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Bem-estar
Varian, cap. 33
Microeconomia III
Departamento de Economia – UFF
Programa
1. Escolha social: como agregar preferências
individuais?
2. Métodos para agregar preferências
3. Funções de bem-estar social
4. Conjunto (e fronteira) de possibilidades de utilidade
5. Ótimo social e eficiência
6. Equidade como “ausência de inveja”
– Eventualmente:
7. Panorama de funções de bem-estar social
8. Limites da abordagem “welfarista” (ou “bem-
estarista”) e abordagens alternativas
2
Escolha social
Indivíduos têm preferências diferentes
acerca de distintos estados econômicos
Como as preferências individuais
podem ser “agregadas” numa
preferência social?
Neste capítulo, vamos definir
preferências sociais ou coletivas
3
Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Sejam indivíduos racionais, tais que suas
preferências sejam transitivas:
– Se o indivíduo prefere x a y, e y a z, então
ele prefere x a z
Vamos imaginar 3 indivíduos, que têm
preferências transitivas sobre três
alternativas
4
Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Confronto
entre situações
João Maria José duas a duas,
1a opção A B C com voto
majoritário
2a opção B C A
Entre A e B,
3a opção C A B qual situação
venceria?
5
Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Entre A e B,
qual situação
João Maria José venceria?
1a opção A B C – Situação A
2a opção B C A venceria
com 2/3 dos
3a opção C A B votos!
E entre B e C?
6
Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Entre A e B, qual
situação
venceria?
João Maria José
– Situação A
1a opção A B C venceria com
2/3 dos votos!
2a opção B C A E entre B e C?
3a opção C A B – Situação B
venceria com
2/3 dos votos!
E entre A e C?
7
Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Entre A e B, qual
Situação venceria?
– Situação A
João Maria José venceria com 2/3
dos votos!
1a opção A B C E entre B e C?
– Situação B
2a opção B C A venceria com 2/3
dos votos!
3a opção C A B E entre A e C?
– Situação C
venceria com 2/3
dos votos!
8
Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Portanto,A > B > C > A…
Há um ciclo, um ordenamento intransitivo
Qualquer que seja a situação escolhida,
sempre haverá outra situação preferida
Quando agregadas, preferências
individuais racionais (transitivas) não
conduzem necessariamente a uma
escolha coletiva racional (transitiva)
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Agregação das preferências e o
paradoxo de Condorcet
Portanto,A > B > C > A…
Há um ciclo, um ordenamento intransitivo
Qualquer que seja a situação escolhida,
sempre haverá outra situação preferida
Quando agregadas, preferências
individuais racionais (transitivas) não
conduzem necessariamente a uma
escolha coletiva racional (transitiva)
10
Votação com escala ordinal
Situação com soma
Bill Bertha Bob mais baixa vence
11
Votação com escala ordinal
Situação com soma
Bill Bertha Bob mais baixa vence
soma de x = 6
x(1) y(1) z(1) soma de y = 6
soma de z = 6
y(2) z(2) x(2)
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Votação com escala ordinal
Situação com soma
Bill Bertha Bob mais baixa vence
soma de x = 6
x(1) y(1) z(1) soma de y = 6
soma de z = 6
y(2) z(2) x(2) Nenhuma situação é
selecionada
z(3) x(3) y(3) Votação com escala
ordinal é inconclusiva
neste caso
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Manipulação de preferências
Piordo que tais problemas é que…
…tanto com voto majoritário, como com
votação como escala ordinal, os
resultados finais podem ser
manipulados pelos agentes…
14
Manipulação de preferências
Diretoria de empresa se reúne para
escolher os planos para o ano seguinte:
– Construção de nova fábrica: “Investir”
– Ampliação de fábrica já existente: “Ampliar”
– Aplicação de recursos no mercado financeiro:
“Aplicar”
Decide-se que a votação terá dois turnos:
– Investir x Ampliar
– Vencedor do 1° turno x Aplicar
15
Manipulação de preferências
Tabela descreve
Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
preferências dos
diretores
Investir Aplicar Ampliar Ex: Diretor 1 prefere
investir a aplicar, e
prefere aplicar a
Aplicar Investir Investir
ampliar
16
Manipulação de preferências
Entre “Investir” e
“Ampliar”, quais são Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
as escolhas?
Investir Aplicar Ampliar
17
Manipulação de preferências
Entre “Investir” e
“Ampliar”, quais são Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
as escolhas?
– “Investir” vence o 1° Investir Aplicar Ampliar
turno
O que ocorre no 2°
turno? Aplicar Investir Investir
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Manipulação de preferências
Entre “Investir” e
“Ampliar”, quais são Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
as escolhas?
– “Investir” vence o 1°
turno Investir Aplicar Ampliar
O que ocorre no 2°
turno?
Aplicar Investir Investir
– “Investir” vence o 2°
turno também
Ampliar Ampliar Aplicar
19
Manipulação de preferências
Diretor 2 decide
jogar Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
estrategicamente
Investir Aplicar Ampliar
20
Manipulação de preferências
Diretor 2 joga Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
estrategicamente
– Vota na sua 3a
opção (“Ampliar”) no Investir Aplicar Ampliar
1° turno, que vence
por 2x1
Aplicar Investir Investir
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Manipulação de preferências
Diretor
2 joga Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
estrategicamente
– Vota na sua 3a
Investir Aplicar Ampliar
opção (“Ampliar”)
no 1° turno, que
vence por 2x1
Aplicar Investir Investir
– No 2° turno, vota
em “Aplicar”…
– … que vence! Ampliar Ampliar Aplicar
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Manipulação de preferências
Como votaria cada Diretor 1 Diretor 2 Diretor 3
Diretor se agisse
estrategicamente a fim
de ver sua 1a opção Investir Aplicar Ampliar
vencer no 2° turno?
Diretores 1 e 3 têm
alguma opção? O que Aplicar Investir Investir
vão tentar alterar?
A ordem da
Ampliar Ampliar Aplicar
votação!!!
23
Manipulação de preferências
Bill Bertha Bob Preferências
verdadeiras;
x(1) y(1) z(1)
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Manipulação de preferências
Bill Bertha Bob Preferências
verdadeiras;
x(1) y(1) z(1) Bob introduz nova
alternativa
y(2) z(2) x(2)
Abordagem “axiomática”
1. Definem-se axiomas ou propriedades
matemáticas desejáveis
2. Procura-se uma agregação (ou
solução) que respeite estes axiomas
(Existe ampla literatura sobre escolha
social com abordagem axiomática)
28
Propriedades desejáveis de votações
1. Dado um conjunto completo, reflexivo e
transitivo de preferências individuais, o
mecanismo de decisão social deveria resultar
em preferências sociais que satisfizessem as
mesmas propriedades
2. Se todos preferissem a alternativa x à
alternativa y, as preferências sociais deveriam
classificar x à frente de y
3. As preferências entre x e y deveriam depender
apenas de como as pessoas classificam x em
relação a y, e não de como classificam outras
possíveis alternativas
29
Propriedades desejáveis de
votações
Teorema da impossibilidade de
Kenneth Arrow: o único mecanismo de
decisão social que satisfaz as
propriedades 1, 2 e 3 é uma ditadura; a
ordenação social tem de ser dada por
um único indivíduo
Significado? Implicação? O que fazer?
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Propriedades desejáveis de
votações
Teorema da impossibilidade de
Kenneth Arrow: o único mecanismo de
decisão social que satisfaz as
propriedades 1, 2 e 3 é uma ditadura
Significado?: não há forma
(matemática) perfeita de tomar
decisões sociais, nem de agregar as
preferências individuais para construir
uma preferência social
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Propriedades desejáveis de
votações
Teorema da impossibilidade de
Kenneth Arrow: o único mecanismo de
decisão social que satisfaz as
propriedades 1, 2 e 3 é uma ditadura
Implicação?: preferência social não-
ditatorial requer abandonar ao menos
uma das propriedades 1, 2 ou 3
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Propriedades desejáveis de
votações
Teorema da impossibilidade de
Kenneth Arrow: o único mecanismo de
decisão social que satisfaz as
propriedades 1, 2 e 3 é uma ditadura
O que fazer?: abrir mão de alguma das
propriedades
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Propriedades desejáveis de votações
1. Dado um conjunto completo, reflexivo e
transitivo de preferências individuais, o
mecanismo de decisão social deveria resultar
em preferências sociais que satisfizessem as
mesmas propriedades
2. Se todos preferissem a alternativa x à
alternativa y, as preferências sociais deveriam
classificar x à frente de y
3. As preferências entre x e y deveriam depender
apenas de como as pessoas classificam x em
relação a y, e não de como classificam as
outras alternativas
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Funções de bem-estar social
1. Dado um conjunto completo, reflexivo e
transitivo de preferências individuais, o
mecanismo de decisão social deveria resultar
em preferências sociais que satisfizessem as
mesmas propriedades
2. Se todos preferissem a alternativa x à
alternativa y, as preferências sociais deveriam
classificar x à frente de y
Há inúmeras formas de agregar
preferências, se impusermos
apenas as propriedades 1 e 2
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Funções de bem-estar social
Desejamos agregar preferências individuais a fim
de comparar duas alocações de utilidades (x e y)
Uma forma é comparar as somas das utilidades
individuais em cada alocação, onde n é o
número de pessoas da sociedade:
n n
u ( x ) u ( y )
i 1
i
i 1
i
36
Funções de bem-estar social
Uma restrição razoável que se pode estabelecer com
relação à função de bem-estar agregada é que ela
seja crescente na utilidade de cada indivíduo
– Com isso asseguramos que, se todos preferirem x
a y, as preferências sociais (chamadas de W)
classificarão x como mais desejado do que y
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Funções de bem-estar social
ui(x) é a utilidade do indivíduo
derivada de uma alocação x
Utilitarista clássica (soma simples):
n
W (ui ,..., un ) ui ( x)
i 1
Utilitarista
generalizada (ponderada):
Pesos indicam juízo de valor
n
W aiui ( x), com ai 0
i 1
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Funções de bem-estar social
ui(x) é a utilidade do indivíduo derivada de
uma alocação x
Maximin: W min{ u ( x ),, u ( x )}.
1 n
Bem-estar da sociedade depende apenas do
bem-estar do agente com menor utilidade
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Funções de bem-estar social
Suponha agora que o bem-estar social
dependa apenas das alocações
individuais (uma nova restrição)
Ou seja, a utilidade individual passa a
ser ui(xi), ao invés de ui(x)
O bem-estar social agora é dado por:
W f ( u1 ( x1 ),, un ( xn ))
40
Funções de bem-estar social
W f ( u1 ( x1 ),, un ( xn ))
Função de bem-estar individualista ou de
Bergson-Samuelson
A função de bem-estar social é agora uma
função direta dos níveis de utilidade
individuais (e indireta das cestas de consumo
individuais)
Não há externalidades: só meu próprio nível
de consumo importa para a minha utilidade
– (Uma das condições para validade do teorema do
bem-estar dos capítulos anteriores) 41
Ótimo social e eficiência
Para ser socialmente ótima, uma
alocação deverá ser eficiente no sentido
de Pareto
– Por que?
Se não for eficiente no sentido de
Pareto, então a utilidade de alguém
poderá aumentar sem que haja redução
da utilidade de outra pessoa
42
Possibilidades de utilidade
uB
OB
0
0 uA
OA
43
Possibilidades de utilidade
uA
uB
OB
0
0 uA uA
OA
44
Possibilidades de utilidade
uA
uB
OB uB
0
0 uA uA
OA
uB
45
Possibilidades de utilidade
uA
uB
OB uB
uB
uA 0
0 uA uA uA
uB
OA
uB
46
Possibilidades de utilidade
uA
uB
OB uB
uB
uB
uB
uA 0
0 uA uA uA
uB
OA
uB
47
Possibilidades de utilidade
uA
uB
OB uB
uB
uB
uB
uA 0
0 uA uA uA
uB
OA
uB
48
Possibilidades de utilidade
uA Fronteira de
uB possibilidades de
OB uB utilidade
uB
uA 0
0 uA uA
uB
OA
uB
49
Possibilidades de utilidade
uA Fronteira de
uB possibilidades de
OB uB utilidade
uB
uA 0
0 uA uA
uB
OA Conjunto de possibili-
dades de utilidade
uB
50
Ótimo social e eficiência
uB
A fronteira de possibilidades de
utilidade é composta pelo conjunto
de pares de utilidade eficientes
(pontos da curva de
contrato)
uA
51
16.3 EQUITY AND EFFICIENCY
Chapter 16: Information, Market Failure, and the Role of Government
Competitive Equilibrium
Copyright © 2009 Pearson Education, Inc. Publishing as Prentice Hall • Microeconomics • Pindyck/Rubinfeld, 7e. 52 of 37
Ótimo social e eficiência
uB A fronteira de possibilidades de
utilidade é o conjunto de pares de
utilidade eficientes
Curvas de
indiferença
sociais (ou
“iso-bem-estar”)
uA
53
Ótimo social e eficiência
uB
Bem-estar social maior
Curvas de
indiferença
sociais
uA
54
Ótimo social e eficiência
uB
Bem-estar social maior
Curvas de
indiferença
sociais
uA
55
Ótimo social e eficiência
uB
Ótimo social
Curvas de
indiferença
sociais
uA
56
Ótimo social e eficiência
uB
Curvas de
indiferença
sociais
uA
57
Equidade como ausência de inveja
58
Equidade como ausência de inveja
59
Equidade como ausência de inveja
60
Equidade como ausência de inveja
3 agentes, com mesmas dotações iniciais
Agentes A e B têm as mesmas preferências.
A do agente C é diferente
Suponha que somente os agentes B e C
façam trocas (portanto, trocas não são feitas
em mercado competitivo)
o agente B alcançará uma cesta mais
desejada do que a inicial
Necessariamente, o agente A invejará o
agente B alocação “injusta”
61
Equidade como ausência de inveja
62
Equidade como ausência de inveja
A dotação de cada um é ( 1 , 2 ).
Cestas pós-trocas são
A A e B B
( x1 , x2 ) ( x1 , x2 ).
A A
Então: p1 x1 p2 x2 p1 1 p2 2
63
Equidade como ausência de inveja
Suponha que o agente A inveje o agente B
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Equidade como ausência de inveja
B B A B
p1x1 p2 x2 p1x1 p2 x2
p1 1 p2 2 .
Contradição!!! No início, supusemos que A e
B começavam com a mesma cesta!
Se A não puder pagar pela cesta B, então B
também não terá condições de pagar!
É impossível que A inveje B
65
Equidade como ausência de inveja
Isto prova: se a dotação de todos os
agentes for idêntica, então trocas em
mercado competitivo resultam numa
“alocação justa”
– (Onde uma “alocação justa” é
definida como sendo,
simultaneamente, eficiente (Pareto) e
isenta de inveja)
66
Equidade como ausência de inveja
1 OB
2 2
OA 1
Dotações igualitárias
67
Equidade como ausência de inveja
1 OB
Preços dados
Decl. p1 e p2
= -p1/p2
2 2
OA 1
68
Equidade como ausência de inveja
1 OB
Preços dados
Decl. p1 e p2
= -p1/p2
2 2
OA 1
69
Equidade como ausência de inveja
1 OB
2 2
Alocação
pós-trocas:
é justa?
OA 1
70
Equidade como ausência de inveja
1 OB
Inverta as alo-
cações pós-
troca de A e B
2 2
Alocação
pós-trocas:
é justa?
OA 1
71
Equidade como ausência de inveja
1 OB A não
inveja a
Inverta as alo-
alocação
cações pós-
pós-trocas
troca de A e B
de B
2 2
Alocação B não
pós-trocas: inveja a
é justa? alocação
OA 1 pós-trocas
de A
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Equidade como ausência de inveja
1 OB Alocação
Inverta as alo- pós-trocas
cações pós- é eficiente
troca de A e B (Pareto) e
2 2 isenta de
Alocação inveja,
pós-trocas: sendo
é justa? assim
OA 1 “justa”
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