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UMA PROPOSTA PARA A INCLUSÃO DIGITAL SOCIAL DESENVOLVIDA NO

PROJETO RONDON OPERAÇÃO CENTRO-NORTE.

Raphael Leite Campos1, Vanise dos Santos Gomes2, Suzana Kaizer3, Renan Alves
Conceição4 Vânia Pascoal5, Juliana Acosta Santorum6, Adriano Rodrigues José7

Resumo: O trabalho desenvolvido foi realizado na Operação Centro-Norte do Projeto


Rondon, no município de Rorainópolis – RR, com participação de duas equipes formadas
por estudantes da Universidade Federal do Rio Grande – FURG e Universidade Vale do
Rio Doce – UNIVALE. Os objetivos para tal participação surgiram devido a uma demanda
por parte dos gestores do município por um curso de desenvolvimento de páginas para a
internet, voltado para administradores públicos e educadores. Em decorrência desta
oportunidade surgiram como metas incitar a inclusão social autônoma da comunidade do
município através da inclusão digital; facilitar para os participantes a continuação do
estudo de maneira autônoma, provocando a reflexão e curiosidade através de alguns
caminhos possíveis e alguns usos da tecnologia com o auxílio de um cronograma;
complementar a formação estudantil através do contato com a sociedade por meio da
experiência como educador e educando e compartilhar experiências com os ‘rondonistas’
participantes do curso. Para atingir estes objetivos foi utilizada uma metodologia baseada
na educação dialógica e libertadora. Foi utilizada uma apostila organizada em um
cronograma que provocasse a reflexão sobre o porque de utilizar a tecnologia e apontasse
algumas direções visando facilitar o aprendizado. Para isso, o roteiro foi dividido em:
histórico, tecnologia e aplicações da internet; tecnologias, conceitos e um aprofundamento
no HTML (Hypertext Markup Language) no desenvolvimento. Houve o auxílio de
pedagogas, estudantes de pedagogia e de geografia durante a realização do curso. Os
resultados esperados foram satisfatórios, pois foi desenvolvido um site simples, mas que

1
Engenheiro de Computação, Mestrando em Modelagem Computacional
2
Professora Doutora do Instituto de Educação - FURG
3
Graduanda em Pedagogia - FURG
4
Graduando em Biologia - FURG
5
Graduanda em Pedagogia - FURG
6
Enfermeira Mestranda em Enfermagem - FURG
7
Licenciado em Geografia - FURG
com o conhecimento aplicado permitia que se continuasse de maneira autônoma o estudo e
houvesse a emancipação voltada para a busca de dignidade e qualidade de vida por meio
do conhecimento desta ferramenta.

Palavras Chaves: Desenvolvimento Web, Transformação Social, Formação Universitária.

1. Introdução

O presente trabalho foi realizado no município de Rorainópolis do estado de


Roraima, proporcionado pelo Projeto Rondon Operação Centro-Norte, descrito da seguinte
forma:

O Projeto Rondon é um projeto de integração social coordenado pelo Ministério da Defesa


e conta com a colaboração da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação –
MEC. O Projeto envolve atividades voluntárias de universitários e busca aproximar esses
estudantes da realidade do País, além de contribuir, também para o desenvolvimento de
comunidades carentes
(https://www.defesa.gov.br/projeto_rondon/index.php?page=projeto_rondon).

A equipe era formada por estudantes da Universidade Federal do Rio Grande –


FURG e da Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE sendo o total de quinze
estudantes e mais quatro coordenadoras.

A proposta de trabalho no município estava pautada em quatro eixos: comunicação,


meio ambiente, trabalho, tecnologia e produção. Sob esta perspectiva participaram
estudantes de diversas áreas do conhecimento (saúde, pedagogia, geografia, biologia,
agronomia e computação), onde estes, por meio do dialogo entre si promoveram um
compartilhamento de experiências e conferiram ao Projeto um caráter transdisciplinar,
conforme conceituado por Pires (1998).

O Rondon permite o compartilhamento de conhecimentos e experiências entre


estudantes e entre eles e a comunidade onde atuam e, desta maneira, comunicando a visão
científica à realidade das pessoas e estas, por sua vez, comunicando a sua realidade aos
estudantes promovendo a aproximação da formação acadêmica à uma realidade concreta
caracterizando, conforme Melo Neto (2003), a extensão universitária de mão dupla.

O município de Rorainópolis, que possui uma população de aproximadamente vinte


e quatro mil e quinhentos habitantes segundo o IBGE na contagem de 2007, carece de
oportunidades para gerar renda para a população, pois, mantém suas atividades
concentradas no comércio e no serviço público e possui um índice de pobreza de quarenta
por cento conforme IBGE. Este cenário, comum no país, retrata a necessidade de se fazer
uma inclusão social para diminuir a desigualdade, por meio da educação e da geração de
renda. O investimento em educação é bastante forte em todo o estado de Roraima,
Rorainópolis, por exemplo, contava em 2007 com cinqüenta e seis escolas de ensino
fundamental e cinco de ensino médio, atualmente, conta ainda com duas escolas de ensino
superior, a Universidade Estadual de Roraima (UERR) e a Universidade Virtual de
Roraima (UNIVIRR), no entanto, ainda faltam oportunidades de trabalho para a população.

Em Rorainópolis, os gestores buscam por meio da inclusão digital diminuir as


desigualdades sociais capacitando a comunidade para o uso do computador através de
cursos de informática básica e avançada, de internet e manutenção de computadores com
apoio da escola do legislativo e da UNIVIRR. O acesso ao computador também está sendo
estimulado no município e além da UNIVIRR que tem acesso liberado à comunidade para
uso de seus laboratórios de informática com acesso a internet. Há também a biblioteca
municipal que possui um laboratório com vinte computadores disponibilizados à população
e ainda está sendo construido um telecentro que agregará a inclusão digital no município
provendo acesso ao computador e internet bem como cursos de capacitação.

Neste trabalho a extensão se deu através da comunicação de uma tecnologia para a


inclusão social por meio da inclusão digital proposta pelos autores Silva Filho (2003) e
Cabral (2006) que afirmam que esta inclusão só vai ser efetiva se progredir junto com a
geração de renda e a educação. E neste contexto é necessário muito mais que o acesso ao
computador e a internet, bem como, conhecimento técnico, que por si só não constituem a
inclusão digital, pois, a educação para o uso da ferramenta digital em benefício próprio ou
coletivo deve acompanhar todas as medidas aplicadas, a fim de que, estas melhorem a
qualidade de vida e dignidade, tornando-se efetivamente inclusivas.

Conforme Cabral (2006), a apropriação da tecnologia consiste na capacidade de


compreender o universo que a envolve concretizado nas possibilidades de uso e nos rumos
que a tecnologia toma com o objetivo de não estar sujeito a ela, mas sim sujeitá-la, isto é,
influir na importância e finalidades dela. O curso realizado pela equipe do Projeto Rondon,
constitui-se numa parte da inclusão digital pautada nas bases expostas acima, pois, busca a
comunicação de uma tecnologia que possibilita a geração de renda.
Com base na educação dialógica e emancipadora, voltada para transformação
social buscou-se apresentar uma ferramenta que permitisse a autonomia dos indivíduos.
Devido ao tempo que durou, o conteúdo do desenvolvimento para a Web foi comunicado
de maneira ampla e abstrata e perpassava pelo contexto de aplicação, pelas tecnologias
Web, pelas tendências e por fim o HTML, estando organizado para que o sujeito
participante tivesse conhecimento suficiente para decidir sobre qual rumo tomar na
continuação do estudo e posteriormente vir a trabalhar com tecnologias Web.

O Projeto propiciou diversas oportunidades de aprendizado na busca para


concretizar os objetivos, estando estes relacionados tanto com a comunidade atendida
quanto com a formação dos ‘rondonistas’. O principal objetivo visou atender a demanda do
município, manifestada pelos gestores durante a viagem precursora realizada pelas
coordenadoras, com o propósito de direcionar as ações conforme a necessidade local. Foi
solicitado, então, um curso voltado aos administradores e educadores do município para o
ensino da técnica de desenvolvimento de páginas para a internet e o desenvolvimento de
uma página com informações turísticas da cidade, com o objetivo de vir a ser um portal
turístico.

Diante desta demanda os objetivos particulares desta ação no Rondon são: Incitar a
inclusão social autônoma da comunidade do município através da inclusão digital; facilitar
para os participantes a continuação do estudo de maneira autônoma, provocando a reflexão
e curiosidade através de alguns caminhos possíveis e alguns usos da tecnologia com o
auxílio de um cronograma; complementar a formação estudantil através do contato com a
sociedade por meio da experiência como educador e educando, e compartilhar experiências
com os ‘rondonistas’ participantes do curso.

2. Materiais e Métodos

Para o desenvolvimento deste trabalho buscou-se a metodologia de Paulo Freire


para uma educação libertadora, estando estas idéias coerentes com a inclusão pretendida.

O trabalho desenvolvido consistiu em um curso de nove horas de duração dividido


em três dias, sendo realizadas duas edições do mesmo. Para auxiliar foi desenvolvida uma
apostila com o conteúdo a ser apresentado.

O curso foi ministrado no laboratório da Universidade Virtual de Roraima


(UNIVIRR) na Escola Estadual José de Alencar a qual tinha dezesseis computadores com
acesso a internet e com o sistema operacional Linux Educacional (LE) que foi
desenvolvido a pedido do Ministério da Educação (MEC) para o Programa Nacional de
Informática na Educação (PROINFO), com o objetivo de ser aplicado nas escolas públicas
de todo o país.

O público alvo inicial eram os gestores e educadores, de acordo com a demanda dos
gestores do município, mas no período de inscrições foi aberto também à comunidade em
geral sendo exigido um conhecimento básico de informática, isto é, editar texto, salvar
arquivos, copiar e colar, navegar na internet, acessar e-mail e etc.

O desenvolvimento Web está contextualizado na internet, sendo assim, necessário


abordar conceitos e usos de redes e internet, bem como, abordar as tecnologias existentes
para desenvolver páginas para a Web. O cronograma apresentado para o curso
contemplava desta maneira, estes aspectos, porém com foco na tecnologia de
desenvolvimento de páginas, o HTML (Hyper Text Markup Language). Foi utilizada uma
apostila com o conteúdo, disposto conforme o cronograma. Esta mesma foi disponibilizada
em meio digital para os participantes.

Dividiu-se o cronograma em três aulas, na primeira abordar os tipos de redes, um


histórico da internet, os usos da internet, a Web 2.0 e seus serviços e os conceitos de
cliente e servidor os quais são indispensáveis para o aprendizado das tecnologias de
desenvolvimento e para conhecer como são armazenadas as páginas. Após, com o objetivo
de mostrar que o universo do desenvolvimento Web é bastante complexo, além de, apontar
os possíveis caminhos que podem ser seguidos, apresentar as linguagens complementares
para criação de páginas (css, Java script, php, asp e MySql), as quais são usadas para a
criação de páginas mais complexas e interativas. Ainda nesta aula, trabalhar com a
linguagem HTML e seus conceitos básicos criando os códigos para formatar textos e
posicioná-los, para inserir imagens e para criar links.

Para a segunda apresentar os códigos para fazer tabelas, para criar frames e usar os
códigos div e span, sendo todos, maneiras de estruturar o conteúdo de uma página, isto é,
organizar a disposição dos elementos.

Para a terceira aula disponibilizou-se duas alternativas previstas para serem


escolhidas pelos participantes: uma apresentar a linguagem para inserir folhas de estilo
(CSS) na página, técnica esta que está substituindo alguns elementos de formatação do
HTML e está no padrão atual de referência para desenvolver páginas, a outra usar a
terceira aula para criar uma página e praticar o conteúdo mostrado até então.

A dinâmica das aulas necessitava de um editor de texto simples para codificar a


página e o navegador para visualizar a página que estava sendo feita. Foram usados o
editor de texto Kedit e o navegador Iceweasel do LE, além de um notebook e um projetor
para que os participantes acompanhassem a apresentação do conteúdo.

A apostila era projetada na parede como guia para os estudantes acompanharem nos
seus computadores em que ponto andava a aula. Os exemplos eram projetados na parede
em um editor de texto e depois eram mostrados seus efeitos no navegador da mesma
maneira. Então era solicitado que reproduzissem o exemplo apresentado para praticarem a
codificação. Além da prática de codificação, eram propostos exercícios para aplicarem a
técnica. Assim, as dificuldades durante a prática e estas mesmas eram trabalhadas através
do diálogo com cada um para compreender qual o problema e avançar.

Durante as aulas estavam presentes ‘rondonistas’ da pedagogia e da geografia para


auxiliar no desenvolvimento das atividades. O apoio que prestavam era no auxílio aos
educandos que tinham dificuldades em desenvolver as atividades, ou porque tinham pouco
conhecimento de informática, ou porque tinham pouca prática desta mesma e também no
auxílio para melhorar a clareza da linguagem a ser usada na aula expositiva-dialogada.

3. Resultados e Discussão

O público alvo do curso era administradores municipais e educadores, no entanto, o


público participante, em sua maioria, foi bem distinto do pretendido, sendo que dos 26
participantes, o total das duas turmas, havia apenas uma educadora e uma gestora, a
maioria do público atingido foi constituída por pessoas da comunidade atrás de
qualificação. É importante ressaltar que a gestora tinha formação em sistemas de
informação e era responsável por um centro tecnológico que estava sendo construído no
município que irá oferecer oportunidades de inclusão digital para a comunidade através de
cursos básicos e avançados de informática e também de desenvolvimento de sites.

No município de Rorainópolis não há nenhuma escola específica de informática,


não há cursos técnicos na área de desenvolvimento Web, então, o acesso a estas
tecnologias depende de cursos sazonais e pontuais que até então não foram desenvolvidos
na cidade.
A UNIVIRR fornece cursos de informática básica e avançada, bem como capacita
professores para usar o LE, no entanto cursos que envolvam tecnologias para
desenvolvimento Web são oferecidos, somente, em curso superior, segundo o que foi
comunicado pelo único profissional da área no local Prof. Cristofe Rocha. Desta forma há
escassez de cursos que comuniquem um conhecimento capaz de propiciar maior
autonomia. E diante deste cenário que foi proposto um curso para a transformação social,
pois, em um local onde há a escassez de mão de obra e serviços nesta área é um local onde
há oportunidades nesta área, basta a provocação e a organização para esta tecnologia servir
para a inclusão social.
A inclusão, segundo Silva Filho (2003) se dá quando o indivíduo adquire
dignidade, seja através do trabalho, através do acesso ao conhecimento para produzir mais
conhecimento, através do lazer, através da comunicação, ou seja, apropriar-se da
tecnologia para melhorar a suas condições de vida, para melhorar seu desenvolvimento
profissional, para provocar a transformação social, com a igualdade de condições para
finalmente fazer valer a democracia.
O conteúdo foi mostrado de maneira que os estudantes tivessem uma visão do
existia por trás da tecnologia, ou seja, o que são as redes, como se dá a troca de
informações pelas redes e como se dá o funcionamento da Internet, sendo que com isto é
possível posteriormente inferir os próximos passos de maneira consciente, sabendo onde se
está pisando, porque toda a tecnologia para a Web trabalha sobre a transferência de
informações pelas redes. Em outro nível foi apresentado o histórico de evolução das redes
e suas aplicações de modo que pudessem pelo conhecimento do passado perceber o grande
salto tecnológico que ocorreu e para que pudessem refletir sobre o porquê estavam ali
dispostos a aprender a usar esta ferramenta. Então depois de conhecer o que estava por trás
da tecnologia e para que ela servia, iniciou-se a parte técnica para que pudessem exercitar a
‘codifcação’ e sentir na prática o que é o desenvolvimento para a Web.

O cronograma não foi cumprido em sua totalidade, no entanto, os participantes


atingiram um nível de conhecimento que os permite e os motiva a continuarem o estudo
nesta área de maneira autônoma. A motivação se deu devido à tomada de consciência de
que eles, ao entrarem em contato com a linguagem HTML, também poderiam criar
páginas, ao continuarem os estudos, como as que acessam diariamente.

A dificuldade de trabalhar todo o cronograma se deu devido à linguagem de


desenvolvimento ser bastante distante da linguagem a que estão acostumados, o conteúdo
ser complexo, os participantes terem pouca prática de informática e o tempo de curso ser
pouco.

O diálogo é dificultado, pois a linguagem HTML é composta por códigos que usam
termos em inglês para a sua representação, portanto, é desejável ter familiaridade com esta
língua para facilitar o aprendizado, o que não se verificava, sendo que nenhum participante
tinha conhecimento básico de inglês.

A complexidade do conteúdo era um agravante, pois, havia muita novidade sendo


apresentada em um curto espaço de tempo, e esta mesma já se iniciava na apresentação do
ambiente onde se dá o desenvolvimento de páginas, a internet. Foram inúmeros os termos
novos apresentados e, desta forma, já iniciava com uma exigência alta da memória. O
desenvolvimento Web e suas linguagens ampliavam ainda mais a complexidade, e para
completar havia o código HTML e seus inúmeros elementos de codificação, que só são
memorizados com a prática e com tempo.

Através de uma avaliação livre do curso os participantes consideraram pouco tempo


de curso, além de muito conteúdo, de acordo com a avaliação feita acima. Este resultado
provoca a reflexão sobre como montar um cronograma para um conteúdo extenso para ser
ministrado em pouco tempo para o objetivo pretendido. O conteúdo deve ser apresentado
de modo abstrato e amplo de modo a mostrar mais o que existe na área e onde conseguir as
informações para o estudo.

O produto desenvolvido pelos estudantes foi uma página simples que visava a
aplicação do conteúdo visto em aula para exercitá-lo e fixá-lo. O foco foi mudado devido à
mudança do público alvo, ao qual, não era interessante construir um portal do município,
além de o tempo não permitir que tivessem, até o presente momento, condições de
construir um site complexo como um portal.
Figura 1: Site desenvolvido pelos participantes do curso

A experiência como educando e educador adquirida ao ministrar o curso foi uma


oportunidade para aprender, para exercitar a consciência do inacabamento através da
construção de um cronograma de acordo com o público e o tempo e através do exercício de
aproximar a linguagem dos estudantes de modo a tornar mais claro e eficaz o aprendizado.

A comunicação através do diálogo foi fundamental para esta aproximação, pois, era
necessário perceber as dificuldades dos participantes, quando questionados, de modo a
averiguar se tinham entendido, sendo em alguns momentos, necessárias diversas maneiras
para ensinar o mesmo conteúdo.

O curso aconteceu de diferentes modos com cada turma, onde, na primeira turma, a
preocupação em cumprir o cronograma foi maior, prejudicando posteriormente o
aprendizado, pois o conhecimento básico foi apresentado muito depressa e não foi muito
bem entendido, tendo que ser reforçado. Com a segunda turma já havia maior preocupação
em garantir um bom aprendizado da base de modo que à medida que fosse aprofundado o
conteúdo, todos acompanhassem. Nesta turma não havia a preocupação em cumprir todo o
cronograma, e o foco foi alterado para que fosse exercitado na terceira aula tudo que foi
aprendido até a segunda aula. Houve a oportunidade de reorganizar o curso de acordo com
a experiência com a primeira turma e aprimorar os pontos que dificultaram o aprendizado.
Para isto exige uma característica bastante presente na pedagogia de Paulo Freire
explicitada na citação a seguir:

“... Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso
para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.” (Freire,
1996, p.29)
Portanto, ao indagar o que havia acontecido na primeira turma, modifiquei a
metodologia para a segunda turma, ou seja, me indaguei, me eduquei e esta última, ficou
mais bem preparada e ao perceber isto, aprendi bastante o quão fundamental é não ter
pressa e qual a importância de ser bem trabalhada a base do conteúdo. E de que é
necessário respeitar o tempo de aprendizado dos estudantes.

4. Conclusão

A participação no projeto Rondon, oportunizou a realização de atividades


diversificadas, contribuindo para a formação acadêmica ao proporcionar o trabalho em
equipe e ao provocar o estudante à aplicar o conteúdo acadêmico à realidade da
comunidade desafiando-o a dialogar com essa para realizar esta aproximação. Este
estudante através do compartilhamento de experiências e conhecimento atua como
educador e educando no ambiente em que está inserido, pois ao comunicar ensina e ao
ensinar aprende, além de aprender o ponto de vista do outro. A contribuição para a
formação como pessoa se dá com o choque cultural, ao confrontar a cultura local com a
própria e neste movimento dialético se compreendem as transformações pessoais e o
próprio inacabamento.

A estruturação do curso contribuiu de maneira positiva, pois, oportunizou a prática


de estruturação da metodologia para realizá-lo, o estudo de como escolher e organizar o
conteúdo de acordo com o objetivo pretendido, e o contato com os participantes através do
diálogo, que contribuiu muito para o aprimoramento do cuidado com a linguagem que seria
usada. A oportunidade de realizar duas edições do mesmo curso foi fundamental para a
autocrítica e o melhoramento da metodologia, porque através da experiência durante
adquirida na primeira edição consolidou uma base para construção da segunda.

A oportunidade de complementar e fomentar a inclusão social por meio da


tecnologia digital, foi um exercício de muita satisfação pessoal, pois a consciência de que a
transformação social é muito necessária atualmente leva a reflexão dos meios para atingir
esta mesma. Diante da proposta para o curso e tendo a inclusão digital como meio
complementar para esta mudança, a prática experimentada provoca a reflexão de como a
inclusão deve ser feita.

Por fim, os participantes do curso com o contato realizado foram provocados a


refletir sobre a tecnologia que lhes foi apresentada e atingiram um nível que os permite
continuar o estudo o que foi observado no site produzido por eles, desta maneira tal
conhecimento permite que continuem de maneira autônoma a construção da oportunidade
para obterem a dignidade e a ampliação da qualidade de vida através da ferramenta
adquirida.

5. Referências

CABRAL A. SOCIEDADE E TECNOLOGIA DIGITAL: entre incluir ou ser incluída


Liinc em revista, vol.2, no2, 2006 Semestral acessado em:
http://www.buscalegis.ufsc.br/arquivos/SOCIEDADE%20E%20TECNOLOGIA%20DIGI
TAL.pdf

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, São


Paulo, Paz e Terra, 1996

Linux Educacional - http://www.Webeduc.mec.gov.br/linuxeducacional/index.php


acessado em: Fev de 2009

MELO NETO, J. F. de. Extensão Universitária e Produção Universitária Revista


Conceitos, vol 9, janeiro/junho 2003, acessado em:
http://www.adufpb.org.br/publica/conceitos/09/art_03.pdf

Silva Filho, A. M. da Os três pilares da Inclusão Digital Revista Espaço Acadêmico Ano
III, No 24, 2003 Mensal – ISSN 15196186 acessado em:
http://www.espacoacademico.com.br/024/24amsf.htm

SORJ, B. Exclusão Digital: problemas conceituais, evidências empíricas e políticas


públicas acessado em:
http://www.centroedelstein.org.br/pdf/exclusaodigital_problemasconceituais.pdf

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