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GARANHUNS - PE
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2008
GARANHUNS – PE
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2008
ISRAELY CINTRA SANTOS
RAFAELLY MONTEIRO DE MACÊDO LEITE
Aprovada em ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
PROF. Dr. Benedito Bezerra Gomes - Orientador
___________________________________________________
PROF. Examinador
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A Deus, que com imenso amor nos conduziu até a conclusão dos objetivos a que
almejávamos.
Ao professor Dr. Benedito Bezerra, nosso orientador, pela orientação segura, eficiente
e pela amizade, sem as quais este trabalho não teria sido realizado.
Aos professores, que compreenderam a nossa disposição em vencer o cansaço das
atividades diárias transformando-se em parceiros legítimos na conquista dos nossos ideais.
À família que apoiou e compreendeu os momentos de ausência, sempre nos
motivando a superar as dificuldades encontradas.
Aos colegas, agora feitos nossos irmãos, que compartilharam conosco toda sua alegria
e amizade, tornando-se um apoio indispensável à nossa caminhada:
Nossos sinceros agradecimentos!
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RESUMO
Neste trabalho buscaremos pesquisar a respeito do uso dos gêneros textuais em livros
didáticos, tendo como objetivo abordar de que forma os gêneros textuais estão sendo
encontrados nos livros didáticos do Ensino Fundamental II. Sob este ponto de vista
Analisaremos as coleções dos livros didáticos de Willian Roberto Cereja (2009) Português
Linguagens, Ernani Terra (2009) Português para todos e Magda Soares ( 2002) Português
uma proposta para o letramento . Usaremos como fundamentação teórica as contribuições dos
PCNs (1998), de Mikhail Bakhtin (2000), Benedito Bezerra (2003), Ângela Dionísio (2002),
Luiz Antônio Marcuschi (2008) e outros. Posteriormente, apresentaremos as abordagens dos
gêneros textuais em LD. Quando abordaremos nos livros didáticos as diferenças existentes
entre as coleções a fim de constatar o uso dos gêneros textuais em livros didáticos e a
exploração didática como recurso para o ensino da Língua Portuguesa. No primeiro momento
faremos uma abordagem sobre a origem dos gêneros, destacando Bakhtin (2000). Mas os
capítulos apresentarão e discutiram as teorias e conceitos a respeito dos gêneros textuais,
fazendo uma ligação com outras fontes. Procuramos dimensionar algumas considerações
teóricas, que nos trazem significativas abordagens para o estudo dos gêneros em livros
didáticos.
Palavras-chave: Gêneros Textuais, Livros Didáticos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................08
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................34
REFERÊNCIAS........................................................................................................................36
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INTRODUÇÃO
Desde Aristóteles declara-se que o homem é um ser social e por isso tem a
necessidade de se comunicar. Precisa viver em sociedade ou comunidade para trocar
experiências e conhecimentos, utilizando-se da língua.
Como também a escrita foi uma necessidade de registrar suas comunicações, fatos
e acontecimentos, principalmente, entre as civilizações mais antigas até os dias atuais. Através
da história da escrita podemos identificar as várias formas criadas para se registrar, contar a
sua própria história e seus pensamentos.
Todo esse legado é uma construção de experiências interativas em que o homem
constrói sua própria cultura que é repassada de geração a geração. Posto que também se
registrasse na escrita seus sentimentos e emoções numa linguagem verbal tanto quanto visual.
A linguagem é constituída de símbolos que são utilizados pelo homem para uma
finalidade e utilizada em diversas práticas sociais. A linguagem verbal é o meio mais utilizado
para se comunicar, seja ela oral ou escrita, com a finalidade de interação.
Diante das interações estabelecidas, o discurso é um meio de comunicação, na qual
a língua é assumida pelo falante num contexto social. E a construção da comunicação verbal
só é possível por algum gênero textual, o qual contém aspectos linguísticos textuais.
Logo, a relação entre a língua e o discurso se dá pelos aspectos de suas atividades
interativas. E a linguagem e o gênero condicionam atividades enunciativas. Porém,
mostraremos neste estudo os gêneros dos livros didáticos que realizam as produções
comunicativas numa prática social.
Abordaremos o uso dos gêneros textuais em livros didáticos, pois esta questão é
muito discutida atualmente e buscaremos observar os mesmos nos compêndios. Nesse
contexto, DIONÍSIO (2002, p.33), nos esclarece que “os gêneros distribuem-se pelas
modalidades num contínuo, desde os mais formais e em todos os contextos e situações da vida
cotidiana”.
Então, os gêneros são textos formais e informais situados em contextos do
cotidiano. No entanto, as suas modalidades permitem identificar o tipo textual em todos os
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gêneros textuais. Através do suporte que é o livro didático o tratamos como flexível e usual,
pois cada um tem um formato e condições diferentes nas suas abordagens.
Muitos dos estudos e pesquisas em torno dos gêneros textuais levam a uma
reflexão do seu uso nas práticas escolares e como o livro didático é utilizado nas mesmas
podendo assim ser lidos, interpretados e compreendidos de várias maneiras. O livro didático
comporta os mais diversos gêneros textuais para as mais diversificadas situações
socioculturais e cognitivas. Visto que, cada autor aborda os gêneros de maneiras estratégicas
para o professor em sua prática vivenciá-la em sala de aula. Mas, nem todos os livros
didáticos se enquadram ao meio social de cada aluno, por isso os PCNs dão uma idéia mais
clara da diversidade dos gêneros e suas perspectivas para o ensino dos mesmos. A partir desse
ponto os diversificados estudos em torno do ensino da língua portuguesa através dos gêneros
textuais não são novos, mas consideraram-se as diversidades de fontes e perspectivas.
A presente pesquisa busca contribuir para discussão já iniciada nos estudos
linguísticos a respeito do uso dos gêneros textuais em livros didáticos. Sendo que os gêneros
ocupam um grande espaço nas suas interações comunicativas, trabalhando as regras do uso
oral e escrito, de um gênero simples como bilhete a uma esfera mais complexa como um livro
de romance.
Partimos da hipótese de que através do cotidiano e da sua vivência no social, o
docente é capaz de identificar a transmutação do gênero a ser trabalhado, pois nesse contexto
o discente absorve, cria e recria novos gêneros. Mas mantendo uma comunicação interativa
serão desenvolvidas características discursivas e textuais.
Para o objeto de estudo, escolhemos os livros didáticos por abordar inúmeros
gêneros textuais, pois neles apresentam em seu sumário os tipos textuais trabalhados em cada
livro das coleções. Posto que também as coleções sejam sequências metodológicas para serem
seguidas nas práticas escolares. E os objetivos que orientaram nossa pesquisa foram:
Identificar nos manuais didáticos as abordagens dos gêneros textuais que norteiam os
compêndios presentes nas atividades de produções textuais.
Comparar e classificar os tipos textuais e os gêneros textuais para analisarmos suas
propostas didáticas.
Analisar de que forma é tratada a questão dos gêneros textuais nos PCNs, para orientar
e desenvolver as práticas metodológicas.
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CAPÍTULO 1
GÊNEROS TEXTUAIS
Sendo uma questão tão relevante, o estudo dos gêneros textuais não é novo e teve
início com Aristóteles e Platão, que descobriram e iniciaram os estudos sobre os usos do
discurso e a retórica, baseados em especulações filosóficas. Conforme Bezerra (2006, p.46),
“a arte retórica desenvolve-se no sentido de capacitar escritores e oradores a produzirem
diferentes gêneros textuais, de acordo com diferentes propósitos e audiências particulares.”
Permite também observar uma teoria sobre os gêneros através de situações discursivas. E à
medida disso surgiram profundas reflexões para outros campos das ciências relacionados à
linguagem.
A partir do século XX, Bakhtin ([1979]; 2000 p.279) na sua teoria dos gêneros do
discurso enfatiza que “todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam,
estão sempre relacionadas com a utilização da língua”, ou seja, em qualquer meio social a
utilização da língua, seja oral ou escrita levam a uma relação com o outro. Embora ligados aos
enunciados orais ou escritos os gêneros estão vinculados numa forma de ação social no qual
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ocorre a interação. Sendo assim os enunciados podem ser denominados como os gêneros do
discurso. Para confirmarmos a questão do enunciado, Silveira (2008, p.66) diz que “os
enunciados são, portanto, elos da cadeia comunicativa, de continuun dialógico, que é a própria
dinâmica da linguagem humana.” Os estudos de Bakhtin sugerem uma divisão dos gêneros
primários ou simples e secundários ou complexos. O pensador russo mostra que os gêneros
primários são circunstâncias de uma comunicação verbal espontânea e que os secundários
aparecem em circunstâncias de uma comunicação cultural.
Bakhtin (2000, p. 281) menciona alguns exemplos de gêneros primários “o diálogo
cotidiano ou carta” e dos gêneros secundários “o romance, o teatro, o discurso científico, o
discurso ideológico, etc”. Ele também cita o exemplo da escrita como complexa e evoluída,
podendo ser: artística, científica e sociopolítica.
De comum acordo de que a língua e a escrita tem uma relação, o gênero textual faz
a inter-relação entre os gêneros primários e secundários com a finalidade da transmutação
para denominarmos características particulares existentes na realidade.
Sendo assim, na atualidade podemos citar o conceito de gênero de Marcuschi
(2008, p.155). Segundo o autor:
Os gêneros textuais são todos os textos que encontramos em nossa vida diária e
que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por
composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente
realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas.
Observamos que houve uma grande trajetória para que esses estudos e análises dos
gêneros textuais pudessem chegar até nossos dias atuais. E percebemos também a abundância
e a diversidade dos gêneros textuais, pois ao passar dos dias surgem novos gêneros falados ou
escritos.
Hoje o estudo dos gêneros textuais torna-se um empreendimento cada vez mais
multidisciplinar, pois podemos ver que engloba uma análise do texto e do discurso, que busca
uma visão da sociedade e o uso da língua. Bakhtin (2000, p. 279) afirma que “a utilização da
língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam
duma ou doutra esfera da atividade humana”.
Diante disso os gêneros são as formas naturais pelas quais usamos a língua para
nos comunicar, nas situações formais e informais, orais e escritas, mas teoricamente como
formas culturais e cognitivas de ação verbal.
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A partir daí observamos que estamos rodeados de gêneros a nossa volta, pois em
qualquer direção que olhamos poderemos observar a presença dos gêneros. Mas para isso é
preciso primeiramente reconhecer os gêneros para que possamos identificá-los em qualquer
situação.
Podemos então dizer que tudo está relacionado ao uso da língua, através de
enunciados orais e escritos. No entanto, o estudo dos gêneros é interdisciplinar para o
funcionamento da linguagem, no qual não devemos ver os gêneros como estanques, mas sim
como formas culturais e sociais. “Os gêneros textuais são dinâmicos, de complexidade
variável (...) são sócio-históricos e variáveis, não há como fazer uma lista fechada, o que
dificulta ainda mais sua classificação” (MARCUSCHI, 2008, p.159).
De modo que não há como chegar a uma classificação concreta de listagens de
gêneros textuais, pois com o passar dos dias crescem ainda mais as diversificações de
gêneros.
1.2.Tipo textual
Silveira (2005, p.40) afirma que “a noção de tipos textuais (ou tipos de textos) se
refere a traços lingüísticos característicos, tais como a dominância de certas formas verbais,
preferência por certas estruturas, etc.”. Pois, no tipo textual há particularidade em seus traços
linguísticos e nas suas categorias teóricas. Logo os designando como uma construção de
atividades discursivas internas e de seqüências linguísticas, o tipo textual, constituem uma
seqüência de enunciados. Foi proposto em uma nota de roda pé nos PCNs (1998, p.21, nota 3)
que :
retóricas). Posto que também na retórica e na teoria literária as tipologias textuais seguiram
uma tradição estrutural nas suas composições, Silveira (2005, p.40) afirma que:
São textos de qualquer natureza, literários ou não. Tanto na forma oral como na
escrita, os gêneros são como “eventos comunicativos e dotados de propósitos comunicativos
específicos” (SWALES apud BEZERRA, 2003), caracterizados por funções específicas de
organização retórica mais ou menos típica. São reconhecíveis pelas características funcionais
e organizacionais que exibem e também pelos contextos no qual são utilizados. “Os gêneros
são formas textuais escritas ou orais bastantes estáveis, históricas e socialmente situadas”
(MARCUSCHI, 2008, p. 155).
São formas de interação, reprodução e possíveis alterações sociais que se
constituem ao mesmo tempo. Pois os gêneros são uma “forma de ação social” (MILLER apud
MARCUSCHI, 2008, p.140). Diante disso, citaremos alguns exemplos de gêneros textuais
que seriam: telefonema, carta comercial e pessoal, receita culinária, reportagem, bilhete, bula
de remédio notícia jornalística, lista de compras, piada, conversação espontânea, romance,
instruções de uso, horóscopo, bate-papo por computador e assim por diante.
Os gêneros são tidos como instrumentos comunicativos que servem para realizar
essas atividades formais e informais de maneira adequada. Por isso, “os gêneros textuais se
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referem mais à noção de discurso, de uso da língua em situações de interação social definida”
(MARCUSCHI apud SILVEIRA, 2005, p.40). Com isso, a escrita varia na sua forma em
decorrência das diferentes funções que se propõe a cumprir, consequentemente, em
decorrência dos variados gêneros em que se realiza. Logo o gênero é caracterizado por seu
estilo, função, composição, conteúdo e canal. Pois a escrita possibilita a realização de alguma
atividade sócio-comunicativa entre as pessoas, em diversos contextos sociais. Nesses critérios
“os gêneros são designações sociorretóricas” , “ dinâmicos, de complexidade variável e não
sabemos ao certo se é possível contá-los todos” ( MARCUSCHI, 2008, p. 161).
Assim, pela escrita alguém informa, avisa, adverte, anuncia, descreve, explica,
comenta, opina, argumenta, instrui, resume, documenta, faz literatura, organiza, registra e
divulga o conhecimento produzido no cotidiano.
1.4. Suporte
É muito difícil contemplar o contínuo que surge na relação entre gênero, suporte
e outros aspectos, pois não se trata de fenômenos discretos e não se pode dizer
onde um acaba e outro começa. “O suporte não deve ser confundido com o
contexto nem com a situação, nem com o canal em si, nem com a natureza do
serviço prestado”.
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Há uma abrangência muito ampla a respeito desse tema que estamos abordando e
por ser difícil chegar a uma conclusão imediata do que seja suporte, “as ciências da linguagem
paradoxalmente tem ignorado o papel do suporte na comunicação escrita” (BEZERRA, 2006,
p. 20).
Conforme Marcuschi (2008, p. 175 e 177) o suporte tem três aspectos e dois tipos:
a) suporte é um lugar (físico ou virtual); b) tem formato específico; c) suporte serve para fixar
e mostrar o texto e aborda os tipos como (a) convencional e (b) incidental.
Assim, o suporte tem uma identidade definida e elaborada por Marcuschi que vem
a esclarecer a função de portadores ou fixadores de texto. Pois é “dentro de uma formação
discursiva, sendo que os textos sempre se fixam em algum suporte pelo qual atingem a
sociedade” (Marcuschi, 2008, p.176).
O livro didático engloba vários tipos e gêneros textuais que são encontrados em
grande quantidade, principalmente, no Livro de Língua Portuguesa. Bezerra (2006, p.22)
afirma que:
propósito naquele contexto como exemplo, produção, leitura e compreensão textual. Portanto,
o livro didático “é considerado como suporte de diversos gêneros textuais que constituem o
seu conteúdo principal” (BEZERRA, 2003).
CAPÍTULO 2
Nesta citação reflete-se que todo o texto se forma de enunciados e para que isso
ocorra depende das condições e as finalidades para a construção do texto e que é também
formado através de atividades discursivas. A partir desse contexto, se integrou a Teoria dos
Gêneros na Lingüística Textual, podendo com esses estudos revelar uma abordagem
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Esses aspectos que Lima cita em sua tese devem ser considerados para o ensino da
língua e para o trabalho com os gêneros ampliando as novas abordagens para o ensino/
aprendizagem da língua portuguesa. A linguagem é uma atividade discursiva e cognitiva que
possibilita a participação de um indivíduo no meio social. A proposta do ensino dos gêneros
textuais nos PCNs aborda sua importância e o valor do seu uso:
... uma seleção dos itens e conteúdos para cada unidade trabalhado no ano
letivo, com base em um “ determinado gênero, que seria objeto central dos
momentos de fala, de escrita, de leitura, de análise e sistematização linguística
em sala de aula.
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CAPÍTULO 3
Neste capítulo iremos fazer uma abordagem acerca do livro didático e a sua
relação no ensino da língua portuguesa fundamentado por considerações de Marcuschi
(2008), focalizando o livro didático como instrumento de trabalho no ensino de língua.
Em seguida, o capítulo enfatizará a importância dos PCNs (1998) na
transformação do livro didático na perspectiva dos gêneros.
(2002, p. 5-6), o autor da coleção analisada diz no Manual do Professor o qual ele chama de
Assessoria Pedagógica que:
O Livro didático tem por finalidade contribuir para o processo educacional. Ele é
um dos instrumentos, mas não o único, a ser utilizado nos processos de
construção do conhecimento e de desenvolvimento das habilidades do aluno-
cidadão”. “... outros instrumentos são sugeridos como: livros de leitura, páginas
da internet, trabalhos de pesquisa, realização de projetos, busca de parceiros para
a aprendizagem na sociedade, cabendo a cada comunidade escolar selecionar as
atividades possíveis e mais adequadas a sua realidade.
para o ensino dos gêneros nas séries fundamentais que os autores sugeriram para o ensino em
francês. Pois nos livros didáticos de Ana Borgatto e Ernani Terra abordam e citam em seus
manuais a sugestão dada por esses autores. Portanto, o uso do livro didático para o ensino de
língua deve ser analisado, implementado e avaliado para sua circulação, não sendo sua
produção fácil, mas um material que exige planejamento para os contextos situacionais nas
atividades desenvolvidas em sala de aula.
Quando pensamos em livro didático vemos que ele desempenha uma função
significativa na transposição didática da teoria dos gêneros. Quando lançado pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental (BRASIL,
1998), o documento mostra a importância dos textos em função das diversidades de gêneros.
Em função disso, “todo texto se organiza dentro de determinado gênero em função das
intenções comunicativas, como partes das condições de produção dos discursos, as quais
geram usos sociais que os determinam” (BRASIL, 1998, p.21).
Sendo assim os PCNs motivaram a reflexão no estudo do ensino de línguas. E
como os livros didáticos (LDs) fazem a nova transposição das “novas” teorias de ensino dos
mesmos, pois eles são um instrumento de trabalho do professor, ocorrendo que longo dos anos
houve uma nova adaptação. O professor como mediador do ensino deve mostrar que há
diversas formas de expressar nas situações, em contextos e entre os interlocutores. Então no
próximo capítulo abordará a análise dos gêneros trabalhados em livros didáticos numa
perspectiva dos PCNs.
Contudo, a análise das propostas dos PCNs numa base da teoria dos gêneros foi
um grande precursor para uma nova visão do ensino, enfatizando as diversidades dos gêneros
textuais.
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CAPITULO 4
Um gênero pode ser composto não só por um como por vários tipos de discursos
encaixados. A narração, por exemplo, aparece como tipo principal nos gêneros
romance, novela, conto. Entretanto, pode também surgir como um tipo menor ou
secundário nos gêneros enciclopédia, monografia, entre outros.
A multiplicidade de gêneros discursivos e a imprecisão quanto à sua classificação
levam os aprendizes a uma certa dificuldade para controlar as habilidades
comunicativas destinadas à produção de um gênero numa determinada situação
de comunicação.
GÊNEROS TIPOS
TIPOS
GÊNEROS
(Quadro 1)
(1) Correio na escola – Experimente o prazer de escrever cartas. Para isso, escolha uma das sugestões a
seguir. Se quiser, pode fazer adaptações de cartas já escritas, mas não deixe escaparem boas idéias!
Sugestões: Trocar cartas com colegas da turma; Trocar correspondência com colegas de outra
classe (os professores podem ajudá-lo a trocar endereços e CEP); Escrever para o pai, a mãe, os
irmãos ou os primos que morem em outra cidade; Escrever cartas para autoridades (vereadores,
diretor da casa de cultura da cidade, secretário da saúde ou da educação, diretor da escola) fazendo
alguma reivindicação. Sele e coloque a carta numa caixa do correio (ou agência). Em poucos dias
você receberá uma carta e seus colegas também.
(4) Leia a tira a seguir e observe que o cãozinho Snoopy também usa comparações para descrever a
“garota dos seus sonhos”.
E você, já tentou imaginar a “pessoa dos seus sonhos”? Faça uma pequena descrição de como essa
pessoa seria.
Na primeira atividade tem-se a imagem das pessoas que irão ser descritas pelos
alunos e em seguida serão feitas essas comparações. E já no outro exemplo tem-se uma
historinha em quadrinho que descreve “a garota dos seus sonhos”. E logo após pede-se para
que o aluno descreva a “pessoa dos seus sonhos”, já que na historinha vem mostrando a forma
de se fazer essa descrição. Podemos perceber que temos duas maneiras diferentes de
descrever alguém ou alguma coisa.
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(5) Vem logo de início uma compreensão inicial do que seja entrevista.
A entrevista esta dividida em duas partes:
a. Introdução ou abertura;
b. Perguntas e respostas.
A introdução tem dois objetivos:
Apresentar o entrevistado;
Contextualizar, situar o assunto da entrevista para o leitor.
(6) Atividade escrita: Parte A – Introdução. Com base no que é exposto na introdução, responda:
a. Quem é o entrevistado?
b. Do que se trata essa introdução?
(7) A entrevista tem a intenção de garantir uma aproximação maior entre o leitor e os fatos relatados,
trazendo o depoimento de quem está diretamente envolvido no fato que é objeto da reportagem.
A entrevista é um texto que faz a transcrição, isto é, registra por escrito um diálogo sobre
determinado assunto entre alguém que pergunta – o entrevistador – e alguém que responde – o
entrevistado.
Observe, nos textos das entrevistas a seguir:
O trecho introdutório, que tem a função de situar o leitor no contexto em que a conversa
aconteceu.
A entrevista propriamente dita que apresenta marcas especiais para orientar o leitor, como
no caso desta que vamos ler:
a. Negrito para destacar a mudança da fala do entrevistador.
b. Uso de colchetes ([ ]) para dar explicações ou informações conhecidas pelos
interlocutores, porém desconhecidas dos leitores.
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Já este livro adota um método diferente com relação ao da 8ª série, pois de início
percebemos as diferenças existente entre ambos.
O livro didático da 8ª série vem logo explicando como deve ser feita uma
entrevista, dando assim algum suporte para a produção textual dos estudantes e logo após vem
um exercício ajudando a complementar o desenvolvimento dos alunos.
Mas já no livro da 6ª série, a entrevista vem embutida dentro do gênero reportagem
dando um complemento à unidade a ser estudada, com algumas explicações e atividades
escritas que não dão muito suporte.
Então cabe aos professores não deixar de lado as atividades complementares, para
que possam dar um complemento maior para as suas atividades, explorando de maneira
explícita as questões relativas às condições de produção e circulação de textos internos e
externos.
Os exemplos a seguir estão relacionados ao gênero diálogo que encontramos
inseridos em alguns livros didáticos da 5ª, 6ª e 7ª séries: Português para todos e logo abaixo o
da 8ª série: Tudo é linguagem.
(8) Antes da entrevista concedida por Haley Joel Osment, há um texto introdutório. Nele, é possível
perceber para que público foi feita essa matéria.
a. Que público é esse?
b. No caderno, copie do texto palavras (ou informações) que comprovem sua resposta.
c. Na sua opinião, essa entrevista desperta o interesse do público ao qual se dirige? Por que?
(10) Copie o texto a seguir no caderno, eliminando as repetições por meio dos pronomes.
Época – O que os pais podem fazer para evitar os quadros de depressão?
Sandra – Desenvolver a auto-estima desde a infância. É a auto-estima que dá tranqüilidade e
segurança para enfrentar desafios e resolver desafios.
Época – Como se estimula a auto-estima?
Sandra – Incentivando a prática de esportes, atividades culturais, hobbies. Quando o jovem desiste
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do vestibular dizendo que não acha o vestibular importante ou alegando não saber o que quer, é
porque o jovem tem medo do fracasso. O adolescente nunca repete de ano; desiste antes. O
adolescente nunca perde a namorada, desiste antes também. Teme perder porque não sabe o que é
capaz de conseguir. O adolescente precisa ser bom e reconhecido por alguma coisa que faz. Se não
for pelo lado positivo, pode adotar posturas negativas a fim de agredir o mundo por meio das
posturas negativas... (...)
Época – Como superar a crise da adolescência?
Sandra – Antes de tudo, não encarar a crise da adolescência como uma crise.
(adaptado de Época, 30 ago. 2004. p. 56.)
(11) Pelo emprego da linguagem não-verbal, o leitor tem apenas a extensão do que parece ser frases.
a. Como o leitor pode saber qual a entonação a ser dada nessas frases?
b. É possível fazer uma leitura do diálogo com base nesses recursos gráficos? Explique sua
respostas.
c. Qual seria a provável intenção do autor ao construir um capítulo dessa forma?
Em alguns livros das duas coleções analisadas traz o gênero diálogo como
podemos observar nos exemplos acima, destacando as diferenças de diálogos e atividades
propostas pelas autoras. No exemplo (8) antes da entrevista concedida por Haley Joel Osment,
há um texto introdutório. Nele é possível perceber para que público foi feita essa matéria, pois
está se referindo ao público jovem. E (9) no inicio do diálogo o Palhaço convida o público a
imaginar os elementos do cenário, tendo como objetivo apresentar o lugar onde a ação vai
acontecer. Já no (10) a atividade que é proposta pela autora solicita a participação dos alunos
para eliminar as repetições que aparecem no diálogo por meio dos pronomes. No (11)
exemplo, temos um diálogo não-verbal em que o leitor tem apenas as alternância dos nomes e
a extensão do que parece ser frases.
Identificamos que o uso do gênero diálogo é abordado com mais freqüência na
coleção de Ernani Terra, no qual encontramos três livros que abordam esse gênero ajudando
assim o leitor a reconhecer os vários tipos de diálogos verbais e não-verbais existentes. Mas a
coleção de Ana Borgatto não aborda muito o gênero diálogo, pois só encontramos um
exemplo em sua coleção.
Daí pode-se perceber as diferenças encontradas entre as coleções e a forma em que
está inserido o gênero entrevista e diálogo nos livros didáticos. Vejamos agora o exemplo do
gênero cardápio que encontramos em um livro da 5ª série: Português para todos. Da coleção
Ernani Terra:
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(12)
1. Esse tipo de texto é normalmente encontrado em que locais? A quem ele se dirige? Para que ele
serve?
2. Dos itens apresentados no texto, quais você escolheria para fazer uma refeição rápida?
3. Os cardápios normalmente são divididos em seções. Por quê?
5. Você e um colega foram á lanchonete. Do cardápio, você pediu um sanduíche de presunto, um
refrigerante e um sorvete. Seu colega pediu um sanduíche de queijo, uma vitamina de frutas e uma
torta de morango. Na hora de ir embora, vocês resolveram dividir a conta. Quanto cada um
pagaria? Como essa conta poderia ser paga?
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Observamos que logo de início tem-se o gênero cardápio para que depois venha
uma atividade escrita a respeito do assunto anterior. As questões são bem elaboradas, pois
envolvem português e matemática nas suas respostas. E em outra atividade proposta pela
autora pede-se para que “forme uma dupla com um colega e represente uma cena ocorrida em
um restaurante. Um fará o papel do garçom; o outro, do freguês. O freguês pede um prato que,
no momento, o restaurante não tem. O garçom deverá sugerir um outro prato, tentando
convencer o freguês à aceita-lo”. Vimos duas propostas diferentes em que envolve os
estudantes a participar ativamente nas atividades.
Só encontramos o gênero cardápio nesta coleção de Ernani Terra, porque a outra
coleção analisada de Ana Borgatto não vem com esse gênero em sua coleção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Este trabalho teve como objetivo principal investigar o uso dos gêneros textuais
em livros didáticos de língua portuguesa, com base nas teorias acerca dos gêneros textuais.
Para isso, analisamos as coleções didáticas Tudo é linguagem (2007) e Português para todos
(2007).
Procuramos dimensionar algumas considerações teóricas, que nos trazem
significativas abordagens. Como se pode verificar, nas situações de investigações do uso dos
gêneros textuais encontrados nos livros didáticos, informações são coletadas para uma relação
lógica, teórica e metodológica. Havendo assim um relacionamento com os gêneros textuais e
o livro didático. São muitos os pontos de vista pelos quais a questão do livro didático pode ser
analisada.
Tais estudos puderam avaliar que os usos dos textos trouxeram novas abordagens
para o ensino-aprendizagem no ensino da língua portuguesa, e principalmente, uma nova
perspectiva baseada em gêneros textuais.
Nessa perspectiva, a escolha do livro didático não pode ser feita de qualquer jeito
pela escola. Ela precisa estar buscando um projeto maior de sociedade que atenda os
interesses de todos. Cabe à escola antes de escolher os livros didáticos analisar o que mais
corresponderia o aprendizado de seus alunos e qual livro estaria mais direcionado ao dia-a-dia
de nossos alunos. Os livros didáticos não são manuais a serem seguidos rigorosamente, mas
devem ser apenas mediadores de seus conhecimentos para os seus alunos. Segundo Citelli
(2005, p. 66), “o problema com tal modalização é que ficamos diante de obras que pouco ou
nada têm a ver com a realidade da maioria das crianças, refletindo quase sempre padrões de
vida de uma certa classe média que vive nos grandes centros urbanos”.
Portanto cada uma dessas críticas aponta para a necessidade de aprimoramento ou
modificação do livro, mas não se refere à necessidade de sua abolição.
A partir dos exemplos aqui citados, pode-se dizer que as coleções analisadas
abordam diferentemente cada gênero e o uso deles nos LD, em que cada autor tem um modo
diferente de trabalhar e desenvolver os conteúdos desse suporte que auxilia o professor no
decorrer dos dias em suas atividades.
Como se viu até aqui com algum detalhamento, a diversidade de gêneros presentes
nas coleções, além de enriquecer o universo do aluno e sua vivência lingüística, favorece o
desenvolvimento de sua capacidade de compreensão dos textos lidos e/ou ouvidos e promove
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REFERÊNCIA
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 16ª ed. São Paulo: Ática, 2005.
DIONISIO, A. P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M.A. Gêneros Textuais & Ensino. 2.ed.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
Livros didáticos
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BORGATTO, Ana; COSTA, Terezinha; CARVALHO, Vera. Tudo é Linguagem. 5ª. a 8ª.
séries.ed. São Paulo: Ática,2007.
TERRA, Ernani; CAVALLETE, Floriana Toscana. Português para todos. 5ª. a 8ª.séries.2.ed.
São Paulo: Scipione, 2002.