto afirmar que,
(A) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País, 45
(quarenta e cinco) dias depois de oficialmente promulgada.
(B) nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia 90 (noventa) dias depois de oficialmente promulgada.
(C) se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo de início de sua vigência começará a correr da
data da primeira publicação. 00000000000

(D) não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou a revogue.
(E) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, sempre revoga a anterior.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1º, §1º: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.

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A alternativa C está incorreta, por aplicação do art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa D está correta, conforme regra do art. 2º: “Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A alternativa E está incorreta, também segundo o art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.

FCC – DPE/MA – 2009 – Defensor Público


50. Segundo a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (Decreto-Lei no
4.657/42):
A) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.
B) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta
e cinco dias depois de oficialmente promulgada.
C) nos Estados, a obrigatoriedade da lei federal inicia-se três meses depois
de oficialmente publicada, salvo disposição contrária.
D) a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
E) salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 4º da LINDB: “Quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”. 00000000000

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição


contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1º, §1º: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.
A alternativa D está correta, na regra do art. 2º, § 2º: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior”.

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DIREITO CIVIL – MAGISTRATURA FEDERAL
Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Paulo H M Sousa

A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 2º, §3º: “Salvo disposição
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.

CESPE – DPE/TO – 2013 – Defensor Público


28. Acerca do Direito Civil, assinale a opção correta.
A- O princípio da eticidade, paradigma do atual direito civil constitucional,
funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores,
tendo por base a equidade, boa-fé, justa causa e demais critérios éticos, o
que possibilita, por exemplo, a relativização do princípio do pacta sunt
servanda, quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um
contratante em detrimento do outro.
B- Cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados são
expressões que designam o mesmo instituto jurídico.
C- A operacionalidade do direito civil está relacionada à solução de
problemas abstratamente previstos, independentemente de sua expressão
concreta e simplificada.
D- Na elaboração do Código Civil de 2002, o legislador adotou os paradigmas
da socialidade, eticidade e operacionalidade, repudiando a adoção de
cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados.
E- No Código Civil de 2002, o princípio da socialidade reflete a prevalência
dos valores coletivos sobre os individuais, razão pela qual o direito de
propriedade individual, de matriz liberal, deve ceder lugar ao direito de
propriedade coletiva, tal como preconizado no socialismo real.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme dito acima, eis que eticidade, vetor da
perspectiva axiológica, pressupõe a aplicação de determinados valores, como a
boa-fé objetiva, para proteger a pessoa humana.
00000000000

A alternativa B está incorreta, eis que os princípios têm conformação


completamente diferente das cláusulas gerais, estas que, inclusive, têm o
conteúdo jurídico preenchido por aqueles.
A alternativa C está incorreta, porque a operabilidade do culturalismo de Miguel
Reale pressupõe exatamente o inverso, a solução concreta simples.
A alternativa D está incorreta, novamente, ao contrário, eis que a adoção desses
princípios gera a adoção das cláusulas gerais, como a boa-fé objetiva.
A alternativa E está incorreta, pois a socialidade dá primazia ao coletivo, mas
sem esboroar o individual.

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FCC – DPE/RS – 2014 – Defensor Público


33. O sistema de codificação do Código Civil de 2002
(A) resguardou a igualdade por meio da visão abstrata do sujeito de direitos,
considerado em razão das normas jurídicas, e não em face de suas
circunstâncias concretas.
(B) adotou a concepção de sistema fechado, uma vez que permitido o diálogo
apenas com a Constituição Federal e com as normas especiais de direito
privado.
(C) utilizou a técnica legislativa das normas abertas, razão pela qual o
processo de aplicação do Direito depende exclusivamente do raciocínio
dedutivo e silogístico.
(D) estabeleceu a visão antropocêntrica ao Direito Privado, da qual é
exemplo a previsão normativa dos direitos da personalidade.
(E) promoveu a unificação do Direito Privado, com exceção do direito das
obrigações, onde manteve a autonomia do Direito Civil e do Direito
Empresarial.
Comentários
A alternativa A está incorreta, ante a repersonalização dos institutos jurídicos
havida.
A alternativa B está incorreta, eis que as cláusulas gerais dão abertura para o
intérprete.
A alternativa C está incorreta, já que a integração da norma não se faz a partir
de um raciocínio silogístico, que sequer é possível, mas de hermenêutica de
índole constitucional.
A alternativa D está correta, em que pese o termo “antropocêntrica” ser
questionável, mas ele aponta para a repersonalização e para a
despatrimonialização do Direito Privado, adequadamente.
A alternativa E está incorreta, dado que a unificação, ao menos em tese, foi
completa. 00000000000

Aqui, as questões que não foram tratadas ao longo da aula, com


comentários:

CESPE – TRF/4ª Região – 2016 – Juiz Federal Substituto


1. Assinale a alternativa INCORRETA.
Levando em conta a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
(Decreto-Lei nº 4.657/1942, com a redação da Lei nº 12.376/2010):

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a. A lei do país em que nasceu a pessoa determina as regras sobre o começo


e o fim da personalidade, do nome, da capacidade e dos direitos de família.
b. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto
aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
c. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.
d. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
e. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio
conjugal.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 7º: “A lei do país em que
domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
A alternativa B está correta, conforme o art. 7º, § 1º: “Realizando-se o
casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
dirimentes e às formalidades da celebração”.
A alternativa C está correta, pela literalidade do art. 7º, § 2º: “O casamento de
estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares
do país de ambos os nubentes”.
A alternativa D está correta, na forma do art. 7º, § 3º: “Tendo os nubentes
domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro
domicílio conjugal”.
A alternativa E está correta, consoante dispõe o art. 7º, § 4º: “O regime de
bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal”.

00000000000

CESPE – TRF/2ª Região – 2009 – Juiz Federal Substituto


2. A respeito da aplicabilidade da Lei de Introdução ao Código Civil, o
sistema da obrigatoriedade simultânea regula a obrigatoriedade da lei
no país, a qual entra em vigor, em todo o território nacional, quarenta
e cinco dias depois de oficialmente publicada, se não haver disposição
em contrário.
Comentários
O item está correto, pela literalidade do art. 1º: “Salvo disposição contrária, a
lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada”.

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CESPE – TJ/AM – 2016 – Juiz Estadual Substituto


3. A respeito da eficácia da lei no tempo e no espaço, assinale a opção
correta conforme a LINDB.
a. Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que
ela seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.
b. Tendo o ordenamento brasileiro optado pela adoção, quanto à eficácia
espacial da lei, do sistema da territorialidade moderada, é possível a
aplicação da lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente,
fora, e vedada a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.
c. Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida,
fora do território nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto,
quando esta for mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros, ainda que
todos os bens estejam localizados no Brasil.
d. Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei
coincidirá com a data da sua publicação.
e. Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão
somente para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo
da vacatio legis não sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da
primeira publicação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois existe ultratividade legal, ainda que seja
exceção, na forma do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta. De fato, o Brasil adota a territorialidade
moderada, mas isso significa que é possível aplicar lei estrangeira no território
nacional, nas situações previstas na LINDB.
A alternativa C está correta, conforme o art. 10, §1º: “A sucessão de bens de
estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes
00000000000

seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”.


A alternativa D está incorreta, pelas razões já expostas na alternativa A,
supracitada.
A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.

CESPE – TJ/DFT – 2016 – Juiz Distrital Substituto

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4. A respeito da hermenêutica e da aplicação do direito, assinale a opção


correta.
a. Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma
lei, à solução do conflito é essencial a diferenciação entre antinomia real e
antinomia aparente, porque reclamam do interprete solução distinta.
b. Os tradicionais critérios hierárquico, cronológico e da especialização são
adequados à solução de confronto caracterizado como antinomia real, ainda
que ocorra entre princípios jurídicos.
c. A técnica da subsunção é suficiente e adequada à hipótese que envolve a
denominada eficácia horizontal de direitos fundamentais nas relações
privadas.
d. Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma
lei, o conflito deve ser resolvido pelos critérios da hierarquia e(ou) da
sucessividade no tempo.
e. A aplicação do princípio da especialidade, em conflito aparente de normas,
afeta a validade ou a vigência da lei geral.
Comentários
A alternativa A está correta, pois se há antinomia real, necessário se utilizar de
algum critério de para solucionar o conflito de normas; por outro lado, sendo o
conflito apenas aparente, há apenas de se interpretar as normas em conjunto
para solucionar a parente controvérsia.
A alternativa B está incorreta, dado que os princípios jurídicos conflitantes não
encontram solução com a mera aplicação desses critérios, havendo, em larga
medida, o que se chama de ponderação principiológica.
A alternativa C está incorreta, porque a simples subsunção da premissa maior
(norma) à premissa menor (caso concreto) não atende à aplicação da norma
constitucional.
A alternativa D está incorreta, já que não se pode aplicar esses critérios em
dispositivos contidos numa mesma lei.
A alternativa E está incorreta, consoante o art. 2º, § 2º: “A lei nova, que
00000000000

estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga


nem modifica a lei anterior”.

CESPE – TJ/PB – 2015 – Juiz Estadual Substituto


5. Acerca da eficácia da lei no tempo e no espaço, assinale a opção correta.
a. O direito brasileiro veda o denominado efeito repristinatório das normas,
mesmo que previsto expressamente, de modo que uma lei nova não pode
prever a recuperação da vigência de lei já revogada.

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b. Caso uma lei cujo prazo de vigência não se tenha iniciado seja novamente
publicada para correção de erro material constante da publicação anterior,
o prazo da vacatio legis será contado a partir da primeira publicação, salvo
se outra data nela vier expressa.
c. A contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam
período de vacância deve ser feita nos termos da regra geral do direito civil,
de modo a se excluir a data da publicação da lei e se incluir o último dia do
prazo.
d. No que se refere à eficácia espacial da lei, o ordenamento pátrio adotou
o sistema da territorialidade moderada, de forma a permitir a aplicação de
lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, sem,
contudo, admitir a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.
e. Em razão da denominada ultratividade da norma, mesmo revogado, o
Código Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua
vigência, ainda que o inventário tenha sido proposto após o advento do
Código Civil de 2002.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois existe ultratividade legal, ainda que seja
exceção, na forma do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1º, § 3º: “Se, antes de
entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”.
A alternativa C está incorreta, pela aplicação do art. 8º, §1º, da Lei
Complementar 95/1998 (“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da
publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consumação integral”).
A alternativa D está incorreta. De fato, o Brasil adota a territorialidade
moderada, mas isso significa que é possível aplicar lei estrangeira no território
00000000000

nacional, nas situações previstas na LINDB.


A alternativa E está correta, nos termos do art. 6º (“A Lei em vigor terá efeito
imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada”) e seu § 1º (“Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a
lei vigente ao tempo em que se efetuou”).

CESPE – TRF 5ª Região – 2015 – Juiz Federal Substituto


6. Se, ao interpretar a lei, o magistrado concluir que a impenhorabilidade
do bem de família deve resguardar o sentido amplo da entidade familiar,
abrangendo, além dos imóveis do casal, também os imóveis

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pertencentes a pessoas solteiras, separadas e viúvas, ainda que estas


não estejam citadas expressamente no texto legal, essa interpretação,
no que se refere aos meios de interpretação, será classificada como:
a. sistemática.
b. histórica.
c. jurisprudencial.
d. teleológica.
e. lógica.
Comentários
A alternativa A está incorreta, e até tem, em certa medida, certo fundo de
correção. No entanto, não há como se valer de outras normas jurídicas, inserindo
a que se interpreta no sistema, de modo a obter tal percepção.
A alternativa B está incorreta, porque a proteção do bem de família não
encontraria, historicamente falando, sustentáculo para que sua aplicação fosse
elastecida, apenas.
A alternativa C está incorreta, porque a interpretação jurisprudencial não é, a
rigor, interpretação, na perspectiva clássica do termo.
A alternativa D está correta, já que se buscou, nesse caso, a “mens legis”, ou
seja, o objetivo que se tinha em mente quando da formulação da norma, qual
seja, de proteger o imóvel residencial das pessoas dos ataques dos credores, de
modo a evitar que a hostilização patrimonial gerasse uma redução do núcleo da
dignidade humana, que compreende o direito à moradia.
A alternativa E está incorreta, dado que a interpretação lógica, no caso, não
faria abranger, no conceito, o imóvel das pessoas solteiras, já que não constituem
família, logicamente.

CESPE – TJ/RN – 2013 – Juiz Estadual Substituto


00000000000

7. Consoante a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, assinale


a opção correta.
a) A lei posterior somente revoga a anterior quando expressamente o
declare, podendo a revogação ser total (ab-rogação) ou parcial
(derrogação).
b) As regras de aplicação da lei no espaço estabelecem que deve ser aplicada
a lei brasileira quando a obrigação resultante de contrato tenha de ser
cumprida no Brasil, ainda que o domicílio do proponente seja em outro país.
c) Na sucessão por morte ou por ausência de estrangeiro, a lei do domicílio
do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder,
independentemente do lugar do domicílio do falecido ou ausente.

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d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
e) A referida lei prevê, como métodos de integração das normas, em ordem
preferencial e taxativa, a analogia, os costumes, os princípios gerais de
direito e a equidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a revogação pode ser tácita.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 9º, § 2º: “A obrigação resultante
do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”.
A alternativa C está correta, na forma do art. 10, § 2º: “A lei do domicílio do
herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder”.
A alternativa D está incorreta, consoante o art. 13: “A prova dos fatos ocorridos
em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios
de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça”.
A alternativa E está incorreta, pois a equidade não é método de interpretação
de normas prevista na LINDB (“Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”)

CESPE – PGE/AM – 2004 – Procurador do Estado


Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.
8. Vilma celebrou contrato de financiamento com uma instituição financeira
antes da entrada em vigor do atual Código Civil. Por força desse
contrato, ficou obrigada a pagar, mensalmente, prestações pecuniárias
à instituição pelo prazo de 10 anos. Nessa situação, o referido contrato
deve subordinar-se integralmente aos preceitos do código revogado,
00000000000

pois não pode a lei nova atingir a validade dos negócios jurídicos já
constituídos, nem interferir nos efeitos do contrato de execução de trato
sucessivo, salvo se houver sido assim previsto pelas partes.
Comentários
O item está incorreto, porque não se verifica a consumação do ato, eis que sua
execução, diferida no tempo, consuma-se também já na vigência do atual
diploma.

FCC – PGE/MT – 2016 – Procurador do Estado

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9. De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a lei


nova possui efeito
a. imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar a
coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, incluindo o negócio
jurídico sujeito a termo ou sob condição suspensiva.
b. retroativo, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar
a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, ao qual não se
equiparam, para fins de direito intertemporal, o negócio jurídico sujeito a
termo ou sob condição suspensiva.
c. retroativo, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar
a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, ao qual se
equipara, para fins de direito intertemporal, o negócio jurídico sujeito a
termo, porém não o negócio jurídico sob condição suspensiva.
d. imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, ainda que se caracterizem
como coisa julgada, ato jurídico perfeito ou direito adquirido.
e. imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, mas devendo respeitar a
coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, ao qual se
equiparam as faculdades jurídicas e as expectativas de direito.
Comentários
A alternativa A está correta, dado que a eficácia da lei nova é imediata, a partir
de sua vigência, respeitados o ato jurídico perfeito (que não engloba os fatos
ainda pendentes), a coisa julgada e o direito adquirido.
A alternativa B está incorreta, porque a retroação legal é apenas excepcional
no ordenamento nacional.
A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões expostas anteriormente na
alternativa B.
A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões expostas anteriormente na
alternativa A.
A alternativa E está incorreta, dado que expectativa de direito não configura
direito adquirido e faculdade jurídica não se equipara a ato jurídico perfeito.
00000000000

CESPE – PGE/PI – 2014 – Procurador do Estado


10. De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(LINDB), assinale a opção correta.
A) Há direito adquirido quando já tiverem sido praticados todos os atos ou
realizados todos os fatos exigidos pela lei para a obtenção do direito
pretendido. Nesse contexto, é correto afirmar que nem todo direito adquirido
surge de uma relação jurídica, a exemplo do direito de apropriar-se de coisa
sem dono.

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B) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa
deixar de ser aplicada.
C) Na situação em que uma lei anterior e especial esteja em confronto com
outra lei geral posterior, tem-se uma antinomia de primeiro grau,
perfeitamente solucionável com as regras previstas na LINDB.
D) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.
E) A lacuna ontológica ocorre quando existe texto legal que soluciona uma
situação concreta, mas que contraria os princípios e os axiomas norteadores
da própria ideia de justiça.
Comentários
A alternativa A está correta, porque o direito adquirido surge de uma situação
jurídica, que pode se originar de um fato jurídico em sentido estrito que não
constitua negócio jurídico ou ato-fato jurídico, como ficará mais claro na aula
sobre o tema.
A alternativa B está incorreta, porque a ineficácia social não tem ligação direta
com a vigência; lei socialmente ineficaz é ainda plenamente vigente, portanto.
A alternativa C está incorreta, pois, no caso, necessário é recorrer a mais de
um critério de resolução da antinomia, algo não previsto na LINDB.
A alternativa D está incorreta, porque, em dadas situações, se permite alegar
o erro de direito, excepcionalmente, desde que o interessado não se beneficie da
escusa.
A alternativa E está incorreta, eis que a lacuna ontológica, mais afeita ao direito
constitucional, trata da norma desconectada da realidade social, sem aplicação
prática.

CESPE – AGU – 2008 – Procurador Federal


11. Suponha que, no dia 20 de janeiro, tenha sido publicada lei
estabelecendo, no art. 2.º, que os proprietários de veículos populares
00000000000

pagariam, na ocasião do abastecimento, 20% a menos do preço fixado


na bomba de combustível. Suponha, ainda, que, no art. 5.º, a referida
lei tenha definido veículo popular como aquele com motorização até 1.6.
Se não constar do texto da referida lei a data de vigência, ela passará a
vigorar a partir da data oficial de sua promulgação.
Comentários
O item está incorreto, pela literalidade do art. 1º: “Salvo disposição contrária, a
lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada”.

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CESPE – PGE/AL – 2008 – Procurador do Estado


12. Considerando que ninguém pode se escusar de cumprir a lei, esta
começa a vigorar a partir da sua publicação, salvo disposição em
contrário, tanto no Brasil como nos Estados estrangeiros.
Comentários
O item está incorreto, pela literalidade do art. 1º: “Salvo disposição contrária, a
lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada”, sendo que, no estrangeiro, esse prazo é dilatado, inclusive.

PGE – PGE/MS – 2005 – Procurador do Estado


13. Analisando o novo Código Civil
I – O novo Código Civil está impregnado do culturalismo de Miguel Reale.
Dessa Forma podemos extrair três grandes princípios norteadores da novel
codificação, a saber: princípio da sociabilidade, princípio da eticidade, e
princípio da operabilidade;
II – O princípio da eticidade consiste em oportunizar a utilização constante
de princípios cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados;
III – O princípio da sociabilidade está presente apenas de forma expressa.
IV – O princípio da sociabilidade apresenta-se de forma genérica e de forma
específica.
a) Somente os itens I, II e III estão corretos.
b) Somente os itens I, II e IV estão corretos.
c) Só está correto o item I.
d) Todos os itens estão corretos.
e) Todos os itens são falsos.
Comentários 00000000000

O item I está correto, dado que ele, como redator do Código, fincou fortes raízes
de sua perspectiva culturalista, baseada nesses três princípios.
O item II está correto, pois a eticidade determina a necessidade de se analisar
o caso concreto de acordo com a equidade, a justiça e a boa-fé nas situações
jurídicas privadas, aplicando-se tais cláusulas.
O item III está incorreto, porque ele pode ser visto ainda que de maneira não
expressa na legislação.
O item IV está correto, pois ele abrange, além da prevalência dos direitos
metaindividuais sobre os individuais, a manutenção dos direitos individuais
fundamentais da pessoa.
A alternativa B está correta, portanto.

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FCC – PGE/MA – 2003 – Procurador do Estado


14. "O alcance, portanto, da regra do efeito imediato entre nós, é o de
que a nova lei, em princípio, atinge as partes posteriores dos facta
pendentia com a condição de não ferir o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada." (FRANÇA, R. Limongi. A Irretroatividade
das Leis e o Direito Adquirido. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 210)
A afirmação acima, de um dos autores que estudaram o direito
intertemporal, se refere
(A) à vedação expressa na Constituição de lei com efeito retroativo.
(B) apenas à regra constitucional que preserva da lei nova o direito
adquirido.
(C) à regra contida na legislação ordinária, segundo a qual a lei em vigor
terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
(D) à proibição contida na lei ordinária de que as leis e regulamentos tenham
efeito retroativo.
(E) à regra segundo a qual a lei entra em vigor imediatamente a partir de
sua publicação, se nada dispuser em sentido contrário, mas serão
respeitados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que a aplicação do caso não tem a ver, ao
menos não diretamente, com a CF/1988, mas com a LINDB.
A alternativa B está incorreta, porque se preservam também o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada.
A alternativa C está correta, conforme dito na alternativa B.
A alternativa D está incorreta, dado que pode haver retroação legal.
A alternativa E está incorreta, pela literalidade do art. 1º: “Salvo disposição
00000000000

contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.

FCC – DPE/MA – 2003 – Defensor Público Estadual


15. A Lei nova que estabelecer disposição geral a par da lei especial em
vigor:
A) não revoga nem modifica a lei especial.
B) apenas modifica a lei especial.
C) revoga a lei especial.

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D) derroga, mas não ab-roga a lei especial.


E) só entrará em vigor depois de expressamente revogada a lei especial.
Comentários
A alternativa A está correta, nos termos do art. 2º, § 2º: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior”.
A alternativa B está incorreta, pois ela não modifica a anterior.
A alternativa C está incorreta, porque ela não revoga a anterior, ainda que
especial.
A alternativa D está incorreta, dado que não derroga nem ab-roga a lei anterior,
ainda que especial.
A alternativa E está incorreta, pois pode haver revogação tácita da lei anterior,
em qualquer caso.

CESPE – TCE/ES – 2009 – Procurador Especial de Contas


A respeito da Lei X, publicada no dia 1º de junho de 2009, julgue o item
seguinte.
16. Eventual correção de texto da Lei X será considerada lei nova, se
aquela já estiver em vigor.
Comentários
O item está correto, nos termos do art. 4º, § 4º: “As correções a texto de lei já
em vigor consideram-se lei nova”.

Instituto Cidades – DPE/GO – 2010 – Defensor Público


17. A Lei de Introdução do Código Civil, Decreto-lei n. 4657, de setembro
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de 1942, dispõe, em seu artigo 3º. Que “Ninguém se escusa de cumprir


a lei alegando que não a conhece.” O principio da irrelevância do
desconhecimento da lei admite:
a) a exceptio ignorantiae juris, impedindo os efeitos da lei em casos em que
ficar demonstrada a sua ignorância no negócio jurídico.
b) o erro de direito para o não cumprimento do negócio, eximindo-se o
interessado do cumprimento da lei.
c) o erro de direito sobre o motivo do negócio, dando causa a sua anulação
quando for seu motivo principal, não afastando o cumprimento da lei.
d) a exceptio ignorantiae juris, não afastando os efeitos da lei e do negócio
em casos em que ficar demonstrado o erro de direito.

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e) o erro de lei mas não o erro de direito, razão pela qual o negócio é válido
mas a lei não é de cumprimento obrigatório.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que se assim o fosse o princípio seria de
pouca aplicabilidade.
A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa anterior.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 139, inc. III do CC/2002: “sendo
de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico”.
A alternativa D está incorreta, quase correta, mas equivocada ao tratar que
nãos e afastam os efeitos do negócio.
A alternativa E está incorreta, porque a legislação não permite o “erro de lei”,
nos termos do supracitado art. 139.

FEPESE – DPE/SC – 2012 – Defensor Público Estadual


18. Sobre a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é correto
afirmar:
a) A lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
b) As correções a texto de lei já em vigor não se consideram lei nova.
c) A lei posterior revoga a anterior apenas quando expressamente o declare.
d) A lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada e se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo continua correndo da
primeira publicação.
e) Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém
por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
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Comentários
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição
em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1º, § 4º: “As correções a texto de
lei já em vigor consideram-se lei nova”.
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga
a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
A alternativa D está incorreta, na forma do art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar
a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o

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prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova


publicação”.
A alternativa E está correta, na letra do art. 6º, § 2º: “Consideram-se adquiridos
assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como
aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem”.

NC/UFPR – DPE/PR – 2014 – Defensor Público Estadual


19. Acerca da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
considere as seguintes afirmativas:
1) Os princípios gerais de direito, estejam ou não positivados no sistema
normativo, constituem-se em regras estáticas carecedoras de concreção e
que têm como função principal auxiliar o juiz no preenchimento de lacunas.
2) De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, o efeito repristinatório
da lei revogadora de outra lei revogadora é automático e imediato sobre a
velha norma abolida, prescindindo de declaração expressa de lei nova que a
restabeleça.
3) A revogação de uma norma por outra posterior tem por espécies a ab-
rogação e a derrogação, e pode ser expressa ou tácita, sendo que, neste
último caso, é obrigatório conter, na lei nova, a expressão “revogam-se as
disposições em contrário”.

4) A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados os atos jurídicos


consumados, mesmo que inválidos.
5) A cessação da eficácia de uma lei não corresponde à data em que ocorre
a promulgação ou publicação da lei que a revoga, mas sim à data em que a
lei revocatória se tornar obrigatória.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
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b) Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras.


c) Somente as afirmativas 1 e 5 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 3, 4 e 5 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Comentários
O item 1 está correto, a exemplo do adágio “dar a cada um o que é seu”, que
não tem concretude casuística, dependente de uma interpretação judicial para
ser aplicado, de forma auxiliar.

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O item 2 está incorreto, nos termos do art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em
contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.
O item 3 está incorreto, porque se a revogação é tácita, ela obviamente não
contará com tal expressão.
O item 4 está incorreto, pois a lei nova não tem o condão de validar atos inválidos
anteriores, ao menos não em princípio.
O item 5 está correto, ou seja, quando a lei revocatória entrar em vigor, e não
quando de sua publicação ou promulgação.
A alternativa C está correta, portanto.

FCC – DPE/MT – 2009 – Defensor Público Estadual


20. Segundo a Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro,
A) salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país três
meses depois de oficialmente publicada.
B) nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei federal inicia-se três
meses depois de oficialmente promulgada, salvo disposição contrária.
C) a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.
D) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.
E) salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pela literalidade do art. 1º: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
00000000000

oficialmente publicada”.
A alternativa B está incorreta, como se extrai do art. 1º, §1º: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada”.
A alternativa C está correta, de acordo com o art. 2º, § 1º: “A lei posterior
revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior”.
A alternativa D está incorreta, pois a equidade não está no rol do art. 4º
(“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito”).

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A alternativa E está incorreta, conforme o art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em


contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”.

FCC – DPE/PA – 2009 – Defensor Público Estadual


21. Em nossa legislação pátria:
A) a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior. Entretanto, caso estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
B) a lei começa a vigorar em todo o país, salvo disposição contrária, na data
de sua publicação.
C) a lei, sem exceção, terá vigor até que outra a modifique, revogue ou que
ela caia em desuso.
D) na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
às exigências do bem comum, sendo certo que, ao interpretá-la, o juiz
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.
E) se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto
destinada a correção, ainda que mantida a vacatio legis, o início de sua
vigência ocorrerá no dia da nova publicação.
Comentários
A alternativa A está correta, de acordo com o art. 2º, § 1º (“A lei posterior
revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior”) e § 2º (“A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a
par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”).
A alternativa B está incorreta, pela literalidade do art. 1º: “Salvo disposição
00000000000

contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada”.
A alternativa C está incorreta, pois o desuso não se encontra nesse rol,
conforme preconiza o art. 2º (“Não se destinando à vigência temporária, a lei
terá vigor até que outra a modifique ou revogue”).
A alternativa D está incorreta, porque o uso desses dispositivos (analogia,
costumes...) não é certo, mas apenas aplicado em caso de lacunas.
A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar a
lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”.

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UNAMA – DPE/PA – 2006 – Defensor Público Estadual


22. A LICC (Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro) trata sobre
vigência e interpretação das leis e, para a aplicação destas no tempo,
dever-se-á respeitar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito
adquirido. Considerando vigência e revogação das leis, é correto
afirmar:
I. Em caso de contrato realizado sob a égide de lei anteriormente em vigor,
com execução para tempo posterior sob a égide de lei nova, não se aplicará
a este as determinações da nova lei, posto que esse contrato não é ato
jurídico perfeito e deverá ter seus efeitos atingidos pela nova lei.
II. Determinado cidadão adquiriu carteira de habilitação em 17.02.1963,
data em que completara 18 anos e encontrava-se capacitado à aquisição do
direito. Sua carteira de motorista tinha vencimento previsto para 17.02.05,
data em que completaria 60 anos. Ocorre que, nesta data, a lei em vigor
coibia a emissão de habilitação para pessoas a partir de 60 anos. Não goza
esse cidadão do direito à renovação, posto que o direito adquirido pelo
mesmo perdeu o vigor em 17.02.05, não tendo direito a exigibilidade da
extensão do gozo.
III. A lei em vigor em 2002, que regulamentava os contratos de leasing,
tendo por objeto os veículos automotivos, exigia que o sujeito que se
habilitasse a contratar tivesse maioridade civil. A capacidade civil, à época,
era adquirida aos dezoito anos. No ano de 2003, Carlos realiza um contrato
de leasing aos 19 anos, tendo suas parcelas divididas em 24 meses. No ano
de 2004, entra em vigor novo diploma legal que determina a aquisição da
maioridade civil aos 21 anos. Mesmo estando em vigor o contrato de Carlos,
este não será objeto de nulidade, pois à época de sua realização o agente
era plenamente capaz à realização do ato jurídico referido, considerando-se
este perfeito para toda a produção de efeitos.
IV. Em 1998, entrou em vigor lei municipal que beneficiava os portadores
de deficiência visual com a isenção do pagamento de IPTU. Por fatalidade,
no mesmo ano, Maria Eduarda sofreu um acidente automotivo do qual
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derivou sua perda de visão. Mas, desconhecendo a lei referida, não solicitou
o benefício da isenção e, somente em janeiro de 2006, recebido o carnê do
IPTU/06, resolveu exercer seu direito subjetivo. Ocorre que, na data de sua
solicitação, a lei referida não estava mais em vigor, e esta teve seu pleito
indeferido sob a justificativa de inexistência de direito adquirido e revogação
da lei que o implementara.
Somente é correto o que se afirma em:
a) I,II e III
b) II,III e IV
c) I,III e IV
d) I,II,III e IV.

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Comentários
O item I está incorreto, porque a sucessividade do pacto, dado seu diferimento
no tempo, atrai a aplicação da lei nova, já que o ato ainda não se perfectibilizou.
O item II está correto, já que o direito que ele adquirira em 1963 era o direito
a dirigir até 2005, não se estendendo para além dessa possibilidade.
O item III está correto, pois o ato já se perfectibilizara à época do pacto, não
se o atingindo pela lei nova, nos termos do art. 6º.
O item IV está correto, dado que com a revogação da lei, Maria Eduarda não
mais possuía direito ao benefício.
A alternativa B está correta, assim.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


Considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
a respeito da vigência da norma jurídica, da interpretação das leis e da
eficácia da lei no espaço, julgue o item a seguir.
23. Na aplicação da lei, cabe ao juiz, a fim de criar uma norma individual,
interpretá-la buscando atender aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.
Comentários
O item está correto, pela literalidade do art. 5º: “Na aplicação da lei, o juiz
atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


No que diz respeito às normas jurídicas, à prescrição, aos negócios jurídicos
e à personalidade jurídica, julgue o item a seguir.
00000000000

24. É possível que lei de vigência permanente deixe de ser aplicada em


razão do desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite
aplicação dos costumes de forma contrária àquela prevista na lei
revogada pelo desuso.
Comentários
O item está incorreto, dado que o costume contra legem não é admitido pela
LINDB.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo

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A respeito da aplicação da lei civil, da pessoa natural e dos bens, julgue o


item a seguir.
25. O fenômeno da ultratividade da norma jurídica é exceção à regra de
que a lei necessita estar vigente para ser aplicada.
Comentários
O item está correto, pois a norma revogada, nesse caso, é aplicada, ainda, aos
casos cujo fato jurídico que deu origem à aplicação da lei se deu sob a égide da
lei revogada.

CESPE – TCE/PA – 2016 – Auditor de Controle Externo


Com relação à vigência das leis, às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e
aos bens, julgue o item subsequente.
26. Caso determinada lei tivesse sido publicada no dia doze de fevereiro
— sexta-feira —, o prazo de vacatio legis começaria a fluir no dia quinze
de fevereiro.
Comentários
O item está incorreto, pela aplicação do art. 8º, §1º, da Lei Complementar
95/1998 (“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam
período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último
dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral”).

CESPE – TCE/PR – 2016 – Auditor do Tribunal de Contas


27. Em relação à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
assinale a opção correta.
a. Em regra, aceita-se o fenômeno da repristinação no ordenamento jurídico
brasileiro. 00000000000

b. Celebrado contrato no período de vigência de determinada lei, qualquer


dos contratantes poderá invocar a aplicação de lei posterior que lhes for mais
benéfica.
c. Não se admite no ordenamento jurídico pátrio a chamada integração
normativa, ainda que para preencher eventuais lacunas do ordenamento.
d. Publicada lei para corrigir texto de lei publicado com incorreção, não
haverá novo prazo de vacatio legis, se a publicação ocorrer antes da data
em que a lei corrigida entraria em vigor.
e. Autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para o
conhecimento de ações que discutam a validade de hipoteca que recai sobre
bens imóveis situados no Brasil, ainda que as partes residam em país
estrangeiro.

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Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a repristinação é exceção.
A alternativa B está incorreta, dada a patente violação do ato jurídico perfeito,
no caso.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 4º: “Quando a lei for omissa, o
juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar a
lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”.
A alternativa E está correta, por aplicação do art. 8º: “Para qualificar os bens e
regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que
estiverem situados”.

CESPE – AGU – 2015 – Advogado da União


Julgue o item seguinte, que diz respeito à aplicação da lei, às pessoas e aos
bens.
28. Caso a lei a ser aplicada não encontre no mundo fático suporte
concreto sobre o qual deva incidir, caberá ao julgador integrar o
ordenamento mediante analogia, costumes e princípios gerais do direito.
Comentários
O item está correto, na forma do art. 4º: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá
o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
No entanto, a redação do item está confusa e, me parece, invertida, já que se há
lei a ser aplicada e não há “suporte concreto” para se a aplicar, o julgador nada
faz. É mais ou menos como dizer que se há uma norma sobre o homicídio (lei a
ser aplicada), mas não um homicídio (suporte concreto no mundo fático), o juiz
deve integrar o ordenamento (???). De qualquer forma, o gabarito apontava o
00000000000

item como correto, a despeito dessa inversão lógica.

CESPE – TCU – 2015 – Procurador do Ministério Público


29. Tem caráter absoluto o dispositivo da lei em questão segundo o qual
a sucessão por morte ou por anuência obedece à lei do país em que era
domiciliado o falecido ou o desaparecido.
Comentários
O item está incorreto, nos termos do art. 10, § 1º: “A sucessão de bens de
estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do

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cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”.

CESPE – TCU – 2015 – Auditor Federal de Controle Externo


A respeito das pessoas naturais e jurídicas, dos fatos e negócios jurídicos e
do disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o
seguinte item.
30. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro prevê, em ordem
preferencial e taxativa, como métodos de integração do direito, a
analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
Comentários
O item está correto, segundo o CESPE. Cuidado, porém, pois essa é uma
perspectiva bem clássica, arraigada ao positivismo jurídico mais tradicional de
alguns autores.
A FCC, por outro lado, já considerou raciocínio idêntico como INCORRETO, pois a
LINDB não estabelece, em seu art. 4º (“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá
o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”),
uma taxatividade nos métodos de integração, não havendo, ao menos não na
literalidade do texto legal, ordem taxativa ou preferencial. Essa é a perspectiva
(da FCC) que se coaduna mais, atualmente, mais com as novas perspectivas
jurídicas nacionais.
Atente, portanto!

Resumo

São quatro as diretrizes teóricas do Culturalismo de Miguel Reale:


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A. Socialidade
• Determina a prevalência dos valores metaindividuais aos
individuais, resguardados os direitos individuais fundamentais
inerentes à pessoa humana
• Consequência da socialidade é a funcionalização dos institutos
(função social da propriedade, do contrato, da empresa etc.)
B. Eticidade
• Determina a necessidade de se analisar o caso concreto de
acordo com a equidade, a justiça e a boa-fé nas situações
jurídicas privadas
• Consequência da eticidade é o vasto campo de aplicação do
princípio da boa-fé objetiva no ordenamento brasileiro,
especialmente no campo obrigacional
C. Operabilidade ou efetividade
• Determina a imposição de soluções jurídicas que permitam aos
partícipes do Direito acessarem sem dificuldades sua aplicação,
de maneira simples
• Consequência da operabilidade é o afastamento do casuísmo
pelo uso das cláusulas abertas, que aproxima o julgador do caso
sensível
D. Sistematicidade
• Determina que o Direito Privado se pauta numa produção
legislativa fundada na diretriz de sistema
• Consequência disso é que a norma de Direito Privado não pode
ser lida ou interpretada descolada da Parte Geral do CC/2002

Como a Lei passa a “valer”?

Validade Vacatio Legis Vigência

• Aprovação da • Período entre


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• 45 dias, em
Lei a aprovação regra
e a vigência

Vejamos qual é a classificação das normas em relação à intensidade da


sanção:

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A) Perfeitas
• São as normas que preveem a nulidade/anulabilidade do ato
jurídico (negócio jurídico celebrado por incapaz)

B) Mais que perfeitas


• Além da sanção de nulidade/anulabilidade, preveem sanção
criminal (casamento realizado por alguém já casado)

C) Menos que perfeitas


• Preveem sanção mais branda que a nulidade/anulabilidade, como
a ineficácia perante terceiro (compra e venda realizada por
instrumento particular)

D) Imperfeitas
• Não preveem sanção jurídica ao ato inquinado (segundo a
doutrina mais tradicional, como ocorre com variados princípios
constitucionais)

Quais são as características da incidência?

• Característica distintiva das normas


1. Incondicionalidade jurídicas: independentemente de
qualquer adesão elas são vinculativas

• Geralmente a norma incidirá sempre que


2. Inesgotabilidade o suporte fático vier a se compor,
inúmeras vezes

00000000000

As normas se classificam quanto à aplicabilidade:

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A. Cogentes ou injuntivas:
• Inafastáveis, aplicadas independentemente da vontade das
partes, permitindo ou proibindo. Essas normas se subdividem em
normas imperativas/impositivas (obrigam uma conduta) e
proibitivas (proíbem uma conduta)

B. Não-cogentes ou supletivas
• Afastáveis, sendo aplicadas subsidiariamente. Subdividem-se em
normas dispositivas (no silêncio das partes) e normas
interpretativas (para definir o sentido da manifestação de
vontade obscura)

Como funciona a revogação da lei vigente?

Revogação expressa: "revoga-se"


Norma válida
Revogação tácita: incompatibilidade

Ab-rogação (revogação em
sentido estrito): revogação
completa
Revogação em sentido amplo

Derrogação: revogação parcial

A modificação da lei, porém, seja por ab-rogação, seja por derrogação, não
pode violar:

Ato jurídico perfeito


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• Ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se


efetuou, regido pela Lei da época de sua prática

Direito adquirido

• Situações jurídicas incorporadas ao patrimônio da pessoa

Coisa julgada ou coisa julgada

• A decisão judicial de que já não caiba recurso, imutável

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A interpretação será feita de variadas formas e por variados critérios:

A. Restrição
• A interpretação restritiva busca restringir o alcance da norma, de
modo a não extrapolar os limites geralmente considerados da
norma

B. Extensão
• A interpretação extensiva busca elastecer o sentido da norma a
situações não subsumidas a ela de imediato, automaticamente

C. Sistematização
• A interpretação sistemática busca dar sentido a uma norma dentro
do contexto do sistema normativo

D. Absurdo
• A interpretação ao absurdo leva o argumento às últimas
consequências para comprovar a incorreção de um fundamento ou
tese

E. Equidade
• Objetivamente é a adaptabilidade da norma ao fato, gerando
igualação; subjetivamente, é a aplicação conveniente da norma

F. Analogia
• A interpretação baseada na similaridade de situações, numa
racionalidade lógico-decisional pela dedução e indução

Como se classificam as antinomias?


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Aparente
Existência Própria Princípios
Real
Imprópria Valoração
Interna
Teleológicas
Espaço Internacional

Interno-internacional
Antinomias
Total-total

Extensão Total-parcial

Parcial-parcial

1º Grau
Critérios
2º Grau

São três os critérios para resolver uma antinomia:

Critério Cronológico
• A norma posterior tem prevalência sobre a norma anterior

Critério de Especialidade
• A norme especial tem prevalência sobre a norma geral
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Critério Hierárquico
• A norma superior tem prevalência sobre a norma inferior

As fontes estatais, formais ou primárias seriam:

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A. Lei
• As normas jurídicas em sentido estrito nas mais diversas formas:
Constituição, Código, Lei Complementar, Regulamentos, Portarias,
Decretos e Atos Administrativos

B. Jurisprudência
• A reiteração uniforme das decisões judiciais que demonstram um
entendimento num dado sentido. Jurisprudência e decisão judicial
não são sinônimas, portanto
Aqui relevam as Súmulas Vinculantes do STF, pelo art. 103-A da
CF/1988

C. Convenções
• Tratados e Convenções internacionais ratificados pelo Brasil na
forma estabelecida na Constituição, sejam com status de Emenda
Constitucional, sejam com eficácia supralegal

As fontes não-estatais, materiais ou secundárias seriam:

A. Costume
• O direito consuetudiário

B. Doutrina
• A literatura jurídica especializada

C. Princípios Gerais do Direito


• Reconhecidos, ainda que não positivados, como a vedação ao
comportamento contraditório

D. Analogia
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• A aplicação de norma jurídica por semelhança a casos próximos

Considerações Finais

Chegamos ao final da aula inaugural! Vimos que, mesmo que sejam temas mais
genéricos, são assuntos exigidos nas provas da 1ª Fase, como ficou claro com
questões que, ainda nos últimos tempos, continuam caindo nas provas. Isso
confirma a importância da LINDB, que não pode ser ignorada.

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Vimos que há, inclusive, algumas pegadinhas que podem te trazer problemas se
você não prestar atenção, por isso, todo cuidado é pouco! É possível que
tenhamos questões que envolvam a LINDB na 1ª Fase da prova para a
qual você se prepara!
Na próxima aula daremos continuidade à Parte Geral do CC/2002, entrando no
CC/2002, efetivamente, com a parte de pessoas físicas e jurídicas. Como eu disse
a você no início da aula, esses são os temas que caem com mais frequência nos
certames de Nível Superior, ultimamente.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

prof.paulosousa@yahoo.com.br

https://www.facebook.com/prof.paulohmsousa

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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