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Caro estudante
O objetivo do curso é colocar o aluno em contato com os conceitos básicos das Finanças e
Orçamentos, que é de grande importância para a formação do profissional. Portanto, o material que
você está recebendo se refere à disciplina Finanças e Orçamentos Públicos. Este conteúdo servirá
para você entender e orientar seus estudos sobre as receitas e despesas do setor público e seus
mecanismos de controle e avaliação. O estudo das finanças publicas ganhou notoriedade nas últimas
décadas no Brasil, para tanto, foi necessário a modernização da nossa legislação, para dar suporte às
transformação que vem ocorrendo no setor das contas públicas do nosso país. Abordaremos nesta
disciplina os aspectos: o setor público da economia, as receitas e despesas o déficit público e o
mecanismo de controle do orçamento e a evolução do orçamento no Brasil. Este conteúdo é dirigido
aos estudantes e futuro profissionais, pois possibilita o entendimento das principais questões
relacionados as Finanças Públicas do nosso tempo. Valorize os objetivos e os pré-requisitos, procure
alcançá-los. Realize as atividades com bastante interesse, procurando entender as teorias. Além
desses textos, estude o tema pelo menos em um dos livros-texto indicados no plano de ensino.
Tenha o hábito de ler sobre Finanças em jornais e revistas. Essas leituras ajudam você relacionar as
finanças a sua experiência de vida.
Bom aproveitamento em seus estudos.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Compreender as principais funções do setor público;
Diferenciar contabilidade social e determinação da renda nacional;
Demonstrar a diferença entre Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB).
Pré-requisitos
É importante que você pesquise sobre macroeconomia em livros relacionados aos temas de
contabilidade social, que abordam o Produto Nacional Bruto (PNB), o Produto Interno Bruto (PIB), os
tipos de economia e seus agentes econômicos, bem como sobre determinação da renda e do produto
nacional.
Esses conteúdos irão melhorar o seu entendimento sobre esta aula.
1 – INTRODUÇÃO
A renda de uma família consiste na soma das rendas do trabalho e da propriedade, sendo que a
parte mais representativa da renda é a proveniente do trabalho. A distribuição das rendas do trabalho
depende da produtividade da mão-de-obra e da utilização dos demais fatores de produção do
mercado. Assim, se deixar o mercado funcionar livremente, tem-se uma distribuição de renda que
dependerá da produtividade de cada indivíduo no mercado de fatores, mas que sofrerá a influência
das diferentes dotações iniciais de patrimônio.
O governo funciona como um agente redistribuidor de renda, na medida em que, pela
tributação, retira recursos dos segmentos mais ricos da sociedade (pessoas, setores ou regiões) e os
transfere para segmentos menos favorecidos.
A distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura tarifária
progressiva, em que os indivíduos mais ricos pagam uma alíquota maior de impostos. Ainda, a
redistribuição pode ser feita combinando impostos sobre os produtos adquiridos por pessoas ricas
com subsídios para produtos comprados por consumidores de baixa renda.
Quanto à distribuição setorial ou regional, o instrumental governamental mais adequado seria
uma política de gastos públicos e subsídios direcionados para setores e as áreas mais pobres.
Para que o Estado cumpra suas funções com a sociedade, ele obtém recursos por meio da
arrecadação tributária, que compõe sua receita fiscal. Há uma série de princípios que a teoria da
tributação deve seguir, mas dois são fundamentais: o principio da neutralidade e o principio da
equidade.
O princípio da neutralidade roga que as decisões de produção (quais bens e serviços serão
produzidos, como será realizado esse fornecimento, qual o montante a ser confeccionado, em que
região o empreendimento ocorrerá) não devem ser afetadas pela regra de tributação. Todavia, na
prática e nos exemplos abaixo assinalados, veremos que os empresários, invariavelmente, levam em
consideração na prospecção de um empreendimento (instalação de uma nova fábrica, ampliação do
estabelecimento já existente etc) o vetor tributário. Em termos matemáticos, dizemos que o vetor
tributário está incluído na equação de rentabilidade da empresa. A política tributária pode induzir a
produção de um determinado bem/serviço em detrimento de um substituto próximo. No caso de
combustíveis, por exemplo, caso a tributação sobre o biodiesel seja inferior que a observada na
gasolina, a ponto de afetar significativamente o preço ao consumidor, a decisão quanto ao montante a
ser oferecido ao mercado será afetada.
De modo análogo, a conhecida e famosa guerra fiscal, que assolava a economia doméstica
nacional, sobretudo nos anos 90, permitia a concessão de um benefício (renúncia) tributário de alguns
tributos de competência estadual (ICMS) e municipal (ISS), buscando a atração do empreendimento
para aquele local que promoveu a renúncia. Dessa forma, o empresário pode promover a realocação
da planta industrial com objetivo único de aumentar o retorno do capital com base no incentivo fiscal.
A grande falha do sistema tributário atual reside no fato de que a rígida distribuição de
competências entre as unidades políticas, aumentando seu grau de autonomia, não foi acompanhada
de uma política fiscal apropriada e, muito menos, de uma política de desenvolvimento nacional.
Agravada a situação pela crise do setor público incapaz de honrar seus compromissos, fez surgir entre
as Unidades uma busca desenfreada de receitas a que se denominou "guerra fiscal".
Os defensores dos incentivos fiscais, especialmente nos meios empresariais, geralmente
sustentam que os incentivos estimulam o investimento. Afirmam que a oferta de incentivos corretos
aumenta o investimento na economia gerado no próprio país e acrescido dos fluxos de investimento
estrangeiro. Por outro lado, argumentam que, com a livre mobilidade de capitais, o país que não
igualar os incentivos oferecidos pelos países vizinhos estará sujeito à fuga de capitais, pois os
investidores procuram as áreas que oferecem a melhor rentabilidade liquida de impostos. Embora
contenham alguns elementos válidos, esses argumentos tendem a enfocar apenas uma pequena parte
do cenário em que as decisões sobre investimento são tomadas.
Estabilidade econômica e política, apoiada por infra-estrutura adequada, uma força de trabalho
inexplorada mas passível de ser treinada e recursos naturais, são razões talvez até mais importantes
para os investidores. Afora esses fatores alguns investidores também acreditam que um sistema
tributário bem administrado, de alíquotas baixas, que seja confiável e simples, apresenta atratividade
ainda maior do que incentivos fiscais.
Do ponto de vista da eficiência, ao favorecerem uma forma de atividade econômica em
detrimento de outra, os incentivos fiscais distorcem os preços relativos e, portanto, distribuem mal os
recursos. Nesse aspecto, os incentivos fiscais podem ser considerados injustos, porque concedem
tratamento preferencial a setores específicos. Também comprometem o senso de justiça, porque
alguns setores pagariam impostos mais elevados para a arrecadação de um dado nível de receita.
Finalmente, os incentivos fiscais ameaçam a simplicidade da administração tributária aumentando os
custos da fiscalização. A isenção fiscal temporária erode a base tributária. A questão da erosão da
base é potencialmente mais grave do que a simples renúncia direta de receita. Como acontece com
freqüência nos países em desenvolvimento, uma empresa isenta de impostos pode fazer parte de um
grupo maior de empresas que não são isentas.
Por intermédio de fixação de preços de transferência nas transações entre as empresas do
grupo, é fácil deslocar a renda das empresas lucrativas, mas tributáveis, do grupo para as empresas
isentas. Portanto, conceder a isenção de impostos a uma única empresa pode erodir a base tributária
mais do que parece à primeira vista, dada a dificuldade de coibir esse tipo de abuso.
A isenção fiscal temporária estimula os investimentos de curto prazo, que são os mais
beneficiados com este tipo de incentivo. O investimento de longo prazo só se beneficia plenamente
quando a isenção fiscal é renovável. Em resumo, como a isenção fiscal temporária corrói a base
tributária, cria a oportunidade para o planejamento fiscal, aumenta os custos da fiscalização e tende a
beneficiar apenas os investimentos que já são lucrativos e/ou de curta duração, convém não
superestimar seu valor como opção de política para estimular o investimento.
A falta de um planejamento que visasse compatibilizar maior e melhor arrecadação com
desenvolvimento, nacional e regional, fizeram surgir incentivos fiscais, isenções e deduções sem o
mínimo critério legal a ponto de, muitas vezes, Estados e Municípios passarem de credores a
devedores dos contribuintes. Essa disfunção de políticas, inexistência de integração e cooperação
entre as administrações tributárias e a inversão de papéis entre entidades tributantes e contribuintes
tem comprometido, e muito, o atual sistema tributário.
Cabe aqui repensar que, ainda que o foco não seja a eficiência econômica, pode-se observar a
tributação afetando o comportamento microeconômico em decisões de caráter eminentemente
pessoal, como o casamento e a constituição de famílias (entenda-se geração de filhos).
Em conformidade com a incidência do imposto de renda (IRPF) sobre os valores das rendas
consideradas individualmente ou tomadas em conjunto, pode haver estímulo financeiro-tributário à
constituição formal de família. E se, além disso, o gestor governamental (via legislador) for generoso
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nas deduções associadas aos gastos com dependentes, poderá haver incentivo à constituição de
famílias maiores do que aquelas que seriam constituídas na ausência do benefício fiscal.
Em suma, o princípio da neutralidade pode ser entendido como a imposição de tributos de forma
tal que a conduta dos agentes econômicos face às decisões de consumo, produção e poupança fiquem
inalteradas. Quando se aplica fielmente esse corolário, dizemos que a tributação é eficiente ou ótima,
no sentido de Pareto.
Em sentido bastante amplo e generalizado, eqüidade significa justiça, mas esta implica
necessariamente um juízo de valor. Dar-se-á ênfase à relevância operacional, e não aos fundamentos
filosóficos, de uns poucos aspectos importantes da eqüidade que devem ser levados em conta ao se
formular a política tributária. A equidade horizontal determina que pessoas iguais devem receber
tratamento tributário idêntico enquanto que a equidade vertical estipula que pessoas diferentes
devem ser alvo de tratamento tributário diferenciado. As noções de que a equidade exige igual
sacrifício para todos e de que a igualdade de sacrifício exige que se cobrem mais impostos dos ricos
são distintas. A noção de igual sacrifício decorre de um julgamento ético enquanto a idéia de mais
impostos para os ricos se sustenta na crença que a renda está ancorada na lei de utilidade marginal
decrescente e que sua utilidade é comparável entre pessoas. Para a condução prática do princípio da
equidade, faz-se necessário que se estabeleça dois subprincípios ou como são comumente conhecidos
critérios de classificação, a saber:
O ordenamento jurídico de uma nação é sempre elaborado com o intuito de buscar a justiça
social através da atenuação das desigualdades que porventura existam. Na maioria das vezes, com
raríssimas exceções, a desigualdade mais latente ocorre no que diz respeito à distribuição de
riquezas.
A desigualdade no campo da distribuição de rendas gera um grande problema no que diz
respeito ao Direito Tributário. O legislador não pode instituir tributos da mesma intensidade a todos
os cidadãos sob pena de levar aqueles que têm pouco à ruína total. Para a solução desse empecilho,
o legislador, ao elaborar a norma tributante, deve observar uma série de princípios, dentre eles o
princípio da capacidade contributiva.
O princípio da capacidade contributiva nada mais é do que um corolário do princípio da
igualdade. Está expressamente disposto no art. 145, § 1º da Constituição Federal de 1988:
"Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte [...]".
A norma constitucional é clara. De forma técnica, ela prevê que quem, em termos econômicos,
possui mais deve pagar, proporcionalmente, mais imposto do que quem tem pouco. Entretanto, para
que tal assertiva seja devidamente cumprida, o princípio da capacidade contributiva remete-nos à
idéia de progressividade, que alguns classificam como princípio informativo do Direito Tributário e
também corolário do princípio da igualdade.
Ora, nada mais justo e preciso para atender ao princípio da capacidade contributiva do que
fazer com que aqueles que têm mais paguem impostos com alíquotas progressivamente maiores
daqueles que têm menos, de forma que o seu sacrifício econômico seja proporcionalmente maior.
O princípio da capacidade contributiva representa uma concepção alternativa ao princípio do
benefício segundo a qual se deve tributar os indivíduos em razão de sua capacidade de suportar o
ônus tributário. Evidentemente, este princípio também é compatível com a eqüidade horizontal e
vertical e, ao mesmo tempo, rompe o vínculo entre a política tributária e a de gastos públicos. A
capacidade contributiva ou capacidade de pagamento postula que a capacidade é medida através dos
fluxos de renda, estoque de riqueza ou nível de consumo (gastos). Sobre a renda, vale mencionar a
renda líquida após o pagamento dos impostos, uma vez que as margens de isenção são compatíveis
com a noção de subsistência e reprodução das unidades familiares de sorte que os gastos aqui
realizados não atestam capacidade de pagamento. Sobre a riqueza, vale demonstrar que o conjunto
de ativos adquiridos ao longo da vida denota uma capacidade mais volumosa de arcar com a carga
tributária. Já sobre o nível de consumo de um agente, sabemos que o mesmo é função estável da
renda, tornando-se uma medida indireta do próprio fluxo de renda. Em conformidade com tal
princípio, todo agente deve contribuir com sua parcela no custo total da oferta de bens públicos puros
em proporção equivalente à sua capacidade de pagamento. Em outros termos, agentes com
capacidades iguais devem contribuir com montantes idênticos ao passo que agentes distintos
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contribuem com quantitativos diferentes. Surgem, então, os conceitos de equidade horizontal e
equidade vertical. Equidade horizontal impõe tratamento igual para indivíduos iguais. O entendimento
aqui é o seguinte: contribuintes com mesma capacidade de pagamento devem arcar com o mesmo
ônus tributário. É um dos princípios mais basilares da tributação. Equidade vertical, por sua vez,
impõe desigual tratamento para indivíduos distintos no sentido que agentes com maior capacidade de
suportar o ônus tributário paguem mais impostos que aqueles com capacidade inferior.
O imposto sobre a renda da pessoa física é, indiscutivelmente, aquele que mais onera o
contribuinte de forma direta, uma vez que ele tem caráter personalíssimo.
Dessa maneira, tal imposto, em teoria, teria maior capacidade de cumprir o disposto no já
citado art. 145, § 1º da Constituição Federal, promovendo uma tributação progressivamente maior
naqueles economicamente mais abastados e uma menor tributação igualmente progressiva naqueles
que pouco tem, alcançado assim a tão desejada justiça fiscal.
No entanto, no que tange à aplicação do princípio da capacidade contributiva ao imposto sobre
a renda a teoria anda muito distante do que realmente é feito na prática. Explico o porquê.
Atualmente, o imposto sobre a renda da pessoa física possui duas alíquotas e uma faixa de
isenção. Aqueles que percebem rendimentos de até R$ 1.164,00 mensais estão isentos de recolher o
referido imposto. Já os que percebem entre R$ 1.164,01 e R$ 2.326,00 mensais estão sujeitos a uma
alíquota de 15%. Os que percebem rendimentos maiores que R$ 2.326,00 mensais estão submetidos
à alíquota mais alta, de 27,5%.
Não obstante a intenção do legislador em promover a justiça social e alcançar o pleno
cumprimento do disposto no supracitado art. 145, § 1º da CF/88, a instituição de apenas duas
alíquotas aplicáveis ao imposto sobre a renda acabou tendo efeito contrário. Da maneira como fez, o
legislador pátrio considerou a existência de apenas duas qualidades de contribuintes em um país de
dimensões tão grandes e de conhecida disparidade social, violando assim, sobremaneira, o princípio
da capacidade contributiva.
Tomemos um exemplo prático para melhor ilustrar a questão: Na visão do legislador, aquele
quem percebe R$ 3.000,00 mensais deve pagar, proporcionalmente, a mesma quantidade de imposto
sobre a renda de quem percebe R$ 30.000,00. Nessa situação, considerando hipoteticamente o
recolhimento mensal dos valores devidos a título de imposto sobre a renda da pessoa física, o
primeiro recolheria periodicamente aos cofres públicos a quantia de R$ 825,00 e o segundo recolheria
R$ 8.250,00. Todavia, o sacrifício econômico daquele que ganha R$ 3.000,00 mensais é infinitamente
maior, já que restariam a ele R$ 2.175,00 para promover o seu sustento enquanto ao outro
sobrariam confortáveis R$ 21.750,00.
O legislador, obviamente, esqueceu-se de aplicar a progressividade, em seu sentido mais óbvio,
no que tange as alíquotas a serem aplicadas ao imposto de renda. E sem o devido respeito à
progressividade das alíquotas é impossível o respeito ao princípio da capacidade contributiva.
O Código Tributário Nacional postula em conformidade com o artigo 3º que tributo é toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada. Por prestação pecuniária, cabe o entendimento que o tributo é pago em dinheiro, ou seja,
a lei visa garantir ao Estado os recursos financeiros para custear suas despesas correntes e de
capital. E, por compulsória, vale o registro do pagamento do tributo independer da vontade do
contribuinte, se originando direto da lei. Já sobre a expressão “que não constitua sanção de ato
ilícito”, queremos dizer que a incidência do tributo se constitui sempre em um ato lícito, isto é, tributo
não é penalidade. Não importa aqui a maneira como ocorreu o fato gerador. Cabe ainda registrar que
o tributo deve ser instituído por lei, ou seja, só a lei pode criar um tributo. É a consagração do
Princípio da Legalidade, art. 150, inciso I, da Constituição Federal, que roga que nenhum tributo será
exigido sem que a lei o estabeleça. E, finalmente, a cobrança deve ser feita mediante atividade
administrativa plenamente vinculada, exigindo que a lei tributária seja exaustiva, não deixando
resquício algum para autoridade administrativa. A lei expressa o fato gerador da obrigação tributária,
a base de cálculo, a alíquota, o prazo para pagamento etc. Observem que termos como fato gerador,
base de cálculo e alíquota são pertinentes à matéria de Direito Tributário, mas exercem de forma
indireta relevância no estudo das Finanças Públicas. Em vários momentos desse capítulo, vocês verão
a interdependência entre os assuntos Finanças Públicas e Direito Tributário. O tributo é gênero
apresentando como espécies: os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. O tributo pode
ter como fato gerador tanto uma situação independente de qualquer atividade estatal específica como
é o caso dos impostos, chamados justamente por isso, de tributos não-vinculados em que sua
cobrança não está ancorada em qualquer ordem de atuação ou atividade do Estado, quanto uma
atuação específica estatal relativa ao contribuinte como é o caso dos tributos vinculados (taxas e
contribuições de melhoria).
3.1.1 Imposto
O art. 16 do CTN dispõe que o imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. A condição
prevista em lei como necessária e suficiente ao surgimento da obrigação tributária guarda uma
relação direta com o evento do contribuinte deter uma renda ou uma ação economicamente, sem
qualquer tipo de nexo com o agir ou o atuar do ente estatal. Quanto à competência para a instituição
dos impostos, temos a seguinte classificação:
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a) competência federal;
b) competência estadual;
c) competência municipal.
a) Imposto de Importação O fato gerador do imposto de importação vem a ser, conforme roga
o art. 19 do CTN, a entrada do produto estrangeiro em território nacional e o contribuinte vem a ser o
importador ou quem a ele equiparar.
A função do II é extra-fiscal, ou seja, visa servir de mecanismo de política econômica, de
proteção à indústria nacional. O objetivo secundário é o de arrecadação de recursos financeiros para
os cofres públicos.
b) Imposto de Exportação Em conformidade com o artigo 153, inciso II, da Constituição
Federal, compete à União instituir e cobrar o imposto sobre a exportação, para o exterior, de
produtos nacionais ou nacionalizados. A função predominante aqui também é a extra-fiscal, de
regulação econômica mais presente do que sua utilidade como fonte de recursos financeiros para o
Estado. O fato gerador deste imposto se caracteriza no momento da saída daqueles produtos do
território nacional, coincidindo, no caso, com a expedição da guia de exportação ou documento
equivalente. O imposto de exportação tem sido defendido com base em vários fundamentos:
A renda tributável é definida como renda bruta menos alívio fiscal, sendo que o alívio fiscal é
entendido como a forma de ajustes, deduções, isenções, subvenções e créditos. O imposto de renda
se constitui na principal fonte de receita tributária da União apresentando função nitidamente fiscal.
Entretanto, não deixa de secundariamente atuar sob o prisma extra-fiscal ao poder servir como
redistribuidor de riquezas promovendo uma melhor distribuição de recursos e incentivando o
desenvolvimento regional e setorial.
Ao disciplinar o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, o legislador pátrio
tem o dever de observar e respeitar os Princípios Constitucionais tributários, sem qualquer exceção.
Assim, aplicam-se a ele, entre outros, os princípios da legalidade, anterioridade, irretroatividade,
isonomia, impossibilidade de confisco, capacidade contributiva.
Ademais, exige o Texto Constitucional em seu artigo 153, §2º, inciso I, que o Imposto sobre a
Renda e Proventos de Qualquer Natureza seja informado, nos termos da lei, pelos critérios da
generalidade, universalidade e progressividade.
Isso significa que o Imposto de Renda deverá incidir sobre todas as espécies de rendas e
proventos de qualquer natureza (generalidade), auferidos por todas as pessoas - observados os
limites da própria competência tributária (universalidade) e que, quanto maior o acréscimo de
patrimônio, maior deverá ser a alíquota aplicável (progressividade).
De toda sorte, ressaltamos que o constituinte originário exigiu que o legislador ordinário, ao
exercer a sua competência tributária atinente ao Imposto sobre a Renda, tribute as rendas e os
proventos de qualquer natureza de forma geral e não seletiva, isto é, sem qualquer diferenciação
entre as espécies de renda ou proventos, em decorrência da origem, natureza ou destino. No mesmo
sentido, prescreve a Carta Magna que todas as pessoas, físicas ou jurídicas, devem contribuir para os
cofres públicos a título de Imposto de Renda, ou seja, que a tributação deve abarcar, em geral, todos
aqueles que auferiram renda ou proventos de qualquer natureza.
Por fim, determina o constituinte que a tributação do imposto sobre a renda se faça de forma
progressiva, vale dizer, quanto maior a renda, maior a alíquota do imposto.
O princípio da universalidade (art.153, §2º, I) decorre do princípio da isonomia. Na verdade, ele
não é mais do que uma aplicação desse princípio ao Imposto de Renda. Significa simplesmente que o
Imposto de Renda deve incidir e ser cobrado, tanto quanto possível, de todas as pessoas.
O princípio da progressividade (art.153, §2º, I), no entanto, também é uma decorrência do
princípio da isonomia. Está, porém, relacionado com os princípios da capacidade contributiva e da
pessoalidade. Esse princípio determina a existência de diversas alíquotas para o imposto sobre a
renda, de acordo com a faixa de renda do contribuinte.
Assim o valor a ser pago a título de Imposto de Renda oscilará não somente com a variação da
base de cálculo, mas também com a variação da alíquota; neste caso a correlação se faz com o
critério quantitativo da regra matriz da Incidência Tributária, ou seja, quanto maior a renda do
contribuinte, maior será a base de cálculo do tributo e, igualmente, maior será a alíquota sobre ela
incidente.
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3.1.1.3 Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI
O art. 153, inciso IV, da CF e o art. 46 do CTN estabelecem o IPI como espécie de tributo de
competência da União. O CTN em seu art. 46 estipula que o fato gerador do IPI é constituído a partir:
i) do desembaraço aduaneiro, quando se tratar de produto importado;
ii) da saída do produto do estabelecimento do contribuinte;
iii) da sua arrematação, quando apreendidos e levados a leilão. Embora tal imposto seja de
competência federal, considerável parcela proveniente da arrecadação de tal tributo é transferida
compulsoriamente aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios em consonância com o dispositivo
constitucional art. 159, incisos I e II. Cabe registrar também que o IPI é um imposto seletivo em
função da essencialidade do produto, como disposto no art. 153, §2, inciso IV, da CF. As alíquotas do
IPI são estabelecidas variando desde zero (não sofre temporariamente o ônus do tributo) até 365%.
A função notoriamente extra-fiscal ressaltada acima não impede que o citado tributo tenha também
concomitantemente função fiscal em razão do expressivo quantitativo de recursos públicos
arrecadados, notadamente, sobre os setores automobilístico, de fumo e bebidas. Como última
informação pertinente a tal imposto, vale registrar que o IPI é um imposto não cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas etapas anteriores,
como consta no art. 153, §3, inciso II, da CF.
3.1.1.4 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e Sobre as Operações Relativas a
Títulos e Valores Mobiliários – IOF
O IOF como é conhecido no mercado e na sociedade vem referenciado no art. 63 do CTN pelas
seguintes hipóteses de incidência:
a) a efetivação de uma operação de crédito;
b) a efetivação de uma operação de câmbio;
c) a efetivação de uma operação de seguro;
d) a emissão, transmissão, pagamento ou resgate de títulos e valores mobiliários.
Vale o registro de que as alíquotas desse imposto podem ser alteradas por norma do Poder
Executivo, respeitadas as condições e os limites estabelecidos em lei, não se sujeitando aos princípios
da anterioridade e da legalidade.
Como último dado relevante, assim como o IPI, o IOF tem função notoriamente extra-fiscal,
servindo nesse caso, como instrumento importantíssimo da política de crédito do governo federal,
embora pelo montante de recursos arrecadados para o Tesouro, muitos o consideram como critério
fiscal também.
Os tributos sobre propriedades imobiliárias estão entre as formas de tributação mais antigas e
comuns. Embora os tributos sobre a propriedade imobiliária tipicamente constituam uma das
menores formas de arrecadação para o governo central, podem contribuir substancialmente como
ferramenta indispensável no combate aos latifúndios improdutivos no caso do ITR e como financiador
de serviços públicos locais relevantes, em se tratando do IPTU.
A União, através do art. 153, inciso VII, da Constituição Federal, tem competência para instituir
imposto sobre grandes fortunas, nos termos da lei complementar. Até o dado momento, o imposto
não foi instituído nem foi editada a lei complementar para definir o que se entende como grande
fortuna.
Segundo o art. 149 da Constituição Federal, compete à União instituir contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. As contribuições sociais podem ser classificadas
em três espécies:
a) contribuições de intervenção no domínio econômico: a finalidade precípua dessas
contribuições vem a ser a de intervenção na esfera econômica, ou seja, atua como ferramenta de
intervenção no domínio econômico e não propriamente como instrumento de arrecadação fiscal.
b) contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas: a finalidade dessas
contribuições é de cunho fiscal, já que visa a obtenção de recursos financeiros para organizar e
manter a entidade respectiva.
c) contribuições de seguridade social: o regime jurídico das contribuições de seguridade social
está ancorado na Constituição Federal, arts. 195, incisos I, II e III e seu § e ainda pelos arts. 165, §5
e 194, inciso VII. De acordo com a Emenda Constitucional 20/98, a seguridade social será financiada
por toda a sociedade, de forma direta ou indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
Impostos sobre salários são os impostos pagos por empregadores e empregados sobre os
salários dos empregados. Nos últimos anos, esses impostos têm constituído uma importante fonte
tributária, em rápido crescimento. Os impostos sobre salários têm normalmente destinação certa e o
seu pagamento confere o direito a benefícios. Dessa forma, por vezes, se argumenta que não se trata
bem de impostos, mas de pagamentos antecipados de benefícios que se espera receber no futuro. O
argumento contra a vinculação de receitas reside no fato de que ela introduz rigidez no processo
orçamentário, exigindo que as receitas sejam gastas em determinados programas,
independentemente de quaisquer necessidades. O argumento em favor da vinculação é que os
contribuintes estariam mais dispostos a pagar impostos quando percebessem estar recebendo algo
tangível em troca. Além disso, a vinculação protege as receitas contra os caprichos do processo
legislativo, em que às vezes, por razões políticas, cortam-se recursos destinados a programas
importantes a fim de favorecer programas menos importantes.
Nos sistemas custeados por receitas correntes de contribuição, os impostos pagos pelos atuais
trabalhadores cobrem os gastos com os atuais beneficiários, enquanto nos regimes de capitalização
os impostos dos atuais trabalhadores são acumulados em um fundo de reserva para cobrir seus
futuros benefícios. Os programas de previdência social vêm enfrentando o problema do rápido
crescimento das obrigações presentes e futuras como resultado do envelhecimento da população e da
ampliação dos benefícios. Ao mesmo tempo, têm deparado com uma significativa redução no
crescimento da base tributária como resultado da queda de produtividade e de crescimento
demográfico. É difícil operar sistemas custeados por receitas correntes de contribuição em bases
atuariais sólidas diante de circunstâncias adversas. Assim, tem havido certa tendência de transição
para regimes de capitalização, o que torna a seguridade social mais parecida com os planos de
aposentadoria privada.
Já vimos que no caso de imposto, o fato gerador não está vinculado a nenhuma atividade
estatal específica relativa ao contribuinte. Já no tocante às taxas e contribuição de melhoria, a
incidência do fato gerador está associada diretamente a uma atividade estatal específica relativa ao
contribuinte. A taxa, entretanto, difere-se da contribuição de melhoria por estar vinculada a um
serviço público ou ao exercício do poder de polícia. Do art. 145, inciso II, da CF e do art. 77 do CTN,
infere-se que a taxa é espécie de tributo cujo fato gerador é o exercício regular do poder de política
ou o serviço público, prestado ou posto à disposição do contribuinte. Como exemplo de taxas,
temos: a licença para localização e funcionamento de atividade empresarial, cobrada pelos entes
municipais, a taxa de licença cobrada para publicidade por meio de outdoors, licença para construção
de edificações, dentre outras. Encontramos o poder de polícia enunciado no art. 78 do CTN:
“Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
O art. 145, inciso II, da CF, estabeleceu que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à
disposição. Para que o serviço público possa servir como fato gerador da taxa, deve preencher as
seguintes lacunas:
Quando um produto ou serviço é tributado mais de uma vez pelo mesmo imposto, à medida
que atravessa vários estágios da cadeia de produção-distribuição, por exemplo, do estágio de
produção até o estágio de varejo, tem-se a tributação em cascata. Um imposto clássico que dá
origem à tributação em cascata é o imposto plurifásico de transações. Mesmo que um produto ou
serviço seja isento de tributação no estágio de varejo, pode muito bem suceder que seu preço inclua
elementos tributários resultantes de impostos cobrados em estágios anteriores sobre os vários
insumos usados em sua produção. Portanto, a carga efetiva de um imposto em cascata
freqüentemente está oculta do consumidor. Um imposto em cascata é universalmente considerado
indesejável, pois ao onerar transações em estágios anteriores ao estágio de consumo final provoca
distorções econômicas mais graves do que um imposto cobrado somente sobre o consumo final,
como um imposto sobre vendas a varejo, ou um imposto sobre o valor agregado (IVA). O efeito
cascata é o resultado da aplicação do imposto, em um estágio da cadeia de produção-distribuição,
ao valor agregado em estágio anterior, o qual, por sua vez, já foi tributado. Quando se tem um
imposto plurifásico de transações no varejo, o imposto se aplica a todas as vendas e não há crédito
para o imposto pago sobre os insumos. O preço pago na venda (excluídos os impostos) em um
estágio da cadeia de produção ou distribuição, será a soma do valor agregado nesse estágio e do
valor agregado e dos impostos pagos em todos os estágios anteriores atribuíveis aos insumos usados
nesse estágio. Se o imposto for aplicado às vendas em cada estágio da cadeia de produção-
distribuição, resultará o efeito cascata. Quanto mais estágios de produção e distribuição um bem
atravessar antes de atingir o consumidor final, maior será o número de vezes que os insumos
tributados estão sujeitos à tributação múltipla e, portanto, maior o grau do efeito de cascata
resultante.
Tradicionalmente, os serviços são difíceis de tributar, porque muitos deles são prestados no
estágio final do processo de produção ou distribuição. Geralmente, o conteúdo de mão-de-obra é alto
em proporção ao preço final, como também é alto o grau de especialização. Como resultado, esses
serviços muitas vezes são prestados por muitos estabelecimentos pequenos, que podem ser difíceis
de atingir do ponto de vista administrativo. Outro fator de complicação é que muitos serviços são
freqüentemente vendidos para uso empresarial e pessoal. No estágio final, é extremamente difícil
distinguir o uso pessoal tributável do uso empresarial isento, e haverá um efeito cascata se ambos os
usos forem tributados indistintamente. Por esses motivos, os serviços tipicamente não têm sido
incluídos nos impostos sobre vendas pré-varejo.
São aqueles com um leque decrescente de taxas, ou seja, a alíquota de imposto cresce menos
proporcionalmente ao crescimento observado nas disponibilidades de renda.
São aqueles em que a alíquota do imposto cresce na mesma razão que as disponibilidades de
renda. A matéria coletável triplica e a alíquota do imposto triplica também. São aqueles que
apresentam uma taxa fixa, única e constante, qualquer que seja o montante da matéria coletável.
A distinção mais básica entre impostos diretos e indiretos está ancorada na forma em que se
operacionaliza os impactos nas funções de consumo, produção e poupança de todos os agentes da
coletividade (famílias, empresas e governo). Para a caracterização de impostos diretos, sabemos que
incidem sobre a renda e o patrimônio das famílias (pessoas físicas) e empresas (pessoas jurídicas) de
sorte que o agente contribuinte e recolhedor dos tributos é o mesmo. Não há, para tanto,
transferência de carga tributária, de ônus fiscal entre os agentes. Residem aqui o Imposto de Renda
(IR), IPTU, IPVA, ITR etc. Para a caracterização de impostos indiretos, faz-se necessária a cobrança
sobre os bens e serviços produzidos, via incorporação de preços ao mercado, ou seja, preços finais
aos agentes consumidores. Aqui pode ocorrer transferência de ônus tributário entre os agentes
produtores e consumidores. A incidência econômica do tributo (aquele que efetivamente paga o
tributo) pode ser distinta da incidência legal ou nominal (aquele que tem a obrigação legal de pagar o
tributo). Esse é o momento em que a Economia contribui em larga escala para o estudo da política
tributária. Aqui estão o IPI, o ICMS, o ISS etc. De forma geral, pode-se inferir que sistema tributário
em que ocorre a predominância de impostos indiretos, vale mencionar que são tipicamente
regressivos, como é o caso brasileiro. Por sua vez, sistema tributário em que reina impostos diretos,
12
apresenta caracaterísticas de sistema proporcional ou progressivo.
O brasileiro "trabalha três meses por ano para o governo", segundo a lenda que nos conta
Clóvis Rossi (Folha, 27/3/2007). Que tal checar os números e identificar esse sujeito chamado
governo, que nos tira sardinhas com mão de gato?
Primeiro, os números. Se os tributos superam 30% da renda nacional, o brasileiro médio
entrega ao governo não três, mas quatro meses de seu rendimento anual em Imposto de Renda, de
propriedade, ICMS, IPI, PIS, Cofins, tarifas de importação, CPMF e outras taxas.
No conjunto, os impostos são regressivos: os pobres pagam uma porcentagem de seus
rendimentos maior do que a paga pelos ricos. O Imposto de Renda, que é progressivo, representa
uma proporção pequena do total dos impostos, enquanto os impostos indiretos recaem sobre os
gastos de todos na mesma proporção. Portanto, o ajudante de obras gerais que paga o ICMS
embutido no preço do arroz industrializado desembolsa uma parcela maior de seu salário do que o
médico do hospital das Clínicas de São Paulo na aquisição do mesmo produto.
Além disso, cabe salientar que as alíquotas dos impostos são altas porque muitas empresas
recebem o benefício das renúncias fiscais. As alíquotas são altas também porque há os que se
escondem na informalidade; e os que já foram empregados ou autônomos em universidades e
jornais, mas hoje são pessoas jurídicas, para escapar da péssima legislação sobre a folha de salários.
No final das contas, temos que os agentes da economia trabalham entre dois e seis meses para
pagar impostos, taxas e contribuições. Ninguém escapa por completo, porque os impostos indiretos
estão embutidos nos preços do que compramos para comer.
A incidência tributária vem a ser a análise da distribuição do ônus tributário entre os agentes
econômicos. A idéia é identificar quem, dentre os atores da economia global, arca, em última
instância, com a carga de tributos que, em tese, pudesse incidir sobre uma atividade ou agente
econômico específico. No cenário padrão de concorrência (concorrência perfeita ou pura,
propriamente dita), o agente que efetivamente paga o tributo (incidência econômica, incidência
de fato), isto é, aquele que arca, em última instância, com o ônus, independente de quem tem a
obrigação legal de pagar tributos (incidência legal ou nominal). Concorrência perfeita ou pura é a
estrutura de mercado onde existe uma multiplicidade de agentes, ou melhor, empresas e
consumidores de forma que nenhum deles é substancialmente relevante. É uma estrutura totalmente
“atomizada” em que a decisão tomada isoladamente por cada agente é irrelevante, daí a
denominação “átomo”. Esse é o momento em que a Economia contribui extraordinariamente para o
estudo da política tributária: a incidência econômica pode diferir da incidência legal, nominal. Ainda
mais claro, registra-se que o ônus efetivo de um tributo não recai necessariamente sobre os agentes
em que o tributo incide. O montante de transferência, ou melhor, deslocamento da carga do tributo
para terceiros está intimamente ligado à flexibilidade/elasticidade para modificar o comportamento. A
mediação da flexibilidade do ônus tributário é medido pelo conceito de elasticidades: elasticidade da
demanda, oferta e substituição e elasticidades de curto e longo prazos. Regra geral, os agentes da
economia menos capazes de reagir a modificações na carga tributária são os que arcam com uma
proporção maior do ônus fiscal. Dessa forma, os trabalhadores são os agentes mais propensos a
sustentar o peso de um ônus tributário em maior proporção que os empresários e rentistas
capitalistas. Da mesma maneira, elasticidades a longo e curto prazo são diferentes de sorte que a
incidência de um tributo a longo prazo é diferente da incidência a curto prazo, na medida em que
fatores operacionais, contratuais ou até mesmo sazonais podem criar obstáculos para o firme ajuste
da produção às novas condições reinantes no mercado.
Ano 0 10 50 20 200
Ano 1 14 20 28 190
Notamos que tanto o preço da banana quanto o da maça sofreram um crescimento da ordem
de 40% (de 10 para 14 e de 20 para 28, respectivamente). Entretanto, o consumo das frutas reagiu
de forma bastante diferente. A quantidade demandada de bananas sofreu um decréscimo de 60% (de
50 passou para 20) ao passo que a maça teve seu consumo reduzido em somente 5% (de 200 para
190). Dessa forma, conclui-se que a demanda de banana é mais sensível, mais elástica que a
demanda de maça. Essa maior ou menor sensibilidade é medida pelo coeficiente ou taxa de
elasticidade-preço da demanda (Ep), que mede a variação percentual na quantidade demanda do
bem em relação à variação percentual observada no preço. A elasticidade-preço da demanda é
definida pela fórmula:
Dessa forma, podemos rotular o estudo das elasticidades em algumas situações clássicas:
i) Demanda Elástica: a variação percentual observada na quantidade demanda é maior que a
variação verificada no preço, ou seja, o numerador é maior que o denominador em módulo (não se
leva em conta o sinal pois a relação de quantidade demandada e preço é sempre negativa). Ep > 1
ii) Demanda Unitária: a variação percentual observada na quantidade demanda é igual à
variação percentual no preço em módulo. Ep = 1
iii) Demanda Inelástica: a variação percentual na quantidade é menor que a variação observada
no preço, ou seja, o numerador é menor que o denominador em módulo. Ep < 1. Adicionalmente,
temos dois casos extremos (especiais) a considerar:
a) Demanda infinitamente elástica (Ep tende ao infinito): a curva de demanda é inteiramente
horizontal ao nível de preço e a quantidade demanda é totalmente sensível a variações de preço.
Imaginemos um imposto sobre a renda que seja cobrado de acordo com o quadro a seguir:
Sabemos que é uma situação de um tributo progressivo, porque quanto maior a renda, maior o
percentual da renda que está sendo destinada à quitação do imposto, ou seja, menor a renda
disponível (renda após o pagamento dos impostos). Um agente da economia que tenha uma renda
familiar de $ $3.500,00 pagará um imposto de $ 700,00, o correspondente a 20% de sua faixa de
renda. Se o fluxo de rendas aumentar para $ 8.000,00, ele pagará ao leão agora $ 2.400,00, ou seja,
30% de sua renda. Nota-se que o imposto progressivo calculado dessa forma apresenta dois
inconvenientes. Quais seriam eles?
a) na mesma faixa de rendimentos, não há progressividade. Um agente da economia que
obtenha $ 4.000,00 pagará 20% de sua renda assim como aquele que receba $ 4.200,00 ou $
4.950,00;
b) a questão da melhora na remuneração provoca mudança de faixa de rendimentos, podendo
acarretar queda da renda disponível (renda após o pagamento dos impostos). Exemplificando, se o
agente receber $ 3.000,00, pagará 10% de impostos ou $300,00 e ao passar a receber $ 3.300,00,
pagará 20% de imposto ou $660,00. Dessa forma, o aumento na tributação foi muito forte e reduziu
a renda disponível para o agente.
Para minimizar esses desgastes, a sistemática adotada na tributação progressiva sobre a renda
tem sido a de utilizar alíquotas progressivas, mas que são cobradas apenas sobre a parcela de renda
que estiver contida nas faixas respectivas, como por exemplo:
Isenção sobre a parcela de sua renda que vai até $ 2.000,00 0% $2.000,00 = $0,00
10% sobre a parcela entre $ 2.000,00 e $ 3.000,00 10% $ 1.000,00 = $ 100,00
20% sobre a parcela entre $ 3.000,00 e $ 5.000,00 20% $ 2.000,00 = $400,00
30% sobre a parcela da renda entre $ 5.000,00 e $ 8.000,00 30% $ 3.000,00 = $900,00
Total $ 1.400,00
Para facilitar o cálculo, utiliza-se uma coluna auxiliar, chamada parcela a deduzir de sorte que
para se obter o montante de imposto a pagar, multiplica-se diretamente a renda pela alíquota da
faixa correspondente e diminui-se a parcela a deduzir.
Se a renda do agente for $ 8.000,00 o imposto a pagar calculado será de (8.000 x 30%) - $
1.000 = $ 1.400,00 como era de se esperar.
Essa forma de cálculo é adotada contemporaneamente na maioria dos países do mundo,
inclusive no Brasil.
A chamada Curva de Laffer, formulada por Arthur Laffer, mostra a relação entre os distintos
níveis de tributação de certo imposto com a respectiva receita arrecadada pelo governo. Postula que,
se a alíquota do Imposto de Renda (IR), ou de qualquer outro imposto, fosse zero, o governo
obviamente não arrecadaria nada com esse imposto; mas, se a alíquota fosse de 100%, o governo
também nada arrecadaria, pois os contribuintes não se disporiam a trabalhar nessas condições, já
que serviriam como meros transferidores integrais de renda para os cofres públicos. Entre esses dois
limites haveria uma curva combinando a arrecadação dos cofres públicos (R$) ao valor da alíquota
(%), de início uma relação positiva. Mas, a partir de um determinado ponto em que a arrecadação é
máxima (carga fiscal ótima, que fornece ao governo o máximo de receita possível sem desestimular o
trabalho e a produção), a arrecadação cairia com o aumento da alíquota, com aquela atingindo seu
máximo nesse ponto. Segue-se também que, se uma economia estivesse além dele, elevações da
alíquota trariam menos e não mais arrecadação.
GRÁFICO
Nos primeiros tempos de Estado, os impostos são reduzidos em termos de alíquotas, mas se
traduzem em grande arrecadação. Os empresários são encorajados aos novos planos de
investimento, pois sentem que vale a pena trabalhar, dado o pequeno montante de lucros a ser
repassado aos cofres públicos. Com negócios prósperos e ativos, o “sócio” governo agradece ao ver o
aumento do número de impostos e a arrecadação mais elevada. O ente governamental se agiganta e
realiza antigas demandas/necessidades e novos gastos públicos até que a nova carga tributária afete
a coletividade e deprima seus ganhos. Os até então empreendedores se vêem desencorajados a
novos investimentos em razão da comparação dos seus lucros com o ônus dos impostos. A produção
sofre um revés assim como os níveis de emprego e renda. Os gestores públicos inadvertidamente
elevam as alíquotas tributárias, agravando a questão, pois não há espaço para novos lucros para os
homens de negócios, em razão dos altos custos de produção, alta carga tributária e lucros líquidos
inadequados. Mas em que ponto nosso país estaria na Curva de Laffer? A arrecadação de impostos
continua subindo em termos absolutos e relativamente ao PIB, seja porque houve aumento de
alíquotas e novos impostos ou por conta de aprimoramentos da administração tributária, que
ampliam as alíquotas efetivamente cobradas. Todavia, uma análise dessa extraordinária carga
tributária não se pode limitar a uma relação envolvendo duas variáveis, a alíquota tributária e o valor
da arrecadação. Faz-se mister considerar pelo menos duas outras variáveis: o efeito da tributação
sobre os investimentos privados em formação bruta de capital fixo e a devida alocação do governo
com o dinheiro que arrecada, que Laffer não levou em conta. O governo deve escolher impostos que
respeitem o máximo possível os conceitos equidade, progressividade, neutralidade e simplicidade.
15
4.4. EFEITOS DA INFLAÇÃO SOBRE OS IMPOSTOS
Sabemos que o processo inflacionário, como visto na íntegra no Curso regular de Economia,
afeta de forma exponencial toda a cadeia produtiva, isto é, os agentes consumidores, famílias,
empresas financeiras e não-financeiras bem como o ente governamental. Reconhecemos também que
a correção monetária ou indexação nunca é completa e muito menos uniforme, de sorte que as
diferentes rendas (salários, juros, aluguéis e lucros) são afetadas de forma bastante desigual.
Aqueles que conseguem se proteger da corrosão inflacionária via operações bem sucedidas no
mercado financeiro, por monopólios de fato ou através de negociações de sucesso entre sindicatos
bem corporativistas e governo, obtêm maior êxito na proteção de seus ganhos frente aos efeitos
perversos da inflação. Em Finanças Públicas, o que nos interessa é o efeito da inflação frente à
arrecadação de tributos, ou seja, a maior ou menor habilidade do governo em antecipar a taxa de
inflação e criar ferramentas de defesa contra ela. Existe uma defasagem proveniente das datas da
ocorrência das transações (fato gerador) e do efetivo recolhimento dos tributos, em épocas de
acelerada inflação. A esse fenômeno de perda real da receita pública em razão dessa defasagem,
denominamos de “efeito Tanzi” ou “ efeito Oliveira-Tanzi”, em homenagem aos dois economistas que
estudaram de forma pioneira esse fenômeno. Da mesma forma que os empresários tentam se
proteger do processo de crescimento contínuo e generalizado de preços repassando para o preço final
dos bens e serviços produzidos e os trabalhadores através da correção salarial nas mesas de debate
com as autoridades públicas, o governo aplicou formas de indexação de suas receitas tributárias
como a UFIR (unidade fiscal de referência) bem como tributos e contribuições sobre o faturamento
das empresas, gerando o efeito cascata e tornando o sistema tributário ainda mais perverso e de
qualidade técnica pior. Vejamos um exemplo bastante rudimentar para entender o efeito Tanzi, que
tem sido pouco cobrado pelas bancas examinadoras. Suponha que o governo municipal de uma
cidade com pouquíssimas atividades e pessoal empregado arrecade R$ 100.000,00 por mês e a taxa
de inflação observada nesse período seja da ordem de 30%. Observamos também que a diferença
entre as datas da transação e do efetivo recolhimento do imposto à rede bancária é de 20 dias. Dessa
forma, aquela arrecadação perde 20% em termos reais (20 dias da inflação de 30%), fazendo com
que a receita nominal de R$ 100.000,00 se converta em uma receita real de R$ 80.000,00.
O efeito Patinkin vem a ser o efeito inverso ao efeito Tanzi. Enquanto para Oliveira e Tanzi a
inflação sobre as contas públicas é prejudicial por reduzir a receita real do governo, incrementando
ainda mais o déficit público, o efeito Patinkin sinaliza que a espiral inflacionária reduz o déficit público
em razão da queda real nos gastos públicos. Quando estamos vivenciando uma espiral inflacionária
ascendente de forma exponencial e o setor público adia ao máximo a quitação de seus compromissos
legais como o pagamento dos salários dos servidores públicos bem como aos fornecedores de bens e
serviços, como, por exemplo, por 10 dias, a economia fiscal é gigantesca, acarretando uma redução
real nos gastos públicos extraordinária. Imaginemos os anos 80 na economia doméstica que passava
por taxas inflacionárias mensais da ordem de dois dígitos como 40%, 50%, 60% ao mês. Em regra,
o efeito Tanzi atua do lado da arrecadação de impostos da política fiscal (reduzindo as entradas) e o
efeito Patinkin atua sob o prisma do gasto governamental da política fiscal (reduzindo as saídas).
Diversos estudos e análises empíricas de autores renomados na área financista pública e tributária
advogam que o efeito Patinkin supera o efeito Tanzi, notadamente em período de inflação elevada e
acelerada.
Corrigir monetariamente os limites máximos e mínimos de cada faixa da tabela do IR faz com
que a variação nominal da renda do contribuinte não se converta em incrementos de carga fiscal.
Contudo, é praticamente impossível escolher um índice de preços que seja representativo da inflação
para todas as classes de renda. Cada classe de renda, em realidade, possui uma inflação que lhe é
peculiar. As classes mais aquinhoadas, geralmente, apresentam modernos mecanismos de proteção
da corrosão inflacionária além de obter reajustes de rendas acima da inflação, na maior parte dos
casos. Para os contribuintes que auferem ganhos de capitais (situação bastante comum nos
segmentos de maior poder aquisitivo) que não são corrigidos pela inflação, uma correção monetária
uniforme acaba por beneficiá-los através da isenção do pagamento do imposto devido em função dos
ganhos reais. A carga tributária para esse grupo já seria mais benevolente, assumindo o sistema
tributário uma característica bastante regressiva.
Todo tributo, salvo o imposto per capita (lump-sum tax), gera, via de regra, uma redução no
bem-estar dos consumidores, das famílias, da coletividade de duas formas: diretamente, por meio do
efeito renda, ao transferir recursos para o Estado, reduzindo a renda disponível, e, indiretamente, via
efeito substituição, ao aumentar os preços dos bens tributados frente aos não tributados, modificando
a relação preços relativos. Registra-se como perda de eficiência de um tributo a proporção da
redução do bem-estar econômico do consumidor que supera aquela observada na diminuição da
renda em razão da quitação do tributo. A perda de eficiência é comumente conhecida como excesso
de carga do tributo. Analisando os diversos tipos de impostos sobre o sistema de preços, o
consumo e a alocação de recursos, temos:
a) Imposto uniforme per capita (lump-sum tax): é considerado neutro pois não afeta a escala
de preferências dos consumidores, apenas reduz a linha de restrição orçamentária, operando o efeito
renda. Trata-se de um imposto cujo ônus é repartido igualmente pelo número de consumidores,
independente do nível de renda.
b) Imposto geral e uniforme sobre o consumo ou renda: Também seria neutro sob o prisma da
eficiência nas decisões sobre alocação de recursos para a produção e o consumo.
c) Imposto seletivo sobre o consumo do bem X em detrimento do bem Y: provoca a alteração
dos preços relativos de X e Y de sorte que o consumidor reduza a aquisição de X em benefício do bem
Y, que se tornou comparativamente menos oneroso. Opera-se com força o efeito-substituição,
caracterizando uma espécie de ineficência conhecida como “peso morto” da tributação. Os relatos
acima indicam que os impostos gerais (sobre a renda ou o consumo) seriam mais eficientes que os
impostos parciais ou seletivos em razão dos primeiros operarem apenas o efeito-renda ao passo que
os últimos operam o efeito-substituição além do efeito-renda.
O fato de a maioria dos impostos provocar distorções alocativas conduz à afirmação de que o
único imposto que não cria efeitos indiretos perversos, ou seja, que não gera “ excesso de gravame”
– é o imposto per capita, igual para todo mundo (lump-sum tax).
Algumas generalizações sobre o comportamento dinâmico das despesas públicas têm sido
formuladas. Entre essas destacam-se as contribuições de Adolph Wagner e de Peacock e Wisemam
quanto as estabelecimento de hipóteses teóricas que expliquem o processo de evolução do setor
público. Em ambos os casos enfatiza-se o problema da identificação dos determinantes da expansão
de gastos do governo baseado na analise empírica de dados disponíveis, processo esse que vem-se
expandindo substancialmente com base em estudos econométricos.
A contribuição de Adolph Wagner ao estudo do crescimento e das despesas públicas é sintetizada na
chamada “lei de Wagner”, que estabelece a seguinte proposição: “À medida que cresce o nível de
renda em países industrializados, o setor público cresce sempre a taxas mais elevadas, de tal forma
que a participação relativa do governo na economia cresce com próprio ritmo de crescimento
econômico do país”. As razões apontadas para a formulação de tal hipótese são de três tipos,
conforme observa Richard Bird.
A primeira é relacionada ao crescimento das funções administrativas e de segurança que
acompanham o processo de industrialização, inclusive o próprio crescimento do número de bens
públicos em decorrência de maior complexidade da vida urbana. A segunda é devida ao crescimento
das necessidades relacionadas à promoção de bem-estar social (Educação e Saúde), cuja demanda
deveria aumentar com o crescimento econômico do país. A terceira razão é em face do
desenvolvimento de condições para a criação dos monopólios, em virtude de modificações
tecnológicas e da crescente necessidade de vultosos investimentos para a expansão de alguns
setores industriais, cujos efeitos teriam que ser reduzidos por meio de maior intervenção direta ou
indireta do governo no processo produtivo.
Embora a “lei Wagner” não tenha sido estabelecida com base em verificações empíricas de
preferências individuais por bens públicos durante o processo de crescimento, sua argumentação
aproxima-se de tentativas recentes de explicar o comportamento da evolução das despesas públicas
baseado nos estudos econométricos da demanda dos diferentes componentes da atividade exercida
pelo governo. Em praticamente todos os estudos formulados, a renda per capita, a população, a
densidade demográfica, o grau de urbanização etc. são destacados como variáveis importantes na
analise e determinação do crescimento dos gastos nas diferentes funções exercidas pelo governo. À
medida que outros fatores – principalmente demográficos – evoluem juntamente com o próprio
crescimento da renda, a demanda global de bens produzidos pelo governo apresenta-se,
normalmente, com elasticidade-renda superior à unidade, o que comprova, em parte, a proposição
estabelecida anteriormente. É necessário enfatizar, todavia, que a hipótese formulada se refere ao
crescimento dinâmico da participação do governo em um mesmo país e não pode evidentemente ser
comprovada com base em comparações internacionais que utilizem a relação despesas governo/PIB
em um ponto do tempo para diferentes países.
Peacock e Wiseman, por outro lado, abordam o problema de crescimento das despesas públicas por
um ângulo completamente diferente. Para eles o crescimento dos gastos totais do governo em
determinado país é muito mais uma função das possibilidades de obtenção de recursos do que da
expansão dos fatores que explicam o crescimento da demanda de serviços produzidos pelo governo.
Isto é, o crescimento das atividades do governo é limitado pelas possibilidades de incremento na
tributação.
Os indivíduos, segundo Peacock e Wisemam, teriam, assim, comportamento diferente quanto a
demanda de bens produzidos pelo governo e quanto a disposição de contribuir com os recursos
necessários à produção desses mesmos bens.
Em períodos normais, a resistência à elevação da carga tributária seria suficiente para impedir um
crescimento dos gastos, despeita da pressão exercida pelo crescimento da demanda. Esta, por sua
vez, se faria sentir quando grandes perturbações de natureza política ou socioeconômica – tais como
grandes guerras mundiais – contribuíssem para avaliar a mencionada resistência ao incremento na
tributação. Este tornado efetivo elevaria imediatamente o total de gastos aos novos níveis permitidos
pelo incremento na disponibilidade de recursos. Esse efeito de fatores exógenos sobre o
comportamento dos gastos foi chamado de “efeito translação”, reconhecido pelos autores como o
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principal fator a explicar o processo evolutivo das despesas governamentais com base na análise
ampírica da experiência da Grã-Bretanha.
Além das guerras mundiais, períodos de grande depressão econômica, como a década de 30, ou de
acentuado processo inflacionário tem sido mencionados como fatores capazes de provocar o “efeito-
translação” referido. O caso da inflação é típico e interessa de perto à experiência brasileira e de
outros países em processo de desenvolvimento. À medida que os indivíduos sofram de ilusão
monetária, o limite à expansão dos gastos imposto pela resistência a aumentos na carga tributária
pode se superado utilizando a inflação como um substituto para aumento dos tributos. Nesse caso, a
expansão dos gastos é financiada com a emissão de papel-moeda, pelo mecanismo normalmente
chamado de “poupança forçada”. Como o processo só funciona enquanto persistir a ilusão monetária,
e como esta tende a desaparecer à medida que perdura a inflação, o efeito sobre o nível relativo das
despesas do governo no produto é transitório, assumindo, assim, as características do “efeito-
translação” citado.
Além do “efeito-translação”, Peacock e Wiseman identificam outro efeito importante no processo de
crescimento dos gatos do setor público: o “efeito-concentração”. Este se refere à tendência à
progressiva concentração das decisões em níveis mais elevados de governo, concomitantemente com
a própria expansão da participação do governo na economia. Essa centralização das decisões – que
não significa necessariamente centralização dos gastos – tem sido grandemente observada em países
de organização federal de governo, nos quais o mecanismo decisório é progressivamente centralizado
nas mãos do governo federal, ao mesmo tempo em que a execução direta é atribuída aos governos
locais. As razões principais para a ocorrência do fenômeno mencionado estão basicamente associadas
ao objetivo simultâneo de centralização das decisões para compatibilizar os problemas de política
fiscal com a formulação geral de política econômica, e de descentralização das atividades executivas
para aumentar a eficiência da atuação do governo.
Para a análise secular do crescimento das despesas públicas, as contribuições teóricas mencionadas
parecem complementar-se na tentativa de generalização de princípios que explicam o processo de
crescimento das atividades do setor público. De um lado, a análise de Wagner enfatiza a renda per
capital como principal variável a explicar a expansão da demanda de bens produzidos pelo governo.
De outro, Peacock e Wiseman estabelecem que o crescimento do setor público, em que pese o
crescimento da demanda, estaria limitado pelas possibilidades de expansão da oferta, a qual, por sua
vez, é limitada pela possibilidade de crescimento da tributação. Isso significa que, embora a logo
prazo a participação das despesas do governo na renda nacional cresça, o processo de crescimento
não deve apresentar-se harmônico, mas obedecer a um padrão alternado de períodos de relativa
estabilidade com outros de rápido crescimento.
No mundo real, mercados perfeitamente competitivos são raros, existindo falhas de mercado que
justificam a intervenção do governo. São exemplos mais comuns de tais falhas a existências de bens
públicos, de externalidades, de participantes do mercado com grau elevado de influencia sobre os
preços e a quantidade produzida e de assimetria de informações.
Externalidades
As externalidades implicam custo e beneficio sociais diferentes do custo e do beneficio privados. O
sistema de preços reflete apenas os custos e os benefícios privados, sendo necessária a presença do
governo para incorporar as externalidades ao custo privado, mediante, por exemplo, a tributação ou
incentivo fiscal. Por exemplo: um fabricante que poluir o ar de uma cidade, piorando a qualidade de
vida dos moradores. Ele não incorporará em seus custos o malefício que causa; lá estarão apenas
seus insumos, como matéria-prima e mão-de-obra, não constando os gastos dos vizinhos com
remédios ou purificadores de ar em conseqüência do ar poluído. Caso os moradores não consigam
entrar em acordo com o dono da fabrica, o que muitas vezes não ocorre, porque um dos lados é
muito mais forte que o outro, o governo precisa intervir, aplicando uma multa ou uma taxa ao
fabricante e destinando seu produto aos moradores como forma de compensação.
Dessa forma, o custo privado elevar-se-ia, aproximando-se do custo social. Há também o caso de
externalidades positivas que podem demandar a intervenção do governo para que não haja uma
suboferta. Por exemplo: alguém planta uma arvore em frente de sua casa com o intuito de obter
sombra para estacionar seu carro. Mesmo que a sombra eventualmente beneficie vizinho, na conta
do que plantou a arvore só está o benefício privado, que, neste caso, é menor que o social. O
governo pode aumentar o beneficio privado mediante a distribuição de mudas ou descontos de taxas
para moradores que plantem árvores.
Poder de mercado
A existência de produtores e consumidores atomizados, tomadores de preços, não é comum no
mundo real. O que há, em geral, é uma forma de competição imperfeita, como o monopólio e o
oligopólio. Essas estruturas de mercado fazem a produção ser menores que na de concorrência
perfeita e o preço mais elevado, muitas vezes prejudicando os consumidores. O papel do governo é
então limitar o poder de mercado das firmas, mediante as varias formas de regulação existentes:
fixação de preço máximo, de lucro máximo, estímulo à concorrência, seja com incentivos diretos à
instalação de competidores, seja pela limitação de fusões.
No Brasil, com a privatização dos serviços de utilidade pública – telecomunicações e energia elétrica -
, o governo criou a agencia nacional de energia elétrica (ANEEL) e a agencia nacional de
telecomunicações (ANATEL), com o intuito de regular as atividades desses setores, por natureza
pouco competitiva e que prestam um serviço essencial à população. Também com a função de
regular o mercado há diversos órgãos do governo, como o Cade e a Secretária de Direito Econômico.
Informação assimétrica
Freqüentemente, há assimetria de informação no mercado, com fabricantes ou outros vendedores
dispondo de muito mais informações sobre os produtos que produzem ou comercializam que os
consumidores. Estes devem ser informados, por exemplo, dos componentes químicos de um alimento
ou medicamento que consomem. Muitas vezes, são necessárias leis especificando o que deve ser
informado pelos fabricantes, sob pena de a informação disponível ao consumidor ser deficiente. Da
mesma forma, há leis obrigando o sistema financeiro a informar que taxa de juros se cobra dos
consumidores e o preço total a prazo. O papel do governo é tentar mitigar a assimetria de informação
por meio de leis e de fiscalização sobre as informações de que todo consumidor deve dispor.
5 - PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Princípio da legalidade: diz respeito às limitações ao poder de tributar do Estado. Atende o que
está previsto no inciso II do art. 5º da CF, onde menciona que “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O princípio da legalidade orienta a
estruturação do sistema orçamentário. Em função desse princípio o planejamento e o orçamento são
realizados através de leis (PPA, LDO e LOA). Quando o orçamento é aprovado pelo Legislativo há
garantia de que todos os atos relacionados aos interesses da sociedade, em especial, a arrecadação
de receitas e a execução de despesas, devem passar pelo exame e pela aprovação do parlamento.
Esse princípio visa a combater as arbitrariedades emanadas do poder público. Somente por meio de
normas legais podem ser criadas obrigações aos indivíduos. Atendendo a esse princípio, todas as leis
orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são preparadas e encaminhadas pelo Poder Executivo para que
sejam discutidas e aprovadas pelo Legislativo, cabendo ainda a este Poder fiscalizar a execução dos
orçamentos.
Princípio da unidade: estabelece que todas as receitas e despesas devem estar contidas numa só
lei orçamentária. Quanto às receitas, correlaciona-se com o princípio da unidade de caixa da União
(art. 164, § 3º, da CF), onde determina que as disponibilidades de caixa da União serão depositadas
no Banco Central do Brasil. Em conformidade com esse princípio não deve haver orçamentos
paralelos, as propostas orçamentárias de todos os órgãos e Poderes devem estar contidas numa só
lei orçamentária, mesmo considerando a independência dos Poderes ou a autonomia administrativa,
orçamentária e financeira dos órgãos. Exemplo: os Poderes Legislativo e Judiciário possuem
independência, porém, mesmo assim devem elaborar e encaminhar sua propostas orçamentárias ao
Executivo, para que este a consolide e encaminhe ao Legislativo um único projeto de lei de
orçamento.
Princípio da anualidade ou periodicidade: estabelece que o orçamento deve ter vigência limitada
no tempo, um ano. Está explícito no art. 34 da Lei nº 4.320/64, onde estabelece que exercício
financeiro coincidirá com o ano civil. O período de um ano para a LOA também está previsto na
Constituição Federal, em especial, onde se menciona o termo “anual”, (art. 166, § 3º, art. 165,
parágrafos 5º e 8º e o art. 167, inciso I). Em conformidade com esse princípio, a autorização
legislativa do gasto deve ser renovada a cada exercício financeiro. A CF determina que nenhum
investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia
inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
responsabilidade. Essa determinação consagra o princípio da anualidade, onde determina que, em
princípio, a LOA deverá conter os investimentos cuja duração sejam de um ano, exceto quando
estiverem previstos no PPA.
Princípio da exclusividade: estabelece que a lei orçamentária anual não poderá conter dispositivos
estranhos à fixação das despesas e previsão das receitas, ressalvada a autorização para a abertura
de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação da
receita. Esse princípio está consagrado no § 8º do art. 165 da Constituição Federal, da seguinte
forma: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Princípio da publicidade: é um dos princípios que regem a administração pública, ou seja, todos os
atos e fatos públicos, em princípio devem ser acessíveis à sociedade, ressalvados aqueles que
comprometem a segurança nacional. A publicidade faz-se através do Diário Oficial, Editais, jornais,
etc. para conhecimento do público em geral e da produção de seus efeitos. É o princípio da
publicidade previsto no art. 37 da CF, e bastante difundido nos livros de direito administrativo,
portanto, dispensa maiores comentários. A Constituição Federalde1988 inovou em termos de
constitucionalização dos princípios regentes dos atos administrativos em geral, aplicando-os à
matéria orçamentária, elevando em nível constitucional o princípio da publicidade (art. 165, § 3º e
6º).
Princípio do orçamento bruto: Esse princípio estabelece que as receitas e despesas devem ser
demonstradas na LOA pelos seus valores totais, isto é, sem deduções ou compensações. Exemplo: a
proposta orçamentária da União deve ser apresentada sem as deduções dos recursos a serem
transferidos aos fundos de participação dos estados e municípios. O princípio do orçamento bruto está
previsto na parte final do art. 6º da Lei nº 4.320/64. Esse artigo consagra dois princípios, a primeira
parte se refere ao princípio da universalidade, e a segunda, o do orçamento bruto. O art. 6º
estabelece que todas as receitas e despesa constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções.
Princípio do equilíbrio: O orçamento deverá manter o equilíbrio, do ponto de vista contábil, entre
os valores de receita e de despesa. Assim sendo, na LOA o total das receitas é igual ao das despesas.
Isso não significa que ao final da gestão (exercício financeiro) os valores serão iguais, aliás, essa
possibilidade é quase improvável. A LRF consagra esse princípio, incorporando-o às finanças públicas,
estabelecendo o princípio geral do equilíbrio, onde as despesas deverão acompanhar a evolução das
receitas, caso contrário, deverá haver limitação de empenho - gasto (art. 9º). Ainda existe previsão
na LRF de que a LDO disporá sobre o equilíbrio entre receita e despesa. (art. 4º, inciso I, alínea a).
De acordo com as regras da LRF, atualmente não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal,
mas sim o equilíbrio das finanças públicas. O Estado deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre
receitas e despesas.
Princípio da clareza: O orçamento deve ser expresso de forma clara, ordenada e completo. O seu
entendimento deverá ser acessível à sociedade e não só aos técnicos que o elaboram. Embora diga
respeito ao caráter formal, esse princípio tem grande importância para tornar o orçamento um
instrumento eficaz e eficiente de políticas públicas. O entendimento do orçamento pelo povo o torna
um grande instrumento de comunicação e terá influência em sua melhor e mais ampla utilização e
difusão. Será tanto mais abrangente quanto maior for a clareza que refletir. Na teoria é isso mesmo!
Na prática, poucas pessoas entendem a linguagem e os números das leis orçamentárias, dificultando
sobremaneira o exercício da cidadania quantos aos aspectos orçamentários.
21
5.1 CICLO ORÇAMENTÁRIO
O Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual
(LOA) são as leis que regulam o planejamento e o orçamento dos entes públicos federal, estaduais e
municipais. Essas leis constituem etapas distintas, porém integradas, de forma que permitam um
planejamento estrutural das ações governamentais.
Na seção denominada “Dos Orçamentos” na Constituição Federal (CF/88) tem-se essa
integração, por meio da definição dos instrumentos de planejamento PPA, LDO e LOA, os quais são de
iniciativa do Poder Executivo.
A organização das ações do Governo está sob a forma de programas, o qual é o elemento
central do PPA, integrando o Plano Plurianual aos orçamentos anuais, à execução e ao controle. O
programa é o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de
ações orçamentárias ou não orçamentárias, que concorrem para a concretização de um objetivo
comum preestabelecido, mensurado por indicadores, visando à solução de um problema ou o
atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade.
Esta organização das ações do Governo sob a forma de programas visa proporcionar maior
racionalidade e eficiência na administração pública e ampliar a visibilidade dos resultados e benefícios
gerados para a sociedade, bem como facilitar a mensuração total dos custos necessários ao alcance
de um dado objetivo e elevar a transparência na aplicação dos recursos públicos. Assim, toda ação
finalística do Governo Federal deverá ser estruturada em Programas orientados para a consecução
dos objetivos estratégicos definidos para o período do PPA.
A LDO também surgiu através da Constituição de 1988, almejando ser o elo entre o
planejamento estratégico (Plano Plurianual) e o planejamento operacional (Lei Orçamentária Anual).
Sua relevância reside no fato de ter conseguido diminuir a distância entre o plano estratégico e as
LOAs, as quais dificilmente conseguiam incorporar as diretrizes dos planejamentos estratégicos
existentes antes da CF/88.
Segundo o art. 165 da CF/88:
2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na
legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de
fomento.
A doutrina majoritária afirma que a vigência da LDO é de um ano. Todavia, a LDO extrapola o
exercício financeiro, uma vez que ela estabelece regras orçamentárias a serem executadas ao longo
do exercício financeiro subsequente. O prazo para encaminhamento da LDO ao Legislativo é de
oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro (15 de abril) e a devolução ao
Executivo deve ser realizada até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (17 de
julho).
A Lei Orçamentária Anual é o instrumento pelo qual o poder público prevê a arrecadação de
receitas e fixa a realização de despesas para o período de um ano. A LOA é o orçamento por
excelência ou o orçamento propriamente dito. A finalidade da LOA é a concretização dos objetivos e
23
metas estabelecidas no PPA. É o cumprimento ano a ano das etapas do PPA, em consonância com o
que foi estabelecido na LDO. Portanto, orientado pelas diretrizes, objetivos e metas do PPA,
compreende as ações a serem executadas, seguindo as diretrizes estabelecidas na LDO.
Segundo o art. 165 da CF/88:
De acordo com esse artigo, as leis do PPA, LDO e LOA são de iniciativa do Poder Executivo:
Presidente, Governadores e Prefeitos.
Na esfera federal, a Constituição Federal determina que a iniciativa das leis orçamentárias são
de competência privativa do Presidente da República:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:XXIII - enviar ao Congresso
Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
previstos nesta Constituição.
Importantes doutrinadores consideram tal competência exclusiva. Embora ela seja do titular
do Executivo, seu chefe está obrigado a seguir o prazo determinado sob pena de crime de
responsabilidade. No entanto a Constituição é clara que ela é privativa. A dica é considerar esta
competência como privativa, seguindo a CF/88.
Só considere exclusiva se a questão trouxer expressamente algo como “segundo a doutrina” ou
se você não encontrar a resposta nas outras alternativas.
Segundo a LRF, o Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do
Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas
propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente,
inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.
Na esfera federal os prazos para o ciclo orçamentário estão no art. 35 da ADCT: § 2º - Até a
entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as
seguintes normas:
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do
primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes
do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será e ncaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa.
Esses prazos estarão em vigor enquanto não for editada a Lei Complementar prevista na CF/88
para:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária
anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta
bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
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Repare que desde a Constituição de 1988 está prevista a edição de uma lei complementar sobre
finanças públicas e até o presente momento ela não foi editada, logo não existe um modelo
legalmente constituído para organização, metodologia e conteúdo dos PPAs, LDOs e LOAs. É por isso
que invariavelmente nos valemos da Lei 4320/64 que foi recepcionada com status de lei
complementar, porém ela não atende mais as nossas necessidades. Para isso, quem cumpre esse
vácuo legislativo é a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que todo ano acaba tendo, entre suas
diversas atribuições, que legislar como se fosse a lei complementar prevista na CF, o que a
transforma num “calhamaço” de artigos.
6. Orçamento público
Apesar das divergências doutrinárias, hoje é posição dominante, inclusive já decidida reiteradas
vezes pelo Supremo Tribunal Federal- STF, que o orçamento é uma lei formal. As leis orçamentárias
(Lei do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual –LOA)
apenas prevêem as receitas públicas e fixam as despesas, a partir dos planejamentos. Assim sendo,
essas leis não criam direitos subjetivos.
Sendo uma lei formal, a simples fixação de gastos na lei orçamentária anual não cria direito
subjetivo, não sendo possível se exigir, em tese, por via judicial, que uma despesa específica
estabelecida no orçamento seja realizada.
É uma lei formal – formalmente o orçamento é uma lei, mas, em diversas situações, não
obriga o Poder Público a realizar a despesa, que pode, por exemplo, deixar de realizar um gasto
autorizado pelo legislativo. Entretanto, muitos tipos de gastos são obrigatórios, a exemplo das
despesas mínimas com educação, saúde etc. Portanto, o orçamento é apenas uma lei formal.
É uma lei temporária – a lei orçamentária tem vigência limitada (um ano).
É uma lei ordinária – todas as leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são leis ordinárias. Os
créditos suplementares e especiais também são aprovados como leis ordinárias.
É uma lei especial – denominada “lei de meios” possui processo legislativo um pouco
diferenciado das leis comuns, posto que trata de matéria específica (receitas e despesas).
O estudo do orçamento público remonta há mais de 1300 anos antes de Cristo, entretanto, esse
não é nosso objetivo. Assim sendo, passaremos e estudar o orçamento no Brasil após a Constituição
Imperial de 1824.
Constituição de 1824:
Em termos de orçamento, houve retrocesso, em seu artigo 34 ficou estabelecido que a proposta
orçamentária era elaborada pelo Congresso Nacional, cabendo a este, orçar a receita, fixar a despesa
federal anualmente e tomar as contas da receita e despesa de cada exercício financeiro.
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Portanto, conforme estabelecido na Constituição Republicana, o Poder Legislativo elaborava e
aprovava a proposta orçamentária. Caberia ao Executivo executar a proposta orçamentária e prestar
contas ao Legislativo.
Constituição de 1937:
Para maior eficácia e eficiência na elaboração e execução do orçamento federal foi criado, junto
à Presidência da República, um Departamento Administrativo com as atribuições de organizar
anualmente, de acordo com as instruções do Presidente da República, a proposta orçamentária.
Esse Departamento tinha competência para encaminhar o orçamento à Câmara dos Deputados
e ainda fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na conformidade das suas instruções, a
execução orçamentária. Portanto, a competência para aprovação do orçamento passou, em tese,
para a Câmara dos Deputados. Digo “em tese” porque o Conselho Federal – atual Senado da
República, poderia também deliberar sobre orçamento caso a Câmara do Deputados excedesse o
prazo para deliberação.
Nessa Constituição foi estabelecido o princípio da unicidade orçamentária, onde seriam
incorporados obrigatoriamente à receita, todos os tributos, rendas e suprimentos de fundos, incluídas
na despesa todas as dotações necessárias ao custeio dos serviços públicos. Foi a partir dessa
Constituição que ficou consagrado o princípio da exclusividade orçamentária, ou seja, no projeto de
lei do orçamento não poderia haver matéria estranha à fixação da despesa e a previsão da receita.
Constituição de 1946:
Constituição de 1967:
Constituição de 1988:
Foi a mais inovadora e a que contemplou os diversos avanços conquistados pela sociedade,
principalmente, a democratização do planejamento e do orçamento. O Capítulo II foi inteiramente
destinado às finanças públicas e a Seção II, aos orçamentos. Essa norma estabeleceu novos
instrumentos de planejamento, a exemplo do Plano Plurianual – PPA, antes denominado de Plano
Plurianual de Investimentos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e os Planos e Programas
Nacionais, Regionais e Setoriais.
O orçamento de base zero teve sua abordagem orçamentária desenvolvida nos Estados Unidos
da América, pela Texas Instruments Inc., em 1969. Foi adotado pelo Estado da Geórgia (governo
Jimmy Carter), no ano fiscal de 1973.
A metodologia do OBZ não é adotada no Brasil, em nenhuma das unidades da Federação.
Objetivo:
O objetivo principal do OBZ é “gastar” de acordo com os recursos disponíveis e corresponde a
um “meio de eliminar programas e projetos não econômicos”.
Principais características:
Esse tipo de orçamento já foi utilizado ou experimentado no Brasil na década de 70, período
compreendido entre o orçamento tradicional ou clássico e a previsão legal (Lei nº 4.320/64) de
utilização do orçamento programa.
6.2.3. Orçamento-programa:
Implementação:
A adoção do orçamento-programa na esfera federal foi efetivada em 1964 e está inserido na Lei
no 4.320. Após a Lei no 4.320/64 o Decreto-Lei no 200/67 reforçou a idéia de orçamento-programa
ao estabelecer, em seu art. 16, que em cada ano será elaborado um orçamento-programa que
pormenorizará a etapa do programa plurianual a ser realizado no exercício seguinte e que servirá de
roteiro à execução coordenada do programa anual. Apesar da concepção de orçamento-programa ser
conhecida desde a década de 50, inclusive no Brasil, os avanços ocorridos para sua efetiva
implementação em nosso País somente ocorreu com a edição do Decreto Federal nº. 2.829/98 e
demais normas que disciplinaram a elaboração do PPA (2000-2003). Foi a partir daí que os esforços
para a implantação do orçamento programa na área federal tiveram efetivamente a sua
concretização, sendo imediatamente colocado em prática.
O orçamento-programa está intimamente ligado ao sistema de planejamento (PPA) e aos
objetivos que o Governo pretende alcançar durante um determinado período de tempo.
Atenção! O orçamento-programa é conceituado como sendo um plano de trabalho expresso por
um conjunto de ações a realizar e pela identificação dos recursos necessários à sua execução.
Portanto, pelos conceitos e definições, podemos observar que o orçamento-programa não é apenas
um documento financeiro, mas principalmente, um instrumento de concretização das ações do
governo. Ele viabiliza os objetivos governamentais em consonância com os planos e diretrizes
estabelecidas.
Podemos dizer que os orçamentos expressam uma realidade físico-financeira e os programas de
trabalho do governo, entretanto, é o orçamento-programa que possibilita, entre outros:
Nos orçamentos tradicionais, geralmente não existem metas bem definidas e o envolvimento na
elaboração do orçamento, restringe-se basicamente a alta administração, ou seja, há pouca
participação efetiva dos técnicos das unidades orçamentárias. Nesse tipo de orçamento as projeções
de gastos são estabelecidas considerando-se os orçamentos dos anos anteriores, ou seja, se baseia
em dados históricos. Esse procedimento normalmente gera resultados com as mesmas falhas e erros
do passado.
Antes do advento da Lei no 4.320/64, o tipo de orçamento utilizado pelo Governo Federal era o
tradicional ou clássico.
Alguns estados, a exemplo de São Paulo, já tinham experimentado outras técnicas
orçamentárias mais avançadas desde 1959. O orçamento clássico se caracterizava por ser um
documento de previsão de receitas e de autorização de despesas, estas, classificadas segundo o
objeto de gasto e distribuídas pelos diversos órgãos, para o período de um ano.
Em sua elaboração não se cogitava, primordialmente, em atender às reais necessidades da
coletividade e da administração, tampouco se consideravam os objetivos econômicos e sociais.
A maior deficiência do orçamento tradicional consistia no fato de que ele não privilegiava um
programa de trabalho ou um conjunto de objetivos a atingir.
Assim, a técnica do orçamento tradicional simplesmente dotava um órgão qualquer com os
recursos suficientes para pagar pessoal, comprar material de consumo, permanente, etc. para o
exercício financeiro subseqüente com base nos valores do passado (ano anterior).
Os órgãos eram contemplados no orçamento de acordo com o que gastavam no exercício
anterior e não em função do que se pretendia realizar.
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Resumindo, no orçamento clássico ou tradicional planejamento era “coisa” desconhecida.
Para melhor assimilação vamos demonstrar um quadro comparativo entre os orçamentos
clássico ou tradicional e o orçamento-programa.
O objetivo é deixar mais claro acerca dos procedimentos orçamentários utilizados pelo Brasil em
anos anteriores e atualmente.
Alerto que a maioria das questões de concursos testam conhecimentos dos candidatos sobre
esses dois tipos de orçamento.
Em função da pouca exigência desse tipo de orçamento em concursos iremos tecer alguns
comentários para evitar qualquer surpresa, haja vista que esse conhecimento pode ser exigido dentro
do contexto dos outros tipos de orçamento. O orçamento participativo é um instrumento que serve
para alocar os recursos públicos de forma eficiente e eficaz de acordo com as demandas sociais. Ele
surgiu através da iniciativa de elaborar o orçamento público levando-se em conta a participação real
e efetiva da população, principalmente das associações, sindicatos e ONGs (sociedade organizada).
A principal riqueza ou característica do Orçamento Participativo é a democratização da relação
Estado X sociedade. O orçamento participativo rompe com a visão tradicional da política, em que o
cidadão praticamente encera a sua participação no ato de votar, e os governantes eleitos podem
fazer o que bem entendem com o dinheiro público, por meio de políticas públicas imediatistas ou
populistas, objetivando atender a determinados clientes. Nesse processo orçamentário o cidadão
deixa de ser um simples coadjuvante para ser protagonista ativo da gestão pública.
Não existe uma fórmula pronta dos passos a serem seguidos na implementação do orçamento
participativo, entretanto, cada gestor deve identificar qual a metodologia que melhor o auxiliará na
elaboração de um planejamento participativo que beneficie tanto a administração pública quanto a
comunidade.
Basicamente o ciclo do orçamento participativo passa pelas seguintes fases:
_ Preparação do orçamento de forma integrada com o planejamento;
_ Elaboração da proposta orçamentária;
_ Tramitação legislativa: a proposta da Lei Orçamentária é analisada, discutida, alterada por
emendas e aprovada;
_ Execução orçamentária;
_ Fiscalização e prestação de contas;
_ Controle e avaliação
Atualmente a metodologia do orçamento participativo vem sendo difundida em diversos
municípios brasileiros, porém a experiência do Município de Porto Alegre ganhou destaque nacional e
internacional, possibilitando a projeção do OP como uma nova metodologia de gestão pública
participativa.
Ocorre superávit das contas públicas quando a arrecadação supera o total dos gastos; quando
os gastos superam o montante da arrecadação, tem-se o déficit público. Existem vários conceitos de
déficit público: primário, operacional e total (nominal).
O déficit nominal ou total indica o fluxo líquido de novos financiamentos, obtidos ao longo de
um ano pelo setor público não financeiro em suas várias esferas: União, Estados e Municípios,
Empresas estatais e Previdência Social.
O déficit primário ou fiscal é medido pelo déficit total, excluindo a correção monetária e
cambial e os juros reais da dívida contraída anteriormente. No fundo, é a diferença entre os gastos
públicos e a arrecadação tributária no exercício, independente dos juros e correções da dívida
passada.
O déficit operacional (ou necessidade de financiamento do setor público – conceito
operacional). Ele é medido pelo déficit primário, acrescido dos juros reais da dívida passada.
Constitui-se desse modo, no déficit total ou nominal, excluindo a correção monetária e cambial. E
considerado a medida mais adequada para refletir as necessidades reais de financiamento do setor
público.
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7.1– FINANCIAMENTO PÚBLICO
Quando o governo defronta com uma situação de déficit, além das medidas tradicionais de
política fiscal (aumento de impostos ou corte de gatos), surge o problema como ele irá financiar o
déficit.
O financiamento poderá ser feito por meio de recursos extrafiscais, e, nesse caso, duas são as
principais fontes de recursos:
a) Emitir moeda: o Tesouro Nacional (União) pede emprestado ao Banco Central (BACEN);
b) Vender título da dívida pública ao setor privado (interno ou externo).
É uma Lei Complementar de nº 101, aprovada em 2000. Esta lei regulamenta parte do art. 163 e
todo o contexto do art. 169 da Constituição Federal, no capítulo relativo às finanças públicas e ainda
estabelece normas específicas destinadas à Contabilidade Pública, conforme previsão em seu art. 50.
Em outras palavras, a LRF disciplina, especificamente, ao estabelecido nos artigos 163/169 da CF/88.
O art. 163 da CF/88 estabelece:
◊ Finanças públicas;
◊ Dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo poder público;
◊ Concessão de garantias pelas entidades públicas;
◊ Emissão e resgate de títulos da dívida pública;
◊ Fiscalização das instituições financeiras;
◊ Operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios;
◊ Compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
A LRF atende também às determinações do art. 169 da Carta Magna, onde determina o
estabelecimento de limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União a partir de Lei
Complementar. A LRF também atende ao previsto no art. 250 da CF. A regulamentação encontra-se
em seu art 68. Esse artigo cria o fundo do Regime Geral da Previdência e Assistência Social, cujo
objetivo é assegurar recursos para o pagamento dos benefícios concedidos pelo regime geral de
previdência social.
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7.3 Origem e princípios da LRF
7.3.1 Origem
A LRF incorpora alguns princípios, normas e modelos de outros países que foram tomados como
eferencial para a sua elaboração. A principal origem é o Fundo Monetário Internacional, organismo do
qual o Brasil é Estado-membro. Esse organismo e que tem editado e difundido algumas normas de
gestão pública em diversos países, entre eles, a Nova Zelândia, através do Fiscal Responsibility Act,
em 1994 e a Comunidade Econômica Européia, a partir do Tratado de Maastricht.
7.3.2 Princípios
Para toda atividade administrativa, em especial na gestão dos recursos públicos, muitos princípios
deverão observados, alguns de ordem geral estabelecidos na CF e em leis penais e outros específicos,
previstos na própria LRF. Independentemente da importância de cada um desses princípios citaremos
apenas os mais diretamente relacionados à gestão fiscal.
Princípios gerais:
“Não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5º, XXXIX).
“a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. (art. 5º, XL).
Assim sendo, o comportamento ilícito deve estar perfeitamente caracterizado, ou seja, tipificado em
lei, “não podendo ser aceitas leis vagas ou imprecisas” (Celso Delmanto).
O art. 4º do Código Penal considera que o crime foi praticado no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado. Essa regra é importante para efeito de enquadramento, por
exemplo, das ações proibidas em final de mandato (art. 21, parágrafo único, e art. 42 da LRF).
Princípios específicos:
O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal, de acordo com o caput do seu art. 1º, consiste
em estabelecer “normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal”.
Dentro de uma visão “macro” os objetivos da LRF são basicamente os mesmos de uma política
orçamentária fundamental, tais como:
Controle: Será realizado pelo Poder Legislativo, com o auxílio dos tribunais de contas (controle
externo), controle interno integrado dos três Poderes, controle interno de cada órgão, Ministério
Público e por toda a sociedade.
√ O art. 73 da LRF estabelece que as infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão
punidas segundo o Decreto-Lei 2.848/1940 - Código Penal; a Lei nº 1.079/1950: o Decreto-Lei
201/1967; a Lei 8.429/92; e demais normas da legislação pertinente.
O Decreto-lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967: dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos
e Vereadores, e dá outras providências.
√ Julgamento perante o Poder Legislativo, que poderá acarretar a suspensão dos direitos políticos por
até oito anos. Essas sanções podem ser aplicadas pelo Legislativo.
√ O gestor público que tiver suas contas reprovadas será “banido” da administração pública pelos
cidadãos através do seu poder de voto ou da pressão popular.
O equilíbrio das contas públicas previsto na LRF é diferente do equilíbrio orçamentário, este já estava
previsto na Lei nº 4.320/64. A LRF traz uma nova noção de equilíbrio para as contas públicas: o
equilíbrio das chamadas “contas primárias”, traduzida no Resultado Primário equilibrado. Significa,
em outras palavras, que o equilíbrio a ser buscado é o equilíbrio auto-sustentável, ou seja, aquele
que o Governo não necessitaria de realizar empréstimos e, portanto, sem aumento da dívida pública.
Esta é a verdadeira tradução do slogan “gastar apenas o que se arrecada”. Para melhor entendimento
do equilíbrio das contas públicas é preciso tecer considerações e exemplos sobre o que significa
manter as contas em equilíbrio e ao mesmo tempo mencionar a diferença entre déficit e dívida
pública.
Para tanto, iremos apresentar um exemplo bastante simples e que faz parte do nosso dia-a-dia:
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Suponhamos que em 2005 uma família recebeu R$ 1.000,00 e gastou ou comprometeu, R$ 1.200,00.
Considerando que essa família não possui outra fonte de recurso e nem poupança (quem ganha esse
valor ta difícil de poupar hem!), é certo que essa família deixou de pagar R$ 200,00.
Portanto, em 2005 essa família teve um déficit de R$ 200,00, ou seja, passou a ter uma dívida de R$
200,00.
Essa família começou mal o ano de 2006, com uma dívida de R$ 200,00. Em 2006, recebeu R$
1.300,00 e gastou R$ 1.250,00, conquistando um superávit de R$ 50,00 em 2006. Contudo, os R$
1.300,00 recebidos não cobriram todos os gastos necessários do período, porque era preciso honrar a
dívida que veio de 2005 (aqueles R$ 200,00). Assim sendo, a dívida da família, em 31/12/2006,
apresentou a seguinte posição:
Essa família está semelhante ao estado brasileiro, ou seja, gastando mais do que ganha e fazendo
dívida para pagar dívida. Essa situação hipotética apresentada mostra um desequilíbrio das contas de
uma família. Para o Estado, a situação é semelhante. Atualmente a União tem conseguido superávit,
entretanto, a sociedade não se beneficia, haja vista que essa economia serve apenas para pagar
juros de dívidas contraídas em governos anteriores e no atual.
Nos dias atuais o Governo Federal desembolsa quase a metade do montante das despesas com
pessoal só com juros da dívida. (um absurdo, só vendo para crer).
Existe um velho ditado populaz: “quem gasta mais do que o que ganha é irresponsável, quem gasta
tudo o que ganha é imprudente” Os gestores públicos deveriam colocá-lo em prática!
Transparência dos atos: a transparência tem por objetivo garantir a todos os cidadãos, por meio
das diversas formas em que costumam se organizar, acesso às informações que explicam as ações
praticadas e a serem praticadas pelos governantes, bem como as prestações de contas e pareceres
prévios emitidos pelos Tribunais de Contas.
Legitimidade: esta regra está intimamente ligada ao da utilidade, a despesa para ser legítima
precisa fundamentar-se no consentimento da sociedade, manifestado pela representação popular e
pela possibilidade contributiva, ou seja, não se pode exigir esforço excessivo dos contribuintes para
que não haja quebra da harmonia entre o poder público e os cidadãos.
Economicidade: essa regra foi elevada a princípio constitucional em 1988. Significa que os atos e
fatos administrativos devem ser avaliados pela relação custo-benefício na aplicação dos recursos
públicos. Apesar de sua subjetividade, tem-se observado que o Tribunal de Contas da União
constantemente vem aplicando em seus julgamentos, levando em conta os aspectos ligados à
viabilidade econômica, eficiência e eficácia das operações de arrecadação e dispêndio de recursos.
Finalidade: por este princípio da administração pública, os atos públicos devem estar vinculados a
um fim legal, isto é, ao interesse público, toda atividade administrativa deve ser praticada visando à
finalidade pública. Portanto, o interesse público deve prevalecer sobre o particular ou de terceiros,
sob pena de desvio de finalidade.
Licitação: a Lei 8.666/93 determina que as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações, concessões, permissões e locações da administração pública, quando contratadas com
terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas na
própria lei.
Empresa Estatal Dependente: empresa controlada que recebe do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos
no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária.
Atenção! A Portaria STN nº 589/01 melhorou um pouco mais o conceito da LRF, determinando que a
empresa estatal dependente é a empresa controlada pela união, pelo estado, pelo distrito federal ou
pelo município, que tenha, no exercício anterior, recebido recursos financeiros de seu controlador,
destinados ao pagamento de despesas com pessoal, de custeio em geral ou de capital, excluídos,
neste último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária, e tenha, no exercício
corrente, autorização orçamentária para recebimento de recursos financeiros com idêntica finalidade.
Receita Corrente Líquida - RCL: representa o total das receitas correntes, diminuídas de algumas
receitas estabelecidas pela própria lei. A RCL constitui parâmetro para quase todos os cálculos
relacionados à execução orçamentária, elaboração de relatórios e adequação dos poderes e órgãos
aos limites estabelecidos pela norma.
Como se apura a receita corrente líquida na União?
A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e
nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (art. 2º, § 3º, da LRF).
O que se entende por mês de referência?
O mês de referência, ou atual, é o mês imediatamente anterior àquele em que a receita corrente
líquida estiver sendo apurada (art. 6º, Parágrafo único, da Portaria STN nº 589/01).
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Exemplo: se a RCL estiver sendo apurada em dezembro, o mês de referência será novembro do
mesmo ano. Para obter a RCL deve-se considerar no cálculo todas as receitas correntes dos onze
meses anteriores e as do mês de referência e excluir:
Na União:
◊ Receitas correntes.
◊ Receitas de capital.
Abaixo exemplificaremos de forma sucinta essa diferença e o conceito de RCL, sem apurá-la de forma
detalhada.
Receitas
RECEITAS CORRENTES (I) 400.000
Tributárias 200.000
Contribuições sociais 150.000
Serviços 50.000
RECEITAS DE CAPITAL (II) 100.000
Operações de Crédito 80.000
Alienações de Imóveis 20.000
TOTAL DAS RECEITAS (I+II) 500.000
Analisando o quadro acima, para se calcular a Receita Corrente Líquida, utilizaremos apenas $
400.000, que é o total das receitas correntes.
Segregando-se as receitas correntes das de capital, iremos efetuar as deduções estabelecidas pela
LRF, conforme demonstrado abaixo: vamos considerar que a União tenha que realizar transferências
obrigatórias e que essas transferências sejam:
TÍTULOS VALORES $
Observe-se que, embora o total das receitas totalizem $ 500.000, para fins de apuração da receita
corrente líquida, no cálculo considera-se apenas as receitas correntes, pois as receitas de capital não
fazem parte desse cálculo.
Assim que surgiu a LRF foi divulgado equivocadamente pela mídia que os entes da federação (União,
Estados, Municípios e o Distrito Federal), não poderiam comprometer de seus orçamentos, mais do
que 50% para União, ou 60% para Estados e Municípios, com o pagamento de pessoal.
Conforme demonstrado, essa limitação de gasto é relativa a uma parte das receitas orçamentárias -
receitas correntes, com as deduções previstas. A RCL é a base de cálculo para as despesas com
pessoal. No exemplo acima, no caso da União, aplicaria o percentual de 50%. Assim, a União poderia
comprometer até $ 3.050.000. Ou seja, 50% de $ 6.100.000.
Importante! O percentual de 50% é para o pagamento de pessoal dos três Poderes, Ministério Público
e o TCU.
Resultado Primário: é a diferença entre receitas e despesas, delas excluídos os juros, receitas
financeiras (aplicações) encargos e o principal da dívida pública (pagos e recebidos).
Resultado Nominal: é a diferença entre todas as receitas arrecadadas e todas as despesas
empenhadas, incluindo os juros e o principal da dívida e ainda acrescentando as receitas financeiras.
Estágios A Receita Orçamentária na sua elaboração passa por três fases de estágios sendo:
Previsão da receita;
Arrecadação da receita;
Recolhimento da receita.
Conjunto de gastos ou dispêndios do Estado ou de outra pessoa do direito público para custear o
funcionamento do serviço público autorizado pelo Poder competente, consignando e fazendo uso da
receita pública para atingir um determinado objetivo administrativo.
7.6.1 Classificação Legal A Lei 4.320/64, arts. 12 e 13, elenca a seguinte classificação das
despesas:
a) Despesas de Custeio
Pessoal civil;
Pessoal militar;
Material de consumo;
Serviços de terceiros;
Encargos diversos.
b) Transferências correntes
Subvenções econômicas;
Subvenções sociais;
Pensionistas;
Inativos;
Salário-família;
Juros da dívida pública;
Contribuições de previdência social;
Diversas transferências correntes.
a) Investimentos
Obras públicas;
Equipamentos e instalações;
Material permanente;
Participação em constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades industriais ou
agrícolas.
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b) Inversões Financeiras
Aquisição de imóveis;
Participação em constituição ou aumento de capital de empresa ou entidades comerciais ou
financeiras;
Aquisição de títulos representativos de capital de empresas em funcionamento;
Constituição de fundos rotativos;
Concessão de empréstimos;
Diversas inversões financeiras.
c) Transferências de Capital
O sistema gerencial das despesas públicas deve obediência à Lei 4.320/64, arts. 12 e 13 e à Lei
Complementar 101/2000 dos arts. 15 até 24. Para que seja elaborado o projeto das despesas
públicas o Poder Executivo tem uma certa preocupação quanto às informações necessárias para
atender todas as finalidades desejadas com os dispêndios, buscando com os seus técnicos
orçamentários, seja de qualquer esfera, alguns requisitos a fim de poderem prever as despesas, quais
sejam:
Utilidade;
Possibilidade Contribuitiva;
Discussão Pública; Oportunidade;
Legitimidade;
Legalidade.
Para a sua execução, a despesa pública deve seguir um roteiro para a realização efetiva das
despesas, conforme consta na Lei 4.320/64, arts. 58 a 70 e acrescida da Lei Complementar
101/2000, do Decreto 93.872/86, arts. 23 ao 35 (empenho), art. 36 (liquidação) e arts. 42 a 44
(pagamento). A despesa pública na sua execução tem os seguintes estágios a observar:
c) Pagamento: é o ato de entregar ao Credor o valor relativo ao seu crédito a fim de quitar a
obrigação contraída. Previsto na Lei 4.320/64 arts. 62 a 67 e Decreto 93.872/86, arts. 42 a 44.
Suponha o exemplo simplista sobre um agente família hipotético que em 2005 recebeu a título de
rendimentos a cifra de R$ 10.000,00, mas teve um comportamento de gastos da ordem de R$
12.000,00, apresentando um déficit de R$ 2.000,00. No ano seguinte, em 2006, além da dívida de
R$2.000,00 acumulada, recebeu R$ 13.000,00 e gastou R$ 11.500,00, apresentando um superávit de
R$ 1.500,00. Contudo, essa boa notícia no orçamento familiar de 2006 (+ R$ 1.500,00) não se
revelou suficiente para cobrir todos os gastos, pois havia uma dívida de R$ 2.000,00 herdada em
2005, que precisa ser honrada, financiada. Dessa forma, o superávit obtido em 2006 foi necessário
para reduzir a dívida, mas não para quitá-la integralmente. O mecanismo bastante rudimentar
utilizado para a família ilustra claramente o que acontece nas entidades do setor público (esferas
federal, estadual e municipal). Busca-se registrar superávits com o fito de reduzir a dívida
acumulada, resultado de sucessivos déficits de anos pretéritos. O déficit se revela, portanto, como o
resultado negativo apurado num determinado corte de tempo, 12 meses do ano civil. Dívida, por sua
vez, é o déficit orçamentário, não pago, acumulado em sucessivos períodos de tempo, ou seja, em
sucessivos anos civis. Cabe repisar que déficit orçamentário causa dívida. Por outro lado, dívida,
quando financiada, também causa déficit, porque os juros daquela pressionam o orçamento. Déficit é
resultado e dívida, uma posição, um estoque.
i) Necessidades de Financiamento do Setor Público sob a ótica nominal ou resultado nominal das
contas públicas: compreende a diferença entre o total das receitas correntes do governo e o
total de suas despesas (custeio, transferências, subsídios, financeiras e de capital). Equivale-
se à variação da dívida líquida do setor público não-financeiro, com a inclusão da correção
monetária da dívida.
ii) Necessidades de Financiamento do Setor Público sob a ótica operacional ou resultado
operacional das contas públicas: compreende o resultado nominal do setor público
desconsiderando a correção monetária da dívida pública e dos ativos do setor público.
iii) Necessidades de Financiamento do Setor Público sob a ótica primária ou resultado primário das
contas públicas: compreende o resultado operacional do setor público desconsiderando os
juros líquidos reais. É entendido também como o resultado dado pela diferença entre
receitas e despesas não-financeiras. Em seguida, apresentamos uma tabela hipotética do
resultado das contas públicas sob as óticas nominal, operacional e primária, calculado pelo
critério “acima da linha”. Necessidades de Financiamento do Setor Público
Por “Dívida Líquida do Setor Público” – DLSP – deve-se entender o “total das obrigações (débitos)
assumidas pela União e Banco Central, Governos Estaduais e Municipais, inclusive Empresas Estatais
(excluídas as instituições financeiras) e deduzindo-se de cada grupamento os haveres (créditos)
existentes, além de deduzir da Dívida Externa as reservas internacionais”. A DLSP não deve ser em
hipótese alguma confundida com a Dívida Mobiliária que é apenas o item mais importante do
conjunto da DLSP. No caso do Governo Federal, refere-se aos títulos emitidos, que se encontram em
poder do público, valorados aos preços cotados nas operações compromissadas (que admitem
cláusula de recompra). Em se tratando de Estados e Municípios, corresponde aos títulos de emissão
dos respectivos governos.
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REFERÊNCIAS BÁSICAS
ARVATE, P.; BIDERMAN, C. Economia do setor público no Brasil. 1 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
GIAMBIAGI, Fábio & ALÉM, Ana Cláudia de. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. Rio:Campus,
2000.
RIANI, Flávio. Economia do Setor Público: Uma abordagem introdutória. São Paulo, Atlas, 2002.
PISCITELLI, R.B.; TIMBÓ, M.Z.F.; ROSA, M.B. Contabilidade pública: uma abordagem da
administração financeira pública. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2004.
SILVA, Fernando Resende da. Finanças públicas: São Paulo: Atlas, 2001.
ANEXOS
01- (ESAF/AFRF-2002) Segundo o princípio da equidade, na teoria da tributação, dois critérios são
propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais e o estabelecimento de normas
adequadas de diferenciação. Indique quais são esses critérios:
a) Neutralidade e eficiência.
b) Benefício e capacidade de contribuição.
c) Unidade e universalidade.
d) Eficiência e justiça.
e) Produtividade e eficiência.
04- (ESAF/AFRF) Do ponto de vista das finanças públicas, diz-se, em relação ao princípio do
benefício, que:
a) Cada um deve pagar proporcionalmente às suas condições.
b) Este princípio é o mais adotado, sendo as despesas de consumo a variável que melhor explica o
benefício.
c) As pessoas devem ser tributadas de acordo com a vantagem que recebem das despesas
governamentais.
d) A renda é uma medida para avaliar quantitativamente o benefício advindo dos gastos públicos.
e) Este princípio é de fácil aplicação, não envolvendo questões subjetivas como o conhecimento das
curvas de preferência dos consumidores.
05- (ESAF/AFRF) Afirma-se, na Teoria da Tributação, com relação ao princípio da neutralidade, que:
a) Um tributo justo é aquele em que cada contribuinte paga ao Estado um montante diretamente
relacionado com os benefícios que ele recebe.
b) Um imposto deve distribuir seu ônus de maneira mais justa entre os indivíduos.
c) Este princípio é seguido quando os tributos não alteram os preços relativos, minimizando sua
interferência nas decisões econômicas dos agentes de mercado.
d) Os agentes deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de pagamento.
e) Um indivíduo paga o tributo de maneira a igualar o preço do serviço recebido ao benefício marginal
que ele aufere com sua utilização.
08- (ESAF/AFC-SFC-2002) Com base na teoria da tributação, identifique a única opção incorreta:
a) A eficiência de um sistema tributário refere-se aos custos que impõe aos contribuintes.
b) A equidade de um sistema tributário diz respeito à justiça na distribuição da carga tributária entre
a população.
c) Ao considerar alterações na legislação tributária, os formuladores de políticas econômicas
enfrentam um dilema entre eficiência e equidade.
d) Segundo o princípio do benefício, é justo que as pessoas paguem impostos de acordo com o que
recebem do governo.
e) A equidade vertical afirma que os contribuintes com capacidade de pagamento similares devem
pagar a mesma quantia. Os custos que são impostos à coletividade através das distorções nos
mecanismos de funcionamento e alocação de recursos caracterizam o nível de eficiência e
neutralidade de um sistema tributário. Quanto mais não neutro um sistema tributário, maior o seu
grau de ineficiência e menor a atração de recursos econômicos para a dada região.
10- (ESAF/APO-2005) A Constituição Federal dá competência à União para instituir três tipos de
contribuições: sociais, de intervenção no domínio econômico; de interesse das categorias
profissionais ou econômicas. No que tange às contribuições sociais, identifique a opção falsa quanto
às hipóteses de incidência:
a) A folha de salários.
b) O aluguel.
c) Os demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe
preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.
d) A receita ou o faturamento.
e) O lucro.
11-(ESAF/AFRF-2000) Sabendo-se que o imposto seletivo é um tributo que incide apenas sobre
alguns bens, identifique a opção falsa.
a) Um imposto seletivo pode ser justificado como um tipo de tributação direta de acordo com o
benefício.
b) Um imposto seletivo pode ser empregado para “desestimular” o consumo de certos bens
considerados prejudiciais à saúde e à sociedade.
c) O imposto seletivo pode ser utilizado para reforçar a progressividade da estrutura fiscal.
d) O imposto seletivo pode ser aplicado ao produto de determinadas indústrias, de modo a conter a
poluição ambiental.
e) Um imposto seletivo pode ser empregado como fonte adicional de receita geral para complementar
outros impostos, quando o custo de arrecadação na cobrança desses impostos é elevado.
13-(ESAF/AFC-STN-2005) Segundo a teoria da tributação, aponte a opção falsa no que concerne aos
tributos diretos e indiretos.
a) Os tributos diretos incidem sobre os rendimentos dos indivíduos.
b) Os tributos diretos estão associados à capacidade de pagamento de cada contribuinte.
c) As bases de incidência dos impostos são a renda, o patrimônio e o consumo.
d) Caso os impostos diretos tenham participação relativa maior no total da arrecadação fiscal, as
camadas mais pobres estariam dando maior contribuição para o bolo tributário.
e) O imposto sobre a renda se coloca como o melhor exemplo dos tributos diretos.
14- (ESAF/AFRF-2003) A forma como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto
dos impostos tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica. Quanto ao aspecto
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de afetar a distribuição de renda, não se pode afirmar que:
a) os impostos indiretos aumentam a desigualdade na distribuição do produto nacional.
b) a implantação de um sistema tributário em que todos pagam 7% de sua renda como imposto
caracteriza um sistema proporcional.
c) os impostos diretos, tais como o ICMS e o IPI, que não incidem sobre a renda, mas sobre o preço
das mercadorias, são impostos regressivos.
d) com impostos regressivos, os segmentos sociais de menor poder aquisitivo são os mais onerados.
e) a estrutura tributária, baseada em impostos progressivos, onera proporcionalmente mais os
segmentos da sociedade de maior poder aquisitivo.
15-(ESAF-AFRF-2002-2) Modelos simples de oferta e demanda podem ser utilizados para analisar
uma ampla variedade de políticas governamentais. Com base no impacto de um imposto, aponte a
única opção falsa.
a) O impacto de um imposto depende das elasticidades da oferta e da demanda.
b) Se a demanda for muito inelástica em relação à oferta, a carga fiscal recairá principalmente sobre
os compradores.
c) Se a curva da oferta for horizontal, nenhuma parcela de imposto será repassada aos
consumidores.
d) Se a demanda for muito elástica em relação à oferta, a carga fiscal incidirá principalmente sobre
os vendedores.
e) O ônus de um imposto é a perda líquida do excedente dos consumidores e produtores resultante
da aplicação do imposto.
17- (ESAF/SUSEP-2002) Imagine que o governo tenha introduzido um imposto sobre a venda de uma
mercadoria transacionada em um mercado concorrencial. A esse respeito, pode-se afirmar:
a) A introdução do imposto afeta o preço, mas não a quantidade de equilíbrio no mercado.
b) A parcela do imposto paga pelos consumidores é tanto maior quanto mais elástica for a curva de
demanda.
c) Todo o imposto será repassado aos consumidores.
d) O aumento no custo da mercadoria para os consumidores será o mesmo, independentemente de a
responsabilidade pelo recolhimento do imposto ser dos consumidores ou dos vendedores.
e) A introdução do imposto afeta a quantidade de equilíbrio, mas não o preço.
19- (ESAF-AFCE-TCU-2002) O efeito Patinkin sugere que a elevação dos preços pode proporcionar a
redução do déficit público por meio da queda real dos gastos públicos. Identifique qual medida que,
tomada pelo governo, não reduz o déficit público.
a) Adiar pagamentos em um regime inflacionário.
b) Postergar aumentos de salários em um ambiente de aceleração inflacionária.
c) Utilizar a inflação na contribuição da redução real de receita.
d) Administrar os recursos na "boca do caixa".
e) Usar o efeito Patinkin para acomodar ex ante, pela Lei Orçamentária, o conflito distributivo de
recursos entre os vários setores, como educação, saúde, entre outros.