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RITO ESCOCÊS PRIMITIVO

A BÍBLIA NO RITO ESCOCÊS PRIMITIVO


Núcleo de Estudos Maçônicos

A BÍBLIA NO RITO ESCOCÊS PRIMITIVO

Por que situar a Bíblia sob a etiqueta “os indispensáveis”?


Globalmente, poderíamos dar uma resposta em algumas palavras para
resumir a instituição da Bíblia nos Ritos Maçônicos – tal como um limite
constitutivo dos regulamentos aplicados pelas Confrarias de ofício
operativo encarregadas dos trabalhos do Reino – mantida desde os
antigos costumes dos Mestres de Lojas de antigamente. Mais
particularmente, não nos fixaremos somente no REP, cujos Rituais
fazem inegavelmente referência aos Textos Bíblicos. Além do conteúdo
de seus Rituais, seria absolutamente inconcebível ignorar a Bíblia que
reveste neste Rito uma característica de Landmark.

Sendo anteriormente lembrada que a expressão “Volume da Lei


Sagrada” repousa sobre o simbolismo que sugerem os livros sagrados,
convém deixar claro que a abreviação V.S.L vem da tradução errônea do
inglês “Volume of the Sacred Law”, que além de V.S.L. traduz-se por
“Volume da Lei Sagrada”, ao passo que V.S.L. era apropriado a um outro

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significado, o de “Volume da Santa Lei”. No REP, toda ambiguidade é


levantada uma vez que nossos Rituais fazem uso para designar este
Volume de denominação de origem que é: BÍBLIA.

Isso posto, não nos escapará que:

É mesmo ao título de sua qualidade ancestral da primeira das


três Grandes Luzes da Franco-Maçonaria (e não da Loja cuja
Luzes são representadas pela Lua, pelo Sol e pelo Venerável,
primeiro malho da Loja), que a Bíblia está presente sobre o
Altar aberta no Prólogo do Evangelho de João para os três
Graus Simbólicos;

Por ocasião do acendimento das Luzes da Ordem, em torno do


Quadrado longo, fazendo parte do Cerimonial de Abertura dos
Trabalhos, estão dispostos sobre a Bíblia aberta no Prólogo do
Evangelho de João, o Esquadro e o Compasso, as duas outras
Grandes Luzes da Franco-Maçonaria. Da mesma forma, após
a extinção das Luzes da Ordem, anterior ao fechamento dos
Trabalhos, a Bíblia é novamente fechada e as duas
Ferramentas guardadas, e isso em conformidade com os
Rituais e com os mais antigos costumes;

As instruções do primeiro Grau do REP citam essas três


Grandes Luzes e recordam que a Bíblia ilumina nossa fé [1].

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O Esquadro regula nossas ações e o Compasso nos mantém


nos justos limites, cada uma dessas três grandes Luzes tendo
um papel bem determinado;

No REP, todos os Juramentos e Obrigações, em qualquer


Grau que seja, são sistematicamente prestados sobre a Bíblia
que fica disposta no Oriente, sobre o Altar chamado para a
circunstância “Altar dos Juramentos”, inclusive por ocasião
das cerimônias de investidura ou todas as celebrações que
conferem uma qualidade a um Maçon do Rito Escocês
Primitivo;

Enfim, a referência à Bíblia é citada em nosso Ritual de


afiliação para os Recipiendários denominados, de modo
universal e sem exceção do mais jovem maçon ao mais antigo
Mestre, “Filhos da Viúva”, “Filhos da Luz” (João, 12-36) ou
“Infante da Viúva”. De fato, esta expressão nos vem de Hiram,
citado na Bíblia como operário em bronze, “filho de uma
viúva” da tribo de Nephtali e de um pai de Tiro. A este
respeito, parece oportuno recordar que nossos Rituais se
apoiam várias vezes sobre diversas citações retiradas dos
Salmos, dos Provérbios, Reis, Livro das Crônicas, …, etc.

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OUTRAS DENOMINAÇÕES NOS RITUAIS DO REP

Com exceção à referência à Bíblia, encontramos nos Rituais uma


outra denominação das Escrituras Santas por:

“Santo Livro”: a Bíblia é principalmente citada como tal pelo


Impetrante em seu juramento por ocasião de sua passagem para o
Grau de Companheiro,

“Livro Sagrado” é empregado por ocasião da cerimônia de elevação


à Maestria,

Ao passo que outros Ritos além do REP, o vocábulo “Bíblia” é


substituído por “Volume da Lei Sagrada” (“VLS” ou ainda “Livro da Lei”,
pois esta denominação pode abarcar um outro livro sagrado além do da

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Santa Bíblia (Alcorão, Zend Avesta, Vedas, Tipitaka, Livros de Confúcio,


etc.) assim como nos o evocamos no início desta exposição.

É assim que os rituais do REP permaneceram conformes à sua


escritura antiga e primitiva, no estrito respeito das raízes originais da
Franco-Maçonaria. O Conselho do Oriente e do Ocidente pretende
preservar e não ver modificar de um Iota as prescrições iniciais da
Ritualística Tradicional anterior a 1804. Sublinhamos a este respeito
que nossa instrução dialogada ao grau de Aprendiz é mantida nesses
termos primeiros:

“A Bíblia regula nossa fé”.

Nós recordamos, aliás, que a fé é invocada nos nossos Trabalhos,


uma vez que Fé em seu próprio Sinal, próximo daquele da Fidelidade ,
que os Maçons são chamados a empregar de acordo com as celebrações
e as circunstâncias. Que seja o Sinal de Fé ou o de Fidelidade, eles são
sempre executados com uma grande solenidade.

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Ao passo que podemos constatar que as palavras e propósitos,


mantidos no círculo profano, são muito frequentemente retomados de
forma idêntica dos textos extraídos das Santas Escrituras, o Conselho
do Oriente e do Ocidente do REP considerou que a Ordem não se
encontrava em nada autorizada em modificar os textos primeiros
constitutivos de nossos Rituais tornados familiares a todos, tal como:

“Buscai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á.” (Matheus, 7:7)

Cujos trechos de frase se apoiam, como nós o temos dito, mais


adiante sobre os diferentes Livros da Bíblia.

Força é de constatar que nossa linguagem cotidiana retoma sob a


forma de velhos adágios, tão empregados por nossos Anciãos, as

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parábolas extraídas da Bíblia cujo conjunto ignoram as fontes reais.


Para alicerçar nosso propósito, relevamos alguns exemplos empunhados
por tais máximas que relevam puro bom senso, segundo aquele que os
entrega em uma sentença de boa liga(!!!):

A César o que é de César,… (Marcos 12:17)


Ninguém é profeta em seu país: “Nenhum profeta é bem recebido
em sua pátria”. (Lucas 4:24)
“Um profeta é somente desprezado em sua pátria e em sua casa”.
(Matheus 13:57)
Quem com ferro fere com ferro será ferido. (Matheus 26:12)
Não julgai. (Matheus 7:1)
… um homem insensato constrói sua casa sobre a areia…
(Matheus 7:26)
… pelo fio de um camelo não passará… (Matheus 5:18)
… atire a primeira pedra… (João 8:7)
Ganhará teu pão com o suor de teu rosto… (Gênese 3:19)
… aqueles que semeiam o vento, colhem tempestades. (Oseias 8:7)
Quem semeia a injustiça, colhe a desgraça. (Provérbios 22:8)
… lá estarão os prantos e o ranger de dentes. (Matheus 14:42)
Tesouros mal adquiridos não são aproveitados. (Provérbios de
Salomão)
Mais vale um homem sábio que forte, … (Coletânea dos Sábios)
Não testemunhes de forma leviana contra teu próximo. (Sequência
da Coletânea dos Sábios)

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Não te glorifiques pelo dia seguinte, pois ignoras o que hoje dará
origem. (Coletânea de Salomão)
Ninguém pode servir a dois senhores. (Matheus 6:24)

Por essas múltiplas razões, nossos rituais não preveem, no lugar e


local da Bíblia, outros livros sagrados colocados sob a denominação
“Volume da Lei Sagrada” que permanece uma expressão reservada a
outras Obediências, menos da GLFREP.

Aliás, convém não esquecer que é o rei Jacques 1o Stuart que se


encarregou de um conclave, no qual participaram Robert Fludd,
principal intérprete inglês do pensamento rosacruciano, Francis Bacon e
outros hermetistas, de proceder à tradução inglesa da Bíblia: “Versão
Autorizada do Rei James”, publicada em 1611 e destinada ao uso da
Igreja Anglicana. Esta começa por um capítulo intitulado “Franco-
Maçonaria e a Bíblia”, que conta 32 páginas colocadas sob a assinatura
de H. L. Haywood.

Desde então, a Grande Loja da França do Rito Escocês Primitivo


considera que há muito espaço para levar em consideração a Bíblia
como um Landmark indispensável da Franco-Maçonaria, tanto é que
Mike Neville, autor de uma obra recente (Sagrados Segredos, Franco-
Maçonaria, a Bíblia e a Fé Cristã) publicada por The History Press (UK)
em 2012 retoma todos os Livros da Bíblia que mencionam as
personagens ou eventos que têm uma relação com a Franco-Maçonaria

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anglo-saxônica. Eis aí uma boa demonstração de um apelo à ordem


para não romper com esta regra imposta no século XVII, quanto à
presença obrigatória da Bíblia em uma Loja que pratica uma ritualística
de tradição.

Tratando-se da designação do “ Livro da Lei”, no Rito Escocês


Primitivo esta é exclusivamente atribuída à Joia de Ofício do Orador,
carregado de velar a não violação dos textos fundamentais,
Constituições e Regulamentos Gerais da Ordem.

Assim, em numerosos Ritos, inclusive no Rito Escocês Primitivo, o


emblema de um livro aberto figura a joia deste Oficial presente no
Oriente à esquerda do Venerável, mas que desta vez não representa o
Livro Sagrado, mas essas regras de funcionamento e os Regulamentos
da Ordem na qual o Atelier está ligado. E neste caso, este livro aberto
não é outra coisa a não ser o livro da lei contendo os regulamentos
gerais e os estatutos da Ordem, igualmente o Regulamento Interno da
Respeitável Loja se esta tem a conveniência.

Se entendemos naturalmente que outras Obediências ou outros


Maçons empreenderam de adotar somente algumas expressões bíblicas
em circunstâncias precisas de seus Rituais, ou modificaram vocábulos
por razões sinceras e verdadeiras, sua vontade de modificação dos ditos
Rituais relevam de sua sensibilidade própria e de sua percepção do

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sagrado na concepção, não menos sagrada, do Templo no qual se


realizam os atos ritualísticos.

Se a modificação dos Rituais aconteceu, e a adoção de novas


denominações das quais a de “Volume da Lei Sagrada”, observamos, em
Richard Dupuy – eleito por quatorze vezes Grande Mestre da Grande
Loja da França – através de sua proposição intitulada “A Bíblia na Loja”
que esta permanece para ele um Livro Sagrado sem perder seus valores
nutritivos de amor universal.

No REP, fazemos, pois, abstração de nossa sensibilidade e nos


obrigamos a não modificar nossos Rituais, sem que se ignore a
concepção de “Volume da Lei Sagrada”, na medida que esta
denominação esteja excluída de nossas Lojas, porque fazemos questão
de manter os usos antigos, inclusive as palavras sem substituição.

Terminamos esta proposição por um simples apelo: a palavra


bíblia tem uma origem grega e não hebraica. De fato, os Maçons têm a
faculdade de substituir a palavra Bíblia em um contexto não cristão e
mais geralmente fora de toda confissão, pelo fato que os Evangelistas
fazem uso de uma outra expressão pelo emprego das seguintes palavras:
“A Lei e os Profetas” para designar o código e os mandamentos de sua
fé. Temos, então, toda a atitude para dar à Bíblia o significado que
queremos lhe conferir e aceitar, no curso dos Trabalhos em Loja, a que
nossos Rituais lhe atribuem.

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(Documento depositado sobre o site do Rito Escocês Primitivo em dezembro de 2013)

Para nós, Maçons operários do Rito Escocês Primitivo que consideramos


a Bíblia como a Tábua de Desenho do Grande Arquiteto do Universo,
nós a depositamos no púlpito “Trechos de Textos Escolhidos” de nosso
site, dois Trechos de Arquitetura escritos pelos Membros da Grande Loja
Francesa do Rito Escocês Primitivo:

Por que a Bíblia é aberta no Prólogo do Evangelho de João


durante os Trabalhos na Loja do Rito Escocês Primitivo?

Qual a via espiritual para o Rito Escocês Primitivo?

[1] Em 1804, intervém já uma primeira modificação muito leve desta locução, uma vez
que o R.E.A.A. modifica uma só letra o “F” de fé para transformar esta palavra de duas
letras em uma outra palavra de três letras, mas totalmente diferente e obter: LEI.

Fonte de pesquisa: http://www.glfriteecossaisprimitif.org/?page_id=472

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