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A ATUAL LEI MAÇÔNICA

Lei é a norma jurídica vigente numa sociedade. Toda sociedade humana, desde as
formas gregárias mais primitivas, vivem dentro de um vasto liame de normas de
natureza variada. Preceitos religiosos, máximas filosóficas, usos & costumes, ritos,
formulas de comportamento social, ordenações de toda a espécie constituem um
amplo e complexo sistema destinado ao controle da conduta humana.

A Maçonaria como sociedade é pródiga em sua legislação e destarte, também, em


controvérsias legais, e entre as inúmeras questões controvertidas estão os
discutíveis Landmarks como normas de direito maçônico. Porém, os Landmarks
são invenção moderna e seus partidários nunca puderam chegar a um acordo
quanto a sua (data) fixação.

Isto não impede aos anglo-saxões proclamarem sagrados estes limites


essencialmente flutuantes, que eles decretam ao sabor de seu partidarismo. Cada
Grande Loja ou Grande Oriente os fixa segundo a sua forma de compreender a
Maçonaria e, sendo esta muito diversamente compreendida, resultam daí
definições contraditórias, destrutivas da unidade no seio de uma instituição que
busca a concórdia mundial.

Apesar deste aspecto contraditório, a grande maioria dos doutos em legislação


maçônica coloca-nos como uma das colunas do direito maçônico, onde podemos
citar Vanildo Senna, que na sua classificação cita-os conforme infra transcrito:

1 – Antigos Deveres (Old Charges) e a Maçonaria Operativa;

2 – Poema Regius ou Documento Halliwell;

3 – A lei da Maçonaria Especulativa: Livro das Constituições;

4 – O Manuscrito Cooke;
5 – Os Landmarks; e

6 – Usos e Costumes (Jus Non Scriptum e o Segredo Maçônico). ALBERT G.


MACKEY

Já Albert Mackey dividiu em três as classes de leis que segundo ele governam a

instituição maçônica:

1 – Os sinais;

2 – As leis gerais; e

3 – As leis locais.

Os sinais pertencem aos Usos e Costumes (Jus Non Scriptum), apesar de terem

sido escritos e divulgados inúmeras vezes.

As leis gerais constituem todos os regulamentos que foram decretados pelos


corpos maçônicos na tentativa de criar uma jurisdição mundial. Admitiu-se
geralmente que estas leis mundiais ou gerais se encontram nas Constituições e
Preceitos Antigos, até a época em que foram reconhecidas e aceitas pela Grande
Loja da Inglaterra durante sua instalação em 1717 e adotadas mesmo antes de
1721.
As leis locais constituem as regras originadas das gerais, e são aplicáveis
unicamente naquelas jurisdições que as adotou, e consequentemente são
mutáveis de conformidade com os corpos que as decretaram. Devem ser validas;
porém, não podemos repudiar sinais ou as Leis Gerais, que constituem a
autoridade suprema.

Albert Mackey não inclui os Landmarks, mas considera os sinais como parte da
tríplice classificação, o que não é possível concordar pela sua variação de acordo
com os ritos e as transformações existentes e também por pertencerem aos
nossos usos habituais.

Numa tentativa de simplificação teríamos somente:

1 – A Legislação Maçônica especifica; e


2 – A Legislação Maçônica geral.

A Legislação Maçônica especifica é um conjunto de regras que dão um caráter


orgânico a um Grande Corpo Maçônico, como as Grandes Lojas ou os Grandes
Orientes. São as constituições, os regulamentos gerais, códigos penal e
processual entre outras normas estabelecidas pelo Grande Corpo Maçônico, que
se transformam no Estatuto ou Regimento Interno das lojas.

James Anderson

Visto por esse ponto de vista, a Constituição de James Anderson nada mais
representa do que a premissa normativa da Grande Loja da Inglaterra, e não como
pretendem os maçons ingleses e seus cegos seguidores: A Carta Magna da
Maçonaria Mundial.

O Grande mérito da Constituição de James Anderson é a de ter incorporado no


texto os antigos ensinamentos das antigas lojas de construtores. Porém, em 1813
com a fusão dos antigos & modernos, fundado a Grande Loja Unida da Inglaterra,
foi introduzida uma versão diferente relativamente a Deus e a religião, assim
redigida:

“Um maçom é obrigado pela sua dependência a obedecer a lei Moral; e se bem
entender a Arte, nunca será um estúpido ateu nem um irreligioso libertino. De
todos os homens, deve ele compreender melhor, que Deus vê de maneira
diferente o homem; pois o homem vê a aparência exterior enquanto Deus vê o
coração ... qualquer que seja a religião de um homem ou sua maneira de adorar,
não será excluído da Ordem, contanto que creia no Glorioso Arquiteto do Céu e da
Terra, e pratique os deveres sagrados da Moral”.

Este artigo diferente da Constituição de James Anderson em relação a Deus e a


religião, porquanto esta afirmava: “Um maçom é obrigado em virtude dos eu
estado, a obedecer a Lei Moral, e, se ele entender bem a Arte, não será jamais um
estúpido ateu, nem um irreligioso libertino. Ainda que nos tempos antigos os
maçons fossem obrigados a professar em cada país, a religião desse país ou
dessa nação, qualquer que ela fosse, hoje em dia é considerado mais conveniente
sujeitá-los a religião com a qual todos os homens concordam. Ela consiste em
serem bons, sinceros, homens de honra e probidade, sem qualquer denominação
ou crença particular onde possam se distinguir. Donde se segue que a Maçonaria
é o Centro de União e o meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas
que, de outro modo, teriam ficado eternamente distantes.”

Essas modificações trouxeram cisões lamentáveis, cismas entre Grandes Corpos,


porque modificavam substancialmente a parte concernente a Deus e a religião e
transformaram a primitiva Maçonaria Especulativa deísta, adogmática, arreligiosa,
de liberdade absoluta de pensamento; em teísta religiosa, e, por que não,
dogmatica. A instituição maçônica opõe-se a todo dogma e toda cegueira
espiritual. As lojas maçônicas são diferentemente das igrejas; pois não devem ter
riqueza de adornos e nem possuem ídolos. Seu culto, se o tem, é render preito a
ciência, a filosofia e a virtude. Sapira encontrar a verdade relativa a cada época e
promover a união fraternal de todos os homens, o que não se pode conseguir
mediante dogmas nem revelações, senão por meio da livre expressão das ideias,
do estudo das ciências, amparado pela ética e pela razão.

As leis maçônicas gerais compreendem as antigas ordenanças (Old


Charges), Poema Régio (Documento Halliwell), Manuscrito Cooke e outros
considerados autênticos e os Usos & Costumes.

Esse conjunto tradicional das corporações de construtores constitui os princípios


básicos da Maçonaria Especulativa, passando pela fase operativa.
Albert Mackey cita pelo menos 37 manuscritos antigos. Ele também se refere a
outros que existiram na Itália e Alemanha.

Albert Mackey relata: “James Anderson nos refere que no ano de 1719, em
algumas das lojas privadas, haviam vários manuscritos valiosos relativos a Arte
Real, suas lojas, regulamentos, preceitos, segredos e praticas, foram queimados
precipitadamente por alguns irmãos, por temer que os ditos documentos caíssem
em mãos erradas. Porém a causa principal e mais lógica, como tudo indica, seria a
destruição de documentos de origem católica da Maçonaria Operativa, onde vários
textos tinham como primeira parte: ‘Ser fiel a Deus e a Santa Igreja, e evitar o erro
e a heresia.’ Seguindo ‘Tu serás fiel súdito do Rei’, e ainda outros tinham como
fundamental o culto a Virgem Maria, o que feria os preceitos da Igreja Reformada
da qual se originavam James Anderson e Desaguiliers.

Desaguiliers
O Poema Régio escrito em versos que do 1 ao 56 descrevem como Euclides foi
empregado para ensinar Geometria aos filhos dos nobres do Egito; do 57 ao 86
conta-se a chegada da Fraternidade a Inglaterra; e no do 87 ao de 260, são
expostos 15 artigos e a partir de 260 a 270 os 15 pontos, todos tratando das
relações entre os membros das corporações e com a sociedade.

Do regulamento de 1663, Lei de Santo Albano, destacam-se alguns pontos pelo


interesse ainda atual: “1º Ninguém, fosse qual fosse a posição ocupada na
sociedade profana, poderia ser recebido entre maçons sem que existisse uma loja
composta por cinco maçons, dos quais um fosse Mestre ou Inspetor do Distrito ou
Circunscrição e outro fizesse parta da Arte da Maçonaria.”

Tem um outro item bastante interessante: “Ninguém seria recebido na sociedade, e


os segredos não lhe poderiam ser comunicados sem que tivessem prestado o
juramento de discrição, segundo o seguinte texto: ‘Eu ... declaro e prometo diante
de Deus Todo Poderoso e de meus companheiros e irmãos aqui presentes, que
nunca, em tempo algum, qualquer que seja o artifício ou violência empregados
para este fim, publicarei ou denunciarei direta ou indiretamente nenhum dos
segredos, privilégios ou deliberações da Fraternidade de que me foi dado
conhecimento ou de que tiver ciência daqui por diante. Que Deus e o Santo
conteúdo deste livro venham em meu auxilio.’”

No Grão-Mestrado do Irmão George Payne foi realizada uma compilação das


antigas leis e criou-se o Regulamento Geral.
Este Regulamento Geral continha 39 pontos e deu uma estrutura organizacional
administrativa, legislativa e jurídica a então Grande Loja de Londres.
Constituíram o substratum para a Constituição de James Anderson e toda a
legislação maçônica mundial subsequente; porque todo este material foi imposto
pelo imperialismo britânico, como norma para toda a Maçonaria Especulativa e, o
pior, aceito e defendido pelos “escravos da preguiça” de pensar, culminando com o
ato de 4 de setembro de 1929, com os famosos Oito Pontos Básicos para o
Reconhecimento de um Grande Corpo Maçônico, causadora da teratogenia de
maçons regulares e irregulares que tanto dano vem ocasionando a Fraternidade
Maçônica.
Atualmente, criou-se uma serie de entulhos dogmáticos, dificultando o
relacionamento fraternal.

Simplificando ficaríamos somente com as leis gerais e as especificas da


Maçonaria, devendo estas últimas se espalharem nas antigas ordenanças e
manuscritos considerados confiáveis.

VIA DIREITO MAÇÔNICO

POR ÁUREA CAMPOPIANO.'.

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