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Modelo de petição (CDC) - Obrigação

de fazer c/c danos morais


EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA/DF
PRIORIDADE PROCESSUAL – IDOSO (ART. 1211-A DO CPC.)
xxx, brasileiro, união estável, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado
na xxx, CEP xxx, vem, respeitosamente, na presença de Vossa
Excelência, através de sua advogada que esta subscreve (procuração em
anexo), com fulcro nos Arts. 81 e 83 do Código de Defesa do Consumidor,
apresentar
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA C/ PEDIDO DE
CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS C/C TUTELA
ANTECIPADA
Em desfavor de xxx, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob o nº xxx,
localizada na xxx CEP xxx. Pelos motivos que passa a expor.

I - DOS FATOS

O autor por volta do x contratou os serviços da parte requerida, no


intuito de fazer recuperação mecânica, lanternagem em pintura no
veículo de sua propriedade, x, sendo que, desde que deixou seu veículo
no estabelecimento do requerido, o requerente foi entregando quantias
pelos serviços, por peças e demais materiais utilizados para fazer o
serviço, totalizando até o presente momento em torno de R$ x.
Inicialmente, o prazo estipulado pelo requerido para realização do
serviço era de 30 dias, sem contudo, jamais disponibilizar orçamento ou
previsão de entrega. Ocorre que, até o presente momento, após 19 meses
o requerido não terminou o serviço. Ressalta-se que no dia x, o
requerente fez uma notificação extrajudicial ao proprietário do
estabelecimento requerido para que concluísse os serviços contratados
no prazo máximo de 20 dias. No entanto, os serviços ainda assim não
foram concluídos.

A conduta negligente do requerido provocou aborrecimentos,


transtornos e constrangimentos.

O presente feito foi ajuizado anteriormente, com audiência designada


para o dia x. Contudo, o requerente não pôde comparecer nesse período,
pois estava internado na clínica psiquiátrica Recanto, tratando
depressão profunda, conforme demonstrado em atestado anexado.

II – DA TUTELA ANTECIPADA

São requisitos para a concessão da tutela antecipada o fundamento da


demanda e o justificado receio de ineficácia do provimento final, em
síntese o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”. Assim dispõe a Lei
nº 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficiência do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia,
citado o réu.
E destaco ainda o Código de Processo Civil que diz
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e: I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação; ou II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório do réu.

O autor já sofre impactos econômicos negativos, pois o veículo é de


colecionador, e quanto mais demora para realizar sua manutenção, mais
se deteriora. Assim, resta demonstrado o “fumus boni iuris” e o
“periculum in mora”, temos que a tutela se faz estritamente necessária
para que o requerido cumpra o que havia sido pactuado.

III - DO DIREITO

A) DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO

É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes,


apresentando-se a empresa ré como prestadora de serviços e, portanto,
fornecedora nos termos do art. 3º do CDC, e o autor como consumidor,
de acordo com o conceito previsto no art. 2º do mesmo diploma. Assim
descrevem os artigos acima mencionados:
Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Importante frisar que a relação jurídica existente foi inteiramente
pactuada na localidade da empresa, inclusive com o automóvel sendo
guinchado até o local. Não restam dúvidas que o negócio jurídico tem
respaldo na Lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
B) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão


do ônus da prova ante a verossimilhança das alegações, conforme
disposto no artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da defesa
de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de
expectativas.

Desse modo, cabe ao requerido demonstrar provas em contrário ao que


foi exposto pelo autor. Resta informar ainda que algumas provas seguem
em anexo. Assim, as demais provas que se acharem necessárias para
resolução da lide, deverão ser observadas o exposto na citação acima,
pois se trata de princípios básicos do consumidor.

C) DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Apesar de o autor ter requerido inúmeras vezes que se realizasse o que


havia sido pactuado, o mesmo não o fez. Dessa forma, se faz imperioso a
tutela do estado para que obrigue a parte ré a realizar o contratado já
que, passados longos 19 meses não cumpriu o que foi prometido.

D) DO DANO MORAL

A demora excessiva na manutenção do veículo impossibilitou o autor de


utilizar um bem que é seu por 19 meses, sendo certo que tal fato não
pode ser enquadrado no que a doutrina classifica como mero
aborrecimento, uma vez que ocasionou danos ao Autor que devem ser
reparados.
Sucessivas ligações, visitas à oficina, promessas sem fim, somado a tudo
isso a frustração de não convencer o requerido a arrumar seu veículo
configura, certamente, dano moral.

Lamentavelmente o autor da ação sofreu grande desgosto, humilhação,


sentiu-se desamparado, foi extremamente prejudicado, conforme já
demonstrado. Nesse sentido, é merecedor de indenização por danos
morais. Maria Helena Diniz explica que dano moral “é a dor,
angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação, o
complexo que sofre a vítima de evento danoso, pois estes estados
de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a conseqüência do dano”.
Mais adiante: “o direito não repara qualquer padecimento, dor ou
aflição, mas aqueles que forem decorrentes da privação de um bem
jurídico sobre o qual a vítima teria interesse reconhecido juridicamente”
(Curso de Direito Civil – Reponsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18ª ed.,
7ºv., c.3.1, p.92).
Assim, é inegável a responsabilidade do fornecedor, pois os danos
morais são também aplicados como forma coercitiva, ou
melhor, de modo a reprimir a conduta praticada pela parte ré,
que de fato prejudicou o autor da ação.
E) DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Para fixar o valor indenizatório do dano moral, deve o juiz observar as


funções ressarcitórias e putativas da indenização, bem como a
repercussão do dano, a possibilidade econômica do ofensor e o princípio
de que o dano não pode servir de fonte de lucro. Nesse sentido, esclarece
Sérgio Cavalieri Filho que:

“(...) o juiz, ao valor do dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de
acordo com seu prudente arbítrio, seja compatível com
a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração
do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e
outras circunstâncias mais que se fizerem presentes”.

A jurisprudência fornece elucidativos precedentes sobre à utilização dos


citados critérios de mensuração do valor reparatório:
A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não
se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento
sem causa, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento
operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao
porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios
sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência, e do bom-senso, atendo à realidade da
vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve ela contribuir para
desestimular o ofensor repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica
(RSTJ 137/486 e STJ-RT 775/211).

E ainda mais:

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. CONSERTO DE VEÍCULO.


TROCA DESNECESSÁRIA DE PEÇAS. PERSISTÊNCIA DO DEFEITO.
DEVER DE RESSARCIMENTO. DANOS MORAIS. DEVER DE
INDENIZAR. HONORÁRIOS PERICIAIS ADIANTADOS.
SUCUMBÊNCIA REPÍPROCA. DEVER DE RESSARCIR
PROPORCIONAL À SUCUMBÊNCIA.
1. Não configura causa excludente do nexo de causalidade a tese
de que o uso de substancia não recomendada (combustível
adulterado) causou a pane no veículo e justificou a troca de
peças promovida pela concessionária, se os laudos periciais não
foram concludentes nesse sentido e a perícia judicial atestou a
desnecessidade da troca da maior parte das peças periciadas.
2. Não merece acolhimento a tese de que os gastos com
passagens e com os demais danos materiais não estão
comprovados, se o autor trouxe os demonstrativos do
pagamento, realizado com cartão de crédito.

3. O consumidor deve ser ressarcido pela troca de peças no seu


veículo se ela não era necessária e não resolveu o defeito no
automóvel.

4.Configura dano moral a ofensa aos direitos da


personalidade do consumidor causada pela demora
injustificada no conserto do veículo utilizado no seu
trabalho, após troca de diversas peças, com custo elevado, mas
devolvido com os mesmos defeitos, solucionados
posteriormente por outra concessionária com a substituição de
uma única peça, coberta pela garantia.
5.Para o arbitramento do valor da indenização por
danos morais devem ser levados em consideração o
grau de lesividade da conduta ofensiva e a capacidade
econômica da parte pagadora, a fim de se fixar uma
quantia moderada, que não resulte inexpressiva para o
causador do dano. No caso, R$ 15.000,00 (quinze mil
reais).
(Acórdão n.791290, 20110111958146APC, Relator: SÉRGIO
ROCHA, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 14/05/2014,
Publicado no DJE: 23/05/2014. Pág.: 118)
Assim, o montante de R$ x (x reais) equivale a uma justa indenização
por danos morais no presente caso. Tendo em vista que, não enriquece a
parte autora e adverte a parte ré.

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima requer

a) Deferimento do pedido de tutela antecipada nos termos do art. 84 §


3º; e

b) Reconhecimento da relação de consumo e inversão do ônus da prova,


nos termos do art. 6º, VIII, do CDC; e
c) Condenação da parte ré a pagar os danos morais no montante justo de
R$ x (x reais); e

d) Citação da parte ré para que, querendo, apresente contestação no


prazo legal, bem como provas que achar pertinente para presente caso,
sob pena de revelia; e

e) Condenação da parte ré ao pagamento das custas e honorários; e

f) A fixação dos honorários advocatícios;

Nestes termos, dá-se à causa o valor de R$ x (x reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

Brasília, x.

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advogada

OAB nº xxx

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