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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS


BACHARELADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
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Batalha, choque, conflito [...]. A guerra da forma como conhecemos hoje possui
em seu DNA características e traços vinculados à estrutura do Estado-nação – tipo de
organização política criada há alguns séculos atrás. Esse novo tipo de sistematização
política retirou da pessoa do “príncipe” o fator causa e motivação dos conflitos. Dessa
forma, a guerra entre reis se tornou a guerra entre povos 1 . As guerras, portanto,
passaram a ter em suas motivações outras variáveis determinantes, como por
exemplo, o fator ideológico das nações. Comunismo, nazi-facismo, democracia liberal,
foram alguns dos movimentos ideológicos que fomentaram as tensões e rivalidades
responsáveis por motivar os conflitos do século XX. Vale salientar, entretanto, a
afirmação de Samuel Huntington de que a lógica desses conflitos ocorreram
predominantemente dentro da civilização ocidental. Segundo ele, apenas com o
término da guerra fria a “política internacional sai da fase ocidental e o seu centro
passa a ser a interação entre o Ocidente e as civilizações não ocidentais”.2

A partir dessas premissas Huntington defende a tese de que a fonte dos


conflitos contemporâneos não serão mais ideológicas ou econômicas, mas sim,
culturais. “Aldeias, regiões, grupos étnicos, nacionalidades, grupos religiosos, todos
têm culturas distintas em diferentes níveis de heterogeneidade cultural”. 3

Diferentemente das ideologias que representam o “de que lado você está?”, o
civilizacional representa a questão “o que você é?”. A margem da tolerância e
relativismo se contrai à níveis mínimos. As diferenças são muito mais acentuadas e
delicadas. Não obstante, o processo de globalização está a transformar o mundo em
um lugar pequeno. “As interações crescentes entre povos de civilizações diferentes
estão a aumentar”. 4 Essa proximidade acentua a “consciência civilizacional”
intensificando a percepção das diferenças entre as civilizações. As tensões entre os
povos se tornam mais agudas.

Com o fim da Guerra Fria e a vitória da ideologia liberal defendida pelo


Ocidente, o mundo passar a observar o incansável esforço deste em propagar e impor

1 (p.01)
2 (p.02)
3 (p.02)
4 (p.03)
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Universidade Estadual da Paraíba
Bacharelado em Relações Internacionais
João Pessoa - Paraíba - Brasil
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seus princípios políticos, econômicos e culturais. Em contrapartida, o Oriente passa a


perceber tal movimento e considera-lo com uma ameaça tangível aos seus princípios
e à sua cultura. Posto isso, um ‘Ocidente no auge do poder confronta-se com um
poder não ocidental que, crescentemente, tem desejo, vontade e recursos para moldar
o mundo em modos não ocidentais”. 5 O choque de civilizações torna-se uma
realidade.

Sendo assim, Huntington afirma que o sistema de organização política mundial


passará por mudanças significativas no futuro. Contudo, tais mudanças já podem ser
percebidas através da multiplicação dos blocos de integração política e econômica ao
redor do mundo. Huntington apresenta a ideia de que a criação desses blocos só são
exitosas mediante o compartilhamento de uma identificação cultural por parte dos
países membros. Isso representa, para ele, o início de um processo de desintegração
dos Estados-nação e o estabelecimento de um tipo de organização política baseada
ne identificação cultural. Ou seja, as fronteiras políticas se transformariam em
fronteiras culturais. Sendo assim, o papel dos Estados na política internacional
deixaria de assumir o papel central à medida que as civilizações conflituosas tornam-
se mais importantes.

As previsões e os diagnósticos de Samuel Huntington revelam o paradoxo


contido no dilema da globalização: ao mesmo tempo que homogeneíza, ela também
intensifica o processo de heterogeneização. Portanto, a não eficiência na gestão
política e social das tensões civilizacionais poderão mergulhar a humanidade nos mais
extremos tipo de conflitos. A saber, os advindos dos choques de civilizações.

REFERENCIA

 HUNTINGTON, Samuel P. O choque de civilizações? (1993).

5 (P.04)
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João Pessoa - Paraíba - Brasil

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