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Capítulo 2
O rotor é a parte móvel da máquina, colocado no interior do estator, tendo para o efeito. O
rotor é constituído por um empilhamento de chapas magnéticas que constituem o núcleo
magnético e por enrolamentos colocados em ranhuras. O rotor pode ser de dois tipos: Rotor em
gaiola de esquilo (que pode ser de gaiola simples, de gaiola dupla ou de gaiola de barras
profundas) e Rotor bobinado.
Rotor de gaiola simples: Neste tipo de rotor os condutores são colocados em ranhuras, curto-
circuitados em cada extremidade por um anel condutor. O conjunto do material condutor tem o
aspecto de uma gaiola de esquilo (origem do nome dado a este tipo de rotor). Em certos tipos de
rotores, a gaiola é inteiramente moldada, constituindo um conjunto robusto. Os condutores
podem ser de cobre ou de alumínio. O alumínio sob pressão é comumente utilizado. Junto aos
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anéis dos topos podem ser encontradas aletas para a ventilação. Estas aletas são partes da peça
rígida que constitui os condutores e os anéis que os curto-circuitam. Estes motores possuem um
torque na partida de fraca intensidade. A corrente absorvida nesta situação é várias vezes superior
à corrente nominal.
Rotor de gaiola dupla: Este tipo de rotor tem duas gaiolas concêntricas. A gaiola exterior é
constituída para ter uma resistência suficientemente elevada, permitindo um bom torque na
partida. A gaiola interior é constituída por uma resistência baixa, garantindo um bom rendimento
em funcionamento nominal. Na partida do motor, funcionará essencialmente a gaiola exterior. Na
situação normal, funcionará a gaiola interior. O grande benefício que se obtém da utilização de
motores deste tipo consiste no aumento do torque de partida. Consegue-se também uma ligeira
diminuição do valor da corrente de partida.
Rotor de gaiola de barras profundas: Este tipo de rotor tem o aspecto da gaiola simples,
embora as barras que constituem o seu enrolamento sejam de considerável profundidade. As suas
características de arranque são análogas às do rotor de gaiola dupla.
Na Figura (2.1), tem-se o rotor de gaiola constituído por um conjunto de barras não isoladas
e interligadas por anéis em curto circuito.
Figura 2. 1 - Rotor de gaiola: (a) dupla de cobre e latão e (b) de alumínio, Brito (2002).
Na Figura (2.2), tem-se as várias formas da barra do rotor e detalhes da sua montagem junto
às chapas magnéticas.
A construção mais simples consiste em montar os condutores do rotor nas respectivas ranhuras e curto-
circuitar estas ranhuras por intermédio de dois anéis, um em cada topo. Freqüentemente este enrolamento é obtido
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vazando alumínio no núcleo do rotor, montado num molde, moldando-se ao mesmo tempo as aletas destinadas à
ventilação. Como os condutores estão curto-circuitados permanentemente, não há necessidade de isolá-los.
(a) (b)
Figura 2. 2 - Barras do rotor: (a) Tipos de barras. (b) Detalhes das barras do rotor.
O rotor de anéis tem três enrolamentos separados, ligados normalmente em estrela. Um dos
terminais de cada enrolamento é ligado a um ponto comum e os outros três terminais são ligados
a três anéis conectados entre si.
No rotor de anéis, as escovas transferem os terminais das bobinas para fora do motor. Estes
terminais dos enrolamentos podem ser ligados em curto circuito ou através de um conjunto de
resistências externas, que alteram a resistência total do circuito rotórico. Na Figura (2.3), tem-se
um MIT de rotor de anéis.
Na Figura (2.4), tem-se o estator formado por três partes distintas: carcaça [1] que é a
estrutura suporte do conjunto, núcleo de chapas magnéticas [2] e enrolamento trifásico [3]. O
enrolamento é composto de três conjuntos iguais de bobinas, um para cada fase, formando um
sistema trifásico que será ligado à rede de alimentação.
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(a) (b)
Figura 2. 4 - Estator da máquina de indução trifásica. (a) Estator. (b) Chapa magnética do núcleo.
Na Tabela (2.1), tem-se o número de barras ou ranhuras no estator e rotor, para diversos
tipos de carcaça WEG.
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Na Equação (2.1), tem-se o valor das correntes I a, Ib e Ic, para um sistema de alimentação
trifásico balanceado fluindo através dos enrolamentos, onde Im é a amplitude da corrente, wé a
velocidade angular e t o tempo. Estas correntes instantâneas são mostradas na Figura (2.6).
Ia(t) = Im cos wt
Ib (t) = Im cos (wt - 120) (2.1)
Ic(t) = Im cos (wt + 120)
No instante t1, a fase A está num valor máximo num determinado sentido. As correntes nas
bobinas das fases B e C alcançam exatamente a metade do seu valor máximo no sentido oposto.
Na Figura (2.7a), tem-se as direções das correntes que circulam nas bobinas "a", "b" e "c".
A força magnetomotriz (fmm) ao longo do eixo da fase "a" possui o seu valor máximo (F a = Fmáx)
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devido a corrente na fase "a" ser máxima. Tem-se também que Fb = Fmáx/2 e Fc = Fmáx/2 em Fa,
produzem um fluxo constante F = 1,5 Fmáx. As componentes de quadratura dessas projeções
cancelam-se entre si, uma vez que elas são iguais e opostas em sua posição de fase.
Na Figura (2.7b), tem-se a forma de onda da força magnetomotriz (f mm) e a sua resultante no
instante de tempo t1.
(a) (b)
Figura 2. 7 - Fluxos produzidos pelos condutores nas diversas fases.
O mesmo procedimento é seguido no instante t 2. Neste caso, a corrente na fase "b" está
invertida e é igual a fase "a" e de mesmo sentido. A fase "c" está no seu valor máximo no instante
t2. O fluxo resultante é novamente desenhado para cada uma das fases. Neste instante F a e Fb
produzem componentes em quadratura (que se cancelam) e componentes em fase com F c que
produzem um fluxo resultante F de mesmo valor que o existente no instante t 1. Assim, no instante
t2, 60 elétrico posterior ao instante t1, o fluxo resultante gira de 60, permanecendo com seu
valor constante.
Examinando os valores da força F nos instantes t 1 e t2, percebe-se que o estator pode ser
tratado como um solenóide. Todos os condutores do lado do sentido da força F carregam corrente
entrando no estator, e todos os condutores que se localizam do outro lado têm correntes saindo do
estator. Assim, no instante t3 o fluxo resultante terá um outro sentido, entrando no estator num
pólo norte (N) e deixando o estator num pólo sul (S). Na Figura (2.8), tem-se a posição da força
magnetomotriz para o instante de tempo t2.
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O campo magnético girante, Figura 2.8, fornece um sentido anti-horário para a seqüência
de fases ABCABCA, Figura 2.6. Se quaisquer dois terminais de linha das bobinas do estator
forem trocados entre si, a seqüência de fases inversa produzirá reversão do sentido de rotação do
campo magnético. Conseqüentemente, o sentido da rotação de qualquer motor de indução pode
ser invertido (invertendo-se simplesmente a seqüência de fases). Para isto, basta trocar a posição
de quaisquer duas das três conexões de linhas que o ligam à fonte de alimentação trifásica.
O rotor se acha imerso no campo girante produzido pelas correntes no estator. Nos
condutores do rotor, cortados pelo fluxo do campo girante, são induzidas forças eletromotrizes
(fem) que dão origem a correntes. Estas correntes reagem sobre o campo girante produzindo um
conjugado motor que faz o rotor girar no mesmo sentido do campo. Este é o princípio de
funcionamento dos motores de indução trifásicos, Figura (2.9).
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Quando o motor funciona sem carga, o rotor gira com velocidade quase igual à síncrona.
Com carga, o rotor se atrasa mais em relação ao campo girante e correntes maiores são induzidas
para desenvolver o conjugado necessário.
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fs = s x fl (Hz) (2.4)
A tensão induzida no circuito do rotor (E 2s), é dada pela Equação (2.5), onde s é o
escorregamento e El é a tensão nos enrolamentos do estator.
E2s = s El (2.5)
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X
E 2 20 R 2 1 1
Tmec.
60 Xm N.m (2.6)
2 n s R 2 2 X1
2
X 1 X 20
2 2
s 1 X X 1 X 20 X
m m
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Numa máquina de indução de rotor em gaiola, a indutância de fuga associada a cada barra
varia de forma acentuada com a sua profundidade. Conforme mostrado na Figura (2.11), se a
barra se encontrar junto ao entreferro, as linhas de força do campo de fugas fazem um percurso
longo no ar. Conseqüentemente, a sua indutância de dispersão será pequena. No caso contrário,
quando as barras se encontrarem longe do entreferro a sua indutância de dispersão será grande.
Note-se que, no primeiro caso, o fluxo terá de circular pelo ar (entreferro) que tem uma
permeabilidade magnética muito inferior à do ferro. No segundo caso, barra no interior do ferro,
o fluxo de fugas circula pelo ferro e, portanto, a sua indutância é maior.
Na máquina de rotor em gaiola, também se pode considerar dois casos, no que diz
respeito à resistência das barras e, conseqüentemente, à resistência dos enrolamentos do rotor.
Esta resistência está diretamente relacionada com a secção de material condutor e com a sua
condutividade, Figura (2.12). Assim, se o objetivo é ter uma máquina com uma elevada
resistência no rotor, devem-se construir as suas barras com um material de elevada
(relativamente) resistividade e com uma seção pequena. Se o objetivo é ter uma máquina com
uma resistência do rotor baixa, devem-se construir as suas barras de material com baixa
resistividade e com uma grande secção. Naturalmente que a obtenção de casos intermédios é feita
jogando com estas duas grandezas - a seção da barra e a condutividade do material condutor.
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O motor de indução de dupla gaiola é uma das variedades do motor assíncrono em curto-
circuito e tem como características mais notórias o melhoramento das características de partida.
A gaiola superior, a que está mais próxima do entreferro, é constituída por um material de
elevada resistividade (latão, bronze, alumínio, etc.). Ou então, constituída com uma seção baixa
de modo a apresentar uma resistência considerável. A gaiola inferior é constituída de material de
pequena resistividade (cobre).
As duas gaiolas estão separadas uma da outra por ranhuras estreitas. A gaiola superior é
caracterizada por uma indutância de dispersão pequena. A gaiola inferior é caracterizada por uma
dispersão grande. Naturalmente, existirá uma ligação magnética entre as duas gaiolas.
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Neste caso, a grande resistência da janela superior é obtida diminuindo a secção. A capa de
alumínio, que une as duas gaiolas, serve como distribuidor de calor entre elas.
Durante a partida, nos primeiros instantes, a corrente é dividida pelas duas gaiolas na
relação inversa entre as suas reatâncias. Assim, como a reatância da gaiola inferior é muito
superior à reatância da gaiola superior, a corrente circulará na quase totalidade pela gaiola
superior. Como esta gaiola é caracterizada por uma resistência relativamente elevada, o torque de
partida é beneficiado, Figura (2.13).
À gaiola superior, dá-se o nome de gaiola de partida (arranque). À medida que aumenta a
velocidade do motor, diminui a freqüência das correntes do rotor e diminui a reatância da gaiola
inferior. Como conseqüência, começa a aumentar a corrente nesta gaiola, bem como o caráter
resistivo das duas gaiolas. Ou seja, os termos R2/s tornam-se preponderantes. Assim, a gaiola
inferior também começa a desenvolver um torque significativo.
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Para fins de análise, na Figura (2.15), tem-se o circuito equivalente aproximado do motor
de dupla gaiola.
Baseado no circuito equivalente, Figura (2.10), tem-se as relações dadas por (2.7), sendo o
fator de correção a é igual a 1+x1/xm.
Exemplo: Considere uma máquina de rotor em gaiola dupla. Os parâmetros do seu circuito
equivalente simplificado encontram-se indicados na figura abaixo.
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Determine:
a) Os valores equivalentes das correntes das duas gaiolas nas seguintes situações: a.1. Arranque e
a.2. Situação nominal.
b) Determine o valor do binário nas duas situações anteriores. Qual a contribuição de cada
gaiola?
Rar
R jX jX R1 jX11
1 S 11 arr
U 1 I arr
U R tr I tr
1 R1 jX11 R1 jX11 jXtr
S
As correntes Iarr e Itr são obtidas depois de resolvido o sistema de equações. O sistema de
duas equações complexas, acima indicado, é equivalente a um sistema de quatro equações reais
quando se separa cada número complexo nas suas partes real e imaginária. Para a resolução de tal
sistema optou-se por utilizar um computador. Alguns dos resultados obtidos encontram-se na
tabela abaixo.
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s Iarr [A] Itr [A] Mar [Nm] Mtr [Nm] Mem [Nm]
1 77,59 42 241 13 254
sn 3,59 18,41 25,9 129,55 155,45
Os motores de gaiola de barras profundas, de forma análoga aos motores de dupla gaiola,
têm as características de arranque melhoradas em comparação com os motores normais em curto-
circuito.
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inferior da ranhura está associado um fluxo de dispersão superior ao provocado pelas correntes na
parte superior de ranhura.
Verifica-se que a resistência e a reatância efetivas das barras da gaiola variam com a
respectiva freqüência. Ou seja, os parâmetros do rotor não são constantes, mas são funções da
freqüência das grandezas do rotor. Conseqüentemente, variam com a velocidade de rotação. O
estudo mais detalhado deste motor, permite concluir que esta máquina pode ser estudada como
uma máquina de gaiola simples com parâmetros variáveis com a freqüência.
Na Figura (2.17), tem-se o circuito equivalente do motor de gaiola profunda. O índice ( ran)
refere-se à parte do enrolamento do rotor no interior da ranhura. O índice ( fron) refere-se à parte
associada aos anéis frontais. Apesar dos anéis frontais também apresentar o efeito pelicular, ele é
menos importante, e é desprezado para não complicar excessivamente o modelo. Assim, a
resistência e a reatância dos anéis frontais não são afetadas pela variação da velocidade. Os
parâmetros Kr e Kx são funções do escorregamento e traduzem a variação dos parâmetros atrás
referidos.
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Para o caso em que as barras são de forma retangular, Figura. (2.16), os termos que
traduzem a variação dos coeficientes com a freqüência são k r e kx, Equações (2.8) e (2.9),
respectivamente. A variável representa a altura virtual da barra. É um parâmetro
adimensional, dado pela Equação (2.10).
s h 2 sen 2
kr
ch 2 cos 2
(2.8)
3 s h 2 sen 2
kr (2.9)
2 ch 2 cos 2
b barr f 2
h 0 (2.10)
b ran
b barr s
0,014 h (2.11)
b ran
Quando bbarr = bran, o material da barra for cobre a 50°C e = 0,02 (mm2/m), tem-se o
novo valor de é dado pela Equação (2.12). Para > 2, tem-se que kr = e kx = 3/2 .
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100 h s (2.12)
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