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Corrupção e uso abusivo de fundos do Estado no cerne da questão Pág. 3


Di

Max Tonela exonera directora-geral do IPEX


2 Savana 26-02-2016
TEMA DA SEMANA

Arcebispo da Beira e a tensão político-militar

Prioridade é calar as armas


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o
Por Argunaldo Nhampossa

N
uma altura em que as presentes para avançarem com
confrontações armadas iniciativas legislativas rrumo a uma

log
começam a atingir alvos descentralização mais profunda,
civis e o mês de Março porque, segundo ele, não se pode
indicado pelo líder da Renamo perceber como é que uma pessoa
para começar a governar as seis que ganhou eleições numa deter-
províncias onde reclama vitória minada província não tenha pa-
eleitoral se aproxima, o arcebispo lavra no processo governativo. O
da Diocese de Beira, Dom Cláu- vogal da CNE atirou responsabi-
dio Zuanna, avança que a prio- lidades também para as Organi-
ridade neste momento é calar as zações da Sociedade Civil que no

ció
armas e restituir o clima de esta- seu entender devem ser proactivas,
bilidade ao país. cultivar o espírito de reflexão crí-
tica e não se limitarem somente à
Alcançado este ponto, refere o prestação de serviços nas ONG´s.
Bispo que é preciso que se ini- Avança que, num momento como
cie um diálogo honesto, sincero este, as Organizações da Socieda-
e aberto a cedências de ambas as de Civil tinham de liderar acções
partes, principalmente para as re- de busca da paz, criarem propostas

so
formas do sistema político e do concretas e sobre a paz, enviá-las
Estado. Isto porque não existe al- às partes envolvidas e exigirem
ternativa ao diálogo e que a guerra respostas.
não reforça a capacidade negocial.
O Arcebispo da Diocese da Bei- Não há eleições livres
ra, Dom Cláudio Zuanna, diz que O deputado da Renamo, José
com o avolumar da tensão políti- “É preciso erradicar a arrogância, intolerância e agressões” — Dom Cláudio Zuanna, Arcebispo da Beira Manteigas, diz que a tensão políti-
co-militar no país a Igreja Católi- ca deriva da ausência de democra-
membros de partidos políticos e O país está em guerra partes estabeleçam antes de mais
par
ca redigiu uma carta para o Presi- cia no país, o que acaba resvalando
académicos. Para Manuel de Araújo, edil de os critérios que deverão nortear
um
dente da República, Filipe Nyusi, para eleições fraudulentas. Assim,
Para Cláudio Zuanna, a solução Quelimane, é preciso assumir que as negociações. Procurar resolver
e outra para o líder da Renamo, o seu partido pretende colocar um
desta tensão política e militar pas- o país está em guerra apesar de problemas e não ver as pessoas
Afonso Dhlakama, manifestando ponto final a esta situação. Enten-
sa pela necessidade de inutilizar ainda não estar oficialmente de- como sendo problema, pois a paz
a sua disponibilidade para mediar de que o seu partido tentou buscar
o diálogo entre as partes com o in- as armas: mandar calar as armas clarada e se faz sentir em sítios lo- é um assunto que preocupa todos
mecanismos pacíficos para resol-
tuito de trazer a paz de volta ao que estão nas mãos, parar com a calizados. Considera que esta situ- os moçambicanos. No entanto,
ver esse diferendo apresentando
país. No entanto, até ao momento aquisição de novas armas e não ação deriva da exclusão, porque o Nhambe diz que em negociações
duas propostas ao parlamento que
a Presidência da República ainda militarizar
izar o país espalhando ar- projecto de paz em Moçambique é preciso saber dar para poder re-
foram liminarmente chumbadas
não respondeu à missiva. mamento e homens armados pe- foi abandonado
abandonado. Para sustentar a ceber, e apesar de reconhecer a im-
pela bancada maioritária.
Segundo Zuanna, a Renamo já los diversos pontos. afirmação, aponta que o Acordo portância do projecto da Renamo
Acrescenta que o líder do seu par-
concordou com a proposta, mas Precisou que o governo e a Rena- Geral de Paz (AGP) não foi cum- de nomear governadores provin- tido, Afonso Dhlakama, manifes-
ainda não definiu as modalidades mo devem enfrentar sem reservas prido na íntegra e, consequente- ciais, o momento não é oportuno,
de

tou a disponibilidade de abando-


que deverão nortear a actuação e nem tabus os assuntos que estão mente, de um momento para o
mente porque carece de uma fase ampla nar as matas para o diálogo mesmo
dos Bispos na mediação, que regra por detrás da tensão política, abri- outro abandonou-se o processo de divulgação para que o povo depois de sofrer duas embocadas,
geral devem ser acertadas com o rem espaço para entrada de outros de partilha de poder que estava possa estar a par. Deste modo, diz mas de seguida foi emboscado na
governo. Diz o Bispo que, apesar actores no diálogo e que os líderes em curso. Mas, para Araújo, a gota que há que viabilizar a revisão da sua própria casa, o que mostra a
de não terem recebido a respos- se convençam de que a guerra não que fez transbordar o copo foram Constituição para que este mode- falta de comprometimento com
ta do governo, estão cientes que reforça a capacidade negocial. En- as reformas compulsivas dos ele- lo passe a vigorar a partir das elei- diálogo por parte do governo. No
Nyusi sabe da existência dessa in- tende o clérigo que é preciso que mentos da Renamo no exército. ções de 2019. entanto, aponta que não havendo
tenção, uma vez que os recebeu em se procure um instrumento para De acordo com o edil, a solução
audiência. sinais de abertura e nem garantias
adoptar reformas consensuais do para esta situação passa por re- Faltou inclusão de segurança para um diálogo ao
io

Uma vez que o diálogo não avan- sistema político e do Estado, onde pensar o Estado moçambicano, Para o vogal da Comissão Nacio-
ça e as confrontações armadas já mais alto nível, a Renamo só pode
todos estejam dispostos a fazer recuperando os fundamentos do nal de Eleições, Salomão Moyana, avançar com o seu plano de gover-
começam a fazer vítimas civis, o concessões num sistema em que o que ditou a actual situação de
AGP, que em muito vão ajudar nação que de princípio arranca no
Clérigo é da opinião que a prio- não há quem ganha mais e não há tensão político-militar foi a falta
para assegurar a boa governação, mês de Março.
ridade neste momento é silenciar de inclusão. A face visível desta
quem perde mais. a democracia e estabilidade políti-
as armas e parar com o clima de
ár

A arrogância, intolerância e as ca. Considera que estas acções vão falta de inclusão reflecte-se na au- Nada de chantagem
violência de modo a restituir um
agressões são males que, de acordo ajudar na promoção da reconcilia- sência de elementos da oposição Naquilo que constitui a estreia de
pouco de liberdade às populações
com o Bispo, devem ser encara- ção e inclusão dos actores políticos nas lideranças desportivas e nas António Niquice como novo por-
e estabilidade ao país.
“Se a convivência social não se dos com frontalidade e verdade, e na esfera pública. empresas privadas. ta-voz da Frelimo, este destacou
pautar pela verdade e pela justiça, tornar os pleitos eleitorais fiáveis Para o edil de Quelimane, a des- Assim, questionou qual é o ganho que a paz não pode ser hipotecada
é improvável que as armas se ca- para evitar situações deste géne- centralização afigura-se também que pode ter alguém que é exclu- com chantagens.
Di

lem ou não retomem voz”, disse. ro. Diz que a justiça é uma arma como um dos desafios a tomar em ído, humilhado e tudo o quanto Disse ser defensor da tese segun-
Zuanna considera que, uma vez defensiva imprescindível para a consideração. O projecto das au- propõe para o desenvolvimento do a qual é preciso transformar as
silenciadas as armas, deve-se de coesão social, isto porque a equi- tarquias provinciais traz mais van- da democracia é liminarmente preocupações que minam o de-
imediato começar um trabalho tativa distribuição dos benefícios tagens do que desvantagens para o chumbando. senvolvimento e estabilidade do
para se alavancar um diálogo sin- provenientes dos recursos do país país, porque constitui uma opor- Refere que de momento os mem- país em normas, mas para tal deve
cero, honesto e aberto para dar e é obra de justiça e defesa contra as tunidade para acomodação da eli- bros da Renamo não têm nada a haver abertura para um diálogo
receber. frustrações que fomentam a ten- te local na gestão da coisa pública ganhar em manter a paz e quem construtivo, sem apontar armas.
O dirigente da Igreja Católica são social. e do Estado, o que pode contribuir deve estar pressionado com tudo Para Niquice, o poder deve ser
na província de Sofala falava esta Zuanna defende a tese de que não para a manutenção da estabilidade isso é o Presidente da República, exercido dentro do quadro cons-
quarta-feira, num encontro de re- se pode utilizar os resultados elei- política no país. que deve parar de fazer apelos à titucional, pelo que é a favor da
flexão sob o lema “Situação polí- torais e a pertença partidária como paz, mas empenhar-se na sua bus- revisão constitucional para a des-
tica em Moçambique: Possíveis forma de fomentar a exclusão, sen- Governos provinciais para ca. centralização, mas antes disso é
soluções” promovido pelo Insti- do que a defesa de interesses par- 2019 De acordo com Moyana, a paz é preciso ouvir o povo, e a Renamo
tuto Holandês para a Democracia ticulares à custa do bem comum é Simeão Nhambe é de opinião conceito que deve ser traduzido deve perceber que as leis não po-
Multipartidária, que juntou diver- “caldo de cultivo” da desintegração que, para se ultrapassar a actual em acções de inclusão, tendo na dem funcionar numa perspectiva
sos actores desde a sociedade civil, social e de conflitos. tensão política, é preciso que as ocasião exortado os deputados retroactiva.
Savana 26-02-2016 3
TEMA DA SEMANA

Gestão danosa dos fundos da FACIM no cerne na questão

Max Tonela exonera directora-geral do IPEX


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o
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O
Ministro da Indústria e Rey-Estruturas e Eventos, LDA de- do cheque n.º 797953, a um cidadão ído no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, a directora-geral do IPEX desmen-
Comércio (MEC), Max via ter sido sujeito a uma fiscalização que não faz parte do quadro do pes- de 29 de Setembro. Em princípios tiu que haja pessoas fora do quadro

log
Tonela, exonerou a di- prévia pelo Tribunal Administrativo. soal do IPEX”, o que viola o estatu- de 2015, em entrevista ao SAVANA, a receberem dinheiro da instituição.
rectora-geral do Instituto A Santos & Rey-Estruturas e Even-
para a Promoção de Exportações tos, representada pelos cidadãos
(IPEX), Cecília Candrino. Teodósio José Lopes Rey e Mário
Candrino é indiciada de uso abusivo Filipe Bessa dos Santos, tinha por
e danosa dos fundos da instituição, missão prestar auxílio ao IPEX no
sobretudo, a parte destinada à or- melhoramento e alargamento das
ganização da Feira Internacional de estruturas da FACIM, tendo em
Maputo (FACIM). conta o número cada vez mais cres-
cente dos expositores.

ció
Fontes próximas do processo refe- Recorde-se que, em princípios de
rem que a decisão do ministro foi 2015, um grupo de trabalhadores
tomada depois de Tonela receber do IPEX denunciou ao SAVANA o
o relatório da comissão criada para negócio com a Santos & Rey-Estru-
averiguar as queixas dos trabalhado- turas e Eventos e outras práticas que
res daquela instituição. consideravam danosas. Na altura,
Depois da sindicância, os investiga- a directora-geral do IPEX, Cecília
dores concluíram que Cecília Can- Candrinho, a principal visada pelos
drino usou o seu poder para abusar funcionários da instituição, negou

so
dos fundos da instituição, violar os todas as acusações e disse que tudo
princípios legais que regem o uso de não passava de manobras de “ambi-
fundos públicos entre outras irregu- ciosos que querem o poder a todo o
laridades. custo”.
Para além de mandar Candrino ces- Explicou que, em 2011 e 2012, a
sar funções, Max Tonela ordenou o componente ora adjudicada a San-
envio do relatório da sindicância à tos & Rey-Estruturas e Eventos foi
Procuradoria Geral da República feita, com o visto do Tribunal Admi-
(PGR) para o devido prosseguimen- nistrativo, a duas empresas moçam-
to criminal. bicanas, que não nomeou.
um
Para o lugar de Candrino foi indica- Porém, o valor cobrado por essas
do João Macarringue, Presidente do duas empresas estava muito acima
Conselho de Administração (PCA) das capacidades do IPEX. Foi então
do IPEX, para dirigir interinamente que a direcção do IPEX, depois de
de forma cumulativa a instituição. ouvir a opinião dos funcionários e
do Conselho de Administração, saiu
Factos para o mercado à procura de alterna-
O último relatório do Tribunal Ad- tivas mais baratas.
ministrativo, referente à conta geral Candrinho frisou que, dentre várias
do Estado – 2014, diz que um dos propostas, a Santos & Rey-Estrutu-
maiores regabofes do uso abusivo ras e Eventos foi a mais viável.
do dinheiro dos contribuintes é o Segundo Candrinho, o IPEX ini-
de

IPEX, uma instituição subordinada ciou com demarches e foi contratada


ao Ministério da Indústria e Comér- a referida firma com aval do Tribu-
cio (MIC). nal Administrativo. No entanto, no
Segundo o TA, o IPEX tem gerido relatório e parecer do TA que temos
de forma pouco criteriosa a Feira estado a fazer referência, o Tribunal
Agro-Pecuária, Comercial e Indus- nega que tenha feito uma fiscaliza-
trial de Moçambique (FACIM). ção prévia.
Em 2014, o IPEX, dirigido por João Candrinho teceu, na altura, rasgados
Macaringue e Cecília Candrino, elogios a Santos & Rey-Estruturas e
pagou um total de 22.215.505,65 Eventos. Disse que era uma empresa
io

meticais à empresa privada Santos com largas credenciais nos domínios


& Rey-Estruturas e Eventos, LDA, de organização, montagem e gestão
“sem contrato e à luz de um memo- de feiras em Portugal e Angola, e é
rando celebrado com a mesma no a principal organizadora dos grandes
âmbito da prestação de serviços na eventos culturais na cidade de Ma-
ár

FACIM”. puto e os termos de parceria que esta


Os auditores do TA questionaram apresentava beneficiavam a firma as-
ao IPEX sobre a não celebração do sim como ao IPEX.
contrato, bem como os procedimen-
tos adoptados para a selecção da Pagamentos em numerário
empresa. Em resposta, o IPEX res- No relatório, o TA afirma que é
pondeu o seguinte: “tendo em conta igualmente prática no IPEX a emis-
Di

a falta de um orçamento específico, a são de cheques a favor de funcioná-


opção foi o memorando de entendi- rios que, posteriormente, são des-
mento, em que todos iríamos investir contados para atender a actividades
no pressuposto de se aferir os esfor- de funcionamento da instituição, em
ços e, posteriormente, compensá-los. numerário. Segundo o TA, em 2014
numer
Outrossim, teria sido interrompida a foram emitidos cheques no valor de
realização da FACIM, por manifesta 820.693,27 meticais a favor de fun-
incapacidade financeira”. cionários do IPEX, o que na óptica
Entretanto, os auditores do Tribunal do TA constitui violação do pre-
Administrativo lamentam que “des- ceituado no n.º 5.2 das Instruções
te pronunciamento, ressalta que os Sobre a Execução do Orçamento
gestores não indicam como esta em- do Estado da Direcção Nacional de
presa foi seleccionada e nem foram Contabilidade Pública.
apresentados os relatórios das activi- De acordo com o TA, foram tam-
dades desenvolvidas pela mesma. bém “abonadas ajudas de custo no
O TA faz igualmente notar que o montante de USD1.730 (equiva-
contrato entre o IPEX e a Santos & lente a 53.145,60 meticais), através
4 Savana 26-02-2016
TEMA
TEMADA
DASEMANA
SEMANA

Queda do muro da Piscina Olímpica do Zimpeto

O resultado das negociatas

o
Por Abílio Maolela

O
desabamento de uma público a entrar no debate pelas
das paredes de vedação piores razões (má qualidade), mas

log
da piscina olímpica do tem o condão de ter tirado a vida
Zimpeto, na noite do a um técnico nacional, que estava
último sábado, 20, e que vitimou a centésimos de chegar aos Jogos
nove pessoas, sendo oito feridos Olímpicos.
e um morto, no caso vertente, o A reabilitação da Avenida Julius
treinador do Golfinhos de Ma- Nyerere, na capital do país, é um
puto e seleccionador nacional, dos exemplos de obras frutos de
Frederico dos Santos, deixou a nu negociatas.
a negligência e falta de rigor na Regressando ao Complexo Des-

ció
construção e fiscalização de obras portivo do Zimpeto, o próprio
públicas, ou seja, manifesta fal- Estádio Nacional é fruto dos ne-
ta de seriedade dos empreiteiros gócios mal-parados.
envolvidos na construção e coni- No processo de construção da-
vência promíscua das pessoas que quele empreendimento, 4.5 mi-
aceitaram receber as obras. lhões de meticais desapareceram
entre o MJD e a Hiltron Moçam-
Recorde-se que o incidente, que bique (SAVANA, 18-07-2014),

so
vitimou Frederico dos Santos, uma empresa que fornece sistema
ocorreu quando este se encon- de segurança electrónica digital.
trava dentro da sua viatura com a O valor era referente à instalação
família e preparava-se para deixar O muro que deixou a nu as negociatas na construção das obras públicas
de 16 torniquetes, um sistema de
a piscina, após as primeiras jorna- controlo de entradas, algo que
das do campeonato da Cidade de obra, por via do fiscal, sempre que lação. Houve duas empresas con- da construção, observamos que os nunca mais aconteceu.
Maputo. julgue que as características dos tratadas, houve fiscalização. Os ventos que vinham do lado norte Fissuras, degradação dos portões
materiais fixados no projecto ou responsáveis serão responsabiliza- traziam muita areia à piscina e pe- e da vedação são outros aspectos
Ponta do iceberg? no caderno de encargos não são dos”, disse à imprensa o Ministro dimos que se construísse essa pa- que caracterizam o estado actual
um
Esta é apenas a face mais visível tecnicamente aconselháveis ou as da Juventude
entude e Desportos, Alber- rede”, revela Mendes, apontando do maior e melhor Estádio de fu-
da falta de rigor na construção mais convenientes, devendo, em to Nkutumula. a flexibilidade de concluir as obras tebol no país, para além de uma
de empreendimentos públicos, sede dessa comunicação-propos- Os especialistas, esses, só se vão como tendo sido responsável pela mata que cerca o Complexo e um
pois, no geral, o próprio complexo ta, inserir todos os elementos téc- pronunciar nesta sexta-feira, após “má” qualidade das mesmas. sistema de esgoto que imunda o
Desportivo do Zimpeto, o maior nicos necessários para a aplicação a conclusão dos trabalhos da Co- “Provavelmente porque havia local.
e mais moderno construído no dos novos materiais e execução missão de Inquérito, constituída muita pressa em aprontar a pis-
período pós-independência, es- dos trabalhos correspondentes,
espondentes, por quadros dos Ministérios da cina para os Jogos Africanos, terá Natação chocada
pecificamente no âmbito da rea- bem como da alteração de preços Juventude e Desportos, das Obras faltado fiscalização. Falta algumas Além da morte de Frederico dos
lização, em Maputo, dos X Jogos a que a aplicação daqueles mate- Públicas, da Saúde, do Trabalho, vigas para suportar a parede”, Santos, a parede da Piscina do
Africanos, evento que custou aos riais possa dar lugar e do prazo em peritos do Laboratório de Enge- constata. Zimpeto feriu atletas, dos quais
cofres do Estado Moçambicano que o dono da obra deve pronun- nharia de Moçambique e o Con- A fiscalização ainda não se pro- Denilson da Costa, que estava a
de

mais de 250 milhões de dólares ciar-se. selho Municipal de Maputo, con- nunciou, mas os empreiteiros 01:16 segundos dos Jogos Olím-
americanos (só na reabilitação de forme anunciou Adamo Bacar, garantem que seguiram todos os picos que, entretanto, ficaram
infra-estruturas), há muito que vi- A tragédia! Director do Fundo de Promoção aspectos técnicos que constavam adiados naquela noite.
nha mostrando sinais de uma de- Segundo contam algumas teste- Desportiva.
Despor do projecto. Alberto Nkutumula lamenta este
gradação precoce, quiçá, a ritmo munhas, o evento foi rápido e o Sendo assim, a questão que se co- facto: “Não podemos olhar apenas
acelerado. mesmo deveu-se à tempestade De elefante branco a mons- loca e que a Comissão de Inqué- para o aspecto físico, temos tam-
E esta situação está a deixar ató- que se fazia sentir naquela tarde- tro assassino rito terá de explicar é o que previa bém o desportivo. Temos atletas
nitos vários segmentos da socie- -noite de sábado, na capital do Desde a sua construção, em 2011, o Projecto daquela piscina, tendo feridos que, em princípio, tinham
dade, os quais questionam não só país, assim como às altas tempera- a Piscina Olímpica do Zimpeto em conta que a mesma não era do de representar o nosso país no
io

a qualidade das obras realizadas, turas (mais 40º C naquela tarde). foi sempre alvo de grandes deba- uso exclusivo dos Jogos Africa- Rio, mas estão impossibilitados”,
como o tipo de manutenção que Pedro Jalani, treinador de natação tes, devido a sua inoperância, uma nos, mas para “toda a vida”. disse, acrescentando que vai fazer
têm recebido por parte do Estado. e colega de Fred, no Golfinhos de vez que andava de avarias em ava- O Inspector das Obras Públicas, uma segunda visita ao Estádio
Aliás, há indicações de que as pa- Maputo, que assistiu à tragédia, rias, fazendo com que a natação, Alberto Andissene, pede a calma Nacional para “perceber os as-
redes, com mais de 10 metros de conta que foi por sorte que a sua na Cidade de Maputo, continuas- e remete as conclusões à Comis- pectos relativos à construção do
família não foi atingida pela pa- se a ser praticada na Piscina Rai-
ár

altura, nem sequer possuem pila- são de Inquérito. Complexo”.


res e vigas, o que não deixa de ser rede. mundo Franisse (25 metros). “Aquela obra teve um projectista, O facto é que o receio de ir ao
estranho e bizarro. E, provavel- “Havia um corte de energia e, por No momento em que começava uma fiscalização e um empreitei- ENZ nestes dias é maior e nin-
mente, muito mais obras públicas muita sorte, quando íamos entrar a ser movimentada com alguma ro. Portanto, se tiveram todas es- guém sabe como é que os pais, en-
podem estar na mesma situação. no carro foi quando a parede co- regularidade, eis que tira a vida sas pessoas, significa que aquelas carregados de educação e clubes
O empreiteiro que construiu o meçou a cair e saímos a correr”, de um dos ícones da natação mo- obras tiveram pessoas com conhe- poderão mandar os seus nadado-
Di

muro (Mota-Engil e Soares da detalha visivelmente emocionado. çambicana. cimento suficiente para elaborar res àquele local, após esta tragédia.
Costa), fiscalizado pela Técnica O estranho é que só a parede da O empreendimento foi constru- esse projecto, o que obrigou fazer Do momento, a Piscina do Zim-
Construtores, fugiu com o rabo piscina é que desabou naquela ído em 2011, para acolher os X os cálculos necessários para co- peto está encerrada e os campe-
à seringa e veio a público, esta noite, numa zona onde existem Jogos Africanos e é considerado o nhecer os efeitos. Neste momento onatos de natação da Cidade de
terça-feira, sacudir a poeira, afir- construções que não têm betão, mais moderno da África Austral, não podemos dar uma resposta Maputo foram suspensos.
mando que o mesmo tinha garan- como é o caso das residências da porém num país sem histórico de taxativa, a não esperarmos pelo “Estamos consternados e suspen-
tia de um ano, o que sugere que a famosa Vila Olímpica. boa manutenção. trabalho de inspecção”, disse An- demos a actividade de natação
sua queda era só uma questão de “É de difícil compreensão o que O ex-presidente da Federação dissena. pelo país. Estamos de luto”, disse
tempo. terá acontecido aqui. É uma in- Moçambicana de Natação, Gil- Fernando Miguel, presidente da
Na opinião de alguns entendidos fra-estrutura que não tem cinco berto Mendes, conta que, aquan- Negociatas? Federação Moçambicana de Na-
na matéria, a desculpa do emprei- anos. Ao redor há infra-estruturas do da construção daquele empre- Enquanto aguarda-se pelo re- tação, sublinhando: “nunca duvi-
teiro não passa duma mera fuga à que não são de betão que não so- endimento, a sua direcção pediu latório, que na prática dirá que damos da qualidade das obras”.
responsabilidade, na medida em freram como esta. Vamos esperar ao empreiteiro que construísse “houve negligência”, o facto é que Recordar que os restos mortais de
que, em obras daquela envergadu- os especialistas na matéria que aquele muro por forma a evitar os este acidente deixou a nu mais um Frederico dos santos foram a en-
ra, o empreiteiro tem a obrigação nos digam o que aconteceu. Não ventos vindos do sentido norte. produto de negociatas. Este não terrar nesta quarta-feira, na Cida-
de sempre comunicar ao dono da nos queremos guiar pela especu- “Quando se estava no processo é o primeiro empreendimento de de Maputo.
Savana 26-02-2016 5
TEMA
SOCIEDADE
DA SEMANA
6 Savana 26-02-2016
SOCIEDADE

Restrições no fornecimento de água vão continuar por longo tempo na região de Grande Maputo

Gestores do FIPAG sem soluções à vista


Por Argunaldo Nhampossa

o
A
s sistemáticas restrições de Maputo voltaram a ficar pri- O dirigente da entidade respon- manutenção na segunda unidade espera que o impacto das restri-
no abastecimento de vadas do precioso líquido, o que sável pelo abastecimento de água no sistema de captação, falta a ções seja menor em relação às que
água que se verificam as levou a percorrer longas dis- disse que, depois das obras de terceira,
a, por sinal a mais antiga, e se verificaram recentemente.

log
na cidade e província tâncias.
de Maputo, devido às interrup- Desta vez, a culpa foi atribuída à
ções no fornecimento de energia interrupção da corrente eléctrica
eléctrica à estação de tratamento na linha que abastece a estação de
de água de Umbeluzi, continuam tratamento de água de Umbeluzi,
longe de ser sanadas. no distrito de Boane, que, segun-
do Paulino, precisa no máximo de
De momento decorrem estudos três dias para voltar à normalida-

ció
para se apurar uma fonte alter- de.
nativa de energia eléctrica que se É justamente aqui onde surgem
mostre viável. várias inquietações por parte dos
No entanto, Pedro Paulino, direc- clientes que questionam a com-
tor do Fundo de Investimento e petência dos gestores do FIPAG
Património para o Abastecimen- por não ter uma fonte alternativa
to de Água (FIPAG), diz que a para o fornecimento da corrente
energia com recurso a gás, explo- eléctrica caso se verifiquem restri-
rada em Ressano Garcia, está na ções na EDM.

so
dianteira em relação ao uso de A situação não é das melhores.
um gerador industrial ou painéis A EDM enfrenta também sérios
solares. problemas no fornecimento da
Os moradores da cidade e provín- corrente eléctrica, tendo já torna-
cia de Maputo deverão continuar do público que precisa de um ano
a apostar em mais reservatórios para que o sistema volte à norma-
de água para fazerem face às lidade.
eventuais restrições no forneci- Pedro Paulino, que falava na au-
mento deste líquido vital decor- diência concedida aos deputados
um
rentes de problemas na corrente do Movimento Democrático de
eléctrica. Durante 10 dias, os re- Moçambique na Assembleia da
sidentes dos dois pontos ficaram República, disse que Maputo é
privados de água, que, segundo o único local onde não se recorre
Pedro Paulino, se deveram à re- a sistemas alternativos de gera-
abilitação duma das unidades na ção de energia. Isto porque a sua
estação de tratamento. grandezaa não viabiliza o investi-
De acordo com o director do FI- mento num sistema de geradores.
PAG, a Estação de Tratamento Avança Paulino que estão em
de Água (ETA) funciona com curso estudos paraa encontrar uma
três unidades de captação, das fonte alternativa à EDM, que
de

quais duas já são bastante antigas pode ser o uso de painéis solares,
e necessitam de substituição. corrente com recurso a gás ou
Assim, o FIPAG teve de repor mesmo geradores, desde que os
o sistema de filtragem, mudou custos operacionais sejam viáveis.
bombas e fez a revisão das válvu- Referiu ainda que, para além de
las. ter firmado um acordo com a
No entanto, dois dias após o fim EDM no sentido de que tudo
destes trabalhos e o respectivo fará para que a ETA seja a última
anúncio do retorno à normalida- instância a não ter energia, estão a
io

de do fornecimento de água, as negociar uma terceira redundân-


populações da cidade e província cia na estação de tratamento.
ár
Di

Escassez de água vai continuar na Cidade de Maputo caso prevaleçam restrições


no fornecimento de energia
Savana 26-02-2016 7
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8 Savana 26-02-2016
SOCIEDADE

Confessa Maria Pelembe, antiga combatente

“Não é este Moçambique que


sonhávamos quando fomos à luta”

o
log
Por Armando Nhantumbo
Primeiro recua aos seus tempos não o conheci, mas deixou o legado cia, mas democracia não é isso, é unir
de namoro com o então comissá- da unidade nacional que até hoje o povo para uma única coisa.
rio político de Tete, João Facitela estamos a lutar para transmitir aos Desde 2012 que o risco de uma
Pelembe, para lembrar que, na sua nossos jovens. Sobre o presidente guerra, mais do que nunca, tor-
chegada a Tanzânia para a prepa- Samora, quando saio da base em nou-se real num país que era tido
ração político-militar, todos que- Tete para Tanzânia, eu já levava guia como referência em termos de
riam conhecer “essa menina que é como namorada do comissário polí- reconciliação pós-guerra. Mas as
namorada do nosso dirigente”. Um tico provincial, João Facitela Pelem- teses actuais referem que desde

ció
dirigente que com a independência be, então, quando chego a Tanzânia, 1992 que vivemos uma paz arma-
nacional foi Governador de Gaza a primeira coisa é que tinha de ser da. O que é certo é que hoje, 2016,
e Inhambane. A seguir, Maria Pe- conhecida, quem é essa menina que estamos a celebrar mais um Dia
lembe, uma antiga combatente é namorada do nosso dirigente e dos Heróis com um futuro incerto
da Luta de Libertação Nacional, realmente convivi com o camarada ainda. O presidente Nyusi diz que
revela, entre risos, que o primeiro presidente Samora. Quando estives- é difícil dialogar com a Renamo e
presidente de Moçambique Inde- se em Nachingwea, ele gostava de a Renamo, por seu turno, diz que o
pendente morreu sem devolvê-la visitar os treinos, então, num pleno presidente da República é que não
seu terço, objecto religioso com treino eu estava a treinar com um é sério. Mas no meio destas acusa-

so
que Samora Machel terá ficado no grupo das mamãs que vinham de ções, gravita um discurso cheio de
Campo de Preparação Político- Tunduro e eu era a mais nova. Trazia certezas vindo do presidente Afon-
-militar de Nachingwea e que pro- eu o terço da Missão, com os meus so Dhlakama: governar o Centro e
metera devolver assim que a luta 16 anos e ele chega na nossa fila e o Norte, a partir do próximo mês.
terminasse. Só depois é que con- faz algumas perguntas tipo como se Se lhe pedíssemos para apontar as

Ilec Vilanculos
fessa que este não é o Moçambi- chamava, quantos anos tinha e de- falhas com franqueza, o que diria?
que que sonhava quando abraçou a pois ele diz: “olha, aqui na guerra nós O que está a falhar é ele (Afonso
luta. Siga a entrevista realizada no também rezamos, mas primeiro lu- Dhlakama) que não está a entender
quadro das celebrações do mês dos Algumas pessoas pensam que democracia é abusar ou matar o outro tamos e depois rezamos senão atra- as coisas. A falha é ele. A mente dele
heróis moçambicanos, cujas ceri- palhamos as duas coisas ao mesmo não o ajuda muito. Em todos estes
um
mónias centrais decorrem a três de E o que foram os dias seguintes? dos outros. Na Missão, realmente, tempo, então, pode emprestar-me o anos que houve eleições e vem per-
Fevereiro de cada ano. Depois de umas férias de uns 30 dias, eu prestei primeiros socorros, auxi- terço que traz para eu ver”. Eu tirei o dendo, ele ainda não acredita que
fui à base. Fiquei na base de Chadi- liando a Freira, que era enfermeira terço e entreguei e ele disse: “olha, eu perdeu, então, ele quer poder à força.
Esteve directa ou indirectamente za, fiquei na base de Cassuende e, e, em Tanzânia, depois dos treinos vou guardar o terço, quando acabar Que soluções?
envolvida no processo da luta pela em Novembro, no mesmo ano de no Campo de Preparação Político- a guerra vou te entregar porque se- A solução é o diálogo. Veja que até
independência de Moçambique, 1970, é quando uma única menina -militar de Nachingwea, fiquei ins- não atrapalha”. Então, eu entreguei o agora há disponibilidade da parte do
até porque reza a história que rece- integraa no grupo dos camaradas que trutora antes de fazer o curso de terço e acreditei que, a qualquer mo- nosso presidente (Nyusi) para dialo-
beu treinos militares na Tanzânia. já estavam preparados para ir treinar enfermagem em Mtuara. Só depois mento, a guerra ia acabar e voltaria gar com o líder da Renamo, mas ele
Fale-nos na primeira pessoa desse em Nachingwea. Fui a única mulher é que fui fazer o curso de enferma- a fazer aquela vida que eu fazia. Foi não diz nada, a única coisa que sabe
no grupo daqueles 79 homens que gem em Mtuara e, mais tarde, voltei dizer é que em Março vai governar
seu percurso? muito interessante porque o tempo
comigo somávamos 80 pessoas que para a zona libertada onde fui tra- as províncias onde ganhou.
Chamo-me Maria de Fátima foi passando e ele não apareceu para
timos da base da Cassuende.
partimos Que ele não diz nada não é ver-
Mwanza Pelembe. Nasci no distrito balhar num infantário com cerca de me entregar o terço.
de

dade. Nas suas aparições, Afonso


da Marávia, província de Tete, onde O que significou ser uma mulher 280 crianças dos zero aos 12 anos Equacionou exigir, um dia?
Dhlakama diz que a Frelimo sem-
cresci e fiz os meus estudos iniciais, no meio de homens, uma mulher e atendia também as populações Não precisei de exigir, até porque já pre o enganou…
da 1ª até a 2ª classe. Os meus pais na guerra? daquela zona, mas depois viu-se a tenho outro terço. Mas se vermos, nesses processos
eram camponeses. Foi na Missão Não digo honrada, mas senti-me necessidade de ir fazer obstetrícia Quando abraçou a luta pela inde- eleitorais que tivemos, quem esco-
Sagrada Coração onde frequentei a importante. Viajamos, não tive pro- para ajudar também na assistência pendência nacional tinha, certa- lheu os presidentes foi o povo, então,
3ª e 4ª classes. Fui estudando, mas blema nenhum com eles e nem eles ao parto. Foi assim que voltei para mente, um ideal por atingir. Será não pode ser a Frelimo a enganar o
por aí anos 1968 a 1969 já ouvíamos comigo. Conversávamos, mas eu es- Mtuara para fazer curso de parteira este de hoje o Moçambique que Dhlakama. O Dhlakama também
falar do movimento de libertação tava a sentir que afinal ia fazer algo já num hospital tanzaniano. Quan- almejava? tem de saber que é o povo de Mo-
nacional que é a Frelimo, mas era importante pelo meu País. Mas tam- do regressei ao país, já fazia as duas Nós trouxemos o legado de viver- çambique, é filho de Moçambique,
tudo clandestino. Em Julho de 1970, bém o meu objectivo era continuar coisas com segurança: assistir parto mos em paz, unidos e construirmos então, ele é quem tem dificuldades
io

a Missão tinha de fechar porque já estudar


a estudar. e fazer cuidados gerais à população o nosso Moçambique, mas os dias de de perceber e não foi enganado e
não havia condições de os alunos Foi formada como parteira e, no e as crianças do infantário. Mesmo hoje são diferentes. Não é este Mo- de nenhuma maneira a Frelimo en-
continuarem a estudar e maior par- decurso da luta, cuidou de crianças com os guerrilheiros que vinham das çambique que nós sonhávamos. ganou o povo. Se a Frelimo tivesse
te da população já estava refugiada órfãs em infantários implantados bases principalmente de Cabo Del- Com que Moçambique sonhava enganado o povo, todos estaríamos
para Zâmbia. nas zonas libertadas, mas também gado e Niassa, quando estávamos em juntamente com a sua geração? enganados. Então, ele é que não está
ár

Na véspera da saída da Missão para prestou assistência médica e me- Mtuara, fizemos esta acção de trata- Nós não sonhávamos que entre nós bom. Só temos de ajudá-lo para es-
Tete, a minha irmã, que já estava nas dicamentosa aos guerrilheiros da mento. irmãos, depois da independência, tar no nosso seio, estarmos juntos
fileiras da Frelimo, veio buscar-me Frelimo. Onde buscou essa paixão É antiga combatente. Fale-nos houvesse guerra, porque o outro não como moçambicanos, desenvolver-
com o pretexto de que a minha mãe de cuidar de vidas humanas? da sua participação nas frentes de concorda com o que acha que não mos o nosso país porque ele também
estava gravemente doente na Zâm- Eu já na Missão prestava apoios a combate. está bom para ele. Nós tivemos a é filho deste país, só tem dificuldades
bia e eu fui…naquela coisa de que a madres superiores porque a nossa Quando nós acabamos o nosso curso guerra dos 16 anos com a Renamo, de perceber as coisas.
minha mãe estava doente. Missão era o Centro e estava perto de enfermagem, fomos destacados mas os próprios promotores dessa Além desta tensão político-militar,
Di

Como foi o percurso Tete-Zâmbia, do quartel dos soldados portugueses para Cabo Delgado, estivemos na guerra estavam connosco na luta. o que significa para si celebrar o
num clima de luta armada? e era o único sítio com hospital em base Nangololo, na base Beira e, no Então, não contávamos que isso ia mês dos heróis, em meio a assassi-
Fomos passando pelas bases e en- que vinham soldados portugueses mesmo dia em que chegamos à base acontecer e nem era para isso que nato ou tentativas de assassinatos,
contrei camaradas com armas, meni- feridos para os primeiros socorros Beira, fomos atacados pelo inimigo, estávamos a lutar. Estávamos a lutar em meio à corrupção e impunidade
nas também como eu a correr de um e só depois é que eram evacuados então, tivemos de pôr em prática o para que ficássemos todos unidos, das elites predadoras, em meio à
lado para o outro e vi que também com meios próprios para Tete ou nosso conhecimento de treino e de- entendermo-nos e auxiliarmo-nos. subida galopante do custo de vida?
podia fazer aquele trabalho, então sede do distrito de Marávia. Acho fendermo-nos (risos). Não esperávamos que aparecesse um As pessoas devem perceber o sacri-
senti aquela vontade de fazer parte que foi vocação mesmo de nascença ou dois ou um grupo a dizer “esta fício feito para estarmos indepen-
daquele grupo porque afinal eram porque mesmo quando criança eu O terço que Samora parte do País é minha”. dentes e não há razão para haver
meninas como eu. recrutava crianças das vizinhas para Machel não devolveu Refere-se à Renamo? corrupção. Eu não estar a roubar
Então, pesou o amor de mãe ou de lhes dar banho, não gostava de ver Estamos no mês dos heróis. Recor- Pode estar na conjuntura porque para meu irmão moçambicano, não
libertar o país? uma criança suja, mesmo no meio da-se de alguns momentos que teve algumas pessoas pensam que de- assassinar meu irmão moçambicano,
Primeiro fui a Zâmbia, onde esta- daquela pobreza, sem muita roupa com aqueles que são recordados a mocracia é abusar o outro, é matar o é essa cultura que temos de transmi-
vam os meus pais. A minha mãe não boa, mas não importava de quem era cada três de Fevereiro? outro, é desfazer aquilo que o outro tir. Nós temos de recordar que passa-
estava doente. Era uma maneira de o filho, eu gostava de colocá-las em Quando cheguei em Tanzânia, em construiu. Até isso do líder da Rena- mos sofrimento, mas agora estamos
vir me tirar porque era a única filha fila, dar-lhes banho, então, acho que 1970, Eduardo Mondlane já tinha mo também não é democracia, mas independentes, é só pelo bem-estar
que estava fora da família. dali nasceu essa vocação de cuidar sido assassinado em 1969, portanto, ele canta muito ser pai da democra- que nós devemos lutar.
Savana 26-02-2016 9
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10 Savana 26-02-2016
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Nos estábulos de Marracuene e Chiango

Contaminação de cavalos divide partes


A
contaminação e a conse- feridos compreendeu a realização de

o
quente morte de três dos exames especializados em cada cava-
47 cavalos afactados, nos lo, bem como uma profunda análise à
estábulos de Marracuene, história clínica e bem-estar de cada
província de Maputo, e Chiango na um deles.

log
cidade de Maputo, devido ao con- “Desde a ocorrência da contami-
sumo de ração contaminada, está a nação, a CIM importou, da vizinha
dividir os proprietários dos animais África do Sul, agindo à cautela, feno
e a empresa fornecedora do produto. considerado como sendo do mais
adequado para a alimentação de ca-
Os gestores dos estábulos de Tsama- valos que estão em seguimento, para
dhi, no bairro de Chiango, disseram que fossem maximizados os resul-
à STV que a contaminação está a tados do tratamento que estava a
provocar danos avultados e exigem ser-lhes disponibilizado, o que teve

ció
altas indeminizações. Já os gestores resultados extremamente positivos”,
do estábulo da El Paso, no distrito frisou.
de Marracuene, sentem-se satisfeitos A empresa refere que os exames de
com a resposta da companhia forne- avaliação físico-cardíaco deveriam ser
cedora da ração. realizados em duas etapas para ga-
Por seu turno, a direcção da Com- Companhia Industrial da Matola e sua seguradora buscam saídas minorar danos provocados pela contaminação de ração rantir maior acurácia dos resultados.
panhia Industrial da Matola (CIM) junto aos criadores de cavalos Posto isto, a primeira etapa ocorreu
reconhece o facto e diz que tudo está em início de Abril de 2015 e, embora
a ser feito no sentido de compensar especial para os animais. alguns cavalos. dido com profissionalismo e rigor, grande parte dos cavalos mostrasse
os lesados dentro dos acordos estabe- Para tal, a firma importou ração e ca- Numa missiva dirigida à nossa redac- em estreita coordenação e colabora-

so
sinais de cura nessa altura, os mesmos
lecidos entre os clientes, a firma e a pim da África do Sul para alimentar ção, a CIM sublinha que se tratou de ção com os proprietários dos animais foram mantidos num programa de
seguradora. os animais durante todo o processo uma situação que tinha sido origina- afectados. reabilitação até finais de Maio (data
O filme que agora poderá desaguar de recuperação. da nos locais de processamento da Reconhece que a triste situação de prevista para a segunda etapa) por
em outros fóruns começa em meados A nossa entrevistada diz que ficou ração destinada a cavalos, bem como contaminação se verificou na secção recomendação dos médicos veteri-
de 2014 quando a ração fornecida aos bastante satisfeita com o protocolo, outras rações dentree as quais a ração fabril única e, exclusivamente, reser- nários.
dois empreendimentos para o con- acompanhamento e atenção disponi- para pintos, sendo que esta tem o po- vada à produção de ração animal e Sublinha que a gestão do processo
sumo de cavalos mostrou sinais de bilizada pela companhia responsável tencial de causar alguns problemas a a CIM procedeu, com a assistência compreendeu, ainda, a adopção de
contaminação. pelo fornecimento da ração. outras espécies animais, o que viria de especialistas locais e estrangeiros, certas medidas económicas, como a
A consequência directa dessa situ- A rápida intervenção da companhia a registar-se pontualmente em dois mantendo, sempre, uma comunica- realização de ‘pagamentos adianta-
um
ação foi a doença dos cavalos e que minimizou danos à sua estância na estábulos. ção aberta, tempestiva e transparente dos’ às empresas, para que não expe-
culminou com o enfraquecimento e a medida em que apenas dois cavalos
Acrescenta que durante o período com os proprietários dos dois está- rimentassem problemas de fluxo de
morte de alguns animais. é que não resistiram e acabaram su-
de assistência, cuja gestão foi direc- bulos, em Marracuene e Chiango, à caixa como resultado da interrupção
No entender dos gestores da Tsama- cumbindo. 12 já recuperam e desem-
tamente efectuada pela seguradora assistência aos animais. das actividades de hipismo que de-
dhi, o incidente criou graves danos penham as suas actividades normal-
coordenaç
Global Alliance em coordenação Diz que a avaliação levada a cabo senvolviam.
à firma e ficou sem a sua principal mente e dois continuam ainda em
com a empresa e tudo foi empreen- pelos médicos veterinários atrás re- (RS)
fonte de negócio já que os cavalos recuperação.
mostraram-se incapacitados de de- Tendo em conta a assistência dispo-
senvolver suas actividades. nibilizada pela firma, a gestora diz
Devido a esses danos, a Tsamadhi que estão reunidas todas as condições
exige da companhia fornecedora da para que a estância recupere, no mais
ração o ressarcimento pelos danos curto espaço de tempo, os animais
de

causados. perdidos.
Noutra vertente, os gestores do está- “A empresa mandou fazer todos os
bulo de El Paso disseram que é uma exames aos cavalos, trouxe especialis-
realidade que os seus cavalos ficaram tas e disponibilizou uma alimentação
doentes depois de ingerir ração con- especial aos animais. Toda a alimen-
taminada com um produto desfavo- tação dos cavalos vem da África do
rável àquela espécie. Sul às expensas da companhia. Tudo
Segundo a gestora daquele comple- está a correr muito bem”, elogiou.
xo, que para além de hipismo oferece O incidente, que não teve nenhum
serviços de acomodação, o incidente impacto em seres humanos, regista-
io

verificou-se depois de consumir o re- ra-se na fábrica em que ração era pro-
ferido produto. duzida e armazenada para posterior
Contou ao SAVANA que, após o venda ao mercado.
sucedido,, o seu estabelecimento co- Por seu turno, o CIM reconhece a
municou imediatamente a empresa situação e diz que a empresa está,
responsável pelo fornecimento do desde finais de 2014 até ao presente
ár

produto que é a Companhia Indus- momento, envolvida num proces-


trial da Matola (CIM). so de assistência a duas firmas que
Diz que a CIM respondeu de imedia- se dedicam à equitação, locais onde,
to a preocupação e enviou uma equi- acidentalmente, foram contaminados
pa para averiguar a situação. Todo o
plano de recuperação dos animais foi
Di

acordado entre CIM, a seguradora e


a estância.
Continua referindo que, após a cons-
Aluga-se
tatação, foram feitas as devidas análi-
ses e enviados veterinários a partir da
África do Sul a fim de prestar assis-
um contentor
tência aos cavalos.
Conta a gestora que a empresa forne- para Mercearia ou outros
cedora da ração submeteu os animais ÀQVQD$Y/XUGHV0XWROD
a todos os exames possíveis e cada um %DLUURGH0DJRDQLQH
foi tratado de acordo com a gravidade
da contaminação.
SDUDJHPÀPGR0XUUR
Em coordenação com os proprie-
tários da estância, a CIM desenhou
Contactos
um plano de recuperação dos cavalos 82 8815880
que consistiu na disponibilização de
veterinários e de uma alimentação 84 0651802
Savana 26-02-2016 11
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Informamos que as
aulas do primeiro
semestre do ano lectivo
de 2016, terão início no
dia 22 de Fevereiro
12 Savana 26-02-2016
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WWF denuncia saque dos recursos naturais

Corrupção começa no licenciamento

o
Por Argunaldo Nhampossa

O
Fundo Mundial para a víncia de Tete, disse que há 300
Natureza (WWF) consi- operadores com licenças de regime
dera que uma verdadeira simples onde cada um explora 10

log
reforma no sector madei- mil hectares, o que se mostra dema-
reiro deve começar pela reestrutu- siado para este modo de operação.
ração do processo de licenciamen- A deficiência na fiscalização foi ele-
to dos operadores florestais nesta mento destacado no relatório que
área. estima uma perda anual de cerca de
De acordo com esta organização, hectares de área florestal.
219 mil hectar
é preciso imprimir maior trans- De modo a reverter esta situação,
parência na atribuição das licen- diz ter chegado o momento de o
ças porque é aqui onde começa a MITADER tomar medidas cora-

ció
corrupção, uma vez que há gente josas para colocar um basta a es-
poderosa que consegue licenças, tas mordomias e fazer com que o
mas em contrapartida não tem ca- sector passe a contribuir para o de-
pacidade para operar e nem sequer senvolvimento nacional. Uma das
+iRSHUDGRUHVÁRUHVWDLVTXHYHQGHPOLFHQoDVDVFKLQHVHV medidas necessárias é a inclusão no
possui um plano de maneio para
um desenvolvimento sustentável do Mundial para Natureza, apon- da entidade reguladora, sem deixar Devido a este tipo de práticas, en- regulamento deste sector, da obri-
das comunidades locais. ta que um dos grandes problemas de lado as alianças políticas. Como tre 2003 e 2013, o país perdeu cerca gatoriedade do pagamento da taxa
Esta foi uma das recomendações do sector de exploração florestal da se sabe,, os maiores detentores das de USD 540 milhões somente com de ocupação pelo operador, facto
do relatório de avaliação dos ope- madeira está no processo de licen- licenças são generais ligados à no- a exportação ilegal de toros de ma- que pode contribuir para redução

so
ciamento. menklatura. deiras par
para China. de excessivas áreas de exploração.
radores florestais madeireiros leva-
Refere que é preciso torná-lo cada O estudo socorreu-se de seis itens O Estudo da WWF constatou a Aliás, planeia-se a suspensão por
da a cabo entre Novembro do ano
vez mais transparente, sendo que paraa avaliar 900 operadores, tendo existência de 1025 exploradores dois anos da concessão de novas
passado e Janeiro deste ano, pela
antes de mais deve haver uma am- concluído que a maioria deles não de madeiras em regime de licença licenças simples, o que vai abrir es-
WWF em parceria com o Minis-
pla campanha de divulgação do tem capacidade técnica para explo- simples, a corrida desenfreada a paço para a reorganização do sector.
tério da Terra, Ambiente e Desen-
No entanto, no âmbito da proposta
volvimento Rural (MITADER), processo, dos requisitos, sem dei- rarem a madeira como emanam as este tipo de licenças deve-se ao fac-
de reforma do sector madeireiro, o
que será lançado nos próximos dias. xar de lado a vistoria, a fiscalização regras. De acordo com Mabunda, to de apresentar poucas exigências
SAVANA sabe que o MITADER
A iniciativa insere-se no âmbito da permanente dos planos de maneio, esta situação faz com que os ope- que mesmo assim não são cumpri-
prevê auditar todas as concessões
reforma florestal que está sendo de- a informatização do processo para radores vendam as suas licenças aos das. no país e suspender por cinco anos
um
senvolvida pelo governo moçambi- um contínuo acompanhamento chineses ou optem pela troca com Enquanto que operadores em regi- a exploração de pau ferro, madeira
cano, em virtude de reconhecer que para evitar a múltipla atribuição de equipamentos. me de concessões florestais rondam preciosa furtivamente exportada
este sector tem um forte potencial licenças. É que um dos requisitos para a os 211. Diz haver muitas licenças para China. Esta decisão, segundo
na geração de receitas, sendo que a Entende Mabunda que é preciso concessão da licença é de ter equi- ilegais, ou seja, operadores com o MITADER, visa salvaguardar
exploração ilegal da madeira é um que haja uma boa colaboração entre pamentos para abate, araste e carre- licenças mas sem processo nas au- a espécie que tem estado a sofrer
mal por erradicar. o MITADER e as autoridades pro- gamento. Mas na prática acontece toridades provinciais, o que mostra uma enorme pressão. Pau-ferro,
O estudo foi realizado em nove vinciais, uma vez que estas últimas que muitos dos nacionais não têm a existência de corrupção, uma vez mondzo, jambire, chanate ou umbi-
províncias nacionais com excepção é que são responsáveis pela atribui- e acabam por vender licenças a que as licenças falsas são atribuídas la são algumas das madeiras prote-
da província e Cidade de Maputo, ção das licenças. Isto porque a nível preços que rondam 250 mil meti- pelos fiscais. gidas, mas que acabam por encon-
tendo apurado que as províncias das províncias abrangidas pelo es- cais, ou optam pela troca da licença A avaliação apurou também que os trar forma de chegar aos mercados
de Manica, Tete e Zambézia são as tudo verifica-se uma feroz corrida pelos equipamentos para depois cortes de madeira estão acima do internacionais, com destaque para a
de

mais críticas. para obtenção de licenças, mesmo solicitarem outra, ou ainda firmam admissível e não há uma verdadeira China. Espera-se que este ministé-
Em conversa com o SAVANA, na sem observância
vância dos requisitos. outro tipo de parcerias. Os esque- exploração florestal que estabelece rio submeta à Assembleia da Repú-
antevisão do lançamento do estu- Avança que é aqui onde começam mas de corrupção com os fiscais quotas para abate, reflorestamento blica uma proposta de revisão da lei
do, Rito Mabunda, coordenador a surgir esquemas de corrupção não ficam de lado caso o período e desenvolvimento comunitário. de florestas, de modo a adequá-la à
do programa de florestas no Fun- entre os requerentes a funcionários de licenciamento tenha findado. Tomando como exemplo a pro- nova realidade.

Dinheiro de indemnização por despedimento sem justa causa

Tribunal da Zambézia aldraba cidadão


io

Por Armando Nhantumbo


ár

E
m 2001 foi expulso da meticais), pagos pela Geralco em da Zambézia, importa referir que Conta ao nosso jornal que desde
então empresa Geralco indemnização a Regado, com a o valor em causa não desapareceu, 2002 que vive em casas arrendadas,
SARL,L, em Quelimane, promessa de que iria canalizar foi depositado na conta dos depó- em Maputo, onde procura junto
Zambézia, sob acusação o valor ao legítimo proprietário. sitos obrigatórios e o processo foi dos órgãos centrais de justiça ver os
de ter furtado um pedaço de sa- Mas a verdade é que, desde 2004, remetido ao Tribunal Supremo”. seus direitos restituídos, uma bata-
bão que, ao que mais tarde ficou quando a empresa condenada Ou seja, Regado ganhou a cau- lha que está a ser dura e a se revelar
Di

provado, usou-o simplesmente liber


libertou o cheque, Regado ain- sa, mas o Tribunal provincial cada vez mais intransponível, sob
para lavar roupa do serviço depois da não viu o que é devido, con- da Zambézia recusa-se a li- olhar impávido de quem é de direito.
de mais uma jornada de trabalho. tinuando hoje na longa espera. bertar o valor referente à inde- Afirma que, em Quelimane, deixou
Bateu as portas de tudo o que é minização, lá vai uma década. uma família, uma esposa e qua-
Inconformado com o despedimen- órgão de justiça, incluindo de so- tro filhos, um dos quais em 2015
to que, em sede de Tribunal, foi berania para pedir socorro, mas o
Lágrimas de quem dedicou não foi à escola, justamente, por
classificado como injusto, Regado
anos de trabalho árduo
Tribunal de Quelimane não liber- Inconsolável é como está hoje falta de dinheiro para matrícula.
Correia Mendes, ex-trabalhador ta o dinheiro do pacato cidadão. Regado Correia Mendes “Estou a sofrer. A pagar renda
o antigo fabricador de sabão na
daquela empresa desde 1987, recor- O SAVANA está na posse de Foi preciso esperar 2012 para que mensalmente. Não trabalho, só
extinta empresa de produção
reu à administração da justiça para correspondências do Tribunal a equipa de Augusto Paulino, o en- de óleo e sabão, em Quelimane. faço biscates. Na verdade, pas-
ver repostos os seus direitos, gros- Supremo, do Conselho Supe- tão Procurador Geral, investigasse “Dêem-me o meu cheque, por so por muitas dificuldades. Não
seiramente, violados pelo patronato. rior da Magistratura Judicial, o dossier, e a conclusão foi esta: favor. Foram anos de meu suor”, apanho sono”, desabafa a fonte
Foi o Tribunal provincial da Zam- da Assembleia da República, do “relativamente à questão trazida exige Regado Mendes que, a que, no meio da aldrabice do Tri-
bézia que chamou para si os qua- Ministério da Justiça, da Prove- pelo peticionário (Regado) quan- dado passo, questiona “como é bunal Provincial da Zambézia,
renta milhões, oitocentos mil meti- doria da Justiça e a Procuradoria to ao extravio do cheque por parte que o Tribunal tem coragem de vê os órgãos centrais da adminis-
cais (hoje quarenta mil e oitocentos Geral da República sobre o caso. do Tribunal Judicial da Província comer dinheiro do cidadão?”. tração da justiça como cúmplices.
Savana 26-02-2016 13
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081,&Ì3,2'(0$3872
3URJUDPPH2ͿFHUIRU(QYLURQPHQWDQG&OLPDWH&KDQJH

7KH (PEDVV\ RI 6ZHGHQ KDV D ORQJ DQG FORVH UHODWLRQVKLS ZLWK 0R]DPEL- AGRADECIMENTO – DIA DA CIDADE
TXH DQG ZRUNV ZLWK GHYHORSPHQW FRRSHUDWLRQ SROLWLFDO GLDORJXH DQG WUDGH

o
SURPRWLRQ7KH\HDUVWUDWHJ\IRU6ZHGHQ·VGHYHORSPHQWFRRSHUDWLRQZLWK
0R]DPELTXHIRFXVHVRQHQYLURQPHQW FOLPDWHFKDQJHGHPRFUDF\ KXPDQ
ULJKWVDQGLQFOXVLYHJURZWK:LWKDQLQFUHDVHGIRFXVRQHQYLURQPHQWDQGFOL- O Conselho Municipal de Maputo vem por este meio

log
PDWHFKDQJHWKH(PEDVV\LVQRZUHFUXLWLQJDQDGGLWLRQDO1DWLRQDO3URJUDP- endereçar o seu mais profundo agradecimento à todos
PH2΀FHU os munícipes, bem como às entidades públicas, priva-
7KH 3URJUDPPH 2΀FHU VKRXOG FRQWULEXWH WR SRUWIROLR GHYHORSPHQW PDQD- das e organizações da sociedade civil que contribuiram
JHSURJUDPPHVDQGSROLF\GLDORJXHLQWKHDUHDRIHQYLURQPHQWDQGFOLPDWH para o sucesso das actividades realizadas no âmbito das
FKDQJHDVZHOODVSURYLGHVXSSRUWWRWKH3URJUDPPH2΀FHURQUHQHZDEOH tividades do Dia 10 de Novembro, em que a Cidade
festividades
HQHUJ\
de Maputo celebrou o seu 128° Aniversário de elevação
5HTXLUHGTXDOLÀFDWLRQV à categoria
ategoria de cidade.

ció
- Master degree in an area relevant for the position Um agradecimento especial vai aos patrocinadores e
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14 Savana 26-02-2016 Savana 26-02-2016 15
NO CENTRO DO FURACÃO

Jornalista Fernando Manuel fala das suas peripécias ao SAVANA

“Ensaiei um suicídio sem sucesso”


Por Raul Senda/Fotos de Naíta Ussene
Houve uma altura em que momento para o outro fico inabili- mas como gostava de jornalismo e
sob ponto de vista profis- tado de fazer isso. É um autêntico sentia que a minha vocação era jor-
sional estava a me ver num sofrimento. Veja que o meu melhor nalismo abracei o desafio.
beco sem saída. Então achei meio de comunicação é a escrita, sou Fernando Manuel, nessa altura ti-
que seria melhor suicidar-me oralmente tímido, a minha fluidez na nha já constituído família. É mes-
através do álcool, tal como muitos escrita é superior à comunicação oral.
Cigarro e álcool são mais mo sério que deixou o emprego na
dos meus amigos fizeram. Eles fo- Não sou muito bom de palavras. Não Petromoc por livre vontade para ir

ram bem sucedidos nas suas preten-
o sou uma pessoa extrovertida. Mani- ganhar menos na Revista Tempo?
sões e eu me dei mal porque não con- festava tudo a partir da escrita e já Isso é real, foi uma questão de de-
segui os meus objectivos”, foi nestes não posso fazer isso. cisão. Confesso-te que foi uma si-
termos que Fernando Manuel expri-
perigososg
miu seus sentimentos na longa en-
que soruma
Para dizer qua a vida de Fernando
Manuel parou.
tuação muito difícil que em algum
momento desestabilizou a minha
trevista que concedeu ao SAVANA. Os primeiros dias foram pesados e relação conjugal. as suas conversas com pessoas Era dependente de álcool ou queria se matar? quatro dias sem comer e muito menos tomar
Fernando Manuel, carinhosamente terríveis para mim, mas com o pas- Veja que passamos a ter privações próximas sempre defendeu que Tudo. Era dependente e queria me matar ao banho, mas infelizmente tive azar e não conse-
tratado por mano Nandinho, conta
lo
que encontrou no jornalismo o lugar
certo para se libertar e concretizar
sar do tempo aprendi a adaptar-me.
Aquilo que perdi em termos de apti-
dão física tem sido compensado pela
que nunca antes podia não ter imagi-
nado. Em algum memento arrepen-
di-me da minha decisão emocional,
o consumo da soruma (Cannabis mesmo tempo.
sativa) não devia ser criminaliza- Como é que se livrou disso?
do porque não constitui nenhum Decidi deixar. Aliás, minto. Contei muito com
gui concretizar os meus objectivos.
Nas suas crónicas destaca muito a mulher.
Será que tem apetite pelas mulheres? Na sua
um sonho. Para tal, teve de deixar sublimação de sentimentos e estou a unilateral e egoísta, mas era o que juventude foi mulherengo?
N ó
um emprego na Petromoc onde ga-
i
nhava 12 mil Escudos para auferir
transformar isso numa arte de saber
olhar para mim e fazer um exercício
gostava.
Apesar das consequências drásticas
perigo à sociedade. Pode explicar melhor essa o apoio dos meus familiares, sobretudo meus fi-
sua posição? lhos, assim como dos meus amigos.
Antes de responder é bom dizer que ando mui- Foi uma situação delicada e não aconselho a
É tudo contrário. Nunca fui mulherengo e mui-
to menos engatador de meninas. Não tenho
2100 Escudos na Revista Tempo. de introspecção, mas com calma e se- sob ponto de vista de ordem material to revoltado com essa situação de soruma, so- ninguém. Sobretudo para bebidas como ten- jeito e nem tenho paciência. Logo na primeira
renidade.
c
Na mesma entrevista, o jornalista
traça o itinerário da sua vida, os seus
projectos e diz que, apesar de estar
Confesso que é um exercício difícil,
porque depois desses anos todos te-
acabamo-nos entendendo e até hoje
estamos juntos.
Também é bom perceber que a con-
bretudo quando a Polícia anda aí em garras de tação, dinamite, boss, soldado e tantas outras
ter preso dois ou três jovens de Maxaquene ou espirituosas.
de Polana Caniço por terem 200 gramas como
Foi com muita satisfação que recebi a notícia
adversidade desisto.
...Para dizer que na sua juventude não teve
muitas namoradas.
nho de ter a coragem suficiente para se fosse um crime de tamanho de um genocídio,
clinicamente cego e impossibilitado cepção material de pessoas da nossa de que iriam banir esse tipo de bebidas, mas Não tive. Aliás, é bom saber que durante a mi-
reconhecer os erros que cometi, as quando afinal sabemos que as drogas mais pesa-
de se mover, sente que a vida ainda geração é totalmente diferente da ac- fiquei frustrado quando descobri que isso não nha infância tive uma educação religiosa e isso
partes onde falhei e, fundamental- das que provocam prejuízos de facto são aquelas
tual. Acho que para os jovens actuais
so
tem muito por lhe dar. Nas linhas
abaixo segue a entrevista.
mente, porquê falhei. Estou a fazer
disso um exercício de auto-penitên-
cia, auto-análise e isso está a condu-
é muito mais complicado porque a
vertente material é que define tudo.
que se vendem no bairro Militar (Colômbia). passava de intensão. Esse tipo de bebidas con-
A soruma não é droga, é uma erva, não leva quí- tinua a ser comercializado e a destruir a carreira
castra um pouco essa parte.
A outra razão é porque cresci no bairro da Ma-
falala. As pessoas da minha geração sabem mui-
Embora mantenha a sua coluna no No nosso tempo não era assim. Isso mico, não provoca dependência nem provoca de jovens em todo o país.
zir-me a conclusões e a pensamentos to bem disso. O bairro de Mafalala era uma ilha
SAVANA, Fernando Manuel não é ´'HVGHSULQFtSLRVGRDQRSDVVDGRTXHDPLQKDVD~GHQmRHVWiPXLWRERD(VWRXTXDVHFHJRHFRPGLÀFXOGDGHVGHORFRPRomRµ
WRERD(VWRXTXDVHFHJRHFRPGLÀFXOGDGHVGHORFRPRomRµ safou-me. atitudes de depressão. Uma pessoa nunca fica Fernando Manuel foi um grande consumidor
positivos. de pessoas decentes no meio de prostíbulos.
visto em público há mais de um ano. )HUQDQGR0DQXHO Sem capacidade de locomoção, sem viciada de soruma. Não conheço nenhum caso duma bebida denominada “Tentação”. O que
A leitura e escrita era o seu forte. Então se a questão fosse de satisfazer-se sexu-
m
O que está a acontecer?
Desde princípios do ano passado que
a minha saúde não está assim muito
u Agora está quase cego e se move
com dificuldades. A associação
dessas adversidades anula todos os
trimestre deste ano.
Estou esperançado porque, se esperei
por mais de 30 anos. O que mais lhe
marcou nesse período todo? Esta-
sempre por essa vontade de auto
superarmo-nos.
visão já não pode ir beber seu copo
de vinho na Portugália, não pode
ler nem escrever. Agora qual é a sua
de alguém que ficou viciado e dependente de o motivava?
soruma. Conheço dependentes de álcool, de ci- Estava numa crise, queria suicidar-me.
garros e de drogas pesadas como cocaína, crack ...Depois chamou a si mesmo à consciência?
almente não precisava de namorada. Era só ir
até ao prostíbulo e contactar uma prostituta.
e outras. Depois cheguei à conclusão de que aquela não Por isso comecei a frequentar prostíbulos desde
boa. Em Janeiro de 2015 tive uma projectos de Fernando Manuel. dez anos, porquê não posso aguentar mos a falar de espectos negativos e Uma coisa de positivo no jornalismo rotina? muito cedo, desde aos 17 anos. Nessa altura ha-
um pouco mais? positivos. foi o facto de me ter permitido co- Já fumou soruma? era a solução. Aliás, é bom estar claro que a ideia
deslocação na anca e no dia 20 de Continuo a manter esperança de Criei outras rotinas. Infelizmente via a prerrogativa de pagar o preço de estudante.
Para além de Missa Pagá tenho um Não diria que sinto alguma mágoa. nhecer muita gente. Gente de várias Sim. Na minha juventude quando cumpria ser- de suicídio não está totalmente abandonada.
Janeiro, dia do meu aniversário, fui concretizar meus projectos. Tenho já não posso ler e escrever mais es- Enquanto os mais velhos pagavam 20 escudos,
outro projecto de maior amplitude O que na realidade sinto é um certo tendências e também o facto de mal viço militar. Tinha na altura 20 anos. É por isso Mas é bom também saber que da ideia até à
internado na Ortopedia do Hospital um projecto de publicar o meu livro cuto muito rádio. A minha rotina é
Central de Maputo.
e
Fiquei no hospital cerca de um mês,
das crónicas de Missa Pagã que ve-
nho acalentando há mais de 10 anos,
mas que por razões alheias à minha
que é de escrever as minhas memó-
rias. Quero divagar sobre a minha
vida desde os tempos da juventude
desencanto porque uma das princi-
pais razões que me levou para o jor-
nalismo foi acreditar que poder
poderia dar
ou bem ter coconhecido o país real.
O jornalismo que Fernando Ma-
nuel praticou ontem é o mesmo de
ter mão em cima do sintonizador e
a mudar de canais da rádio à procura
de notícias ou boas músicas até por
que digo que não cria vício nenhum. Quando meterialização leva muito tempo.
entendi que queria deixar, abandonei. O mesmo Porquê?
não aconteceu com o cigarro. Deixei de fumar A ideia de suicídio é reconfortante, ajuda a pas-
nós estudantes pagávamos dois escudos e cin-
quenta centavos e por aí estava feito.
Com isso não quero dizer que não tinha namo-
mas depois disso saí praticamente na
d
mesma. De lá a esta parte estou com
problemas muito sérios de locomo-
vontade até hoje ainda não foi publi-
cado.
até o que sou hoje, analisar como é
que vejo o ser humano a partir de
um contributo para que a utopia de
uma sociedade justa se materializas-
hoje?
Os pilares básicos que nortearam o
volta das 22 horas.
Esta situação até me ajudou a desco-
cigarro por imperativos de saúde. sar bem muitas noites más.
Mesmo hoje conheço pessoas da minha gera- Aliás, sinto pena das pessoas que dizem que as
ção que continuam a fumar soruma. São pessoas
radas. Tive poucas.
Para mim era mais fácil pagar uma prostituta
do que engatar uma namorada. Ademais, é tudo
ção. Porém, é bom frisar que esse não Infelizmente, no nosso meio, são mim próprio. se, acreditei no jornalismo como uma jornalismo foram sempre os mesmos. brir que há muitos programas inte- pessoas que se suicidam são cobardes. Pelo con-
com filhos e netos, alguns até ocupam altos car- claro, não há hipocrisias.
é o problema maior. O meu proble- poucas as pessoas com posses que in- Neste momento que se encontra forma de poder ajudar a alcançar esse Agora, mudam as tecnologias, os pa- ressantes na rádio. trário, é preciso ter muita coragem para se suici-
vestem na indústria cultural. Na nos- gos na função pública, mas nunca foram deses- Quando é que deixou de andar atrás de pros-
ma maior é a vista porque, em mea- nesta triste situação tem sentido o fim. râmetros e os projectos individuais Aproveito o tempo para fazer a in- dar. As pessoas que se suicidam são pessoas que
sa praça é mais fácil chegar a um me- tabilizados por causa disso. titutas?
dos do ano passado, tive um trauma apoio de amigos e familiares? Também fui influenciado pelas pes- de cada jornalista. trospecção sobre a minha vida e isso
cenas entre aspas e dizer que tenho Pelo que é brincadeira levar um consumidor de amam muito a vida. Amam de tal forma que Quando já não podia sair de casa.
me ajuda a não cair naquilo que cha-
ir o
no olho direito que era aquele com o
um projecto de abrir uma padaria e
Da família sim. Os meus filhos têm soas que conhecia e que trabalhavam Há tendências de dizer-se que pes-
mam de depressão.
soruma para a cadeia. Isso é dar encargos ao Es- perante uma possibilidade declarada de levar a Fernando Manuel, pai de família, avô, esposo
qual eu funcionava e que me colocou estado sempre ao meu lado. Mesmo no jornalismo há vários anos que lia soas da minha geração praticavam tado e o cidadão é que é sacrificado através dos vida em plenitude daquilo que desejam então
no dia seguinte ter o financiamento, Para dizer que a sua situação igua- vão pela via do suicídio. é o mesmo Fernando Manuel escritor, consu-
numa situação de clinicamente cego. ausentes transmitem-me o calor. De antes de ir ao jornalismo. Na altura o jornalismo por amor à camisola e seus impostos.
mas se dizer que tem um projecto de la-se a de um recluso. O Mano midor de vinho, engatador de prostitutas...

Assim, estou quase cego e impossi-
bilitado de fazer as coisas que mais
gosto de fazer na vida que é ler e es-
publicar um livro, apresentar uma ex-
posição de artes plásticas e lançar um
amigos nem tão pouco se não raras
excepções.
...Sente-se abandonado pelos seus
admirava muito a Revista Tempo e
tinha muita admiração por profis-
sionais como Albino Magaia, Kok
hoje é por dinheiro. Na minha ópti-
ca isso é falácia porque temos jovens
que fazem o jornalismo por gosto,
Nandinho sente-se como um re-
cluso?
O álcool é mais droga que a soruma sobretudo ...Assim, faltou coragem a Fernando Manuel
na dosagem que é feita nos últimos anos porque para materializar o suicídio?
aquilo é mesmo para destruir a juventude. Não faltou coragem, o meio que escolhi é que
quantos Fernandos Manuel temos?
Temos vários. Toda a pessoa tem várias facetas.
disco de música ninguém te atura. Não me sinto recluso. Tenho tido Tenho um pouco de pai de família, de boémio,
crever. Neste meio é mais fácil promover a amigos Nam, Rui Cartaxana e outros. Tinha por vocação e por paixão pela pro- Num passado não distante envolveu-se muito não foi eficiente.
sessões de fisioterapia três vezes por de homossexual, de escritor.
Pelo que nos conta, Fernando Ma- Não digo abandonado porque no nesses homens um modelo de estar fissão. no consumo de álcool, mas depois abrandou. Vocês lembram que investi tanto no meu suicí-
D
nuel teve vários azares em simultâ-
neo que o privam de coisas de que
sub-cultura do que propriamente os
pesquisadores da cultura e artes.
...Há mais de 10 anos à espera de
fundo ninguém tem obrigação de
andar atrás de pessoas doentes. Ali-
na vida e no sentido de acreditar que
se pode sempre fazer alguma coisa
Antes de abraçar o jornalismo, Fer-
nando Manuel trabalhou numa
semana, aos fins-de-semana, os meus
filhos levam-me a passear e de resto
não é problema porque sempre tive
O que estava a acontecer consigo para op-
tar por aquela linha?
dio. Bebia tentação sem parar e por vezes ficava Homossexualidade? Explique-se.
Todo ser humano tem uma porção de homos-
sexualidade. Como homem é normal olhar
mais gosta. Como é que vive esse apoio para publicar um livro, a sua ás, eu mesmo não sou exigente em para o bem comum e melhorar a empresa pública, na altura estatal. Houve uma altura em que sob ponto de
um carácter reservado. Um carácter para outro homem e dizer que aquele indiví-
dilema? coletânea de crónicas. relação a isso. Também é bom saber qualidade de vida, de pensamento e Hoje, todos que faziam parte da sua vista profissional estava a me ver num
de solidão. Portanto, isso não é pro- duo é bonito. Isso é normal. Até Júlio César
É uma situação dramática. Veja que Sim. que nunca fui uma pessoa de muitos de raciocínio. geração e com habilitações literá- beco sem saída. Então achei que seria
priamente um martírio para mim, que era dono de todas as mulheres tinha uma
uma coisa é nascer cego, mudo ou Bateu portas? amigos. Tenho como mágoa o facto de no rias iguais às suas têm melhor qua- melhor suicidar-me através do álcool tal
adoro a solidão. Agora, a única coisa
paralítico porque aí a pessoa cres- Bati várias portas, mas a partir duma Não sou aquilo que se chama um ser final de tudo não ter mudado a lidade de vida. Não está arrependi- como muitos dos meus amigos fizeram. vertente homossexual.
que pesa de facto é não poder ler e
ce adaptada a essa situação. A outra certa altura cheguei à conclusão de social. Tenho amizades verdadeiras mentalidade dos servidores públicos do por ter mudado? Eles foram bem sucedidos nas suas pre- O que retrata nas suas crónicas é a realidade
pensar que sou capaz de não ler nun-
coisa é cair nessa desgraça na idade que não valia pena. Que era um es- que são muito poucas. no que concerne à gestão dos fun- Não. É bom deixar claro que quando tensões e eu me dei mal porque não con- da sua vida ou ficção?
ca mais.
adulta. forço inglório. Também é preciso perceber que dos públicos. Contudo, não desisti. saí dessa empresa pública auferia três segui os meus objectivos. É pura ficção. Gosto de usar a arte como um
Também falo quase sempre com os
Tive efeitos da cegueira aos 62 anos Porém, em finais do ano passado, quando se chega a esta idade, par- Aprendi que, como humano, a nossa vezes mais àquilo que iria receber na Na realidade há várias formas de suicídio. meio de me tornar próximo das pessoas. Nor-
meus poucos amigos que me visitam
de idade. Isto é, depois de uma cer- apareceu uma luz no fundo do túnel te das amizades desaparecem. Uns meta na vida é sempre lutar para al- Revista Tempo. Uns recorrem ao álcool tal como eu, ou- malmente escrevo na primeira pessoa do sin-
ou ligam. Aproveito também para
ta aprendizagem de vida, depois de e desta vez parece ser forte. Tenho porque morreram, outros por pade- cançar a perfeição. Mas também te- Na Petromoc ganhava, como chefe tros tomam produtos venenosos, outros gular para as pessoas perceberem o drama que
beber o vinho que eles trazem.
saber o que é apreciar algo fascinan- conversações avançadas com uma cerem de doenças crónicas e próprias nho a consciência de que a perfeição de secção, 12 mil Escudos e também atiram-se do terraço de um prédio de 15 estou a falar sem pensar que não estou a falar
Sendo quase cego como é que pro-
te, mulher bonita, ter autonomia de editora, o livro foi revisto e fizemos ou 20 andares, mas isso é perigoso por- deles, mas de mim enquanto que na realidade
de idade adulta e outros porque estão nunca se alcança porque não é uma dava aulas à noite onde auferia hora duz as suas crónicas que todas as
movimento, poder acordar e levantar uma segunda selecção de textos e tí- que quando chegas ao sétimo começa vir )HUQDQGR0DQXHOGL]TXHXVDDDUWHGHHVFUHYHUSDUDVH estou a falar deles.
loucos ou emigraram. coisa estática, Assim, é praticamente 120 Escudos por hora. sextas são publicadas no SAVANA?
para o meu instante e pegar um li- nhamos mesmo marcado o provável o arrependimento e não podes subir mais. tornar mais próximo das pessoas
Antes de cair nesta desgraça, Fer- impossível alcançá-la, mas isso não Na Revista Tempo fui ganhar 2.100 Gravo em áudio e o meu neto trans-
vro ler e sentar e escrever, mas dum lançamento do livro para o primeiro nando Manuel praticou jornalismo significa que não sejamos movidos Escudos. Foi um grande sacrifício, creve. Depois lê e eu faço correcções.
16 Savana 26-02-2016
INTERNACIONAL
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Savana 26-02-2016 17
SOCIEDADE

Distrito de Marínguè

FDS assaltam complexo industrial da Euromoz


- Os trabalhadores foram espancados e proibidos de regressar ao local, alegadamente porque andam a fornecer mantimentos a homens
homens armados da Renamo

o
3ROtFLDHP6RIDODVHPFRQÀUPDUQHPGHVPHQWLUSURPHWHIDODUGRDVVXQWRHVWDVHJXQGDIHLUD

O
complexo da industrial acampamento deveria estar fecha- os trabalhadores desapareceram do ção pela ocupação de sua indústria, da província, ao nível da embaixada
florestal denominado do para cortar o abastecimento em local, tendo os que têm residência onde acima dos bens afectados pela espanhola e com outras entidades

log
Euromoz, localizado víveres aos homens da Renamo. nas proximidades se dirigido para ordem de abandono, nos fere o so- ligadas ao governo central, tudo na
nas bermas da Estrada Segundo contaram os trabalha- as suas casas e outros desapareci- frimento dos trabalhadores leais, perspectiva de se encontrar meca-
Nacional Número Um (ENI), no dores daquela indústria florestal e do para “parte incerta”, depois das honestos, absolutamente inocentes, nismos que garantissem a seguran-
distrito de Marínguè, província de madeireira, contactados telefonica- ameaças feitas pelos agentes das plenamente identificados, legal- ça dos seus trabalhadores, das ins-
Sofala, foi assaltado, temporaria- mente, o assalto aconteceu quando Forças Armadas de Defesa de Mo- mente contratados e com dados talações e da maquinaria.
mente ocupado e os trabalhadores eram seis horas da última sexta- çambique. do INSS. Eles foram injustamente “A direcção da EUROMOZ agra-
severamente espancados. -feira. Assim, desde a última sexta-feira, espancados
ados por efectivos das Forças dece, sinceramente, a pronta res-
Eles narraram que, de repente, vá- o complexo da concessão Euro- Armadas quando se encontravam posta das autoridades nacionais e
Ao que o mediaFAX soube, o as- rios veículos militares das FADM moz está abandonado, deixando cumprindo
indo legalmente seu dever” provinciais de Florestas e do Go-

ció
salto, ocupação temporária e es- chegaram àquele local e, sem con- desprotegidas as instalações em si e – refere o comunicado assinado por verno Provincial de Sofala, assim
pancamento dos trabalhadores fo- Ana Alonso, presidente da Euro- como o apoio do administrador
versa, começaram a espancar os os instrumentos de trabalho e pro-
ram protagonizados por elementos moz, Lda. de Marínguè, que solicitou a rápida
oito trabalhadores que se encontra- dução compostos por maquinaria
Seguidamente, Alonso colocou no intervenção do comandante distri-
das Forças de Defesa e Segurança vam nas instalações da Euromoz. agrícola, gruas, tractores, atrelados,
seu comunicado os nomes exac- tal da PRM” – refere.
(FDS), mais concretamente ele- Instantes depois, todos os oito tra- ferramentas e ainda um depósito de
tos de todos os oito trabalhadores
trabalhador Este comandante distrital terá con-
mentos das Forças Armadas de balhadores foram levados tempora- combustível.
afectados pela incursão e ordem de seguido posicionar, no local, uma
Defesa de Moçambique (FADM). riamente, para parte incerta. Preocupada com o cenário verifica-
abandono dada pelas Forças de De- força policial no sentido de garantir
Marínguè é uma zona de conflito e Depois da intervenção, ainda pela do no acampamento por si dirigido,
fesa e Segurança. protecção das instalações e da ma-
as matas daquele distrito albergam manhã da sexta-feira, do secretário Ana Alonso, presidente da Euro-

so
“António Dolís Tito (pisteiro); quinaria.
algumas bases da Renamo. Nesse da Frelimo ao nível daquela zona moz, emitiu, a partir da Espanha, A Euromoz fez, segundo se sabe,
Bartolomeu Fungulane (gruísta);
sentido, numa primeira fase, a ideia habitacional, os oito trabalhadores onde se encontra em missão de tra- um investimento de cerca de meio
Martinho Fungulane (logístico);
das FADM era imputar a responsa- foram libertos pelos membros das balho, um comunicado. No mesmo, milhão de dólares norte america-
Manuel João Meque (tractorista);
bilidade do assalto a homens arma- FADM. ela fala de uma incursão injusta das nos.
Francisco Vasco (pisteiro); Santos
dos da Renamo que, naquela zona, Mas a libertação foi feita median- FADM, na medida em que, segun- Tendo sido injustamente atacada
Fernando (pisteiro); Eusébio Vas-
têm estado a fazer incursões. te uma condição. Que os oito tra- do ela, os seus trabalhadores não e ocupada pelas Forças de Defesa
co (guarda de dia) e José Maria
Entretanto, depois de alguma coi- balhadores não deviam regressar são homens armados da Renamo Campira
Campir (guarda de noite). Todos e Segurança, Ana Alonso defende
sa ter falhado no primeiro plano, para aquele complexo industrial, e nem fornecem mantimentos a os trabalhadores alistados são, de a necessidade de o Estado activar
as FADM justificaram o assalto exactamente na perspectiva de não supostos homens armados da Re- mecanismos que possam assegurar
um
acordo com o comunicado, das co-
àquela indústria sob alegação de continuarem a alimentar os supos- namo. munidades locais. o ressarcimento pleno dos prejuízos
que os trabalhadores da Euromoz tos homens armados da Renamo. “A Euromoz, Lda., financiada por Depois do episódio, a empresa diz que estão, até hoje, a ser acumula-
fornecem mantimentos aos homens Efectivamente, depois de liberta- investidores de nacionalidade espa- que iniciou contactos imediatos dos pela empresa.
armados da Renamo. Portanto, o dos, ainda trémulos de tanto medo, nhola, comunica sua alta preocupa- com as autoridades locais, ao nível (Redacção)
de

Faculdade de Letras e Ciências Sociais


Instituto Confucius

CURSO DA LINGUA CHINESA


I.INTRODUÇÃO Custo por participante: 2000,00 MT (dois mil meticais) para
io

estudantes da UEM
O Instituto Confucius-Moçambique estabelecido no âmbito : 4000,00 MT (quatro mil meticais)
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ár

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Di

estudantes da UEM e não está vedado o acesso à outros inte- Inscrições: abertas de 15 de Fevereiro à 04 de Março de 2016
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Pedagógico-Campus Principal)
III. DURAÇÃO, HORÁRIO, LOCAL E CUSTO DO CUR-
SO IV. PROCEDIMENTOS PARA INSCRIÇÃO

Para o curso normal (2 vezes por semana): Os interessados deverão efectuar um deposito na conta ban-
Custo por participante: 1000,00 MT (mil meticais) para estu- caria MZN 49287738101 do BCI a favor da UEM-FLCS-IC e
dantes da UEM apresentar o talão de depósito no acto da inscrição.
: 2000,00 MT (Dois mil meticais) para
outros interessados Contacto: 826200310 e 82 86 34 960 .Instituto Confucius-
Para o curso Intensivo (4 vezes por semana): -UEM, das 8.00h as 15:00h
18 Savana 26-02-2016
OPINIÃO

EDITORIAL Cartoon
DFR
5HVWDXUDUDFRQÀDQoD
O desastre do Zimpeto na nossa economia vai
edidas duras
envolver medidas d ! ...
e a imoralidade na

o
administração pública

log
D
ois dias depois do colapso de uma parede na piscina
olímpica do Estádio Nacional do Zimpeto, em Ma- 2UoDPHQWR
puto, as duas empresas portuguesas responsáveis pela
sua construção fizeram saber, através da imprensa, que
a obra era de carácter temporário, com uma garantia que não ia
mais para além de um ano.

Com esta informação, na verdade um anúncio publicitário que

ció
num dos canais de televisão conseguiu escapar ao escrutínio dos
editores para se fazer passar por uma notícia de utilidade públi-
ca, as duas empresas pretendiam dissociar-se da sua responsa-
bilidade na tragédia.
O efeito, porém, deve ter sido o contrário. Porque com este acto,
elas acabaram atraindo mais atenção. Se há uma investigação
oficial em torno do caso, para a qual é perfeitamente normal
Ano quinto da guerra
esperar que as duas empresas sejam chamadas a explicar o seu João Carlos Barradas
envolvimento, porque correr para a imprensa e protestar a sua

O so
inocência? Uma tentativa de fuga para a frente, diriam os mais s primeiros cinco anos da -se, por seu turno, nas regiões do Jordânia em risco de implosão devido
suspeitos. guerra na Síria provaram Norte e do Sul, enquanto milícias às tensões provocadas pelos êxodos
Numa altura em que as famílias das pessoas que foram atingidas que ninguém pode ceder, curdas dominam enclaves junto à da Síria e Iraque.
pelo desabe, incluindo uma que está numa situação de luto, a geraram ondas de choque Turquia. Nem russos, nem turcos têm inte-
capazes de fazer tremer os equilíbrios A guerra civil seguiu a lógica fatal resse em entrar em conflito directo,
atitude das duas empresas só pode ser considerada de extrema
institucionais da União Europeia, e do confronto étnico-religioso entre envolvendo demais aliados de Ancara
insensibilidade, o que deve ser motivo de vergonha para os seus
ameaçam um conflito entre a NATO alauítas (10% da população) apoiados na NATO, mas é cada vez mais difí-
directores e accionistas. e a Rússia. por outras minorias (cristãos, druzos, cil riscar a linha de não-interferência
Mesmo que do ponto de vista legal as duas empresas estejam li- curdos, turcomenos) temerosas da que implicará o sacrifício de veleida-
vres de qualquer responsabilidade, moralmente elas não podem
um
Bashar al-Assad desde Setembro maioria sunita (aproximadamente des de independência curda mesmo
fugir do estigma de terem sido elas a construir aquele mural que 70% dos sírios) e potenciou os confli- em caso de desagregação do estado
conseguiu consolidar posições na
depois se transformou numa arma mortífera. Foram bem pagas faixa litoral, alargar o controlo dos tos regionais entre as monarquias do sírio.
pelo seu trabalho e deveriam simplesmente manter-se caladas e principais centros urbanos, estando Golfo, iranianos e turcos. Obama perdeu credibilidade no Ve-
continuarem à espera de outros contratos lucrativos. em vias de conquistar Aleppo para As Unidades de Protecção Popular rão de 2012 ao claudicar nas ameaças
E não se pode deixar de perguntar que se a obra tinha uma ga- atacar no Noroeste e tentar cortar as dos curdos sírios, a única força lai- a Bashar al-Assad pelo uso de armas
rantia não superior a um ano e dado o potencial de perigo que linhas de abastecimento rebeldes com ca no campo de batalha, entraram químicas e abriu caminho a Putin
ela representava à vida de pessoas, qual terá sido a sua atitude a Turquia. em conflito com turcomenos e ára- para negociar um compromisso que
depois de expirado o período de garantia? Não havia a obriga- Os bombardeamentos aéreos desen- bes sunitas ao tentar estabelecer um salvaguardou o regime de Damasco
ção moral de alertar os donos da obra sobre os perigos que ela cadeados pela Rússia reorientaram enclave ao longo de toda a fronteira num dos momentos mais críticos da
uma estratégia ofensiva, apesar de a com a Turquia e Ancara considera-os guerra civil.
representava, já que do ponto de vista contratual já não tinham
sangria das tropas de Damasco (pro- terroristas. As fúteis tentativas de promover uma
mais obrigações?
de

vavelmente mais de 50 mil mortos) Os independentistas curdos sírios oposição dita moderada fragilizaram
Os construtores dizem, no seu comunicado, que “a obra cumpre aliados dos separatistas curdos tur- ainda mais Washington nas negocia-
obrigar ao reforço dos contingentes
integralmente o projecto de execução, tendo sido fiscalizada por cos do Partido dos Trabalhadores do ções de tréguas que, num acordo pe-
xiitas iranianos e do Hizballah liba-
entidade independente nomeada pelo Dono da Obra e acom- nês e à mobilização de unidades ir- Curdistão, em guerra com Ancara, riclitante, permitem a prossecução de
panhada diariamente por esta, desde o seu início até à data da regulares de milícias e mercenários contam com os congéneres do Norte ataques a grupos classificados como
sua entrega definitiva”. alauítas (“shabiha”).
(“ do Iraque, em confronto, por sua vez, terroristas pela ONU, o “duunvirato”
Ou seja, o Dono da Obra encomendou um projecto de qualida- O Califado Negro de al-Bagdadi vai com o Governo xiita de Bagdade, e norte-americano-russo ou Estados
de duvidosa, e os empreiteiros sabiam disso. Como especialistas, de Palmira e Raqqa às zonas desérti- estão na mira da Turquia como a Turquia.
também sabiam que em certas condições atmosféricas, como cas e petrolíferas contíguas ao Iraque, Ancara, em consonância com a Ará- Um compromisso para parar a guer-
por exemplo as que se verificaram no dia do incidente, nomea- onde domina Mosul, e representa a bia Saudita e o Qatar, entrou em rota ra implica, pelo menos, um santuário
io

damente calor intenso seguido de ventos fortes, a parede pode- única alternativa administrativa con- de choque com a Rússia, ainda que para os alauítas na faixa litoral de
ria desabar. Mas tinham em mão o projecto que o proprietário sistente às áreas sob controlo do regi- os seus interesses estratégicos se li- Lataquia, uma zona autónoma curda
me alauíta. mitem à manutenção dos “status quo” a norte, garantias de segurança para
queria, e aliciados pelo dinheiro provavelmente resultante de
A promoção de actos terroristas de no Mar Negro e Cáucaso, desde que outras minorias, mas a vaga jihadista
negociatas criminosas, não quiseram olhar para outros factores.
intimidação além do território do afastadas veleidades independentistas e fundamentalista que assola a maio-
Para o Estado, este triste acidente levanta a questão da respon- curdas. ria sunita dificilmente se ajusta a ce-
Califado, ultrapassando zonas limí-
ár

sabilidade que os seus agentes têm na execução de obras públi- trofes de combate, visando alvos dis- Riade definiu, pelo contrário, uma li- dências.
cas. Muito tem sido dito sobre concursos públicos viciados do tantes na Europa Ocidental ou Egip- nha de confronto aberto com Teerão A Turquia, com mais de dois milhões
princípio até ao fim, de funcionários públicos que em troca de to, expandiu consideravelmente a sua e, apesar de a intervenção na guerra de refugiados sírios a quem limita o
comissões não hesitam em sufragar obras de má qualidade. In- visibilidade e capacidade de atracção civil no Iémen, outro palco de guerra acesso ao mercado de trabalho, edu-
felizmente estas coisas já não são ocasionais, porque a podridão ideológica. indirecta com o Irão, não correr de cação, assistência social e saúde, não
não reside só na base; vai descendo desde o topo da pirâmide. Outros jihadistas, em particular a feição, falhar contra Damasco (onde estancará a fuga para Ocidente.
Jabhat al-Nusra (Frente para a Vitó- apoia milícias jihadistas como Ahar A União Europeia - impotente, igno-
Di

Só isso explica que ninguém tenha o poder moral de pôr travão


à imoralidade que tomou conta de todo o edifício da adminis- ria do Povo Sírio), salafistas, e forças al Sham/ Homens Livres do Levan- rada e inoperante - poderá contar-se
tração pública. associadas ao Exército Livre da Síria, te) seria fatal para os seus interesses entre as vítimas colaterais da Grande
com predominância de apoiantes dos regionais, desestabilizando a ditadura Guerra do Levante.
Irmãos Muçulmanos, implantaram- militar do Egipto, além do Líbano e Jornalista

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Savana 26-02-2016 19
OPINIÃO

RELATIVIZANDO
Por Ericino de Salema

Da problemática ‘defesa pública’ do empreiteiro


E
m Agosto de 2012, intervin- Práticas’, em contraposição, que texto, o consórcio que construiu Direito, por via do que há, por um
do num evento organizado têm como expressão a ignorância e/ aquele muro, a Mota Engil-Soares lado, que ter em conta tanto as leis de valor genérico, que condicio-
pela Associação de Empre- ou facilitação; ganância; impunida- da Costa, fê-lo 24 horas depois, por como os princípios gerais, e, por nam e orientam a compreensão do
sas Moçambicanas de Con- de; desconhecimento e/ou desres- via de um comunicado lido pela outro,
o, a própria ideia de justiça, que ordenamento jurídico, a aplicação
sultoria (EMC) para assinalar o peito à legislação; e falta de rigor STV no seu jornal da noite de do- se situa para além do Direito en- das leis ou mesmo a integração de
seu décimo aniversário, a Ordem (negligência e ausência de método), mingo. Basicamente, o empreiteiro quanto normas positivadas. lacunas, ou mesmo a elaboração de
dos Engenheiros de Moçambique abundam em Moçambique. diz não possuir responsabilidade O artigo 142 (sobre especificações) novos diplomas legais.
(OEM) referiu existirem seis ra- Vem este longo intróito a propósito alguma no sucedido, supostamen- do Decreto-Lei númeroo 48871, de Quanto às eventuais responsabi-
zões essenciais para a ocorrência de do incidente do último sábado na te por ter cumprido integralmente 19 de Fevereiro de 1969, por exem- lidades do fiscal, que nos parecem
desastres nas obras em Moçambi- Piscina Olímpica do Zimpeto (no o projecto de execução, ao que se plo, parece ser bastante para efeitos ser mais do que aparentes, compul-
que, nomeadamente erros na defi- Estádio Nacional do Zimpeto), em acresce o facto de a mesma ter tido de relativização do que o emprei- sando o quadro legal aplicável ao
nição dos objectivos, menor custo que uma das paredes do muro desa- uma garantia de um ano. teiro diz sobre a sua alegada falta sector de obras públicas (Diploma
como fundamento das decisões, er- bou, com o que perdeu a vida Fre- A alegada combinação de dois fac- de responsabilidade no sucedido. Ministerial número 52/2004, de 17
ros de avaliação do terreno (sonda- derico dos Santos, membro da co- tores extraordinários, designada- O empreiteiro tem, por exemplo, de Março; Decreto número 17/98,
gem geométrica), erros de cálculo missão técnica de natação. Outras mente “a ocorrência de altas tem- a obrigação de sempre comunicar de 29 de Abirl; Diploma Ministe-
(fundações/super-estrutura), erros oito pessoas contraíram ferimentos peraturas e a ocorrência de ventos ao dono da obra, por via do fiscal, rial número 4/2002, de 9 de Janeiro;
de projecções e erros de execução). de diversos graus. Aquele incidente atípicos de extrema intensidade”, “sempre que (...) julgue que as ca- Decreto número 15/2010, de 24 de
ocorre pouco mais de quatro anos é apontada pelo empreiteiro como racterísticas dos materiais fixados Maio; Decreto-Lei número 48871,
No mesmo evento, a OEM afirmou depois da edificação daquele muro, podendo estar na origem da queda no projecto ou no caderno de en- de 19 de Fevereiro de 1969; etc.),
que Moçambique se achava num num dia em que a cidade de Mapu- daquele muro. A OEM, por sua cargos não são tecnicamente acon- parece haver muito que se diga, não
contexto em que o Estado se tinha to, a capital do país, registou altas vez, em sede de uma avaliação pre- selháveis ou as mais convenientes”, só para com a Técnica Engenheiros
demitido das suas responsabilida- temperaturas (acima dos 40 graus), liminar, ajuntou um outro provável devendo, em sede dessa comunica- Consultores, firma que fiscalizou a
des, o que tinha como consequên- ao que se seguiram ventos fortes. factor: a falta de pilares e de vigas. ção-proposta, inserir “todos os ele- construção do referido muro, como
cia imediata a falta de protecção Do que restou do referido muro Seja como for, não nos parece necessários para
mentos técnicos necessár também quanto à Inspecção de
aos cidadãos, em geral, e aos consu- constata-se, facilmente, que o mes- sustentável a posição do consór- a aplicação dos novos materiais e Obras Públicas.
midores, em especial. A regulação mo não tinha pilares nem vigas, o cio Mota Engil-Soaresoares da Costa. execução dos trabalhos correspon- Há, no caso em apreço, e tendo em
do sector foi na ocasião apontada que está a causar uma onda de in- Ainda que se assuma que a garan- dentes, bem como da alteração de conta, sobretudo, que há uma vida
como estando desactualizada, ao dignação, sobretudo nos media (so- tia era, efectivamente, de um ano preços a que a aplicação daque- que se perdeu, que ter presente
que se ajunta(va) a ausência de im- ciais e convencionais), no quadro (o que, em boa verdade, até possui les materiais possa dar lugar e do aquele empreendimento é público,
posição de disciplina no domínio do que se convoca a quem de direi- cobertura legal, conforme se extrai prazo em que o dono da obra deve fazendo, por isso, parte dos bens
das obras públicas no país. to no sentido assacar responsabili- das normas contidas no número 2 pronunciar-se”. Um dos pontos objecto de propriedade pública,
A EOM manifestou, igualmente, dades aos que, muito provavelmen- do artigo 200 do Decreto-Lei nú- deste artigo beneficia, claramente, termos em que não está excluída
preocupação com o facto de ‘Boas te, terão incumprido o seu dever, meroo 48871, de 19 de Fevereiro de o empreiteiro enquanto executor da a responsabilidade civil do Estado
Práticas’ – que se resumem em ca- nomeadamente o fiscal da obra, que 1969 e do número1 do artigo 50 obra, nomeadamente quando con- pelos danos decorrentes da defi-
pacidade técnica (humana e ma- por lei representa o Estado (dono do Decretoeto número 15/2010, de signa que “Qualquer especificação ciência dos seus equipamentos, a
terial); controlo de qualidade; res- da obra) durante a construção, bem 24 de Maio, nos termos dos quais do projecto ou cláusula do cader- ser provada a negligência na sua
ponsabilização; hábitos de pesquisa como o próprio empreiteiro. é possível que uma obra pública no de encargos ou do contrato em conservação. Com efeito, a obra
e formação; e rigor (brio profissio- Se o fiscal ainda não se pronunciou seja definitivamente entrentregue num que se estabeleça que incumbirá ao foi entregue e aceite pelo dono da
nal) – serem algo muito raro no do- publicamente, pelo menos até ao prazo mínimo de um ano), há que dono da obra ou ao seu fiscal a fixa- mesma!
mínio das obras no país. As ‘Más momento em que terminamos este considerar a dimensão sistémica do ção das características técnicas dos Quanto ao que deveria ser de ime-
materiais será nula”. diato feito no tocante ao Complexo
Se estivéssemos em face de um Desportivo do Zimpeto no geral
silêncio do legislador quanto a si- (piscina olímpica inclusa), recupe-
tuações tais, achamos nós que, pela ramos, com a necessária adaptação,
O desmantelamento da União, em justiça enquanto valor supremo da
vida em sociedade, relevantes prin-
uma sugestão apresentada em 2012
pela Ordem dos Engenheiros de
cípios deveriam ser convocados. Na Moçambique: Auditoria Técnica
esteira do que ensina Miguel Rea- àquele empreendimento público,
pequenos passos e a várias velocidades le, princípios devem ser aqui vistos
como as vigas do Direito que não
visando identificar problemas nos
termos de referência, nos projectos
estão definidas em norma alguma, e na própria execução, no quadro do
Por Daniel Oliveira sendo eles enunciações normativas que soluções seriam apresentadas.

D
avid Cameron conse- um momento da desconstrução da do euro suspiram hoje de alívio
guiu um regime de ex- União, com passos curtos e a várias pela sensata decisão que tomaram.
cepção numa Europa velocidades. Só que ficaram em carruagens que
que anda a massacrar os Ao contrário do que fizemos no ca- não estão presas à mesma compo-
países mais pobres por minho inverso, devemos participar, sição puxada pela locomotiva do
causa do “respeito por regras que de forma pragmática e construtiva, euro. Estão, sorte a deles, livres de Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
são iguais para todos”. no fim ordenado deste projecto. um comboio que corre a alta velo- Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Durante décadas imperou a ideia cidade para o abismo. 465
Um discurso que vai sendo repe- de que a melhor forma de construir Preleções morais ao Reino Unido
tido pelos tontinhos nacionais. Ti- a União Europeia seria através de sobre a sangrenta história de uma
rando uns alienados que passeiam
pelos corredoreses das instituições
pequenos passos. Com Schengen e
o euro, esses pequenos passos pas-
Europa dividida são, nesta altura,
risíveis. Esse projecto generoso, se
Sobre os grandes homens
H
á três coisas a conside- A crença na absoluta excepcio-
europeias e algumas pessoas com saram a ser grandes e apenas para alguma vez realmente existiu fora rar na teoria dos gran- nalidade dos grandes homens é,
um discurso generoso mas que os que os queriam dar, numa Euro- da cabeça dos mais voluntaristas, des homens. creio, generalizada e profunda-
desistiram de participar nos com- pa construída a várias velocidades. morreu em Maastricht, teve o seu A primeira é que ela faz mente androcêntrica.
bates políticos que contam, já nin- O euro, já o escrevi vezes sem con- cadáver profano no Tratado de da história uma colecção de ac- A lógica da teoria dos grandes
guém acredita no futuro deste pro- ta, foi o passo fatal. Previsivelmen- Lisboa e a sua memória é diaria- tos movidos por pessoas consi- homens assenta em dados in-
jecto. Estão todos a ver o que ainda te fatal. Não se cria uma moeda mente insultada desde de que co- deradas excepcionais, sejam elas dividuais e nunca em sistemas,
conseguem sacar dele. comum, dependente de um mesmo meçou a crise financeira de 2008. boas ou más. A segunda é que em dados de pessoas e não de
É isso que o Reino Unido está a banco central, sem políticas fiscais, O projecto europeu é hoje uma ela faz da correcção da história colectivos.
tentar: sair da União ficando ape- orçamentais e até sociais comuns. forma de contornar os mecanis- - quando necessária - um pro- Biografia e androcentrismo são
nas com o que lhe interessa. Pode- Uma moeda comum sem ins- mos democráticos e impor uma cesso de substituição de pesso- êmbolos dos sistemas de conhe-
rá sair através desta farsa ou pela trumentos democráticos comuns agenda económica e política não as e não de sistemas sociais. A cimento imediato, a primeira
vontade popular dos britânicos. A passa a ser um perigo real para as sufragada. É um elemento de cris- terceira é que ela faz da história eclipsando os sistemas sociais, a
bem da clareza democrática espero democracias. Não se faz uma união pação, não de paz, de degradação um caminho aberto por homens segunda eclipsando o papel jo-
que seja a segunda hipótese. Este cambial sem uma união política. das democracias, não do seu forta- e não também por mulheres. gado pelas mulheres.
gesto dos britânicos é apenas mais Mas fez-se e os que ficaram de fora lecimento.
20 Savana 26-02-2016
OPINIÃO

A TALHE DE FOICE
Por
P Machado da Graça

Depoimento 9

o
Cheira mal
C
hamo-me Marta Mulungo, faço este registo no com a castanha que vem ainda quente do forno e que vai

log
dia 11 de Setembro de 1968. Contas bem-feitas, arrefecendo praticamente ao contacto com as nossas mãos.
daqui a exactamente dois meses vou completar 35 No princípio é muito doloroso e ficamos com as mãos

A
história dos refugiados moçambicanos no Malawi cheira cada dia anos de idade, se Deus quiser. É quase uma certe- engelhadas e quase em sangue. Mas depois tudo se torna
pior. E o cheiro vai-se começando a pegar a algumas pessoas. za, porque Ele quer sempre e nunca me faltou com o seu uma cicatriz perene. Hoje, que já tenho quase 20 anos de
amparoo mesmo nos momentos de menos fortuna, que me trabalho, quase que já nem sinto dor nenhuma. As palmas
As organizações internacionais que lidam com este tipo de situ- não tem sido poucos. das minhas mãos ganharam uma coloração invariavelmen-
ações são unânimes em relação às causas da fuga dos nossos compatriotas te preta, tornaram-se praticamente insensíveis e já nem
para lá da fronteira. Unânimes sobre o que dizem e unânimes sobre o que Estou a caminho da velhice, uma velhice que pretendo dou muito por aquilo que é a castanha quente, quando
não dizem. Todas falam de abusos e crimes por parte das nossas Forças de serena, nesta casa onde cresci com a minha avó materna. me passa pelas mãos. Tornou-se um trabalho mecânico,
Defesa e Segurança e nenhuma fala de problemas económicos, vontade de Fica no Bairro do Vulcano, que é uma espécie de satélite e tudo o resto se torna aligeirado porque, enquanto par-

ció
viajar, visitas familiares e outras coisas do género. do Bairro Tlavana ou Xitala-Mati, como quiserem. Cres- timos a castanha para o descasque, não nos cansamos de
A última a vir a público foi a Human Rights Watch que fala de execuções
ci e continuo a viver no meio de um fundo sonoro feito trocar pilhérias entre nós, que nem são bem pilhérias, por-
sumárias, raptos de pessoas que nunca mais são vistas, violações sexuais e
pelo ir e vir das aeronaves da DETA e pelo sismo de terra que gravitam à volta do nosso destino que é quase comum.
queima de residências e celeiros. Com testemunhos concretos devidamente
simulado, uma vez por semana, quando o comboio parte Somos sofredoras, mas aprendemos a sofrer em silêncio e
documentados. Actos esses praticados por soldados devidamente fardados e
de Lourenço Marques demandando a Malvérnia, junto à a sublimar o nosso sofrimento em coragem para enfrentar
transportados em viaturas militares do Governo.
fronteira com a Rodésia, ou no seu regresso. o dia-a-dia sem queixumes.
Do lado das nossas autoridades só se fala de comissões para investigar os
factos, mas nunca mais essas comissões publicam os resultados do que apu- O apelido Mulungo é da minha avó materna. Do meu pai O que tinham de comum os 3 homens pelos quais passei
raram. só sei que se chamava Muando e que, tão-logo teve a cer- e de quem ganhei os 6 filhos era o facto de dia sim, dia
Do lado governamental recordo as declarações (ou falta delas...) do Minis- teza de que a minha mãe estava grávida de mim, embarcou também, me amassarem à pancada, para depois quase me

so
tro Oldemiro Baloi, ao regressar do campo de refugiados, perante o micro- como mineiro para a África do Sul, de onde nunca mais arrastarem pelo cabelo até à cama, onde cumpria o que
fone da Rádio Moçambique. Estava claramente chocado com aquilo a que voltou. Cresci com a minha avó materna e foi com a morte me competia como máquina de procriação. Como disse,
tinha assistido e recusou-se a falar à imprensa antes de fazer o seu relatório dela que fiquei com esta casa. Devo-lhe muito e entre o Ele nunca me negou com o seu amparo, mesmo nos mo-
ao Governo, dado que, segundo ele, o assunto era muito delicado. muito que lhe devo está o facto de ter conseguido estudar mentos de menor fortuna. Sinto-me bem comigo mesma,
Tudo o mais são cantigas para fazer o boi dormir de pé, como dizem os e fazer a terceira classe rudimentar na Escola Feminina da consegui – sabe-se lá por que milagre – criar os meus fi-
brasileiros. Paróquia da Nossa Senhora da Munhuana, que é como lhos. As meninas, que são 4, estão nos seus lares e o úni-
Ora, o mais perturbador é que as Forças de Defesa e Segurança funcionam quem diz Bairro Indígena. co ensinamento que lhes dei foi que aguentassem com a
de acordo com uma cadeia de comando. Os soldados, ou polícias, que assas- Digo que estou a caminho de uma velhice serena porque, cruz dos seus lares, que cumprissem como destino superior
sinam ou violam estão sob as ordens de vários níveis de superiores que, de depois de 2 ou 3 intervalos em que fui viver com homens, aquilo que a vida lhes desse de oferta e que achassem isso
acordo com uma hierarquia, acabam no topo, no Comandante em Chefe das a única coisa que deles ganhei foram os filhos. Hehe… um bem.
um
Forças de Defesa e Segurança. Tenho agora 6: 2 do primeiro homem, com quem vivi dois Agora quero prescindir da companhia de um homem, pelo
E nós, para além de umas declarações, muito infelizes, de que não há refu- anos e meio; 2 do segundo e agora também mais 2. Acho menos de companhia no sentido permanente. Sinto-me
giados no Malawi, não sabemos o que pensa o eng. Nyusi de tudo isto. que vou parar por aí. Também, a vida ensinou-me a viver bem sozinha e de vez em quando concedo-me a liberdade
Não sabemos se foi ele que deu ordens para as forças agirem deste modo. sozinha desde que a minha avó morreu e me deixou como de um desvario com um homem de passagem fortuita pela
Não sabemos se ele ignora o que se está a passar. E não sabemos qual é pior herança esta casa e este quintal, onde, ainda menina, ela minha cama. Não tenho satisfações a dar a ninguém.
entre as duas hipóteses anteriores. me fez plantar a mafurreira debaixo da qual estou ago- Estou muito feliz porque o meu aniversário vai justamente
Mesmo no caso de não saber, a princípio, o que as forças que comanda an- ra mesmo a fazer este registo. Há-de ser sina minha ou coincidir com a data em que receberei o meu xitique. Que-
dam a fazer, agora já não pode negar esse conhecimento. A não ser que lhe mesmo da família da minha mãe, visto que ela também ro convidar as minhas melhores amigas do Tharana, apa-
escondam os jornais e os relatórios que denunciam as atrocidades. tão-logo que me pôs no mundo juntou o seu destino ao de nhar uma fartadela de vísceras de vaca, beber vinho SO-
E se sabe e nada faz em relação a isso fica na situação desagradável de que outro homem, com quem de resto vive até agora. VIM desse porco do cantineiro chamado Saraiva e cultivar
“quem cala, consente!”. Trabalho na Caju de Moçambique, aqui ao lado, no Bairro o nosso hobby preferido, ou seja, falar mal dos homens
Armadilha diabólica em que meteram o bom do engenheiro e de onde ele
do Chamanculo. Esta empresa é conhecida entre os ma- e rirmo-nos do seu infinito egoísmo e vão convencimen-
de

não parece conseguir safar-se.


rongas como katarana, não percebo bem porquê, mas de- to. No fundo, eles não passam de cofres vazios. A nossa
Nem ele nem todos nós, do Rovuma ao Maputo.
duzo que seja por causa das condições em que se trabalha, função é preencher esse vazio, embora eles não percebam
PS – Até há pouco tempo, os únicos momentos em que podíamos ouvir, na Rádio
que são quase as de um centro de escravas. Eu estou na como nós fazemos isso. É o nosso trunfo.
Moçambique, a opinião dos partidos da oposição parlamentar sem “filtros”, por ser
secção de descasque da castanha, como muitas das deze- P.S. Não se espantem pela qualidade do português com
em directo,
o, era nas transmissões das sessões plenárias da Assembleia da República.
A partir do início da presente sessão isso deixou de acontecer. Creio que, preocupa- nas de mulheres que lá trabalham. Trabalhamos de batas que este texto sai. Na verdade, eu gravei em ronga, alguém
da com a nossa cultura musical, a RM prefere transmitir longas horas de música pretas, sem luvas, alinhadas em bancos compridos uns à depois se encarregará de traduzir para te chegar às mãos
variada em vez daqueles discursos parlamentares que, por vezes, põem a nu coisas frente dos outros, no meio dos quais se estendem as mesas com a forma desta pequena jóia que te ofereço.
de que os ouvintes devem ser poupados. Obrigado, RM!
io

Por Luís Guevane


SACO AZUL

Entrando em Março
ár

N
a próxima semana estaremos já reuniram-se, cerca de três horas, a sós, a por- Malawi; um e outro caso isolado como, por espaço para um entendimento político du-
no mês de Março. O mês de Fe- tas fechadas; depois saíram muito sorridentes exemplo, em Marínguè, o espancamento de radouro. Não se sabe muito bem quem está
vereiro, que está na recta final, foi inspirando confiança e fazendo-nos crer que, trabalhadores do complexo industrial Euro- por cima do tapete e quem está interessado
o do extremar de posições entre a partir daquele momento, estavam lançadas moz, supostamente pelas FADM, acusados em puxá-lo.
Di

as partes em conflito em Moçambique. as pontes para a paz e harmonia política. Es- de fornecerem alimentos à Renamo.
Por um lado, a Renamo diz que só volta tavam ali as bases para se eliminarem a tensão O segundo aspecto, arrastado pelo desafio, Cá entre nós: depois da assinatura do AGP
a dialogar ou sentar-se à mesa negocial e as incertezas. Infelizmente, aquele frente-a- pode ser o facto de estarmos a voltar ao pon- o País “hibernou” criando uma sensação de
com o Governo depois de levar a cabo a -frente não resultou naquilo que se almejava. to inicial do circuito, ou seja, o retomar do exemplo de sucesso pós-guerra; não resolvemos
sua pretensão de governar as províncias A ideia da Renamo de só dialogar depois
debate sobre a possibilidade de um “Governo devidamente os nossos problemas; a Renamo,
ganhas por si. O Governo, por seu turno, de já estar a governar levanta dois ou mais
de Gestão” ou das já esquecidas regiões autó- desconfiada, não se desarmou completamente; a
aspectos. Um: desafia o poderio militar do
diz-se aberto ao diálogo tendo por base a nomas (Centro e Norte de Moçambique) ou Frelimo, desconfiada, não desarmou as células
Governo (Frelimo), pondo à prova a própria
imposição da Constituição (CR). Fazen- de um novo modelo inclusivista. Ideias estas do partido nas instituições do Aparelho do Es-
Renamo. Esse desafio já está a ser feito à cus-
do significar com isso que as pretensões que não descartam a governação da Renamo tado mantendo a indesejável situação de parti-
ta de baixas das duas partes sem deixar de
da Renamo jamais passarão, tanto mais lado membros da população. Já se reportam nas “suas províncias”. do-Estado (ou Estado partido). Hoje estamos
que a Frelimo tem a maioria no Parla- casos de veículos queimados ou destruídos; A avaliar por aquilo que tem sido a governa- num País independente no papel mas a reboque
mento. Aliás, depois do primeiro encon- casas queimadas por supostamente alberga- ção em Moçambique, não se vislumbra para de desinteligências, acomodações por interesses,
tro Dhlakama-Nyusi (07.02.15) a maio- rem militares da Renamo; movimentação das breve uma solução do tipo governadores pro- corrupção material e política, nepotismo, ….
ria parlamentar fez com que a conversa populações cujo ponto mais notável é a ques- postos pela Renamo e aceites pelo chefe de Estamos a caminhar cada vez com mais cer-
entre os dois não passasse disso. Os dois tão dos agora cerca de seis mil refugiados no Estado (o que se pensa que é fazível), abrindo teza de que a solução está na mediação externa.
Savana 26-02-2016 21
OPINIÃO

Dúvidas sobre as garantias legais do exercício


do direito à informação

o
Por João Nhampossa*

A
Lei do Direito à Informa- julgar casos de interesse público re- bens de outra natureza; estipulado nenhum prazo para dis- norma excessivamente subjectiva e
ção e o respectivo Regula- lativos à recusa de informação. Não e) Questões de direito privado, ain- ponibilização de informação por de fraco efeito prático, uma vez não
mento apresentam garan- resulta clarividente o fundamento da que qualquer das partes seja iniciativa própria de quem tem em haver balizas que caracterizam tal

log
tias de legalidade de difícil para este monopólio que pode dar pessoa de direito público; seu poder tal informação e que é curto espaço de tempo.
materialização e, aparentemente, lugar a indeferimentos alegada- f ) Actos cuja apreciação pertença obrigado a publicar em respeito aos O Regulamento da Lei do Direi-
conferem garantia restrita ao aces- mente pela interpretação de que por lei à competência de outros princípios da máxima divulgação, to à Informação, enquanto instru-
so à informação em detrimento do a jurisdição administrativa não é tribunais; da transparência,
ência, da participação mento de complementaridade e de
exercício direito à informação no competente para julgar casos de re- g) Actos estritamente técnicos re- democrática e da Administração execução desta, não estabelece de-
sentido mais abrangente. A questão cusa de informação não emergentes lacionados com matéria fiscal e Pública aberta, consagrados na lei talhadamente as condições ou cri-
do acesso à informação é apenas das relações jurídicas administrati- aduaneira. em apreço. É uma fragilidade da lei térios procedimentais do exercício
uma das vertentes do exercício do vas. que leva a que, em certos casos, não do direito à informação em vários
direito à informação. Entretanto, há quem possa enten- Ora, o argumento de que litígios se disponibilize informação de in- aspectos. É, pois, demasiado fraco e

ció
der que os litígios pela recusa de que têm por objecto um bem públi- teresse público enquanto a entidade vago na fixação das regras e porme-
Nos instrumentos legais em ques- informação de interesse público ca- co cabem na jurisdição administra- que a detêm não seja solicitada para nores de expediente para um eficaz
tão, aparentemente as acções judi- bem apenas na jurisdição adminis- tiva caem por terra com o conteúdo o efeito. exercício do direito à informação
ciais devem somente ser interpos- trativa porque a relação jurídica de deste das normas supra. Outrossim, quanto aos pedidos ur- e que não possa ser colmatada por
tas nos tribunais administrativos. acesso à informação tem por objec- Sobre os prazos e procedimentos gentes de informação por motivo outra legislação aplicável ao caso.
Todavia, os limites da jurisdição to um bem público, o que, também, para disponibilização de informa- de defesa dos direitos fundamentais O mais estranho é que não traz
administrativa podem prejudicar a não parece sustentável atendendo ção. ou de perigo de lesão grave de di- novidade à Lei de Direito à Infor-
materialização da garantia do exer- que a lei dispõe sobre várias rela- O prazo de 21 dias de que a Lei reitos ou interesse público ou para mação que natural, intencional ou
cício do direito à informação, uma ções jurídicas que tem por objecto do Direito à Informação e seu Re- efeitos de publicação de notícias de involuntariamente deixou espaços

so
vez que nos termos da Constituição um bem público, mas que estão fora gulamento se referem apenas está relevante interesse público, o arti- em branco que na lógica jurídica
da República os tribunais adminis- dos limites da jurisdição adminis- ligado aos casos em que a pessoa go 11 do Regulamento da Lei do devem ser preenchidos e tratados
trativos julgam acções que tem por trativa. interessada solicita a entidade que Direito à Informação, com alguma pelo correspondente Regulamento.
objecto litígios emergentes das É nestes termos que importa no- detêm informação de interesse pú- timidez, determina que tais infor- Portanto, não é fácil traçar com ri-
relações jurídicas administrativas, tar que o nº1 do artigo 5 da Lei nº blico. Ou seja, com a salvaguarda mações sejam disponibilizadas no gor a distinção entre a Lei e o seu
não tendo, por isso, jurisdição sobre 25/2009, de 28 de Setembro – Lei dos prazos em legislação diversa mais curto espaço de tempo possí- Regulamento, uma vez que se repe-
outras matérias de interesse públi- Orgânica da Jurisdição Adminis- para a publicação de determinada vel. Contudo, não está claro sobre tem mutuamente.
co que não enquadram uma relação trativa – determina o seguinte: informação em Boletim da Re- o que se deve entender por esta *Advogado e defensor de direitos hu-
jurídica administrativa. pública e outros meios, não está determinação, que revela ser uma manos
um
A Lei do Direito à Informação e 1. Excluem-se da jurisdição do Tri-
seu Regulamento parecem atribuir bunal Administrativo e dos tribu-
monopólio da garantia por im- nais administrativos a apreciação e
pugnação judicial pela recusa de decisão relativas a:
informação aos tribunais adminis- a) Actos praticados no exercício da
trativos, extravasando os limites da função política e responsabili-
jurisdição administrativa. Quid Jú- dade pelos danos decorrentes
ris aos casos de recusa de informa- desse exercício;
ção fora do contexto das relações b) Normas legislativas e respon-
jurídicas administrativas!? Ou será sabilidade pelos danos decor-
que tal situação é juridicamente rentes do exercício da função
impossível e que qualquer recusa legislativa;
de

de informação de interesse público c) Actos relativos à instrução cri-


deve ser considerada materialmen- minal e ao exercício da acção
te de natureza administrativa!? penal em matéria ia criminal;
Não parece coerente e convincen- d) Qualificação de bens como per-
te que os tribunais administrativos tencendo ao domínio público e
tenham competência exclusiva para actos de delimitação destes com
io
ár
Di
22 Savana 26-02-2016
DESPORTO

Dado ultimato à LMF sobre as transmissões televisivas

Clubes ponderam negociar seus contratos


Por Abílio Maolela

O
dossier sobre a concessão “Há clubes que têm a capacidade

o
dos direitos de transmis- de negociar os contratos (os gran-
são televisiva dos jogos do des), mas há aqueles que não têm,
Moçambola começa a ter mas todos querem dinheiro e fa-
uma nova abordagem. Depois de zem parte do mesmo campeonato”,

log
cinco anos de lamentação, devido justificou, sublinhando que a TVM
às dívidas acumuladas pela Tele- não transmitirá o Moçambola, en-
visão de Moçambique (TVM), quanto não liquidar a sua dívida.
na ordem de 30 milhões de meti- “Neste momento os direitos de
cais, entre 2011-2015, os clubes transmissão dos jogos estão com
decidiram avançar sozinhos para a LMF, nenhuma televisão detém
a negociação dos contratos. A in- esses direitos. A TVM queria dis-

Ilec Vilanculo
formação foi revelada no decurso cutir uma proposta para este ano,
da XXI sessão da Assembleia- mas não aceitamos porque quere-

ció
-Geral da Liga Moçambicana de mos que liquide a dívida existente”,
Futebol (LMF), havida na última garantiu.
segunda-feira, na qual os fazedores A concessão dos direitos de transmissão televisiva para 2016 e a liquidação da dívida da TVM polarizaram os debates da AG da LM
LMF Para que o Moçambola seja visto
do Moçambola deram um prazo de pela televisão, Couane revelou ha-
do campeonato nacional de futebol tidas nas contas de 2015 porque to para que a TVM assuma as suas ver contactos com o canal sul-afri-
15 dias à gestora do campeonato tem com os clubes, através de um responsabilidades, mas esta não
ainda não sabemos quanto é que a cano, SuperSport, que transmite
nacional de futebol para encerrar o tem capacidade financeira para nos jogos dos campeonatos estrageiros,
contrato assinado com a TVM (ca- TVM deve pagar”, explicou o vice-
dossier, antes de avançarem com os pagar a dívida”, justifica. como é o caso do angolano e zam-
nal oficial do Moçambola de 2011 -presidente para área ea financeira.
seus planos. O posicionamento da direcção da biano.
a 2015), que entretanto ainda não “O contrato assinado com a TVM

so
foi pago. LMF não agrada os clubes e o vice- “Estamos a fazer um trabalho junto
A iniciativa foi do Maxaquene, que era gradativo e, a cada ano, o valor da SuperSport e dentro das exigên-
A mesma iguala-se ao sistema subia. Em 2015 não tínhamos ne- -presidente do Clube do Chibuto
na voz de João Trincheira, vice- para a Alta Competição, Junneid cias deste canal, pediu-nos o núme-
português, em que os clubes avan- nhuma referência, uma vez que o ro dos subscritores deste canal no
-Presidente para Administração e Lalgy, lembra que, em 2015, du-
çaram, no ano passado, para a ne- contrato tinha expirado e a sua re- país, número de clubes e a forma
Finanças, propôs à LMF a cedência rante a XX sessão da Assembleia-
gociação particular dos direitos de novaçãoão foi tácita”, revelou. como a competição é organizada”,
do direito de negociação dos con- -Ger a última na era Simango, os
-Geral,
tratos das transmissões televisivas transmissão televisiva, com o Ben- Insatisfeito com a resposta, João disse, acrescentando que é necessá-
fica, Sporting e Porto a saírem com Trincheira, do Maxaquene, exor- associados receberam garantias de rio que os clubes preparem os seus
aos clubes, como forma de garantir que a dívida seria liquidada ainda
propostas milionárias (superiores a tou a nova direcção da LMF a pe- campos (relvado, balneários, ilumi-
transparência no processo e aliviar nação e bancadas).
10 milhões de euros por ano) dir dinheiro ao governo, para que naquele ano, mas até hoje “nada vai
o sofrimento imposto pela televisão
um
O facto é que a capacidade da LMF e nada vem”. Mas, porque o sinal da SuperSport
pública. a TVM pague a dívida, como tem
“Em 2015, vários jogos foram é fechado e faz parte dos paco-
“Se não houver nenhum contrato de gerir este dossier suscita dúvidas procedido com as Linhas Aéreas de
transmitidos pela TVM no nosso tes mais caros da DSTV, Couane
assinado entre a LMF e qualquer entre os associados. O contrato da- Moçambique
ambique (LAM). avançou que a sua direcção propôs
quela instituição com a TVM expi- “Da mesma forma que a Liga pede campo, mas não recebemos nada”,
televisão, que se deixe o negócio a uma cláusula para que alguns jogos
rou em 2014, com a dívida a rondar dinheiro ao governo para pagar a frisa João Raul, Secretário-Geral
cargo dos clubes. Vamos negociar, sejam transmitidos na TVM, para
nos 30 milhões de meticais, porém, dívida, a LAM devia fazê-lo para do Costa do Sol. o Moçambola ser visto pelos cida-
individualmente, e no fim vamos
pagar 50% do valor ao organizador o mesmo foi renovado tacitamente, pagar a dívida da TVM, porque dãos de baixa renda.
“Detemos os direitos para Com esta proposta, os clubes de-
do jogo, 25% ao visitante e 25% à em 2015, e sem nenhum valor de esta, mesmo em dívida, transmi- salvaguardar o interesse
referência. te os jogos, enquanto a LAM não ram um prazo de 15 dias (até a data
Liga, como é feito agora”, propôs dos pequenos”, Ananias
Este factor faz com que o relatório do início do Moçambola, 12 de
Trincheira em sede da AG. deixa ninguém voar sem dinheiro”, Couane Março) para que a LMF apresen-
A proposta, que foi acolhida pelos de contas de 2015 da LMF não constata Trincheira. O presidente da LMF, Ananias te resultados deste dossier. Caso
de

clubes e ainda descartada pela di- inclua os valores referentes à trans- Entretanto, o elenco de Couane
Entretanto Couane, afirma que a sua institui- a SuperSport não aceite, estes vão
recção da LMF, surge na sequência missão dos jogos e a direcção de afirma que não é sua função inter- ção deteve os direitos de transmis- avançar individualmente para a ne-
das avultadas dívidas (mais de 30 Ananias Couane explica: “as trans- ferir no trabalho da TVM. são para “salvaguardar o interesse gociação dos contratos com os ca-
milhões de MT) que o organizador missões televisivas não estão reflec- “A direcção da LMF tudo tem fei- dos seus associados”. nais privados nacionais.

Apesar de choros em relação à arbitragem no Moçambola

Punido apenas um árbitro em 2015


io

Por Abílio Maolela

A
pesar de várias reclamações não faz sentido que numa prova com que vão apitar o Moçambola nunca trabalho dos árbitros. nas 12 campos foram aprovados, fal-
ár

em torno da actuação da tantas irregularidades, como a nossa, fomos fornecidos”, garantiu Pombu- Aliás, o orçamento da arbitragem tando o do Maxaquene, do Despor-
arbitragem no Moçambo- só um árbitr punido.
árbitro seja punido ane. foi alvo de críticas também no tivo de Tete (Chingale) e o Estádio
la-2015, que culminaram Segundo Luís Canhemba, repre- O Presidente da agremiação, Júlio workshop sobre o futebol, organiza- Municipal de Lichinga.
com o espancamento de Arlindo sentante desta colectividade na AG, Mungoi, nega pronunciar-se sobre a do na manhã daquela segunda-feira. Este último encontra-se atrasado e
Nuvunga, em Nacala, pelos joga- com atitudes desta natureza não se decisão da sua instituição, alegando Francisco Machel, antigo árbitro de é quase certo que o estreante Des-
dores do Maxaquene, a Comissão pode discutir a verdade desportiva, que está fora do mandato e aguarda futebol, questionou a alocação do di- portivo de Niassa realizará as suas
Di

Nacional de Árbitros de Futebol no país. a renomeação ou a nomeação de um nheiro doado anualmente pela FIFA primeiras partidas na Cidade de
(CNAF) fez vista grossa ao pro- O vice-Presidente da LMF para novo presidente. para a formação dos árbitros. Este Nampula.
blema e puniu apenas um árbitro. Alta Competição, Alberto Pombu- A punição de um árbitro, em 2015, juiz defende que a Federação Mo-
A informação foi tornada pública, ane
ane, mostrou-se também preocupa- junta-se à inaptidão de 16 deles para çambicana de Futebol (FMF) nunca
Maxaquene vs Desportivo,
nesta segunda-feira, no decurso do, mas revela que a sua instituição apitar esta época, o que faz prever na primeira jornada
alocou aquele valor à CNAF para a Quanto ao ordenamento dos jogos
da Assembleia-Geral ordinária da sempre teve dificuldades de comuni- uma prova com um número insufi- prossecução do seu propósito. da primeira jornada, para além do
Liga Moçambicana de Futebol sen- cação com a Comissão Nacional de ciente de árbitros ou com juízes de
do que, entretanto, não apuramos o Árbitros de Futebol (CNAF). recurso. jogo UDS-Desportivo de Nacala, a
Municipal de Lichinga em
nome e nem o tipo de pena. jornada comporta as partidas:
“Sempre tivemos problemas de co- Outro factor que preocupa a direc- dúvida
Ferroviário da Beira-Desportivo de
municação com a CNAF. Poucas ção da UDS está relacionado com a O Moçambola só arranca a 12 de Niassa; Estrela Vermelha de Maputo
A medida tomada pela CNAF não vezes temos tido informação sobre distribuição dos fundos na CNAF. O Março, na vila de Songo, em Tete, -ENH de Vilanculo; Ferroviário de
agrada os clubes, que consideram in- o funcionamento dela. A nomeação facto é que o relatório de contas de com o embate entre a União Des- Maputo-Liga Desportiva de Ma-
suficiente o número de visados, ten- dos árbitros para os jogos é da com- 2015 anota que a LMF alocou cerca portiva local e o Desportivo de Na- puto; Costa do Sol-1º de Maio de
do em conta a quantidade de irregu- petência da CNAF, mas já solicita- de 4.830 milhões de MT à arbitra- cala, mas já está na boca dos seus Quelimane; Maxaquene-Desportivo
laridades cometidas por esta classe. mos a nossa presença nas reuniões gem. amantes. de Maputo; Ferroviário de Nampu-
A União Desportiva de Songo é a técnicas, porém nunca fomos comu- Pombuane explica que o valor em O primeiro tema de debate são os la-Clube de Chibuto; e Ferroviário
cara desse repúdio, afirmando que nicados. Mesmo a lista dos árbitros causa é referente à remuneração do locais de jogo. Até ao momento, ape- de Nacala-Chingale de Tete.
Savana 26-02-2016 23
DESPORTO

AG do Desportivo de Maputo

Sonho adiado...!
Por P. Mubalo e A. Maolela

Q
uem pensava que com a de- Saída pela porta pequena o campo sintético na Avenida Ze- mília “alvi-negra” aguarda pelo pre- Passados os 13 anos, Michel Gris-

o
missão, em bloco, em No- A saída de Michel Grispos do Des- dequias Manganhela, a direcção ces- sente, que tarda em chegar e todos pos deixou a direcção do Clube do
vembro do ano passado, da portivo foi vista por muitos segmen- sante decidiu construir um campo de questionam: será que o campo existe? seu coração, mergulhado numa crise
direcção do Grupo Despor- tos como uma decisão que pecou relva natural em Bobole, no extremo Grispos prometeu esclarecer a situa- aguda. Nesse período de governação,
tivo de Maputo, depois de ter sido por ter sido tardia, pois os sócios e norte do distrito de Marracuene. ção, mas não através da imprensa. a equipa de futebol conquistou um

log
alvo de contestação, esta colectivida- adeptos, especialmente, já a pediam O anúncio da existência deste pro- “Não vou responder a essa pergunta campeonato nacional (2006), uma
de respiraria de alívio, enganou-se. há muito tempo, tendo se manifes- jecto foi feito em Janeiro de 2014, na por uma questão de princípio. Conti- Taça de Moçambique (2006) e uma
tado ao mais alto nível, no Estádio apresentação do plantel para aquela nuem a alimentar as vossas especula- despromoção (2012), assim como
Enganaram-se, redondamente, os Nacional do Zimpeto, após jogo com época e, na altura, o presidente de- ções. Os sócios do Desportivo vão sa- acumulou inimizade com os técnicos
que pensavam que com a saída de o Clube de Chibuto, referente à 16ª missionário disse que o campo seria ber como é que foi usado o dinheiro e atletas que dali passaram, como é o
Michel Grispos, não só se abriria, jornada. Eles exibiram dísticos e car- entregue em Maio, como “presente do campo. Vou responder aos sócios. caso de Augusto Matine, Artur Se-
tazes a exigir a saída incondicional do de Natal” aos sócios e adeptos desta Eles terão os justificativos. Não me medo, Uzaras Momed (regressado)
rapidamente, uma nova página na
presidente e do seu badalado campo equipa. julguem em público”, disse, quando e Dário Monteiro, que saíram com
vida do clube, como seria esclarecido
de Bobole. Porém, um ano e meio depois, a fa- questionado sobre o campo. ordenados em falta.
uma vez para sempre o dossier sobre

ció
a venda de campo. Grispos argumentou que a sua saída
Outrossim, falharam nos cálculos os não foi resultado dessa pressão, pois,
que achavam que uma assembleia- deveu-se ao facto de o seu manda-
-geral bastaria para se resolver a to ter chegado ao fim, sendo que a
maior parte dos problemas do clube. mesma visava criar condições para a
Com efeito, no último sábado, os próxima época e para a realização da
sócios chumbaram o relatório de Assembleia-Geral, essa que aconte-
actividades e de contas apresentado ceu no último sábado.
pela antiga direcção alvi-negra, sinal O presidente demissionário deixou
uma casa cheia de dívidas, desde a

so
claro de que existem muitas zonas de
penumbra. Dos presentes, 34 sócios falta de salários dos funcionários do
votaram contra e 27 a favor da apro- clube; o atraso salarial, de cinco me-
vação do relatório e contas. ses, à equipa sénior masculina de bas-
Naquilo que ultimamente tem sido quetebol (campeã nacional basque-
prática em muitos clubes, assembleia tebol); de três meses à equipa sénior
à porta fechada, o elenco de Michel do futebol, que garantiu a manuten-
Gripos não conseguiu convencer os ção na última jornada; assim como a
sócios sobre várias matérias de im- dívida de água, que levou a empresa
portância fulcral, como o do tão pro- Águas de Região de Maputo a cortar
um
palado campo de Bobole. o fornecimento deste precioso líqui-
Sabe-se, igualmente, que Feizal Sidat, do.
antigo presidente da Federação Mo-
çambicana de Futebol, foi obrigado a
Promessas não cumpridas
Além das dívidas, Michel Grispos
retirar-se do encontro alegadamente
deixou promessas por realizar em
por não ter as quotas pagas, mas ao
frente daquela colectividade. Em
que se apurou, ele havia pago todas
2012 apresentou um Projecto de Re-
as quotas referentes ao ano passado
qualificação das infra-estruturas do
estando em falta apenas a de Janeiro.
Clube, denominado “Academia de
A medida foi interpretada como uma
Desportos”, concebido em parceria
manobra para o impedir de contri-
com a ProSport.
buir com as suas ideias.
O projecto, dividido em duas fases,
de

Entretanto, Danilo Correia, que se


compreendia a construção, na pri-
esperava que viesse a ser eleito como
meira fase (Setembro a Dezembro de
presidente do Desportivo, acabou por
2013), de um campo de futebol com
vacilar, com argumento de que pre-
relva sintética; reabilitação de campos
cisava de algum tempo para melhor
multi-usos; criação de campos infan-
conhecer os cantos de casa. Mesmo
tis com relva natural; e a reabilitação
assim continuará a presidir a comis-
de balneários masculinos e femininos.
são de gestão.
A segunda fase, que estava prevista a
Sabe-se que antes da realização da
decorrer de Janeiro a Dezembro de
supracitada assembleia, Danilo Cor-
2014, compreendia a reabilitação da
io

reia teria avançado a alguma impren-


piscina; adequação do Centro Médi-
sa desportiva que o mais importante
co e Fisioterapia; construção de giná-
não era fazer caça às bruxas, procu-
sio; e a construção de lojas, sistemati-
rando ver as falhas que eventualmen-
zação e reabilitação de áreas comuns.
te tenham sido cometidas, mas sim,
A construção da piscina no terraço
trabalhar no sentido de levar o Des-
ár

não é o maior problema que a di-


portivo a participar com dignidade
recção demissionária enfrentou na
no Moçambola, tendo como meta
família “alvi-negra”, mas o campo de
não a conquista do título, mas ocupar
futebol.
os lugares cimeiros. O facto é que no lugar de construir
Di
24 Savana 26-02-2016
CULTURA

Música ao vivo escasseia 83


Por Luís Carlos Patraquim

O
s artistas reclamam que vão redu- Há falta de sensibilidade por parte das
zindo drasticamente os lugares pessoas que trabalham nestas instituições
que apresentam música ao vivo que promovem a cultura. “Eu como artis-

A tempestade

o
com qualidade na capital do país. ta sei como quero gravar o meu trabalho.
“Repara que existem muitas casas de pasto, Quando apresentei o meu projecto de gra-
mas quando se fala de música ao vivo não var ao vivo em Inhambane e usar um dos

R
vemos nada. São poucas as casas de pasto melhores estúdios de gravação do país que io, 40º é um filme do realiza- Não há deuses a vingarem-se mas tão só

log
que ainda apresentam música ao vivo. Os lá existe, isso foi motivo para que o meu dor brasileiro Nelson Pereira a mão humana a abismar a tempestade.
amantes de uma boa música ao vivo já não projecto não fosse aceite. Isso de alguma dos Santos. Maputo, 44º acon- Se voltarmos às palavras, com alguma
encontram esses lugares”, lamenta o músi- forma deita abaixo a minha criatividade e tece a espaços. A Tempestade é valia, espero, as personagens de Shakes-
co Zé Maria. a qualidade que desejo no meu trabalho. a famosa peça de William Shakespeare peare podem voltar a ser convocadas
Não posso sujeitar o meu trabalho a cer- onde há Próspero, Caliban, Miranda, porque os resultados, como não podia
Os locais que apresentam música ao vivo Ariel e todos aqueles relâmpagos geniais deixar de ser, foram de geometria variá-
tas condições que sei que não vão tirar um
vão, à medida que o tempo passa, perdendo sobre a colonização, a língua do outro e vel, na classificação dos estrategas. Como
produto final que eu desejo. Precisamos de
qualidade devido à pouca rotatividade dos a materna e muitos estudos e ensaios e já nada espanta e essa é a ordem natural
ter pessoas nessas instituições que tenham
artistas. “As casas que apresentam músi- títulos de revistas que nos posicionaram das coisas, Próspero ouviu a maldição de

ció
sensibilidade com este tipo de trabalho. O a todos num certo enquadramento, para
ca ao vivo optam por manter os mesmos Caliban mas continuou próspero, com
que percebo é que as pessoas que encontra- utilizar o termo de um sociólogo alemão alguns gastos inesperados pelo meio e a
artistas como forma de reduzir os custos. mos nessas instituições estão preocupadas de cujo nome não me quero lembrar. Caliban só lhe restará percorrer os labi-
Entretanto, para os amantes de música em ganhar algum dinheiro com base no Esta indeterminação é cervantina. Car- rintos da água, repor, se puder, as chapas
ao vivo isso é mau, pois vamos perdendo trabalho dos outros”, aponta. los Fuentes, o autor de Aura e mexicano, de zinco - um luxo! -, e esperar pelos
a qualidade. Há quanto tempo não vemos Para contornar a situação, o músico pre- defende essa tese para a obra imortal de mosquitos. Ariel continuará a flanar no
um concerto memorável ao vivo”, questio- tende auto financiar o trabalho de gravação Dom Miguel e tal, o autor de Quixote. chão sujo da Rua de Bagamoyo, travesti
na o saxofonista. Ou talvez não o seja, segundo o próprio
dos seus três discos em simultâneo. “Como ou não, e Miranda, filhinha de Próspero,
Questionado porquê nestes últimos tem- vantes e Jorge Luís Borges aprovei-
Cervantes
percebi que está a ser difícil para encontrar estará ao lado do pai.

so
pos não tem apresentado os seus concertos ta, glosa e desenvolve com a hipótese de Se o plot fosse o da peça, o pobre do
esse financiamento, prefiro pagar a grava-
nas casas de pastos, o músico retorquiu: “as um certo Pierre Ménard que o argentino Duque de Milão destituído pelo rei de
ção dos meus discos. Estou à espera de um
casas de pasto pagam mal os músicos, por tira da sua biblioteca mundo. Nápoles, tudo seria mais complicado.
valor por parte da minha família. Com esse
isso optei em ficar parado. Não que esta pa- Pede-se aqui que essa possibilidade não
valor vou pagar os músicos que vão tra-
ragem signifique que não esteja a produzir. Estamos no reino das palavras. E seria o seja considerada, não obstante a força
balhar na gravaçãoão e o estúdio de ensaios.
Continuo a compor e a inovar as minhas melhor dos mundos se pudéssemos ficar da tempestade, a real, e das outras, mais
Todos os aspectos inerentes à gravação vão
músicas e agora estou a preparar a minha por aqui. Mas não é o caso. reais ainda mas de maior complexida-
gravação, sendo que tenho material para ser pagos por esse valor que será propor-
A tempestade abateu-se sobre Maputo de e com sinuosidades várias. Avisa-se,
gravar três álbuns. Preciso de gravar esses cionado por um financiamento da minha
depois daquele dia a 44º e os resultados com inquietação e insistentemente, que
um
trabalhos para deixar a minha cabeça livre família. Como estou preocupado em gra-
foram os que soubemos e as pessoas so- os que se estão a pôr na pele das per-
para poder criar novas composições”, frisa var as minhas músicas, vejam que estou a sonagens de A Tempestade atentem nas
freram. Centenas de casas destruídas,
o artista. usar um financiamento familiar.. Quando muros caídos, mortos, devastação, como eventuais correspondências.
A dificuldade em gravar reside na falta abordo esse assunto com as pessoas sempre se a água que falta nas canalizações e a Iniludível é o facto de Maputo ser, para-
de financiamento por parte das entidades questionam o porquê? Mas é a única forma electricidade inexistente na rede se qui- fraseando mal Octávio Paz, um arquipé-
que se dizem vocacionadas na promoção que encontrei paraa poder gravar as minhas sesse vingar à décima potência. Já não lago de ilhas e, por isso, matéria-prima
dos artistas. “Já bati portas à procura de músicas. O meu objectivo agora é ter as bastava a seca e os jogos de guerra. e sinédoque para o conflito, dramático,
financiamento e a resposta que encontrei minhas composições gravadas para que os Para os amantes do telurismo, os inter- claro., que autores coevos insistem em
deixa muito a desejar. É muito triste como amantes das minhas músicas tenham opor- pretes de oráculos, para o que ainda viu escrever.
é tratada a questão de financiamento para tunidade de usufruir delas. Há bastante o alakavuma mas não teve tempo de avi- Como nota final, observa-se que não
gravação. Fui para uma instituição voca- tempo que os que gostam das minhas mú- sar – e de que valia senão para multipli- havendo Shakespeare por perto, o ver-
de

cionada para a promoção da cultura para sicas perguntam sobre a possibilidade de car o pânico e a inquietação impotente dadeiro morreu há quatro séculos, talvez
solicitar um financiamento e a resposta que tê-las. Mas acredito que esse desejo vai se da fatalidade a desabar? -, o que acon- fosse de maior sageza não tentar escrever
encontrei não foi de encontro com o que concretizar este ano e espero que os aman- teceu na capital talvez não tenha sido o nenhuma peça obedecendo a tal enredo,
tes da minha música tenham esse trabalho epítome da tempestade no ordenamento quedando-nos todos na proveitosa lei-
desejo. Eu quero gravar ao vivo e num estú-
territorial, urbanístico, sociológico, cul- tura da obra do autor de Hamlet. Com
dio que tenha as qualidades para a gravação constituído de dois discos. Um será de jazz
tural, económico de Maputo. Cuja reali- tal desiderato, talvez pudéssemos mini-
das minhas músicas. A instituição propôs e outro do género tradicional. Sempre com
dade se vive e se conhece; cujas fracturas mizar os efeitos da tempestade. Com t
que eu fosse gravar num estúdio por ela in- aquela roupagem e inovação que têm sido
se alargam ainda mais ante uma metere- minúsculo, apesar de todas as desgraças
dicado,, mas eu sei que o referido estúdio a minha marca neste contexto musical mo- ologia de fracasso político sub-tropical. contigentes.
não tem a qualidade que procuro para o çambicano. Acredito que o público vai de-
io

meu trabalho”, lamenta. lirar com as minhas mmúsicas”, finaliza.

Feira do livro flutuante


ár

no porto de Maputo

L
ogos Hope chegou à cidade de Ma- África, Maputo será a única paragem.
Di

puto no dia 24 de Fevereiro e está Muitos ainda se lembram de Doulos, o


atracado no terminal de Cabotagem ex-navio irmão do Logos Hope. A últi-
no Porto de Maputo. MV Logos ma visita de Doulos em Moçambique foi
Hope está aberto ao público no terminal em 2005 e teve cerca de 21.500 visitantes.
de Cabotagem desde dia 25 de Fevereiro, Agora, Logos Hope, carregando uma equi-
devendo se estender até 14 de Março de pe internacional de 400 voluntários, ofere-
2016. A feira do livro do Logos Hope ofe-
ce um espaço maior para os visitantes, com
rece uma selecção de mais de 5.000 títulos
espaço para navegação, feira do livro e Café
diferentes, a preços acessíveis, cobrindo
uma gama de assuntos, incluindo ciência, Internacional.
desporto, passatempos, culinária, artes, me- MV Logos Hope é operado por Navios
dicina, línguas e filosofia. GBA e V, uma organização internacional
de caridade registada na Alemanha. Desde
Logos Hope, maior feira do livro flutu- 1970, a organização tem recebido mais de
ante do mundo, faz a sua primeira visita a 45 milhões de visitantes, em mais de 160
Pose dos artistas Zé Maria, Nico, Chico António e Edmundo Moçambique. Durante a sua excursão em países e todo o mundo. A.S
Dobra por aqui
FEVEREIRO
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1155 ‡ DE FEVEREIRO'(

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2 Savana 26-02-2016 Savana 26-02-2016 3
SUPLEMENTO
Savana 26-02-2016 27
OPINIÃO

Abdul Sulemane (Texto)


Naita Ussene (Fotos)

o
log
Fazemos pela paz
E
nquanto a tensão política vai se agudizando a cada dia, os moçambi-
canos são bombardeados em todos os meios de comunicação social
com notícias de ataques, com maior incidência na zona centro do
país.

ció
As vozes da sociedade civil vão tentando de alguma forma mostrar o seu
repúdio à tensão política, que está a levar o país para um cenário de guerra.
São marchas realizadas em vários pontos deste Moçambique. É a forma que
a sociedade civil encontra para manifestar o seu descontentamento. Será que
é a única arma que a sociedade civil tem?
Os encontros entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Re-
namo, Afonso Dhlakama, não surtiram os efeitos desejados. A paz continua
por um fio. O fio que sustenta esta mesma paz está a quebrar-se. Espera-

so
mos que as partes envolvidas tenham algum discernimento para recuperar
o tempo perdido e criem condições para que a paz efectiva regresse no país.
Neste cenário da procura da paz efectiva no país, a sociedade civil é até
agora a parte que é menos integrada neste processo. Entretanto, sabemos
que a sociedade civil desempenha um papel preponderante na resolução de
diferendos que estão a levar o país rumo à guerra.
Quando a sociedade civil percebe que a sua participação neste processo para
o alcance da paz efectiva está a ser ignorada procura outras soluções. Não foi
um
por acaso que alguns membros e amigos do Sindicato Nacional de Jorna-
listas, aquando do encerramento da época do canhu, realizaram, no distrito
de Magude, uma cerimónia tradicional como símbolo de fim da época do

Agueda Muchate
canhu, mas também para pedir aos antepassados auxílio para evitar que o
país caia no precipício da guerra. Na imagem, vemos o jornalista da Rádio
Moçambique, Abdul Naguibo, o Inspector das actividades económicas do
Ministério da Indústria e Comércio, José Rodolfo, e o Leão Zamba.
Nesta outra imagem, está José Rodolfo, com o utensílio geralmente usado
para servir e consumir a bebida tradicional, enquanto o fotojornalista do
SAVANA, Naíta Ussene, prefere usar o copo convencional. Pelo olhar fixo
de Belmiro Simango,, o cenário que se avizinha para o país é preocupante.
de

Como a situação da tensão política chegou numa fase alarmante, qualquer


membroo da sociedade moçambicana procura desempenhar o seu papel no
alcance da paz. Não é por acaso que Fernando Amado Couto aproveitou o
momento para abordar o Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário,
para dar o seu parecer sobre a tensão política do país. Pelo aperto de mão, faz
entender que está a dizer: como tens mais possibilidade de estar com o Pre-
sidente da República, Filipe Nyusi, peço que lhe diga para fazer o possível e
o impossível para alcançarmos a paz efectiva. O tempo escasseia.
A alegria é momentânea. Mesmo nas festas, o semblante de preocupação é
io

notório. Reparem os rostos dos participantes do aniversário de Jorge Pau-


lino, a maioria demonstra estar preocupada com alguma coisa. As crianças
nem percebem os rostos de preocupação dos adultos, só querem cortar o
bolo. O cenário de guerra no país é de inquietar.
Para tentar desanuviar por uns instantes os ambientes de preocupação, as
mulheres usam os seus dotes de dança. Como diz o adágio popular: quem
ár

dança seus males espanta. Esperamos que seja o caso.


Di
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF'FWFSFJSPEFt"/099***t/o 1155
se
Diz-
IMAGEM DA SEMANA Foto Naíta Ussene
Diz-
s e. . .

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FTDMBSFDFS 0VFTUBNPTQFSBOUFEPJTQFTPTFEVBTNFEJEBT

log
t Enquanto isso, dizem as más-línguas que tudo começa quando
uma esposa, cansada de receber o esposo já usado, decidiu or-
questrar a paulada como curativo. Ao que se diz, o maldito chá
era servido à nomenklatura. Se é de dentro ou de fora da casa
multimédia, esse é outro assunto! Aqui se faz, aqui se paga!

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0&TUBEPRVFFNBERVJSJVQBUSVMIFJSPTOPMPUFematum
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NBSFTTFTUBNCÏN
Segundo a Human Rights Watch
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0TÈCBEPGPJOFHSPQBSBRVFNGF[POFHØDJPEPNVSPEB1JTDJ

FDS envolvidas na violação dos Direitos Humanos OBEP;JNQFUP$PNBRVFEBEFTUFFBNPSUFEPTFMFDDJPOBEPS


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NBOPCSB RVFTFNQSFDBSBDUFSJ[BFTUFUJQPEFFQJTØEJPT

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uma altura em que as au- UFTFBQPJBOUFTEB3FOBNP&FTUB PT TFVT NBSJEPT GPSBN TVNBSJB-
TVNBSJB
toridades moçambicanas QFSTFHVJÎÍP FTUÈ B BDPOUFDFS OÍP NFOUF FYFDVUBEPT  PV BNBSSBEPT F t 0NJOJTUSPBQBJYPOBEPQFMB,BMBTIJOJLPWEJTTFRVFJSÈSFTQPO-
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continuam à procura de TØ FN5FUF  NBT FN WÈSJPT PVUSPT MFWBEPT QBSB QBSBEFJSP EFTDPOIF-
EFTDPOIF TBCJMJ[BSPTBVUPSFTEPBUFOUBEPRVFUBSEPVFNDIFHBS EFWJB
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subterfúgios para não DBOUPTEPQBÓT"MJÈT OPmNEBTF- DJEP QPS TPMEBEPT EF VOJGPSNF  UFS BDPOUFDJEP FN   TFHVOEP P FNQSFJUFJSP
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reconhecer a existência de refu- NBOB QBTTBEB  P BDBNQBNFOUP EB BMHVOT EFMFT USBOTQPSUBEPT QPS TBCFSTFUFSÈFTTBDPSBHFN UFOEPFNDPOUBRVFBPCSBFTUFWF
giados moçambicanos no campo &VSPNP[GPJBTTBMUBEPQFMBT'PSÎBT WFÓDVMPT EP FYÏSDJUP &N WÈSJPT TFNQSFOPDPOUSPMPDBTFJSP
de acolhimento de Kapise, territó- EF%FGFTBF4FHVSBOÎBFPTUSBCB- DBTPT  PT TPMEBEPT JODFOEJBSBN
rio malawiano, a HRW sentiu-se MIBEPSFT UPSUVSBEPT 0 MPDBM mDPV DVMUJ-
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obrigada a deslocar-se àquele ter- UFNQPSBSJBNFOUF PDVQBEP QFMBT WP  BDVTBOEP PT SFTJEFOUFT MPDBJT EFNBSDBSTFEBWFSHPOIB BUJSBOEPDVMQBTBPQSPKFDUJTUB.BT 
ritório do país vizinho no sentido '%4 EF BMJNFOUBS F BQPJBS BT NJMÓDJBT FTRVFDFVTFEFRVFRVFNDPOWJWFDPNPDSJNFUBNCÏNÏDSJ-
de, in loco, procurar perceber o que " EFOÞODJB EBT UPSUVSBT F QFSTF-
QFSTF i0 FYÏSDJUP EF .PÎBNCJRVF OÍP NJOPTP
realmente está a acontecer. HVJÎÍPNPWJEBTQFMBT'%4GPJGFJUB  QPEF VTBS B EFTDVMQB EF EFTBSNBS
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NFNCSPT  PV FOUÍP  TJNQBUJ[BO-
TJNQBUJ[BO- OP .VMIFSFT EFTDSFWFSBN DPNP (Ilódio Bata)
Savana 26-02-2016 1
EVENTOS

EVENTOS
0DSXWRGH)HYHUHLURGH‡$12;;,,,‡1o 1155

o
Cornelder apoia unidade

log
de Cirurgia do HCM

ció
so
um
de

Naita Ussene
A
Cornelder de Moçam- possam aceder a serviços de exce- que o HCM desenvolve é a cirur- do nosso programa de apoio ao por parte de outras instituições
bique, CdM, (empresa lência prestados pela Unidade de gia cardíaca e esta é uma das áreas HCM, pois sabemos que esta é a para que mais pacientes se bene-
io

de logística baseada no cirurgia cardiovascular e torácica da medicina que significa grande única unidade pública no país que ficiem, e rematou: “infelizmente
Porto da Beira), efec- do HCM. avanço tecnológico e, portanto, realiza cirurgias com este nível de
conseguimos operar 50 a 60 pes-
tuou nesta segunda-feira a entre- A iniciativa insere-se no âmbito requer muita habilidade técnica complexidade.
ga de um lote de medicamentos do programa de responsabilidade Já o Director da Unidade técnica soas, mas a nossa meta seria de
e também medicamentos consu-
diversos à Unidade de Cirurgia social da CdM, que visa apoiar o míveis muito especializados, com de cirurgia e cirurgião cardíaco pelo menos 100 por ano e depen-
Cardiovascular e Torácica do esforço do Governo no intuito de custos altamente onerosos. Este torácico responsável pela cirur- demos só do Governo”.
ár

Hospital Central de Maputo melhorar a qualidade de vida de apoio poderá ajudar muitos mo- gia cardiovascular, Atílio Morais, A cerimónia contou com a par-
(HCM). milhares de concidadãos caren- çambicanos”. referiu que desta parceria com a ticipação do Director Geral do
ciados, em todo o país. Por sua vez, Adelino Mesquita Cornelder mais 20 pessoas foram
HCM, João Fumane, e do Admi-
O apoio, avaliado em cerca de um Falando na ocasião da entrega disse: “acreditamos que a nossa operadas com problemas car-
milhão de meticais,
ais, possibilitará dos equipamentos à unidade hos- diovasculares no ano passado e nistrador-Delegado da Cornel-
pequena e singela contribuição
der, Adelino Mesquita, profissio-
Di

que um considerável número de pitalar, o Director do HCM agra- poderá ajudar a aliviar algumas espera-se que com ajuda mais 10
pacientes, sobretudo crianças e deceu a CdM pelo gesto nobre e pessoas, principalmente as crian- pacientes sejam operados. nais da saúde.
adultos sem recursos financeiros, afirmou: “uma das actividades ças e os mais idosos que são alvo Morais lamentou a falta de apoio (Elisa Comé)
2 Savana 26-02-2016
EVENTOS

Ambiente de negócio:
BancABC doa livros
Abrem quatro pontos de
N
o quadro do seu pro-
grama de responsabi-
lidade social, o Ban-
atendimento do BAU

o
cABC ofereceu, pelo
segundo ano consecutivo, a
diferentes escolas e bibliotecas

Q
moçambicanas, diversos livros uatro pontos de atendi- preocupações, dentro dos prazos
escolares. mento do Balcão Único estabelecidos, constituem unidades

log
de Atendimento (BAUs) concentradas de prestação de servi-
Com esta iniciativa, o banco deverão entrar em funcio- ços públicos.
quer contribuir na promoção itos municipais
namento nos distritos Os BAUs têm como objectivo me-
da cultura de leitura, melhoria de Ka Maxaquene, Ka Mpfumo, lhorar os serviços públicos, através
da qualidade de educação e Ka Mavota e Ka Mubukwane, até da simplificação, flexibilização e
garantir material didáctico às Abril do presente ano, segundo celeridade dos procedimentos ad-
famílias carenciadas. ministrativos, relativos aos pedidos
soube o nosso jornal de fontes li-
De acordo com Christine Ra- que lhe são presentes pelos cida-
gadas a matérias de ambiente de
mela, responsável pelo depar- dãos.
melhoramento de negócios.

ció
tamento de marketing e comu- Os BAUs têm como atribuições
nicação do BancABC, a aposta designadamente o licenciamento
da sua instituição em apoiar o mente e de forma sustentável para o um programa de Responsabi- Neste momento, segundo a fonte, de actividades económicas e pres-
sector da Educação, neste caso desenvolvimento do País, por isso en- lidade Social próprio que tem decorrem actos preparatórios ten- tação de serviços, a cobrança de
particular no fornecimento de tendemos que, ao investirmos na sua como pilares fundamentais: as do em vista o arranque daqueles
livros para as bibliotecas esco-
taxas referentes aos serviços pres-
formação e educação cívica, estamos mulheres e as crianças, as artes quatros pontos, sendo que para o tados, emissão de documentos de
lares, deve-se ao facto de ter a contribuir para que os jovens alu- e a cultura, a educação e a saú- efeito, ainda esta semana aqueles identificação e outras, expedidos
plena consciência de que a falta nos tenham competências adequadas de e, não menos importante,
dos mesmos remete os alunos serviços deverão iniciar a formação pela Administração Pública, for-
para uma integração digna e efectiva os deficientes físicos. É nestas dos técnicos que irão trabalhar na-
para fracas competências de necimento de orientação técnica,

so
na sociedade”, disse. O BancABC as- áreas que o banco tem vindo a
leitura. quatr áreas municipais de
quelas quatro sobre os requisitos e procedimentos
sume que é sua responsabilidade con- apostar há já alguns anos, atra-
“Um dos nossos principais tribuir para o crescimento económico vés de um conjunto de singelas Maputo. administrativos, inerentes à pros-
objectivos é contribuir activa- e social do País, tendo criado para tal iniciativas. (E.C) Os BAUs são espaços de acesso secução dos serviços prestados e a
fácil, onde os cidadãos em geral realização de outros serviços, que
beneficiam de vários serviços pú- pela sua natureza, não se mostram
blicos, obtendo respostas às suas contrários aos seus objectivos.

Norberto Geraldes expõe na


um
mediateca do BCI Coca-cola partilha emoções

A
coca-cola, uma das gran- Nova FM e Cidade. O passatempo

E
stará patente, até ao próxi- des paixões e tendências tinha como objectivo oferecer aos
mo dia 27, na Mediateca do mundiais, tem vindo a vencedores uma lata personalizada
Banco Comercial de Inves- promover e aproximar-se com o seu nome e da sua cara-me-
timentos (BCI), cidade de cada vez mais do seu cliente, de tade. As 10 melhores mensagens de
Maputo, a exposição “Uma Cami- forma única e cada vez mais emo- amor dos ouvintes deste programa
nhada em Picadas Moçambicanas tiva. É com emoções e sentimentos foram premiadas com um kit São
com 70 Anos de Comprimento”, da que a marca na 2ª edição da cam- Valentim da Coca Cola, marcando
autoria do artista plástico luso-mo-
de

panha Partilha uma Coca-Cola, assim o dia e o amor dos partici-


çambicano, Norberto Geraldes. decidiu celebrar o amor, dando pantes.
um maior destaque para o mês dos Depois de presentear várias figuras
A mostra atravessa grande parte enamorados. públicas e alguns fãs das mesmas, a
da carreira do autor que se alonga Coca-Cola está presente em todo o
há mais de 70 anos e com a origi- Foi assim que o mês do amor foi país com latas e garrafas personali-
nalidade de ser pioneiro na técnica celebrado com muito feeling, atra- zadas com nomes e emoções para
da espátula que, segundo o próprio, vés de um passatempo nas rádios partilhar com quem mais se gosta.
só tem um defeito: consome muito tinha tudo espalhado.” feriu, na sua intervenção, realçar
mais tinta. Geraldes, sentado e apoiado numa o facto de os papéis estarem um
io

Na cerimónia de inauguração, que


decorreu no passado dia 17, tendo
bengala, após agradecer ao BCI,
esclareceu que nunca se conside-
pouco invertidos naquela tarde.
“Normalmente, nesta Mediateca, VENDE-SE
contado com a presença do Pre- rou um pintor comercial. “Durante acolhemos exposições de jovens ar- CABINE DUPLA
sidente da Comissão Executiva muitos anos pintava e guardava os tistas e desejamos-lhes felicidades
(PCE) do BCI, Paulo Sousa, a fi- quadros. Não pintava para vender para a carreira. Hoje estamos pe- Pela licitação mínima de 490.000,00 Mt. vende-se carrinha
ár

lha, Maria Eduarda Geraldes, con- outr por isso


nem mostrava aos outros, rante uma situação diferente. Esta- Ford Ranger DC, 2.5, diesel, com cinco anos de serviço.
fessou que viveu sempree rodeada de não expunha. Agora penso de uma mos perante um nome firmado nas
quadros. “Quando eu nasci o meu maneira diferente. É conveniente artes plásticas moçambicanas com
pai já pintava havia 30 anos! Vivi mostrar-se o que se faz.” A ter- mais de 70 anos de carreira. Só pos- Os interessados deverão contactar o telefones:
sempre com telas e tintas por perto. minar, referiu: “A antiguidade não so desejar muita saúde e que volte 84-810-7460
Às vezes a minha mãe zangava-se prejudica ninguém.” para expor os quadros que sei que 82-457-6190
Di

um bocadinho porque o meu pai O PCE do BCI, Paulo Sousa, pre- ainda não terminou.” (E.C)
Savana 26-02-2016 3
EVENTOS

UEM forma Moçambique no I Fórum Económico da CPLP


primeiros
O
Presidente da Con- representantes que irão mostrar o visitante tem a oportunidade
federação Empresa- potencial do país. de conhecer a realidade em-
académicos em rial da CPLP (CE-
-CPLP), Salimo
De acordo com Salimo Abdula,
o objectivo deste encontro, assim
presarial de cada um dos pa-
íses representados. Três dias
Abdula, participa no I Fórum como os dois fóruns da União de para encontros empresariais,
empr
antropologia

o
Global Económico da CPLP, Exportadores da CPLP que tive- previamente agendados, e
que conta com mais de 100 ram lugar em Portugal, é de alinhar que terão em conta o perfil de

social empresas e delegados de todo


o espaço dos países de língua
estratégias para amadurecer a von-
tade do sector privado.
cada empresa e as suas neces-
sidades.

log
“O nosso objectivo como Confe- Entre vários sectores de acti-
Portuguesa e da ASEAN-

N
uma cerimónia que teve deração Empresarial da CPLP é vidades constam: agricultura,
Associação de Nações do Su-
lugar esta quarta-feira, preparar a migração das pessoas, agro indústria e agro alimen-
deste Asiático.
em Maputo, a Universi- para antes de irem de um país para tação, construção civil e obras
dade Eduardo Mondlane outro que aprendam aquilo que é o públicas, educação, energia,
(UEM) lançou aquele que é o pri- Neste encontro de três dias, a modelo de negócio que o outro país indústria transformadora, saú-
meiro curso de Mestrado Acadé- contar desde dia 25 até 27 do tem.” de, tecnologias da informação,
mico em Antropologia Social no mês em curso em Díli, Timor O encontro está dividido por salas telecomunicações, transportes
país. Leste, Moçambique terá 14 temáticas de cada país, onde cada e turismo. (E.C)

ció
Trata-se de um empreendimento
que, numa primeira fase, compre-
enderá duas especialidades, nome-
adamente, a de Saúde e Doença
bem como a de Género, Corpo e
Sexualidade.
Na primeira especialidade serão
ministrados noções e significa-

so
dos atribuídos pelas comunidades
ao que é bem-estar e saudável em
oposição à doença que são, de resto,
questionamentos centrais para per-
ceber, por exemplo, as dinâmicas
de acesso e seguimento de trata-
mentos nas unidades sanitárias que
tanto preocupam as autoridades
nacionais de saúde. Por sua vez, a
um
segunda especialidade irá reflectir
sobre os papéis dos diferentes in-
divíduos numa sociedade onde se
conjugam múltiplos valores.
Entrevistada pelo 6$9$1$, mo-
mentos depois do lançamento ofi-
cial do curso, a respectiva directora,
Carla Braga, disse que o objectivo
é formar pesquisadores capazes de
investigar e compreender as dinâ-
micas sócio-culturais e político-
-económicas que caraterizam o
de

país.
Segundo Braga, nos primeiros dois
anos serão formados 22 mestrandos
nas duas especialidades.
(Armando Nhantumbo)
io
ár
Di
4 Savana 26-02-2016
EVENTOS

Vodacom apetrecha sector da educação


A
empresa de telefonia mó- materiais foram: Escola Secun- educação e da capacitação, pois
vel Vodacom procedeu, dária Geral Comunitária Maria delas depende o futuro do país e
na semana finda, à entre- Mazzarelo, em Pemba; Escola o futuro de cada um dos seus ci-
ga dos prémios às seis es- Secundária Geral 7 de Abril, em dadãos. Os alunos de hoje serão os

o
colas vencedoras da 4ª Edição do Manica; Escola Secundária Geral líderes e os decisores de amanhã e
concurso vodacom Turma Tudo de Chiulugo, em Lichinga; Esco- cedo.”
têm de perceber isso desde cedo
Bom, que decorreu nos meses de la Secundária de Lhanguene, em “É com grande satisfação que
Julho a Dezembro de 2015. A Maputo; Escola Secundária Geral

log
fazemos a entrega dos equipa-
iniciativa da Vodacom, que de- Nossa Senhora de Fátima, em So-
mentos e dos materiais às Esco-
corre no âmbito da sua política fala; Escola Secundária Geral Sa-
las vencedoras, estando certos de
de responsabilidade social, atra- mora Machel, em Manica.
que tanto os estudantes com os
vés da qual os alunos do ensino Para Claúdia Chirindza, repre-
sentante do Departamento de professores irão saber tirar deles
secundário eram postos à prova e
desafiados a mostrar o seu talento Marketing da Vodacom, “um dos o melhor proveito, transformá-
nas categorias de olimpíadas aca- principais objectivos da Vodacom, -los em conhecimento e cultura”,
démicas e canto e dança. enquanto empresa e enquanto or- acrescentou.
ganização, é tornar Moçambique No total, a operadora de teleco-

ció
cerimónia que contou com a pre- representantes da empresa de te- municações doou cerca de 1500
As seis instituições de ensino se- num país melhor e mais desen-
sença do Ministro da Educação lefonia móvel. volvido. É por isso que criámos o livros e 30 computadores, prevendo
cundário receberam materiais e
equipamentos tais como compu- e Desenvolvimento Humano, da As Escolas vencedoras da 4ª edi- concurso Vodacom Turma Tudo- continuar com esta iniciativa e com
tadores e livros para o apetrecha- Direcção do corpo Docente das ção do concurso Vodacom Turma bom, como uma forma de alertar mais acções de responsabilidade
mento das suas bibliotecas, numa escolas e dos respectivos alunos e Tudo Bom e que receberam estes os jovens para a importância da social no sector da educação.(E.C)

Instituto de Directores busca mecanismos


de Boa Governação Corporativa so
R
epresentantes do sector O seminário foi organizado em do e público, versus a legislação e dirigentes, tendo como objecti- valor extremamente valioso para os
empresarial moçambica- parceira com a Confederação das dro normativo em vigor no País,
quadro vo imprimir maior integridade e negócios”, disse Sitoe.
um
no realizaram, na última Associações Económicas de Mo- daí que contamos com a presença transparência na gestão dos negó- Em representação do GCCC, Ber-
Quarta Feira em Maputo, çambique (CTA), tendo contado do representante do GCCC e da cios em Moçambique. nardo Duce, procurador e porta-
um seminário visando encontrar com a presença de representan- UFSA”, disse João Martins, acres- De acordo com o director executi- -voz deste organismo, entendeu
mecanismos para a introdução de tes das empresas associadas, do centando que “queremos reforçar as vo da CTA, Luís Sitoe, esta agre- que a iniciativa do IoDMz, de
um conjunto de regras de governa- Gabinete Central de Combate à acções do Governo e do Judiciário, miação irá “muito brevemente desenvolver e implementar um
ção corporativa que tenham como Corrupção (GCCC) e da Unida- para a melhoria do ambiente de lançar uma série de campanhas de pacto de integridade de negócios,
fim permitir a realização de negó- de Funcional de Supervisão das negócios e o estímulo de um clima sensibilização dos nossos membros constitui uma resposta positiva ao
cios de forma íntegra, ética e sem chamamento que é feito a todos os
Aquisições (UFSA), entre outras esarial forte,
empresarial for competitivo e sobre a necessidade da boa gover-
segmentos da sociedade para parti-
corrupção. entidades. equitativo”. nação, nomeadamente no tocante
cipar, de forma activa, na prevenção
Segundo o vice-presidente do IoD- Martins revelou que o Pacto de ao pagamento de impostos e cum-
e combate à corrupção.
O referido mecanismo, conheci- Mz, João Martins, o seminário in- Integridade de Negócios Contra a primento dos prazos estabeleci-
de

“A abordagem deste tema é de ex-


do como Pacto de Integridade de sere-se nas acções de promoção do Corrupção já foi discutido ao nível mentos nos contratos, bem como trema importância, pois contribui
Negócios Contra a Corrupção é da pacto de integridade nos negócios de todas as províncias, envolvendo, ao combate à evasão fiscal e à in- para que os operadores deste sector
iniciativa do Instituto de Directo- em Moçambique, que aquela orga- para além do sector empresarial pú- formalidade”. tomem a consciência dos efeitos
res de Moçambique (IoDMz), uma nização está a desenhar em parceria blico e privado, também as organi- “A CTA considera a integridade negativos do fenómeno da corrup-
instituição sem fins lucrativos, cujo com a Embaixada da Suécia. zações da sociedade civil. dos negócios como uma qualidade ção nos negócios e das consequên-
objectivo principal consiste em “Pretende-se ainda com este semi- Em finais do ano passado, a CTA necessária para estar no topo da cias legais que podem recair sobre
promover a boa Governação Cor- nário conjugar as regras do pacto, adoptou um código de ética e de lista dos parceiros de negócios. A os corruptos em resultado das suas
porativa no País. na perspectiva dos sectores priva- conduta para os seus membros e integridade traz a reputação ou um práticas”, concluiu.
io

Olgivy mais moderna


e inovadora
ár

N
o primeiro trimestre do Barrento, Directora Geral da Ogil-
ano em curso, a Agêencia vy Moçambique, começou para ex-
de Publicidade Olgivy de- plicar as razões que levaram a esta
Di

cidiu brindar os seus clien- mudança de instalações: “Termos


tes e parceiros com uma nova rou- mudado para este novo escritório
pagem. Após 19 anos com a mesma faz parte do processo de evolução
casa, foi altura de trazer uma ima- da Ogilvy, que vem desta forma
gem mais competitiva, digna da sua afirmar a nossa postura no mercado,
conceituada marca. A nova casa da como uma agência de vanguarda.”
agência, inaugurada no dia 28 de Localizado na baixa da cidade, o
Janeiro último, é um espaço mais novo escritório da Ogilvy Moçam-
moderno e mais cosmopolita que bique, que foi oficialmente inau-
reflecte a evolução da marca, e que gurado a 28 de Janeiro, com um
vem reforçar o seu posicionamento cocktail que reuniu clientes e par-
no mercado nacional. ceiros da agência, está agora mais
“Incentiva a inovação. A mudança perto do “coração” de Maputo e,
é o nosso sangue, a estagnação a portanto, mais perto do centro da
nossa morte” – foi com esta cita- acção, o que lhe confere uma posi-
ção de David Ogilvy que Fernanda ção estratégica. (E.B)

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