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Audiência Pública

Comissão de Minas e Energia

Aspectos Técnicos e Legais da


Transferência de Iluminação Pública
para Municípios
Brasília, 10 de julho de 2013
Carlos Augusto Ramos Kirchner
OBJETIVOS
Expor sobre a iniciativa da FNE - Federação
Nacional dos Engenheiros, Idec – Instituto
de Defesa de Consumidores, Proteste –
Associação de Defesa de Consumidores e
Fundação Procon-SP que solicitou à AGU
revisão do Parecer Jurídico da ANEEL
Solicitar apoio da CME para que possa ser
revertida a posição da ANEEL que obriga
a transferência de ativos de iluminação
pública até 31/01/2014
NÃO DEVERIA CABER DISCUSSÃO

Parecer nº 765/2008-PF/ANEEL
5. Portanto, constata-se que a prestação de
serviços de iluminação pública sempre foi de
competência dos municípios, fazendo parte
dos serviços públicos de interesse local,
conforme atualmente dispõe os artigos 30, V, e
149ª, ambos da Constituição Federal de 1988,
senão vejamos: ...
 Ninguém discorda
NÃO DEVERIA CABER DISCUSSÃO

Parecer nº 0269/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU
25. Não há dúvidas, portanto, de que a
competência para a prestação do serviço
público de iluminação pública é, e sempre foi,
dos Municípios, antes mesmo da
promulgação da CF/88 ...

 Ninguém discorda, entretanto, sempre se


volta a esta questão
NÃO EXISTE PROIBIÇÃO DA ANEEL
Art. 21. “A elaboração de projeto, a implantação,
expansão, operação e manutenção das
instalações de iluminação pública são de
responsabilidade do ente municipal ou de
quem tenha recebido deste a delegação para
prestar tais serviços.
§1º A distribuidora pode prestar os serviços
descritos no caput mediante celebração de
contrato específico para tal fim, ficando a
pessoa jurídica de direito público responsável
pelas despesas decorrentes. (Res. 414/2010)
TRANSFERÊNCIA DE ATIVOS DE
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
O que a ANEEL pretende que seja transferido
(doado) aos Municípios:
• Lâmpadas
• Reatores
• Ignitores
• Relé fotoelétrico
• Braços de iluminação
Uso compartilhado que não será transferido:
• Postes
• Transformadores
DE QUEM É O POSTE?

“Poste de Energia” ou “Poste de Luz” ?


PONTOS PARA REFLEXÃO
A não execução dos serviços de manutençao
de iluminação pública pela Distribuidora
deveria ser uma opção e não uma obrigação
Quem ganha e quem perde com a
desarticulação e desorganização do serviço
de iluminação pública
Os serviços públicos de distribuição de energia
e o de iluminação pública enquanto
fisicamente compartilhados, ainda que em
esferas de governo distintas
RESOLUÇÃO 414/10 DA ANEEL
Art. 218. “A distribuidora deve transferir o
sistema de iluminação pública registrado
como Ativo Imobilizado em Serviço – AIS à
pessoa jurídica de direito público
competente.
§ 1º A transferência à pessoa jurídica de
direito público competente deve ser
realizada sem ônus, observados os
procedimentos técnicos e contábeis para a
transferência estabelecidos em resolução
específica.
RESOLUÇÃO 414/10 DA ANEEL

...
§ 3º A distribuidora deve atender às solicitações da
pessoa jurídica de direito público competente
quanto ao estabelecimento de cronograma para
transferência dos ativos, desde que observado o
prazo limite de 31 de janeiro de 2014.

O Município é obrigado a cumprir o que a ANEEL, Agência


Reguladora do setor elétrico, ordena?
O QUE OS JURISTAS DIZEM
"Se o regulamento cria direitos ou obrigações
novas, estranhos à lei, ou faz reviver direitos,
deveres, pretensões, obrigações, ações ou
exceções, que a lei apagou, é inconstitucional...
Tampouco pode ele limitar, ou ampliar direitos,
deveres, pretensões, obrigações ou exceções à
proibição, salvo se estão implícitas. Nem ordenar
o que a lei não ordena”.
Pontes de Miranda
.
O QUE OS JURISTAS DIZEM

"É, pois, à lei, e não ao regulamento, que compete


indicar as condições de aquisição ou restrição de
direito... Fora isto possível, e a segurança de que
"ninguém poderá ser obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei"
deixaria de se constituir em proteção
constitucional. “
Celso Antonio Bandeira de Mello
.
O QUE OS JURISTAS DIZEM
“Inexiste preceito constitucional, expresso ou
implícito que autorize o Município a
apropriar-se do material adquirido pela
Concessionária contratada ou retomar o que
lhe foi legalmente doado (...),
(continua)

Hely Lopes Meirelles


.
O QUE OS JURISTAS DIZEM
“...nos casos em que a implantação, ampliação, e
manutenção das instalações e equipamentos
forem ou vierem a ser deferidas às
Concessionárias de Energia Elétrica por
contrato, pois o que, constitucionalmente,
pertence às municipalidades é o serviço de
iluminação pública e não os equipamentos e
instalações utilizadas na sua prestação.”
Hely Lopes Meirelles
.
O QUE A ABRADEE DISSE
“Assim, afora a inconstitucionalidade e a
ilegalidade que derivam da situação, o que se
verifica é que a pretensão da ANEEL, está
também a querer confundir a titularidade do
serviço público municipal de iluminação
pública, com a dos equipamentos e instalações
utilizadas na sua prestação.”

ABRADEE – Associação Brasileira das


Distribuidoras de Energia Elétrica
LEGISLAÇÃO AFRONTADA
No Decreto nº 41.019, de 26/02/1957 consta:
Art. 5º. O serviço de distribuição de energia
elétrica consiste no fornecimento de energia a
consumidores em média e baixa tensão.
...
§ 2º. Os circuitos de iluminação e os
alimentadores para tração elétrica até a
subestação conversora, pertencentes a
concessionários de serviços de energia elétrica,
serão considerados parte integrante de seus
sistemas de distribuição.
AÇÃO JUDICIAL MARILIA
Petição Dr. César Pillon – Procurador do Município
de Marília:
O comando do art. 218 da Resolução ANEEL nº
414/2010 inova na ordem jurídica, extrapolando
os limites ao poder regulamentar, em afronta ao
princípio da legalidade e ao princípio da
autonomia dos Municípios e por não possuir a
Agência Reguladora poderes para reformar
legislação de nível superior como a que se
encontra expressa no Decreto nº 41.019, de
26/02/1957
LIMINAR OBTIDA MARILIA
Decisão judicial do processo
nº 0000047-95.2013.403.6111
Portanto, tenho que a alteração determinada pela
Instrução Normativa nº 414, com redação pela
Instrução Normativa nº 479, ambas da ANEEL,
acarretará aumento do custo que passará a ser
suportado pelas Prefeituras e,
consequentemente, provocará aumento da
tarifa de iluminação pública paga pelos
contribuintes ao Poder Executivo municipal,
LIMINAR OBTIDA MARILIA
(continuação)

... sendo certo ainda que o MUNICÍPIO DE


MARÍLIA sempre obedeceu e obedece ao
disposto no artigo 5º do Decreto nº 41.019/57,
ou seja, referido comando sempre foi um vetor
da política setorial que foi largamente utilizado
por várias décadas pelo autor e a corre CPFL.
LIMINAR OBTIDA MARILIA
(continuação)

• ISSO POSTO, concedo a tutela antecipada “para


o fim de desobrigar o Município de Marília ao
cumprimento do estabelecido no art. 218, da
Instrução Normativa nº 414, com redação pela
Instrução Normativa nº 479, ambas da ANEEL,
que lhe impõe a obrigação de fazer de receber
o sistema de iluminação pública registrado
como Ativo Imobilizado em Serviço – AIS”.
OMISSÃO DA ANEEL
Não existe qualquer comando da ANEEL
obrigando as Distribuidoras:
• A entregar o banco de dados dos pontos de
iluminação, com as características técnicas das
luminárias, lâmpadas, reatores, braços, etc.
• A adequar as instalações de iluminação pública
que porventura se encontrem em não
conformidade com as normas da ABNT ou
sucateadas
Sugestão: Envio oficio circular às Distribuidoras
AGU REVER PARECER JURÍDICO ANEEL

Segundo o artigo 2° da Portaria PGF nº. 158/2010


da AGU:
Art. 2º Os órgãos de execução da Procuradoria-
Geral Federal poderão suscitar, por meio de suas
chefias, consultas à Adjuntoria de Consultoria da
Procuradoria-Geral Federal, desde que haja
divergência de entendimentos ou controvérsia
entre órgãos de execução da Procuradoria-Geral
Federal que demandem uniformização, ou, ainda,
que se trate de questão de alta relevância.(grifo
nosso).
AGU REVER PARECER JURÍDICO ANEEL

Parecer nº 0269/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU:
73 ... apesar de poder considerar que o caso em
pauta é “questão de alta relevância”, é importante
ter presente que os fundamentos e a conclusão
do Parecer n. 765/2008-PF/ANEEL já foram
incorporados pela ANEEL em ato normativo.
Eventual mudança na orientação do parecer não
terá qualquer efeito sobre o ato normativo já
praticado pela ANEEL, visto que os pareceres não
tem caráter vinculante.
AGU REVER PARECER JURÍDICO ANEEL

Parecer nº 0269/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU:
• 74. Portanto, revela-se inócua a submissão do
Parecer n. 765/2008-PF/ANEEL à reapreciação
por parte da Adjuntoria de Consultoria da
Procuradoria-Geral Federal, razão pela qual
também nesse ponto não se acata a
Recomendação do Ministério Público Federal.
ELEVAÇÃO DE CUSTOS

Anexo da Petição Município Aumento com Aumento incluindo


Manutenção energia

7 Bauru 622% 59%

8 Praia Grande 524% 43%

9 Santos 463% 34%

10 São Vicente 506% 43%

11 Sorocaba 674% 52%

MPF requisitou que ANEEL avalie os dados acima


DOCUMENTOS P/ DOWNLOAD

Os documentos e as iniciativas para se questionar


a transferência de ativos se encontram no site:
www.energia.fne.org.br

Podendo ainda ser enviado email para:


energia@fne.org.br
CONCLUSÕES
Espera-se apoio da CME para que:
• seja solicitado novo parecer jurídico pelo
Departamento de Consultoria da AGU
• Se apure o impacto financeiro da transferência de
ativos para cada Município
• as distribuidoras forneçam seus banco de dados
• sejam efetuadas adequações nas instalações de
iluminação pública que estiverem em não
conformidade com as normas técnicas da ABNT
Audiência Pública
Comissão de Minas e Energia

OBRIGADO !

Carlos Augusto Ramos Kirchner


ckirchner@uol.com.br

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