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Transcrição da entrevista de Mãe Rosa – 12/03/2018

Olha, eu nasci na igreja católica, meu tio era de mesa branca , mas fiz tudo
que tinha que fazer na cruzada, no espiritismo minha mãe dizia para gente,
vinha gente na nossa porta, nós não tínhamos quase nada, e pediam comida,
então o prato dela ela dava para quem precisava, um dia que vocês tiverem e
precisarem. (Filha falando: Meu pai saia para trabalhar e buscar o dinheiro,
ambos trabalhavam, um não sabia o que o outro ganhava. Meu pai ia trabalhar
e quando chegava em casa a noite perguntava como estavam os filhos, o que
tinha acontecido na escola, se tinha feito lição e etc. Quem sempre bateu foi
minha mãe, quem sabe dava castigo foi minha mãe). Quando casei com meu
marido, minhas cunhadas, meu marido trabalhava em Bom Retiro numa fábrica
de guarda chuvas. Tinha uma moça que veio da Austria e eu trabalhava na
lavanderia na Liberdade, ela veio com o povo da lavanderia, e ficou minha
amiga, e quem veio de lá era o Barão e a Baronesa e precisavam de uma
pessoa de confiança para trabalhar para eles, ai eu fui, nessa época ele davam
dinheiro para eu comprar uma vassoura, davam o que equivaleria a R$100,00
e eu trazia o troco direitinho para eles, não pegava nenhum tostão. Então o que
aconteceu? Eles me deram a senha de um cofre que eles tinham dentro do
apartamento, enquanto quando eu precisava de comprar alguma podia pegar
diretamente lá, e nunca mexi. Eles arrumaram para meu marido trabalhar na
fábrica de aço, Aços Boiler do Brasil???. Eu pegava no batente porque
trabalhava nos Barões e quando saia de lá ia trabalhar em outro lugar. Eu
sempre quis melhorar e nisso a Dona Margarida (Deus a tenha na gloria)a
baronesa, ia lá na vila ensinar o meu marido a manejar aquelas máquinas para
controlar as polegadas dos aços, para ele ser chefe e ele foi até um ,bom
chefe, no Depósito da Aços Boyler no Ipiranga. E nisso foi quando chamamos
para trabalhar a família, então a vida da gente sempre foi ajudar as pessoas. E
tinha uns, que na época quem era o presidente era o Sr. Ubida, que era da
Venezuela e veio morar aqui no Brasil um tempo, ele e a esposa freqüentavam
minha casa, eu fiquei um tempo tomando conta dos 3 filhos que eles tinham,
quando eles viajaram.Eu deixava minha cunhada no meu lugar e ficava na
casa deles. Tinha essa coisa negra, mas sempre me dei com muita gente, mas
tinha um pessoal lá que fizeram uma caricatura, mas naquela época já eram
250 funcionarios, eu tomava conta de 9, um dia eles me chamaram e
mostraram uma caricatura onde meu beiço ia até o chão, fizeram uma negrona,
eu olhei e falei que aquela não era eu, não falei mais nada, mas quando
cheguei em casa ai que fui chorar. Dai falei, tudo bem, tenho meu santo, e o
que aconteceu com ele? Se casou com uma negra. La tinha muito casos de
secretárias com os patrões e as moças iam na cozinha para eu dar conselhos e
eu me dava com as patroas. Isso continua, o preconceito não acabou, só que
antigamente se batesse na sua porta o pessoal evangélico e vc falasse que era
espirita, eles simplesmente chamavam de bruxa e iam embora. Hoje em dia se
batem na sua porta e você fala que é espírita eles falam que não tem
importância, pelas suas condições e poder aquisitivo. Aqui a gente não quer
saber se é católico, evangélico, o que for, aqui nós estamos dando cestas
básicas, independente de religião. E hoje quando vem evangélico na minha
porta eu falo que sou espírita e que Deus é um só, mas cada um fala de um
modo diferente, mas nós todos somos irmãos,e se eles querem conversar eu
converso também, não brigando, mas trocando ideais e eles voltam para
conversar. Com esses não tenho problema, mas as vezes tenho problemas
com quem é da religião. Eu acho isso uma coisa tão boba, pois temos que nos
unir, não se considerar melhor que o outro, nem se vangloriar e nem maldizer
os outros. Então tem preconceito sim, falam de mim sim, e a gente sabe até
quem é, mas quando nos encontramos vêm pedir a benção e eu tenho vontade
de falar um nome feio, porque é falsidade, é muita falsidade e na nossa religião
tem muito disso. Tem inveja, tem ciúmes. Tem filhas de santo, que tenho dó do
Pai de Santo, que querem o Pai só para elas. Aqui em casa eu chamo atenção
mesmo, de muitos. O que eu acho que não é certo eu chamo e falo e se fizer
de novo, eu digo que não dá mais, pois quero que cada um cresça. Mas se
acham que querem fazer o querem, é um desrespeito e tem muitos. Na minha
época, lá no Pai de Santo, para começar, quem estava de pajé, não tomava
nem a benção. Tem muitos que está e recebe santo, eu pergunto como é que
pode? O corpo está sujo. Eu sou muito do antigo, agora estou mais na parte
social, mas muitas coisas que fazemos aqui, são feitas na misericórdia, porque
muitos que vem não tem dinheiro nem pra comprar uma vela, mas quando
melhoram se afastam e quando a coisa volta a apertar voltam. E ai fica difícil.
Os iniciantes não estão tendo o respeito devido, as vezes eles acham que
sabem mais que um Babalorixa, às vezes eles não tem nem um ano de
obrigação e já estão abrindo casa, eles não sabem realmente nada, pois nós
estamos sempre aprendendo no dia a dia e eles acham que já estão lá em
cima os bambambans e não existem bambambans, se nós estamos aqui é
para aprender, todo dia estamos aprendendo. O que acontece também é que
as pessoas ficam pulando, pulando de casa para poderem pegar alguma coisa
e dizerem que sabem e não é por ai. Ayrá quem que choro oro mi, sobo ima se
me, orisa que ise o wa, Ayra, Ayra quem que choro oro mi, sobo ima se Le,
orisa que ise o wa, Ayra Ayra eee, Ayra Ayra oba co su o jare.Ayra Ayra oba co
su o jare, Cao, Cao Cabecile o ya mo choco oba yao y Cabecile, o amo o y
Cabecile. Que Xango o Orixá da justiça te dê vida, saúde e felicidade

(Pai, a parte da cantiga é bom revisar, pois não consegui tirar completamente.)

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