You are on page 1of 3

FTL061 - LABORATÓRIO DE TELEFONIA 1

Introdução à Telefonia Fixa


Diego Giovanni de Alcântara Vieira, Engenharia Elétrica - Telecomunicações

Abstract—O artigo tem por objetivo introduzir os tópicos relacionados à disciplina de Laboratório de Telefonia. Serão abordados
os conteúdos pertinentes ao histórico, padronização e normatização das telecomunicações no Brasil. As caracterı́sticas do sistema
fı́sico de telefonia, constituindo-se dos tipos de arquiteturas de sistema, tipos de centrais de comutação, codificação do sinal de voz,
tipos de comutação, bem como a estrutura da sinalização entre centrais, entre assinantes, e central-assinante.
Keywords—Telefonia, Comutação, Sinalização, Sistemas Digitais.
I. I NTRODUÇ ÃO manter um padrão ótimo de utilização comum ou repetitiva
S telecomunicações permitem que a comunicação hu- de um determinado serviço.
A mana seja feita de maneira mais rápida e eficiente. Desde
os métodos de comunicação mais primitivos, a humanidade
Os objetivos da normalização são:
• Economia: Proporcionar a redução da crescente var-
evoluiu as telecomunicações de várias maneiras, passando por iedade de produtos e procedimentos.
marcos como a invenção da escrita. • Comunicação: Proporcionar meios mais eficientes na
VIEIRA. D.G.A. troca de informação entre o fabricante e o cliente, mel-
Set 01, 2017 horando a confiabilidade das relações comerciais e de
A maneira como se conhece as telecomunicações atual- serviços.
mente passa a priori pela invenção do telégrafo em 1837 por • Segurança: Proteger a vida humana e a saúde.
Samuel Morse. A partir daı́ era permitida a comunicação entre • Proteção do Consumidor: Prover a sociedade de meios
dois pontos através de uma fiação condutora. Em seguida, a eficazes para aferir a qualidade dos produtos.
controversa patente do telefone por Alexander Graham Bell • Eliminação de barreiras técnicas e comerciais:: Evitar
em 1876. a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos
Outras invenções importantes foram o princı́pio da telefonia e serviços em diferentes paı́ses, facilitando assim, o
elétrica por Charles Bourseul, 20 anos antes da requisição de intercâmbio comercial.
patente por Bell. Em 1861, o alemão Philip Reis construiu Especificamente em relação à telefonia no Brasil, as normas
um dispositivo baseado no princı́pio de Bourseul, e funcionava utilizadas são as seguintes:
satisfatoriamente com tons musicais. • NBR 13726:1996 - Redes Telefônicas internas em
Em paralelo à evolução da telefonia cabeada, também houve prédio - Tubulação de entrada telefônica - Projeto.
avanços nas telecomunicações aéreas, com a descoberta e Fixa condições exigı́veis para o estudo e/ou elaboração
inı́cio das transmissões via ondas de rádio pelo padre Roberto de projetos de tubulação de entrada telefônica aérea
Landell de Moura. e subterrânea para prédios com mais de cinco pontos
telefônicos. Aplica-se às instalações novas e às reformas
A. As Telecomunicações no Brasil em instalações existentes.
• NBR 13301:1995 - Redes telefônicas internas em
No Brasil, a história da evolução das telecomunicações
iniciou-se no Segundo Reinado. Em 1869 foi concedida a prédios. Estabelece os sı́mbolos gráficos a serem usados
primeira linha telefônica no Brasil, em 1923 foi constituı́da em projetos de redes telefônicas internas em prédios.
a CTB, primeira companhia telefônica do Brasil. Por muito Outras normas utilizadas em situações especı́ficas são as
tempo, o setor ficou estagnado, até a criação do CONTEL, da NBRs 13300:1995 - Redes telefônicas internas em prédios,
Embratel e do sistema TELEBRÁS, em 1962, 1965 e 1972 13727:1996 - Redes telefônicas internas em prédios - Plan-
respectivamente. tas/partes componentes de projeto de tubulação telefônica e
Em 1990 iniciou-se o primeiro serviço de telefonia móvel 13822:1997 - Redes telefônicas em edificações com até cinco
no Brasil, atingindo o número de 4,3 milhões de terminais pontos telefônicos.
celulares em operação até 1997. No ano seguinte, houve a
privatização do sistema TELEBRÁS, resultante na criação III. S ISTEMAS DE T ELEFONIA
da ANATEL, Órgão Governamental regulamentador e fiscal- O sistema de telefonia é definido como o caminho do sinal
izador das novas operadoras que passaram a atuar no cenário entre o assinante A (emissor), o assinante B (receptor) e os
brasileiro. meios como a central direciona o sinal, denominado como
Comutação Telefônica.
II. PADRONIZAÇ ÃO E N ORMAS
A normalização é a atividade que estabelece diretrizes em A. Comutação
relação a problemas existentes ou potenciais, de forma a
A comutação telefônica tem por objetivo interligar os assi-
Diego Vieira Engenharia Elétrica - Telecomunicações nantes e agrupá-los por meio de centrais. Ela é necessária
FTL061 - LABORATÓRIO DE TELEFONIA 2

pois a conexão ponto a ponto é inviável à medida em que a V. T IPOS DE R EDES


quantidade de assinantes em uma rede telefônica aumenta. As A ANATEL define três tipos básicos de topologias de redes
centrais de comutação começaram como sistemas manuais ou de acesso.
automáticos.
• Rede Rı́gida: usada em baixa densidade telefônica, não
• Sistemas Manuais: os terminais dos assinantes são colo-
possui seccionamento entre a central local e o assinante.
cados em um painel e as conexões são feitas por um Os cabos subterrâneos ou aéreos, dependendo do método
operador. O sinal de chamada é sinalizado na mesa, e o de transmissão adotado na localidade, são conectados
operador conecta a linha de origem da chamada com o diretamente ao distribuidor geral do logradouro até o
usuário intencionado por meio de conexões manuais. A ponto de entrega do consumidor. Possui a vantagem de
principal desvantagem desse sistema é quando o número tornar mais simples a detecção de defeitos, uma vez que
de assinantes ou o tráfego for alto, poderá ocorrer falhas. há poucas intermediações até o assinante.
• Sistema Passo-a-Passo: é o primeiro sistema automático
• Rede Flexı́vel: esta topologia de rede implanta um sec-
desenvolvido. Consiste num sistema de matriz em que cionamento entre central e assinante, através dos armários
um seletor alimentado por pulsos elétricos percorre cada de distrbuição. Essa é a topologia mais comum encon-
ponto do sistema com passos na vertical e na horizontal. trada na telefonia fixa brasileira, possui a vantagem de
• Sistema Automático de Comando Direto: Primeiro tipo
fazer expansões de forma mais simples.
de sistema de comutação em que há separação clara • Rede Múltipla: nesse tipo de rede, os cabos são rami-
entre as funções de conexão e funções lógicas como a ficados em em mais de um local através de ligações em
sinalização de canal. Nesse caso, os impulsos do disco, paralelo.
advindos do aparelho telefônico, são armazenados em
registradores, que pela análise da temporização do pulso VI. S INALIZAÇ ÃO
seleciona os algarismos dos seletores. Esse registrador
fica livre para uma próxima comutação. A sinalização consiste na transmissão de sinais de
• Sistemas automáticos de controle comum: Mais uma
informação entre centrais telefônicas, ou entre a central e o
evolução dos sistemas automáticos. Aqui há a eperação assinante, e ocorre durante o processo da comutação.
do equipamento de controle e dos sinais de voz. Há a Existem três tipos de sinalizações: DE LINHA, com o obje-
implantação de barramento cruzado, em que o mesmo tivo de supervisionar os juntores antes e após a chamada. DE
meio trafegam os sinais de voz ou sinalização, depen- REGISTRO, com a condição de se relacionar ao equipamento
dendo da necessidade. de controle comum durante o estabelecimento de chamada.
• Centrais por controle de programas armazenados:
Aqui, cabe a observação de em sistemas passo-a-passo, não
trata-se de uma central digital computadorizada que cabe a separação dos sinais de linha e de registro. Por sua
fornece além da comutação, outros tipos de serviços aos vez, os sinais ACÚSTICOS têm por objetivo informar aos
assinantes, por meio de códigos digitados no teclado. Al- assinantes o status da chamada, ou quanto à disponibilidade
guns desses serviços são a discagem rápida, não perturbe, de utilizar a linha telefônica em determinado momento, ou ao
bloqueador de interurbanos, transferência de chamada e destinatário em receber a chamada.
atendimento simultâneo.
A. Sinalização de Linha
IV. T IPOS DE C ENTRAIS A sinalização de linha é composta por um conjunto de sinais
As centrais telefônicas são classificadas em tipos baseando- que transitam entre os juntores de duas centrais telefônicas
se na quantidade de assinantes conectados a mesma e à sua conectadas entre si. Esses sinais podem ser para trás (do
hierarquia na topologia do sistema telefônico. Porém, há dois receptor para o originador da chamada) ou para frente (do
tipos básicos que definem essas classificações, sendo os demais originador para o receptor).
derivados de acordo com a complexidade do sistema. • Ocupação: sinal para frente.
• Atendimento: sinal para trás.
A. Central Local • Desligar para trás.

É a central telefônica que atende os assinantes de uma • Desligar para frente.

determinada área, como os bairros de uma cidade grande. • Confirmação de desconexão: sinal para trás.

Geralmente, esse tipo de central fica localizada no centro • Desconexão forçada: sinal para trás.

geográfico da região, com um alcance de até 5 km, para não • Tarifação: sinal para trás.

comprometer a qualidade do sinal. • Bloqueio: sinal para trás.


• Rechamada: sinal para frente

B. Centrais Tandem
Esse tipo de central é utilizada quando a quantidade de B. Sinalização de Registro
centrais locais começa a aumentar, de forma que é necessário É a sinalização que compreende na troca de informações en-
realizar a interligação entre as mesmas, através de troncos. As tre registradores das centrais telefônicas. Utiliza-se o conceito
centrais Tandem se sobrepõem de acordo com a complexidade de MFC (Sinalização multi-frequencial compelida). Cada sinal
do sistema. é transmitido como uma combinação de duas frequências, tal
FTL061 - LABORATÓRIO DE TELEFONIA 3

qual um teclado DTMF, um conjunto dito frequências altas e


outro dito frequências baixas. Estes valores são:
• Frequências altas (Hz): 1380 - 1500 - 1620 - 1740 - 1860
- 1980.
• Frequências baixas (Hz): 540 - 660 - 780 - 900 - 1020 -
1140.

C. Sinalização Acústica
A sinalização acústica compreende os sinais utilizados para
informar aos usuários quanto ao estado da chamada. Estes são:
• Tom de discar;
• Tom de ocupado;
• Tom de controle de chamada;
• Tom de número inacessı́vel;
• Corrente de toque.

VII. C ONCLUSION
Os sistemas de telefonia fixa são o princı́pio básico das
telecomunicações, por se tratar do que mais entra em contato
com a sociedade. Observa-se na história a evolução dos
sistemas, como pôde ser visto na introdução. No âmbito
brasileiro, os sistemas de telefonia fixa atingiram grande escala
a partir da criação do sistema TELEBRÁS.
Quanto à normatização, os processos são determinados de
acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. A
ANATEL, criada após a privatização das Telecomunicações
brasileiras, é responsável por regular as operadoras de telefonia
móvel em sua relação com o usuário.
Os sistemas de telefonia evoluı́ram junto com o desenvolvi-
mento das centrais de comutação, que permitiram que usuários
fosse agrupados de acordo com sua localização. As topologias
de redes telefônicas crescem agrupando usuários em centrais
locais e estas, por sua vez, em centrais Tandem. À medida que
o sistema se torna mais complexo, mais centrais Tandem são
agrupadas a nı́vel regional e nacional.

R EFERENCES
[1] Tateoki, G.T. Telecomunicações Básico, 1st ed.Presidente Epitácio, Brasil.
1999.
[2] Martins, R.R. Apostila de Telefonia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Departamento de Engenharia Eletrônica e de Computação
1st ed.Rio de Janeiro, Brasil. 2003.

You might also like