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SUMÁRIO

1 de setembro • SERMÃO 1
O GANHADOR DE AMIGOS........................................................3

8 de setembro • SERMÃO 2
A PRIMEIRA MISSIONÁRIA....................................................... 12

15 de setembro • SERMÃO 3
UM APOIADOR DA MISSÃO ................................................... 18

22 de setembro • SERMÃO 4
MISSÃO TAMBÉM É SERVIR...................................................... 26

29 de setembro • SERMÃO 5
OS FAZEDORES DE TENDAS.................................................... 33

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da Igreja Adventista da Promessa.
1 DE SETEMBRO
SERMÃO 1

O GANHADOR DE AMIGOS
Mateus 9:9-13

INTRODUÇÃO
O mês de setembro é um tempo que nós, promessistas,
dedicamos à reflexão sobre missões e as formas de nos en-
volvermos na obra missionária. Além disso, estamos na fase
final do Projeto 100 dias de Oração, em que temos pedido a
Deus que traga um avivamento e nos encha de seu poder para
proclamarmos o evangelho de Cristo. Por isso, nos sábados de
setembro, vamos ter uma série de sermões intitulada: “VIDAS
MISSIONAIS: Pessoas comuns que fizeram a diferença”. Vamos
tratar sobre as histórias de cinco personagens que fizeram a
diferença na evangelização através de ações simples. O obje-
tivo é que sejamos motivados a seguir o exemplo deles. Hoje,
vamos começar trtando sobre Mateus, o ganhador de amigos.
A história do chamado de Mateus está registrada nos três
primeiros evangelhos (Mt 9:9-13; Mc 2:14-17; Lc 5:27-32), mas
usaremos como base o para esta mensagem o Evangelho de
Mateus, capítulo 9:9-13. Levi, ou Mateus, era filho de Alfeu
(Mc 2:14) – um nome bem comum naqueles dias –; trabalhava
como cobrador de impostos (publicano), na cidade de Cafar-
naum, às margens do mar da Galileia. Conforme sabemos, Ca-
farnaum foi uma cidade estratégica no ministério de Cristo (Mt

Sermões de setembro | 3
9:1; Mc 2:1). Como morador dessa cidade, Mateus teve a opor-
tunidade de testemunhar os vários milagres que Jesus realizou
ali. Até que, um dia, enquanto ia passando pela coletoria, Jesus
o viu assentado e lhe fez um convite: Segue-me!.
De forma direta, o texto diz que ele “se levantou e o seguiu”.
Possivelmente, o impacto de tudo o que Mateus ouviu sobre Je-
sus, em Cafarnaum, o influenciou em sua decisão de abandonar
tudo para seguir a Cristo. Depois de sua decisão, ele não perdeu
tempo: apresentou Jesus aos seus amigos. Entrou para a his-
tória como alguém que fez a diferença e se tornou, para todos
nós, um exemplo de vida missional. É exatamente sobre esse
episódio que trataremos nesta mensagem. Gostaríamos de lhe
desafiar, hoje, a tomar a mesma atitude: anunciar Jesus aos
seus amigos. O que aprendemos com o exemplo de Mateus?

1. PARA GANHAR NOSSOS AMIGOS, PRECISAMOS SER


GRATOS POR TERMOS SIDO SALVOS POR JESUS
Onde podemos encontrar base para a postura de gratidão
pela salvação? Vamos ao texto bíblico. O versículo 9, de Mateus
capítulo 9, diz: Partindo Jesus dali, viu um homem chamado
Mateus sentado na coletoria. Observe bem qual era a profissão
de Levi. Esse detalhe é extremamente importante para a verda-
de que queremos apresentar. Ele estava sentado na “coletoria”
(Gr. telonion – lugar onde o coletor de impostos se assentava
para recolher as taxas). Mateus era um publicano, isto é, um
cobrador de impostos. Morava na cidade de Cafarnaum e tra-
balhava à beira mar (cf. Mc 2:14). Seu posto fiscal “localizava-se
em uma região fronteiriça e à beira tanto de uma importante
estrada quanto de um importante porto do mar da Galiléia”.1

1. DeBarros (2006:114)

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Dentre os tipos de impostos cobrados na época, estava o
portorium (porto), imposto incidente sobre o trânsito de mer-
cadorias pelo território romano. Possivelmente, era esse tipo
de imposto que Mateus cobrava. Como não eram fiscalizados
de perto, os cobradores de impostos extrapolavam na cobran-
ça dos tributos. Aumentavam os lucros e os sofrimentos dos
tributados. Cobravam não somente o barco da pesca, mas tam-
bém o pescado adquirido e o uso do porto para descarregá-lo.
Abriam, aos olhos de todos e de forma inescrupulosa, as “ba-
gagens dos viajantes, vasculhando-as em busca de qualquer
pertence supostamente tributável”.2 Eram gananciosos! João
Batista, no que se refere aos publicanos, disse: Não cobreis
mais do que é prescrito (Lc 2:13).
Essa classe de pessoas não era bem quista pela sociedade
da época. Tratava-se de homens ricos numa sociedade de gen-
te simples. Eles extorquiam, roubavam, defraudavam. Eram
gatunos, espertalhões e oportunistas. Enganavam tanto a po-
pulação quanto o governo, apresentando relatórios ilegais e
aceitando suborno.3 Não era raro um publicano ameaçar, e até
mesmo matar, para conseguir seus propósitos. Eram violentos
para extorquir e roubar dinheiro. Para os judeus, publicano era
sinônimo de pecado e impureza. Os fariseus, por exemplo, di-
ziam que, para essa classe de pessoas, não existia esperança;
afirmavam que os publicanos não tinham direito ao arrependi-
mento.4 Mateus era judeu e publicano. Imagine o quanto ele
era odiado por sua própria gente.
Esse homem desprezado pelos seus foi alvo da atenção do
Senhor Jesus, que o viu e o chamou. Um dia, também, aprouve
a Deus dizer a mim e a você: “Segue-me”. Isso nos leva a viver

2. ibidem, p. 116
3. Champlin (1983:350)
4. idem

Sermões de setembro | 5
em constante atitude de gratidão, sempre. E por que isso é im-
portante para a questão de ganhar nossos amigos para Cristo?
Simplesmente porque ninguém que esteja com o coração cheio
de gratidão pela salvação consegue compartilhar o evangelho
com os perdidos. Somente quem é indizivelmente feliz pela
salvação que recebeu em Cristo é capaz de mostrar a outros a
maravilhosa graça de Deus. A alegria e gratidão transbordam
do coração de quem é salvo e, inevitavelmente, respingam nos
amigos a sua volta. O oposto também pode ser dito, ou seja,
aquele que não compartilha o evangelho com seus amigos tal-
vez não possua um coração repleto de gratidão pela salvação, o
mais poderoso impulso para alcançar nossos colegas.

2. PARA GANHAR NOSSOS AMIGOS, PRECISAMOS


CRIAR MEIOS PARA ALCANÇÁ-LOS
Qual foi a atitude de Mateus, depois de dizer sim ao convi-
te de Jesus? Na continuação do texto, temos a informação de
que Jesus foi até a casa dele participar de uma refeição. Nova-
mente, Lucas é mais preciso ao nos informar as origens dessa
reunião: ... ofereceu-lhe um rico banquete (5:29). A palavra gre-
ga traduzida por “banquete”, utilizada por Lucas é dochen e se
refere não a uma refeição comum do dia, mas a uma festa de
recepção.5 Essa mesma palavra aparece em Lucas 14:13, quan-
do Jesus fala de “convidar” para uma festa. E a festa realizada
por Mateus não era qualquer uma. Lucas se refere a um “rico”
ou “grande” banquete. Sejamos sensatos: via de regra, quem
faz banquete? Quem está feliz! Um banquete é ocasião para
regozijo, alegria.

5. Vine et al (2009:652)

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A festa foi na casa do próprio Mateus (Mc 2:15). Não é difícil
imaginar Levi e seus convidados se reclinando sobre colchões,
sofás e divãs, a rodear mesas baixas. As pessoas se recostavam
sobre seu braço esquerdo e comiam com o braço direito.6 Todos
estavam comendo e desfrutando a comida e a amizade. Sem
duvida alguma, Mateus foi extremamente feliz na ideia de al-
cançar seus amigos através de um jantar. Ele foi criativo e en-
controu um meio de alcançar seus amigos avessos a religião.
“Mateus não havia frequentado um seminário. Não tinha ma-
teriais impressos; tudo o que possuía era um coração cheio de
graça e um espírito determinado. Ele encontrara um caminho”.7
O banquete foi o caminho usado por Mateus para que seus
amigos conhecessem a Jesus. Isto nos ensina muito. Pense:
quais são os meios que você pode se utilizar para alcançar seus
amigos para Jesus? “Acredito que Deus desafia você e eu a fa-
zermos o que Mateus fez. Seja inovador. Pense com criativi-
dade. Dentro dos princípios bíblicos, encontre uma estratégia
condizente com quem você é e com quem seus amigos são”.8
Talvez você possa convidar seus amigos não-cristãos para irem
a sua casa, num dia em que seus amigos da igreja também
estejam, para que se conheçam. Pode chamar para participar
do pequeno grupo. Você pode assumir o compromisso de ir à
academia com seu amigo, criando, assim, oportunidades para
falar de Jesus.
Pense nisso. Você também pode assistir a algum filme ou
presentear seu amigo ou amiga com um livro, a partir do qual
possa conversar sobre assuntos espirituais. Do mesmo modo,
você pode dizer a sua amiga que está orando pelo problema
que ela está enfrentando. Enfim, as possibilidades são inúme-

6. Champlin, op. cit., p.350


7. Hybels (2012:134)
8. ibidem, p.136

Sermões de setembro | 7
ras. O certo é que precisamos de tempo para estar com os ami-
gos e amigas não-cristãos para que haja possibilidades reais de
eles serem alcançados. “Precisamos de mais ‘tempo tranquilo’
para que as conversas se aprofundem em questões importan-
tes e pessoais da vida”.9 A grande lição de Mateus para todos
nós é: Precisamos encontrar meios de alcançar nossos amigos.
Mateus ofereceu um banquete. E você, vai fazer o quê?

3. PARA GANHAR NOSSOS AMIGOS, NÃO PODEMOS


DESTRUIR NOSSOS VÍNCULOS COM ELES
Quais eram as pessoas convidadas para o banquete na casa
de Mateus? Muitos publicanos e pecadores estavam lá como
convidados! (Mt 9:10 – NBV). Tente imaginar a cena. Uma festa
entre Jesus e seus discípulos e entre o pessoal que era malquis-
to pelos “melhores” cidadãos da sociedade. Jesus participou
dessa festa. Ele estava lá, no meio da ralé, dos não-religiosos,
dos crápulas, aos olhos da sociedade judaica. Para os fariseus,
aquilo era uma afronta! Eles censuraram Jesus (Mt 9:11). A ati-
tude era escandalosa! Reunir-se para ter comunhão, à mesa,
com coletores de impostos e pessoas afundadas em vícios era
considerado contaminação cultual.
Não vamos questioná-los, porque, talvez, nós também o
censuraríamos. Mas Jesus não se importava com os odres ve-
lhos da religião judaica. O evangelho é vinho novo, que acaba
com esses odres velhos. Ele estava naquela festa. Veio justa-
mente para curar essas pessoas. Ele era médico, e quem pre-
cisa de médico são os doentes (Mt 9:12). Jesus disse: ... não
vim chamar justos [os que se acham justos, e, por isso, não
precisam dele], mas pecadores ao arrependimento (Mt 9:13).

9. ibidem, p.138

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Os fariseus se achavam mais justos do que as demais pessoas
(Lc 18:9). A palavra grega traduzida por “chamar”, em Mt 9:13,
é kalesai, de kaláin, um termo técnico usado, na época, nos
convites para participar de uma festa ou refeição.10 Pode ser
que quisesse dizer o seguinte para os fariseus:11 “Quando vo-
cês fazem uma festa, convidam somente os eruditos, os santos,
os respeitáveis, os que se orgulham de sua virtude; eu, porém,
quando faço uma festa, convido aqueles que têm mais cons-
ciência do seu pecado e mais precisam de mim”.
Jesus foi até a festa oferecida por Mateus. Ele não “des-
preza esta prova de amor agradecido, mas senta-se com seus
discípulos entre os excluídos do povo”.12 Lá, havia pessoas que
precisavam ouvir o evangelho. Mateus fez a sua parte. Durante
anos, ele havia cultivado amizades e mostrou ser um amigo
confiável. Depois da conversão, não se esqueceu dos seus an-
tigos companheiros. Tomou uma atitude digna de ser imitada.
Não convidou apenas “os irmãos da igreja”: Mateus chamou
seus amigos ainda não convertidos. Ao invés de desejar que se
afastassem, Mateus desejou que fossem contagiados. Nenhum
amigo seu ficou desconfiado do convite. Todos confiavam nele.
É bem possível que esse tipo de festa fosse comum, uma forma
de diversão entre os publicanos, que tinham dinheiro para or-
ganizá-las.13 Quando os amigos de Mateus chegaram lá, foram
surpreendidos pela boa notícia do evangelho de Jesus.
Você tem coragem de tomar essa atitude? A amizade é uma
grande porta para influenciar e transformar vidas. Por isso, ao
invés de ignorar seus amigos não-cristãos, mostre-lhes, através
de sua vida, o maior amigo: Jesus. Não tenha vergonha de con-

10. Barclay (2001:384), tradução de Carlos Biagini.


11. Idem.
12. Rienecker (2005:143).
13. Champlin (1983:350).

Sermões de setembro | 9
tar a todo mundo que você é cristão, que encontrou o melhor
amigo de todos. Seus amigos também precisam de Jesus. A ex-
periência da conversão deve ser partilhada. Você acha que é
bom ser cristão? Quantas pessoas que você ama que ainda não
são cristãs? Em vez de ser intolerante, partilhe a mensagem do
evangelho com essas pessoas. Jesus veio a este mundo para
salvá-las, assim como salvou você. Que tal começar a pensar
em abrir as portas de sua casa para a pregação do evangelho?
Que tal fazer do seu lar um lugar onde Jesus é anunciado? Seus
amigos servirão a Cristo, se forem à sua casa e conseguirem per-
ceber que Jesus comanda a vida de quem mora ali. Pense nisso.

CONCLUSÃO
Estamos apenas começando este mês em que nos dedica-
remos a refletir sobre Vidas missionais, Pessoas comuns que
fizeram a diferença. Falamos, hoje, sobre Mateus, o ganhador
de amigos. Aprendemos que ele fez a diferença na vida de seus
colegas não-cristãos, apresentando-lhes o Salvador Jesus, sim-
plesmente porque: 1) estava cheio de gratidão pela salvação
que havia recebido, 2) criou meios para alcançá-los, através de
um banquete e 3) não destruiu os vínculos relacionais de ami-
zade que nutriu, por muito tempo, com aqueles publicanos. No
momento certo, ele colocou seus amigos diante do salvador do
mundo, Jesus Cristo.
Os evangelhos testemunham que muitos publicanos estive-
ram perto de Jesus, em seu ministério. Seriam eles os amigos
de Mateus? Podemos acreditar que sim. E quem os levou a Je-
sus? O próprio Mateus, o ex-publicano. Você também foi salvo
pela graça de Jesus; também tem amigos que precisam de um
salvador. Apresente Jesus aos seus amigos. Diga-lhes que você
encontrou o maior de todos os amigos. Deixe Jesus, que é mé-

10 | Igreja Adventista da Promessa


dicos dos médicos, que limpa a mancha do pecado, usá-lo nes-
sa importante tarefa de chamar pecadores ao arrependimento.
Enquanto você ouve essas palavras, consegue pensar nesses
seus amigos? Então, faça algo. Comece orando por eles, hoje, e
colocando-se à disposição de Deus para alcançá-los.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HYBELS, Bill. Cristão contagiante. Tradução: Cecília Eller Nasci-
mento. 2 ed. São Paulo: Vida, 2012.

BARCLAY, William. The New Daily Study Bible: The Gospel of


Matthew: vol. 1. Louisville, Kentucky: Westminster John Knox
Press, 2001.

DeBARROS, Aramis. C. Doze homens e uma missão. São Paulo:


Hagnos, 2006.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento interpretado:


versículo por versículo: volumes I e III. São Paulo: Milenium,
1983.

VINE, W. E. et al. Dicionário Vine: o significado exegético e ex-


positivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Tradu-
ção: Luís Aron de Macedo. 10 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança: Evangelho de Lucas.


Tradução: Werner Fuchs. Curitiba: Esperança, 2005.

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8 DE SETEMBRO
SERMÃO 2

A PRIMEIRA MISSIONÁRIA
João 4:7-10

INTRODUÇÃO

Nos sábados de setembro, que é mês de missões, estamos


ministrando a série de sermões “VIDAS MISSIONAIS: Pessoas co-
muns que fizeram a diferença”. Na semana passada, refletimos
sobre a história de Mateus, o ganhador de amigos; hoje, falare-
mos sobre a Samaritana, a primeira missionária. Temos apren-
dido que a obra missionária é constante e dinâmica. Em todo o
tempo, novos desafios aparecem e novos missionários são recru-
tados. Não à toa, Jesus orientou seus discípulos: ... a seara é gran-
de, mas os trabalhadores são poucos. Peçam, pois, ao Senhor da
seara que envie trabalhadores para a sua seara (Mt 9:37-38).
A missão é desenvolvida por pessoas comuns, que fazem
a diferença. Isso ocorre porque Deus é quem atua por meio
delas. Não fosse a atuação divina sobre os crentes, há muito
a obra missionária teria perecido. Não fosse a misericórdia de
Deus atuante na igreja, Satanás teria vencido as batalhas que
foram travadas. Somos chamados para ser missionários pela
graça de Cristo. Foi dessa maneira que a primeira missionária
cristã, a mulher samaritana, foi recrutada por Jesus.
Contra as probabilidades, a Samaritana tornou-se um ins-
trumento missionário fundamental nas mãos de Deus para a

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salvação de muitos samaritanos. Essa é uma história maravi-
lhosa. Há ensinos preciosos nela. Por favor, permaneça com
sua Bíblia aberta em João 4. Por meio do episódio do encontro
de Jesus com essa mulher, aprenderemos que, em benefício da
sua missão, Deus prepara as pessoas certas para atuarem em
situações estratégicas. Pensemos em algumas lições preciosas
desse texto que provam isso.

1. EM FAVOR DA MISSÃO, DEUS USA


PESSOAS IMPROVÁVEIS
A samaritana se tornou uma missionária. Ela testemunhou
de Jesus ao seu povo. Declarou-lhe, de forma convincente, que
ele é o Messias a quem todos aguardavam. Disse-lhe ela: Ve-
nham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será
que ele não é o Cristo? (Jo 4:29). A missão feita por essa mulher
foi um empreendimento divino que deu certo, mas que tinha
tudo para dar errado, pelo fato de que ela era uma pessoa im-
provável para realizar a obra missionária.
Dois motivos atestam isso. O primeiro deles é a procedência
indigna da samaritana. Os samaritanos eram resultado de uma
mistura de raças de judeus com outros povos que haviam sido
cativos pela Assíria, a partir do ano 722 a.C. Essa mescla deixou
suas consequências na religião praticada por eles: culto a Javé
misturado com o culto pagão1 (2 Rs 17:1-17). Por essa causa, os
judeus não se davam bem com os samaritanos (Jo 4:9).
Do ponto de vista de um judeu estritamente observador da
lei, os samaritanos eram considerados impuros. A expressão
encontrada no final do versículo 9 “pode ser traduzida por não
pedem favores aos samaritanos ou, mais recriminador ainda,

1. Hendriksen (2004:215)

Sermões de setembro | 13
não usam os mesmos jarros que os samaritanos”.2 Na mente de
um judeu, seria improvável Deus recrutar um samaritano, um
povo impuro e indigno, para uma missão.
O segundo motivo é a reputação imprópria da samaritana.
Jesus mostrou o pecado dela, ao dizer-lhe: ... e o homem com
quem agora vive não é seu marido (v.18). A samaritana tinha
problemas graves na área relacional. Estava em pecado. Mas é
Deus quem escolhe e chama as pessoas certas para cada etapa
do trabalho missionário. Deus confia nos improváveis, quan-
do os comissiona. É o Senhor quem transforma aqueles com
quem tem um encontro gracioso.
Se você conhece o Messias, não se esquive da missão de
Deus. Não se esconda, nem fuja da responsabilidade. Você é
valioso para a missão divina. Do mesmo modo, confie em Deus
quando ele chamar aquela pessoa que, aos seus olhos, é im-
provável. Deus nunca erra em suas escolhas. Ele não se equi-
vocou ao chamar você!
Em favor da missão, Deus usa pessoas improváveis. Essa
é a primeira verdade que comprova a ação de Deus em pre-
parar as pessoas certas para atuarem em situações estraté-
gicas. Vamos à segunda.

2. EM FAVOR DA MISSÃO, DEUS USA PESSOAS DISPOSTAS


Quando a mulher samaritana ouviu de Jesus a declaração:
Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você (Jo 4:26),
creu nele; não teve dúvida de que Jesus falava a verdade. Mas
a fé em Cristo não nos confina nas garras da ociosidade, mas
nos instiga à ação determinada. A samaritana creu, mas não se
contentou em viver um cristianismo de teoria; optou por ser

2. Wiersbe (2006:385).

14 | Igreja Adventista da Promessa


uma missionária; arregaçou as mangas e foi pregar o evange-
lho. Ela aliou aprendizado à prática.
A samaritana foi determinada ao ponto de renunciar a si
mesma. O v.28 mostra o que ela fez, assim que soube ser Jesus
o Messias: Então, deixando o seu cântaro. Ela havia ido ao poço
de Jacó pegar água. Essa era a sua prioridade. Mas agora, a
missão passa a ser o seu alvo. A pessoa determinada em fazer
missão, torna esta a sua prioridade na vida.
Ninguém poderá priorizar a obra de Deus, se não negar a si
mesmo. Ninguém fará missões se não negar o conforto do lar
para visitar lugares hostis. Ninguém fará missões se não abrir
mão de seu tempo, para se dedicar a fazer o bem aos outros.
Ninguém fará missões se não deixar a avareza de lado e contri-
buir financeiramente na obra do Senhor.
É hora de deixar o cântaro de lado e investir esforço, tempo
e recursos na obra do Senhor. É preciso renunciar coisas impor-
tantes para alcançar as mais excelentes! A samaritana foi deter-
minada ao ponto de se importar com os outros. A parte “b” do
versículo 28 afirma: ...a mulher voltou à cidade e disse ao povo.
A missão de Deus está voltada para a salvação das pessoas.
Muitos usam o evangelho para se aproveitar das pessoas, mas
os verdadeiros missionários levam às pessoas as bênçãos do
evangelho. A mulher foi salva por Jesus, mas não foi egoísta.
Muitos nutrem forte paixão pelo time do coração, pelo traba-
lho, pela empresa, pelo automóvel. Mas a missão exige que
tenhamos paixão pelas almas. Sejamos dispostos e determina-
dos em salvar vidas por meio da pregação do evangelho!
Em favor da missão, Deus usa pessoas dispostas e disponí-
veis à obra. Essa é a segunda verdade que comprova a ação de
Deus em preparar as pessoas certas para atuarem em situa-
ções estratégicas. Vejamos a terceira:

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3. EM FAVOR DA MISSÃO, DEUS USA PESSOAS COERENTES
Se há uma afirmação que podemos expressar com pesar é a de
que existem muitos cristãos que afirmam crer em Jesus, mas que
vivem como se ele não existisse. Se a Bíblia diz que devemos ser o
sal da terra, este tipo de cristão mais parece com o sal insípido, que
para nada mais serve, senão, para ser lançado fora (Mt 5:13). Esse,
porém, não era o caso da mulher Samaritana. Ao conhecer Jesus,
ela passou a viver o cristianismo com intensidade e verdade.
Veja o que diz o texto de João 4:39: Muitos samaritanos
daquela cidade creram nele por causa do seguinte testemu-
nho dado pela mulher: “Ele me disse tudo o que tenho feito”.
A missão é coerente e os que dela cuidam também devem ser.
Muitos acreditaram em Jesus porque viram a coerência nas pa-
lavras da mulher samaritana. A vida dela se tornou um teste-
munho incontestável. Ela não falou do que não conhecia, mas
do que viveu: Ele me disse tudo o que tenho feito, enfatizou.
A nossa vida deve ser um testemunho inconteste da trans-
formação que Jesus pode fazer nas pessoas. Contudo, jamais
seremos autênticos, se não tivermos experiência de intimidade
com Deus. A mulher samaritana ouviu Deus falar. É preciso ou-
virmos Deus falar; é necessário estarmos atentos à orientação
divina; a sua presença deve ser almejada e buscada. Chega de
demagogia, de palavras sem credibilidade e fervor sem unção.
Chega de professarmos uma fé que não vivemos. Que as pes-
soas conheçam Jesus por meio do nosso testemunho de vida.
Quando somos coerentes, não trazemos pessoas para nós
mesmos, mas as levamos a Cristo; não trabalhamos para elas
se tornem dependentes de nós, mas as conduzimos a uma ex-
periência pessoal com Jesus. Nós plantamos e regamos, mas
somente Deus pode dar o crescimento ao novo convertido. É
o que ocorre no v.42: E disseram à mulher: “Agora cremos não
somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ou-

16 | Igreja Adventista da Promessa


vimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo”.
Para sermos coerentes, temos de entender que os holofotes
deverão focar em Jesus, o Salvador do mundo.

CONCLUSÃO
A mulher samaritana foi uma pessoa comum que fez a dife-
rença através de sua vida missional. Você também pode fazer a
diferença. Hoje, vimos que Deus usa pessoas improváveis para
cumprir a sua missão. Ele usa os mais cultos, mas não menospre-
za os simples. Deus recebe a oferta missionária dos que têm mais
recursos, mas também ama a contribuição daqueles que pouco
têm, quando estes e aqueles ofertam com alegria para a causa
do reino. Deus usa a sua vida, sendo você judeu ou gentio. Deus
trabalha com os improváveis porque é ele quem os capacita. O Se-
nhor pode usar a sua vida com poder, no cumprimento da missão.
Deus usa pessoas dispostas em sua obra; pessoas que abrem
mão de regalias para ajudar os outros a se encontrarem com Jesus;
pessoas que, ao invés de optarem por viver a vida cristã no banco
da igreja, se dispõem a atuar fora das quatro paredes do templo,
onde os pecadores agonizam em seus pecados. Deus usa pessoas
coerentes, que tenham experiências de intimidade com o Cristo.
Busque viver o evangelho intensamente. Viva a missão de Deus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HENDRIKSEN, William. O Evangelho de João. Tradução: Elias
Dantas e Neuza Batista. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2004.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Tes-


tamento: vol 1. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André: Ge-
ográfica, 2006.

Sermões de setembro | 17
15 DE SETEMBRO
SERMÃO 3

UM APOIADOR DA MISSÃO
Atos 11:19-24

O que você tem feito pela evangelização do mundo? Será


que fazer suas ofertas missionárias faz uma pessoa 100% en-
volvida com o assunto? Será que, pelo fato de não poder ir
a outros países, não precisa, de alguma forma, falar de Jesus
a alguém? Será que só postar mensagens no Facebook, man-
dar e-mails ou torpedos cristãos isenta-o de fazer contatos
evangelísticos pessoais? De que maneira você pode envolver-
-se um pouco mais com obra missionária? Na mensagem de
hoje, vamos pensar um pouco sobre essas questões. Este é o
terceiro sermão da série “VIDAS MISSIONAIS: Pessoas comuns
que fizeram a diferença”. Hoje, vamos falar sobre Barnabé, um
apoiador da missão.
Alguém já disse que “missões se faz com os pés dos que
vão, com os joelhos dos que oram e com as mãos dos que
contribuem”. Para que tenhamos êxito na proclamação, não é
suficiente termos aqueles “que vão”; é também fundamental
termos pessoas na igreja que estejam no apoio: ofertando, in-
centivando, orando e participando. É preciso que alguém fique
nos bastidores e esteja pronto a ser coadjuvante na evangeli-
zação. Na Bíblia, Barnabé é um exemplo claro disso. Ele foi um
grande apoiador do trabalho de evangelização feito pela igreja
primitiva. Vivia um estilo de vida missional. Com ele, aprende-

18 | Igreja Adventista da Promessa


mos que sempre é possível fazer algo pela obra missionária,
basta decidirmos nos envolver. Veremos, através do exemplo
deste servo de Deus, três maneiras de apoiar essa obra.

1. APOIAMOS A EVANGELIZAÇÃO DO MUNDO


INVESTINDO NOSSOS RECURSOS NO
AVANÇO DESSA OBRA
Em Atos 4:36, lemos que os apóstolos conheciam bem as
virtudes de Barnabé. Seu nome, na verdade, era José, e, segun-
do o texto, ele era chamado pelos apóstolos de Barnabé (que
traduzido, é Filho da Consolação). Na Edição pastoral da Bíblia,
José (...) era apelidado pelos apóstolos com o nome de Bar-
nabé, que significa “filho da exortação”. O texto também nos
informa de onde ele viera: ... levita, natural de Chipre. Neste
lugar, provavelmente, ficava uma propriedade que fora vendi-
da e cujo valor fora doado à igreja primitiva.1
E foi doando o valor dessa propriedade que Barnabé mos-
trou consolo aos novos convertidos, que deixavam tudo por cau-
sa de Cristo, e aos apóstolos, que precisavam de recursos para
o avanço da obra. Diz o texto que ele, possuindo uma herdade,
vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos
(At 4:37). Esse homem de Deus acreditava tanto naquele projeto
que foi capaz de investir nele os recursos que possuía. Sabia bem
que aquele dinheiro seria útil para alimentar os crentes necessi-
tados de Jerusalém e apoiar o trabalho dos apóstolos.
Precisamos ter esse mesmo coração despojado e doador
que Barnabé tinha. Você tem tido compaixão dos necessitados
e sido generoso em ajudá-los? Devemos seguir esse exemplo
de Barnabé. É necessário abrirmos mão do que é nosso para

1. Stott (2008:120)

Sermões de setembro | 19
aliviar a pobreza do outro. É pertinente vivermos a palavra que
nos disse João: Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem
de língua, mas por obra e em verdade (1 Jo 3:18). Pense em um
recurso de que você dispõe e pode doar a alguém necessitado.
Mas, além disso, será que nós estamos investindo financei-
ramente tudo o que poderíamos investir na obra missionária?
Há irmãos que fazem suas ofertas missionárias uma vez ao ano
e pensam que isso é suficiente. Esquecem-se de que os missio-
nários que estão no campo precisam receber seus salários to-
dos os meses e que eles e suas famílias precisam comer todos
os dias. Não faça o que não está ao seu alcance, mas não deixe
de fazer o que você pode. Se você acredita nesse projeto divino
de salvar o mundo, deve investir nele. Siga o exemplo de Bar-
nabé! Apoie essa obra investindo nela. Veja, agora, a segunda
maneira de apoiar a evangelização.

2. APOIAMOS A EVANGELIZAÇÃO DO MUNDO


ENCORAJANDO NOSSOS IRMÃOS A SE ENVOLVEREM
NESSA OBRA

Barnabé fazia jus ao apelido de filho da consolação, por-


que, além de doar seus recursos, incentivava os novos cren-
tes a se engajarem na proclamação. Era um descobridor de
talentos. Saulo e João Marcos são exemplos disso. Em Atos
9:27, lemos: Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes con-
tou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara,
e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em
nome de Jesus. Barnabé deu, então, sua primeira ajuda a Sau-
lo, apresentando-o aos apóstolos, já que todos estavam des-
confiados de que realmente o “perseguidor” da igreja agora
fazia parte dela.

20 | Igreja Adventista da Promessa


Depois disso, Saulo foi enviado novamente para Tarso, por-
que sua vida estava em perigo em Jerusalém.2 Em Tarso, pas-
sou um tempo considerável3 no anonimato. Atos 11:25 rela-
ta o seguinte: E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e,
achando-o, o conduziu para Antioquia. Parece que Barnabé foi
o único a enxergar o potencial de Paulo. Ele o apoiou, o incen-
tivou e o encorajou a iniciar seu ministério. Imagine se Barnabé
não tivesse feito isso com Paulo. Quem sabe, na igreja em que
você congrega, exista uma pessoa em quem ninguém acredita
muito, mas que tenha um grande potencial missionário. Talvez
seja um ex-dependente químico, um ex-homossexual, uma ex-
-prostituta, um ex-presidiário. Incentive essa pessoa a contar
aos outros o que Deus fez em sua vida. É possível que você
encontre um talento semelhante ao de Paulo.
Barnabé também incentivou João Marcos. Mesmo diante
de um cenário de perseguição, com a morte de Tiago e a prisão
de Pedro (At 12:1-23), a igreja pregava com mais coragem o
evangelho;4 afinal, a palavra de Deus era anunciada em toda
parte e ia se espalhando (v.24 – NTLH). Foi nesse contexto que
João Marcos, primo de Barnabé (Cl 4:10), foi levado de Jerusa-
lém (v.25). Ele deveria acompanhar Barnabé e Saulo na primei-
ra viagem missionária.5 Mas essa parceria não durou muito.
Lemos, em At 13:13: E, partindo de Pafos, Paulo e os que
estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João,
apartando-se deles, voltou para Jerusalém. O que levou o jo-
vem a se afastar deles? Teria sido a liderança de Paulo? Ou foi
a saudade de casa? Ou será que lhe faltou coragem e ânimo?
Não sabemos, mas, em At 15:38, lemos que Paulo não gostou

2. ibidem, p.230
3. Marshall (1991:192)
4. Lopes (2012:248)
5. Sttot, op. cit., p.241

Sermões de setembro | 21
nada daquilo.6 Todavia, Barnabé, ao contrário de Paulo, atuou
para que João Marcos voltasse a cumprir sua missão. Você co-
nhece alguém que está desanimado na igreja, que desistiu de
um cargo, que abandonou o ministério pastoral, que parou de
evangelizar? Seja um “Barnabé” para essa pessoa. Incentive-o
a não desistir. Dê uma nova chance. Não desista dessa pessoa.
Trate as suas feridas. Não deixe o soldado ferido morrer.
O fato de Barnabé dar nova chance a João Marcos teve um
custo. Isso fez que Barnabé se separasse de Paulo. Mais tarde,
porém, Paulo mudou sua opinião em relação a João Marcos,
pois “o chama de cooperador (Fm 23,24), recomenda-o à igre-
ja de Colossos (Cl 4.10) e roga a Timóteo que o leve a Roma,
(...) pois lhe era útil para o ministério (2 Tm 4.11)”.7 Há muitas
pessoas valiosas que, para não desistirem, precisam apenas de
um incentivo. Você sabia que muitos missionários que estão
em campos distantes ou em outros países pensam em desis-
tir porque se sentem sozinhos e abandonados? Sabia que eles
sentem muita saudade de seu país e que basta um e-mail, uma
mensagem no WhatsApp ou Facebook, ou até mesmo uma car-
ta sua para se sentirem motivados ao trabalho?
Barnabé apoiava a evangelização, incentivando os irmãos
a se envolverem nessa obra e a não desistirem dela. Há outra
maneira de apoiarmos a evangelização.

3. APOIAMOS A EVANGELIZAÇÃO DO MUNDO


COLOCANDO NOSSA PRÓPRIA VIDA À DISPOSIÇÃO
DESSA OBRA
Realmente, Barnabé era um homem cheio da graça de Deus.
Ele via o evangelho de maneira integral em sua vida. Além de

6. Marshall, op. cit., p.212


7. Lopes, op. cit., p.248

22 | Igreja Adventista da Promessa


investir seus próprios recursos na obra de Deus e de incentivar
outros cristãos a se envolverem na proclamação do evangelho,
ele pessoalmente se dispôs ao trabalho missionário! Ofertar
não era o suficiente; incentivar outros cristãos não era o bas-
tante: ele ia pregar também! Atos 11:22 diz: E chegou a fama
destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia.
Depois que a igreja foi perseguida, o que culminou na mor-
te de Estêvão, os cristãos que saíram de Jerusalém espalha-
ram o evangelho e obtiveram grande sucesso na pregação, em
Antioquia (vv.19-21). A notícia de uma “conversão em massa”
chegou até a igreja de Jerusalém, que enviou a Barnabé e, este,
ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou
a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. (At 11:23
– NVI). Aqui, vemos claramente que Barnabé não apenas man-
dava os outros irem: ele mesmo estava sempre à disposição de
Deus para cumprir o “Ide” de Jesus.
Mas não parou por aí. Após esse episódio, Barnabé se uniu a
Saulo, levou-o de Tarso para Antioquia, onde, durante um ano,
ensinaram a muitas pessoas. Esse empenho em ensinar o evan-
gelho fez que os discípulos fossem chamados de cristãos (vv.25-
26). O capítulo 13 de Atos informa-nos que Barnabé e outros
serviam ao Senhor e jejuavam, e, assim, o Espírito Santo sepa-
rou a ele e a Saulo para a obra de missões mundiais. Juntos,
saíram pelo mundo pregando a Palavra do Senhor (At 15:35).
Assim como Barnabé, todo cristão é um missionário. Ou fa-
zemos o trabalho missionário aqui ou lá na África; mas todos
nós devemos fazê-lo. Todos nós somos missionários e devemos
estar à disposição de Deus. Talvez o nosso chamado não seja
para ir a outro país; neste caso, significa que, automaticamente,
já somos chamados para pregar o evangelho aqui na igreja lo-
cal, aqui em nosso bairro. Devemos falar de Jesus na vizinhança,

Sermões de setembro | 23
na escola, no trabalho, com a turma dos esportes e onde Deus
nos permitir falar. Contudo, é também possível que o Espírito
Santo queira levar-nos aos confins da Terra e queira que leve-
mos a Palavra de Deus aonde ela ainda não chegou, entre tribos
e povos não-alcançados. Neste caso, devemos seguir o exemplo
de Barnabé e colocar-nos à disposição do Senhor.

CONCLUSÃO
O fato de Barnabé ter um comportamento evangelístico se
devia a ele ser uma pessoa bem agradável, cheia do Espírito
Santo, e muito forte na fé (At 11:24 – BV). O fato de ser alguém
preenchido por Deus tornava-o mais envolvido com os interes-
ses do céu do que com os da terra. Por isso, ele investiu seus
recursos na obra de Deus e na vida dos necessitados. Também
incentivou Saulo e João Marcos a proclamar e ensinar Jesus, a
participar da evangelização do mundo.
Como diz Lopes8 sobre Barnabé: “Sua motivação é ajudar as
pessoas e demonstrar a elas o amor de Cristo. Sua fé era de-
monstrada por obras”. Deus nos convoca a nos entregarmos de
maneira integral a sua obra. Não apenas uma parte, mas todas
as nossas ações devem mostrar Cristo Jesus ao mundo. Seja
nas nossas ofertas missionárias, seja nas nossas postagens no
Facebook, seja ao falarmos com alguém em algum lugar, seja
em um pequeno grupo: anunciemos a Jesus! Sejamos apoiado-
res da evangelização! Sejamos missionais!

8. Lopes, op. cit., p.114

24 | Igreja Adventista da Promessa


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA de estudo palavras-chave hebraico e grego. Rio de Ja-


neiro: CPAD, 2011.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: a ação do Espírito Santo na vida


da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

MARSHALL, I. Howard. Atos: introdução e comentário. Tra-


dução: Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cris-
tão, 1991.

STOTT, John R. W. A mensagem de Atos: até os confins da terra.


2 ed. Tradução: Marcos André Heidiger. São Paulo: ABU, 2008.

Sermões de setembro | 25
22 DE SETEMBRO
SERMÃO 4

MISSÃO TAMBÉM É SERVIR


Atos 9:36-42

INTRODUÇÃO

Estamos diante de uma história muito bela. Mais um


exemplo de uma pessoa simples que fez a diferença, através
de uma vida missional. Falaremos, hoje, sobre uma mulher
chamada Tabita (ou Dorcas). “Tabita é um nome semítico e
Dorcas é grego (ambos significando a mesma coisa, “gaze-
la”)”.1 Essa cristã habitava em Jope, “chamada hoje de Iafa,
uma cidade litorânea cerca de 15 quilômetros de Lida.”2 Era
uma simples costureira, mas que fazia a diferença. De acordo
com o livro de Atos dos Apóstolos, Dorcas fazia roupas para
pessoas extremamente pobres, como as viúvas. A história diz
que ela morreu. As pessoas que eram ajudadas por ela mer-
gulharam numa tristeza sem tamanho e, aproveitando que o
apóstolo Pedro estava perto, mandaram chamá-lo, a fim que
de pudesse fazer algo por ela.
Segundo o relato, Pedro foi até a cidade de Jope e orou
por ela. O que aconteceu? Ela ressuscitou! Esse foi um
grande milagre. Já imaginou ir a um velório e o defunto se
levantar? Parece filme, mas não é. Foi um acontecimento

1. Keener (2004:364)
2. Wiersbe (2006:574)

26 | Igreja Adventista da Promessa


histórico, verdadeiro. Deus ressuscitou Dorcas. Bem, não
sabemos muito sobre ela – sua idade, sua condição social,
sua família, seu estado civil. O que sabemos? Que ela fez a
diferença e nos deixou um ensino com seu exemplo: Mis-
são também é servir. Aprendemos com Dorcas que há um
meio de nos engajarmos na missão de Deus neste mundo:
através do serviço. Temos algumas lições extraídas de sua
história. Vamos à primeira:

1. UMA VEZ QUE MISSÃO TAMBÉM É SERVIR, DEVEMOS


TER A INICIATIVA DE NOS MOVER EM DIREÇÃO ÀS
NECESSIDADES DAS PESSOAS
Veja o que Lucas, o autor do livro de Atos dos Apóstolos,
diz: Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, nome
este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era ela notável pelas
boas obras e esmolas que fazia (At 9:36). Dorcas era uma
discípula, uma mulher reconhecida como cristã. Lucas diz
que ela era notável pelas boas obras e esmolas que fazia. A
sociedade a reconhecia como uma seguidora de Jesus, por
suas atitudes de generosidade e serviço. As boas obras e
esmolas descritas no texto são expressões generalizadas de
uma variedade de auxílios e doações que Dorcas prestava
aos pobres da região em que morava.
O versículo 39 esclarece que, entre os necessitados, esta-
vam as viúvas e que, dentre suas obras, estava a confecção de
roupas. Quando Dorcas morreu e Pedro foi ressuscitá-la, todas
as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e ves-
tidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas (At 9:39). As
viúvas se constituíam uma das classes mais pobres da socieda-
de daquela época. Eram mulheres desamparadas, desprovidas,
muitas em estado de abandono e miséria. “As viúvas depen-

Sermões de setembro | 27
diam de Dorcas, que confeccionara numerosas túnicas e outras
peças de vestuário e lhes dera”.1
Diante daquela realidade de miséria que Dorcas constatava
em sua sociedade, ela não esperou que outras pessoas ou gru-
pos caridosos amparassem aquelas viúvas. Não ficou esperan-
do das autoridades uma solução. Ela não ficou julgando ou co-
brando de outras pessoas atitudes em prol daqueles necessita-
dos. Ela decidiu fazer algo. Havia viúvas pobres que precisavam
de ajuda. Como discípula do Senhor Jesus, Dorcas se moveu
em direção à necessidade com que se deparava.
Certamente, Dorcas se lembrava de que, segundo Jesus,
amar o próximo tem a ver com servir aquele que necessita de
ajuda, que o próprio Jesus veio a este mundo para servir e nos
enviou com o mesmo propósito (Lc 10:25-35; Jo 20:21). Assim,
Dorcas nos ensina a ter uma atitude de pro-atividade, a tomar
a iniciativa de fazer algo por aqueles que estão ao nosso redor
e precisam de nossa ajuda. Ao servir as pessoas de nossa socie-
dade, estamos nos engajando na missão de Deus, manifestando
seu reino, em meio às trevas espirituais em que o mundo se en-
contra (Mt 5:13-16). Que atos de serviço você pode fazer em seu
bairro, sua escola, seu trabalho, sua faculdade e sua sociedade,
de forma geral? Quais são as necessidades que o rodeiam? Pen-
se nisso. Outra lição que Dorcas nos ensina é a seguinte:

2. UMA VEZ QUE MISSÃO TAMBÉM É SERVIR,


DEVEMOS USAR QUEM SOMOS E O QUE TEMOS
PARA SERVIR AS PESSOAS
Uma vez constatada a necessidade que havia em sua região,
Dorcas entendeu que não poderia ficar de braços cruzados.
Compreendeu que precisava fazer algo. Mas o quê? O proble-

1. Kistemaker (2006:474)

28 | Igreja Adventista da Promessa


ma parecia insolúvel, complexo, de ordem social. Como ajudar
tanta gente necessitada, desamparada? Dorcas usou, literal-
mente, o que tinha nas mãos: agulha e linha. É claro que não
bastava saber fazer roupas; era preciso ter o material necessá-
rio para essas peças de roupas.
Dorcas adquiria a matéria prima, confeccionava e doava
integralmente as túnicas àquelas viúvas. Certamente, isso lhe
custou dinheiro, tempo, dedicação. Mas sabe de uma coisa?
Dorcas ensina que tudo o que somos e temos deve ser usado
para a missão. Dorcas entendia disso muito bem. O que ela
sabia fazer era costurar, e foi o que fez. Ela usou isso para aben-
çoar outros. O que você precisa fazer para servir as pessoas?
Basta usar o que sabe fazer bem e direcioná-lo a suprir neces-
sidades daqueles que estão a sua volta.
Basta usar os recursos que você possui, por menores que
sejam. Veja as necessidades das pessoas que estão a sua volta
e ofereça-se para ajudar. Use sua profissão, seus dons naturais,
seu tempo, seu dinheiro, sua casa, seu carro. É assim que você
pode fazer a diferença e servir a missão. Isso significa também
que podemos começar a servir as pessoas por meio de nossa
vocação. Servimos as pessoas de nossa sociedade como edu-
cadores, médicos, advogados, agentes sociais, arquitetos, arte-
sãos, músicos, administradores, enfermeiros etc.
O que estamos querendo dizer é que você deve utilizar sua
vocação para o bem dos que sofrem. Se você é educador, que
tal iniciar um projeto social de alfabetização em seu bairro ou
de reforço escolar para crianças carentes? Se você é médico,
pode dar uma ajudinha a famílias que estão precisando de cui-
dados e que moram perto de sua casa ou mesmo da igreja.
Os músicos, por sua vez, poderiam iniciar um projeto de mu-
sicalização para crianças e adolescentes no bairro. As opções
são inúmeras. O que você vai fazer? Bem, em terceiro lugar,
Dorcas no ensina que:

Sermões de setembro | 29
3. UMA VEZ QUE MISSÃO TAMBÉM É SERVIR,
DEVEMOS ESTAR CIENTES DE QUE NÃO EXISTE ATO
SIMPLES DEMAIS, QUANDO É FEITO ÀS PESSOAS
Por gentileza, observe o versículo 41 do texto de Atos. Quan-
do Pedro ressuscitou Dorcas, pelo poder de Deus, levantou-a;
e, chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a
viva. Lucas destaca que Pedro trouxe Dorcas especialmente às
viúvas, que eram ajudadas pela discípula de Jesus. Por quê?
Bem, aquelas pessoas a amavam, porque Dorcas fazia a dife-
rença em suas vidas. Isso nos faz questionar: Você faz a dife-
rença na vida das pessoas com as quais convive?
Você é alguém de quem sentiriam falta? As pessoas que es-
tão perto de você são tocadas por seus atos de serviço? Dorcas
fazia a diferença entre aqueles com os quais convivia com seu
serviço abnegado. Dorcas nos ensina que não existe ato sim-
ples demais, quando é feito em direção ao próximo. Ela entrou
para a história. Uma simples mulher. Foi e é conhecida por mi-
lhares de pessoas, hoje.
Você sabe quais são os livros mais conhecidos e traduzidos no
mundo? Temos a Odisseia, de Homero, com pouco mais 250 tra-
duções; O Pequeno Príncipe, mais ou menos, com 250 traduções
também; Robinson Crusoe, com pouco mais que 100; Alice no
País das Maravilhas, com 97; Harry Potter, com 67. As Escrituras,
contudo, estão disponíveis para mais de 2.935 idiomas. Se lem-
brarmos que a Bíblia é o livro mais traduzido da história da huma-
nidade, chegamos à conclusão de que a história de Dorcas é mais
famosa que Homero, O Pequeno Príncipe, Robinson Crusoe, Alice
no País das Maravilhas e Harry Potter. Como ela fez essa façanha?
Ela simplesmente serviu as pessoas com o que tinha.
Nenhum ato é simples demais, quando feito ao próximo:
fazer uma refeição a quem tem fome; dar um agasalho a quem
tem frio; ajudar o seu vizinho em uma dificuldade corriqueira;

30 | Igreja Adventista da Promessa


suprir uma necessidade de alguém do seu ambiente de traba-
lho; ouvir quem sofre; visitar uma pessoa hospitalizada. São
atos simples, mas que, quando feitos em serviço ao próximo,
testemunham acerca do reino de Deus de forma gloriosa. Deus
o está chamando, hoje, para, intencionalmente, realizar atos
de serviço àqueles que estão a sua volta. Tais obras levarão as
pessoas a glorificar a Deus (1 Pd 2:12).

CONCLUSÃO
Estamos em um mês dedicado a missões. Estamos apren-
dendo sobre: Vidas missionais, Pessoas comuns que fizeram a
diferença. Hoje, falamos sobre Dorcas. Aprendemos que mis-
são também é serviço, ou seja, que cada cristão deve engajar-se
na missão de Deus, neste mundo, através de atos de serviço às
pessoas. Aprendemos que: 1) devemos ter a iniciativa de nos
mover em direção às necessidades das pessoas; 2) usar quem
somos e o que temos para servi-las; 3) estar conscientes de que
não existe ato simples demais, quando é feito às pessoas.
Não importa o valor de sua oferta missionária, pois Deus
fará, a partir dela, algo extraordinário. Não importa quão sin-
gelos sejam seus atos de serviço aos seus vizinhos; creia que o
Espírito Santo os usará para convencê-los acerca do evangelho.
Acredite que sua ajuda àqueles que precisam e que estão em
seu ambiente profissional, familiar ou acadêmico será um po-
deroso testemunho do amor e da misericórdia de Deus.

Sermões de setembro | 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento.


Tradução: José Gabriel Said. Belo Horizonte: Atos, 2004.

KISTEMAKERR, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Atos.


Tradução Ézia Mullins e Neuza Batista da Silva. São Paulo: Cul-
tura Cristã, 2006.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Tes-


tamento: vol. 2. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André:
Geográfica, 2006.

32 | Igreja Adventista da Promessa


29 DE SETEMBRO
SERMÃO 5

OS FAZEDORES DE TENDAS
Atos 18:1-3

INTRODUÇÃO

Este é o último sermão da série “VIDAS MISSIONAIS: Pes-


soas comuns que fizeram a diferença”. Hoje, vamos falar
sobre um casal que decidiu viver para a glória de Cristo e
para a proclamação do evangelho. Estou falando de Priscila
e Áquila. Eles eram fabricantes de tendas, que mesmo ha-
vendo sido expulsos de Roma com os demais judeus, não
deixaram de se envolver com o trabalho missionário, onde
quer que estivessem. Priscila e Áquila usaram o tempo, a
casa e a empresa deles em favor da evangelização do mun-
do. Eram pessoas simples que fizeram muita diferença na
história da igreja.
Se o campo missionário é o mundo, então a comunidade
em que vivemos também é um lugar onde podemos fazer
a diferença com atitudes missionais. Para agir como ver-
dadeiros cristãos missionais, não dependemos necessaria-
mente de muitos recursos. Basta fazermos o que estiver ao
nosso alcance. Só precisamos nos dispor a sermos usados
por Deus, tal como Áquila e Priscila. Com eles, aprendemos
que vidas missionais são aquelas que usam todos os recur-

Sermões de setembro | 33
sos e meios que tiverem disponíveis para obra missionária.
Com base no exemplo deste casal, temos aqui alguns con-
selhos. Vamos ao primeiro.

1. USE A SUA CASA COMO AMBIENTE MISSIONAL


A igreja do primeiro século cresceu muito, por conta do
trabalho missional desenvolvido a partir dos lares dos cris-
tãos. Muitas congregações se iniciaram nas casas. O nosso lar
pode ser utilizado estrategicamente para propagar a Palavra
de Deus. Foi exatamente isso que o casal Áquila e Priscila fez.
O texto de 1 Coríntios 16:19 afirma que esse casal tinha uma
congregação que se reunia em sua casa, na cidade de Corin-
to. O apóstolo Paulo, inclusive, enviou saudações à igreja que
estava na casa deles.
Áquila e Priscila não apenas se doaram à causa do Mestre
Jesus, mas também cederam o seu lar e fizeram dele um lugar
de adoração a Deus e de ensino da Palavra. Eles haviam sido
expulsos de seu antigo lar, na Itália, mas em sua nova casa, em
Corinto, acolheram os que se propuseram a aprender o evan-
gelho de Jesus. Que tal seguir o exemplo desse casal piedoso?
Você pode abrir as portas da sua casa para hospedar um pe-
queno grupo ou um grupo de estudo bíblico. O seu lar pode ser
um centro de salvação.
Chame a sua família, os amigos e vizinhos para aprende-
rem o evangelho em sua casa. Ao usar o seu lar como estra-
tégia missional, você obterá alguns benefícios importantes.
O primeiro deles é a comunhão. Quando nos reunimos para
adorar a Deus e aprender a sua Palavra, fortalecemos os la-
ços fraternais. O salmista valorizou isso, ao afirmar: Oh! Quão
bom e quão suave é que os irmãos vivam em união (Sl 133:1).
Muitas pessoas chegam a um pequeno grupo em busca de

34 | Igreja Adventista da Promessa


apoio emocional e o encontram, pois ali as pessoas se impor-
tam umas com as outras.
O segundo benefício que você obterá, ao usar o seu lar como
estratégia missional é a edificação. No estudo bíblico no lar, nós
aprendemos uns com os outros e edificamos uns aos outros. Há
aqueles que não se sentem à vontade para tirar dúvidas num
estudo realizado no templo, mas que se aventuram a fazer isso
no aconchego de um lar. O terceiro benefício é a evangeliza-
ção. Na informalidade do lar, muitas pessoas que nunca foram à
igreja podem conhecer Jesus. Portanto, não hesite em fazer de
seu lar um meio para realizar a missão de Deus.
Use o seu lar como ambiente missional. Este é o primeiro
conselho analisado, no tocante ao uso de nossos recursos em
favor da missão. Vamos ao segundo.

2. USE O SEU OFÍCIO COMO SUPORTE MISSIONAL


Áquila e Priscila serviam a Deus utilizando, como suporte
missional, o seu ofício. Paulo os encontrou em Corinto e, uma
vez que tinham a mesma profissão, ficou morando e trabalhan-
do com eles, pois eram fabricantes de tendas (At 18:3). O ofício
de fabricar tendas “pode significar trabalhos diversos em cou-
ro, não indicando meramente a fabricação de tendas, as quais,
na época, eram feitas de peles de animais”.1 Paulo, Áquila e
Priscila usavam a profissão como meio de proclamar o evange-
lho. O que aprendemos com eles nesse sentido?
Primeiramente, aprendemos que, por meio do nosso ofí-
cio, nós podemos nos voluntariar ao trabalho missional. Pau-
lo declara que Áquila e Priscila eram seus colaboradores em
Cristo Jesus (Rm 16:3). Eles conseguiram fazer com que suas

1. Champlin (2001:247)

Sermões de setembro | 35
habilidades profissionais se tornassem uma maneira de cola-
borar com a obra de Deus. De fato, “os ‘fazedores de tendas’
têm se tornado populares. A expressão descreve mensageiros
transculturais do evangelho, que se sustentam com sua própria
atividade profissional, ao mesmo tempo que se envolvem com
missões”.2 Mas esses mensageiros podem também ser nacio-
nais, isto é, missionários em sua pátria, cidade, bairro etc.
Podemos ser missionários enquanto exercermos nossa pro-
fissão. Que tal usarmos nossas habilidades profissionais para
servirmos voluntariamente a uma comunidade carente, mos-
trando, desse modo, o amor de Cristo? Isso é ser missional! A
segunda lição é que, por meio do nosso ofício, nós podemos
patrocinar o trabalho missional. O casal em questão colocou
seus bens a serviço do Senhor; abriu as portas da sua casa para
hospedar não somente o homem de Deus, mas também a obra
do Senhor (At 18:3; 1Co 16:19).
Áquila e Priscila patrocinaram a causa de Cristo com seus
recursos e com sua vida. Usemos as bênçãos da prosperida-
de que Deus nos concede, por meio da nossa profissão, para
sermos generosos com a obra missionária. Quanto mais con-
tribuirmos financeiramente para missões, mais condições te-
remos de alcançar vidas, por meio da pregação do evangelho.
Se nosso coração estiver voltado à obra de Jesus, certamente,
os nossos recursos também estarão, pois onde estiver o seu
tesouro, aí também estará o seu coração (Mt 6:21).
Use o seu ofício como suporte missional. Esse é o segundo
conselho analisado, no tocante ao uso de nossos recursos em
favor da missão. Vamos, portanto, ao terceiro e último.

2. Stott (2008:334)

36 | Igreja Adventista da Promessa


3. USE A SUA EXPERIÊNCIA COMO MEIO MISSIONAL
Áquila e Priscila possuíam boa experiência cristã. Tudo in-
dica que eles não eram novos convertidos. É possível que o
casal tenha sido expulso de Roma por ser cristão, pois o histo-
riógrafo romano Suetônio escreveu que Cláudio expulsou os
judeus porque estavam sempre criando perturbações instiga-
dos por Chrestus.3 É possível que Cláudio quisesse se referir
a Cristo, mas, de forma incorreta, escreveu Chrestus. Nesse
caso, muitos foram expulsos de Roma, não somente por se-
rem judeus, mas por serem, também, cristãos, dentre os quais
estavam Áquila e Priscila.
A suposição de que Áquila e Priscila eram cristãos, quando
deixaram Roma, é reforçada pelo fato de que, em seus escri-
tos, Paulo não os considera como seus primeiros convertidos
na Acaia (1 Co 16:15).4 Sendo um casal espiritualmente ma-
duro, Áquila e Priscila nos mostram que é preciso preparar os
cristãos missionais. Foi o que fizeram com Apolo. Este havia
sido instruído no caminho do Senhor e pregava com fervor,
mas ainda não possuía o preparo adequado para a missão.
Por isso, Áquila e Priscila lhe explicaram com mais exatidão o
caminho de Deus (At 18:26).
A liderança da igreja de Cristo precisa preocupar-se com
preparar os cristãos para serem missionais. Se você faz parte
da liderança da igreja como pastor, missionária, consagrado, lí-
der de mocidade ou de crianças e adolescentes etc., pense em
meios de promover o aparelhamento de seus liderados, no que
tange ao cumprimento da missão. Se você é um cristão mais
experiente, ajude os novos convertidos a entenderem a sua
responsabilidade missionária, por meio do ensino da Palavra.

3. Kistemaker (2006:207).
4. ibidem, p.208

Sermões de setembro | 37
Além de preparar, é necessário encorajar os cristãos mis-
sionais. Após Áquila e Priscila instruírem Apolo, os irmãos o
encorajaram a ir para a Acaia. Depois de receber o prepa-
ro teórico, o missionário partiu para a prática. Às vezes, as
pessoas só precisam de encorajamento para fazer a obra de
Deus. Incentivemos uns aos outros ao engajamento na obra
missionária. Se houver algum projeto missional em execução,
participe e instigue outros a fazer o mesmo. Chame a respon-
sabilidade para si e estimule os demais. O encorajamento faz
a diferença na missão.

CONCLUSÃO
Áquila e Priscila foram cooperadores de Paulo, não apenas
na fabricação de tendas, mas na atuação em favor da obra de
Deus, apesar dos riscos evidentes. Chegaram a Corinto após
sofrerem perseguição por parte de Cláudio, uma autoridade
romana, e não hesitaram em hospedar, em sua casa, o após-
tolo Paulo, homem que havia feito não poucos inimigos, por
defender o evangelho de Jesus.
Seja um cooperador do evangelho, a despeito da persegui-
ção e da oposição. O seu lar pode ser usado para levar o co-
nhecimento de Deus às pessoas. A sua profissão pode ser um
importante apoio no sustento da missão e a sua experiência
pode aparelhar adequadamente outros cristãos para a ativida-
de missional. Cristo alcançou a sua vida, por meio do trabalho
missional desenvolvido ao longo dos anos, e, através de você,
ele pretende salvar muitas almas. Creia nisso e diga ao Senhor
de coração: “Eis me aqui! Envia-me!”.

38 | Igreja Adventista da Promessa


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e


Filosofia: vol.1. 5 ed. São Paulo: Hagnos: 2001.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Atos.


Tradução: Ézia Mullins e Neuza Batista da Silva. São Paulo: Cul-
tura Cristã, 2006.

STOTT, John, R. W. A mensagem de Atos: até os confins da Ter-


ra. 2 ed. Tradução: Markus André Hediger e Lucy Yamakami.
São Paulo: ABU, 2008.

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