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2015.2
FICHAMENTO
APRESENTAÇÃO
- A internet e totalizadora. p. 17
- A internet não é uma mídia. [...] É uma sociedade, um espaço onde nós podemos
nos conectar com os outros. p.18
- O fato novo é que as pessoas que acessam os conteúdos dos jornais por essa via
desejam, de sua parte, ser lidas e escutadas. A informação não circula mais em um
sentido único. A lógica “vertical” que caracterizava a relação mídia-leitor torna-se de
agora em diante, cada vez mais “horizontal” ou “circular”. p. 19
ÉRICA LUCENA PALMEIRA SILVA || TECNOLOGIAS DE RÁDIO, TV E INTERNET
2015.2
- Muitos jornalistas profissionais se viam como uma elite, pensando deter o poder
exclusivo de impor e de controlar os debates. [...] A internet despojou-os de sua
identidade de “padres seculares”. p. 21
A CONSAGRAÇÃO DO AMADOR
- Dinâmicas inéditas surgem das quais ninguém tinha ideia. Elas podem permitir a
elaboração de uma sabedoria coletiva ou também uma imbecialização generalizada.
p. 25
ÉRICA LUCENA PALMEIRA SILVA || TECNOLOGIAS DE RÁDIO, TV E INTERNET
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- Nós passamos da era das mídias de massa para a era da massa de mídias. [...] A
lógica do predador solitário é sucedida pela estratégia do enxame. p. 27
- A relação com a informação escrita, antes linear e plana, torna-se esférica e estre-
lar, em razão da riqueza de links de hipertexto. Estes links oferecem uma possibili-
dade infinita de extensões, de prolongamentos, de ilustrações, de discussões. p. 27
- em dezembro de 2010, a New York times Company foi excluída da lista das 500
principais empresas dos Estados Unidos (índice S&P). ela foi substituída pela em-
presa de tecnologia Netflix. p. 34
- Nos sites de informação online, os “jornalistas de papel” são substituídos por uma
nova geração de “jornalistas free-lancer de abate”, não menos superexplorados que
os da imprensa escrita. Xavier Ternisien descreve assim estes novos “galerianos da
informação”: “Idade média: 30 anos. A feição lívida dos geeks, esses apaixonados
por computadores que passam o tempo na frente de uma tela”. p. 40
- Além da “revolução internet” há outros fatores que contribuíram para agravar a ve-
lha degradação da imprensa escrita diária. No início, um elemento conjuntural: a cri-
se econômica global, que se traduz por uma baixa dos recursos publicitários, já as-
sinalada. [...] Outra mutação pé que as pessoas não são mais tão fiéis a um titulo.
Antes, a leitura de um jornal conferia ao leitor sua própria identidade política. Isso
não ocorre mais, pois a maior parte das publicações, na esperança de “ter um largo
alcance” e de “seduzir leitores de todos os horizontes” tornaram ilegível sua linha
editorial e turvaram sua imagem. p. 43-44
CONCENTRAÇÃO EXCESSIVA
ÉRICA LUCENA PALMEIRA SILVA || TECNOLOGIAS DE RÁDIO, TV E INTERNET
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IDEIAS SANAS
- essa confusão de gêneros pode ir muito longe. Um exemplo disso são os grandes
grupos midiáticos cotados na bolsa. Isso tem influencia sobre os conteúdos? Sim,
as mídias que pertencem a eles frequentemente seguram informações suscetíveis
de prejudicar esses grupos. [...] Conforme relatório do Pew Research 35% dos jor-
nalistas entrevistados consideravam que as informações passíveis de causar um
“conflito de interesses” no interior de suas empresas não eram difundidas. p. 49
- Walter Welles, antigo diretor do Herald Tribune [...] adverte principalmente contra
as consequências da entrada na Bolsa das empresas da imprensa, pois seu objetivo
prioritário não será mais fornecer uma informação independente, mas facilitar o lu-
cro dos seus acionários. p. 49
ENDOGAMIA POLÍTICO-PARTIDÁRIA
com os políticos, eles constituem uma espécie de corte frívola, mundana, na qual
cada um adula o outro, mostrando uma solucitude comovedora na esperança de
obter, em retorno, um pedido particular. p. 51
- as verdadeiras elites sempre apreciaram a sombra e a discrição. Elas têm, por de-
finição, horror da transparência. [...] Por isso o poder financeiro (invisível, indecifrá-
vel e oculto) e o das mídias (que não consentem nenhuma critica) nunca foram tão
intimidadores. p. 53
A CENSURA DEMOCRÁTICA
- os cidadãos tomam consciência desses novos perigos. Tudo mostra que eles dão
provas de uma extrema desconfiança paradoxalmente, eles temem viver, em nos-
sas sociedade supermidiatizadas, em estado de insegurança informacional, uma
vez que a confiança nas mídias diminui à medida que proliferam as informações.
Essa proliferação favorece um fenômeno novo: “a censura democrática”. [...] Eles
instalam, entre a informação livre e os cidadãos, obstáculos para a livre circulação
da informação [...] as informações tornam-se tão abundantes, tão saturadas de pa-
rasitas (soft news, infotainment, trash news) que elas nos asfixiam e nos impedem
de saber quais “outras informações” nos são ocultadas. p. 53-54
- Em outros termos: é o “muro da informação” que nos impede de ter acesso à in-
formação. Esse excesso bloqueia o caminho para o conhecimento. O homem com-
temporâneo corre assim, o risco de se tornar um ignorante saturado de informações.
p. 54
bre múltiplos temas e nos faria perder a capacidade de ler textos longos e comple-
xos. p. 54-55
UMA SÓ ESFERA
- Essas três esferas, antes tão diferentes, imbricaram-se pouco a pouco para cons-
truir uma única esfera ciclópica, non interior da qual se torna cada vez mais difícil
distinguir as atividades provenientes da cultura de massa, da comunicação, da infor-
mação ou da internet. A internet absorve tudo, ela é totalizadora. p. 57-58
GUERRAS MIDIÁTICAS
-Como resistir à ofensiva deste novo poder que, de alguma maneira, traiu os cida-
dãos e passou com armas e equipamentos para o lado “opressor”? Nós propuse-
mos a criação de um quinto poder, cuja função seria denunciar o superpoder de
alguns grandes grupos midiáticos. p. 60
- Na nova guerra ideológica imposta pela globalização, as mídias são utilizadas co-
mo uma arma de combate. Elas abandonaram a função de um “quarto poder” qual-
quer e procuram defender seus privilégios de casta. p. 62
- Eles não se comportam mais como mídia, mas como verdadeiros partidos políti-
cos. Não reivindicam o direito da critica, mas se constituem uma oposição ideoló-
gica. Sua verdadeira missão é conter as reivindicações populares. p. 62
A INFORMAÇÃO CONTAMINADA
- Na era digital, a informação tornou-se tão abundante que ela constitui o quinto
elemento de nosso mundo globalizado. p. 64
3. “MENTIROSOS EM SÉRIE”
- Conhecemos o dito “os fatos são sagrados, a opinião é livre”. [...] Numerosos
jornalistas consideram que suas opiniões – nems empre demonstradas – é que são
sagradas. Eles não hesitam em deformar os fatos para obriga-los a se adaptarem às
suas opiniões. p. 67
À BEIRA DO PRECIPÍCIO
4. INOVAÇÕES E ÊXITOS
- Uma outra tendência do jornalismo do futuro pé a que mistura, num mesmo site, o
trabalho de jornalistas profissionais, experts, e as contribuições de blogueiros e de
internautas participativos. Um exemplo desse gênero de jornalismo plural é forneci-
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do, na França, por Rue89, que “propõe uma informação a três vozes: jornalistas,
experts e internautas”. p. 79
POLITICO.COM
5. WIKILEAKS
- É interessante saber quais as três razões que, segundo Julian Assange, motiva-
ram sua criação. “A primeira é a morte da sociedade civil em escala mundial. [...]
fluxos financeiros movimentam fundos por meio de transferências mais rápidas que
qualquer sanção politica ou moral. Eles destroem, assim, a sociedade civil no con-
junto do planeta. [...] A segunda é a existência de um gigantesco Estado Securitário
oculto que não para de se desenvolver. [...] A terceira é o desastre das mídias inter-
nacionais [...] Elas são tão más e nos manipulam tanto que nós nos comportaríamos
melhor se nenhuma mídia existisse. Nenhuma.” p. 88
OBRIGADO, TWITTER
PROTEGER AS FONTES
- Enquanto alguns estados tentam sufocar esse novo jornalismo com ameaças e
processos, outros, mais democráticos, começam a adotar leis para garantir-lhes o
direito, proteger as fontes e evitar o filtro da internet. É o caso, principalmente, da
Islândia, onde o parlamento adotou, em 16 de junho de 2010, uma lei – Icelandic
Moden Media Initiative (Immi) – que garante aos jornalistas e editores uma das pro-
teções mais importantes do mundo em matéria de liberdade de expressão, de jorna-
lismo investigativo e de mídias on-line. p. 108
- É claro que o acesso generalizado à internet vai se tornar uma exigência democrá-
tica fundamental, assim como o acesso à educação ou à eletricidade. A superação
do abismo digital, que continua abissal – dois terços da humanidade, ou seja, mais
de quatro bilhões de habitantes, nunca utilizaram a internet -, torna-se uma reinvin-
dicação universal. E as leis para proteger a liberdade de expressão, na internet, se-
rão cada vez mais indispensáveis. p. 108
O MURO PAGO
- No início, a maior parte dos grupos midiáticos haviam escolhido não cobrar por
seus conteúdos on-line. Eles apostavam nos rendimentos publicitários da web. Hoje
[...] pedem micropagamentos a seus leitores, para lhes permitir acesso com exclu-
sividade às informações on-line. p. 119
- Uma pesquisa do Pew Research Center revela que, no momento, somente 19%
dos internautas estão dispostos a superar o “muro pago” para acessar informações
on-line. Apesar disto, a tendência generalizada entre os diretores das mídias parece
orientar-se para as formas pagantes. Eles estão convencidos que cada vez mais
pessoas pagarão por conteúdos. Não por todos, não pelas informações genéricas
disponíveis em abundância, mas por informações únicas, raras, ou análises que
trazem um importante valor agregado. p. 122
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A INFORMAÇÃO AUTOMÁTICA
- Grande pioneiro de uma nova formula de “artigos por demanda” é o site americano
Demand Media. [...] seu objetivo muito ambicioso é criar conteúdos que resolvam os
problemas, respondam às interrogações, permitam economizar dinheiro e tempo e
tornem as pessoas felizes. [...] Demand Media leva em conta os termos mais procu-
rados da internet, as palavras-chave mais procuradas pelos publicitários e a existên-
cia ou não de artigos relativos a esse assunto na web. p. 125
FAZENDAS DE CONTEÚDOS
- internautas que desejam escrever e serem publicados [..] podem além disso ga-
nhar um poucom de dinheiro, já que ele foi criado “com a ideia de que toda pessoa
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que transmite informações instrutivas, críticas, guias, entrevistas editoriais entre ou-
tras, deve ser paga e remunerada por suas habilidades” [...] Trata-se, de uma certa
maneira, de uma “massificação planetária” do trabalho free-lancer. Essas platafor-
mas são chamadas “fazendas de conteúdos” ou “usinas de informações”. p. 126-
127
AUDIÊNCIA OU CONFIABILIDADE?
- A busca de audiência, como objetivo principal, tem sempre um custo para a mídia
séria. Ela produz graves efeitos indesejáveis e geralmente conduz ao sacrifício do
rigor deontológico, da exigência profissional e, portanto, de sua credibilidade. p. 131
INSEGURANÇA INFORMACIONAL
- como lembra Bill Keller [...] A internet não substituirá os jornais impressos. Da mes-
ma maneira que a televisão não superou o rádio ou o cinema, nem este o teatro e a
ópera [...] a história das mídias é o relato de um empilhamento. p. 135
- jornalistas devem ter presente no espírito a percepção de que, neste momento das
novas mídias, a informação é superabundante. A oferta de conteúdos satura a de-
manda. [...] o problema principal das pessoas não é encontrar a informação, mas
obter a boa, a melhor informação. p. 137
- “as pessoas não compram mais os jornais para se informar. Elas compram para
compreender, para comparar, para analisar, para revisar o outro lado da moeda da
realidade” O futuro do jornalismo [...] será “um jornalismo de orientação e de apro-
fundamento. [...] As pessoas têm necessidade de referências, de sentido. Elas pre-
ferem as mídias que não destruíram as suas convicções. p. 138-139