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A mudança nas práticas musicais caiçara no município de Guarujá - SP

Antes de adentrar nos objetivos deste texto, faz-se necessário explicar o que
nos diz o termo caiçara. A palavra “caiçara” vem do Tupi, caá-içara (Sampaio, 1987),
que teve como primeiro sentido denominar estacas fincadas em torno das tabas ou
aldeias e o curral feito de galhos de árvores fincados na água para cercar o peixe
(Adams, 2000). Com o passar do tempo, passou a ser o nome dado às palhoças
construídas nas praias para abrigar as canoas e os equipamentos dos pescadores e,
mais tarde, para identificar o morador de Cananéia (FUNDAÇÃO SOS MATA
ATLÂNTICA, 1992 apud Adams, 2000, p. 146) e que, mais tarde, passou a ser a
denominação local para aquelas comunidades e indivíduos que vivem ao longo do
litoral dos Estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Elas apresentam cultura
e um mundo de vida que os diferencia das comunidades tradicionais do interior
desses estados (caipiras) (Diegues, 1988, p. 9). A cultura caiçara é baseada na pesca
e na agricultura de subsistência no litoral das regiões do sul e sudeste brasileiro.

Este trabalho pretende analisar as mudanças nas práticas musicais dos caiçaras no
município do Guarujá (litoral sul de São Paulo, estado do sudeste do Brasil) à partir
de duas gravações, a primeira de 1977 gravada pela musicóloga Kilza Setti na praia
do Tombo e a segunda gravada na Prainha Branca (praia e vila caiçara) por um dos
moradores do lugar durante a folia de reis (trata-se de uma prática religiosa cristã
baseada no evangelho de Matheus (2: 1-12) que tem como simbolismo, a chegada
dos reis magos ao encontro do menino jesus em 6 de janeiro também conhecido como
dia de santos reis) em 6 de janeiro de 2017. Além das gravações será utilizada nesta
empreitada como base para a análise, a fala do "Passarinho" - puxador e zabumbeiro
da folia de reis na Prainha Branca- sobre a história da tradição da folia conseguida
através de uma entrevista de uma primeira ida a campo na Prainha Branca.

Esta investigação ainda se encontra em estágio inicial, sendo assim, serão


necessárias outras idas a campo com a proposta de desenvolver uma etnografia (um
dos arcabouços metodológicos da etnomusicologia) mais detalhada.

Referências Bibliográficas

ADAMS, Cristina. As Populações Caiçaras e o Mito do Bom Selvagem. Revista de


Antropologia, USP, V. 43 nº1. São Paulo, 2000
DIEGUES, A. C. S. Diversidade biológica e culturas tradicionais litorâneas: o caso das
comunidades caiçaras, NUPAUB-USP, Série Documentos e Relatórios de Pesquisa, n. 5. São
Paulo, 1988

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Dossiê Mata Atlântica. São Paulo, 1992.

SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. São Paulo: Brasiliana, 1981.

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