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HOMOFOBIA E VIOLÊNCIA

ANDRÉA DE CASTRO RAMOS FIALHO*1

Esta breve análise visa compreender e comentar o processo de

intolerância e violência contra aos homossexuais. Utilizei como base para
minha reflexão, o filme “Meninos não choram (Boys Dont Cry)”, filmado nos
EUA, 1999, sob a direção de Kimberly Peirce, com a atuação de Hilary Swank
como a protagonista.
O filme relata a história de uma garota homossexual que assume sua
opção sexual e escolhas, oculta suas formas femininas com roupas que a
masculinizam, de forma a enganar a maior parte das pessoas com quem
convive fazendo-se passar por homem, e se apaixona por uma garota
homossexual com quem se relaciona. Porém, a sua verdadeira identidade
sexual é revelada e sofre com uma onda de preconceito e a violência pela
cidade, sendo afinal, assassinada.
O debate a respeito das diferenças em favor da construção de uma
sociedade mais igualitária já faz arte da pauta de discussões para alguns
segmentos sociais em muitos países, porém, não é homogêneo.
Para muitos jovens inseguros assumirem a sua própria sexualidade
homossexual ainda é uma atitude muito corajosa nos dias atuais. Muitas das
dificuldades encontradas se referem às representações sociais, como a
homossexualidade se apresenta e, o mais importante, como são vistos e suas
conseqüências. Para reflexão, deve-se considerar o significado social da
homossexualidade no senso comum estabelecido pela sociedade,
representado pelos conceitos. As representações são constituídas nos grupos
sociais, nas trocas de idéias e informações, nas visões de mundo, nas crenças.
Nesse cotidiano, os conceitos vão sendo aceitos, naturalizados e
estabelecidos, apesar de serem somente representações. Esse processo gera
muitos preconceitos, estigmas e exclusões.

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Graduanda em Serviço Social – UFF
Gênero e Questão Social – Profª Letícia
Turma Sexta/ Tarde
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A etimologia da palavra homofobia se dá pelo prefixo homo, derivado do

grego, que significa “mesmo”, e pelo sufixo fobia, que significa “medo mórbido
e aversão”. Assim, a palavra homofobia se traduz em “medo mórbido em
relação aos homossexuais” *2.
Quando a violência é discutida como fator de ameaça à vida, devem-se
discutir os conceitos que podem gerar esta violência, tais como, o estigma, a
exclusão, a ironia, a indiferença, o preconceito. A violência já ocorre na
construção, aceitação pelo senso comum e divulgação do preconceito e
estigma aos homossexuais. Desse modo, se torna necessário e imprescindível
compreender a significação de*3:

Estigma – Cicatriz, sinal;

Estigmatizar – Marcar como estigma, censurar, condenar;
Preconceito – Idéia preconcebida, suspeita, intolerância, aversão a outras
raças, credos, religiões, etc;
Preconceituoso – Adjetivo designado a pessoas que possuem
preconceitos.

Assim, as características e representações que “justificam” o estigma são

previamente pensadas, com praticamente nenhuma análise crítica. O
preconceito é implacável ao ser exposto para discussão e debate
fundamentado. Existem várias situações em que a discriminação vai além do
discurso. As sociedades que naturalizam preconceitos e estigmas, promovem e
naturalizam atitudes violentas. Por conseqüência, essa construção e
naturalização se tornam o início da violência.
A violência não se estabelece apenas no plano físico, apesar de se
tornar mais evidente nesse plano. Quando constatados comportamentos como
ironia, omissão e indiferença, as punições e restrições não se aplicam como
nos comportamentos de violência física. Portanto, essa violência psicológica e

2
O Minidicionário do Aurélio com edição em 2004, não apresenta o registro da palavra homofobia para
consulta do significado.
3
Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, 1990 – 1989
Miniaurélio: o minidicionário da língua português/ Aurélio Buarque de Holanda Ferreira;
coordenação de edição Margarida dos Anjos, Marina Baird Ferreira; equipe de lexicografia Margarida
dos Anjos... [et al.]. – 6. ed. Ver. Atualiz. – Curitiba: Positivo, 2004.
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emocional surte efeitos tão devastadores quanto os efeitos causados pelas

armas que ferem o corpo. Isso se dá porque a violência psicológica atinge a
auto-estima. Os prejuízos provocados pela homofobia se manifestam de forma
internalizada – baixa auto-estima e falta de identidade sexual, social, cultural e
política. E de forma externa – desinformação, violência, descriminação,
preconceito.
A superação dos preconceitos contribui para a luta de inclusão e
respeito à vida, vinculados a valores, direitos e deveres que reafirmam a
condição de SER humano e cidadão. As novas definições e conceitos por uma
sociedade mais consciente em suas relações sociais exigem posturas de
aceitação da pluralidade que se traduz em aceitar as diferenças e as
especificidades, pois, os indivíduos são singulares e possuem características
únicas. Na Constituição Federal Brasileira de 1988, ficou estabelecida a
equiparação de direitos entre TODOS os cidadãos brasileiros.
Mesmo com os avanços nas lutas por dignidade e conquista de direitos,
a predominância do preconceito aos homossexuais é uma consciência coletiva
na cultura de diversos países. Ainda é preciso avançar mais para que os
homosexuais conquistem as mesmas oportunidades, tolerância e respeito por
sua opção sexual.

Niterói, Setembro de 2010