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Resumo
Palavras-chave
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.2, p. 231-250, maio/ago. 2004 231
The practice of assessment by learning cycles in the
narrative of primary school teachers: difficulties and
advances in the search for school success
Abstract
Keywords
232 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.2, p. 231-250, maio/ago. 2004
Neste artigo, descrevem-se e analisam-se com a situação educacional dos grupos sociais
dados coletados sobre as percepções, expecta- menos favorecidos se justifica, uma vez que —
tivas e estratégias pedagógicas construídas por é fato pesquisado e comprovado — o tempo de
professores de uma escola fundamental a par- permanência na escola relaciona-se à origem
tir da adoção do princípio da não-retenção. Esse social do aluno (Forquin, 1995), e as vantagens
princípio, adotado para assegurar uma sobrevi- e desvantagens educacionais são cumulativas,
vência escolar mais prolongada dos alunos de afetando os destinos escolares dos alunos e
camadas populares, tem proporcionado aos suas chances fora da escola (Bourdieu, 1998).
professores uma prática pedagógica singular, Especialmente a partir dos anos 1970, a
que exige esforços individuais e coletivos e questão da permanência dos alunos na escola
novas relações com os alunos e seus familiares torna-se uma preocupação social premente, por
bem como com os demais atores escolares. estar a escola pública alicerçada num eficiente
Nesse processo, expectativas, atitudes, ações e sistema de reprovação caracterizado pelo uso
sentimentos consensuais, conflitivos e contra- de diversos mecanismos seletivos, sobressain-
ditórios são desencadeados, trazendo à tona do-se, dentre esses, os exames, os testes de
um cenário em desconstrução e reconstrução conhecimento, testes psicológicos, a organiza-
permanentes. ção curricular, etc. Assim sendo, embora as
O princípio da não-retenção escolar, crianças tenham acesso à escola, os processos
admitido como uma política educacional públi- seletivos no seu interior têm dificultado a tra-
ca avançada por algumas administrações muni- jetória regular dos alunos e ampliado o núme-
cipais nos anos 1990, fundamenta-se nas con- ro de repetências, recuperações e evasões. No
cepções liberais que defendem a educação Brasil, tais dificuldades têm gerado o fenôme-
como direito de todos os cidadãos, pensamento no da defasagem série/idade, sobretudo no
oriundo da Revolução Francesa, no século XVIII ensino fundamental, o que, por sua vez, reduz
(Horta, 1998). Nesse momento, a escola pública as possibilidades de maior democratização do
é concebida para propiciar a democratização sistema escolar também nos níveis de ensino
das oportunidades educacionais mediante o médio e superior. As desigualdades educacio-
acesso a todos os cidadãos à escola. No Brasil, nais são, assim, bastante ampliadas, no sistema
entretanto, os direitos sociais têm sido tardia- de ensino como um todo.
mente assinalados nas Constituições Federais Ressalte-se que os temas da evasão, re-
(Cury; Horta; Fávero, 1996), e a escola públi- provação e repetência escolares não são novos
ca não chegou a se implantar no país nos ter- na literatura educacional brasileira. Na década
mos propostos pelo movimento iluminista. Para de 1950, Anísio Teixeira (1994) já discutia seus
Cury (2000, p. 583), “a importância da educa- altos índices, afirmando o direito de todos a
ção para o processo de construção da democra- uma educação escolar pública e a importância
cia no país sempre foi muito enfatizada, mas de medidas governamentais no sentido de de-
não necessariamente efetivada”. Assim, um con- mocratizar as oportunidades educacionais no
tingente expressivo de sujeitos vem sendo ex- Brasil. Todavia, na década de 1980, tais temas
cluído do processo de escolarização. No entan- se tornam o assunto por excelência no meio
to, com a expansão do ensino público brasilei- acadêmico, quando autores como Maria Helena
ro, a preocupação em garantir o acesso à esco- Patto, Terezinha Carraher e Analúcia Schliemann,
la é central nas políticas públicas nacionais e Magda Soares, Sérgio Ribeiro e outros discutiram
vai progressivamente cedendo espaço à ques- exaustivamente suas causas e conseqüências.
tão da permanência no sistema escolar (Teixeira, Nesse período, o fracasso escolar passa a ser
1969; Romanelli, 1998), sobretudo dos alunos entendido como o fracasso da escola. São mui-
oriundos das camadas populares. A inquietação tos e diversos os questionamentos relativos,
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principalmente, à precariedade do ensino ofe- quadro do fracasso escolar configurado sob a
recido às classes populares em termos quanti- forma de altos índices de reprovações, repe-
tativos e qualitativos. tências e evasões. Esse insucesso parece ser
Nos anos 1980, tem-se, pois, claramente decorrente de uma conjugação de fatores: falta de
configurada e enfaticamente questionada uma recursos; instabilidade política; ambigüidade na
verdadeira cultura do fracasso escolar, alicerçada, relação dos dirigentes com a população, que bem
sobretudo, numa prática indiscriminada de repro- se exemplifica no imediatismo demagógico; e, ain-
vações. Há também a introdução de mudanças da, pela ausência de mecanismos de avaliação e in-
na política educacional por parte de grupos mais formação da sociedade civil como “indispensável
progressistas em alguns estados, que, além de no controle, fiscalização e cobrança das ações go-
democratizarem o acesso à escola, visam ainda vernamentais” (Silva et al., 1993, p. 14). Assim,
à qualidade do ensino. Algumas mudanças
enfocam o aspecto pedagógico, ao passo que passados dez anos de abertura democrática, in-
outras são de caráter mais assistencialista (Sil- centivo à participação popular e implementação
va et al., 1993). Na rede pública do estado de de projetos pedagógicos por governos estaduais
São Paulo, foi instituído, em 1983, o Ciclo eleitos pelo voto popular, os dados educacionais
Básico, retratam uma situação de estagnação, ou até
mesmo de retrocesso, no atendimento quantita-
programa que visava ampliar o período de alfa- tivo em todos os níveis de ensino. O sistema edu-
betização dos alunos das duas primeiras séries do cacional continua altamente seletivo, concen-
1º grau (atingindo cerca de 1 milhão de crian- trando a maioria absoluta de seus alunos nos
ças), de modo a diminuir a reprovação nas séries níveis elementares. (Silva et al., 1993, p. 12)
iniciais do ensino fundamental. (Silva et al.,
1993, p. 9) Todo esse quadro de denúncias e críti-
cas ao sistema escolar irá desencadear, basica-
No mesmo período, medida semelhante mente na década de 1990, uma discussão e
é adotada em Minas Gerais e, posteriormente, revisão sobre a política educacional brasileira
em outros estados, como o Paraná. São também que, segundo Patto (1988, p. 73), “vem, em
implantados: a Jornada Única de Trabalho relação aos seus problemas fundamentais, se
Docente e Discente, em 1988, em São Paulo, debatendo no beco sem saída de concepções
com o propósito de ampliar o tempo de perma- equivocadas a respeito da natureza dos proble-
nência do professor e do aluno nos dois pri- mas e de sua solução”. A proposta que se de-
meiros anos da escola; os Centros Integrados lineia é a de substituição da cultura do fracasso
de Educação Pública — CIEPs —, no estado do escolar por uma cultura do sucesso escolar ,
Rio de Janeiro, como modelos de escolas pú- cujo eixo irá centrar-se na estratégia da não-
blicas de tempo integral voltadas para a popu- retenção escolar. O discurso da mudança pau-
lação menos privilegiada social e economica- ta-se, entre outros pontos, pela “necessidade
mente; o Programa de Formação Integral da de se assumir o princípio de eqüidade na edu-
Criança — Profic —, no final de 1986, em São cação escolar e da escola enquanto um lugar de
Paulo, com o objetivo de atender os menores progresso para a criança, considerando-se o
numa perspectiva protecionista, especialmente sucesso dessa criança como a meta mais va-
os de baixa renda; e os Centros Integrados de liosa” (Gatti, 1993, p. 6). O sucesso não deve
Atendimento à Criança — CIACs —, em 1991, ser pensado em termos do não-fracasso, o que
pelo governo federal, que combinam caracterís- significaria apenas um indicador de inclusão
ticas dos CIEPs e do Profic. Todavia, essas social. Não deve bastar que os alunos con-
medidas não foram suficientes para sanar o cluam o ensino fundamental, conforme previsto
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viamente marcados em função da disponibilida- Mas, sem dúvida, a organização coletiva dos tem-
de de cada docente. pos e espaços escolares é o eixo central do trabalho
Além das entrevistas, foram ainda anali- proposto pela Escola Plural (Baptista, 1998). Nes-
sados alguns materiais obtidos na escola e na sa perspectiva, o Programa eliminou o regime
Administração Regional da Rede Municipal de seriado e instituiu três ciclos de formação bá-
Educação, tais como: o Projeto Político Peda- sica, agrupando as crianças de acordo com sua
gógico do 3º Ciclo do turno da manhã, ativida- faixa etária. Assim, a organização de Ciclos da
des trabalhadas pelos docentes com os alunos Escola Plural abrange: 1º Ciclo, alunos de 6 a
em sala de aula, dados levantados pelos pro- 9 anos de idade; 2º Ciclo, alunos de 9 a 12 anos
fessores da escola mediante a aplicação de de idade; 3º Ciclo, alunos de 12 a 15 anos de
questionários elaborados por eles mesmos junto idade. Essa concepção pedagógica coloca o alu-
à comunidade escolar, etc. no no centro da dinâmica do processo de ensi-
A análise do material discursivo obtido no e aprendizagem e submete a organização do
com a realização das entrevistas foi feita pelo mé- trabalho escolar e a proposta curricular à “forma-
todo de análise de conteúdo. Mediante leitura e ção e vivência sociocultural própria de cada ida-
releituras do conteúdo das entrevistas, procurou- de ou ciclo de formação dos educandos” (Belo
se relacionar os dados levantados e definir, com Horizonte, 1994, p. 16).
base nas questões gerais propostas, categorias e A escolha da escola municipal onde a
subcategorias de análise. Os dados foram então pesquisa foi realizada se fez a partir dos seguin-
classificados progressivamente, de acordo com as tes critérios: 1. grande aceitabilidade do Progra-
categorias estabelecidas. A descrição e a realiza- ma da Escola Plural; 2. clientela predominante-
ção de inferências possíveis constituiu o passo se- mente oriunda das camadas populares, ou seja,
guinte, do qual adveio a interpretação dos dados, menos privilegiadas dos pontos de vista econô-
a fim de destacar alguns dos sentidos pertinen- mico e sociocultural; 3. escola de nível funda-
tes aos discursos produzidos (Bardin, 2000). mental, pois a incidência maior de reprovações
A investigação foi realizada em uma esco- ocorre nas séries iniciais. Para tanto, foram fei-
la da Rede Municipal de Educação de Belo Hori- tos contatos com a Secretaria Municipal de
zonte — RMBH —, cujo Projeto Político-pedagógi- Educação de Belo Horizonte, levantando-se, na
co Escola Plural começou a ser implementado em Coordenação de Política Pedagógica (CPP), uma
1995. Basicamente, essa escolha se justifica por ser relação de escolas que atendessem aos critérios
a RMBH uma das pioneiras no Brasil a introduzir estabelecidos. Optou-se, então, pela Escola
o princípio da não-retenção escolar na organiza- Municipal Mário Quintana.1
ção pedagógica das escolas, vindo a constituir-se A Mário Quintana funciona em três turnos
em um referencial para os demais sistemas de diurnos (ou corridos) e em cada turno existem 22
ensino no país. No Programa Escola Plural, as mu- turmas e cerca de 33 professores. A escola tem os
danças implementadas na estruturação e organiza- três ciclos de formação em todos os turnos, ou
ção do trabalho escolar têm o sentido de atender seja, cada turno comporta um ano escolar de cada
a dois princípios fundamentais: o direito à educa- ciclo. O 3º Ciclo, por exemplo, é distribuído da
ção e a construção de uma escola includente. seguinte forma: o 2º ano no 1º turno, o 3º ano
Desse modo, contemplam-se uma gestão mais de- no 2º turno e o 1º ano no 3º turno.
mocrática da educação; uma nova relação dos su- Na escola pesquisada, o procedimento
jeitos com o conhecimento, ressignificando-o inicial foi o de contatos preliminares com os
numa perspectiva globalizadora e transdisciplinar; professores a fim de selecionar os sujeitos a
uma nova concepção de avaliação, de caráter mais serem entrevistados. No caso, o 3º Ciclo foi es-
qualitativo e includente; a extinção da repetência
e um novo ordenamento dos tempos escolares. 1. Nome fictício dado à escola onde foi realizada a pesquisa.
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As dificuldades e equívocos cometidos cumulativa e transmissiva de conteúdos escola-
quando da implantação da Escola Plural pare- res, novas propostas curriculares se apresentaram
cem expressar muitos desentendimentos acerca no espaço escolar e o trabalho pedagógico pas-
da proposta, como: não ser mais necessário sou a ser organizado por meio de projetos. A
avaliar e não mais trabalhar conhecimentos bá- prática avaliativa, até então pautada numa lógica
sicos escolares, a não ser quando relacionados seletiva e autoritária, foi reformulada para aten-
a projetos cujos temas atendessem somente ao der aos novos princípios. Na configuração de um
interesse dos alunos. processo mais formativo e inclusivo, a relação
De acordo com esses professores, a Es- entre os sujeitos e o conhecimento foi profun-
cola Plural veio legitimar algumas práticas que damente modificada, com a busca de significa-
já vinham acontecendo na Rede Municipal, dos para os conteúdos escolares numa dimensão
como o acompanhamento sistemático a alunos mais crítica e contextualizada (Belo Horizonte,
com maiores dificuldades no processo pedagó- 1994). Enfim, são pontos essenciais do Progra-
gico; a reprovação que já não era dada em ma, percebidos e discutidos pelos professores
massa , mas mediante um consenso do grupo no que tange ao modo particular de organiza-
docente, após análise criteriosa de cada caso; ção político-pedagógica estabelecida na esco-
as reuniões de sexta-feira, quando se buscava la, sobretudo no que diz respeito aos tempos
um trabalho pedagógico e administrativo em escolares, à nova proposição curricular, à avali-
termos de decisões coletivas; as oficinas ocor- ação e à proposta de atendimento diferenciado
ridas na escola com um caráter de projeto. Mas dos alunos. No centro de tudo, o princípio da
eram mudanças que ocorriam de forma frag- não-retenção-escolar é percebido como uma
mentada, frágil, informal, dependendo sempre grande dificuldade na incorporação do novo
do espírito inovador de cada escola. Assim, os modelo político-pedagógico implementado.
professores vinham inovando sua prática peda- Na narrativa dos professores, percebe-se
gógica, mas num ritmo próprio e de modo a que essas mudanças mostram-se assimiladas
atender às especificidades e particularidades de muito mais no discurso do que, propriamente,
cada escola. Quando a SMED/BH determinou a na prática pedagógica. Assim, é que, embora o
implantação da Escola Plural de forma ampla, Programa defina uma ampliação considerável
os professores expressaram seu descontenta- do tempo do professor nas escolas, com a
mento diante do que consideraram uma medi- contagem de 1,5 professores por turma para a
da precipitada e pouco democrática. definição de seu quadro docente — o que sig-
Foram muitas as mudanças na organiza- nifica trabalhar com 50% a mais de professo-
ção pedagógica da Escola. Os tempos escola- res em relação ao número de turmas —, o pro-
res foram reestruturados com a instituição dos fessor continua a se defrontar com a questão
ciclos de formação e da progressão continua- de administrar mal o seu tempo e queixa-se de
da, buscando-se garantir princípios básicos que, embora haja mais tempo para o desenvol-
como o respeito aos diferentes ritmos de vimento do seu trabalho, este se avolumou
aprendizagem e às diversidades culturais, o com a Escola Plural: o planejamento das aulas,
convívio dos alunos com seus pares de idade de a avaliação qualitativa e o cumprimento das
formação e a garantia de continuidade do pro- demais tarefas, sem dúvida, requerem mais tem-
cesso de formação dos alunos com o fim da po e exigem mais desse professor.
retenção escolar. Instaurou-se o tempo coleti-
vo, quando ocorrem as reuniões pedagógicas Porque não vai dar tempo... Não adianta a gente
de planejamento, acompanhamento e avaliação. falar que dois horários vai dar tempo [Uma pro-
Na ruptura com os processos de ensino-apren- fessora: Não vai!], porque não vai dar tempo, né?
dizagem tradicionais, baseados na concepção Pelo amor de Deus! São muitos problemas!...
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necem atrelados ao livro didático e às aulas se encontra no início de seu percurso de esco-
expositivas, denominando projeto a todo tra- larização. Os professores avaliam que esse pro-
balho inter e multidisciplinar. grama curricular estabelece uma expressiva dis-
tância em termos de conhecimentos entre os
A seqüência do conteúdo continua a mesma. alunos da Mário Quintana e alunos de outras
Não existe uma proposta curricular diferencia- escolas, cujo ensino se realiza em bases consi-
da. Ainda não foi feito um currículo que... Né? deradas tradicionais.
Pelo menos no 3º Ciclo! Não existe uma propos- No que se refere ao processo de avaliação,
ta de currículo pro 3º Ciclo. Fala-se de temas o discurso sobre uma avaliação diagnóstica, qua-
transversais, fala de... Mas na hora de você en- litativa, formativa parece ter sido bem assimilado.
trar pra sala de aula, você continua trabalhan- Os professores afirmam que já mudaram muito
do com o conteúdo, quase que numa linha tra- sua forma de avaliar. Mas, se não mudaram mais,
dicional. (Professora do 3º Ciclo/1º turno) é porque estão em processo de mudança.
O currículo ficou bem menor, né? O que a gen- Mudou porque eu consigo fazer hoje uma ava-
te trabalha com o aluno é mais o trivial mes- liação mais contínua, mais processual... E antes
mo! Então, cê não dá coisas elaboradas, pensa- não: minha avaliação era final de bimestre, ti-
mento científico, não! Não, cê não trabalha nha que ter prova... Ai, se eu não desse uma
isso com o aluno não! Trabalha com o trivial prova! Hoje em dia, eu continuo dando prova,
mesmo, o mínimo necessário pra ele sair da es- é um instrumento a mais de avaliação! (Maria)
cola. (Silmara)
Mas, na prática, as dificuldades são vi-
Ainda no que tange à reformulação do síveis. Os professores se perguntam: O que
currículo, para os professores, mesmo havendo avaliar? Como avaliar? Embora se diga muitas
o cuidado de se abordarem temas que atendam vezes o que o professor deve ensinar, os pro-
à formação sociocultural dos alunos, persiste a gramas oficiais se abstêm de definir com clareza
convicção de que não se deve descuidar dos o que os alunos devem aprender, portanto, o
conteúdos escolares. Além disso, acreditam que que se deve avaliar (Perrenoud, 1999). Mas a
a atual organização pedagógica em ciclos, sem dificuldade maior para o professor assumir e
que haja retenção, esteja permitindo somente o incorporar ao seu habitus 3 profissional uma
desenvolvimento de um currículo mínimo (e avaliação mais formativa e democrática parece
mínimo não no sentido de essencial). Como o dever-se ao aspecto decisório da avaliação, que
aluno é promovido, independentemente dos é sócio-historicamente construído. Ou seja,
conhecimentos e das competências escolares avaliar sempre implicou fundamentar uma de-
adquiridos, gradativamente eles ascendem em cisão: o aluno deve ou não prosseguir com o
seu percurso de escolarização cada vez com curso? Ele está apto a receber um certificado
mais dificuldade, por não terem o domínio referente às suas aquisições escolares (Perrenoud,
desses conhecimentos e competências. Assim, 1999)? Com o advento da Escola Plural, a ênfa-
na percepção do professor, não resta outra al- se avaliativa, até então centrada nos resultados da
ternativa senão trabalhar apenas o que é viável
dentro das condições de aprendizagem dos 3. Segundo Bourdieu (1983, p. 61), o habitus são “sistemas de disposi-
alunos. Por exemplo, com alunos do 2º ano do ções duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como es-
truturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e estruturador das
3º Ciclo que ainda não adquiriram a competên- práticas e das representações que podem ser objetivamente ‘reguladas’ e
cia para uma leitura fluida e compreensiva, os ‘regulares’ sem ser o produto da obediência a regras, objetivamente adap-
tadas a seu fim sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio
professores tendem a desenvolver um currícu- expresso das operações necessárias para atingi-los e coletivamente or-
lo condizente com uma turma de 1º Ciclo que questradas, sem ser o produto da ação organizadora de um regente”.
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suficiente ao professor para resgatar seu poder A perda da autoridade
disciplinador: o uso da ficha avaliativa. Nela, tudo pedagógica e as ambigüidades
seria registrado, e a ficha serviria de certificado de em relação à prática docente e
competência ou incompetência do aluno peran- à vida escolar
te a sociedade. Dessa forma, a ficha se constituiria
num mecanismo de advertência e de possível No relato dos professores sobre sua prá-
punição para o aluno, devolvendo, em parte, ao tica pedagógica, eles comentam, principalmen-
professor sua competência e seu poder decisório te, as dificuldades sentidas no exercício de sua
sobre o destino escolar dos alunos. profissão. Contam que sofrem pressão de cima,
De todo modo, a nova forma de avali- daqueles que ficam apontando seus erros, sem
ar é considerada positiva. Os professores reco- entender que chegar à prática e fazer não é
nhecem, em sua maioria, que a avaliação for- fácil ; que são sempre eles os culpados por
mativa tende a favorecer a aprendizagem do tudo; que estão desanimados com o sistema de
aluno. Entretanto, têm também consciência de ensino; que têm ficado mais cansados; que,
que essa concepção de avaliação requer um muitas vezes, vêm apenas empurrando com a
trabalho singular com os alunos, na medida barriga , mas que isso os faz sofrer; que se
em que os ritmos de aprendizagem são dife- angustiam porque não vêem o resultado de seu
rentes. Todavia, o pretendido atendimento di- trabalho; que sentem falta de ânimo, falta de
ferenciado na escola tem-se limitado à existên- entusiasmo e até desespero em face de seu
cia das turmas-projeto, formadas por alunos trabalho pedagógico. As reuniões pedagógicas,
que, na avaliação de seus professores, não que, a princípio, são momentos de planejamen-
têm o domínio de competências e conheci- to, organização e discussão do trabalho, têm-
mentos considerados básicos para o ano esco- se convertido, de acordo com os próprios pro-
lar no qual se encontram. Os professores apre- fessores, num verdadeiro muro das lamentações,
sentam percepções ambivalentes com relação em que todos expõem suas angústias e só la-
às turmas-projeto. Se, por um lado, entendem mentam e lamentam acerca do trabalho.
que, para os alunos que apresentam maiores A eliminação da reprovação — concebi-
dificuldades de aprendizagem, as turmas-pro- da como um mecanismo regulador das apren-
jeto são importantes por se constituírem no dizagens e da disciplina dos alunos — tem,
único recurso pedagógico disponível na esco- portanto, engendrado situações de inseguran-
la, em que os alunos têm a chance de serem ça e de conflito entre os professores. Para
atendidos de forma diferenciada em sua signi- eles, a adoção da não-retenção escolar tem
ficativa defasagem de aprendizagem, por ou- propiciado o que denominam de nós no tra-
tro, se angustiam com os poucos resultados balho desenvolvido na escola e contribuído
obtidos. Essa forma de atendimento diferenci- para uma mudança no valor dado à escola, ao
ado é, na verdade, percebida pelos professo- estudo e à escolarização, sobretudo pelos alu-
res como uma medida paliativa e insuficiente. nos e por suas famílias. Dentre esses nós , a
Segundo eles, faz-se necessária a construção queixa sobre a falta de limites dos alunos está
de alternativas pedagógicas que permitam um sempre presente na fala dos professores que
melhor acompanhamento dos muitos alunos entendem que a postura de completo desca-
que demandam um atendimento específico, so com as normas estabelecidas está associa-
algumas vezes individualizado. Para tanto, da à ausência de uma cobrança sistemática, ao
dizem, são necessárias condições de mate- disciplinamento e ao controle exercidos por
rialidade, como espaços físicos adequados na meio de provas, notas, da assinatura dos pais
escola e mais professores disponíveis e qualifi- nos boletins e retenção, a que os alunos já es-
cados para o trabalho. tariam acostumados.
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lidade da instituição e do corpo docente. Pelo res parece ser a pura e simples lamentação.
contrário, os professores tendem a retirar de si
a responsabilidade pelo processo de ensino- A ação tá paralisada! A gente tá só na... na
aprendizagem. O problema é geralmente credi- lamentação, né? (Professora do 3º Ciclo/1º
tado ao próprio aluno que se recusa a estudar turno)
como deveria.
De repente, cê chega numa reunião... cria um
Se você dá a opção ao aluno dele estudar se muro de lamentação. O pessoal fica assim:
quiser... O adolescente... Por exemplo, eu falo ‘Meu Deus! Que desespero! Eu não consigo dar
que o adolescente não quer ter trabalho. O aula! Que ninguém aprende nada! Que nin-
adolescente não quer estudar! Dificilmente vai guém faz nada! Os meninos não querem nada!’
achar um adolescente que quer... queira real- [...] E eu me angustio quando eu vejo, quer di-
mente estudar, que ele tenha consciência do zer, percebe isso, vê onde tá o problema e a
que aquilo vai trazer pra ele futuramente! Eles gente, enquanto isso...
não têm essa cabeça! Eles vivem o aqui e o
agora! Os nossos alunos daqui... Eles não que- São compreensíveis as lamentações dos
rem estudar! Cê tira um ou outro que real- professores em relação à vida escolar. O que
mente vem na escola porque pensa em alguma parece problemático é a insistência e a perma-
coisa mais futura! Os nossos alunos são ime- nência com que se lamentam, indício de uma
diatistas: é tudo hoje! Não quer saber o que identidade profissional ainda inconsistente, na
vai acontecer amanhã! Então, isso dificulta a medida em que se apresenta insegura e limita-
aprendizagem! E com esse negócio de não ter da no exercício de sua competência (Costa,
avaliação com nota, não ter retenção... Aí eles 1995). Dessa forma, os professores não se dis-
se sentem mais à vontade ainda! De chegar põem a desconstruir esse muro de lamentações e
aqui na sala de aula e falar assim: ‘Hoje eu intervir no processo pedagógico de forma mais
não vou fazer nada!’ E não há quem obrigue efetiva e diferente do que até então vinham re-
eles a fazerem! Por mais que você tente diver- alizando. Sem isso, tornam-se difíceis a análise e
sificar, mudar sua aula, fazer coisas diferen- o avanço nas questões que se apresentam como
tes... Fazer coisa diferente pra eles é ir pra problemáticas em seu exercício profissional.
quadra jogar bola... É só isso que agrada! Ante as dificuldades relatadas, os profes-
(Silmara) sores dizem que, em alguns casos, ainda podem
contar com a ajuda da família. Mas isso não é o
Ao desabafo dessa professora se contra- usual. Mesmo porque muitos pais sentem a mes-
põe fortemente uma advertência de Perrenoud ma dificuldade dos professores, já que a ameaça
(1999, p. 97): “Ninguém pode crer que basta da bomba não existe mais. Assim, um outro nó
propor projetos ou apelar para a criatividade apontado pelos professores refere-se à omissão da
dos aprendizes para que todos se mobilizem, família no processo educacional escolar.
longa e seriamente, e assumam sua própria
aprendizagem”. Os professores insistem recorren- É, eu acho que com esse evento aí da Escola
temente em culpar os alunos por não estudarem Plural, né, a não-retenção influenciou negativa-
sem, todavia, se envolverem no processo de en- mente. Eu acho que o pai também se... A famí-
sino-aprendizagem e se interrogarem sobre qual lia se tranqüilizou. Pela família não ter mais
e como têm desempenhado o papel que lhes essa... O assombro da reprovação, da ‘bomba’
cabe de reconstruir o contrato didático 5 em
5. “O contrato didático é o acordo implícito ou explícito que se estabelece
termos de formação de novos hábitos pelos alu- entre o professor e seus alunos a propósito do saber, de sua apropriação e
nos. A única resposta perceptível dos professo- de sua avaliação” (Perrenoud, 1999, p. 118).
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Amaral (2000, p. 73) referindo-se ao 3º Ciclo, está inserida — não é bem assim. As demais
escolas e mesmo o mercado de trabalho atuam
nesse nível, começa a delinear-se, com mais cla- numa outra lógica, ainda seletiva e excludente.
reza, a necessidade de clarificação e estru- Portanto, essa extrema facilidade há de se con-
turação dos campos de saber. A própria forma- verter, na saída da Escola Plural, num grande
ção dos professores (licenciaturas em disciplinas obstáculo para a vida escolar e profissional
específicas) torna-os muito ciosos dos estatutos desse aluno.
disciplinares, e isto atua na direção contrária à Os professores afirmam, de todo modo,
abordagem interdisciplinar, mais globaliza- que mudanças têm ocorrido em sua prática pe-
dora. O trabalho coletivo, envolvendo professores dagógica.
de diferentes áreas, ainda é um grande desafio.
Mudou muito a minha prática! Eu acho que pra
Assim, a proposta da interdisciplina- melhor! Porque todos os dias eu dô um jeitinho
ridade, por exemplo, é algumas vezes rejeitada de chegar, pegar o jornal, dá uma olhada, vê se
em função da formação mais especializada do tem alguma coisa dentro do Projeto que eu tô
profissional que atua no 3º Ciclo e que não os trabalhando pra tá passando pra eles, tá cres-
preparou para uma perspectiva pedagógica de cendo... Quer dizer, essa é uma mudança positi-
construção do conhecimento. va. [Outras mudanças que você percebe na sua
É possível perceber que todos esses nós prática...?] Com relação... é... com relação a
— aprendizagem defasada, indisciplina, desin- avaliação, a... ao conhecimento... organização e
teresse e infreqüência do aluno, discordância também a questão de... de... relacionamento com
da comunidade escolar, falta de infra-estrutu- aluno, acho que melhorou. Que até então a gen-
ra, peculiaridades do trabalho desenvolvido no te era mesmo... Eu era mesmo mais autoritária!
3º Ciclo, formação especializada do corpo do- Eu que decidia... Hoje eu já consigo decidir jun-
cente —, quando não constituídos a partir da to com eles... (...) Foram mudanças, assim, inte-
não-retenção escolar, encontram-se a ela entre- riores, que foram difíceis pra mim! Né, por eu
laçados. ter vivenciado tanto tempo... E vivencio ainda a
Escola Tradicional em muita coisa! (Maria)
Agora, [a escola] é um cilindro que passa man-
teiga e que passa todo mundo. (Professora do Eu acho que se hoje falasse assim: ‘Não, não
3º Ciclo/1º turno) vai haver Escola Plural mais!’, muitas coisas que
nós avançamos, a gente não voltaria atrás, né?
A fala dessa professora ilustra bem a Apesar de alguns dizerem que não gostam da
imagem que muitos dos docentes têm da Esco- Escola Plural... (Mariângela)
la Plural com a não-retenção. Nessa visão, a
Escola Plural tem facilitado a promoção do Os professores contam que, antes da
aluno de uma forma equivocada. E o equívoco implantação do Programa da Escola Plural, eram
está justamente no fato de, segundo os profes- muito tradicionais, as aulas eram invariavelmen-
sores, não existir mais empecilho nenhum na te do tipo quadro e giz. O fundamental, nessa
escolarização do aluno no ensino fundamental. ótica, era dar conteúdo, sempre seguindo e tra-
Ele certamente irá concluir essa primeira etapa balhando o livro didático, do início ao fim do
sem nenhuma dificuldade para superar, o que ano. As avaliações aconteciam aos finais de
leva muitos a acreditarem que, na Escola Plu- cada bimestre, individuais, com o aluno tendo
ral, tudo é demasiadamente fácil. E, no racio- que provar seu aprendizado. Mas, hoje, sua
cínio dos professores, a realidade — entendida prática pedagógica teria mudado muito em
como a lógica da sociedade em que a escola virtude da nova proposta: existe o entendimen-
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um modo de apropriação, uma adoção e uma Plural e a estrutura social que permanece com-
transformação pessoais, uma espécie de petitiva, seletiva e excludente. Nas escolas de
culturação, além de um intercâmbio instaurado ensino médio, ainda prevalecem notas, provas
em um grupo social. Qualquer inovação peda- e reprovações. Há os vestibulares e os concur-
gógica toca assim em aspectos fundamentais sos. Há uma competição acirrada por empregos
da cultura escolar e insinua um novo compor- no mercado de trabalho, com exigências cada
tamento cultural. vez maiores quanto à formação escolar. Os pro-
Os relatos acima descritos do processo fessores percebem, pois, que a não-retenção es-
de incorporação da Escola Plural e do princí- colar seria, na verdade, um passo decisivo para
pio da não-retenção escolar revelam que os o sucesso escolar, mas não o passo definitivo .
professores na escola estudada se situam em A situação é complexa e, por isso, eles se
momentos distintos e distintivos perante as opõem, sim, à forma como a não-retenção es-
mudanças propostas na cultura escolar. É pos- colar foi implementada na Escola Plural, o que,
sível perceber a presença de um movimento para eles, tem implicado efeitos perversos: os
intenso e conflituoso de reformulação de alunos continuam a ser excluídos quando ter-
identidade social e profissional desses profes- minam o ensino fundamental, haja vista não
sores, ao se colocarem entre o antes da Escola disporem de competências e saberes mínimos
Plural e as experiências agora vividas no espa- necessários a uma atuação efetiva no mundo
ço escolar. De um lado, parecem empenhados no qual transitam.
em preservar certas crenças e valores que têm Os professores concordam entre si que
historicamente fundamentado suas concep- se torna imprescindível um ensino de qualida-
ções e ações relativas ao processo de ensino- de que assegure a promoção com aprendiza-
aprendizagem, como se essa perda implicasse gem efetiva. Nessa perspectiva, o fracasso es-
o desmoronamento de sua própria identidade colar e a exclusão persistem no âmbito da Es-
de professor. De outro lado, sentem, igualmen- cola Plural. E é isso, na verdade, que os pro-
te, que necessitam rever seus referenciais fessores não admitem — embora pareça que
epistemológicos, teóricos e práticos e recons- encontrem dificuldades para alterar essa rea-
truir sua identidade docente no sentido de se lidade —; é isso que eles acreditam que precisa
situarem mais profissionalmente perante as ser revisto com urgência. Segundo os profes-
transformações sociais e pedagógicas coloca- sores, a Escola Plural é um sonho possível, sim.
das para a escola e na escola. Mas acreditam que se no meio do caminho
Na percepção desses docentes há uma tem uma pedra , o caminho pode ser revisto e
evidente contradição entre a proposta da Escola novos caminhos podem ser trilhados.
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Recebido em 08.05.03
Aprovado em 10.02.04
Dília Maria Andrade Glória é doutoranda em Educação na Universidade Federal de Minas Gerais, é professora da Escola
Fundamental do Centro Pedagógico da UFMG. Pesquisa atualmente as diferenças constitutivas das fratrias e sua relação
com possíveis variações nas práticas e estratégias educativas familiares.
Leila de Alvarenga Mafra é doutora em Filosofia (PhD) pela University of Pittsburgh, EUA. É professora do Programa de
Pós-Graduação em Educação da PUC-Minas. Coordena um grupo de estudo e uma pesquisa que focaliza as relações entre
os estabelecimentos escolares, a profissão docente e as trajetórias escolares.