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Análise Psicológica (2002), 3 (XX): 373-378

A criança surda: Educação e inserção


social

MARIA AUGUSTA AMARAL (*)


AMÂNDIO COUTINHO (*)

Falar de educação e integração social das cri- O conhecimento e consciencialização destes


anças e jovens surdos1 passa essencialmente por dados levou a que se reflectisse e posteriormente
uma reflexão profunda sobre os resultados se investigassem as possíveis causas subjacentes
conseguidos, em Portugal e na maior parte dos a tal situação e se procurasse encontrar uma res-
países do mundo, no que concerne ao desenvol- posta eficaz e adequada às dificuldades apresen-
vimento global e à aprendizagem deste grupo de tadas por estas crianças e jovens, tanto mais que,
população. à partida, à criança surda não faltam capacidades
Neste momento já podemos afirmar, a partir inatas para atingir um desenvolvimento pleno.
de estudos cientificamente comprovados (Del- Ora se as causas de tão desastrosos resultados
gado-Martins, 1984; Conde Amaral, 1991 e educativos não residem na criança haverá que
1993; Coutinho, 1982) que os surdos portugue- procurá-las no seu meio envolvente, o que quer
ses, na sua grande maioria, apresentam um baixo dizer, nas oportunidades que lhe são oferecidas
desenvolvimento global e, a nível das aprendiza- para que o seu crescimento físico e mental se
gens, concretamente na leitura e na escrita, pese processe de forma harmónica e integral.
embora os resultados académicos que lhes são Se nos reportarmos ao processo de desenvol-
conferidos, podemos considerá-los muito próxi- vimento de uma criança ouvinte não podemos fi-
mos de um analfabetismo funcional2. car alheios à importância da actividade que se
estabelece entre esta e o meio, actividade essa
que a criança estrutura e é por ela estruturada nu-
ma interacção e dinamismo que favorecem o seu
desenvolvimento e aprendizagem.
(*) Casa Pia de Lisboa, Colégio Jacob Rodrigues Neste quadro interactivo assume relevância
Pereira, Lisboa.
1
Sempre que neste artigo nos referirmos a surdos primordial a linguagem que a criança adquire de
estamos a designar as crianças e jovens surdos profun- forma natural através de intercâmbios comunica-
dos, ou seja, com uma incapacidade de percepção das tivos, sempre activada pelos que a rodeiam e que
frequências da fala e consequentemente ausência de já possuem competência linguística. Acresce
aquisição de um código linguístico verbal.
2 ainda que a linguagem vai praticar um jogo alta-
Os resultados dos estudos realizados levam a
concluir que o nível de leitura e escrita dos surdos não mente intricado e criativo com o pensamento que
ultrapassa os de um de 2.º ou 3.º ano de escolaridade. leva a criança a lidar com os objectos à distância,

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a agir sobre eles sem ter que os manipular fisica- apresentam tantas dificuldades em operações
mente; através destas duas entidades – lingua- como categorizar, generalizar, projectar ideias
gem e pensamento – a experiência transforma-se abstractas, reflectir, manipular imagens, hipóte-
e a criança é levada ao domínio do mundo sim- ses e possibilidades.
bólico, do tempo passado, do tempo futuro, dos A uma rudimentar linguagem corresponde
eventos hipotéticos e das entidades imagináveis; um pensamento também rudimentar e as possibi-
é desta forma que a linguagem abre novas orien- lidades de aprendizagem ficam muito aquém da
tações e novas possibilidades para a aprendiza- mente de que a criança dispõe porque, na rea-
gem e para a acção, é assim que a criança cresce, lidade, ela não carece de uma mente tão só não
interioriza e domina o mundo que a rodeia. lhe foi proporcionada a sua utilização e desen-
Vejamos agora o que se passa com a criança volvimento de forma plena.
surda que, na sua esmagadora maioria, é filha de Depois de muita reflexão parecem-nos ser
pais ouvintes3: logo ao nascer fica altamente pre- estas as causas mais relevantes do insucesso
judicada em todos os intercâmbios com o meio escolar e social, atrás focado, de muitas crianças
que a rodeia e muito especialmente num campo e jovens surdos; porém, se o facto de se vislum-
que é fulcral para o seu desenvolvimento: a lin- brarem as causas já é um passo em frente para o
guagem; rodeada por um mundo em que as inter- encontro das soluções, o que é certo é que ainda
acções são privilegiadamente facilitadas através se apresenta um longo caminho de investigação
do som e do ruído, fica confinada ao que se apre- que conduza à proposta, testagem e adopção das
senta sob forma visual ou táctil. melhores respostas que obviem uma situação de
Quanta informação é assimilada parcialmente, injusta desigualdade educativa e social a que têm
quanta deturpada e a maior parte completamente sido votadas grande número destas crianças e
perdida. jovens que não se puderam constituir como cida-
É este o quadro, logo a partir da nascença, de dãos de pleno direito.
um criança surda, e o mais grave é que a sua ca- A inquietação e o incómodo desta situação ti-
minhada pela vida continua nos mesmos moldes: nha inevitavelmente de conduzir ao encontro de
segue-se o jardim de infância e a entrada para a um fio condutor sólido que, sobretudo para
escola. Rodeada de pares e adultos que inter- quem trabalha numa centenária escola devotada
agem e comunicam aberta e fluentemente entre à educação de surdos, não foi difícil encontrar:
si, à criança surda resta-lhe o papel de especta- bastou parar e olhar, olhar com olhos de ver, para
dora incapaz de entender, partilhar e trocar expe- as crianças surdas e atentar como comunicavam
riências que são essenciais para o seu desenvol- entre si; foi tão simples quanto isto: afinal fala-
vimento. vam com as mãos.
No que respeita à linguagem reduz-se a uns A partir desta constatação desencadeou-se
gestos familiares e eventuais palavras isoladas um autêntico processo de investigação com um
(laboriosamente ensinadas pelos familiares, edu- objectivo e corpus bem delineado: o objectivo
cadores e professores) que servem para expressar era o estudo aprofundado da comunicação entre
as suas necessidades pragmáticas mais elementa- os surdos e o corpus os próprios surdos.
res. Se se verificasse que de uma autêntica língua
A ausência do indispensável intercâmbio so- se tratava a sua comunicação então bem mais fa-
cial e da linguagem leva a que a criança surda fi- cilmente poderiam ser ultrapassadas as suas di-
que reduzida a um mundo restrito e imediato fi- ficuldades cognitivas, educativas e sociais.
cando, assim, afectada, de forma quase sempre Em Portugal já se tinham dado alguns passos
irreparável, no seu crescimento intelectual, so- nesta matéria com os trabalhos de Delgado Mar-
cial e emocional. tins (1985), Prata (1985) e a publicação do Ges-
São estas as razões porque as crianças surdas tuário (1991), porém, não tinha sido feita nenhu-
ma abordagem profunda e sistemática à comuni-
cação utilizada pelos surdos.
Iniciou-se essa abordagem profunda e siste-
3
Actualmente apenas 2% das crianças surdas são fi- mática em 1990 que culminou em 1994 com a
lhas de pais surdos. publicação de «Para uma Gramática da Língua

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Gestual Portuguesa» (Amaral, Coutinho, Delga- bleia da República, pretendendo integrar algu-
do Martins) que não pretendendo constituir-se mas medidas e mais alargadas políticas no que
como uma gramática da Língua Gestual Portu- concerne a minorias e, concretamente no seu ar-
guesa (LGP)4 – porque de uma língua se trata a tigo 74.º, corroboram esta posição quando con-
comunicação entre os surdos portugueses – é um templam a comunidade dos surdos portugueses
estudo aberto que demonstra a gramaticalidade estabelecendo o seguinte:
dessa língua contemplando não só os seus aspec- «Proteger e valorizar a língua gestual portu-
tos gerais mas essencialmente os seus aspectos guesa enquanto expressão cultural e instrumento
estruturais. de acesso à educação e à igualdade de oportu-
Pensamos que o factor de maior destaque nidades.»
neste estudo reside na circunstância de levar a Não é possível ficar-se indiferente, sobretudo
perceber-se que a criança surda possui uma lín- todos os que de alguma forma fazem parte da co-
gua natural – que adquire espontaneamente e em munidade de surdos portugueses, ao facto da
contexto e interacção com outras pessoas com- nossa constituição assumir oficialmente a Língua
petentes nessa língua, tal como as crianças ou- Gestual Portuguesa enquanto «expressão cultu-
vintes em relação à língua oral – que é a LGP, ral e instrumento de acesso à educação e à
uma língua que, afinal, apresenta as mesmas po- igualdade de oportunidades» da pessoa surda,
tencialidades das outras línguas, logo que lhe vai podendo finalmente cumprirem-se em Portugal
permitir o seu pleno desenvolvimento, o seu as recomendações emanadas em 1988 do Parla-
crescimento, interiorização e domínio do mundo mento Europeu e que podemos aqui resumida-
que a rodeia; uma língua, afinal, que tem de mente recordar:
entrar nas suas famílias, na escola e na sociedade - reconhecer a língua gestual usada pela co-
da qual a pessoa surda faz parte integrante, uma munidade de surdos de cada país membro;
língua que leva a constituir uma comunidade - abolir todos os obstáculos relativos ao uso
surda que, enquanto minoria linguística, tem de da língua gestual;
ser devidamente tratada, respeitada e aceite. - encorajar cada país membro a proteger e
Parece-nos assim que a LGP é a chave que vai desenvolver:
permitir uma resposta eficaz e adequada às - a investigação em língua gestual;
dificuldades apresentadas pelas crianças e jovens - a criação de cursos de língua gestual;
surdos e que será através dela que podem ser - a criação de cursos de intérpretes de lín-
eliminadas definitivamente as causas de todo o gua gestual;
seu fracasso e discriminação; daí, que se que- - a integração da língua gestual na televi-
brem as barreiras que durante mais de um século são e nos media.
puseram obstáculos intransponíveis ao recurso à
língua gestual dos surdos, e se lhes proporcione A razão de neste momento emparceirarmos
a sua aquisição num ambiente linguístico ade- com os países mais evoluídos nesta matéria só
quado e o mais precocemente possível para que, nos pode encher de orgulho mas esse orgulho só
de uma vez por todas, o desenvolvimento das é lícito se soubermos programar, implementar e
crianças surdas se processe de forma equiparada testar esta nova filosofia educativa para os sur-
à dos seus pares ouvintes. dos, que passará definitivamente por um trabalho
As novas alterações à Constituição Política da com os pais, familiares, educadores, professores
República Portuguesa, votadas e aprovadas na e demais intervenientes na educação da criança
tarde do dia 3 de Setembro de 1997 na Assem- surda e ainda pela procura de metodologias e es-
tratégias educativas que sirvam amplamente esta
nova filosofia.
Enquanto responsáveis por uma escola de
surdos, somos muito sensíveis a este último as-
4
Tal como é explícito na própria Gramática «a tare- pecto tendo em conta que todas as metodologias
fa de produzir uma gramática completa de qualquer
língua deve ser entendida mais como um objectivo
e estratégias têm de ser postas ao serviço da
ideal do que como um objectivo possível para qual- «protecção da LGP enquanto instrumento de
quer linguista». acesso à educação e à igualdade de oportuni-

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dades para os surdos». Por essa razão ao aceitar- - proporcionar instrumentos de trabalho que
mos de forma indiscutível que a língua natural lhes possibilitem a reflexão e análise da sua
das crianças surdas é a LGP e que toda a criança própria língua e de outras que no futuro
surda tem o direito à aquisição da sua língua na- possam vir a adquirir.
tural, não podemos esquecer, porém, que vive
Estes procedimentos levantam algumas ques-
numa sociedade ouvinte que usa a língua portu-
tões de aplicação que nos são permanentemente
guesa que, essencialmente na sua vertente escri-
postas e que passaremos a considerar:
ta, é uma das vias essenciais para que o surdo te-
nha acesso à instrução e às habilitações académi- - quando é que a criança surda deve iniciar a
cas indispensáveis que lhe permitam uma igual- aquisição da LGP?
dade de oportunidades em relação aos ouvintes. - qual o papel que a comunidade de surdos
Nesta conformidade, na educação da criança pode desempenhar nessa aquisição?
surda, terá de ser contemplada não só a aquisição - a LGP deverá ser continuada a estudar pela
da LGP como a aprendizagem da Língua Portu- criança surda ao longo dos seus anos de es-
guesa (LP). colaridade?
Aqui se situa o grande desafio para os actuais
Em relação à primeira questão, entendemos
professores de surdos que deixarão de ter como
que a aquisição da Língua Gestual Portuguesa
objectivo educativo único o desenvolvimento
deverá iniciar-se quando se inicia a aquisição de
da oralidade, mas terão de ter em conta que ficou
uma língua por qualquer criança – desde que
consignado que é a partir da Língua Gestual Por-
nasce; por isso, a criança surda necessita ser ex-
tuguesa que os surdos terão acesso a novas
posta à língua gestual o mais precocemente pos-
aprendizagens, nomeadamente à Língua Portu-
sível, o que terá de levar os pais e seus familiares
guesa. A partir daqui urge equacionar a teoria e
não só a aprenderem a língua à qual a criança
prática do modelo educativo que nasce desta no-
tem acesso natural, como lhe deverão proporcio-
va realidade.
nar um ambiente linguístico que contemple essa
É então pertinente que abordemos as duas
mesma língua.
questões pedagógicas mais prementes no que
No que diz respeito à segunda questão, somos
respeita a este novo modelo educativo: a aquisi-
do parecer que a comunidade de surdos poderá
ção da Língua Gestual Portuguesa e a aprendiza-
desempenhar um papel muito activo no apoio à
gem da Língua Portuguesa.
criança surda e aos pais proporcionando, nomea-
Quanto à aquisição da Língua Gestual Portu-
damente, o ambiente linguístico de que ela ne-
guesa, começaremos por enumerar alguns dos
cessita e, ainda, sugerindo a convivência com
procedimentos que se impõem para que esta
outras crianças surdas em infantários, creches e
aquisição seja real e plena:
jardins-escola de que tenha conhecimento ou,
- proporcionar a aquisição da língua gestual eventualmente, qualquer tipo de ligação. Este
de forma natural, tal como os ouvintes ad- contacto precoce com a comunidade de surdos é
quirem a sua língua; ainda de suma importância para os pais na me-
- proporcionar às crianças surdas, através dida em vai diminuir as suas ansiedades e pers-
do uso da língua gestual, um desenvolvi- pectivar um futuro realista para a sua criança.
mento cognitivo semelhante ao das crian- Devemos, porém, referir que, paralelamente
ças ouvintes; com a preocupação da aquisição precoce da
- proporcionar um meio de comunicação que Língua Gestual Portuguesa, deverão também ser
lhes permita optimizar a interacção lingua- proporcionadas condições à criança surda para
gem/pensamento; que desenvolva o mais precocemente possível a
- proporcionar uma autêntica interacção com aprendizagem da sua segunda língua – a Língua
o mundo que as rodeia; Portuguesa.
- proporcionar uma base linguística sólida Vejamos agora a terceira questão: se a criança
para que possam adquirir com mais facili- chega à escola com uma boa competência lin-
dade a sua segunda língua – a Língua Por- guística em língua gestual, será que é necessário
tuguesa; continuar a trabalhar essa língua?

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É claro que, tal como a criança ouvinte que Como se pode inferir, essencialmente a partir
chega à escola com uma boa competência lin- do perfil do professor de LGP e das suas fun-
guística oral e a vai desenvolvendo ao longo de ções, a aquisição da língua gestual não acontece
toda a sua vida escolar, também a criança surda de forma isolada, tratando-se antes de uma aqui-
necessita desenvolver a sua própria língua ao sição que nunca perde de vista a aprendizagem
longo de todo o seu percurso escolar. da indispensável segunda língua para o surdo – a
Podemos afirmar que a escola não é mais do língua portuguesa: só assim o modelo bilingue
que a continuidade sistematizada de um trabalho será uma realidade constante.
bilingue que se iniciou no berço e que acompa- Também ao desenvolver as questões mais
nhará a criança surda ao longo de toda a sua vi- prementes postas em relação à aquisição da
da. LGP, fomos traçando algumas linhas do percurso
Falámos em aprendizagem sistematizada da paralelo da aprendizagem da Língua Portuguesa.
língua gestual e em «escola», o que pressupõe a Parece-nos, porém, indispensável tentar deixar
existência de um professor para ministrar essa expresso e clarificado o que entendemos que de-
língua. É altura de traçarmos o perfil desse pro- ve ser o novo perfil do professor de Língua Por-
fessor, que passaremos a expôr: tuguesa no ensino de surdos, tendo em conta que
- ser um modelo de língua gestual, logo pos- se trata de um docente que vai ministrar a LP
suir como língua dominante a língua ges- como segunda língua.
tual; Assim este professor deverá:
- possuir um bom conhecimento linguístico - ser um modelo de língua portuguesa, de-
da língua gestual; vendo, por isso possuir como língua domi-
- ser competente na língua portuguesa – oral nante a língua portuguesa;
e escrita; - possuir um bom conhecimento linguístico
- possuir um bom conhecimento linguístico da língua portuguesa;
da língua portuguesa; - dominar com fluência a língua gestual;
- possuir um bom domínio da leitura da fala. - ter capacidade de desenvolver a língua oral
No fundo, o perfil do professor surdo corpori- e/ou escrita dos seus alunos, tendo sempre
za o modelo bilingue que pretendemos para os em conta a «ponte» que é necessário esta-
alunos surdos, obviamente, cada um à sua escala. belecer entre as duas línguas;
Sabemos, à partida, que na educação de surdos - saber desenvolver o treino da leitura da fa-
não se deve pretender conseguir um modelo bi- la.
lingue único, rígido, mas um modelo que se ajus- Para não nos alongarmos, diríamos que cada
te e dê resposta às capacidades individuais de um desses professores – o de LGP e o de LP –
cada aluno. com competências muito específicas mas com
Paralelamente ao esboço do perfil do profes- objectivos comuns, deverão conduzir o aluno ao
sor de língua gestual, há que reflectir sobre as domínio das duas línguas, não esquecendo na
suas funções, que passamos a resumir: língua portuguesa, e sempre que possível, as
- desenvolver a competência do aluno em duas componentes: a oral e a escrita.
língua gestual; Gostaríamos de acrescentar que este trabalho
- reflectir e desenvolver a capacidade de é possível e é um desafio aliciante mas só será
análise da sua língua; profícuo se todos os que estão envolvidos no
- levar os alunos a estabelecer as correspon- crescimento e na educação das crianças surdas
dências gramaticais entre as duas línguas – mudarem interior e radicalmente a sua atitude
LGP/LP; perante a Língua Gestual Portuguesa e a forma
- desenvolver a capacidade de reflexão dos de estar na vida da pessoa surda.
alunos sobre o mundo que os rodeia; É nesta mudança de mentalidade que se pode
- reflectir aprofundadamente sobre as cultu- radicar a chave do futuro sucesso das crianças e
ras surda e ouvinte e a forma como se inter- jovens surdos, pelo que se torna urgente evitar as
ligam e interagem. seguintes situações:

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- manter as crianças surdas isoladas da sua Baker, C. (1997). Foundations of bilingual education
comunidade; and bilingualism. Sydney: Multilingual Matters
Lda.
- confiar a sua educação a docentes sem pre- Coutinho, A. E. (1992). Avaliação do uso da língua Por-
paração para o efeito; tuguesa por um grupo de surdos. Para Além do Si-
- sujeitar as crianças surdas a situações de lêncio, 1.
pseudo-integração ou pseudo-inclusão; Coutinho, A. E. (1993). Integração surdez e angústia.
Revista da C.P.L, 12.
- não informar correctamente os pais sobre o
Delgado Martins, M. R. (1985). Introdução: «Mãos que
encaminhamento mais adequado para estas falam». Lisboa: Laboratório de Fonética da FLL e
crianças. Divisão de Ensino Especial.
Delgado Martins, M. R., Pinho e Melo, D., Amaral, I. et
Pensamos que só actuando segundo os princí- al. (1985). A criança deficiente auditiva – situação
pios que vimos enunciando será possível, por um auditiva em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste
lado, respeitar o que se encontra agora consigna- Culbenkian.
do na Constituição Portuguesa e, por outro, con- Gestuário (1991). Lisboa: Secretariado Nacional de
Reabilitação e Ministério da Educação.
seguir uma educação conducente à plena inser- Heiling, K. (1995). The development of deaf children.
ção social da pessoa surda. Stockholm: Signum.
Lùria, A. R. (1987). Pensamento e linguagem. S. Paulo:
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Amaral, M. A. (1991). Linguagem gestual das crianças de Fonética da FLL e Divisão do Ensino Especial.
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Amaral, M. A., Coutinho, A. E., & Delgado Martins, M. on. Hillsboro: Butte.
R. (1994). Para uma Gramática da Língua Gestual Vygotsky, L. S. (1987). Pensamento e linguagem. S.
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