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5 testes para avaliar ideias inovadoras

Como saber se suas ideias de negócio, daqui a alguns anos, poderão ser consideradas ideias inovadoras?
Antever o futuro não é algo fácil. Não são poucos os casos de projeções desastrosas. Em se tratando de novos
produtos, o tema é ainda mais complexo. A consultoria McKinsey, reconhecida mundialmente, teria dimensionado o
potencial do mercado global de celulares para a AT&T em 900.000 usuários. Somente no Brasil, há mais de 200 milhões
de linhas de telefone celular. Mas por que isso ocorre?
As técnicas convencionais de pesquisa de marketing e análise financeira utilizadas para avaliar ideias inovadoras não
têm contribuído para aumentar as chances de criação de negócios com base em ideias inovadoras. Pelo contrário,
têm influenciado negativamente. Perguntar ao cliente se ele vai comprar algo tem pouca eficiência quando ele não
sabe o que será esse algo. Montar detalhados modelos financeiros em Excel para descontar o fluxo de caixa de uma
ideia que você mal sabe como irá gerar caixa pode ser pouco produtivo para tomada de decisão.
Nossa experiência auxiliando empreendedores e executivos na avaliação de projetos de inovação nos permitiu agrupar
5 testes para priorizar ideias de potencial inovador. O modelo baseia-se no entendimento de que as ideias evoluem
num continuum de incerteza. No estágio inicial, apresentam alta incerteza. À medida que avançam na cadeia de valor
da inovação, as incertezas têm que ir diminuindo. Dessa forma, o mecanismo de avaliação de ideias inovadoras precisa
levar esse processo em consideração. Cada momento demanda uma abordagem de análise de mercado.
1. A ideia aborda um problema relevante, frequente e mal resolvido?
O primeiro passo da avaliação de uma ideia é não avaliar a ideia. Esqueça as funcionalidades da ideia. Guarde seu Excel
para depois.
O foco inicial é o problema que a ideia se predispõe a resolver:
Esse problema é importante para quem o vivencia?
Ele ocorre uma vez na vida ou é algo diário?
As soluções atuais são insatisfatórias?
Eu tenho uma filha pequena, de poucos meses. Tudo nesse momento é muito importante para nós. Mas o problema,
para ser atraente, precisa ser também frequente. A troca de fraldas é algo que acontece várias vezes por dia, ao passo
que a vacinação ocorre apenas uma vez por mês, dependendo do calendário de vacinas. Não adianta o problema ser
relevante e frequente se estiver bem resolvido. As fraldas Pampers da P&G foram uma super inovação, décadas atrás,
por abordarem um problema anteriormente mal resolvido. Se a nova ideia foca um problema bem resolvido, será
árdua a tarefa de fazer o consumidor mudar seu comportamento.

2. A ideia apresenta uma forma diferente de resolver o problema?


Se a ideia endereça um problema com potencial, é a hora de seguir a avaliação. Chegou o momento de analisar a ideia
e a forma como ela pretende resolver, de forma mais eficiente, barata e acessível, o problema em questão.
A ideia é uma melhoria ou uma potencial inovação?
Tem potencial de replicabilidade?
Tem viabilidade técnica?
A tecnologia necessária está ou ficará disponível?
Conseguirá erguer barreiras de imitação?
A Nespresso abordou de forma única a necessidade de tomar um café gourmet, fácil de preparar como parte de uma
experiência social. Fazer uma análise crítica da ideia e sua proposta de valor frente as demais alternativas disponíveis
bem como a potencial sustentabilidade da vantagem competitiva é o foco da segunda fase. Cuidado com o mito de
“não temos concorrentes”. O consumidor tem uma forma de resolver o problema e é com isso que ele irá comparar a
nova ideia.
Leia mais: artigo “Como a Nespresso se tornou ícone sem nunca ter vendido café”

3. A ideia tem um modelo de negócio consistente?


O problema é relevante e a ideia tem uma forma diferente e eficiente de resolve-lo.
O diferente pelo diferente não vende. Não se esqueça disso.
Para a ideia ser executável e economicamente viável, ela precisa de um modelo de negócio. Uma forma estruturada
de gerar, entregar e capturar valor. A Nespresso encontrou um modelo de “isca e anzol” que envolve máquinas e
cápsulas. A empresa vende por meio de um clube online e lojas próprias. Captura valor das duas fontes, principalmente
das cápsulas que, até pouco tempo, detinha a patente. A fabricação das maquinas é feita na China por meio de
parceiros para ter custos menores. A empresa promove a marca com artistas globais que garantem o tom de
exclusividade necessário. É fundamental entender e avaliar o modelo de negócio da ideia.
Tem um go-to-Market adequado? Como será produzida ou operada? O modelo de receita captura todo o valor
possível? Haverá complementadores para apoiar a ideia? Essas são algumas das perguntas necessárias para entender
se existe um modelo de negócios que sustenta uma ideia que resolve de forma única um problema importante.

4. Existe um plano elaborado para aprender sobre as incertezas?


Quando a ideia está numa fase pre-piloto, o foco da avaliação deve ser nas incertezas existentes. Ainda não é a hora
da análise financeira. É o momento de avaliar quais são os pressupostos sobre os quais a ideia e o plano de negócio
estão baseados. Assim você pode entender se há um plano de aprendizagem de baixo custo e alta eficiência.
Identificar, avaliar e testar as incertezas de forma rápida e pouco dispendiosa é o ponto central nesse estágio. Uma
empresa de cosméticos com que trabalhamos, ao invés de solicitar o fluxo de caixa descontado da ideia, preferiu fazer
o rating da ideia buscando entender até que ponto os inovadores detinham o domínio daquilo que não sabiam sobre
a ideia e se dispunham de um plano criativo para responde-las.

5. A ideia pode ter resultado econômico interessante?


Quando a ideia está num estágio pós piloto, é útil começar a estabelecer análise de retorno financeiro. Projetar
receitas, despesas, investimentos, necessidade de capital de giro, fluxo de caixa, VPL e payback. Nessa circunstância,
é viável entender com mais clareza o risco do projeto.
Já consegue-se saber o que é a ideia, qual o problema pretende resolver, como irá se diferenciar, qual seu modelo de
negócio e alternativas competitivas existentes. Isso permite simular a fase de entrada, crescimento e maturação da
ideia bem como seu potencial declínio. A análise financeira é ótima ferramenta quando aplicada no momento certo.
Sua antecipação não aumenta as chances da ideia dar certo nem estabelece bases adequadas para sua avaliação. Fazer
o fluxo de caixa descontado projetando receitas e despesas para 5 anos de uma ideia em estágio embrionário é tão
útil quanto olhar para uma criança de 3 meses e ter que dizer o que ela vai ser quando crescer.
Projetar o futuro é muito difícil. Avaliar o potencial de ideias inovadoras é uma tarefa desafiadora e cada vez mais
presente na vida de empreendedores e executivos. Aplicando mentalidade, ferramentas e lógica adequadas em
projetos de dia a dia para oportunidades de inovação reduz a chance de êxito. Ajustar o foco da análise ao momento
de desenvolvimento da ideia garantirá maiores chances de acerto.

Fonte: https://endeavor.org.br/ideias-inovadoras/

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