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Mudanças no Secretariado e Comissão Política da Frelimo

Nyusi prepara
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vassourada so
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Naita Ussene
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Di

Pág. 2

Caso da reabilitação da Julius Nyerere com muito pano para manga

LEM volta a advertir município de Maputo


Pág. 12
2 Savana 08-01-2016
TEMA DA SEMANA

Conclave de Fevereiro poderá decapitar de vez o guebuzismo

Nyusi prepara revolução


-Castigo Langa, Alcinda Abreu, Ana Rita Sithole e Luísa Diogo na rampa de lançamento para substituir Eliseu Machava, no cargo d
de SG

o
log
ció
E
stá iminente uma razia no
Secretariado do Comité
Central da Frelimo, “revo-
lução” que também poderá
Comissão Política, órgão decisó-
rio nos intervalos entre as sessões
do Comité Central, é vista em
alguns círculos políticos como es-
so
Aguardam-se importantes decisões na sessão extraodinária da Frelimo em Fevereiro

exercer a função de Secretário para


a formação de quadros do partido.
Macuácua, que é actualmente de-
putado e presidente da chamada
verá ver a sua “ousadia” compensada
na sessão extraordinária do CC que
arranca a 05 de Fevereiro próximo.
É um dos nomes bem contados
da bancada da Frelimo e membro
da Comissão Política, vão tam-
bém procurando um lugar ao sol
de Filipe Nyusi. Quando Nyusi foi
um
atingir a Comissão Política, uma tando a dificultar a governação do primeira comissão na Assembleia para substituir Eliseu Machava, ao Parlamento para o seu primei-
medida que tem em vista decapitar Presidente Filipe Nyusi. É men- da República, deverá sair na sessão que fez grande parte da sua carreira ro Estado Geral da Nação, Talapa
de vez o guebuzismo e dar plenos cionado como exemplo disso os extraordinária do CC em Fevereiro, como burocrata do partido. tratou o novo timoneiro de sábio,
poderes ao Presidente Filipe Nyu- dois ataques à comitiva de Afonso do secretariado do partido e per- Estão na lista fornecida ao SAVA- humilde, grande líder e um homem
si, que tem sentido dificuldades em Dhlakama em Manica (Chibata, manecer apenas no Parlamento. NA para Secretário Geral, Cas- de horizontes.
manejar uma máquina ainda con- a 12 Setembro, e Zimpinga, a 25 O mesmo deverá acontecer com tigo Langa, o antigo ministro da No entanto, no novo figurino da
taminada pelo anterior líder. Setembro) e o cerco e assalto à sua Sérgio Pantie, que é vice-chefe da Energia no consulado de Joaquim Comissão Política, Margarida Ta-
residência no bairro das Palmeiras bancada da Frelimo no Parlamento, Chissano, e Luísa Diogo, anti- lapa vai conservar o lugar por ine-
O conclave (II Sessão do Comité na cidade da Beira. Estes ataques, e deve deixar o cargo de secretaria- ga Primeira-Ministra e candidata rência de funções, tendo em conta
Central extraordinário) da Frelimo segundo nos afiançaram, visavam do para a organização. presidencial derrotada por Nyusi que é chefe da bancada do partido
bloquear as iniciativas de paz do Damião José, o zeloso e obedien- nas primárias do partido. A anti- no Parlamento. O mesmo aconte-
foi anunciado pela Comissão Polí-
te secretário para Mobilização e ga Primeira-Ministra terá saído cerá com Verónica Macamo, que
tica (CP) para 05 de Fevereiro des- Presidente Nyusi e impedir que o
de

é a presidente da Assembleia da
te ano, na Escola Central do Parti- chefe de Estado faça concessões a Propaganda, poderá deixar de ser o ferida no processo eleitoral para
República. Há dúvidas se José Pa-
do, na cidade da Matola. Afonso Dhlakama. porta-voz do partido. candidato presidencial, conside- checo, actual secretário do Comi-
A reunião do órgão mais importan- Ao que o SAVANA apurou, as rado por muitos como tendo sido té de Verificação do CC, Alberto
te entre congressos será a primeira Vassourada mexidas na máquina executiva do pouco transparente, e um cargo de Vaquina, Sérgio Pantie (jovem em
desde que Filipe Nyusi assumiu for- Na IV Sessão Ordinária do CC em partido poderão também fazer cair Secretária-Geral ajudaria a aproxi- ascensão na hierarquia do partido)
malmente a presidência da Frelimo, Março de 2015, que decapitou par- o Secretário-Geral, Eliseu Macha- mar alas desavindas. Castigo Langa irão manter-se na CP.
em Março, em sessão ordinária do cialmente o guebuzismo, foi apro- va, dois anos após a sua eleição na acompanhou Nyusi durante grande Compõem ainda a CP, Lucília
Comité Central, depois da difícil vada uma directiva que determina mesma sessão que elegeu Filipe parte da sua campanha, o que lhe Hama (que não poderá resistir
renúncia de Armando Guebuza, incompatibilidades entre membros Nyusi, como candidato presiden- possibilitou “beber” a filosofia do em Fevereiro na Matola), Car-
valho Muária e Esperança Bias
io

que dirigiu os destinos do partido do secretariado e a função de de- cial da Frelimo às eleições de 15 de Presidente.
putado. Outubro de 2014. Contudo, no seio partidário argu- (deputados), Cadmiel Muthemba,
durante dez anos (2005-2015).
Esta directiva abre espaço para que Eliseu Machava derrotou Alcinda menta-se que Nyusi preferiria uma Eduardo Mulémbwè (sobreviveu
Nyusi reestruture o secretariado e Abreu, figura que foi determinante mulher conhecedora dos “mean- à hecatombe de Pemba em 2012),
Ao que o SAVANA apurou de fon- Alberto Chipande (deputado e
áveis, será nesta reunião
tes impecáveis, coloque pessoas da sua confiança. na intervenção que afastou Guebu- dros internos do partido”, daí que
membro da Comissão Permanen-
que o Presidente Nyusi realizará Contudo, esta directiva ainda não za da presidência do partido, numa se acredita que a nova líder da má-
ár

te), Eneias Comiche (deputado),


mexidas profundas no Secretário foi posta em prática até à data, sen- altura em que o antigo timoneiro quina partidária sairá entre Alcin- Raimundo Pachinuapa, Conceita
do Comité Central e na Comis- do que Edson Macuácua, uma das procurava resistir à sua sucessão. da Abreu, Luísa Diogo e Ana Rita Sortane (deputada) e Filipe Paún-
são Política, dois órgãos ainda al- faces mais visíveis do guebuzismo e Fontes internas afiançaram ao jor- Sithole. de, o ex-SG conhecido pelas vírgu-
tamente dominados por figuras de um dos progenitores do controver- nal que a antiga ministra do Am- As reservas do guebuzismo acanto- las. O Primeiro-Ministro, Carlos
confiança do anterior presidente. so grupo de comentadores pró Fre- biente e actualmente deputada e nadas na Assembleia da República, Agostinho do Rosário, continuará
Amiúde,, pairam ainda dúvidas de limo, denominado G40, continua membro da Comissão Política, de- Margarida Talapa, a poderosa chefe por inerência de funções.
Di

quem de facto manda no país, in-


certezas que deverão ser dissipadas
no conclave de Fevereiro. Observa-
dores em Maputo e algumas fontes
partidárias notam que depois de
Nyusi ter conseguido a acumulação
da chefia de Estado e a presidência
do partido, é chegado o momento
de uma vassourada nos órgãos de-
cisórios da Frelimo, colocando fi-
guras da sua confiança, por forma a
garantir uma gestão do partido e do
país de forma eficaz e equilibrada.
A continuação de elementos de
confiança de Armando Guebuza
no Secretariado do partido e na Alcinda Abreu Luísa Diogo Castigo Langa Ana Rita Sithole
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TEMA
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DA SEMANA
4 Savana 08-01-2016
TEMA DA SEMANA

O IOF e os golpes duros à pobreza

Mais de 50% do dinheiro dos moçambicanos


vai para a comida

o
Por Ricardo Mudaukane

log
M
ais de 60% da popula- A província de Maputo e a capital
ção moçambicana gasta do país, salienta a pesquisa, regista-
mais de 50% do seu di- ram despesas mensais muito acima
nheiro em alimentação, da média nacional, com 14. 865 e
indica o Relatório Final do Inqué- 25.912, respectivamente.
rito ao Orçamento Familiar (IOF) Por seu lado, Zambézia e Nampu-
2014-2015, divulgado no último la fizeram gastos mensais médios
fim-de-semana pelo Instituto Na- mais baixos, com cerca de 3.749 e

ció
cional de Estatísticas (INE). 4.123, respectivamente. Estas duas
províncias continuam as mais po-
bres, em comparação as restantes,
Parte das constatações inseridas no
mas melhoraram ligeiramente em
documento já tinha sido tornada
relação a pesquisa anterior.
pública na semana passada pelo
INE, que omite, no IOF 2014- Analfabetismo reduziu
2015, a taxa de pobreza em Mo- Moçambique registou uma dimi-
çambique, contrariando uma prá- nuição das taxas de analfabetismo
tica verificada no IOF 2008/2009,

so
e o número de pessoas com 15 anos
quando na altura o estudo estimou que não sabem ler passou de 49,9%,
em 54,7% o índice de pobreza no em 2008, para 44,9% em 2015.
país. Maputo regista o índice de analfa-
O documento final distribuído no betismo mais reduzido, enquanto
fim-de-semana dá uma vaga ideia Cabo Delgado tem o mais elevado.
de que Moçambique não conseguiu Contudo, para o grupo de 15 a 19
“desferir golpes duros à pobreza”, anos, continua a ser de 29%, e 13%
usando a linguagem muito recor- dizem que não foram à escola. Por
rente no discurso do guebuzismo. sexo, 30% dos homens e 58% das
um
De acordo com o IOF, acima de mulheres são analfabetas.
60% da população moçambicana Na saúde, a população que procu-
destina mais de metade dos seus ra os serviços aumentou na ordem
rendimentos à alimentação, o que dos 1,9%, passando de 65,2% para
traduz o entendimento de que “tra- 65,4%, em função do parâmetro
balha para sobreviver”. Entidades seguido na pesquisa, que considera
internacionais, com o Banco Mun- que o indivíduo tem acesso à as-
dial à cabeça, consideram, normal- sistência medica adequada quando
mente, que um agregado familiar é percorre menos de 30 minutos para
pobre quando gasta mais de meta- chegar a um posto de saúde.
de dos seus recursos em comida. A pesquisa decorreu entre 07 de
de

Ou seja, quando uma família cana- Agosto de 2014 e 07 de Agosto de


liza mais de metade dos seus recur- 2015 e incidiu sobre 6.380 áreas
sos para a alimentação, ficará com urbanas e 5.243 áreas rurais, tendo
muito pouco para atender a outras sido inquiridos 11. 628 agregados
necessidades consideradas funda- baixa nas famílias com rendimento moto, congelador, televisor, apa- na passada, o INE deu a saber que
das 11 províncias moçambicanas.
mentais ao bem-estar. mais elevado. relhagem sonora, cama e telefone o IOF 2014-2015 constatou que
A extrapolação dos dados do IOF
O IOF refere que, depois dos ali- “O consumo da farinha de man- celular. A pesquisa revela que a
celular as famílias residentes em Moçam- 2014/15 aponta para um total de
mentos, o remanescente dos rendi- diocaa tem maior peso nas famílias posse de bens cresceu e assinala que bique gastaram em média 6.924 5.058.763 agregados familiares.
mentos que as famílias moçambi- do primeiro quintil (rendimento no período do inquérito 55,8% das meticais por mês e os agregados Destes, 69,4% encontram-se na
canas auferem é canalizado para a mais baixo) e cada vez menos até famílias detinham telemóvel face a familiares da província de Maputo área rural e os restantes na urbana.
io

habitação, água, electricidade, gás e ao quinto quintil (rendimento mais 23% entre 2008 e 2009. e da capital do país ultrapassaram, As províncias mais populosas do
outros combustíveis. alto). Nota-se, porém, que o peixe Contrariamente, a percentagem em despesas, a média de gastos das País, Nampula e Zambézia, têm o
seco e o arroz decrescem de forma de agregados familiares com casa famílias de todo o país. número mais elevado de agregados
“Ricos” cada vez mais em moderada à medida que as despe- própria denota uma ligeira redu- De acordo com os resultados do familiares com 20,1% e 19,9%, res-
hotéis e restaurantes sas gerais aumentam. Entretanto, ção. Todavia, em termos absolutos, IOF, os gastos incorridos pelas fa- pectivamente, enquanto que Ma-
O inquérito faz notar que, quando o peixe fresco, refrigerado ou con- mílias moçambicanas no período puto Cidade (4,7%) e Gaza (5,4%)
ár

o número de agregados com casa


são agrupados os agregados fami- gelado apresenta uma importância própria aumentou, embora pouco. analisado correspondem a 1.406 são as que apresentam menor nú-
liares com rendimentos mais altos equiparada em todos os agregados No sumário que divulgou na sema- meticais por pessoa. mero.
– 20,0% da população que despen- familiares”, destaca o inquérito.
de cerca de 5.812 per capita – aos A pesquisa realça que apenas 32,7%
mais pobres, verifica-se que os mo- dos agregados com rendimento
çambicanos recorrem cada vez mais mais baixo usa fonte de água segura
Di

aos restaurantes, hotéis e cafés. e 83,6% de famílias com rendimen-


“A divisão de Restaurantes, Hotéis tos mais elevado também desfruta
e Cafés cresceu de forma significa- do mesmo serserviço.
tiva, como resultado da tendência Outro dado curioso tem a ver com
crescente de gastos em alimentação as fontes de energia usadas pe-
e bebidas fora de casa. As despesas las famílias moçambicanas para a
em comunicações aumentaram em iluminação das suas casas. A nível
177,2% e as da saúde em 158,0%”, nacional, a pilha é a principal fon-
lê-se no documento. te de iluminação (39,7%), seguida
O INE diz que o comportamento de electricidade (24,8%) e lenha
de alguns produtos de maior relevo (14,2%).
mostra que a farinha de milho con- De um modo geral, a situação dos
tinua sendo o principal produto de agregados familiares em termos de
consumo para a maioria dos agre- posse de bens duráveis melhorou
gados familiares, mas assinala que consideravelmente, em particular
essa tendência é consideravelmente no que concerne à posse de carro,
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TEMA DA SEMANA

Acesso à justiça administrativa

José Abudo requere inconstitucionalidade da Lei


Por Argunaldo Nhampossa

o
O
Provedor de Justiça, José De acordo com estas disposições administrativos é inconstitucional,
Abudo, requereu ao Con- constitucionais não é necessário sendo que o mesmo devia ser con-
selho Constitucional que o acto seja definitivo e execu- siderado facultativo para não entrar

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(CC) a declaração de in- tório para se recorrer aos tribunais, em contradição com a Constituição
constitucionalidade de alguns arti- incluindo os administrativos, con- e, deste modo, permitir que o TA
gos da norma que regem a justiça tra violação
ão dos direitos e interes- seja mais aberto aos cidadãos.
administrativa. ses dos cidadãos reconhecidos pela Entende ainda que o que está em
constituição e pela lei. causa no acesso aos tribunais são os
Trata-se do número 1 do artigo 33 O advogado avançou que aquela lei, direitos e interesses dos cidadãos,
da lei nº7/2014 de 28 de Feverei- ao estabelecer que “só é admissível pelo que os actos que os violam
ro, um dispositivo que regula os recurso dos actos definitivos e exe- são recorríveis nos termos da lei
Procedimentos Atinentes ao Pro- cutórios” coloca a obrigatoriedade

ció
fundamental do país, desde que
cesso Administrativo Contencioso de o cidadão, antes de recorrer ao emanados de decisão tomada por
(LPPAC). tribunal, ter de seguir toda a estru- autoridade no uso dos seus pode-
O ponto em alusão refere: “Só é tura hierárquica da administração res jurídicos-administrativos e que
admissível recurso dos actos defini- em alusão é datado de 24 de De- Argumenta o peticionário que, nos pública em causa, até obter a últi- produza efeitos de direito.
tivos e executórios”, uma estipula- zembro de 2015. termos do artigo 70 da Constitui- ma palavra, através da impugnação
Segundo o antigo jurista da LDH,
ção que é vista como limitativa do O pedido do Provedor de Justiça ao ção da República, “o cidadão tem graciosa ou mesmo hierárquica.
no âmbito das actividades adminis-
direito de acesso à justiça constitu- CC surge como resposta ao artigo o direito de recorrer aos tribunais Porém, a realidade mostra que, vá-
trativas do governo, pode concluir-
cionalmente consagrado. de opinião do advogado e antigo contra os actos que violem os seus rias vezes, os cidadãos que se sen-
-se que pode ser acto definitivo e

so
Entende o Provedor de Justiça que jurista da Liga dos Direitos Hu- direitos e interesses reconhecidos tem lesados não seguem o recurso
executório aquele que provém do
o preceituado no referido artigo li- manos (LDH), João Nhampossa, pela constituição e pela lei.” hierárquico, temendo represálias ou
perseguições por parte dos seus su- Presidente da República, na sua
mita o direito do acesso dos cida- publicado no SAVANA e subme- A Constituição determina ainda
dãos aos tribunais administrativos periores. A situação é agravada pela qualidade de chefe do governo e
tido em forma de petição ao seu que “o cidadão pode impugnar os
por via de recurso contencioso. falta de garantias de imparcialidade última autoridade na hierarquia
gabinete. actos que violam os seus direitos
Isto é, caso um cidadão tenha um O advogado solicitou ao Provedor estabelecidos na Constituição e nas e independência. governamental.
problema ou sinta os seus direitos de Justiça para, no quadro das suas demais leis”, conforme o artigo 69. O peticionário refere que o refe- No entanto, após a resposta favo-
violados pela administração pública competências, interpor uma acção Por sua vez, dispõe o nº 3 do artigo rido artigo da LPPAC enfraquece rável do Provedor de Justiça, o ad-
deverá, primeiro, recorrer às instân- visando a declaração de inconstitu- 253 que “é assegurado aos cidadãos e condiciona o exercício do direito vogado diz aguardar com muita ex-
um
cias hierarquicamente superiores, cionalidade da referida lei, por po- interessados o direito ao recurso fundamental de acesso aos tribu- pectativa o parecer do CC, que no
até se esgotarem, e só mais tarde tencialmente constituir uma barrei- contencioso fundado em ilegalida- nais pelos cidadãos. seu entender vai contribuir para um
poderá recorrer ao Tribunal Ad- ra ao acesso à justiça administrativa de de actos administrativos, desde Assim, considera que o recurso maior acesso aos tribunais adminis-
ministrativo (TA). O requerimento pelos cidadãos. que prejudiquem
ejudiquem os seus dir
direitos.” hierárquico obrigatório dos actos trativos por parte dos cidadãos.
de
io
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Di
6 Savana 08-01-2016
SOCIEDADE

Sequestros e resgates milionários

Danish Satar ouvido por um juiz de instrução


-Polícia procura agora Nini Satar

Por Eduardo Conzo

o
S
uspeito de fazer parte das esclarecimentos. Esta, por sua vez, campanha de desinformação, que escreveu, nesta quarta-feira, que o cia de Nini no estrangeiro é ilegal.
gangs criminosas que têm contactou a Polícia de Investigação estende há um grupo de jornais na- mesmo já tem passaportete britânico, A mesma fonte garantiu igualmente
estado a protagonizar diver- Criminal Cidade que confirmou a cionais que supostamente controla. mas ao que o SAVANA apurou, que os movimentos de Nini Satar

log
sas incursões de sequestros existência de um mandado interna- Actualmente diz estar a residir na Nini não está no velho continente, estão sendo seguidos ao pormenor
de cidadãos para, posteriormente, cional de captura contra Danish de- Inglaterra, mas com deslocações mas sim em países asiáticos que não pelas autorida
autoridades policias e em caso
exigir resgates milionários, Danish vido a um crime de desobediência, frequentes a Suécia e França e afir- têm nenhum acordo com a Interpol. de entrar em países com acordos
Satar foi ouvido, esta segunda-feira, pois ele estava interditado de viajar ma que a sua estadia é legal. Um jor- Uma fonte judicial garantiu-nos com a Interpol será detido e extra-
por um juiz de instrução. para fora do país. nal electrónico editado em Maputo nesta quarta-feira que a permane- ditado ao país.
Recorde-se que em 2012, Danish
Danish Satar está encarcerado nas Satar havia sido preso por ordens do
celas do Comando da Cidade de então director da Polícia de Investi-
Maputo desde que desembarcou no gação Criminal (PIC) da cidade de

ció
aeroporto de Mavalane, depois de Maputo, Dias Balate, por suspeitas
em Novembro de 2016 ter sido de- de estar envolvido nos raptos. Cinco
tido na capital italiana, Roma, pela dias depois, Danish foi presente ao
Polícia Internacional (Interpol). juiz, que o soltou de imediato por
“Foi ouvido aqui no Comando por insuficiência de provas.
um juiz de instrução do Tribunal Ju- Mais tarde a Polícia exarou um
dicial da Cidade de Maputo”, preci- mandado de captura contra o sus-
sou o porta-voz do Comando-Geral peito. Este processo chegou a ir a
da Polícia da República de Moçam- julgamento, mas nenhum dos en-

so
bique, Inácio Dina, acrescentando volvidos citou o nome de Danish.
que o processo está ainda em fase Ou seja, não se produziu nenhuma
de instrução, daí que os detalhes do acusação efectiva contra ele, mas a
mesmo estejam ainda em segredo de Polícia diz ter quase certeza do en-
investigação. volvimento do acusado em acções
Diante da insistência de jornalistas de raptos e sequestros.
em torno de questões relacionadas
com a presença ou não de advoga- Jorge Khalau e mais detenções
dos do acusado na sessão de audição O Comandante-Geral da Polícia,
e ainda se a audição tinha ou não Jorge Khalau, em parada policial de
um
resultado em decisão de legalizar a saudação ao esforço da corporação
na cidade de Maputo, anunciou pu-
prisão, não foram respondidas por
blicamente que, muito brevemente,
aquele porta-voz.
as autoridades moçambicanas irão
Repetindo que o processo de au-
apresentar mais pessoas acusadas de
dição do acusado continua, Inácio
sequestros.
Dina respondeu simplesmente que
Danish Satar é sobrinho de Nini
não tinha informação precisa sobre
Satar, cidadão também procurado
a decisão da legalização da prisão pelas autoridades moçambicanas
de Danish Satar, mas entende ha- pelo facto de ter, há muito, extra-
ver matéria bastante para “obrigar” vasado os limites de tempo de au-
o juiz a decidir efectivamente pela sência (fora do país), no âmbito do
de

decretação da prisão preventiva até gozo da liberdade condicional.


à data do julgamento. Até ao fecho Nini Satar, que depois de cumprir
da presente edição, ainda não era elacionado com
a metade da pena relacionado
pública a decisão de que Danish o assassinado do jornalista Carlos
continuaria ou não detido. Cardoso, foi concedido uma liber-
O jovem Danish Satar, de 27 anos dade condicional.
de idade, tem nacionalidade mo- Pouco tempo depois da sua soltu-
çambicana e foi detido quando, em ra, Nini Satar, autorizado pelo juiz
Roma, fazia o “check in” no hotel Adérito Malhope, abandonou o país
onde iria hospedar. Os funcionários rumo a Índia alegadamente para
io

constataram que o seu nome cons- tratamentos médicos.


tava de uma lista disponível na in- Nini deveria ter voltado ao país em
ternet sobre pessoas procuradas pela Abril do ano passado, para se apre-
justiça. sentar as autoridades policiais como
A Polícia romana entrou de imedia- emanam as normas para cidadãos
em liberdade condicional.
ár

to em contacto com a Interpol. A


Interpol em Moçambique contac- No entanto, Nini não mais regres-
tou a Direcção Nacional da Polícia sou ao país e somente é visto nas re-
de Investigação Criminal para obter des sociais onde dirige uma grande
Di

Danish Satar dialogando com agentes da PRM antes de recolher às celas do


comando da cidade
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8 Savana 08-01-2016
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5HÁH[mRVREUHRVSURFHVVRVGHDTXLVLomRGH'8$7HSDSHOGRVDFWRUHVFKDYHHQYROYLGRV
RUHVFKDYHHQYROYLGRV

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Contextualização
Em 2011 a Sociedade Aberta (SA) realizou uma pesquisa sobre o acesso à ‡ &REUDQoDLOHJDOGHYDORUHVSHORVWpFQLFRVGR6'3,SDUDDWUD
&REUDQoDLOHJDOGHYDORUHVSHORVWpFQLFRVGR6'3,SDUDDWUDPLWDomRGH
PLWDomRGH
terra nos Distritos de Namaacha e Marracuene, tendo como objectivo des- processos;
crever o ponto de situação da gestão de terra dos 2 distritos. Dentre outras )DOWDGHSDGURQL]DomRGRYDORUFREUDGRSDUDDDTXLVLomRGR'8$7
‡ )DOWDGHSDGURQL]DomRGRYDORUFREUDGRSDUDDDTXLVLomRGR'8
‡ )UDFRFRQKHFLPHQWRGDOHLSHODPDLRULDGDVHVWUXWXUDVORFDLV

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recomendações, o estudo apontou a necessidade de a SA e outras Organi-
zações da Sociedade Civil formarem os grupos teatrais sobre matérias de $EXVRGHSRGHUSHORVUpJXORV&KHIHVGRV3RVWRVH/RFDOLGDGHVGHYLGR
‡ $EXVRGHSRGHUSHORVUpJXORV&KHIHVGRV3RVWRVH/RFDOLGDGHV
gestão de terra, de modo a disseminarem os direitos e deveres das insti- ao facto de os mesmos permanecerem no poder por tempo indetermina-
tuições envolvidas na gestão de terra numa perspectiva de entretenimento, do;
bem como formar as Plataformas Distritais sobre a legislação sobre a terra, )DOWDGHDFHVVRDRPDSDGDVXDMXULVGLomRSHORV&KHIHVGRV3RVWRV$GPL-
‡ )DOWDGHDFHVVRDRPDSDGDVXDMXULVGLomRSHORV&KHIHVGRV3R
para que estas repliquem o conhecimento para as comunidades, incluindo QLVWUDWLYRVRTXHGLÀFXOWDDUHVROXomRGRVSUREOHPDVUHODFLRQDGRVFRPD
QLVWUDWLYRVRTXHGLÀFXOWDDUHVROXomRGRVSUREOHPDVUHODFLRQD
as lideranças locais. atribuição de terra;
$WULEXLomRGHHVSDoRVGRVQDWLYRVSHORVOtGHUHVFRPXQLWiULRVVHPXPD
‡ $WULEXLomRGHHVSDoRVGRVQDWLYRVSHORVOtGHUHVFRPXQLWiULRV
Em seguimento às recomendações do referido estudo, nos dias 26 e 27 de SUpYLDFRRUGHQDomRFRPRVWpFQLFRVGRJRYHUQR YHULÀFDomRGDGLVSRQL-
SUpYLDFRRUGHQDomRFRPRVWpFQLFRVGRJRYHUQR YHULÀFDomRGDGL

ció
Setembro do ano em curso, a SA realizou uma formação das Plataformas bilidade do espaço que se pretende ocupar);
sobre Lei de Terra, processo de aquisição de DUAT e papel dos actores e H[LJLGRV
‡ 0HGLomR DOHDWyULD GRV WHUUHQRV VHP REVHUYkQFLD GRV SDGU}HV H[
instituições envolvidas. para cada tipo de uso que se pretende fazer.

A principal recomendação saída desta actividade foi a necessidade de a So- 3DSHOGDVFRPXQLGDGHVHGDVLQVWLWXLo}HVQDJHVWmRGHFRQÁLWRVGHWHUUDH


3DSHOGDVFRPXQLGDGHVHGDVLQVWLWXLo}HVQDJHVWmRGHFRQÁLWRV
ciedade Aberta criar uma sessão de discussão e diálogo envolvendo os prin- DTXLVLomRGH'8$7
cipais intervenientes, sendo, os titulares dos Postos Administrativos, Loca- $OpPGRVIDFWRUHVTXHLQÁXHQFLDPQHJDWLYDPHQWHRSURFHVVRGHJHVWmRGH
$OpPGRVIDFWRUHVTXHLQÁXHQFLDPQHJDWLYDPHQWHRSURFHVVRGHJH
lidades, Serviços Distritais de Planeamento e Infra – Estrutura, Actividades terra, discutiu-se o papel das comunidades e das instituições chave envol-

so
Económicas e Serviços Municipais. A ideia era de que a actividade devesse vidas neste processo, tendo-se destacado, por um lado, a necessidade de as-
culminar com a formulação de propostas de soluções sobre os processos de segurar a função de implementação das leis e garantia do seu cumprimento
DTXLVLomRGH'8$7JHVWmRHFRQÁLWRVGHWHUUD pelo Governo, bem como capacitação dos técnicos sobre a legislação ligada
jWHUUD,JXDOPHQWHUHVVDOWRXVHDQHFHVVLGDGHGHGLYXOJDomRHÀVFDOL]DomR
jWHUUD,JXDOPHQWHUHVVDOWRXVHDQHFHVVLGDGHGHGLYXOJDomRH
Foi neste contexto que no dia 16 de Dezembro do ano em curso a SA realizou do cumprimento da legislação sobre a terra pelas Plataformas distritais e
XPHQFRQWURGHUHÁH[mRSDUDGLVFXWLURVSUREOHPDVH[LVWHQWHVQDDTXLVLomR
DTXLVLomR membros dos Conselhos Consultivos.
de DUAT pelas comunidades e o papel das instituições e actores envolvidos 5HFRPHQGDo}HVSDUDDPHOKRULDGDJHVWmRGHWHUUD
no processo. De modo a assegurar a gestão ideal da terra na Província de Maputo foram
elaboradas as seguintes recomendações direccionadas para o Governo e a
3DUWLFLSDQWHVGRHQFRQWURGHUHÁH[mR
um
Sociedade civil:
Participaram no debate Chefes das Localidades, Secretários dos bairros,
Chefes dos Postos Administrativos, técnicos dos Serviços Distritais de Pla- Governo
neamento
ento e Infraestrutura, dos Serviços Distritais de actividades Económi- ‡ (QFDPLQKDU UHJXODUPHQWH RV WpFQLFRV GRV 6HUYLoRV GH 3ODQHDPHQ
3ODQHDPHQWR H
cas, Técnicos dos Conselhos Municipais e Sociedade Aberta, totalizando 59 ,QIUDHVWUXWXUDVSDUDDVFRPXQLGDGHVDÀPGHGLYXOJDUHPDOHJL
,QIUDHVWUXWXUDVSDUDDVFRPXQLGDGHVDÀPGHGLYXOJDUHPDOHJLVODomR
pessoas. lig
ligada aos processos de aquisição do DUAT e gestão da terra;
‡ 3DGURQL]DU DV WD[DV FREUDGDV SHORV &KHIHV GRV 3RVWRV H /RFDOL
/RFDOLGDGH QD
0HWRGRORJLDXVDGDQRHQFRQWURGHUHÁH[mR aquisição de terra;
O debate seguiu três momentos, designadamente: ‡ 3URPRYHUXPDJHVWmRSDUWLFLSDWLYDHWUDQVSDUHQWHFRPYLVWDDUHGX]LURV
‡ $SUHVHQWDomRGRVSULQFLSDLVSUREOHPDVQDJHVWmRGDWHUUDQD3URYtQFLD
$SUHVHQWDomRGRVSULQFLSDLVSUREOHPDVQDJHVWmRGDWHUUDQD3URYtQFLD FRQÁLWRVGHWHUUD
de Maputo, incluindo as suas causas, tendo como base o estudo da SA e ‡ ,QFOXLUDV3ODWDIRUPDVGLVWULWDLVGDV2UJDQL]Do}HVGD6RFLHGDGH&LYLOQDV
de

a experiência das plataformas de Organizações da Sociedade Civil dos dis- Comissões de gestão de terra;
tritos de Magude, Namaacha, Marracuene, Matutuine, Moamba, Manhi- ‡ 5HYHURVFULWpULRVGHQRPHDomRHPDQGDWRVGRV6HFUHWiULRVGRV%DLUURV
ça, Matola e Boane; Chefes das Localidades e outras estruturas locais, devendo estes ser elei-
'LVFXVVmRGR3DSHOGDVFRPXQLGDGHVHGRVDFWRUHVFKDYHQDJHVWmRGH
‡ 'LVFXVVmRGR3DSHOGDVFRPXQLGDGHVHGRVDFWRUHVFKDYHQDJHV tos pela comunidade, evitando deste modo situações de abuso de poder.
terra e aquisição de DUAT; ‡ 'LVSRQLELOL]DULQIRUPDomRjVHVWUXWXUDVORFDLV SRUH[HPSORRPDSDGD
JHVWmR GD
‡ 'LVFXVVmR GH SURSRVWDVUHFRPHQGDo}HV SDUD D PHOKRULD GD JHVWm UHJLmR GHPRGRDHYLWDURVFRQÁLWRVGHWHUUD
terra. ‡ &ULDUVXEVtGLRSDUDRV&KHIHVGDVORFDOLGDGHVHGRV3RVWRV$GPLQLVWUDWL-
vos para evitar cobrança de valores, alegadamente para compra de ma-
Principais problemas na gestão da terra na Província de Maputo WHULDO SDSHOHHVIHURJUiÀFDV 
&RPEDVHQDGLVFXVVmRIHLWDIRUDPFRQÀUPDGRVRVVHJXLQWHVIDFWRUHVFRPR
IRUDPFRQÀUPDGRVRVVHJXLQWHVIDFW
io

HVWDQGRQDRULJHPGRVFRQÁLWRVGHWHUUDQDSURYtQFLDGH0DSXWR
HVWDQGRQDRULJHPGRVFRQÁLWRVGHWHUUDQDSURYtQFLDGH0DSXWR Sociedade Aberta e outras Organizações da Sociedade Civil
‡ )RUPDUUHJXODUPHQWHDV3ODWDIRUPDVHOtGHUHVORFDLVHPPDWpULDVGHOH-
Ao nível das Comunidades gislação sobre terra, de modo que tenham o domínio dos procedimentos
)DOWDGHWUDQVSDUrQFLDGRVFULWpULRVGHHOHLomRGRVPHPEURVGDV&RPLV-
‡ )DOWDGHWUDQVSDUrQFLDGRVFULWpULRVGHHOHLomRGRVPHPEURVG legais para aquisição do DUAT;
‡ 5HDOL]DUFDPSDQKDVGHVHQVLELOL]DomRFRPUHFXUVRDRWHDWURHP~VLFDHP
ár

sões de Gestão de terra;


$TXLVLomRGHWHUUDSRUKHUDQoDRTXHOHYDDH[LVWrQFLDGHWHUUHQRVEDO-
‡ $TXLVLomRGHWHUUDSRUKHUDQoDRTXHOHYDDH[LVWrQFLDGHWH língua local sobre assuntos ligados ao acesso a terra nas comunidades;
dios, cujos proprietários recusam-se a ceder a pessoas alheias à família; ‡ 0RQLWRUDUDVDFo}HVGR*RYHUQRHPUHODomRDRVSUREOHPDVUHODFLRQDGRV
5HVHUYDGHHVSDoRVSDUDDVJHUDo}HVYLQGRXUDVLVWRpRVFLGDGmRVGH-
‡ 5HVHUYDGHHVSDoRVSDUDDVJHUDo}HVYLQGRXUDVLVWRpRVFLG com os processos de aquisição do DUAT.
tentores de espaços maiores, pedem ao Governo para fazer reserva de
HVSDoRVSDUDRVVHXVÀOKRVHQHWRV Sociedade Aberta
2FXSDomRGHWHUUDVGRVQDWLYRVSRUFLGDGmRVTXHYrPGHRXWUDVUHJL}HV
‡ 2FXSDomRGHWHUUDVGRVQDWLYRVSRUFLGDGmRVTXHYrPGHRXWUDV
Di

9XOQHUDELOLGDGHGRVOtGHUHVFRPXQLWiULRVRTXHID]FRPTXHRVPHVPRV
‡ 9XOQHUDELOLGDGHGRVOtGHUHVFRPXQLWiULRV A Sociedade Aberta (SA) é uma Organização de Sociedade Civil moçambicana,
atribuam terrenos a mais de uma pessoa; que se dedica à pesquisa e promoção de modelos de desenvolvimento local, com
)UDFDSDUWLFLSDomRGDVSHVVRDVQDVDXVFXOWDo}HVFRPXQLWiULDVSDUDDWUL-
‡ )UDFDSDUWLFLSDomRGDVSHVVRDVQDVDXVFXOWDo}HVFRPXQLWiULDV grande enfoque para as áreas de Governação Local e renda comunitária.
buição de terrenos, que está associada à escolha dos participantes na base
GHFRQÀDQoDSHORVVHFUHWiULRV &RQWDFWRV$Y.RÀ$QQDQ%DLUURGD0DWROD%1ž0DWROD&HO
7HO)D[
www.sociedade-aberta.org, s_aberta@yahoo.com.br
Governo
‡ )UDFDGLYXOJDomRGDOHJLVODomRVREUHRXVRHDSURYHLWDPHQWRGHWHUUDDR
nível das comunidades; Parceiros:
‡ )DOWDGHFRRUGHQDomRHQWUHRV*RYHUQRVGLVWULWDLVHRVOtGHUHVFRPXQLWi-
rios no processo de atribuição de espaço;
‡ 'HOLPLWDomR GRV WHUUHQRV VHP R DFRPSDQKDPHQWR GDV DXWRULGDGHV OR-
cais;
‡ )UDFRGRPtQLRGDOHJLVODomRSRUSDUWHGRVWpFQLFRVGR*RYHUQR
Savana 08-01-2016 9
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10 Savana 08-01-2016
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INSTITUTO SUPERIOR DE ARTES E CULTURA


SERVIÇOS CENTRAIS DE RECURSOS HUMANOS
AVISO

o
1. De acordo com o despacho de 23/12/2015, do Exmo. Senhor Director Geral, ao abrigo do disposto no artigo 31 do Regulamento do Estatuto Geral dos Funcionários e
ovimento de lugares vagos nas carreiras
Agentes do Estado, está aberto concurso público no prazo de 30 dias a contar da data de publicação do presente aviso, para o provimento
ade. São dispensados do limite máximo
abaixo mencionadas, existentes neste Instituto entre indivíduos com idade não inferior a 18 anos e não superior a 35 anos de idade.
tar serviço ao Estado durante o tempo
de idade os indivíduos que ingressem no aparelho do Estado habilitados com o nível superior desde que a idade lhes permita prestar

log
mínimo de 15 anos antes de atingirem a reforma:

ció
so
um
de
io
ár

O pedido de admissão ao concurso é feito por meio de requerimento dirigido ao Exmo. Senhor Director Geral do Instituto Superior de Artes e Cultura, com assinatura
reconhecida e instruído com os seguintes documentos:
a) Fotocópia autenticada da Certidão de nascimento ou Bilhete de Identidade;
Di

E  )RWRFySLDDXWHQWLFDGDGR&HUWLÀFDGRGHKDELOLWDo}HVOLWHUiUL
)RWRFySLDDXWHQWLFDGDGR&HUWLÀFDGRGHKDELOLWDo}HVOLWHUiULDV
c) Fotocópia do documento do NUIT;
assinatura reconhecida.
d) Declaração do candidato, sob compromisso de honra, comprovativa de não ter sido expulso do aparelho do Estado, com assinatur
e) Curriculum
ulum Vitae;

2VFDQGLGDWRVSRGHUmRWDPEpPGHFODUDUQRUHTXHULPHQWRTXDLVTXHUFLUFXQVWkQFLDVTXHFRQVLGHUHPVXVFHSWtYHLVGHLQÁXLUQDDSUHFLDomRGRVHXPpULWRRXFRQVWLWXLU
2VFDQGLGDWRVSRGHUmRWDPEpPGHFODUDUQRUHTXHULPHQWRTXDLVTX
motivo de preferência legal.
4. As candidaturas devem ser entregues na Secretaria do Instituto Superior de Artes e Cultura, sita na Av. das Indústrias, Bairro da Machava, nº 2671, até a data do tér-
mino do concurso.
2FRQFXUVRpYiOLGRSRU WUrV DQRVFRQWDGRVDSDUWLUGDGDWDGHSXEOLFDomRGDOLVWDGHFODVVLÀFDomRÀQDOQR%ROHWLPGD5HS~EOLFD

Matola, aos 28 de Dezembro de 2015

O Director dos Serviços Centrais


Ilegível
Savana 08-01-2016 11
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12 Savana 08-01-2016
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Caso da reabilitação da Julius Nyerere ainda no adro

LEM volta a advertir o município de Maputo


“Não temos poder para tomar decisões, todas as nossas constatações são comunicadas ao dono da obra que é o município de Maputo e

o
a este cabe tomar medidas”, Henrique Filimone, director do LEM

Por Raul Senda

log
C
umprindo com a sua mis-
são de entidade responsá-
vel pelo controlo da qua-
lidade das obras públicas
para além de homologar resultados
de investigação e estudos de mate-
riais de construção, o Laboratório
de Engenharia de Moçambique
(LEM) advertiu o município de

ció
Maputo, na qualidade de dono da
obra da avenida Julius Nyerere, so-
bre alguns vícios no material usado
naquela empreitada pela constru-
tora Gabriel Couto, sob fiscaliza-
ção da AfaPlan.

Os vícios em causa foram detecta-


dos nas análises feitas ao material

so
britado, denominado tout-venant,
que consiste na mistura de pedra
média, pó de pedra e outros produ-
tos para a terraplanagem da estrada.
Entende o LEM que, através das
suas análises, foi constatado que o
material em alusão apresenta cur-
vas fora do fuso. Isto é, o material
em causa contém elementos que
um
retiram a qualidade constante no
caderno de encargos.
Com a referência número 33603-2,
o documento em alusão, co-assi-
nado por Henrique Filimone, di-
rector do LEM, Carlos Cumbane,
chefe do Departamento de Vias de Placa indicando as obras cuja fraca qualidade de algum material o LEM advertiu ao município
Comunicação do LEM, e Jeremias
tia da qualidade da obra, pelo que No caso em concreto da obra exe- conteúdos, aliás, nem sequer os re- sublinhou que a edilidade está a
Cumbane, Técnico especializado,
devem ser tidas em conta. cutada pela Britalar, o fiscal eximiu- bate, do texto original. trabalhar com o fiscal e o emprei-
refere na sua parte conclusiva: “Dos
Sublinhou que, na primeira reabili- -se das suas responsabilidades de Já o município diz que tudo está teiro da obra, no sentido de que
ensaios efectuados no Tout-Venant
tação, o LEM não foi chamado, po- acompanhar o uso correcto dos ma- sendo feito no sentido de se garan- todos os erros que eventualmente
de

-1, constatou-se que estes apresen-


rém, tomou a iniciativa de analisar teriais, de velar pelo cumprimento tir a qualidade da obra e se evitar possam surgir sejam corrigidos a
tam uma curva granulométrica fora
a qualidade dos materiais da obra irrestrito do contrato de prestação erros do passado. Vítor Fonseca, tempo de não pôr em causa a qua-
do fuso no peneiro 4.75mm para
executada pela Britalar sob fiscali- de serviço entre a construtora e o vereador de infra-estruturas no lidade da obra e essa atenção está a
materiais do tipo G1 e G2, embora
zação da AfaPlan. cliente, do acompanhamento da Conselho Municipal de Maputo, ser observada até ao momento.
outros parâmetros satisfaçam, en-
quanto que o Tout Venant-2 apre- Foi através dessas análises que se recepção dos materiais, a requisição
senta também material fora do fuso detectou imensas irregularidades de materiais, o emprego correcto
nos peneiros 26.6mm e 19mm”. em torno da obra e que imediata- da técnica construtiva, tendo-se
Contactado pelo SAVANA, Hen- mente foram comunicadas ao mu- descoberto a grande burla da obra,
rique Filimone disse que ao contrá- nicípio de Maputo que de imediato apenas quando o revestimento su-
io

rio do que se verificou no primeiro rescindiu o contrato com a Britalar perior começou a desintegrar-se e a
projecto, em que a sua instituição e paralisou o curso das obras, tendo separar-se da base.
foi ignorada pelo município de lançado o novo concurso que se- “Seria lícito que se apurasse um
Maputo, na segunda reabilitação, o leccionou a Gabriel Couto. Porém, novo fiscal que não tivesse a ima-
LEM foi contactado e está desde o manteve-se o fiscal anterior. gem manchada. A manutenção do
fiscal passa a mensagem negativa
ár

primeiro dia a trabalhar na fiscali-


zação independente da obra. Inquietações de que este não está para garan-
Contudo, a intervenção do LEM Perante os factos arrolados, o con- tir a qualidade da obra, mas para
é limitada na medida em que não sultor ouvido pelo SAVANA ques- garantir interesses inconfessáveis
tem poderes decisórios ios sobre os tiona o facto de o fiscal AfaPlan, o de quem o contratou que passam
factos constatados. mesmo que fiscalizou o anterior pelo uso de material barato, o que
Diz Filimone que cada vez que são empreiteiro, cujas obras mal exe-
empr
empreiteir permitirá a obtenção de ganhos”,
Di

detectados alguns erros, os mesmos cutadas lesaram o Município e os acusa.


são canalizados ao dono da obra, munícipes, tenha merecido nova- Contactamos mais uma vez a Afa-
neste caso o município de Maputo mente a confiança do município. Plan, na pessoa de Carlos Gonçal-
para tomar as devidas medidas. “Como se explica que, tendo de- ves, que de princípio se recusou a
“O nosso papel naquele empreen- nunciado o contrato com o ante- tecer quaisquer considerações sobre
dimento limita-se ao aconselha- rior empreiteiro e lançado um novo qualquer que fosse o assunto, ale-
mento e advertência, não podemos concurso, manteve o fiscal anterior, gadamente porque cabe ao dono da
tomar qualquer medida sanciona- mesmo considerando que este teve obra se pronunciar, tendo avançado
tória contra o infractor. Isso cabe a sua quota parte na má qualidade que enviou uma resposta do pri-
ao dono da obra. Também torna- das obras executadas”, questiona a meiro artigo ao SAVANA, facto
-se difícil sabermos até que nível fonte que optou por não ser iden- que não pode ser aferido, dado que
os nossos conselhos são tidos em tificada. a carta que deu entrada não estava
conta pelas partes”, disse. É que, de acordo com a fonte, o fis- assinada e nem carimbada, o que
Contudo, Henrique Filimone disse cal de uma obra é a segunda maior não pode vincular a opinião de seja
que as constatações do LEM são de autoridade no local, abaixo apenas quem for, com a agravante de, tal
tamanha importância para a garan- do engenheiro responsável. como emana a lei, não se cingir aos Parte conclusiva do relatório do LEM entregue ao município
Savana 08-01-2016 13
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14 Savana 08-01-2016 Savana 08-01-2016 15
NO CENTRO DO FURACÃO

José Eduardo dos Santos: O Rei Sol angolano


Por Nicolau Santos (Texto);
Jeanne Waltz (Ilustrações)*
O homem que domina a política angolana quase há 36 anos está a caminho de dar do Presidente”, existia mesmo assim “Um tema que vai requerer uma pro- é longo e inclui nomes como os de dos Santos. Mas, além de chamuscar
mais um golpe de mestre. Invocando as circunstâncias excepcionais que o país enfren- uma ponta de orgulho. Contudo, o funda reflexão é a selecção de candi- Pitra Neto, Fernando Piedade dos Manuel Vicente, a divulgação do re-
ta, como já o fez em várias outras ocasiões, prepara-se para ficar no palácio presiden- sentimento terá mudado com a crise datos aos cargos de direcção e a sua Santos (Nandó), Marcolino Moco latório tem provavelmente outro ob-
cial até 2022, quando tiver 80 anos. Nessa altura terá talvez a tentação de proceder e a recente aquisição da maioria do posterior eleição, incluindo ao cargo (que deu a entender que estava dis- jetivo: o de preparar a opinião pública
a uma sucessão dinástica. Ou então, quem sabe, fazer uma nova alteração da Cons- capital da empresa portuguesa Efacec de presidente do partido e ao candi- ponível), João Lourenço e... Manuel para a privatização de partes signifi-
tituição, como tem ocorrido em vários países africanos, que lhe permita eternizar-se terá levado a várias críticas no senti- dato à eleição a Presidente da Repú- Vicente. cativas da Sonangol, ficando o Esta-
no poder até à morte. do de Isabel dos Santos apostar em blica. Em certos círculos restritos era O caso de Manuel Vicente é particu- do angolano com o controlo da área
Angola para fazer novos investimen- quase dado adquirido que o Presi- larmente interessante, porque exerceu concessionária.
osé Eduardo dos Santos con- Presidente. Sem esses montantes — tos em vez de optar pelo estrangeiro dente da República não levaria o seu a presidência da Sonangol, a empre- A 12 de Julho, a empresa tentou limi-
trola grande parte das peças do o Banco Mundial estimou que 32 (embora neste caso o cerne da aposta mandato até ao fim, mas é evidente sa pública de petróleo, desde 1999 a tar os estragos causados por artigos
tabuleiro onde se joga a políti- mil milhões de dólares provenien- é preparar-se para ganhar os concur- que não é sensato encarar essa opção 2012. Só um homem da mais estrita publicados “num determinado jornal
ca angolana. Mas nem ele, que tes das exportações petrolíferas não sos de equipamentos para a barragem nas circunstâncias actuais.” confiança do Presidente poderia ter português” (leia-se Expresso). Num
J
tem vindo a cimentar o seu poder
por formas “tão sábias, tão subtis e
tão peritas que não podem ser bem
entram nos canais legais, servindo
precisamente para manter estas eli-
tes satisfeitas, coniventes e cúmplices
go do Laúca e outros empreendimentos
que se seguem neste sector. “Há um
mal-estar grande”, considera.
Foi quase o mesmo que, em Outubro
de 2013, disse numa entrevista à TV
Bandeirantes, ao reconhecer que es-
permanecido tanto tempo à frente de
uma empresa em que assenta quase
toda a receita do país, como é um pi-
extenso e muito técnico comunicado
enviado à agência Lusa, a Sonangol
recusa “a hipotética falência técnica”,
descritas”, como escreveu Sophia de do palácio presidencial —, a situa- Ainda por cima, as perspectivas para o tava há “demasiado” tempo no poder, lar essencial para manter satisfeitas as “bancarrota” e “crise”, dizendo que
Mello Breyner, consegue dominar ção política complica-se seriamente. petróleo angolano não são brilhantes. mas que “razões conjunturais” a isso o tais lealdades políticas, económicas e tem uma solvabilidade financeira de
A exploração em terra ou em águas tinham obrigado. “O país esteve em militares do regime. Quando, contra longo prazo inferior a 63 por cento
todas as variáveis. E a primeira que
não controla é a evolução do preço do
petróleo. Em 2008, quando o MPLA
“Muitas das lealdades de que depen-
de o regime são interesseiras”, diz,
pelo que a quebra de receitas começa
lo rasas está quase esgotada, a meta de
atingir a produção de dois milhões de
guerra cerca de 40 anos desde que
começou o processo de libertação na-
a vontade de vários generais e mem-
bros do bureau político do MPLA, o
e que dispõe de “capitais circulantes
suficientes para satisfazer, em pleni-
venceu as eleições legislativas com a colocá-las em causa. barris por dia nunca foi alcançada e cional, mas, depois da independência, Presidente impôs o seu nome como tude, as suas obrigações imediatas e
mais de 80 por cento dos votos e o
país registava taxas de crescimento
médio de 17 por cento ao ano, tudo
Só para se ter uma ideia de como o
problema é assustador para uma eco-
nomia que não se conseguiu diversi-
ió está em declínio, não têm aparecido
novas jazidas de fácil acesso e a apos-
ta no pré-sal “falhou por causa da
acho que foram trinta e tal anos de
guerra, em que o país ficou adiado,
portanto não pôde consolidar essas
vice-presidente parecia estar efectiva-
mente a preparar a sucessão. Manuel
Vicente nunca trairá José Eduardo
de curto prazo”. Diz ainda que vai
manter o seu programa de investi-
mentos e que o seu EBITDA revela
parecia correr bem ao Presidente, ficar, assinale-se que as receitas totais descida dos preços e deixou-os numa instituições do Estado, nem sequer dos Santos e garantir-lhe-ia com cer- “a sustentabilidade operacional do
sem contestação interna visível, de-
pois da morte de Jonas Savimbi em
de Angola, de capital e correntes,
atingiram em Maio 485 milhões de
c situação muito embaraçosa”, refere
um especialista do sector petrolífero,
que pede para não ser identificado.
pôde tornar regular o funcionamento
do processo de democratização, por
isso, muitas vezes as eleições tiveram
teza, se saísse do poder, que ele e a
sua família estariam ao abrigo de ata-
ques políticos ou investigações judi-
endividamento e a preservação de
liquidez suficiente para as adversida-
des conjunturais”.
2002 e do fim da guerra civil que se dólares contra os 3,2 mil milhões no
arrastava desde 1975, e com uma mesmo período do ano passado, uma “Quando o preço do petróleo é ele- que ser adiadas.” ciais sobre a forma como acumularam A administração assegura igualmen-
crescente complacência externa face quebra de 85 por cento, como admite vado, tudo se disfarça. Quando bai- E garantiu que se o país tivesse reto- enormes fortunas e estão presentes te que as operações internacionais,
aos múltiplos negócios que a abertu-
ra e a pujança da economia angolana
permitiam aos investidores interna-
o Ministério angolano das Finanças,
no relatório de execução orçamental
divulgado a semana passada. “Esta
so xa, tudo se complica.” Para escurecer
ainda mais o futuro, a China, o maior
financiador de Angola, que tem sido
mado o processo regular de realização
de eleições em 1992, “certamente” já
não seria chefe de Estado. “A conjun-
em múltiplos ramos de actividade.
O Presidente teve de jogar todo o
seu peso político nesta aposta, porque
que estariam na origem dos proble-
mas financeiros da estatal angolana,
“decorrem com normalidade”, mas
cionais. quebra de receitas apanhou os diri- fesa dos direitos humanos, tanto mais académico pacifista norte-americano, em Angola para manter a unidade nómica que aguente.” paga em petróleo angolano, pode vir tura não permitiu que realizássemos o que falta a Manuel Vicente é isso admite que a empresa desencadeou,
gentes angolanos em contramão e que os camponeses que vivem naque- que propõe um manual de instrução dos seus apoiantes e estarem sempre Os resultados também se sentem a tornar-se um importante produtor eleições e fui ficando até que reali- mesmo: peso histórico e político no ainda em 2014, “um amplo processo
Nessa altura, as previsões para os pre- evidenciou um país cheio de fragili- la região ficaram sem pastagens para para estratégias de luta não-violenta na mó de cima no combate político. nas relações com Portugal. O “Jor- de petróleo de xisto. zámos estas eleições. Penso que da- partido para ter o apoio sem reser- negocial” da maioria dos contratos de
ços do petróleo apontavam para que
continuaria a evoluir em alta, ao redor
dades. Não há uma economia alter-
nativa ao petróleo. Criou-se essa apa-
m
alimentar o gado devido ao apareci-
mento dos campos de arroz. E esta é
contra ditaduras no mundo. A evo-
cação de um novo 27 de Maio, que,
“Os dirigentes do MPLA pensam a
prazo. Só que não estão a pensar no
nal de Notícias” dava conta, no final
de Junho, de que a queda do preço A cartada Manuel Vicente
qui para frente as coisa vão mudar”,
acrescentou.
vas dos membros do bureau político
do MPLA e dos generais. O grande
aquisição de bens e serviços, através
de negociações “longas” e “difíceis”
a segunda variável que José Eduardo em 1977, resultou numa tentativa de país, mas na forma de se continuarem do petróleo e o travão no sector da O Presidente tem seguramente cons- Pois não mudou, porque a conjuntura argumento para a escolha de Vicente que “encontrarão por certo alguns
dos 100 dólares, mas que poderia vir
mesmo a atingir em não muitos anos
os 200 dólares por barril. Nenhum
rência mas ela não existe”, sustenta
Xavier de Figueiredo.
Ora, esta quebra de receitas não é
u
dos Santos não controla: a contesta-
ção social. Um dos casos dramáticos
golpe de Estado para derrubar o en-
tão Presidente Agostinho Neto, pro-
a manter no poder”, diz um analista
da realidade angolana, que pede para
construção naquele país africano já
levaram ao regresso de mais de 3000
ciência do cansaço que o seu longo
reinado começa a provocar, mesmo
mais uma vez veio atrapalhar, pelos
vistos, os desejos de José Eduardo dos
como sucessor era precisamente a sua
qualidade técnica e o profundo co-
constrangimentos”.
O pequeno problema é que não só
especialista previu que a revolução do possível compensar através de em- terá acontecido em Maio, quando vocando depois a retaliação milhares não ser identificado. portugueses ao nosso país. E o pre- entre muitos dos que lhe estão mais Santos se retirar, contrariando aparen- nhecimento da indústria petrolífera. nada é esclarecido relativamente ao
fiéis da seita A Luz do Mundo se de mortos de cidadãos angolanos, Tudo isto ocorre tendo como pano sidente do Sindicato da Construção, próximos. O exemplo da primavera temente os passos que deu em 2013, Contudo, de uma forma totalmente documento citado pelo Expresso,
shale oil (petróleo de xisto) nos Esta-
dos Unidos da América traria de for-
ma dramática e rápida o barril para
préstimos que não tenham objec-
tivos muito claros. “As autoridades
angolanas andam a bater a todas as
e
reuniram no Monte Sumi, no Hu-
ambo, para esperar o fim do mundo,
d parece neste caso manifestamente
excessiva, quer pela forma como estes
de fundo uma situação económica
que se está a deteriorar rapidamente.
Albano Ribeiro, admite que “muitos
mais trabalhadores se seguirão”. Em
árabe deixou inquietos os que lhe são
mais afectos. Com efeito, o Presi-
quando escolheu como seu vice às
eleições legislativas Manuel Vicente,
inesperada, o sucessor de Vicente à
frente da Sonangol e seu ex-braço-
como o mal está feito. Depois de ser
conhecido este relatório, “custa mui-
os 40 dólares como aconteceu em portas”, assinala Manuel Ennes Fer- anunciado pelo seu líder Julino Ka- activistas se têm vindo a manifestar A inflação disparou, o custo de vida Abril, o sindicato já tinha avisado dente tunisino Zine El Abidine Ben ex-presidente da Sonangol, homem -direito, Francisco de Lemos, assu- to a acreditar que Manuel Vicente
2014, oscilando agora na casa dos 60 reira, professor universitário e perito lupeteka para Dezembro. A crescente quer por não contarem com qualquer aumentou significativamente, há sa- que havia milhares de trabalhadores Ali também foi eleito com 89,6 por da sua total confiança, que impôs ao miu há cerca de dois meses, numa se mantenha como vice-presidente”,
dólares. O golpe foi tão rápido e avas- em assuntos africanos. E como não idades do
afluência inquietou as autoridades apoio de forças militares ou militari- lários em atraso na Função Pública, em Angola com salários em atraso. cento dos votos em 2009 para pou- bureau político do MPLA e aos gene- reunião interna, que o modelo ope- admite Manuel Ennes Ferreira, con-
salador que o Orçamento do Estado os conseguem obter junto dos Esta- distrito, que terão enviado uma for- zadas, ao contrário do que aconteceu bolsas para estudantes no estrangeiro “As empresas não têm condições para co depois, porque um jovem decidiu rais como seu futuro sucessor. racional que a petrolífera angolana siderando que o ex-presidente da
de Angola para 2015, que estava cal- dos Unidos ou de outros países onde ça policial para prender Kalupeteka naquele evento, onde Nito Alves era que deixaram de ser pagas e milhares se manterem e os trabalhadores estão imolar-se em protesto contra a sua Nessa altura, 2013, muito se especu- seguiu “fracassou e está falido” e que Sonangol vai provavelmente pagar a
culado na base de um barril a 81 dó- tais financiamentos são cada vez mais e dispersar a multidão. A iniciativa um dos mais populares comandantes de pequenas empresas, que têm ne- a regressar”, disse. política, um movimento popular im- lou sobre as três hipóteses que José o único segmento que actualmente fatura da sobre-exposição do país ao
lares (que já representava uma queda escrutinados, Luanda teve de se virar acabou mal, com quatro agentes po- militares do MPLA. Na prática, os gócios com a administração central e João Melo junta outro exemplo e parável o ter deposto de uma forma Eduardo dos Santos parecia estar a “funciona é o de upstream, gerido petróleo. Contudo, o novo número
de 18 por cento face ao ano anterior), para outras paragens. A prova de que
ir o
liciais mortos. No entanto, a polícia jovens estão a ser usados para passar local e não recebem o que lhes é de- denuncia que ainda recentemente surpreendentemente rápida. colocar em cima da mesa: ou cumprir pelas companhias estrangeiras, sem dois que apareça também é provável
teve de ser revisto para os 40 dólares, a situação é dramática foi a viagem de regressou e terá feito um massacre, o aviso, sobretudo em Luanda, para vido, estão a entrar em colapso. É que o ministro da Saúde conseguiu im- E há uma comparação que não lhe é só metade do actual mandato, sain- qualquer intervenção da Sonangol”. que não seja o nome efetivo. “José
provocando uma quebra estimada de José Eduardo dos Santos à China no cujos números são completamente os que eventualmente querem e po- o Governo, para responder à brutal pedir, in extremis, a saída em bloco simpática. José Eduardo dos Santos do em 2015; ou cumpri-lo todo até Nas conclusões da reunião, divulga- Eduardo dos Santos não pode ter um
22 mil milhões de dólares nas recei-
tas previstas para este ano. Ora, como
início de Junho, durante a qual terá
conseguido (embora as negociações

díspares: as autoridades falam em 13
mortos entree os fiéis, há relatórios
que apontam para centenas e a opo-
dem fazer um golpe de Estado. Mas
isso pressupõe medo — medo de que
algo possa acontecer. Quando ao caso
quebra das receitas petrolíferas, cor-
tou em um terço todas as despesas
públicas contempladas no Orçamen-
de vários directores de hospitais que
queriam demitir-se por causa da es-
cassez de medicamentos. Mas depois
é o segundo Presidente da República
há mais tempo no cargo em todo o
planeta. Só é suplantado, apenas por
2017; ou cumprir o actual mandato e
o próximo. Pois bem: para já garante
que vai cumprir este mandato até ao
das pelo Expresso, Lemos sublinhou:
“Deixámos de aprender a saber fazer
e aprendemos a contratar e subcon-
número dois com força. Não admite
sombras. Nem um número dois que
tenha ambições e efetivas possibili-
os rendimentos petrolíferos repre- tenham sido secretas) uma moratória
sentam 42 por cento do PIB, 90 por no pagamento da dívida de Luanda sição contabiliza 1008 vítimas. Face a Kalupeteka, destina-se a avisar os to do Estado do ano em curso. “Nun- estranha que isto esteja a acontecer, um mês e alguns dias, por Teodoro fim e depois deixa entrever a quase tratar.” dades de chegar ao cargo aceita pres-
isto, o escritório do alto comissariado umbundos, a maior etnia do país, que ca vi os dirigentes angolanos numa quando o preço do petróleo até está Obiang, o ditador que governa com certeza de que muito provavelmente Em política, o que parece é. E tendo tar-se a esse papel”, prevê.
cento das exportações e 75 por cento
das receitas do Estado, percebe-se fa-
cilmente o efeito devastador que esta
a Pequim, a par de um novo emprés-
timo na casa dos 25 mil milhões de
dólares, tendo dado como garantia de
D
da ONU para os Direitos Humanos
em Genebra pediu que fosse nome-
vive no planalto central e foi duran-
te muitos anos o principal bastião da
situação de aflição tão grande como
agora.
acima dos 40 dólares estimados no
Orçamento revisto. “A imagem que
mão de ferro a Guiné Equatorial.
Mas se há coisa que não se deve
voltará a ser o candidato do seu par-
tido às eleições de 2017, devendo só
sido Manuel Vicente o grande men-
tor da internacionalização da Sonan-
“José Eduardo dos Santos não está
preparado para sair do poder. Vai
quebra dos preços do crude provoca 30 por cento do empréstimo 500 mil ada uma comissão independente, UNITA e de Jonas Savimbi. Antes, a pressão vinha de fora e está a ser passada é a de um Estado fazer é menosprezar a extraordiná- abandonar o poder em 2022, quando gol e tendo estado 13 anos à frente manter-se até ao fim. O aparecimen-
na economia angolana, mas também hectares de terra arável e com água pretensão que caiu mal no seio do No ano passado, o MPLA desenca- uniam-se. Mas agora, está lá dentro”, aparentemente falido. Ora, o Estado ria capacidade do líder angolano de tiver 80 anos. E também não have- da companhia, a leitura política deste to de potenciais sucessores serve para
na elite que vive na intimidade do pa- na província de Cuando-Cubango a Governo angolano e foi prontamente deou também uma operação mediá- assinala Xavier de Figueiredo. angolano não está falido. O país tem utilizar em seu favor situações que rá separação entre os cargos de pre- documento técnico coloca em causa aliviar os focos de descontentamen-
lácio presidencial. empresas chinesas que ali se queiram rejeitada. tica em editoriais e artigos publicados O escritor João Melo, num artigo dinheiro. Onde está?” aparentemente lhe são desfavoráveis. sidente do partido e o candidato a precisamente aquilo porque foi es- to”, considera Xavier de Figueiredo.
“A situação de Angola alterou-se instalar. Desde há quatro anos que Mais surpreendente foi a detenção, a em jornais e revistas, mas também em publicado este mês no “África 21”, “As pessoas passaram de uma situ- José Eduardo dos Santos não deixou Presidente da República a apresentar colhido como número dois de José “As linhas que segue nesta matéria é
radicalmente por causa da queda do investidores chineses mantêm uma 21 de Junho, de 15 jovens acusados intervenções televisivas, tentando co- corrobora a situação: “Os ministérios, ação conformista para a irritação e a presidência durante a guerra civil pelo MPLA, o que quer dizer que só Eduardo dos Santos: a sua compe- manter a questão indefinida, permitir
preço do petróleo, mas o efeito mais forte presença naquela província, de preparem um acto de rebelião e lar a UNITA ao seu passado, quando por exemplo, apenas têm recebido, falam agora abertamente”, diz Ennes porque queria deixar o país em paz. um nome cumpre sem oposição in- tência técnica. Daí a concluir-se que a especulação e deixar que vão apa-
nocivo é político”, considera Xavier ocupando cerca de 15 mil hectares atentado contra o Presidente da Re- era dirigida por Jonas Savimbi. Além praticamente, verbas para salários, es- Ferreira, que visita Angola com regu- Não saiu quando chegou a paz por- terna de relevo esse objetivo: o dele este é um argumento que vai servir recendo candidatos.” O conhecido
de Figueiredo. Para este especialis- num projecto experimental de plan- pública. Os jovens são conhecidos por disso, tem havido numerosos casos de tando sem capacidade para honrarem laridade. No caso dos investimentos que era necessário reconstruir o país. próprio. para o Presidente o afastar da vice- jornalista angolano Rafael Marques,
ta em questões africanas, as receitas tação de arroz. organizarem manifestações pacíficas violência contra as casas do partido os compromissos que mantiveram que a empresária Isabel dos Santos, E agora, que grande parte do país Para quem já ouviu falar em suces- -presidência quando se recandidatar em declarações recentes, afina pelo
do petróleo são fundamentais para desde 2011, exigindo a demissão de do galo negro espalhadas pelo terri- com as empresas, depois dos cortes filha do Presidente angolano, tem está reconstruído, volta a não sair sores do Presidente sabe que a todos em 2017 é um passo de anão, até por- mesmo diapasão: “Caso se mantenha
o funcionamento do sistema em Contestação social aumenta José Eduardo dos Santos e participa- tório. “Estão assustados e nervosos e do início do ano. Sendo o Estado o vindo a fazer fora do país, nomeada- porque Angola enfrenta grandes di- eles aconteceu o mesmo: emergiram, que é muito difícil acreditar que um a inércia política actual em 2017, José
que assenta o regime político ango- Devido ao secretismo da operação, o ram numa série de três debates base- reagem assim.” A criação de inimigos maior cliente do país, imagine-se o mente em Portugal, o professor uni- ficuldades económicas. surgiram como fortes possibilidades documento que provocou estas on- Eduardo dos Santos estenderá o seu
lano, nomeadamente, para garantir Presidente tem sido alvo de fortíssi- ados no livro “Da Ditadura à Demo- do regime, reais ou imaginários, e de efeito que isso tem. Em todo o país, versitário diz que mesmo que hou- No dia 2 de Julho, discursando na para ocupar no futuro o palácio pre- das de choque e que coloca em causa mandato até 2022.”
um conjunto de lealdades das elites mas críticas por parte da oposição, de cracia: Uma Abordagem Conceptual situações de tensão faz parte de uma há empresas a despedir pessoal e até vesse alguns reparos, do género “só abertura da reunião do Comité Cen- sidencial, até serem afastados ou ca- Manuel Vicente tenha podido ser di- Continua na Pág. Seguinte
políticas, económicas e militares ao juristas e de elementos ligados à de- para a Libertação”, de Gene Sharp, clara orientação do partido no poder a fechar. Não há diversificação eco- compra o que compra porque é filha tral do MPLA, disse taxativamente: írem mesmo em desgraça. O registo vulgado sem a luz verde de Eduardo
16 Savana 08-01-2016
NO CENTRO
INTERNACIONAL
DO FURACÃO

Proteger os negócios da da Casa Militar. Nandó ambiciona sido considerada pela revista norte- Eduardo dos Santos, com Maria -me que o dinheiro líquido foi 25
família suceder a José Eduardo dos Santos -americana “Forbes”, em janeiro de Luísa Perdigão Abrantes. A sua mil dólares”.
Mas qual é o objectivo de José A discreta mas crescente influência 2013, como a primeira bilionária ascensão a presidente do Fundo Quanto aos três filhos do Presi-
Eduardo dos Santos? A resposta é de José Filomeno dos Santos na africana. Com posições em Portu- Soberano coloca-o como uma das dente com a actual primeira-dama,
óbvia: garantir sem quaisquer mar- condução dos destinos do país dá gal no BPI, NOS, Galp (através da pessoas mais poderosas do país. Ana Paula dos Santos, embora mais
gens para dúvidas que, quando dei- aparentemente sustentação a esta Amorim Energia) e Efacec, além Tem exatamente a mesma idade novos, já mostram igualmente vo-
xar o poder em 2022, nem ele nem tese. Com efeito, a indicação de do banco angolano BIC, os seus in- (37 anos) com que o seu pai se tor- cação para os negócios. Constituí-
nenhum dos seus familiares terá Armando Manuel, 41 anos, para vestimentos em Angola são muito nou Presidente de Angola. Se José ram, juntamente com a mãe, a so-

o
problemas com a Justiça do país. ministro das Finanças em maio de relevantes, indo das telecomunica- Eduardo dos Santos quiser mesmo ciedade anónima Deana Day Spa,
E por mais confiança que se tenha 2013 terá sido da sua responsabili- ções (Unitel) aos cimentos, passan- que ele seja o seu sucessor em 2022, que é dona de um centro de beleza
numa pessoa, os laços de sangue dade, segundo o jornal de oposição do pela banca, diamantes, restaura- nesse ano terá 44 anos e uma larga e estética na avenida marginal da
falam sempre mais alto. É por isso ao regime “Maka Angola”. Arman- ção, imobiliário, televisão e outras experiência acumulada na gestão capital angolana.

log
que, com alguma insistência, se diz do Manuel era o anterior presi- áreas de atividade. São conhecidos do Fundo Soberano. Além dos seus familiares, há um
que o que se prepara para fazer é dente do Fundo Soberano, tendo vários casos em que usou o peso Filomeno dos Santos tem outros círculo muito próximo do Presi-
a sucessão dinástica a favor do seu sido substituído por Filomeno dos das suas ligações familiares para dois irmãos, Welwitschia José dos dente onde se encontram as pessoas
segundo filho, José Filomeno dos Santos. Este gostaria que o jovem passar a deter negócios que preten- Santos (Tchizé) e José Eduardo poder
mais poderosas e endinheiradas do
Santos, que para já preside ao Fun- ministro tivesse ido ocupar a pre- dia. Sendo muito discreta — não Paulino dos Santos, conhecido pelo país: o general Kopelipa, ministro
do Soberano de Angola, dotado sidência da Sonangol, dado que o dá entrevistas e raramente aparece nome artístico de Coréon Du. Os de Estado e chefe da Casa Militar
com 5 mil milhões de dólares. Fundo Soberano recebe a sua do- em público ou em eventos sociais dois criaram a Semba Comuni- da Presidência da República, Dino
O ex-primeiro-ministro angolano tação orçamental da petrolífera es- —, Isabel dos Santos já processou cação, que gere o canal 2 da TPA Fragoso, assessor do chefe da Casa
Marcolino Moco, já em fevereiro tatal, mas José Eduardo dos Santos publicações portuguesas, como a — Televisão Pública de Ango- Civil, e Manuel Vicente, número

ció
de 2014, acreditava neste cenário. terá considerado que ainda não “Sábado”, por textos sobre a sua la, recebendo por isso mais de 40 dois do regime, vice-presidente de
Numa entrevista ao site “Angola dispunha dos conhecimentos sufi- atividade empresarial que considera milhões de dólares do Orçamento Angola e o homem que ia suceder
24 horas”, disse taxativamente: “Se cientes e traquejo político para tal. serem danosos para a sua imagem. do Estado. Tchizé, que é deputada a José Eduardo dos Santos — mas
o céu não cair, ele vai ser substituí- Contudo, terá cedido à pressão de Mas a reação mais espetacular foi pelo MPLA, abraçou recentemente que já não vai. E tudo porque José
do pelo atual presidente do Fundo Filomeno dos Santos e acabou por a compra em 2013 dos direitos de um novo projeto na área bancária: Eduardo dos Santos só tem um
Soberano de Angola, que é um dos o nomear ministro das Finanças. exploração da revista “Forbes” para o Banco Prestígio, onde detém uma único sucessor: ele próprio, que fez
seus próprios filhos. É preciso estar A preocupação do Presidente com cados de língua portuguesa,
os mercados quota de 30 por cento. E enquan- dos versos de Agostinho Neto, o
muito distraído para não ver.” a sua sucessão entende-se perfei- pouco depois de a edição norte- to Isabel começou a sua fortuna a fundador e primeiro Presidente de
OS FILHOS, O AMIGO E O tamente. Todos os seus sete filhos -americana ter publicado um artigo vender ovos aos oito anos, segundo Angola, o seu lema de vida: “Eu já

so
CANDIDATO. Dos três filhos têm posições mais ou menos im- que questionava a forma como a a própria referiu ao “Financial Ti- não espero/ Sou aquele por quem
mais velhos do Presidente, Isabel é portantes na economia angolana empresária tinha construído a sua mes”, Tchizé disse à revista “VIP”, se espera.”
a primeira bilionária africana, Filo- e a isso não será alheio o facto de fortuna. em fevereiro, que “quando tinha 16 *Texto originalmente publicado na
meno preside ao Fundo Soberano serem seus descendentes. Isabel O economista José Filomeno dos anos, comecei por organizar festas Revista E. E igualmente reproduzi-
e pode suceder ao pai e Tchizé já dos Santos, a primogénita, é de Santos é o segundo filho, nasci- de réveillon. Organizei uma célebre do pelo Expresso.pt na edição de 02 de
entrou na banca. Kopelipa é chefe longe a mais bem sucedida, tendo do do segundo casamento de José festa na ilha de Luanda e lembro- Janeiro 2016.
um
FACULDADE DE EDUCAÇÃO

MESTRADO
RADO EM TERAPIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Estão abertas candidaturas para o ano lectivo de 2016 do curso de Mestrado em 5HJLVWR$FDGpPLFRGD)DFXOGDGHGH(GXFDomRGHDGH'H]HPEURGH
Terapia Familiar e Comunitária. GDVjVKRUDVHGHDGH-DQHLURGDVjVKRUDV
de

ORGANIZAÇÃO DO CURSO Os processos de candidatura devem ser instruídos com os seguintes documentos:
O curso compreende duas componentes de formação concomitantes (académica &HUWLÀFDGRGHFRQFOXVmRHGHFDGHLUDVIHLWDVGH/LFHQFLDWXUDRXJUDXHTXLYDOHQWH
HSURÀVVLRQDO UHDOL]iYHLVSRUXPSHUtRGRJOREDOGHGRLVDQRVOHFWLYRVHTXHWR
HSURÀVVLRQDO UHDOL]iYHLVSRUXPSHUtRGRJOREDOGHGRLVDQRV OHFWLYRVHTXHWR
HSURÀVVLRQDO UHDOL]iYHLVSRUXPSHUtRGRJOREDOGHGRLVDQRVOHFWLYRVHTXHWR- - Curriculum Vitae;
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PROCESSO DE CANDIDATURA &DPSXV8QLYHUVLWiULR8(0²0DSXWR
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Savana 08-01-2016 17
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SOCIEDADE
18 Savana 08-01-2016
OPINIÃO

EDITORIAL Cartoon

Um Comité Central

o
de viragem?

log
E
m pouco menos de um mês, a Frelimo estará reu-
nida na Matola em II sessão extraordinária do
Comité Central, o mais importante órgão de de-
cisão do partido no intervalo entre os congressos.
Espera-se que seja uma reunião de ruptura com o passado
mais recente (leia-se guebuzismo), onde o PR deverá co-
locar pessoas da sua confiança para dirigirem a máquina
partidária com eficácia e equilíbrio.

ció
A expectativa é ver se será desta que Filipe Nyusi con-
segue obter na totalidade o martelo do poder, dadas as
crescentes dúvidas que pairam em certos sectores sobre
quem de facto manda no país e no partido.

Quando, por exemplo, o líder da oposição é atacado três


A acriticidade da «nossa» crítica
vezes (contando com o assalto à sua residência na Beira)

so
Por Régio Conrado
e chegam indicações de que as ordens não foram dadas
pelo Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Se-

É
possível uma ciência social que» dans les sciences sociologiques colégio da França de 1981-1983 «So-
gurança, mas por sectores belicistas ligados ao anterior crítica sem que os seus pra- et économiques” (1917), ao livro de ciologie Générale Tome 1», onde nas
consulado, para bloquear iniciativas de paz e minar a sua ticantes sejam críticos? Esta Marx «a Miséria da Filosofia» e de
Mar três primeiras aulas, capítulos do livro,
questão pode parecer de fácil Leon Trosky «De la Révolution» por- Bourdieu pretende construir aquilo
governação, é porque algo de profundo e estrutural está resposta, mas epistemologicamente que esses textos, na minha opinião, que seria conhecido como «Sociologia
errado e deve ser mudado. ela exige muito exercício reflexivo pela permitem ver a importância da crítica crítica» pois que a crítica prevalecente
sua natureza teórica. Coloquei-me nas ciências sociais, sem a qual ela é escondia a sua incapacidade crítica em
Mas esse exercício de mudanças num partido cinquente- esta pergunta pois que constatei que propaganda sofisticada ou apenas uma relação aos fenómenos. Constata-se
mesmo depois de um evento políti- traição à reflexividade, para parafrase- uma profunda influência de Nietzsche
um
nário requere muita coragem política e acarreta um custo
co, marcante, o facto de o presidente ar Trosky. et Shopenhauer nas suas formulações,
político demasiado elevado para um PR, que começou o da República ter dito querer indultar Com efeito, na nossa sociedade a crí- pois para esses últimos a virtude dos
seu consulado aparentemente motivado e bem-intencio- ou comutar ou mesmo perdoar 1000 tica tem sido postulada como uma po- pensadores livres é a capacidade de
nado, com um discurso promissor. reclusos, este não mereceu uma re- sição que se toma ou que se assume pensar criticamente a crítica da socie-
flexão sistematicamente crítica, senão em determinadas circunstâncias, so- dade. Então, quando constato que não
discursos normativos uns dizendo que bretudo nas CS. Essa forma de olhar há posicionamentos rigorosamente
Promover uma “revolução” nos órgãos decisórios do par- era bom outros que era mau. O que para a crítica é um sintoma geral da críticos em relação a um fenómeno
tido, montando uma máquina na base da meritocracia e é que isso revela? Qual é a economia nossa sociedade que olha para a crí- como esse «perdão» do PR, tenho a
transparência, significa enfraquecer as redes clientelistas e política dessa decisão? Não vi no de- tica como um discurso negativo ou impressão de estarmos a violar a única
neo-patrimoniais que foram decisivas para a ascensão de bate público nacional a formulação de uma postura agressiva mesmo que seja coisa que faz as CS serem o que elas
Filipe Nyusi à chefia do Estado. É neste contexto que será questões, vi respostas que iam desde epistemologicamente vazia (Heideg- são, sem pretensões de substancializar.
o normativismo legal ao normativis- ger) ou incapaz de captar a dinâmica Esse evento que mais do que um «per-
testada a determinação de Nyusi.
de

mo comum. O pensamento complexo dos fenómenos (Husserl). Assim, a dão» pode revelar a vontade de poder
(Edgar Morin) estava praticamente crítica confundida com discursos nor- do PR passando a imagem de um ho-
Contudo, rupturas não devidamente acauteladas podem ausente. Não discutirei essa decisão, mativamente violentos em relação à mem que procura sempre o bem da
gerar um terramoto que resulte em fracturas dentro do mas a usarei como ponto de partida uma entidade substitui o rigor da re- sociedade mesmo em relação aos que
para a minha reflexão crítica da acri- flexão que é o fundamento de toda a moralmente não o mereceriam. Que
partido. Vai ser importante construir alianças com o pas-
ticidade da «nossa» crítica. Esse even-
ticida crítica. Se lermos com atenção grande tipo de mensagens pretende ele trans-
sado,, sob pena de enfrentar um cenário estrutural alta- to demonstrou que dentro das nossas parte das obras de Bourdieu (Miséria mitir, a quem ? Esse perdão não pode-
mente adverso, tendo em conta os vícios instalados e in- ciências sociais não estamos a ser su- do Mundo, por exemplo) ou de Gi- rá revelar a produção da contra-ima-
teresses estabelecidos. ficientemente críticos no sentido de ddens (A constituição da sociedade), gem em relação ao antigo presidente
proceder com uma reflexão rigorosa veremos que a crítica é uma prática sempre violento, intolerante e menos
e tomando uma atitude de distancia- ontologicamente constituinte de toda passional? Estamos perante uma das
io

Depois do Comité Central, que se espera difícil, Filipe ção (Max Weber, J.F. Bayart, Julien a actividade reflexiva nas CS, não é manifestações mais profundas da te-
Nyusi vai precisar de demonstrar que pode governar sem Freund) em relação aos fenómenos um estado, é uma prática consequente atralização do poder (Balandier) para
hesitações, que pode construir um país sustentável, “com que mereceriam uma dissecação apro- e sempre actual. Aliás, os textos a que legitimar-se num contexto de erosão
ideias sem cores partidárias”. fundada (Deleuze, Mamadou Diouf, fiz referência, sobretudo, os de Weber, generalizada de legitimidade em mui-
Ele sabe que Afonso Dhlakama e a Renamo endureceram Derrida) para que estejamos próximos são ostensivos no sentido em que a vo- tos grupos sociais. Essas práticas são
ár

da compreensão menos problemática cação compreensiva das CS pressupõe bem conhecidas na história de Roma e
o seu discurso e voltaram a ameaçar governar à força as (L. Boltasnki, Howard Becker). Para uma atitude radicalmente questionan- de muitos reinos e impérios africanos,
seis províncias onde reivindicam
eivindicam vitória. pensar esse assunto voltei aos textos te. Nesse sentido, a ideia de Trosky de e mesmo hoje alguns líderes autoritá-
Será que, após o CC, Filipe Nyusi terá argumentos polí- do clássico Weber (“L’objectivité de revolução permanente é importante rios em África que usam o perdão de
ticos suficientes para negociar uma estabilidade duradou- la connaissance dans les sciences et porque a crítica não é uma posição alguns prisioneiros para reconstituir a
la politique sociales” (1904); “Études que se assume e se desassume, ela é sua imagem, daquele que é capaz de
ra no país? Irá ampliar a base de sustentação do poder
critiques pour servir à la logique des uma atitude permanente, como o de- perdoar. Mais do que um simples acto
até aos sectores, “tanto de dentro como de fora”, que não
Di

sciences de la culture” (1906); Essai via ser a atitude filosófica para aqueles de perdão, este pode mostrar a rees-
nutrem simpatia por ele, aproveitando para tentar acertar sur quelques catégories de la socio- que praticam as CS. Recentemente truturação das tecnologias de gestão
onde o guebuzismo errou? A ver vamos. logie compréhensive” (1913) e “Essai foram publicadas postumamente as do poder em curso no país e dentro
sur le sens de la «neutralité axiologi- aulas de P. Bourdieu no prestigiado da Frelimo.

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Savana 08-01-2016 19
OPINIÃO

Efeito boomerang

o
N
uma noite recente, dei comigo enquanto o seu olhar teimava em fixar- formigueiro em movimento incessante nenhum menino nas minhas condições, das Iscariotes acabaria por atraiçoar

log
a evocar o Ruben. Foi uma as- -se no televisor. Acompanhei a cena um desde as primeiras horas do dia até à ou seja, que vivesse na periferia desse Jesus vendendo-o por trinta dinheiros,
sociação de ideias que surgiu de pouco constrangido, porque sentia uma noite, era então uma pequena vila com núcleo urbano, tinha no seu universo de insistiu em integrá-lo no grupo dos 12
forma fortuita e fluiu sem per- certa pena pelo esforço inglório que a meia dúzia de casas de alvenaria de cor festas coisas que se pudessem parecer Apóstolos?
curso nem destino predefinidos. Acon- minha mulher fazia. alvacenta, onde se albergava uma co- com montras profusamente iluminadas Já na adolescência e na procura de res-
teceu que depois do jantar e enquanto munidade de comerciantes brancos ou e multicolores, nem nada que se pare- postas a estas e outras perguntas, entrou
esperava pelo início do telejornal, a Foi então que se deu a cambalhota para indianos; era a ponte de atracagem dos cesse com pais natais ou árvores de Na- para o seminário, onde, para além de
minha mulher aconchegou a neta ao re- trás que me fez cair no ano de 1962. barcos que faziam a travessia – e nem tal. Na verdade, a quadra festiva, lá onde tudo, sonhava com a possibilidade de
gaço e tentou fazer com que ela embar- Nessa época, eu tinha exactamente eram muitos, eram dois – para o outro as casas eram de caniço ou blocos e co- ter tempo suficiente para meditar sobre
casse no entusiasmo com que encarava nove anos, tal como a nossa netinha. lado da baía e vice-versa; a pousada, o bertura de macuti, era anunciada desde outras questões essenciais da vida. Mes-
a ideia de lhe oferecer como prenda de Com essa idade, ao meu tempo, qual- mercado municipal, o edifício da ad- finais do mês de Outubro, quando os mo na recta final, no entanto, esbarrou
contra o muro intransponível do celi-

ció
Natal um vestidinho e um par de sapa- quer criança a quem se sugerisse a ideia ministração, o hospital rural, a antiga cajueiros, as mafurreiras e as manguei-
tos novos. Mas notei que, apesar do seu de uma prenda feita de vestidos ou de capela que agora funcionava apenas ras se cobriam de farta folhagem verde bato, tendo-se-lhe posto o dilema de
esforço e contrariamente ao que acon- calções e sapatos novos entraria numa como escola primária e ao lado da qual e soçobravam sob o peso do caju e da escolher entre o hábito de monge e as
tecia normalmente, ela não conseguia onda de excitação sem limites que lhe se erguia a nova igreja, de traços arqui- castanha, da manga e da mafurra. Era a capulanas da negra Débora. Escolheu
a via da Débora e enterrou definitiva-
fazer com que a neta se animasse. Pelo tiraria o sono durante várias noites. Mas tectónicos que se poderiam considerar altura da fartura e era esse o período em
mente o sonho de seguir a carreira de
contrário, esta respondia-lhe com uma é natural que assim fosse: aquela que é avançados para a época. que, em revoadas, percorríamos o cajual
padre. Mas não enterrou os seus sonhos.
certa indiferença, com monossílabos, hoje uma cidade cosmopolita, com um Nesse contexto, é escusado dizer que e as mangueiras na apanha da castanha,
Soube mais tarde, já na segunda meta-
porque era esta mesma castanha que
de dos anos 70, que era um fervoroso
depois seria trocada pelos nossos pais membro da seita das Testemunhas de
por roupa. E era esse o ponto máximo Jeová, onde se notabilizava como pre-
RELATIVIZANDO

so
da nossa festa. gador.
O que eu recordava nessa noite, no en- Quando o regime incluiu as Testemu-
tanto, é que o Ruben, embora tivesse a nhas de Jeová no seu rol de inimigos
Por Ericino de Salema mesma idade que nós, não partilhava o a eliminar, por estes teimarem em não
nosso entusiasmo na apanha da casta- prestar vassalagem aos símbolos do

Confiança, um activo que nos nha nem sequer se deixava atrair muito
pelo consumo das mangas ou da mafur-
ra. Enquanto nós estávamos nisso, ele
Estado, Ruben, tal como centenas dos
seus alinhados na mesma lista das pros-
titutas, dos fumadores de soruma e dos
seguia atentamente e com ar absorto a improdutivos que foram deportados
falta e foge! trajectória incerta das borboletas esvoa-
çando por entre as flores silvestres, ten-
para as matas de Sofala, Tete, Nampula
e Cabo Delgado, acabou por ir parar al-
um
tando
tando, quem sabe, encontrar uma lógica gures no planalto de Angónia, em Tete.

O
ano de 2016, numa perspectiva mité Central da Frelimo, como a mais timing que,, a nosso ver, pode ter que no seu voo, que claramente não obede- A ideia era que deste grupo de vítimas
meramente formal ou mesmo do que provável data do início efectivo ver com o que espera que suceda nas se- cia a lógica nenhuma. Ou então pasma- da caça às bruxas não ficasse nem um
mecânica, iniciou, certamente, do ano [de 2016], pelo que dali poderá manas imediatamente a seguir à anun- va durante longo tempo debaixo de um exemplar para semente.
no primeiro segundo do dia 1 emergir. ciada sessão extraordinária do Comité cajueiro, absorvido a contemplar um ou
do corrente mês de Janeiro, devendo Confessamos que nos inclinamos mais Central da Frelimo. “Quero aproveitar outro pássaro a debicar a polpa da fruta. P.S. Perdi a pista do Ruben, mas preservo a
prolongar-se até ao último segundo do a apoiar a situação segunda, por a ses- o ‘Canal de Moçambique’ (...) para in- Era para nós, embora não o dissésse- memória dele até hoje e acredito que, acon-
dia 31 de Dezembro próximo. Mas, em são do Comité Central em perspectiva, formar que vamos governar mesmo em mos, como se fosse um estranho. E era teça o que tiver acontecido com ele, a sua
termos histórico-políticos, e elaboran- assim que se portava mesmo nas aulas, semente certamente não terá caído em solo
a primeira desde que Nyusi se tornou Março”,
ço”, diz o líder da Renamo numa
do com recurso ao pensamento de Eric árido. E tenho razões para crer que não: a
presidente da Frelimo, em finais de das passagens da referida entrevista. com o seu ar eternamente distraído.
fauna nocturna da Rua de Bagamoyo, da
John Hobsbawn, um dos cientistas Março de 2015, ainda que a sua agenda Em boa verdade, deve ser pela influ- Punha a si próprio e a mim, como seu
Avenida 24 de Julho, da Kenneth Kaunda
sociais mais influentes dos últimos 50 ainda seja desconhecida, poder definir ência que pretende ter no anunciado amigo eleito, ainda não sei bem por-
e de vários outros núcleos de bordéis bem
anos, pode ser que o ano de 2016 tenha,
de

muito do que será, politicamente, o início, em termos histórico-políticos, quê, perguntas que a nenhum de nós ou mal disfarçados que existem nesta cida-
materialmente, iniciado antes mesmo ano de 2016, senão mesmo o período do ano de 2016, que se decidiu em dar ocorriam e que não se atrevia a fazer, de e noutras cidades ou vilas deste País; o
de formalmente terminado o de 2015, que irá até às próximas eleições gerais, essa entrevista. por exemplo, ao catequista. Dizia-me número crescente de desempregados que as
como pode ser que ainda não tenha, em 2019. Será nessa sessão do Comi- Construções, leituras e interpretações à ele: como é que Deus, mesmo sabendo estatísticas oficiais chancelam; os crescentes
efectivamente, iniciado. té Central, muito provavelmente, em parte, de uma coisa não temos a míni- que Adão e Eva acabariam por pecar, grupos de jovens que são sistematicamente
que Nyusi adquirirá a não-objecção ma dúvida: a falta de confiança existen- teimou em criá-los e deixá-los à solta citados como sendo consumidores de drogas
político-partidária ao que já deve pos- te entre os principais actores políticos no jardim do Paraíso? Como é que os e o facto de os templos das Testemunhas de
Na perspectiva que para aqui convoca-
suir, cremos, como ideias-solução para (Governo e Renamo, em particular) seus filhos Abel e Caim conseguiram Jeová ou outras seitas religiosas se multi-
mos, a contagem de tempo não ocorre há-de continuar a manifestar-se em
a paz efectiva no país; dessa reunião, garantir a multiplicação da espécie, se plicarem com o tempo confirmam que não
de forma automática; ela tem como 2016. Se a 18 de Dezembro de 2015, à
muito provavelmente, poderá lançar a única mulher que existia, criada por só a semente germinou, como também se
fonte eventos específicos, momentos margem da recepção de fim do ano que
elementos quanto ao tipo de colabo- Deus, era Eva e esta era a sua mãe? E fortificou em edifícios de pedra e cal. Algu-
concretos, ou seja, situações historica-
io

ofereceu aos membros do seu Governo porque é que, mesmo sabendo que Ju- ma coisa saiu errada. Ou talvez não.
mente relevantes que marcam substan- radores que gostaria de ter em seu re-
e a alguns convidados, Nyusi deu indi-
cialmente um certo período de tempo, dor, designadamente ministros, se se cações de que o diálogo nunca parara,
seja ele um ano, uma década, um século. assumir que a economia política para a do que se extraiu que havia alguns con-
O que poderia, então, ser assumido, ain- formação da sua equipa governativa, em tactos com Dhlakama, não deixa de ser
da que hipoteticamente, como marco se Janeiro de 2015, terá sido dominada, ou curioso que, na entrevista que concede
disséssemos que o ano de 2016 iniciou influenciada, por muitos factores que esta semana ao ‘Canal de Moçambique’,
ár

quando ainda transcorria o de 2015? E escaparam ao seu controlo. Não é pre- Dhlakama defenda não haver qualquer
o que poderia, na mesma dimensão, ser ciso ser vidente para prever, para pouco tipo de contacto, directa ou indirecta- Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
apontado se arguíssemos que, em ter- depois dessa sessão do Comité Central, mente. Confiança é, em bom rigor, o Portal: http://www.oficinadesociologia.blogspot.com
mos materiais, o ano de 2016 ainda não uma remodelação governamental, não que tem estado a rarear desde que nos 458
se sabendo se profunda ou de pequena abrimos formalmente ao multipartida-
iniciou?
Para a primeira situação, poderíamos,
por exemplo, usar como marco o dia
monta.
Achamos nós que não é por acaso que
rismo, há mais de 20 anos.
Interessante será notar se a excessiva Antisexismo
Di

16 de Dezembro de 2015, data na qual Dhlakama esteja a anunciar, nas suas dose de desconfiança existente entre

O
aconteceram duas situações politica- últimas apar
aparições, ainda que sem muito as partes irá pelo menos baixar a níveis antisexismo defende que a feminino.
mente relevantes e que marcarão o ano de inédito, que irá governar “as provín- em que os supremos interesses de todos erradicação da superiori- Queremos que as mulheres sejam
cias em que ganhou” a partir de Março nós, do Estado enquanto colectividade, dade masculina passa pelo socialmente iguais aos homens, do-
de 2016: a ida de Nyusi, pela primeira
de 2016. Aliás, Dhlakama tem vindo possam prevalecer a todo o custo, a co- estabelecimento de pari-
vez, ao Parlamento, para apresentar o tando-as, por exemplo, de quinhões
a fazer essa promessa mesmo antes do meçar pela paz efectiva, qual fonte da dade nas definições e nas possibi-
seu informe atinente ao Estado Geral paritários de poder (ministérios,
esperança, do crescimento económico lidades de vida e carreira. Porquê?
da Nação, por imperativos constitucio- anúncio público da sessão do Comité direcções, etc.).
que se traduza em desenvolvimento Porque as mulheres são tão capazes
nais, no qual falou não só do passado, Central convocada para 5 de Fevereiro Distribuímos quinhões de poder
humano, da prosperidade, do bem-estar
como do futuro; no mesmo dia, Afonso próximo, o que pode significar que ele já quanto os homens.
social, sem diversões inúteis. Com Ja- sem alterar a estrutura social e as
Macacho Marceta Dhlakama, presi- soubesse, por outras vias, da convocação cob Zuma, presidente da África do Sul,
Sucede então que tudo se resume relações básicas de poder que ge-
dente da Renamo, fez a sua primeira daquela reunião. O contexto em que um e a Igreja Católica como mediadores,
discurso é elaborado, diz-nos o ABC da em mudar uma certa forma tra- ram e mantêm a dualidade e a dis-
‘aparição pública’, designadamente ao conforme proposto pela Renamo, tal-
dar a sua versão do ‘Estado Geral da sociologia da comunicação, é, ele pró- dicional de pensar sem mudar a criminação social, convencidos de
vez se reestabeleça alguma confiança...
Nação’, em teleconferência. prio, parte do discurso! estrutura das relações sociais que que as representações sociais po-
no diálogo.
Para a segunda situação, não seria de Na extensa entrevista que concedeu ao Enquanto isso, a confiança vai-se evi- produzem e reproduzem a dicoto- dem mudar sem que mude a matriz
todo exagerado se elegêssemos o dia 5 ‘Canal de Moçambique’ publicado esta denciando como o activo que tanto nos mia desfavorável a um determinado do modo de produção e de repro-
de Fevereiro próximo, data na qual terá quarta-feira, Dhlakama reitera que “irá falta e foge! Para a nossa infelicidade género, no caso vertente ao género dução da vida.
lugar uma sessão extraordinária do Co- governar” a partir de Março próximo, colectiva!
20 Savana 08-01-2016
OPINIÃO

Alá e os seus
A TALHE DE FOICE Por João Carlos Barradas
Por
P Machado da Graça

A
nova ronda de confronto entre a Arábia Saudita Alianças
as de circunstância
e o Irão arrisca agravar-se e expandir ondas de Os alinhamentos tácticos no apoio a Bashar al Assad e à
choque pelo Médio Oriente na ausência de po- minoria alauíta - ramo esotérico e no limite contrário à
tências externas capazes de mediarem ou ofere- ortodoxia xiita vigente em Qom (Irão) e Najaf (Iraque)

o
cerem garantias de segurança a Riade e Teerão. - ou a cooperação nuclear com Moscovo não fazem es-
quecer em Teerão que a expansão da Rússia tzarista e do

Vamos para o desastre? Durante as décadas de “boom” petrolífero e até à revo-


lução iraniana de 1979, os Estados Unidos asseguraram
sovietismo no Cáucaso, Ásia Central e nas margens do
Mar Cáspio se fez à custa da Pérsia e da Turquia.

log
o equilíbrio entre as ambições do xá Mohammad Reza Os Estados Unidos inibidos por sucessivas desfeitas no
Pahlavi e da Casa de Saud e zelaram pela segurança no Afeganistão e no Iraque mostram-se às elites do poder

E
m termos de Paz para o país, o sensação de que o elástico foi esticado Golfo ante eventuais ameaças soviéticas. em Teerão e Riade como aliados ou adversários equívo-
ano de 2016 começa de forma demais e não vamos sair deste impas- O Aiatollah Khomeini fez ruir um dos pilares do siste- cos, potencialmente letais em caso de recurso às armas,
muito preocupante. se sem que corra sangue inocente. ma de segurança e se a aliança espúria das monarquias mas sem garra e espírito para guerras prolongadas.
Em entrevista ao Canal de Moçam- sunitas do Golfoo com Saddam Hussein na guerra entre Sauditas e iranianos guerreiam-se no Iémen e na Síria,
De paciência perdida, depois do bique, Dhlakama diz que só volta a o Iraque e o Irão (1980-88) conteve Teerão, não obstou no Iraque e no Líbano, e tal como turcos e israelitas, de-
chumbo de todas as suas propostas negociar depois de estar já a governar a que a arrogância do ditador de Bagdade acabasse por batem-se com as potenciais consequências de reintegra-
de solução pacífica do impasse, criado as “suas” províncias. Isto quer dizer justificar uma intervenção militar norte-americana na ção de Teerão nas redes económicas e financeiras globais
pelas eleições de Outubro passado, que só quer negociar a partir de uma região, com caução da ONU e luz verde de uma URSS à caso vingue a primeira fase do acordo de contenção e

ció
Afonso Dhlakama diz que não vai posição de força e já não na circuns- beira da implosão. desarmamento nuclear assinado com a ONU e as gran-
negociar mais coisa nenhuma e vai tância de mero dirigente de partido a des potências.
governar as seis províncias em que falar com o Governo do país. A jihad e o xiismo
a Renamo teve maioria a partir de Gostemos disso ou não (eu não gosto No final de 1979, a Grande Mesquita de Meca fora Opções sauditas
ocupada por milenaristas proclamando a redenção, o ad- A desintegração do poder do Estado na Síria e a partilha
Março. nada) uma tal situação pode descam-
vento do mahdi, e o ano que começara com o retorno de facto do Iraque entre xiitas e curdos, em detrimento
Ele diz que isso se fará pacificamente, bar numa guerra civil entre o centro/ de sunitas e turcomenos, bem como a virulência do jiha-
sem derramamento de sangue, mas norte e o sul, com Cabo Delgado triunfal de Khomeini a Teerão terminaria com a invasão
soviética do Afeganistão. dismo sunita contra a Casa de Saud, o xiismo, apóstatas,
é óbvio que ninguém acredita nessa numa desagradável posição de enta- crentes não-muçulmanos e ateus, criaram constrangi-
possibilidade. Bastou ver a demons- lanço de encontro à fronteira tanza- O jihadismo sunita, alternativa ao fracasso de regimes
mentos inesperados em Riade.

so
tração de poderio militar que o Go- niana. autoritários e desenvolvimentistas secularistas e panara-
bistas, ampliado na guerra do Afeganistão, fazia, entre- A entronização de Salman bin Abdulaziz em Janeiro de
verno fez, em Maputo, para impedir Numa mensagem amplamente divul- 2015 e a designação de Muhammad bin Nayef como
tanto, o seu caminho contestando os Irmãos Muçulma-
um pequeno grupo de militantes da gada pelos órgãos de informação do príncipe herdeiro levaram à adopção de atitudes de con-
nos (massacrados na Síria por Hafez al Assad em 1982)
Renamo, desarmados, de irem à rua Governo/Frelimo, Filipe Nyusi, di- fronto aberto com o Irão, designadamente a intervenção
vimentos salafistas.
e movimentos
falar com as pessoas, para perceber rigindo-se à Renamo, apela ao bom no Iémen contra os houthis.
Uma nova reivindicação do poder pela minoria xii-
que qualquer tentativa de ocupar o senso para se encontrarem saídas para ta, mesmo descartando a doutrina de governo de todo A recusa de cortes na produção de petróleo, arcando com
poder político naquelas províncias, esta situação. o quotidiano da comunidade dos crentes pelos juristas quebras de preços, numa estratégia de consolidação e
por muito pacífica que possa ser, vai Talvez seja altura de ele fazer esse da xaria avançada por Khomeini, iria também entrar em ampliação de quota de mercado tentando arruinar con-
encontrar uma resposta violenta por discurso do bom senso dirigindo-se choque com o regime da seita waabita. correntes com custos mais elevados de extracção (caso
parte das autoridades. aos seus camaradas de gatilho fácil. das explorações norte-americanas de xisto betuminoso),
um
O rigorismo salafista dos sauditas expandira-se em pro-
E Dhlakama está consciente disso. Não se pode apelar ao bom senso da selitismo sem peias graças ao peso ganho pela conjunção obriga os sauditas a cortes orçamentais, mas prejudica
Ameaça mesmo defender-se se for contraparte enquanto se tenta matar da custódia das cidades santas de Meca e Medina e as fortemente o Irão.
atacado. o seu chefe em emboscadas e ataques receitas do petróleo.
Ora como não restam muitas dúvi- sucessivos. No Líbano, as alterações na balança demográfica a favor Plano de batalha
das de que será atacado, isso só tem Talvez Filipe Nyusi possa começar As contingências da aplicação destas estratégias, sem po-
dos xiitas tiveram o corolário político na pujança do Hi-
rem em causa o apoio a facções jihadistas sunitas na Síria
um nome: guerra. E uma guerra de por se colocar em frente de um espe- zballah, ainda que os fiéis de Ali no Bahrein ou no Leste
ou ao regime militar egípcio, ameaçam o pacto interno
consequências imprevisíveis, pois lho e recomendar bom senso à ima- da Arábia Saudita não tenham conseguido livrar-se do
de anuência ao regime saudita e propiciam atitudes de
um dos lados tem imenso material gem reflectida.. E, depois, ir alargan- jugo dos al Khalifa e dos Saud. força para intimidar dissidentes e a minoria xiita.
militar mas gente sem experiência do a abrangência do apelo. A invasão do Iraque de 2003 condenaria o domínio suni- A decapitação do clérigo al Nimr deu pretexto no Irão
combativa, enquanto o outro lado Mas seria bom que isso fosse feito ta no Iraque, abrigaria Israel do risco de guerra em todas aos radicais opositores de maiores cedências na soberania
tem veteranos calejados na guerrilha, com rapidez, porque os prazos ago- as frentes, e reforçaria o irredentismo curdo, prejudican- em prejuízo de um programa militar nuclear para subi-
embora aparentemente apenas com ra são muito curtos e arriscamo-nos do sobretudo a Turquia. rem a parada com recurso ao tradicional ataque a instala-
de

armamento ligeiro. a acordar, um dia destes, já no fundo A par das disputas entre estados abria-se o caminho à ções diplomáticas a um mês das eleições parlamentares.
Na sua tentativa de ir ganhando tem- do abismo. contestação dos ordenamentos impostos no final da I Acoitadas e alucinadas pelas legitimações religiosas
po de presença no Poder, de forma E o descontentamento popular, de Guerra Mundial num quadro de quezílias generalizadas das suas causas, as facções mais belicistas optaram pelo
absoluta, o Governo/Frelimo adia- norte a sul do país, com as condições entre grupos étnico-religiosos curdos druzos, maronitas, braço-de-ferro tornando difíceis compromissos e con-
gregos católicos e ortodoxos, turcomenos, alauítas, xiitas, cessões.
ram para a próxima legislatura a cria- de vida insuportáveis para uma maio-
alevis, sunitas, yezidis, entre outros. Jornalista
ção de uma comissão para a revisão ria, podem ser um acelerador deter-
constitucional. Tenho, no entanto, a minante do desastre.
io

Por Luís Guevane


SACO AZUL

Honestidade e incertezas
ár

D
ouglas M. Griffiths, na hora de nhecimento das fontes dos desafios, pela in- Para o estágio em que nos encontramos no Dependendo do tipo e qualidade de go-
despedida, no final de 2015, como clusão de todos os elementos da sociedade na ranking de desenvolvimento do PNUD, no vernação, a avaliar pelas tendências actuais,
embaixador dos EUA para Mo- procura de soluções, e pela abertura perante a mundo entre os últimos, essa divergência é ainda vamos levar muito tempo para que as
çambique, mandou alguns alertas próxima geração”. fonte de criação de desonestos entre os que aos políticas assegurem que “os benefícios alcan-
Di

que com ele ganharam nova roupagem. Va- Os exemplos de honestidade, de comprome- olhos do povo deveriam assumir-se como ho- cem muitos e não apenas alguns”. O com-
ticinou que Moçambique enfrentará diver- timento com o desenvolvimento de Moçam- nestos. Só com esta qualidade podem agir com padrio e nepotismo, por exemplo, continuam
sos desafios no presente ano, 2016, tendo bique, de inclusão, existem na sociedade mo- honestidade. As fontes dos nossos desafios po- a ser o foco resultante da inércia do mono-
dito que como País não devemos subesti- çambicana como um todo. Porém, todos esses líticos e de desenvolvimento são reconhecidas partidarismo ou, se quisermos, da história
mar a “incerteza económica e os desafios exemplos tornam-se ou tornar-se-iam mais ex- com honestidade sim, mas não são encaradas recente do País. Griffiths pode ter lá a sua
políticos”. pressivos se partissem do topo das hierarquias como tal. Por exemplo, não vamos procurar sa- razão se encararmos essas políticas somente
políticas e governamentais. A honestidade dos ber neste momento se as últimas eleições gerais
como um ideal. E, de resto, brilha quando
Estamos relativamente habituados a viver políticos não precisa de ser necessariamente si- e legislativas foram encaradas com honestidade
diz que “a democracia é difícil, mas tanto na
de incertezas económicas e de desafios milar àquela que encontramos entre cidadãos ou desonestidade ou se foram ou não a princi-
economia como na política, a competição
políticos stressantes, o que não constitui pacatos. Para estes, o político não é hones- pal fonte de instabilidade político-militar que
gera melhores resultados”. Desde que esta
novidade alguma. O problema pode estar to, mente. Mas, para o político não há espaço se instalou, não; porque onde se alega fraude
na variação dessas incertezas. Ainda que para mentiras, ele não precisa de mentir para o e trafulhices de todo o tipo não há espaço para competição seja encarada com honestidade.
este menu seja por demais conhecido, vale seu concidadão, precisa, isso sim, de fazer po- que se questione a honestidade e a seriedade Percebe-se em Griffiths que Moçambique
a pena repensar sobre a questão da hones- lítica com honestidade. É neste processo que das instituições que estiveram em frente des- tem vindo a melhorar. Assim sendo, o País
tidade. Sobre este aspecto ele refere que o a percepção da existência de honestidade no ses processos. Essas instituições não falharam, exige crescentemente mais e mais críticas
nosso futuro, como moçambicanos, está reconhecimento das fontes dos desafios pode agiram dentro do padrão que as caracteriza no para que continue a melhorar com honesti-
“condicionado pela honestidade no reco- divergir. nosso actual estágio de honestidade. dade.
Savana 08-01-2016 21
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22 Savana 08-01-2016
DESPORTO

Com o ouro africano e o bronze mundial, Edmilsa Governo promete:

“Quero ser a segunda Mutola!”


Por Abílio Maolela

o
E
dmilsa Luciano Governo é a “O Governo tem ajudado, quando
“Meu sonho é ganhar a
mais nova estrela do atletis- se trata de uma selecção nacional. bolsa paralímpica”
mo moçambicano. Nascida Ajudam quanto ao equipamento e A ajuda do Governo ao atletismo
a 28 de Fevereiro de 1998, pocket money, mas quando se tra-

log
paralímpico consta de um rol de
a atleta paralímpica, na categoria ta de uma viagem programada pela
preocupações da nova estrela do
T-12, há três anos, já conquistou federação não há nenhuma ajuda.
atletismo moçmoçambicano. A bol-
o país desportivo, ao amealhar Até mesmo nos Jogos da CPLP,
sa paralímpica é, do momento, o
21 medalhas internacionais, das poucas vezes temos tido apoio, falo
maior choro de quem fez entoar o
quais 15 de ouro (a última nos Jo- por exemplo do Estágio e lanches.
hino nacional, num palco africano,
gos Africanos de 2015); quatro de É raro que isso aconteça. Quanto
ao equipamento, às vezes temos de 16 anos depois.
prata e duas de bronze, sendo a úl-
depender do equipamento ofereci- No últimos anos, vários atletas
tima, em Doha, nos mundiais. No
do no ano anterior”, diz. foram atribuídos bolsas de solida-
seu curto percurso contam-se tam-

ció
“Em Março vamos à Tunísia, mas riedade olímpica, destacando-se
bém quatro recordes africanos. Em
2015, foi distinguida como atleta não temos as devidas condições. Creve Machava e Alberto Mamba,
feminina do ano, durante a V Gala Queríamos muito participar, agora, no atletismo e Neyd Ocuane, no
do Desporto e o SAVANA elegeu- num estágio na Swazilândia, mas basquetebol.
-a como figura desportiva do ano, não temos condições. Temos Jogos Entretanto, essa sorte ainda não
distinção que se repetiu por toda a Paralímpicos no Rio e eles querem bateu a porta da casa da Edmilsa
imprensa moçambicana. muito que a gente traga medalhas, Governo.
mas não nos conseguem ajudar. Te- “É muito triste falar disto, porque
nho colegas e amigas, de fora, que desde 2012 que comecei a treinar,
Por estas razões, a reportagem deste

so
já estão em estágio há dois anos, só sempre ouvi na rádio que ia ganhar
semanário foi ter com a menina de
ouro paralímpico para se inteirar da para os Jogos de 2016. Estou em uma bolsa paralímpica, mas nada.
sua carreira e dos dias de ouro que forma, mas preciso mais. Preciso de Já bati a porta em todas as insti-
ela vive. sair para competir fora. Preciso de tuições e o Doutor Munguambe
“Os moçambicanos consideram-me uma segunda Mutola. Estou a fazer um esfor- um ginásio, que ainda não tenho. diz que terei a bolsa, mas ainda não
Do futebol ao atletismo ço e vou conseguir trocar o lugar da Mutola”, Edmilsa Governo Era importante que eles olhassem aconteceu”, denuncia.
Edmilsa Governo conta que prati- para o desporto paralímpico, por- “Este ano saíram muitos atletas
tou a fazer um esforço e vou conse- Isso vai fazer-me
er-me crescer e sentir- que não brincamos. Trabalhamos para fora do país, mas eu ainda
ca o desporto desde a infância e o
guir trocar o lugar da Mutola. Não -me mais a vontade”, diz. seriamente. Às vezes, viajámos para não tenho resposta. Isso deixa-me
futebol foi a primeira modalidade
um
vou apagar o nome dela, mas vou Para ela, as medalhas amealhadas disputar a competição no mesmo muito em baixo. Não vou desistir,
por si praticada, apesar de nunca ter
conseguir colocar o meu nome ali no ano passado e os respectivos dia”, acrescenta. mas sempre foi meu sonho ganhar
tido oportunidade de participar nos
em frente”, promete. recordes africanos é que determi- Entretanto, a campeã africana dos uma bolsa para estudar fora do país.
Jogos Escolares, devido aos proble-
Internamente, e como uma forma naram a sua eleição, em detrimento 200 metros, na categoria T-12, re- Ter uma bolsa, não significa sair e ir
mas de visão.
de reconhecimento do seu trabalho, das suas concorrentes. vela que nunca se preocupou muito brincar. Significa reconhecer aquilo
“A minha modalidade sempre foi o
atletismo. No futebol apenas per- o Instituto Nacional do Desporto com o apoio governamental, pois, que foi dado. Então, para mim era
(INADE) distingui-a como atle- Falta apoio ao atletismo muito importante ter uma bolsa”,
seguia a bola. Era difícil para mim paralímpico sabe que este demora e “se eu pen-
ta feminina do ano e a imprensa sar nele posso estragar minha car- reitera.
jogar a bola, porque dificilmente a Além da distinção do INADE e
elegeu-a como figura desportiva de reira”. Além da bolsa paralímpica, cons-
via, mas sempre corria atrás dela”, da eleição pela imprensa de atleta
2015. titui também o sonho da Edmilsa
revela. feminina do ano, Edmilsa Gover- “Nunca treinei preocupando-me
Edmilsa responde às distinções: Governo conquistar uma medalha
Entretanto, em 2012, entraria na no foi laureada com um milhão e com a ajuda do governo, porque se
nos Jogos Paralímpicos do Rio de
rota do seu desporto predileto. “Sinto-me emocionada. É gratifi- duzentos mil meticais vindos do me preocupo, enquanto eu sei que
de

Janeiro, a realizarem-se neste ano,


Tudo começou quando um colega, cante ser reconhecida por todos. Já Governo, dos dez milhões e qui- vai demorar, não vou muito longe. naquela cidade Brasileira. Para tal,
que treinava com Francisco Faquir esperava o prémio de atleta para- nhentos mil meticais destinados à Então, vou lutar com meu esforço conta que está a fazer o que sempre
(seu actual treinador), no Clube dos límpica do ano, mas atleta feminina premiação dos atletas medalhados, próprio. Com aquilo que eu con- fez: “dar o meu máximo. Estou a
Deficientes, convidou-a para fazer do ano não. Foi uma surpresa gran- em 2015. sigo. Portanto, não vou colocar as treinar. Quando estou cansada ten-
parte da equipa. de e sinto-me feliz. Significa uma A “laureada” revela a sua emoção dificuldades em frente, se não pre- to me esforçar para frente. Estou a
“Ele entrou na sala de aulas e per- grande responsabilidade e mais tra- pelo feito, mas lembra que “os cam- judicam-me. Porque com ou sem insistir, persistir e acredito que isso
guntou quem queria praticar des- balho para que possa convencer aos peões são fabricados”, pelo que há dificuldades, sei que vou chegar lá, vai me levar longe. A entrega e de-
porto. Gostei da ideia e aceitei o que me premiaram e isso passa por uma necessidade de se apoiar estes mas era imperioso que eles ajudas- dicação é o segredo do meu suces-
convite. Até mentiu, dizendo que conseguir uma medalha no Brasil. na sua fase de preparação. sem”, sublinha. so”, finaliza.
io

havia viagens e lanches, mas não


quis saber disso, porque só queria
um sítio para treinar e me sentir
Internacional
à vontade. Então, fui para lá. Fui
avaliada e classificada e comecei a
correr”, explica.
Zidane, génio dos relvados. E nos bancos?
ár

“Luto para ser segunda


Mutola”

O
Passados três anos, Edmilsa Go- antigo capitão da se- equipa secundária dos blancos (e ainda maiores. Mas quem o conhe- mo sucesso. É uma pessoa
verno tornou-se numa referência lecção francesa, Zine- ainda como adjunto no consulado ce acredita mesmo que Zizou é o muito determinada, que faz
do atletismo paralímpico moçam- dine Zidane, foi apre- de Carlo Ancelotti), capacidade homem certo para o lugar certo. as coisas com paixão”, referiu
Di

bicano. O facto deve-se à conquista sentado, esta semana, para guiar um dos barcos que mais “Um homem que foi o melhor no o ex-lateral.
de 21 medalhas internacionais (15 como treinador do Real Ma- turbulência enfrenta no Mundo? jogo que tanto amamos a orientar Recorde-se que Guardiola
de ouro, quatro de prata e duas de drid, sucedendo ao espanhol, “Zidane sabe, melhor do que nin- um clube que eu e tantos outros assumiu o Barça em 2008
bronze), sendo a conquista da me- Rafael Benítez. Aos 43 anos, guém, o que é estar à frente de um adoram. Alguém com dedicação, depois de uma passagem pela
dalha de ouro nos Jogos Africanos aquele que foi considerado plantel do Real Madrid. Durante paixão e que não aceita falhar em equipa B e, na equipa prin-
de 2015 e a medalha de bronze nos um dos melhores jogadores toda a sua vida, submeteu-se aos qualquer aspecto (...). É a melhor cipal, conquistou 14 títulos
Jogos Mundiais de Doha, no Qatar, da história prepara-se para desafios maiores do futebol. Sabe pessoa para este trabalho”, afirmou em quatro anos. Os adeptos
as suas maiores conquistas. enfrentar um desafio à medi- como é duro estar nesse banco”, as- David Beckham, também ele um do Real ficariam certamen-
Para a atleta, estas conquistas sig- da da fama que granjeou nos sim explicou Florentino Pérez a sua antigo galáctico, no seu Instagram. te satisfeitos com o mesmo
nificam muita responsabilidade, relvados. escolha, na conferência de impren- Também Bixente Lizarazu, antigo sucesso... Acrescente-se que,
porque as exigências passarão a ser sa de hoje. colega de Zidane no Bordéus e na esta temporada, no Castilla,
outras. Nesta altura, os adeptos me- Depois do sucesso como futebolista selecção francesa, aplaudiu a esco- Zidane seguia no segundo
“Tenho de ser a segunda Mutola. rengues colocam principal- no Real (2001-2006), onde foi um lha de Florentino. “Faz-me lembrar lugar do grupo 2 da terceira
Os moçambicanos consideram-me mente uma questão. Terá Zi- dos expoentes máximos da gera- a opção por Guardiola da parte do divisão espanhola, com 10 vi-
uma segunda Mutola e, para tal, dane, cuja única experiência ção dos galácticos, vem agora um Barcelona. É o mesmo começo de tórias em 19 jogos.
exigem mais trabalho de mim. Es- como técnico principal foi na desafio que parece ter proporções Zidane e desejo que tenha o mes- Record.pt
Savana 08-01-2016 23

MUNICÍPIO DE MAPUTO
CONSELHO MUNICIPAL
3HORXURGDV)LQDQoDV

o
AVISO
Avisam-se aos Munícipes da Cidade de Maputo que a partir ‡ 3RVWR GH &REUDQoD GH .D0SIXPX ² $Y 7RPiV 1GXGD
GR GLD  GH -HQHLUR GH  LQLFLD D FREUDQoD GR ,PSRV- Qž

log
WR$XWiUTXLFRGH9HtFXORV ,$9 D3UHVWDomRGR,PSRVWR ‡3RVWRGH&REUDQoDGH.D0DYRWD²5XDGD%HLUDQž
3UHGLDO$XWiUTXLFR ,35$  H R ,PSRVWR 3HVVRDO$XWiUTXLFR ‡3RVWRGH&REUDQoDGH.D0XEXNZDQD²5XDSHUWRGR
,3$ UHIHUHQWHDRH[HUFtFLRHFRQyPLFRGH Posto Policial
‡3RVWRGH&REUDQoDGH.D7HPEH²(VWUDGD3ULQFLSDOQž
0DLVVHFRPXQLFDTXHRYDORUGR,PSRVWR3HVVRDO$XWiUTXL- %DLUUR&KDOL
co (IPA)SDUDRH[HUFtFLRGHpGH295,00 Mt (Duzentos ‡ 3RVWR GH &REUDQoD GH 1KODPDQNXOX ² 5XD GRV ,UPmRV
5XELQž%DLUUR;LSDPDQLQH

ció
noventa e cinco meticais).
0DLVLQIRUPDo}HVVREUHRDVVXQWRSRGHUmRVHUREWLGDVMXQWR
Os pagamentos deverão ser efectuados nos seguintes lo- DR'HSDUWDPHQWRGH5HFHLWDVGR&RQVHOKR0XQLFLSDOVLWRQD
cais: $Y.DUO0DU[QžžDQGDU
‡5HFHEHGRULD0XQLFLSDO²$Y.DUO0DU[Qž5&
‡ 3RVWR GH &REUDQoD GR $WHUUR GD 0D[DTXHQH  (VTXLQD 0DSXWR'H]HPEURGH
GDVDYHQLGDV=HGHTXLDV0DQJDQKHODH5XDGR3kQWDQR $9HUHDGRUDGDV)LQDQoDV

so
‡3RVWRGH&REUDQoDGD5iGLR0RoDPELTXH²5XDGD5iGLR Ilegível

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
um
MESTRADOS EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Estão abertas candidaturas para o ano lectivo de 2016 nos seguintes cursos: JLVWR$FDGpPLFRGD)DFXOGDGHGH(GXFDomRHQDSiJLQD:HEGD)$&(' ZZZIDFHG
JLVWR$FDGpPLFRGD)DFXOGDGHGH(GXFDomRHQDSiJLQD:HEGD)$&
I.MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO (AGE) uem.mz).
II. MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO CURRICULAR E INSTRUCIONAL 2VSURFHVVRVGHFDQGLGDWXUDGHYLGDPHQWHLQVWUXtGRVGHYHUmR
2VSURFHVVRVGHFDQGLGDWXUDGHYLGDPHQWHLQVWUXtGRVGHYHUmRGDUHQWUDGDQR5HJLV-
(VWHV GRLV 0HVWUDGRV IRUPDP TXDGURV DOWDPHQWH TXDOLÀFDGRV QDV UHVSHFWLYDV
UHVSHFWLYDV iUHDV WR$FDGpPLFRGD)DFXOGDGHGH(GXFDomRGHDGH'H]HPEURG
WR$FDGpPLFRGD)DFXOGDGHGH(GXFDomRGHDGH'H]HPEURGHGDVDV
FRPSHWHQWHVHPDQDOLVDUSODQLÀFDUFRQFHEHUJHULUHDYDOLDURGHVHQYROYLPHQWRGRVLV-
GHVHQYROYLPHQWRGRVLV-
GHVHQYROYLPHQWRGRVLV KRUDVHGHDGH-DQHLURGDVDVKRUDV
WHPDHGXFDWLYRDRQtYHOGDVRFLHGDGHGDLQVWLWXLomRHGDVDODGHDXODV
GHDXODV
III. MESTRADO EM EDUCAÇÃO DE ADULTOS (EA) Os processos de candidatura devem ser instruídos com os seguintes documentos:
(VWH 0HVWUDGR IRUPD TXDGURV DOWDPHQWH TXDOLÀFDGRV FRP FDSDFLGDGH
FDSDFLGDGH SDUD DQDOLVDU &HUWLÀFDGRGHFRQFOXVmRHGHFDGHLUDVIHLWDVGH/LFHQFLDWXUD
&HUWLÀFDGRGHFRQFOXVmRHGHFDGHLUDVIHLWDVGH/LFHQFLDWXUDRXJUDXHTXLYDOHQWH
SODQLÀFDUFRQFHEHUPRQLWRUDUHDYDOLDUDFo}HVDRQtYHOGDLQYHVWLJDomRIRUPDomRJHV
SODQLÀFDUFRQFHEHUPRQLWRUDUHDYDOLDUDFo}HVDRQtYHOGDLQY HVWLJDomRIRUPDomRJHV-
SODQLÀFDUFRQFHEHUPRQLWRUDUHDYDOLDUDFo}HVDRQtYHOGDLQYHVWLJDomRIRUPDomRJHV- &XUULFXOXP9LWDH
de

WmR H DWLWXGHVYDORUHV DFWXDQGR QDV iUHDV UXUDLV H XUEDQDV H FRP


FRP WRGRV RV HVWUDWRV )RWRFySLDDXWHQWLFDGDGR%LOKHWHGH,GHQWLGDGHRX',5(
sociais. &DUWDHQGHUHoDGDDR'LUHFWRUGD)DFXOGDGHLQGLFDQGRDiUHDGHHVSHFLDOL]DomRTXH
SUHWHQGHVHJXLUHGLVSRQLELOLGDGHÀQDQFHLUDSDUDRSDJDPHQWRGHSURSLQDV
ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS 'XDVFDUWDVGHUHFRPHQGDomR
2V FXUVRV GH 0HVWUDGR WrP D GXUDomR GH TXDWUR VHPHVWUHV OHFWLYRV
OHFWLYRV H FRPSUHHQGHP 3URMHFWRGHSHVTXLVDVREUHXPWHPDGDiUHDDTXHVHFDQGLGDWDGHDFRUGRFRPDHVWUX-
GXDVFRPSRQHQWHVGHSyVJUDGXDomRXPDDRQtYHOGR'LSORPDHDRXWUDDRQtYHOGR
GXDVFRPSRQHQWHVGHSyVJUDGXDomRXPDDRQtYHOGR'LSORPDHD RXWUDDRQtYHOGR WXUDIRUQHFLGDSHOR5HJLVWR$FDGpPLFRGD)DFXOGDGHGH(GXFDomR
0HVWUDGR$SyVJUDGXDomRDRQtYHOGH'LSORPDWHPGXDVIDVHV 7URQFR&RPXPH(V
0HVWUDGR$SyVJUDGXDomRDRQtYHOGH'LSORPDWHPGXDVIDVHV 7 URQFR&RPXPH(V
0HVWUDGR$SyVJUDGXDomRDRQtYHOGH'LSORPDWHPGXDVIDVHV 7URQFR&RPXPH(V-  $SUHVHQWDomR GR WDOmR GH GHSyVLWR QR YDORU GH  0W D HIHFWXDU QD FRQWD 1ž
SHFLDOL]DomR FDGDXPDFRPDGXUDomRGHXPVHPHVWUH27URQFR&RPXPFRPSUHHQGH
SHFLDOL]DomR FDGDXPDFRPDGXUDomRGHXPVHPHVWUH27URQFR &RPXPFRPSUHHQGH ²%,07LWXODU8(0)$&('0(675$'26
PyGXORVRUJDQL]DGRVHPGRLVEORFRV(VWDIDVHDVVHQWDQDDTXLVLomRHGHVHQYROYLPHQWR
PyGXORVRUJDQL]DGRVHPGRLVEORFRV(VWDIDVHDVVHQWDQDDTXLVL omRHGHVHQYROYLPHQWR &DUWDGHDXWRUL]DomRGDHQWLGDGHHPSUHJDGRUDSDUDFDQGLGDWRVWUDEDOKDGRUHV
GHFRPSHWrQFLDVJHQpULFDV$(VSHFLDOL]DomRFRPSUHHQGHPyGXORVWDPEpPRUJDQL]D
GHFRPSHWrQFLDVJHQpULFDV$(VSHFLDOL]DomRFRPSUHHQGHPyGXORV WDPEpPRUJDQL]D
GHFRPSHWrQFLDVJHQpULFDV$(VSHFLDOL]DomRFRPSUHHQGHPyGXORVWDPEpPRUJDQL]D-
io

GRVHPGRLVEORFRV&DGDEORFRWHPDGXUDomRGHRLWRVHPDQDV(VWDIDVHFXOPLQDFRP
GRVHPGRLVEORFRV&DGDEORFRWHPDGXUDomRGHRLWRVHPDQDV(VWDIDVHFXOPLQDFRP MATRÍCULAS
DUHDOL]DomRGHXP7UDEDOKRGH)LPGH&XUVR 2 SHUtRGR GH PDWUtFXODV GRV FDQGLGDWRV DGPLWLGRV VHUi DQXQFLDGR SHOD 'LUHFomR GR
$SyVJUDGXDomRDRQtYHOGR0HVWUDGRWHPDGXUDomRGHXPDQROH
$SyVJUDGXDomRDRQtYHOGR0HVWUDGRWHPDGXUDomRGHXPDQROHFWLYRGLYLGLGRHP Registo Académico da UEM.
FLQFREORFRV²TXDWURSDUDDXODVHXPSDUDDHODERUDomRGDGLVV
FLQFREORFRV²TXDWURSDUDDXODVHXPSDUDDHODERUDomRGDGLVVHUWDomR&DGDEORFRGH
DXODVWHPDGXUDomRGHVHWHVHPDQDV2EORFRUHVHUYDGRjGLVVHU
DXODVWHPDGXUDomRGHVHWHVHPDQDV2EORFRUHVHUYDGRjGLVVHUWDomRWHPDGXUDomRGH 1RDFWRGHPDWUtFXODDGHFRUUHUQD'LUHFomRGR5HJLVWRDFDGpPLFRGD8(0RVFDQGL-
VHPDQDV2HVWXGDQWHHODERUDHGHVHQYROYHXPSURMHFWRGHLQY
VHPDQDV2HVWXGDQWHHODERUDHGHVHQYROYHXPSURMHFWRGHLQYHVWLJDomRFXMRWHPDp datos admitidos deverão apresentar:
ár

HVFROKLGRSRUVLVREDRULHQWDomRGHXPVXSHUYLVRU
2FDOHQGiULRGDVDXODVREHGHFHDRFDOHQGiULRDFDGpPLFRGD8(0
2FDOHQGiULRGDVDXODVREHGHFHDRFDOHQGiULRDFDGpPLFRGD8(0$VDXODVGHFRUUHP )RWRFySLDDXWHQWLFDGDGR%LOKHWHGH,GHQWLGDGHRX',5(
GDVjVKRUDV
)RWRFySLDDXWHQWLFDGDGD&HUWLGmRGH1DVFLPHQWRRXFpGXOD3HVVRDO
VAGAS
O número de vagas disponíveis é de 25 para cada curso. &HUWLÀFDGRGH&RQFOXVmRGH/LFHQFLDWXUDRXHTXLYDOHQWH
Di

CONDIÇÕES DE ADMISSÃO INSCRIÇÕES E PROPINAS


Os candidatos devem produzir e submeter um projecto de pesquisa sobre um tema $SyVDPDWUtFXODRFDQGLGDWRLQVFUHYHVHQR5HJLVWR$FDGpPLFRGD)$&('HVWDQGR
GDiUHDDTXHVHFDQGLGDWDP&DVRVHFRQVLGHUHQHFHVViULRRVF
GDiUHDDTXHVHFDQGLGDWDP&DVRVHFRQVLGHUHQHFHVViULRRVFDQGLGDWRVSRGHUmRVHU sujeito ao pagamento de:
submetidos a uma entrevista. 7D[DGH,QVFULomRQRYDORUGH0WSDJDXPD~QLFDYH]QRDFWRGH,QVFULomRD
6mRFULWpULRVFXPXODWLYRVGHVHOHFomR GHSRVLWDUQDFRQWDQž²%,07LWXODU²8(0)$&('0(675$'26
&HUWLÀFDGRGHKDELOLWDo}HV /LFHQFLDWXUDRXJUDXHTXLYDOHQWH
&HUWLÀFDGRGHKDELOLWDo}HV /LFHQFLDWXUDRXJUDXHTXLYDOHQWH  3URSLQDGHIUHTXrQFLDQRYDORUGHPrVSDJDPHQVDOPHQWHRXHPSUHVWDo}HV
&ODVVLÀFDomRPtQLPDGHFDWRU]H  YDORUHVREWLGDQD/LFHQFL
&ODVVLÀFDomRPtQLPDGHFDWRU]H  YDORUHVREWLGDQD/LFHQFLDWXUDRXJUDXHTXLYD- VHPHVWUDLVRXDQXDLVGXUDQWHPHVHV
OHQWH
&XUULFXOXPYLWDH INFORMAÇÕES ADICIONAIS
(TXLGDGHUHJLRQDOHGHJpQHUR 2XWUDVLQIRUPDo}HVHHVFODUHFLPHQWRVSRGHUmRVHUREWLGRVQR5HJLVWR$FDGpPLFRGD
3URÀFLrQFLDQDOtQJXDLQJOHVD )DFXOGDGHGH(GXFDomRUpVGRFKmRSHORVVHJXLQWHVHQGHUHoRV
5HVXOWDGRVGDDYDOLDomRGRSURMHFWRGHSHVTXLVDHRXGDHQWUHYLVWDHGDDQiOLVHGRV &DPSXV8QLYHUVLWiULR8(0²0DSXWR
documentos entregues no acto de candidatura. 7HO)D[
7HOHIRQH([WHQVmR
PROCESSO DE CANDIDATURA 7HOHIRQHFHOXODU
$VÀFKDVGHFDQGLGDWXUDHDOLVWDGHGRFXPHQWRVQHFHVViULRVHVWmRGLVSRQtYHLVQR5H- Email: facedregistoacademico@gmail.com
24 Savana 08-01-2016
CULTURA

Malangatana esquecido!
77

O
pintor moçambicano Malangatana que “a cultura está desfalcada” de um “anima-
Valente Ngwenya morreu há precisa- dor de cultura em todos os aspectos”. Por Luís Carlos Patraquim
mente cinco anos, a 05 de janeiro de Durante as entrevistas, o pintor repetia várias
2011, e a data foi assinalada com uma vezes estas palavras: ‘’Não tenho medo da mor-
singela homenagem no Centro Cultural de te...Só peço aos meus amigos que cuidem bem

o
Matalana, na região de Matalana, distrito de das minhas obras’’, recorda a jornalista e escri-
Marracuene, Província de Maputo. tora Rosa Langa.
Em vida, fez de tudo um pouco: foi pastor,
A homenagem, na qual esperávamos a pre- aprendiz de curandeiro, empregado doméstico

log
sença do Ministro da Cultura e Turismo, Silva mas viria a notabilizar-se no mundo das artes,
Dunduro, e outros membros do governo, ape-
nas estiveram familiares e membros da comu-
nidade. Recordamos que no primeiro ano da
tornando-se num dos mais famosos artistas
moçambicanos.
O pintor fez cerâmica, tapeçaria, gravura e es-
Porque descurámos o sopro
sua morte assistimos a cerimónias em home- cultura. Fez experiências com areia, conchas,


Tanta
anta coisa depende/ de/ um carrinho de mão/ vermelho/ reluzente de gotas/ de chuva/
nagem ao artista plástico. Passados cinco anos pedras e raízes. Foi poeta, actor, dançarino, ao lado das galinhas/ brancas”
não vemos algo digno a ser feito para recordar músico, dinamizador cultural, organizador de William Carlos Williams
a figura de um dos maiores pintores moçam- festivais e filantropo. Foi ainda um dos criado-
bicanos. res do Museu Nacional de Arte de Moçambi- Para Afonso Silva Dambile*
No entanto, a efeméride fica também marcada que, dinamizador do Núcleo de Arte, colabo-

ció
pela notícia de que as obras em falta no Cen- rador da UNICEF e arquitecto de um sonho Porque descurámos o sopro
tro Cultural de Matalana pararam por falta de antigo que levou para a frente a criação de um aquela árvore que viu tudo
financiamento. “Como é possível ver, as obras Centro Cultural na “sua” Matalana. e ainda ostenta o tronco do
estão paradas. Não conseguimos dar continui- Expôs em Moçambique, em Portugal e nou- Enforcado
dade com as obras iniciadas por Malangatana tros países como Alemanha, Áustria e Bul-
por falta de financiamento”, lamenta o filho gária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Porque atirámos pedras à janela
primogénito Mutxini Malangatana. Unidos, Índia. Tem murais em Maputo e na de onde a criança olhava o som
Até ao final do ano, são várias as actividades Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas dos pássaros diurnos
que serão levadas a cabo pela família e amigos também em países como Suécia e Colômbia. e é hoje um vidro partido

so
para recordar o artista plástico, poeta, actor, Contando com as obras em museus e galerias gotejando o sangue do ar
dançarino, músico, dinamizador cultural e até públicas e em colecções privadas, Malangatana
deputado, da Frelimo. “Em Junho, vamos re- vai continuar presente praticamente em todo o Porque reduzimos a mão à espada
alizar uma exposição com as obras do artista mundo, parte do qual conheceu como membro e o corpo maior dos rios
r
em Maputo. Como sabem, se estivesse vivo, em de júri de bienais, inaugurando exposições, fa- a um tumulto de vozes
v
Junho Malangatana completaria 80 anos de zendo palestras, até recebendo o doutoramen- pasmadas
idade. Malangatana Valente Ngwenya nasceu to honoris causa, como aconteceu recentemen-
a 6 de junho de 1936, em Matalana”, recorda te em Évora, Portugal. Porque ainda nos lembramos
Mutxini. Foi nomeado Artista pela Paz (UNESCO), re- dos muitos nomes de deus
Para o Governo, a notícia da sua morte foi uma cebeu o prémio Príncipe Claus, e de Portugal
um
poisados nos teus cabelos
“surpresa” recebida com “profunda tristeza” e o levou também a medalha da Ordem do Infante a Pressaga Ode esquecida
ex-Presidente Joaquim Chissano considerou D. Henrique. A.S o mais febril sonho do guerrilheiro
ora de borco
no abysmo do tempo
ultrajado

Porque os anjos ainda seguram


a lâmina
à espera de lacerar os amantes
e a terra dói
latejando na sua vasta porção
de

onde o mistério resiste

Porque se anuncia o fogo


E as balas deixaram de florir
- Que será de nós?
Faltam as galinhas
Naita Ussene

e o carrinho de mão vermelho


jaz atropelado no asfalto

*Espaço Geográfico, Sentido de Pertença e Unidade Nacional em Moçambique, livro da


io

Passam cinco anos após a morte do artista plástico Malangatana autoria de Afonso Silva Dambile.

Cultura refém da economia


ár

O
s artistas consideram que a situação fícil”, lamenta Hélio D, membro fundador do via para drenar dinheiro”, repisa hélio D. nacional esteja a ocupar o lugar que merece
económica do país faz com que o go- grupo Djovana, da beira, acrescentando: “na Os eventos culturais vão reduzido cada ano no país”, lamenta o saxofonista Zé Maria.
verno relegue a cultura
cultura para o último actual governação nunca ouvimos os gover- que passa. Não me recordo de ouvir um plano Mesmo com dificuldades, os artistas vão fa-
reduto. Cada ano que passa a cultura nantes a falar da cultura. Recentemente ouvi- concreto sobre a cultura em todas as vertentes. zendo o seu papel na sociedade. O artista tem
nacional é menos sentida. Cada governo que mos o informe do Presidente da República na Vai ser difícil reverter o cenário actual. “Se os
o dever de sensibilizar os outros sobre o que
passa tem feito menos pela cultura. As priori- Assembleia da República e não ouvimos nada governantes não tiverem sensibilidade em re-
Di

acontece na sua sociedade e no mundo. “Pare-


dades dos governantes actuais têm sido para sobre a cultura. Hoje a cultura não interes- lação à cultura o país vai continuar cada vez
as outras áreas. Ao sector da cultura não se mais pobre. Se percebessem o papel da cultura ce que esse papel é visto como sendo contra os
sa ao governo do dia. No passado souberam
tem sentido muito apoio nas últimas gover- fazer uso da cultura para libertar o país, mas no desenvolvimento do país iriam dar alguma dirigentes. É preciso mudar essa mentalidade
nações. hoje já se esqueceram do papel da cultura no prioridade como outras áreas da sociedade. para que o país desenvolva num todo. Pode-
desenvolvimento do país”. A educação, saúde e outras áreas teriam ou- mos ver em certos países que se aperceberam
Dificilmente ouve-se o governo a falar de Os governantes estão a perder sensibilidade tro desenvolvimento se a cultura ocupasse o do papel da cultura para o desenvolvimento.
actividades culturais. O que sabemos que faz no que tange à cultura. Quando vemos os seu lugar na nossa sociedade”, explica o arista Mesmo aqueles países que estavam piores
parte nas actividades do governo é o Festival governantes reunidos, o Ministro da Cultura plástico Falcão. economicamente e culturalmente que o nos-
Nacional de Cultura. “Já era tempo de cada e Turismo aparece apenas na comitiva para É preciso que governantes voltem para os so viram que a cultura desempenha um papel
província ter um festival, mesmo os distritos. fazer papel. “Ainda não ouvimos a falar de anos passados e busquem aquela sensibilidade
preponderante para o desenvolvimento. Ago-
Isso faria com que os fazedores de cultura de algum plano sobre a cultura, por isso muitos que tiveram em relação à cultura. Agora estão
ra aqui no nosso país estamos longe de ver
todo o país tivessem motivação para continu- artistas dizem que o Ministério da Cultu- ofuscados com outras prioridades. “Se dessem
ar a criar. Actualmente os artistas têm de ter primazia à cultura muitos problemas seria mi- esta situação acontecer. Porque pensam que
ra serve para drenar dinheiro. É de recordar
outra actividade fora da cultural para susten- os dizeres do artista plástico, Naguib Abdul, nimizados. Mesmo que os fazedores da cultu- o desenvolvimento só acontece com as áreas
tar a família. Não digo que isso seja mau. Mas num evento realizado em Maputo, quando ra se esforçassem em fazer o seu papel sem a da mineração, gás e outras, menos a cultura”,
para o artista que vive apenas da arte fica di- disse que o Ministério da Cultura apenas ser- intervenção do governo, é difícil que a cultura finaliza Matchote. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1148 ‡ DE JANEIRO DE 2016

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2 Savana 08-01-2016 Savana 08-01-2016 3
SUPLEMENTO
Savana 08-01-2016 27
OPINIÃO

Abdul Sulemane (Texto)


Ilec Vilanculo (Fotos)

o
log
Falando sério!
A
agitação pelas festas acabou. O alvoroço já terminou. A vida voltou à
normalidade. Os problemas que nos inquietam estão novamente na
ordem do dia. Para quem esteve de férias deu para reactivar as baterias
como se tem dito na gíria popular.

ció
Para quem não teve férias, exemplo dos jornalistas do SAVANA e do media-
Fax, como as festas de final de ano calharam com o fim-de-semana, deu para
estar com a família. Mas trabalhamos até ao último dia. Para celebrar o novo
ano, a equipa do SAVANA e do MediaFax deu uma pequena pausa nos afaze-
res para brindar o ano que findava e perspectivar o novo ano.

Sabemos que um dos assuntos que se arrastou todo o ano passado foi a questão
da tensão política que o país vive. Foram feitas várias propostas para encontrar
a paz definitiva no país. Para chegarmos à paz depois dos 16 anos de guerra

so
civil tivemos a mediação da igreja. Hoje, parece que o papel da igreja está a ser
ignorado e parece essa a tona da conversa entre Dom Carlos Matsinhe e o Pre-
sidente da Igreja Universal do Reino de Deus em Moçambique, José Guerra.
Mas a questão económica também foi um dos assuntos que fizeram e fazem
correr muita tinta. O país precisa de encontrar soluções para sair desta solução.
Quem sempre tem algo para dizer sobre as várias questões que se debatem é o
economista Ragendra de Sousa. Mesmo nesta imagem, imaginamos que esteja
a dar a sua opinião sobre um determinado assunto para este membro do par-
tido Frelimo. Acredito que esteja a dar a dica sobre como que o país pode sair
m
da situação em que se encontra. Ideias são muitas. O país precisa sair de ideias
boas para a prática.

Às vezes calar e escutar é uma das filosofias que nos permite aprender muita
coisa e evitar entrar em confronto com que esteja a falar e se encontra do nosso
lado. É o que faz Cadmiel Muthema e Deolinda Guezimane, enquanto o Pri-
eu

meiro Secretário da Frelimo na cidade de Maputo e presidente da Federação


Moçambicana de Basquetebol, Francisco Madjaia, fala. Será que ele ainda não
ficou incomodado com a Lei da Probidade Pública.

O outro assunto que está na boca do povo é caso dos dólares aprendidos pela
polícia sul-africana vindos de Moçambique. Com a depreciação do metical, o
Banco de Moçambique está a desdobrar-se em esforços para tentar melhorar a
situação do metical, por sinal a pior desde a independência do país.
od

Nesta última foto, parece que o Governador do Banco de Moçambique, Er-


nesto Gove, está a fazer lobbies com o Presidente da Comissão Nacional das
Eleições, Abdul Carimo, a ver se este convençe a comunidade muçulmana a
contribuir com algumas altas somas de dólares no Banco Central para ajudar a
colmatar a situação cambial do país.

Para os mais sabidos, o ano de 2016 vai ser ainda mais complicado. Espero que
assim não seja. Os dirigentes do país precisam de ser mais sérios para melhorar
a vida dos moçambicanos.
ári
Di
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF+BOFJSPEFt"/099*t/o 1148
se
Diz-
IMAGEM DA SEMANA Foto Naíta Ussene
Diz-
s e. . .

"JOEBOBSFTTBDBEPTDPOUSPWFSTPTJOEVMUPTEP13 PNJOJT
t"JOEBOBSFTTBDBEPTDPOUSPWFSTPTJOEVMUPTEP13 PNJOJT-
tro que dirigiu as cerimónias centrais sentiu-se desrespeitado
por gritar vivas sozinho. Para contrariar a situação, teve de

o
levantar a voz, amarar as rugas e questionar se os reclusos
queriam ou não a liberdade.. Lá saíram os forçosos vivas...

t.BTPOEFBDPJTBOÍPBOEBOFNEFTBOEBÏOPTFDUPSEBTÈHVBT
t.BTPOEFBDPJTBOÍPBOEBOFNEFTBOEBÏOPTFDUPSEBTÈHVBT

log
HBSBOUJ
/ÍP QBTTB VN NÐT BQØT P QSPWFEPS EBT ÈHVBT UFS HBSBOUJ-
do que o precioso líquido jorraria das torneiras 24 horas/
dia durante a quadra festiva. E para mostrar que se tratava
de uma falsa promessa, os residentes de Mahlampsene quase
que vandalizavam uma das agências nas bandas da Matola
de tanto reivindicarem que nenhuma gota pinga nas casas.

t4FSÈRVFEFQPJTEFVNKPSOBMMÈEBUFSSBEPTDVOIBEPTUFS
dado a JZ um hat-trick como o Mampara do ano, as nossas

ció
perdizes continuarão solicitando os seus préstimos para me-
diar o novo ciclo das negociações juntamente com os bispos
$BUØMJDPT  0YBMÈ RVF EFQPJT OÍP P DIBNFN EF JODBQB[ F
aprendiz.

t0SFCPMJÎPEPTQBTTBQPSUFTNPTUSPVPRVÍPBTBVUPSJEBEFTOÍP
gostam da teoria “é melhor prevenir do que remediar”. Este
assunto não é novo e foi apresentado ao PR na sua última
WJTJUBË34"/BPDBTJÍP IPVWFHBSBOUJBTEFRVFPBTTVOUP

so
tinha dias contados. Mais um falso relatório dado ao PR....

Eskom confirma venda de t/VNBBMUVSBFNRVFFTUÈDBEBWF[NBJTEJGÓDJMBQSPWBSPCPN


desempenho a partir de resultados concretos, a corrida pela
busca das distinções internacionais parece ter tomado conta
dos nossos servidores públicos. Depois do boss dos homens

energia ao Zimbabwe dos fatos pretos e dos BMWs da 25 de Setembro ter sido
eleito melhor da banca em África, num ano em que o me-
tical esteve de rastos, face à verdinha, agora foi a vez do seu
um
antecessor ser abençoado com o título de melhor dirigente

A
eléctrica sul-africana, po das Empresas de Electricida- UJWBNFOUF
 GPJ SFBMJ[BEB QPS NFJP
Eskom, confirmou a venda EF EB «GSJDB "VTUSBM 4"11
 VN de acordos operacionais e de ma- do ano numa altura em que os salários na função pública
de energia eléctrica para o mecanismo que possibilita a cada OVUFOÎÍP EF MPOHP QSB[P 0T FN-
FN saem a conta-gotas, o décimo terceiro é uma incógnita, as
Zimbabwe, mas negou que companhia a venda de excedente da blemáticos projectos regionais em Ematuns fazem das suas. É mesmo para questionar afinal
o acordo de fornecimento firmado energia aí produzida a outros países que a Eskom tem estado envolvida que critérios são usados para as escolhas?
com a sua contraparte zimbabwea- da Comunidade de Desenvolvi- ao longo dos anos incluem a HCB
na, a ZESA, seja segredo. A Eskom NFOUP EB «GSJDB "VTUSBM 4"%$
 em Moçambique, com o objectivo t2VFNUFNBOEBEPBEBSUJSPTOPTQÏTÏPNFOJOPEBTRVBOUJBT
é a principal cliente da Hidroeléc- "TFNQSFTBTEFFOFSHJBEPT&TUBEPT explícito de desenvolver uma infra- irrisórias. Mesmo depois de 13 anos a ver o sol aos quadra-
trica de Cahora Bassa (HCB), que EB4"%$ DPNFYDFQÎÍPEF"OHPMB  -estrutura para gerar energia e distri- dinhos, a reclusão parece não ter servido para a sua reinser-
esta semana anunciou ter atingido, Malawi e Tanzânia, estão interliga- buir nos territórios moçambicano e ÎÍPTPDJBM"QBSUJSEBQBSUFJODFSUB PKPWFNRVFQPTTVJVNB
no ano passado, um novo máximo EBT BUSBWÏT EP 4"11  QFSNJUJOEP-
QFSNJUJOEP- sul-africano para o benefício dos po- fortuna para três gerações, não pára de manipular a opinião
anual de produção de energia eléc- -lhes o comércio de electricidade vos dos respectivos países”, sublinha.
de

pública e propalar mentiras. Porque não te calas.


trica, fixado em 16.978,39 Giga- através de um mercado competitivo. 0 DPNVOJDBEP GB[ JHVBMNFOUF OP OP-
watts hora. i"«GSJDBEP4VM BUSBWÏTEB&TLPN 
BUSBWÏTEB&TLPN  tar que a Eskom desempenhou, em t1PSGBMBSEPKPWFNEBTRVBOUJBTJSSJTØSJBT IÈRVFNEJHBRVF
tem estado envolvida no sector da 1995, um papel fundamental na in- desde que fugiu de Moçambique nunca pisou o solo europeu
Relatos da imprensa zimbabwea- electricidade em vários países da terligação de transmissão que liga e que as informações segundo as quais reside em Londres,
na alegaram que a Eskom entrou África há muito tempo e tem uti- Zimbabwe, Botswana e África do onde ensina através do facebook a arte de bem vestir, não
num acordo “secreto” para vender lizado diferentes formas de com- Sul, que abriu um corredor para que QBTTBNEFGBMÈDJB0KPWFNBOEBOBTCBOEBTEPTEVCBJT
300MW de electricidade para o país QSPNJTTPT *TTP UFN TJEP GFJUP a electricidade chegasse à Repúbli-
vizinho, que tem vindo a registar es- principalmente através de acordos DB%FNPDSÈUJDBEP$POHP 3%$
 t%FQPJTEFVNmNEPBOPNFOPTUVSCVMFOUP TFHVOEPB1P-
cassez de energia, o que resvala para comerciais bilaterais, usando instru- OPOPSUFFOB/BNÓCJB OPFYUSFNP MÓDJB
PQBJEBEFNPDSBDJBWPMUPVBSFDPSEBSBQBSUJSEBQBS-
io

apagões sem precedentes na história mentos como contratos de venda e sudoeste. te incerta, agora parte segura, que vai governar a partir de
daquele país vizinho de Moçambi- compra de energia”, sublinha o co- “Estamos conscientes de que as Março nas províncias onde reclama vitória. Mas há quem
que. municado da Eskom.
nossas responsabilidades para su- garanta que o conclave do partidão em Fevereiro reforçará
Relatórios citam Partson Mbiriri, " WFOEB EF FYDFEFOUF EF FOFSHJB
prir necessidades de energia nos os poderes do novo timoneiro e vai ficar o dito por não dito
secretária permanente no ministério a outros países é uma questão que
países vizinhos pode criar um con- EPUJP"GPOTJOIP
de Desenvolvimento de Energia do divide a maioria dos sul-africanos,
ár

flito aparente quando o equilíbrio


Zimbabwe, como tendo afirmado dada a escassez no seu próprio país
entre oferta e demanda interna é Em voz baixa
que o negócio tinha de ser mantido e o medo de que cortes sistemáticos
em segredo “por razões de seguran- permaneçam. limitada. Para reduzir o impacto t6NBPSHBOJ[BÎÍPMJHBEBËMVUBQFMBJOUFHSJEBEFFUSBOTQBSÐO-
ça”. EJTUSJ-
/P FOUBOUP  OP DPNVOJDBEP EJTUSJ das exportações, temos assegurado cia comemorou a passagem de uma década com uma mega-
Em comunicado divulgado nesta buído nesta segunda-feira, a Eskom que os acordos de fornecimento de -festa, num dos mais luxuosos e badalados estabelecimentos
segunda-feira à noite, a Eskom con- entrou em detalhes sobre seu en- energia com os parceiros comerciais IPUFMFJSPTEB+VMJVT/ZFSFSF DPNVNBEFDPSBÎÍPEPQSJNFJ-
EB 4"11 TFKBN TVmDJFOUFNFOUF
Di

firmou a venda de energia ao Zim- volvimento em vários contratos de ro nível, em tempos de combate ao despesismo, uma das suas
babwe, mas precisou que “não há energia no rresto da África. flexíveis para assegurar controlos CBOEFJSBTOPTÞMUJNPTUFNQPT/ÍPGBÎBPRVFFVGBÎP GBÎB
nenhum segredoedo sobre isso”.
isso i"QBSUJDJQBÎÍPOB«GSJDB0SJFOUBMF durante situações de emergência na o que eu digo.
&TLPN F ;&4" TÍP QBSUF EP HSV-
HSV- SFTQFD-
0DJEFOUBM 6HBOEB F .BMJ  SFTQFD África do Sul “, frisou a Eskom.
Savana 08-01-2016 1
EVENTOS

EVENTOS
0DSXWRGH-DQHLURGH‡$12;;,,‡1o 1148

o
Bilene ao rubro com

log
o Festival do Ano

ció
so
um
de
io

E
m todo o país, as praias têm ocasião. junto da marca que criou, Bang os artistas e músicos, Ziqo, e Mr na, para o público moçambicano e
sido o ponto de encontro Estes pontos turísticos não são so- Entretenimento, fechou a festa do Bow. O público foi também abri- não só, como promete melhorar e
predilecto, durante a quadra mente atractivos pelas suas lindas reveillon de 2015 na Praia do Bi- lhantado com a actuação dos DJs trazer mais alternativas para o ano
festiva, e principalmente praias, mas também pelo entrete- lene, com um Festival de Música, Tay, Faya, entre outros, que não fi- em curso.
pelo calor que se faz sentir nesta nimento que nasce a sua vvolta. onde participaram alguns dos no- zeram mais nada se não pôr o pú- Foram três dias de puro entrete-
ár

época do ano. Sendo assim, praias Dando seguimento a este movi- mes sonantes da música moçam- blico a dançar e pular de euforia. nimento, tendo o público aderido
como a da Ponta d’Ouro, Marra- mento, vários foram os promoto- bicana. Este Festival iniciou no dia 31 e em massa ao local do show. As
cuene, Bilene, Chidenguele, Tofo res de eventos que tornaram estes Dentre os artistas que participa- terminou no dia 2 e, segundo o crianças tiveram o seu momento
e Vilankulos revelam-se como o apelativos.
locais ainda mais apelativ ram da primeira edição do Festi- seu promotor, como primeira ex- durante o dia, das 10 até as 18 ho-
maior ponto atractivo dos cida- Um dos maiores promotores de val do Ano, estiveram presentes a periência teve nota positiva, sendo ras, com entretenimento adequa-
dãos do Sul do país, assim como eventos, já conhecido pelo seu nova sensação da música popular que o mesmo promete continuar do.
Di

de turistas que visitam o país nesta simples e entoante nome, Bang, moçambicana, Melancia de Moz, a promover a música moçambica- (Elisa Comé)
2 Savana 08-01-2016
EVENTOS

Corrida Internacional São Silvestre 2015


Moza abre balcão
Sibusiso Nzima vence pela segunda vez
em Marracuene
T
erminado o calendário do
ano 2015, a 14ª Edição da

A
Corrida Internacional São vila de Marracuene, si- de de Negócio enquadra-se

o
Silvestre foi e continua a ser tuada na província de no objectivo do Moza de fa-
um marco do desporto moçambi- Maputo, conta desde a cilitar cada vez mais o acesso
cano quando se aproxima o final do última terça-feira com a produtos e serviços finan-
mais uma unidade de Negócio ceiros pautando, para tal, por

log
ano.
do Moza, nomeadamente, a uma maior proximidade e
agência de Retalho Marracue- conveniência na relação com
Desta vez, foram os atletas sul- o Cliente.
-africanos Sibusiso Nzima e Non- ne localizada no cruzamento
entre a Estrada Nacional EN1 Refira-se que o Moza conta
tokozo Dlamini, em masculinos e actualmente com a 4ª maior
femininos, respectivamente, que e a Rua 25 de Junho. O novo
rede de Agências no sistema
se destacaram nesta última edição, espaço, à semelhança dos de-
bancário nacional, composta
como os grandes vencedores. mais que o banco possui pelo
por 45 Unidades de Retalho,
Com um percurso de 15 quilóme- país, apresenta-se devidamente
10 Centros Corporate e qua-

ció
tros, a tradicional prova de atletis- equipado de forma a atender tro Centros Private, através da
mo que decorre no País desde 1998 com segurança e celeridade as qual disponibiliza ao mercado
percorreu as artérias da cidade Ma- solicitações e operações bancá- soluções financeiras inova-
puto, tendo arrancado na estátua rias dos clientes. doras e de elevada qualidade.
Eduardo Mondlane e terminado A abertura desta nova Unida- (Elisa Comé)
na Praça da Independência, abran-
gendo as avenidas Julius Nyerere,
10 de Novembro, 25 de Setembro
e Samora Machel.
MISAU regista 30 mortos

so
Esta corrida, que é tradicionalmen-
te patrocinada pela rede de tele-
fonia móvel mCel, contou com a
participação de mais de 600 atletas
na quadra festiva
inscritos de ambos os sexos, dividi- nesta corrida e revelou que “é por ano consecutivo, cortou a meta com

O
dos entre as categorias de federa- isso que a nossa operadora de te- o tempo de 48 minutos, 04 segun- Ministério da Saúde (MI- Os acidentes com objectos pirotéc-
dos, populares, veteranos e porta- lefonia móvel continuará a apostar dos e 02 centésimos. Este elogiou SAU) registou 30 mortos na nicos também registaram uma di-
dores de deficiência. no atletismo, visto que este tipo de a organização da prova e prometeu passagem da festa da família minuição em termos de valores ab-
iniciativa também contribui para a participar na próxima edição. e de final ano, contra 53 do solutos, em quase todos os hospitais
ano transacto. A informação foi di- seleccionados. No entanto, o Hospi-
um
Na hora de fazer o balanço, o Se- saúde pública”. “Estou satisfeito por ter ganho a
vulgada esta segunda-feira durante o tal Central de Maputo foi o que mais
cretário-Geral da Federação Mo- “Este projecto faz parte da presença corrida, sobretudo por ser a segun-
balanço das actividades de prevenção recebeu as vítimas resultantes de aci-
çambicana de Atletismo (FMA), da mCel no desporto. Esta é uma da vez que conquisto o primeiro
e assistência aos incidentes da última dentes com aqueles objectos, com 11
Kamal Badrú, avaliou positivamen- actividade desportiva que contribui lugar. Este ano a temperatura es- casos registados.
quadra festiva, em todo o país.
te a prova: “Estamos felizes com para a saúde dos nossos clientes da teve moderada, embora tenha feito Em relação ao atendimento a nível
Segundo a Ministra da Saúde, Na-
a presente edição da competição. capital do país e não só. A elevada muita ventania. Foi também graças dos hospitais centrais, o da cidade da
zira Abdula, durante o período da
Tudo correu conforme esperáva- participação, a pujança e a motiva- a este fenómeno que consegui ga- Beira foi o único a registar uma redu-
quadra festiva 2015/2016, o seu sec-
mos. A participação superou as ção dos atletas fazem que com que nhar. De resto, a competição foi boa ção de casos em menos 10% compa-
tor registou 8085 casos de traumas
nossas expectativas, com acima de a mCel tenha mais força e vontade e a organização foi extremamente rativamente a igual período passado,
contra 8501, correspondendo a uma
600 atletas inscritos”, considerou. de continuar a apostar no atletismo. atenciosa. Durante o percurso as seguido dos hospitais provinciais de
diminuição de 5% em relação a igual
Por sua vez, Benjamim Fernandes, No próximo ano, continuaremos a pessoas aplaudiam e motivavam- Chimoio, Pemba e de Lichinga, uma
período do ano passado. Agressões redução de 11%, 9% e 25% respecti-
Director de Marketing e Vendas apoiar este tipo de provas”. -nos. Espero voltar no próximo ano
de

físicas, acidentes de viação e violên- vamente.


da mCel, não escondeu a sua satis- Sibusiso Nzima, que é o grande para participar”, finalizou o atleta. cia doméstica foram os principais De referir que os hospitais que aten-
fação com o nível de participação vencedor da corrida pelo segundo (E.B) traumas registados naquele período. deram o maior número de casos de
Contudo, os casos de violação sexual trauma foram Hospital Central de
não registaram grandes alterações em Maputo com 1459, Hospital Geral
relação ao ano passado, com maior de Mavalane com 1058 e Hospital
incidência em crianças dos zero aos Geral José Macamo a registar 497
14 anos de idade. casos. ( Jeque de Sousa)

CONTACT estimula CABINE DUPLA


io

VENDE-SE Aluga-se
jovens a liderar Pela licitação mínima de 650.000,00 Mt. Um contentor para mercearia, no Bair-

N
o passado mês de Dezem- ser trabalhadas, já que um líder não vende-se carrinha Ford Ranger DC, 2.5, ro de Magoaniane, Av. Lurdes Mutola,
ár

bro de 2015, a empresa nasce pronto, é necessário superar diesel, com cinco anos de serviço. SDUDJHPÀPGRPXUR
líder em soluções de re- os diferentes desafios, triunfar so- Contacto: 82 88 15 880 ou 84 06 51 802
cursos humanos, Contact, bre o medo e persistir até conquis- Os interessados deverão contactar o
promoveu um encontro entre jo- tar aquilo que se deseja”, disse. telefone 84-810-7460
vens e Luís Pinto, sobre a Lideran- Como exemplos e experiências re-
ça. O orador principal, Luís Pinto, ais foram passados alguns filmes e
Di

que conta já no seu currículo com mensagens motivadoras de grandes


22 anos de executivo de topo em líderes da história como Nelson
todo o mundo, tendo liderado pro- Mandela, Martin Luther King e
cessos de reorganização estratégica Ghandi.
em diversas empresas,
esas, membro do Esta conversa encerrou um ciclo
ICF (International Coach Federa- de 10 conversas no âmbito das ac-
tion) e fundador da Moz Coaching, tividades de comemorações do 10º
estimulou a esta geração de Jovens aniversário da CONTACT, que
com conversas e discursos dinâmi- versaram sob os mais diversos te-
mas e com convidados das diversas
cos, colocando os presentes confor-
áreas do panorama nacional, com o
táveis em participar activamente.
objectivo de abordar assuntos rela-
cionados com o mercado de traba-
Luís Pinto abordou as principais lho, dando uma oportunidade aos
características de um líder: confian- estudantes para conhecerem dife-
ça, coragem, determinação e persis- rentes experiências profissionais
tência. “Características que devem nas diversas áreas. (E.B)
Savana 08-01-2016 3
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EVENTOS

INSTITUTO SUPERIOR DE ARTES E CULTURA


SERVIÇOS CENTRAIS DE RECURSOS HUMANOS

ANÚNCIO DE VAGAS

o
1. De acordo com o despacho de 23/12/2015 do Exmo. Senhor Director Geral deste Instituto, ao abrigo do disposto no artigo 31 do Regulamento do Estatuto Geral dos
ente anúncio, o concurso documental
Funcionários e Agentes do Estado, torna-se público que está aberto pelo prazo de 30 dias a contar da data de publicação do presente
seguido de entrevista, para admissão de 12 (doze) docentes na carreira de Assistente Universitário, categorias de Assistente/Assistente
sistente Estagiário para as disciplinas
que a seguir se indicam:

log
ció
so
um
de

2. Requisitos específicos
io

t 5FSPOÓWFMEF%PVUPSBEP .FTUSBEPOBÈSFBFNRVFTFDBOEJEBUBÏVNBQSFGFSÐODJB QPEFOEPUBNCÏNTFSBENJUJEPTMJDFODJBEPTD


5FSPOÓWFMEF%PVUPSBEP .FTUSBEPOBÈSFBFNRVFTFDBOEJEBUBÏVNBQSFGFSÐODJB QPEFOEPUBNCÏNTFSBENJUJEPTMJDFODJBEPTD
5FSPOÓWFMEF%PVUPSBEP .FTUSBEPOBÈSFBFNRVFTFDBOEJEBUBÏVNBQSFGFSÐODJB QPEFOEPUBNCÏNTFSBENJUJEPTMJDFODJBEPTDPNFYQFSJÐODJBDPNQSPWBEB

3. Requisitos gerais
t 5FSOBDJPOBMJEBEF.PÎBNCJDBOB
t 4JUVBÎÍP.JMJUBSSFHVMBSJ[BEB
ár

t 1PTTVJSBQUJEÍPmTÓDBQBSBPFYFSDÓDJPEBTGVOÎÜFTBRVFTFD
1PTTVJSBQUJEÍPmTÓDBQBSBPFYFSDÓDJPEBTGVOÎÜFTBRVFTFDBOEJEBUB
t *EBEFOÍPJOGFSJPSBBOPT
t "VTÐODJBEFDPOEFOBÎÍPQPSDSJNF

4. Organização do processo de candidatura (documentos de suporte)


O pedido de admissão ao concurso é feito em requerimento com assinatura reconhecida pelo Notário, dirigido ao Director Geral do Instituto Superior de Artes e Cultura, e acom-
Di

panhado com os seguintes documentos:


t 'PUPDØQJBBVUFOUJDBEBEPDFSUJmDBEPEFIBCJMJUBÎÜFTMJUFSÈSJB
'PUPDØQJBBVUFOUJDBEBEPDFSUJmDBEPEFIBCJMJUBÎÜFTMJUFSÈSJBT
t 'PUPDØQJBBVUFOUJDBEBEBDFSUJEÍPEFOBTDJNFOUPPV#JMIFUFEF
'PUPDØQJBBVUFOUJDBEBEBDFSUJEÍPEFOBTDJNFOUPPV#JMIFUFEF*EFOUJEBEF
t $VSSJDVMVN7JUBFEFUBMIBEPFBTTJOBEP
%FDMBSBÎÍPEFDPNQSPNJTTPEFIPOSBFNDPNPOVODBGPJFYQVMTPEP"QBSFMIPEP&TUBEP BTTJOBEBFSFDPOIFDJEBQPS/PUÈSJP
t %FDMBSBÎÍPEFDPNQSPNJTTPEFIPOSBFNDPNPOVODBGPJFYQVMTP

5. As candidaturas devem ser entregues na Secretaria do Instituto Superior de Artes e Cultura, sita na Av. das Indústrias, Bairro da Machava, nº 2671, até a data do término do con-
curso.
Mais informações poderão consultar no seguinte website: www.isarc.edu.mz .

Matola, aos 28 de Dezembro de 2015

O Director dos Serviços Centrais

Ilegivel
4 Savana 08-01-2016
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