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III Unidade

Pena de Multa
01/11/2017

01. CONCEITO: a multa penal é de natureza pecuniária e seu cálculo é elaborado considerando-se o
sistema de dias-multa, que poderá variar entre um mínimo de 10 ao máximo de 360 dias-multa,
sendo que o valor correspondente a cada dia multa será de 1/30 do valor do salário-mínimo vigente
à época dos fatos até 05 vezes esse valor.

Obs.: o juiz, verificando a capacidade econômica do réu, pode triplicar o valor do dia-multa,
segundo a norma contida no §1o do art. 60 do CP.

02. DESTINAÇÃO: Fundo Penitenciário Nacional, fundo esse que foi instituído pela Lei
Complementar nº 79/1994 para os fins de custear o sistema de cumprimento de pena no país.

03. SISTEMA:

Até a década de 90 = tarifado (apresentava valor máximo e mínimo);

Problemas: 1) Aviltamento do valor = valor não suficiente; 2) Excesso do valor = pessoas com
baixa condição; 3) Inadimplemento = levava a prisão por inadimplemento.

Atualmente = dias-multa (dosimetria da pena de multa por critério bifásico)

Dosimetria: 1ª Fase: quantidade de dias-multa Circunstâncias Judiciais

Circunstâncias Atenuante/Agravantes

Circunstâncias Majorantes/Minorantes

2ª Fase: Valor de cada dia-multa de acordo a condição econômica do apenado.

O valor do dia-multa é de 1/30 ou até 05 vezes o valor do salário mínimo da época dos fatos.

Obs.: o valor final poderá ser triplicado para alcançar efetividade.

I. Cálculo do Valor = quantidade de dias-multa vezes o valor de cada dia-multa.

Ex: 10 (dias-multa mínimo) (1/30 937,00 [valor do salário mínimo])

10 R$31,232323...

= 312 (desconsideram-se as frações de centavos)

II. Atualização do Valor;


III. Intimação para pagamento: prazo de 10 dias para efetuar o pagamento, indicar bens à penhora
ou requerer o parcelamento (por meio de petição simples ao juiz da execução com prazo de mais
10 dias para pagar a primeira parcela).

IV. Para desconto direto na folha de salário é preciso ter anuência do individuo (código de processo
civil) e só em 03 hipóteses: 1) pena de multa isolada ou 2) pena de multa + pena restritiva de direito
ou 3) multa + prisão que está suspensa. O desconto deve ser de 10 a 25% do valor do salário
mínimo, sem comprometer a subsistência da família.

04. MULTA VICARIANTE: multa que substitui a pena privativa de liberdade de até 06 meses (art. 60,
§2º, CP) ou pena privativa de liberdade de até 01 ano (art. 44, §2º, CP). Como existem dois
dispositivos legais, sobre o mesmo tema, mas com limites diferentes, usa-se a ordem cronológica,
fazendo com que o art. 44 (que foi implementado depois do art. 60) o revogue.

05. INADIMPLEMENTO: a multa inadimplida não pode ser convertida em prisão, assim, será
convertida em dívida ativa da fazendo pública.

Obs.: segundo a súmula 512 do STJ diz que é responsabilidade da procuradoria da Fazendo Pública,
que acontecerá/será executada na vara da fazendo pública, utilizando a lei de execução fiscal.

06. CASO DE MORTE DO DEVEDOR: se a pessoa morre antes do processo ser transitado em
julgado, o processo será extinto, mas se foi após o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, a doutrina minoritária diz que será extinta a pena/multa, já a doutrina majoritária diz
que não possui mais caráter penal, indo para esfera cível, alcançando a herança.
Efeitos da Condenação
(Arts. 91 e 92, CP)

16/11/2017

01. EFEITOS:

a) Principais/Primário = pena;

b) Acessórios/Secundários = não podem ser considerados como pena, são cumpridos em outras
esferas do direito.

Art. 91 = efeitos obrigatórios, são automáticos (independem da vontade do magistrado) e genéricos


(aplicáveis a todo e qualquer crime, não são para crimes específicos). Geram:

1º - perda em favor da união dos seguintes objetos: instrumento (quando a posse dos instrumentos
utilizados na prática do crime em si já é ilícita. Ex: porte ilegal de arma de fogo usada para cometer
homicídio); produto (objeto direto adquirido com crime. Ex: celular que foi furtado) e proveito
(resultado trazido pelo objeto. Ex: dinheiro arrecadado com a venda de drogas). Gera confisco.

Obs.: I. O sequestro de bens é uma medida cautelar para que não haja liquidação do bem;
II. O sequestro e o confisco alcançam bens em outro país;
III. Alcança patrimônio lícito em substituição.
IV. Art. 530-G do CP informa que todos os materiais que foram usados em crimes de propriedade
imaterial (ex: materiais para produção de filmes piratas) serão perdidos em favor da União.

2º - dever de indenizar a vítima/seus sucessores por: danos material/morais; título executivo


judicial; execução na esfera cível; liquidação do valor (forma de tornar o valor incerto em valor
certo).

Art. 92 = efeitos não automáticos (precisa da motivação do juiz), específicos (não são aplicados a
todo e qualquer crime) e são facultativos (o magistrado escolhe se aplica ou não).

1º - Inabilitação (perda) para conduzir veículo.

Obs.: só se aplica para crimes em que o veículo foi instrumento para prática de crime doloso.

2º - Perda do poder familiar (da tutela ou curatela).

Obs.: I. Tão somente se o indivíduo praticou crime doloso, e foi aplicado pena de reclusão, contra
filho tutelado/curatelado;
II. Doutrina majoritária diz que só perde o poder familiar do filho atingido.

3º - Perda do cargo público, da função pública ou do mandato eletivo.

Obs.: I. Pena aplicada de 1-4 anos = só pode aplicar esse efeito da condenação se o crime praticado
pelo indivíduo tiver alguma vinculação com sua atividade.
Pena aplicada > 4 anos = qualquer crime.
II. No caso de o condenado ser um membro do Ministério Público ou da Magistratura esse efeito
jamais poderá ser aplicado, para isso, seria necessária uma ação específica do judiciário + área
administrativa;
III. Em leis especiais aparece como efeito automático.

Outros Efeitos:

- LEP = em crimes hediondos ou equiparadas ao hediondo, o seu material genético é retirado de


forma indolor para ficar cadastrado no banco de dados.

- Art. 218-B, CP = em crimes de favorecimento da prostituição (que é considerado crime hediondo),


o gerente administrativo do local onde acontece a prática, tendo conhecimento do fato, é
condenado assim como quem favorece e ainda perde o direito de funcionamento do local.

- Racismo = sendo praticado crime de racismo, o estabelecimento terá suspensão das suas
atividades por um prazo de até dois meses.

Obs.: Racimo = perda de direito por conta da cor; Injúria racial = ofensa pelo fato de ser negro.

- Redução à condição análoga à de escravo = quem prática o crime fica impedido de ter seu nome
relacionado para homenagear bens públicos.

- Lei de falência/recuperação de empresas = se for cometido um crime falimentar, quem praticou o


crime fica impedido de exercer função de administrador judicial ou desenvolver atividade
empresarial ou, ainda, servir como gestor ou membro de conselho por tempo fixado pelo juiz.

Ex: empresa entra em processo de falência e o administrador dos bens bloqueados desvia esses
bens da empresa para o seu favor.

02. REABILITAÇÃO: é um instituto penal, uma ação judicial proposta pelo juiz de conhecimento,
após o cumprimento da pena/extinção, para atingir as seguintes finalidades:

- Sigilo dos dados da pena que ele cumpriu;

- Apagar efeitos da condenação.

Para receber a reabilitação, deve requerer por meio de petição simples e cumprir os requisitos de:
residir por 02 anos no país (Brasil); provar bom comportamento e reparar o dano ou provar
impossibilidade de reparação.

Obs.: revogação = prática de novo crime doloso; reincidência.


Penas Restritivas de Direito
22/11/2017

01. CONCEITO: é sanção penal imposta em substituição à pena privativa de liberdade consistente
na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado. Trata-se de espécie de pena
alternativa. São penas restritivas de direitos: a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos e
a limitação de fim de semana, conforme preceitua o artigo 43 do Código Penal.

CP: sistema de substituição/comutação.

Obs.: I. Quando a pena restritiva de direito torna-se pena privativa de liberdade, chama-se de
conversão.
II. Cleber Masson = de PPL para PRD = conversão; de PRD para PPL = reconversão.
III. As hipóteses de conversão são: falta grava (art. 51, LEP); descumprimento injustificado; não
cumprimento; recusa ao cumprimento; não for o condenado encontrado; se for condenado pela
prática de novo crime doloso (independente da pena que seja aplicada); condenação pela prática
de crime anterior.
IV. Ao ser determinada a conversão da pena, o mínimo que ele cumpre são 30 dias (o tempo que
ele já cumpriu na PRD é considerado pena cumprida, mas mesmo assim há esse prazo mínimo).

02. CARACTERÍSTICAS:

a) Autonomia = não podem ser cumuladas com as penas privativas de liberdade; não são
meramente acessórias. Leis Especiais: sistema de pena principal.

Ex: Art. 28: “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II -
prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo.”.

b) Substitutividade = primeiramente o juiz fixa a pena privativa de liberdade, e depois, na mesma


sentença, substitui pela pena restritiva de direitos.

Ex: Art. 78: “Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa
ou alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 A 47, CP: I - a interdição temporária de
direitos; II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às
expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; III - a prestação de serviços à
comunidade.”.

03. REQUISITOS PARA SUBSTITUIR:

Tabela:
ANTES DA EXECUÇÃO DA PPL DURANTE A EXECUÇÃO
(Juiz de Conhecimento) (Juiz de Execução)
Crimes Dolosos = PPL ≤ 04 anos
PPL ≤ 02 anos
Crimes Culposos = sem limites
Não reincidente em crime doloso:
Reincidência Genérica = vedação relativa Regime Aberto
Reincidência Específica = vedação absoluta
Ausência de Violência ou Grave Ameaça
Exceção = infração de menor potencial Cumprimento de ¼
ofensivo
Circunstâncias Subjetivas Favoráveis
Antecedentes/Personalidade Favorável
(art. 59, CP)

04. QUANTIDADE DE PRDs:

PPL ≤ 01 ano = 01 multa ou 01 PRD

PPL > 01 ano = 01 multa + 01 PRD ou 02 PRDs

05. DURAÇÃO DA PRD: algumas penas não podem ser medidas por tempo, mas as que podem
são:

- Prestação de Serviço à Comunidade

- Intervenção Temporária de Direitos

- Limitação de Finais de Semana

Sendo o tempo de duração da PRD igual ao tempo da PPL de origem.

 Exceções: em casos que lei específica já trata do assunto, o tempo da PRD será
diferenciado, tendo o prazo já sendo fixado pela própria lei. Ex: lei de drogas = 1d a 5m (se
primário) ou 1d a 10m (se reincidente); lei de trânsito = 2m a 5anos.

06. ESPÉCIES DE PRD NO CÓDIGO PENAL:

- Prestação de Serviço à Comunidade = é determinada pelo juiz de conhecimento a prestação de


atividades não remuneradas que devem ser desenvolvidas em favor de entes públicos. É
cumprida em razão de 01 hora por dia e não pode atrapalhar a jornada de trabalho. É
determinado pelo juiz de execução o local onde se deve cumprir a pena, o horário e a data de
início, podendo esses dados ser alterados no curso da execução.

Obs.: só pode substituir em caos de PPL superiores há 06 meses e se a PPL for superior for maior
que 01 ano, ele pode ter o direito de cumprimento em maior tempo, mas não podendo ser
inferior a metade do tempo da pena. Quem orienta e fiscaliza deveria ser o patronato, mas, não
tendo, pode-se criar um órgão específico para isso.
- Intervenção Temporária de Direitos = não há perda de direito, há limitação/suspensão de
direito.

Ex: proibição de frequentar certos lugares; inabilitação para conduzir veículo; proibição de
inscrição em concurso público; proibição de exercício de cargo/função pública de mandado
eletivo (começa a ser cumprida 24 horas depois do ato de suspensão pelo juiz da execução);
proibição do exercício da profissão ou atividade (só pode ser aplicada em profissões ou atividades
que precisam de habilitação específica ou licença do poder público para seu exercício);

Obs.: é uma sanção aplicada pela confiança, não há fiscalização eletrônica, sendo fiscalizado pelo
ministério público e conselho da comunidade.

- Limitação de Finais de Semana = uma das mais simples e menos aplicadas, é executada na casa
do albergado ou estabelecimento similar. Devendo participar de cursos, palestras ou oficinas,
sempre relacionadas ao âmbito penal. É necessário permanecer nesse local por 05 horas no
sábado e 05 horas no domingo (horário determinado pelo juiz).

- Prestação Pecuniária = ocorre em casos de danos morais/materiais, gerando pagamento de


valor entre 1 e 360 salários mínimos com destinação à vítima, sucessores da vítima e entidades
com fins sociais

Obs.: I. A Lei Maria da Penha veda essa pena;


II. É possível o juiz substituir uma PPL por essa pena e em seguida substituir por uma prestação
distinta.
III. Em caso de condenação para pagamento para a vítima na esfera penal e na esfera civil, o valor
da diferença entre um e outro é o que será pago, tendo o restante abatido, no entanto, se o
pagamento em uma esfera foi destinado a uma entidade e a outra pena para a vítima, ai sim o valor
de ambos será pago em integral, um com caráter de pena e outro com caráter de indenização.

- Perdimento de bens e valores = retenção de bens do apenado que deve ser destinado ao fundo
penitenciário nacional, atingindo bens e valores lícitos do mesmo (além do confisco dos bens
ilícitos, caso houver). É uma pena patrimonial e não há limitação mínima, mas há limitação
máxima, tendo uma referência no valor maior dentre o proveito (que gera retenção judicial e vai
para o fundo penitenciário) e o prejuízo causado (que gera indenização e vai para a vítima). (no
final o individuo acaba pagando três coisas, a indenização, o fundo penitenciário e o valor da
pena em si que também vai para a união)
Concurso de Crimes
24/11/2017

01. INTRODUÇÃO: pluralidade de crimes, adotando o conceito de ação/omissão e os elementos


subjetivos do tipo (dolo/culpa) e a unificação é diferente da soma.

02. ESPÉCIES DE CONCURSO:

a) Concurso Real/Material de Crimes (art. 69, CP) = o sujeito pratica mais uma ação/omissão
(mais de uma conduta) e com mais de uma conduta ele alcança mais de um resultado criminoso.
Nesses casos, a regra é o cúmulo material das penas (soma das penas).

Ex: pessoa que dispara dois tiros e mata duas pessoas.

- Classificação: o concurso real/material pode ser homogêneo (quando os crimes são os mesmos)
ou heterogêneo (quando são crimes diferentes).

Obs.: I. A doutrina minoritária traz mais um requisito que diz que além de precisar de mais uma
ação/omissão, diz que é necessário que o crime esteja em uma mesma relação de contexto;
II. Só é possível substituir a PPL pela PRD se o juiz suspender um das penas.

b) Concurso Ideal/Formal de Crimes (art. 70, CP) = existe uma só ação/omissão e essa única
ação/omissão gera mais de um resultado criminoso.

- Classificação: 1) O concurso formal pode ser homogêneo (quando os crimes são os mesmos) ou
heterogêneo (quando são crimes diferentes);

2) O concurso formal pode ser impróprio/imperfeito (o sujeito age dolosamente para alcançar
todos os resultados, ou seja, todos os crimes são dolosos). Nesse caso a regra é o cúmulo material
das penas (soma das penas). Ou pode ser próprio/perfeito (todos os resultados são culposos ou
ao menos um resultado aberrante é culposo) e, nesse caso, a regra é a exasperação (aumento de
uma das penas. Se as penas forem iguais, qualquer uma, mas se forem diferentes, pega-se a
maior para aumentar de 1/6 à metade, com base na quantidade de resultados);

c) Crime Continuado = pode ser interpretado a partir de três teorias: 1) objetiva (o crime
continuado é formado só por requisitos objetivos, ou seja, o sujeito pratica mais de uma
ação/omissão, mais de um crime e crimes são da mesma espécie. Os crimes devem ser praticados
nas mesmas circunstâncias de tempo – segundo o STF essa circunstancia é a diferença temporal
de um crime para outro de, no máximo, 30 dias –, lugar – mesma região metropolitana –, modo
de execução – como a pessoa pratica o crime – e outras semelhanças); 2) subjetiva (é necessário
vontade única. Cada crime é parte de um todo) e 3) objetiva-subjetiva (STF).

- Natureza jurídica: 1) unidade real (pois existe um crime só que é dividido em partes, o que
geraria uma tentativa de crime caso ele não tenha concluído todas as etapas); 2) ficção jurídica
(na tese é um único crime, mas na prática não); 3) ficção mista (cada crime por se si é um crime,
mas no momento de aplicar a pena, aplica-se uma pena só e os outros crimes são considerados
como agravantes).

- Resultado: depende da classificação, podendo ser 1) crime continuado simples = pega uma das
penas e aumenta em 1/6 a 2/3 ou 2) crime continuado qualificado/complexo (são crimes dolosos
com emprego de violência ou grave ameaça a pessoa, precisado que sejam vítimas diferentes) =
pega uma das penas e aumenta de 1/6 a 3x.

Obs.: crime material benéfico = se no caso concreto for melhor para o réu somar as penas ao
invés de aumentar, soma-se.

03. NOTAS FINAIS:

- No caso da pena de multa, pouco importa qual é a modalidade do concurso, sendo sempre
aplicada a regra do crime material;

- A extinção de punibilidade alcança cada crime individualmente;

- Súmula 711, STF (crime continuado) = a lei aplicada vai ser a que estiver vigente na data do
ultimo ato, independente de ser mais gravosa ou não.
Extinção de Punibilidade
27/11/2017

01. CAUSAS DE EXTINÇÃO (art. 107, CP):

- Momento: antes (todos os efeitos penais são apagados) ou depois (a regra geral é que apenas o
principal efeito será apagado) do trânsito em julgado.

Obs.: súmula 18, STJ = sentença declaratória.

02. ESPÉCIES (art. 107, CP):

- Por morte

Obs.: I. Se for antes do trânsito em julgado, a morte apaga todos os efeitos; se já foi aplicada a
sanção, a doutrina majoritária entende que ainda há a aplicação da pena de perda de bens e
valores (alcança a herança);
II. Por meio de petição simples pode-se requerer a extinção de punibilidade alegando morte,
juntando ao processo a certidão ou atestado de óbito.
III. Até o ano 2000, se o juiz decretou extinção de punibilidade por causa morte e a morte foi
falsificada, a extinção continuava e a pessoa responderia por um novo crime, o crime de falso. A
partir de 2001, o STF entendeu que não é nula a decisão fundada com base em documento falso,
voltando a pessoa a cumprir o mesmo processo e mais um, que diz respeito à falsificação.

- Abolitio Criminis: pode acontecer em qualquer momento. Acontecendo antes ou depois do


trânsito em julgado, todos os efeitos são apagados. É necessário que haja revogação formal e
material, havendo só a formal, não há abolitio criminis, há apenas o deslocamento do conteúdo
normativo ou transmudação geográfica do delito.

- Retratação: só pode ser aplicada em casos previstos em lei (deve estar prevista em lei, não pode
usar analogia, mesmo sendo benéfica). Ocorre durante a audiência. Normalmente ocorre nos
crimes de difamação ou calúnia (injúria não, pois ofende a honra da pessoa).

- Perdão Judicial: será reconhecido pelo juiz e só pode ser aplicado em casos previstos em lei (não
pode ser aplicado por analogia). É fundamentado no princípio da insignificância imprópria (a pena
é desnecessária).

Obs.: I. Art. 303 e 402 Código de Trânsito Brasileiro. Atualmente entende-se que pode aplicar
perdão judicial em casos de crimes culposos no contexto de trânsito.
II. Aplica-se a crimes de homicídio culposo, lesão corporal culposa, injúria por reciprocidade e
delação premiada.

- Decadência: perda do direito de representação (ação penal de iniciativa pública condicionada)


ou direito de propor ação penal por meio de queixa crime (ação penal de iniciativa privada) em
razão do prazo (06 meses a partir do dia do conhecimento da autoria do fato), que é material
(improrrogável, não suspensivo e nem interrompível).

- Renúncia: ao direito de queixa (ação penal de iniciativa privada) e ao direito de representação


(ação penal de iniciativa pública), sendo um ato unilateral, podendo ser expressa ou tácita.

Obs.: I. Renunciando com relação a um, renuncia com relação a todos que estavam envolvidos;
II. Juizado Especial Criminal: a composição civil dos danos importa na renúncia no direito de queixa
ou representação.

- Perempção (apenas aplicadas as ações penais de iniciativa privada): ocorre em razão de desídia
do individuo durante o processo. São situações taxativas, previstas no art. 60, CP.

- Perdão a cerca do ofendido (apenas aplicadas as ações penais de iniciativa privada): fundada no
princípio da disponibilidade. Só pode ocorrer antes do trânsito em julgado da sentença penal
declaratória. Impede a continuação do processo, caso tenha o perdão.

- Anistia: causa de clemência do Estado, concedido pelo poder legislativo federal, por meio de lei
ordinária. Apenas alguns crimes não podem ser alcançados jamais, que são os hediondos, os
equiparados a hediondos. Quem aplica a decisão é o juiz e todos os efeitos penais são apagados.
Se ocorrer antes do trânsito em julgado, ela é própria, se acontecer depois do trânsito em
julgado, ele é imprópria. Classificando-se em: irrestrita ou restrita; incondicionada ou
condicionada; geral (absoluta) ou parcial (relativa).

- Graça (induto individual) e Induto (coletivo): classificam-se em: incondicionada (Obs.: quando a
graça for incondicionada, ela é irrecusável) ou condicionada; geral/absoluta (servem para
extinção da punibilidade) ou relativos/parciais (quando há comutação ou diminuição da pena).

Pontos Comuns: são concedidos pelo Presidente da República, por meio de decreto, podendo
delegar para que outra pessoa o faça (AGU, PRG e Ministro de Estado).

Pontos Incomuns: graça é individual e o induto é coletivo; a graça, via de regra, é provocada
(alguém pede) e o induto, via de regra, independe de provocação.

Obs.: quando o induto é lançado, o ele vem com requisitos, os mínimos são primariedade e
tempo de pena cumprida.
Prescrição
29/11/2017

01. INTRODUÇÃO: prescrição é a perda do poder-dever de punir do Estado pelo não exercício da
pretensão punitiva ou da pretensão executória durante certo tempo. Há extinção de punibilidade
(art. 107; art. 109-119, CP). É de ordem pública (juízo de ofício; MP = arquivamento; Defesa =
preliminar). É um prazo material IMPRORROGÁVEL, no entanto, pode haver causas impeditivas,
repressivas e interruptivas.

Obs.: I. A doutrina explica a ocorrência da prescrição para trazer segurança jurídica ao infrator, por
luta contra a ineficiência do estado e justificando como uma insignificância imprópria;
II. Alguns crimes são imprescritíveis. Em âmbito interno eles só podem ser definidos pela
Constituição; em âmbito externo são todos os definidos e de competência do TPI (tribunal penal
internacional).

02. ESPÉCIES:

a) PPP (prescrição da pretensão punitiva) = acontece antes do trânsito em julgado, tendo todos os
efeitos apagados.

Obs.: não existe título executivo judicial.

b) PPE (prescrição da pretensão executória) = só ocorre após o trânsito em julgado, nesse caso, só
apaga o principal efeito da condenação.

Obs.: existe título executivo judicial, mas não é cumprido.

03. PPP (prescrição da pretensão punitiva): há extinção do direito do Estado de punir o agente por
ele praticar um fato considerado como crime pela lei. Suas modalidades são:

a) PPP Linear, Propriamente Dita, Abstrata: será calculada tomando como base para o cálculo a
pena máxima abstrata (que é aplicada para o delito).

Tabela do art. 109, CP:

Pena Prescrição
Menor que 1 ano 3 anos
Maior ou igual a 1 ano e menor
4 anos
ou igual a 2 anos
Maior que 2 anos e menor ou
8 anos
igual a 4 anos
Maior que 4 anos e menor ou
12 anos
igual a 8 anos
Maior que 8 anos e menor ou
16 anos
igual a 12 anos
Maior que 12 anos 20 anos
Obs.: I. Porte de Drogas = 2 anos; Multa = 2 anos; Morte = 30 anos;
Falta Grave = 3 anos; Dívida Ativa da Fazenda Pública = 5 anos;
II. O art. 115 traz atenuantes (menoridade [- 21 anos] a época dos fatos e senilidade [+ 70 anos] a
época da sentença) que reduzirão o prazo de prescrição a metade;
III. Causas de aumento e diminuição podem ser aplicadas, pois, de acordo com a lei, sabe-se quanto
pode ser aumentado.

- Termos iniciais (quando começa a contar o período de prescrição):

1) Para crimes consumados = data da consumação;

2) Para crimes tentados = data da cessação da tentativa;

3) Crimes permanentes (cuja consumação se prolonga no tempo. Ex: sequestro; tráfico de drogas;
posse ilegal de arma de fogo etc.) = data da cessação da permanência;

4) Crimes de bigamia ou falsificação no assentamento do registro civil = data em que o fato se torna
conhecido;

5) Crimes contra dignidade sexual dos menores de 18 anos = data que a pessoa (vítima) completa
18 anos, salvo se a ação penal já foi proposta.

- Causas impeditivas (não começa, se quer, a contar) e suspensões (interrompe a contagem):

1) Questões prejudiciais pendentes (dependem de questões de fora a esfera penal) = causa


impeditiva;

2) Cumprimento de pena no estrangeiro = causa impeditiva ou suspensiva;

3) Suspensão condicional da pena = suspensão;

4) Suspensão parlamentar do processo = suspensão;

5) Suspensão do processo do réu citado por edital, desde que não encontrado = suspensão;

30/11/2017

b) PPP Retroativa: A PPP retroativa se volta ao passado, aos momentos anteriores à publicação da
sentença penal condenatória. Ou seja, existe uma sentença, mas observa-se o tempo entre a data
da sentença e a data do recebimento da denúncia/queixa. Essa espécie de prescrição é
equiparada à declaração da inocência, para efeitos penais.

Obs.: é criação da jurisprudência. Não está expressa no texto da lei.

- Termo inicial: recebimento da denúncia (art. 110, §1º, CP).

Obs.: antes dessa mudança legislativa, contava-se como termo inicial a data do fato.

- Requisitos para que se possa aplicar a PPP retroativa:


1) Não ter ocorrido a prescrição pela pena em abstrato (linear);

2) Ter sentença penal condenatória;

3) Ter transitado em julgado a acusação (pois precisa ter uma pena estável para que saiba o
tempo da prescrição).

- Requisitos para encontrar o tempo de prescrição:

1) Verificar pena aplicada na sentença;

2) Ver prazo prescricional do art. 109, CP (tabela acima);

3) Verificar causas do art. 115, CP (atenuantes que reduzirão o prazo de prescrição a metade).

Obs.: pena hipotética entra em conflito com o art. 5º, LVII, da CF/88 (presunção de inocência).

c) PPP Intercorrente, Superveniente, Subsequente: leva em conta para o cálculo do prazo


prescricional a pena aplicada in concreto (utiliza a pena aplicada). Analisa o tempo da data da
sentença penal condenatória para frente (trânsito em julgado da acusação).

- Termo inicial: publicação da sentença condenatória recorrível e termina com o trânsito em


julgado definitivo.

- Requisitos para que se possa aplicar a PPP Superveniente:

1) Não ter ocorrido a prescrição pela pena em abstrato (linear) ou a prescrição pela pena
retroativa;

2) Ter sentença penal condenatória;

3) Ter transitado em julgado a acusação (pois precisa ter uma pena estável para que saiba o
tempo da prescrição).

- Requisitos para encontrar o tempo de prescrição:

1) Verificar pena aplicada na sentença;

2) Ver prazo prescricional do art. 109, CP (tabela acima);

3) Verificar causas do art. 115, CP (atenuantes que reduzirão o prazo de prescrição a metade).

04. PPE (prescrição da pretensão executória): há prescrição do direito do Estado de executar uma
pena que já foi concretizada o agente (ou seja, já existe contra a pessoa uma sentença penal
condenatória transitada em julgado que não teve prescrição de punibilidade em nenhuma
modalidade).

Obs.: I. Os efeitos penais ou extrapenais são mantidos, só apaga o efeito da condenação;


II. A pena precisa ser irrecorrível, ou seja, precisa estar transitada em julgado;
- Termos Iniciais: após a sentença penal condenatória irrecorrível.

- Base de Cálculo = pena concreta já transitada em julgado.

Obs.: I. Sendo reincidente, aumenta 1/3 para começar a contagem da prescrição (só não se aplica
para pena de multa) – Art. 110, CP.
II. Se tiver aumento de pena em decorrência de concurso formal ou crime continuado, usa-se
apenas o valor da pena base, ou seja, desconsidera o valor de aumento proveniente desse concurso
ou crime continuado.

- Requisitos para encontrar o tempo de prescrição:

1) Ver prazo prescricional do art. 109, CP (tabela acima);

2) Verificar causas do art. 110 (aumento do tempo da prescrição em caso de reincidência) e 115, CP
(atenuantes que reduzirão o prazo de prescrição a metade).

Obs.: em caso de fuga ou revogação do livramento condicional, abre-se novamente o prazo


prescricional pro Estado em relação à PPE, usando o restante de tempo que falta a ser cumprido
para saber de quanto é o tempo prescricional (art. 113, CP).

- Causas Interruptivas:

1) Início do cumprimento da pena;

2) Retorno ao cumprimento da pena.

- Causa Impeditiva: cumprimento de pena no estrangeiro.

05. CAUSAS INTERRUPTIVAS (zeram a contagem): Rol do art. 117: “O curso da prescrição
interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão
confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os
casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a
todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se
aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a
hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da
interrupção.”.

Obs.: são comunicáveis (no concurso de crimes ou no concurso de pessoas, se interromper para um
crime ou uma pessoa, interrompe para todos os crimes/pessoas).

06. PRESCRIÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA:

Podem ser pelos dois tipos, PPP e PPE:

a) Sendo PPP = prescreve no mesmo prazo da pena normal;


b) Sendo PPE = dentro da PPE na medida de segurança existem dois posicionamentos: 1) STF =
execução máxima = 30 anos = 20 anos para prescrever; e 2) STJ (mais garantista) = execução
máxima = mesmo do máximo abstrato da pena = cada tipo penal.

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