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26/08/2018 Penal | Por que os estudantes se apaixonam pelo Penal e se casam...

Prezado(a) leitor(a), certamente


você já ouviu esta frase: todos se
apaixonam pelo Penal, mas se
casam com o Civil. Neste artigo,
pretendo demonstrar os motivos
dessa a rmativa e, principalmente,
explicar como é possível superá-
los.

Deixo claro, desde já, que não


estou criticando os advogados que
atuam em outras áreas. Na
verdade, todos os advogados, em todas as áreas, são de enorme importância para o
acesso pleno à justiça. O meu objetivo se resume a identi car as causas desse
“afastamento forçado” em relação ao Direito Penal, tentando ajudar todos os amantes
dessa área a superar os obstáculos que os impedem de seguir atuando exclusivamente
nessa especialidade.

Sempre preferi lecionar para alunos que estavam iniciando a faculdade. Normalmente,
eu sou o primeiro professor de uma matéria jurídica (Direito Penal I), o que deixa os
alunos empolgados com a análise de casos práticos.

De fato, é sobre o Direito Penal que mais nos informamos. As notícias são sobre Direito
Penal, assim como os comentários das mesas de bares. Di cilmente há alguma notícia
sobre algum caso real de Direito Civil, Tributário, Previdenciário ou Trabalhista. O
clamor público está no Direito Penal.

Com o tempo, comecei a ver que ex-alunos apaixonados pela área Penal buscavam
estágios em escritórios de advocacia com atuação no Direito Civil ou do Trabalho,
deixando totalmente de lado o Direito Penal. Somente depois comecei a perceber os
motivos dessas escolhas.

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Atualmente, há cerca de 1 milhão de advogados no Brasil. Se considerarmos o número


de bacharéis em Direito sem a carteira da OAB, o número é ainda mais assustador. Em
razão desses números, há uma tendência de que os novos advogados sigam caminhos
diferentes da sua paixão inicial.

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Há inúmeros motivos para que grandes amantes do Direito Penal se tornem advogados
casados – ou em união estável – com outras áreas, mas tentarei enumerar alguns.

O início de carreira, principalmente na advocacia, é sempre muito difícil. Temendo por


di culdades nanceiras futuras – ou mesmo atuais -, os novos advogados começam a
atuar nos mais diversos ramos do Direito, fazendo uma clínica geral. Com o passar do
tempo, não conseguem sair desse ciclo, cando cada vez mais envolvidos com
inúmeros pequenos processos de muitas áreas, e não muitos processos grandes de
uma área.

Consequentemente, por terem muitas áreas de atuação e de estudos, jamais serão os


melhores dessas várias áreas – ou de alguma delas -, o que os impedirá de elevar os
honorários. Em outras palavras, precisam negociar honorários baixos porque não são
especialistas e não conseguem se tornar especialistas porque precisam atuar em
várias áreas concomitantemente para conseguirem sobreviver. É um ciclo difícil de
romper.

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Em virtude disso, acredito ser importante que os apaixonados pelo Direito Penal
estabeleçam, desde o início da carreira, que são especialistas nessa área e entendem
muito pouco sobre as outras. Aliás, uma das principais formas de demonstrar que sou
especialista na área Penal é quando digo, categoricamente, que não sei nada de
Trabalho, Previdenciário ou disciplinas parecidas.

Outro ponto que leva os advogados – anteriormente estudantes apaixonados pelo


Direito Penal – para o Direito Civil é o fato de que, no início, surgem muito mais casos
cíveis, trabalhistas ou previdenciários do que criminais. Há uma razão para isso: o
cliente criminalista tem receio pela sua liberdade e, em virtude disso, procura
advogados que atuam com um foco maior na área criminal (os especializados,

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portanto). Assim, o advogado no início de carreira atua em poucos casos criminais e


passa a ser reconhecido como um “clínico geral”, característica difícil de abandonar no
futuro.

Outra questão importante se refere aos concursos públicos. Seja por sonho, seja por
estar buscando estabilidade ou mesmo por in uência de familiares e amigos, a maioria
dos bacharéis em Direito decide tentar os concursos públicos. Contudo, para se
manterem durante a preparação, decidem advogar a curto prazo. Portanto, “estão
advogados” enquanto tentam “ser concursados”.

Considerando as inúmeras disciplinas jurídicas que caem nos concursos (alguns


concursos têm mais de 20 disciplinas), o advogado divide o seu tempo de estudos
entre as mais diversas matérias (Penal, Civil, Tributário, Administrativo etc.), utilizando
parte do seu tempo para a advocacia. Novamente, ca sendo um advogado que atua
em todas as áreas e um estudioso, por necessidade (e para o concurso), de todas as
disciplinas.

O concurseiro precisa ter um conhecimento que seja um oceano de um palmo (saber o


su ciente de todas as disciplinas), enquanto o criminalista especializado precisa de um
conhecimento que seja um copo d’água mais profundo do que qualquer oceano. Essa
incompatibilidade impedirá que o advogado concurseiro se torne um especialista ou,
no mínimo, di cultará substancialmente.

Assim, a preparação para concursos faz com que muitos advogados se tornem
generalistas e, enquanto não são aprovados, não sigam um foco nem tentem um
posicionamento no mercado. Outro problema que surge com isso é a falta de vontade
dos seus colegas para indicá-los: ninguém recomenda um pro ssional que não seja
uma autoridade no assunto da recomendação, tampouco um pro ssional que, por atuar
em todas as áreas, apresenta o risco de captar o cliente do colega indicante. Por m,
via de regra, também não se indica alguém que, cedo ou tarde, sairá da advocacia
privada para um cargo público. As indicações estão na especialidade e na constância!

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Fica a pergunta: como superar esses motivos e efetivamente se casar com o Direito
Penal, pelo qual você sempre foi apaixonado(a)? Algumas dicas:

1) Estude Direito Penal e Processual Penal para ser, de fato, um especialista.

2) Divulgue que você entende da área criminal e que, por honestidade intelectual, não
atuará em outros casos. Isso demonstrará que você não atua no que não tem pleno

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domínio.

3) Vá a eventos da área criminal e conviva com pessoas dessa área. Entre em grupos
de estudos, associações, comissões da OAB, institutos, cursos etc.

4) Busque parcerias com escritórios Cíveis, Tributários, Trabalhistas e Previdenciários,


deixando evidente, desde o primeiro contato, que você atua de forma especializada e
não atenderá os clientes do escritório parceiro em outras áreas.

5) Publique frequentemente sobre Direito Penal e Processual Penal. A cada publicação,


você se torna uma autoridade em determinado assunto. As pessoas tendem a
considerar como pro ssionais altamente especializados e quali cados os opinadores e
produtores de conteúdo. Não se limite a revistas cientí cas, que, apesar do prestígio
acadêmico, possuem pouca visibilidade. Publique em sites, blogues (próprios e de
terceiros), Linkedin, Facebook etc. Também faça vídeos sobre conteúdos jurídicos.
Quanto maior e mais quali cada for a sua produção intelectual, mais você será
reconhecido como um especialista.

6) Faça palestras. Seguindo as dicas anteriores, você começará a receber convites para
palestrar em instituições, associações, universidades etc., oportunidade em que poderá
demonstrar, ao vivo e olho no olho, que você é tão competente quanto demonstrou ser
por meio dos seus artigos, livros e vídeos. Faça excelentes palestras e aproveite as
oportunidades que surgirem. Todas as palestras que z até hoje, sem exceção, geraram
alguma oportunidade muito importante (cliente, parceria, consultoria, convite…) em
menos de 1 semana. É incrível como funciona!

Sobre a dica nº 6, há muito o que falar. Primeiro, demonstre que você está disponível
para palestrar, especi cando os locais e os prováveis temas. Eu, por exemplo,
disponibilizo uma parte do meu site para ressaltar que faço palestras em qualquer
lugar do país, desde que se trate de Direito Penal e Processual Penal, inclusive
sugerindo alguns temas.

Quando fechar uma palestra, principalmente em outra cidade, de na uma agenda para
o(s) dia(s) em que estiver no local da palestra. Marque um encontro com a
coordenação da universidade de Direito da cidade. Talvez surja a possibilidade de
palestrar nessa universidade ou fazer parte do corpo docente da pós-graduação, que
tem menos aulas e não comprometerá sua agenda, além de ser um enorme prestígio.

Veja quais são os escritórios mais conceituados da cidade da palestra e agende uma
visita com os sócios. Certamente, eles terão prazer de receber um palestrante
forasteiro e especializado, ou seja, alguém que não é concorrente deles. Se o escritório
visitado for da área criminal também, há sempre uma possibilidade de parceria para
atuações conjuntas, correspondências, consultorias etc.

Resumindo, acredito que o problema de muitos se apaixonarem pelo Direito Penal e se


casarem com o Direito Civil (ou outros) decorre de uma falta de planejamento a médio
prazo. O caráter imediatista, decorrência do fato de que os boletos vencem hoje, e não
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a médio prazo, também contribui para essa preocupação que, ao nal, gera um ciclo
vicioso, impedindo que o advogado efetivamente se torne um especialista na área
criminal.

Em suma, estabeleça, desde o início, qual rumo você quer seguir. E se o “início” já
passou, estabeleça agora. Nunca é tarde para se casar com o Direito Penal, a nossa
grande e eterna paixão.

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Fábio Novaes

Grande mrestre, Evinis Talon, como sempre certeiro em suas

observações... Pois é professor, esse é o nosso grande dilema: e

agora o que fazer, pegar casos de diversas áreas e pagar as contas

no fim do mês ou regeitá-los em nome do amor á advocacia criminal?

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