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Negócios Empreendedores

os devidos impostos. Durante os primeiros seis meses, para economizar com


CASO 1 padeiro, ele mesmo ia às 4h30 assar os pães.
HORA DO PÃO: É DANDO QUE SE RECEBE
Se você tem determinação e quer, você consegue! Eu tive muita ajuda? Tive. Só em não
precisar pagar o aluguel do local, já foi uma grande ajuda. Mas tive de ter muita determinação
para crescer e provar que eu era capaz de levantar a empresa sem capital e enfrentar o
runo Freire Cunha Lima sempre pensou em ser empresário. Sua primeira financiamento. Foi uma vitória.
experiência foi aos 15 anos de idade, com seu irmão, Augusto Cunha
Lima, quando montaram uma pequena lanchonete durante a alta es- Hoje Bruno tem 40 anos, é casado, tem dois filhos e dedica seu tempo
tação na Praia de Pirangi. Por cinco anos eles dedicaram suas férias de verão integral à empresa, sempre buscando oferecer qualidade superior em alimen-
B
ao empreendimento. Bruno assava os sanduíches, seu irmão vendia, e todo o tação. A padaria funciona das 6 às 21h, todos os dias, de domingo a domingo,
dinheiro ganho era investido numa poupança. Atraindo a atenção de toda a fechando apenas nos dias 25 de dezembro, 1º de janeiro e sexta-feira santa.
localidade, eles fizeram sucesso e sentiram a emoção do que é empreender.
Alguns anos depois, com base na experiência adquirida, surgiu a ideia de abrir
uma pequena padaria. Crescendo e se reinventando
Enquanto seu irmão viajava, Bruno assumiu a montagem da empresa,
estudando o mercado e orçando preços de equipamentos. Com o apoio do A empresa nasceu pequena e foi crescendo. As duas portas de entrada
Sebrae, montou seu plano de negócio. Ao voltar, Augusto desistiu da ideia, sempre existiram, mas o salão era bem menor. O faturamento vinha essencial-
queria empreender em outros segmentos. Mas já era tarde. Após meses de mente dos pães tradicionais, mas com o tempo surgiram novos produtos. Bruno
dedicação e sonho, Bruno havia se apaixonado pelo negócio que estava ide- sempre viajou bastante para conhecer negócios voltados à área de alimentação,
alizando e resolveu assumi-lo sozinho. Assim, aos 22 anos, ele abriu a Hora visitando feiras do segmento, buscando ideias e aprendizados.
do Pão, uma padaria de destaque na cidade de Natal, que vem funcionando Em uma de suas viagens ele descobriu uma forma de inovar seus pães.
há 18 anos em crescimento contínuo. Antes, as variações desses produtos eram muito difíceis, e o produtor precisava
No início o investimento e a responsabilidade foram grandes para alguém comprar as pré-misturas de pães. Como elas só eram produzidas no Sudeste, os
tão jovem. O dinheiro economizado com a lanchonete estava longe de ser su- elevados custos logísticos faziam com que as padarias apenas vendessem os tra-
ficiente para a abertura do negócio. Assim, Bruno pediu ajuda aos pais, ambos dicionais. Diziam a Bruno que ficaria muito caro, e por isso ele não venderia. Mas
professores da universidade federal, que além do apoio emocional, cederam este sabia que os novos pães diferenciados, como o brioche e os pães integrais,
uma loja de rua em um pequeno prédio comercial próprio, sem cobrar aluguel. atrairiam novos clientes. Então, contratou um fornecedor de São Paulo, pagando
Já para pagar todos os equipamentos, ele enfrentou um financiamento de valor o frete e todas as despesas. Valeu a pena. A linha de pães da Hora do Pão cresceu,
elevado, pela Caixa Econômica Federal. atraiu novos clientes e impulsionou a empresa.
Bruno estudava Administração e, na sua forma de pensar, o financiamento Com o tempo, os custos logísticos foram diminuindo e o crescimento
não era um problema, e sim solução. Mas, R$ 80 mil de financiamento, há 18 da operação ajudou para que se diluíssem mais. Além disso, a própria empresa
anos, era um montante relativamente elevado e o plano de negócio contribuiu foi criando suas receitas de pão. Em um torneio de inovação em panificação, a
com 80% do que havia planejado. “Copa Bunge de Panificação”, o pão de abacate e o pão de laranja com goiabada,
ambos desenvolvidos na Hora do Pão, ficaram respectivamente entre os cinco
Eu era muito jovem, precisava seguir o plano, não tinha opção. Eu não tinha capital e meu melhores do Nordeste e os três melhores do Brasil. Para Bruno, as inovações na
pai não tinha mais como me ajudar, ele já estava me ajudando demais... Só existia uma linha de pães foram uma das bases que consolidaram o crescimento da empresa.
opção: dar certo!
Outro grande marco de inovação foi a implantação das refeições. Também
Para o empreendedor, esses momentos iniciais foram de grande aprendi- fruto de suas viagens, Bruno observou padarias expandindo sua atuação e fatu-
zado, superação e determinação. A empresa já nasceu toda legalizada, pagando ramento, ao oferecer café da manhã. Determinado, ele estruturou o serviço de

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café da manhã, almoço e jantar. A Hora do Pão foi a primeira padaria de Natal A obra precisava ser feita e a empresa precisava se adequar, contou Bruno,
a oferecer almoço, e até que o público conhecesse esse conceito, foi necessário emocionado. As vendas caíram para 40% na primeira semana. Em vez de se deses-
um grande esforço de divulgação. perar, ele manteve o equilíbrio e procurou soluções. Inicialmente, entrou em contato
com a construtora e o prefeito da cidade, em uma reunião, na qual decidiram que
Muitas vezes vinha com minha esposa e almoçávamos sozinhos na Hora do Pão. “Vamos fariam o máximo para que as obras não prejudicassem a padaria. Um dos pleitos
almoçar? Vamos!” E comíamos as únicas refeições servidas. Os clientes chegavam para
comprar pão e nós divulgávamos com panfletos, a informação tinha que chegar ao cliente. atendidos foi abrir um retorno em frente à empresa, que restaurou o faturamento
Atualmente, por dia, na hora do almoço, atendemos em torno de 200, 250 refeições. para 60% do que era antes da obra. Ainda assim, não dava para cobrir os gastos.
Primeiro ele pensou em montar um delivery, mas o motoqueiro também
Bruno diz não ter sonhado em chegar ao porte de hoje, mas ao viajar não tinha como passar pela obra. Bruno pedia a Deus que o ajudasse a encontrar
bastante viu as necessidades do mercado e percebeu que caso não se adequasse a alguma solução, mas aparentemente a única coisa a fazer era “enxugar” a empresa.
elas, ficaria para trás. Prova disso é que hoje, praticamente todas as panificadoras Para se recuperar, ele precisou fazer o pior: selecionou alguns funcionários e
da cidade, cada uma em sua proporção, adotaram o conceito das refeições e dos antecipou suas férias, e desligou outros 15. Com isso, criou-se um clima muito
pães diferenciados. Para ele, atualmente a padaria está consolidada e seu foco ruim, com funcionários assustados com medo de serem os próximos a serem
agora é aumentar a satisfação do cliente e o fidelizar cada vez mais. demitidos. Várias ações foram feitas sobre isso, para reforçar a motivação deles,
mostrando que quem ficou não iria sair. Bruno dizia: “Confie em mim que vocês
vão ficar, queremos garantir vocês aqui”. O custo das demissões foi altíssimo,
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o ponto de equilíbrio financeiro. Apesar de tudo, Bruno ainda investia. A obra
A Copa do Mundo foi marcante para a Hora do Pão, mas não positiva- gerava muita sujeira, assim, mesmo tendo demitido 15 pessoas, ele contratou
mente, como se esperaria. A cidade precisou se preparar para o evento. Quanto mais uma ASG (auxiliar de serviços gerais) para manter a limpeza. Ele sentia
à mobilidade, foi necessária a construção de novos túneis e acessos. A padaria orgulho quando o secretário da obra, um cliente frequente, se surpreendia com
está bem próxima da Arena das Dunas e todos os acessos em volta foram in- o salão estar tão limpo com o “poeirão” que estava lá fora.
terditados para a reforma. Nesse tempo Bruno abandonou seu escritório no piso superior e trocou-o
por uma das pequenas mesas do salão, numa esquina próxima à entrada da loja.
Eu tenho uma clara lembrança do dia 15 de janeiro. Eu estava na praia e o telefone tocou: De lá ele observava o movimento e buscava estabelecer relacionamento com os
“Sr. Bruno, interditaram aqui na frente da padaria”. Saí da praia, cheguei aqui e, para clientes. O empreendedor diz que esta foi uma das principais razões do seu sucesso.
entrar na minha empresa, tive que pedir permissão para abrirem a cancela. Vivi horas de
desespero. Pensei: “O que eu vou fazer? Eu vou quebrar!”. Nesse dia eu entrei no escritório
e disse ao meu cozinheiro: “Diminui a comida, para isso, para aquilo. Eu vou para a praia Eu mostrava às pessoas que elas poderiam bater um papo com o dono, tomar um café
pensar o que fazer”. comigo, pois eu as acolheria. Buscava conversar e escutar delas opiniões, para pensar
como trazer mais clientes.

Bruno não queria demonstrar pânico aos funcionários, ele precisava pensar Ele atendia os clientes como um colaborador comum e, por vezes, per-
com calma no que fazer antes de tomar alguma decisão precipitada. Ficando guntava por que ainda vinham, mesmo tendo todo aquele transtorno. A partir
ali ele sentia que ia apenas começar a chorar, então decidiu voltar para a praia daí ele ia fazendo pequenos ajustes no seu negócio. Na pequena mesinha Bruno
e conversar com a esposa. descobriu, por exemplo, que o pão francês não estava mais vendendo tanto,
pois a Hora do Pão não estava na rota diária das pessoas para casa. Além disso,
Quando você cai em desespero, e se agarra nele, você fica enlouquecido e não consegue ele passou a usar melhor as redes sociais, indicando mapas de acesso e saída
encontrar qualquer solução. Se não tiver equilíbrio para tomar suas decisões, você termina para os principais bairros da cidade.
se precipitando e tomando as decisões erradas. Enfim, dessa forma fui ficando mais sereno
e, quando se está sereno, se pensa melhor. Foi quando surgiu a ideia de mapear e criar um convênio com as em-
presas ao redor da padaria, oferecendo aos funcionários dessas empresas 10%

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de desconto, além de uma sobremesa ou suco. A ideia era fazer com que as A Fifa criou uma certificação das empresas que forneciam alimentos perto
pessoas viessem a pé, porque não teriam como vir de carro, e isso também traria da Arena. Criaram uma nomenclatura: A, B, C e D. A Hora do Pão foi fiscali-
comodidade para a hora de almoço delas. A primeira parceria foi com o Sebrae, zada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e obteve o selo A.
pois era grande o número de funcionários. Depois foram a própria Arena das Isso para Bruno foi uma grande vitória. Foram poucas empresas no Brasil que
Dunas, as concessionárias, Volkswagen, KIA, Fiat ao redor e demais empresas. conseguiram o selo A. Em Natal, foi a única padaria a conseguir, e restaurantes
Tudo era feito para agradar esses clientes, até sobremesa gratuita foi servida foram pouquíssimos. “E eu estava lá, entre os melhores”, contou com orgulho.
algumas vezes. O desconto de 10% reduzia em muito a margem da Hora do Pão, Na época da Copa a venda de refeições não aumentou, até porque a via
mas era o suficiente para melhorar o faturamento. O resultado foi tão bom que foi novamente interditada. Ela foi o Caminho do Gol, o acesso principal para a
em fevereiro, o mês seguinte após o local ser interditado, todos os convênios já Arena, passavam apenas pedestres. O empreendedor conta que o faturamento
tinham sido firmados e a empresa equilibrava suas contas. Além disso, muitos foi menor que o de um dia normal, não cobrindo as despesas, mas que para ele
desses clientes, mesmo após o fim da obra, continuam frequentando a padaria. valeu a pena ter participado desses dias históricos. No dia do jogo do México
Nesse momento Bruno sossegou e pensou: “Consegui chegar no meu ponto chegou a atender cerca de 100 mexicanos. No jogo da Itália x Uruguai, atendeu
de equilíbrio, agora quebrar eu não quebro mais... até onde der eu vou garantir muitos italianos. Para Bruno foram dias tranquilos, pois as pessoas que não
aqui a minha empresa”. A sorte é que as obras tinham um prazo, o início da Copa saíam com o lanche, sentavam e ficavam em um clima bem familiar. Enfim, no
do Mundo, e dentro de seis a sete meses elas tinham de ficar prontas. E ficaram. saldo, a Copa prejudicou Bruno, mas ele relata que isso fazia parte da situação
e aproveitou o momento.
Foi um aprendizado muito grande, esses sete meses valeram mais que quatro anos de
faculdade. No final essa obra ficou muito bonita e viável para a cidade. Prejudicou-me um Eu estava aqui, no local. Tive que me adaptar àquela realidade durante aqueles 15 dias.
pouco, mas eu não posso ser egoísta e reclamar o que perdi, pois valeu a pena para a Então eu posso dizer que também aproveitei para brincar, conhecer novas culturas, trocar
mobilidade de Natal. A Arena das Dunas ficou muito bonita, sou frequentador dela. camisetas. Entrei no clima. Tem que ser feito? Tem! Então vamos participar! Vamos ajudar,
vamos fazer com que seja o melhor!

Vivendo uma Copa do Mundo


Crenças de Bruno e a Hora do Pão
Depois de tantos tropeços, chegou o momento da Copa. Criaram-se
muitas expectativas, mas também muitos medos. O medo de precisar conter Um dos pilares da Hora do Pão é a valorização e fidelização do cliente.
uma multidão, de não poder vender alguns produtos, de ter fiscalização. No Isso foi essencial, principalmente na época da Copa. Há feriados e horários do
final, não houve nada disso, foi um período tranquilo. final de semana em que é financeiramente inviável abrir a padaria. Mas Bruno
Primeiramente, Bruno preparou sua equipe para receber o turista estran- abre e explica o porquê:
geiro. Ofereceu seis meses de aulas de inglês para os funcionários que queriam
aprender, e contratou mais dois fluentes na língua para dar suporte. Depois, O sr. Barreto, por exemplo, que mora no centro da cidade, vem de táxi de lá pra cá. Não
estudou a cultura de alimentação do estrangeiro nas outras Copas. posso fechar a padaria no domingo de tarde, pois ele vem com as irmãs tomar a sopa.
Chegar aqui e estar fechado seria uma decepção para ele. Então a gente tem um compro-
Descobriu que o estrangeiro não gostava de sentar para comer, que em outros metimento com os clientes. E eles têm um compromisso comigo também! Eu não posso
eventos preferia fast-food, levar o lanche. Assim, ele criou uma promoção de combo, só pensar na hora de ganhar, as vezes eu tenho que perder também!
baguete mais refrigerante, por um preço diferenciado, para estimular a venda. “Isso foi
muito interessante pelo medo de encher demais o salão, de ter 50 pessoas comendo Bruno valoriza muito seu cliente, orientando seus colaboradores a pen-
e bebendo, e acontecer alguma briga, alguma confusão, um quebra-quebra”, afirma. sarem na Hora do Pão como um anexo da casa do cliente. Então, se alguém
Também houve refeições, um prato típico, a feijoada, e ao meio-dia, o pedir tapioca com cereais, mesmo nunca tendo visto, o colaborador prova-
caldo do feijão para tomar com uma cerveja. Mas a proposta era o cliente pegar velmente irá perguntar ao cliente como é feita essa tapioca, e tentará fazê-la,
o sanduíche, o refrigerante e sair. sem se importar com o custo. Segundo ele, o propósito não deve ser ganhar

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dinheiro, isto é apenas a consequência de trazer a satisfação do cliente para profissão. Quando foi presidente da Associação de Panificação do Rio Grande
dentro da empresa, uma vez que aumentará sua propensão a voltar outras do Norte, ele sempre procurou orientar seus colegas, seja vendendo novos
vezes ao estabelecimento. produtos, como bolos, ou ensinando receitas. Uma das recomendações
No que diz respeito à responsabilidade ambiental, a Hora do Pão mantém de Bruno era que os colegas oferecessem refeições self-service. Ele até se
convênio, por exemplo, com uma empresa que recolhe a cada dois dias toda oferecia para apresentar a própria padaria e ensinar tudo que fosse neces-
a gordura produzida na cozinha. Ao invés de descartar essa gordura na rede sário. Bruno conta que já chegou a acolher um colega de uma padaria em
pública, esse óleo é reaproveitado para fazer sabão. outro bairro por 15 dias, e ensinou tudo o que ele precisava para montar
Já no âmbito social, a Hora do Pão não pode contribuir doando o ali- seu próprio self-service.
mento que sobra, pois a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde) orienta
que este seja descartado. Mas a empresa faz doação de pães para instituições A Associação foi muito boa pra mim, eu ajudei muitas pessoas e elas me ajudavam tam-
bém, porque eu ensinava e aprendia. Eu não tenho problema de ensinar porque eu sei
necessitadas, como o Hospital Infantil Varela Santiago, que trata crianças com que amanhã vai ter alguma coisa que eu não vou saber e vou precisar de alguém pra me
câncer, a creche João Augusto, entre outras. Outro exemplo é a arrecadação ensinar. Acho que a vida é assim. É dando que se recebe.
do Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro, quando todo o dinheiro Eu acho que não preciso de mais, eu tenho que ajudar! Deus foi muito bom pra mim, e
arrecadado da venda do pão francês é doado. Neste ano foi para a Casa Durval naturalmente eu procuro passar isso para os meus filhos. E se tem um funcionário meu
precisando, eu vou ajudar!
Paiva, uma ONG que também apoia crianças com câncer. Além do dinheiro,
Bruno e a esposa também recebem essas crianças na padaria, procurando
proporcionar duas ou três horas de um momento diferenciado a elas. “Eu só Enfim, Bruno nos transmite mais do que lições de empreendedoris-
vou parar de doar no dia que eu não puder fazer isso, mas equanto eu puder, mo, ele nos dá lições de vida. Além das competências de empreendedor,
vou continuar doando. É dando que se recebe!” ele nos mostra com base em suas crenças pessoais que a autorrealização de
uma pessoa não está na riqueza. A felicidade e sucesso se alcançam sendo
bondoso, compartilhando conhecimentos, fazendo a caridade e tratando
1RGTƅNFQGORTGGPFGFQT bem as pessoas. A vida é um ciclo no qual você recebe o que dá, e colhe o
que planta.
Para Bruno, um empreendedor é uma pessoa persistente, que vai à luta, Equilíbrio emocional é importante para enfrentar desafios, planejar
e que tem muito equilíbrio. Ele deve sempre calcular o risco, pensando no que e tomar boas decisões, especialmente em situações adversas.
pode acontecer. Além disso, deve servir à sociedade, procurando fazer o bem. Embora o plano de negócio não seja uma ferramenta usual dos empre-
Bruno pensa que poderia ser um pouco mais agressivo, mas não tem endedores, Bruno usufruiu parcialmente desse planejamento, especialmente
ambição de riqueza. Seu sonho não é ter a maior padaria, mas sim, a melhor por se sentir, inicialmente, um empreendedor inexperiente.
padaria, independentemente do tamanho. Se aparecesse uma oportunidade, Como fonte do crescimento da Hora do Pão destacou-se a inovação
ele aproveitaria, mas desde que não tivesse de abandonar os seus princípios. constante de seu modelo de negócio, sempre acompanhando as tendências
Os pais de Bruno sempre lhe ensinaram a ser bondoso e a não ser ganancioso. e explorando novas oportunidades. Já entre os diferenciais apresentados
Na adolescência, até pensava em enriquecer, mas logo amadureceu e viu que por Bruno, estão o contato direto com o cliente e sua capacidade de ser
a vida tem outros propósitos. atencioso com as pessoas. A atitude de descer para o salão da padaria, se
aproximar dos clientes e atendê-los pessoalmente trouxe muito aprendizado
Prefiro ficar onde estou para ver meus filhos crescerem e viver com eles, poder tomar um para ele e para sua equipe de trabalho. E essa aprendizagem se estendeu
banho de piscina, poder ir ao colégio deles no Dia dos Pais. Tenho dois filhos maravilhosos, para outros tipos de comportamento, como por exemplo manter compro-
uma mulher que me ajuda demais. O que eu preciso mais?
misso, a despeito do lucro, atender expectativas sem experiências prévias e,
Bruno acredita na cooperação, em ajudar uns aos outros. Ele não vê por fim, fazer do ambiente de trabalho uma continuidade da vida pessoal,
o concorrente como um inimigo, o concorrente é um amigo, um colega de vivenciando o negócio com paixão.

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