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ACADEMIA EDITORIAL
CARNEIRO, Alexandre de Freitas - Org.
Ensaios de Gestão Pública
Alexandre de Freitas Carneiro
ISBN 987-85-99394-30-4
1. Gestão; 2. Pública ; 3. Administração; 4. Teoria
www.academiaeditorial.com.br
contato@academiaeditorial.com.br
A Jesus, meu Senhor e Salvador, de quem somos feitura,
aos meus pais Cícero e Neíza, pelo constante apoio,
à minha esposa Myrtes, pelo companheirismo e amor,
ao meu filho Gabriel, presente de Deus,
aos alunos, ex-alunos e professores que se empenharam nesta produção,
à Professora e colega de departamento Elizângela, sempre prestativa,
à Diretora do Campus de Vilhena, Professora Dra. Maria do Socorro
Pessoa, pelo incentivo e também à Secretária Ana Paula pelo seu trabalho
de revisão e, em especial, à Professora e Vice-Diretora Dra. Aparecida
Alzira Luzia Zuin, pela amizade e auxílio sempre inegáveis, quem nos
idealizou a produzir este trabalho e em quem me espelho, pelo seu
brilhante profissionalismo,
1. APRESENTAÇÃO 11
2. PREFÁCIO 13
3. CAPÍTULO 1
A Tranparência na Gestão Pública: Um estudo de
sua aplicabilidade no Município de Vilhena 17
4. CAPÍTULO 2
Situação dos gastos com pessoal nos municípios de
Rondônia (2006 a 2008) 38
5. CAPÍTULO 3
A utilização dos custos para avaliação de desempenho
de programas governamentais e sua aplicação
no município de Vilhena 56
6. CAPÍTULO 4
Proposta de balanço social para a área pública municipal
e sua aplicação no município de Vilhena - RO 80
7. CAPÍTULO 5
GESPÚBLICA – Programa Nacional de Gestão
Pública e Desburacratização: aplicabilidade sob
enfoque social 103
8. CAPÍTULO 6
Controladoria na Gestão Pública municipal: um
enfoque no controle interno no município de Vilhena 117
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que apresentamos este livro com uma coletânea de artigos
sobre o tema Gestão Pública. Primeiro trabalho, deste gênero, realizado por um
grupo de professores e alunos do curso de Ciências Contábeis, na Universidade
Federal de Rondônia, Campus de Vilhena.
A maior parte da pesquisa, os quatro primeiros capítulos, refere-se à aplicação
da legislação, em especial a Lei de Responsabilidade Fiscal, no Município de Vilhena,
estado de Rondônia. O penúltimo capítulo refere-se ao programa GESPÚBLICA,
e o último à Controladoria no setor público municipal.
A Gestão Pública passa por um momento de modernização advindo,
principalmente, da evolução tecnológica. A sociedade também passa a exigir, dos
gestores governamentais, mais eficiência na aplicação dos recursos públicos oriundos
de tributos. Com isso, os servidores públicos estão sendo mais exigidos
profissionalmente, havendo, atualmente, maior necessidade de especialização.
As recentes discussões sobre o controle dos custos na gestão governamental
aumentam a cada dia, tanto que, nas recentes Normas de Contabilidade Aplicadas
ao Setor Público, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, foi incluído o
sistema de custos e, com isso, de agora em diante, haverá uma maior precisão da
aplicação dos recursos públicos, em especial nos investimentos em obras.
A transparência da administração pública é outro aspecto importante a ser
constantemente debatido, favorecendo, assim, o controle social das contas públicas.
Deve-se combater, insistentemente, a corrupção, discuti-la no meio acadêmico,
conscientizar a sociedade a não aceitar práticas ilegais e imorais e sim forçar os
gestores públicos a serem mais zelosos no uso dos recursos públicos, a serem mais
transparentes e promoverem o bem estar da coletividade, que é a finalidade primeira
da Administração Pública.
Nos cursos de Ciências Contábeis, historicamente, o ensino tem ênfase maior
nas contas empresarias, ou seja, na administração e contabilidade privada. Com este
“Ensaios de Gestão Pública” esperamos que a Contabilidade Pública, bem como a Gestão
Pública, passe a ser também mais debatida entre os acadêmicos rondonienses e que
este trabalho seja um ponto de partida para outros trabalhos científicos deste tipo.
RESUMO
-----------
A transparência das contas, atos e fatos da gestão pública é um dos
pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal. É também pressuposto essencial
para a promoção da cidadania, via participação popular. A sociedade deve se
envolver e participar mais nas atividades administrativas dos municípios, e
por outro lado o Poder Público Municipal tem obrigação de estimular o
controle social. O objetivo da pesquisa é estudar esse pressuposto da Lei, a transpa-
rência, no âmbito municipal e verificar se o município de Vilhena, Estado de Ron-
dônia, tem aplicado todos os regramentos referentes a ela.
É estudada também a evolução do princípio da transparência desde a Cons-
tituição Federal de 1988 até o ano de 2009. A pesquisa tem por base consulta aos
dados publicados pelo pela prefeitura de Vilhena, em sua home page, bem como
uma visita à Secretaria Municipal de Fazenda e Controladoria Geral do Município,
onde foi aplicada técnicas de pesquisa como observação, questionário e entrevista.
A pesquisa divide-se em etapas: a bibliográfica, a documental e a de campo.
1
Professor da Universidade Federal de Rondônia, curso de Ciências Contábeis. Especialista em
Contabilidade e Controladoria. E-mail: alexandrevha@hotmail.com.
2
Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Rondônia. E-mail:
elineslara@bol.com.br
3
Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Rondônia. E-mail:
lucielint@hotmail.com.
18 Ensaios de Gestão Pública
Introdução
A Lei n.º 101/00 conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
que é uma lei complementar, trouxe grandes mudanças na gestão pública
quanto ao planejamento das ações do governo, e também quanto à regulação
dos gastos, contribuindo significativamente para a evolução de conceitos de
responsabilidade, eficiência e transparência na gestão pública. A evolução desses
conceitos influencia diretamente no desenvolvimento econômico e social de
um país, como enfatiza o ex-presidente da Assembléia Legislativa do Estado
da Bahia, Reinaldo Braga:
O processo de modernização das instituições públicas, condi-
ção essencial ao desenvolvimento social, econômico e político
do País, passa necessariamente por uma gestão responsável
centrada nos princípios éticos e morais que devem nortear a
conduta do administrador público, tendo como meta o alcance
do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o atendi-
mento às necessidades da população. (ALEBA, 2002: 5)
Segue o autor dizendo sobre o IBGC, sobre o seu código das melho-
res práticas de governança corporativa, ressaltando que a administração
deve cultivar o “desejo de informar” e não apenas por imposição legal.
Mesmo não sendo obrigatório a elaboração de um Balanço Social, os gover-
nos o deveriam elaborar, publicar e incluir em suas prestações de contas. Assim,
poderiam informar informalmente seus planos, projetos, ações e investimentos.
A sociedade deve desempenhar papel relevante nas discussões e na ela-
boração dos planos de governo, cabendo a este o dever de informar perio-
dicamente à população, em audiências públicas e também por meio eletrôni-
co, o andamento dos negócios públicos.
A transparência além de permitir o debate sobre os negócios públicos,
é também uma forma de garantir a legitimidade das ações governamentais.
Informação e Transparência
O cidadão e as empresas são os principais financiadores do governo,
por meio dos tributos recolhidos, e estes estão mais conscientes em exigir do
poder público o destino dos recolhimentos tributários que serão, para o Esta-
do (União, Estados federados, Distrito Federal e Municípios), a sua arrecada-
ção para o adequado financiamento do setor público. O governo não deve
esquivar-se de sua responsabilidade na aplicação desses valores públicos, bem
como da devida prestação de contas.
Com a evolução da informática e da rede mundial de computadores e
dos vários veículos de comunicação, as pessoas, empresas e contribuintes
têm acesso rápido e variado às mais diversas informações.
Para haver transparência é preciso informação e sem o seu adequado
acesso os cidadãos ficam privados de realizarem julgamento das ações e
programas desenvolvidos pelo governo. Em vista de tal necessidade é notó-
rio saber se os Controles Internos do governo promovem tal feito.
A informação ocorre quando há comunicação e o receptor entende a
mensagem, caso contrário ela será simplesmente um dado.
Nessa esteira, afirma Rezende (2007): “[...] a informação é todo o dado
trabalhado ou tratado”. Conclue este autor da seguinte: “Quando a informa-
24 Ensaios de Gestão Pública
IV – GARANTIAS DE INTEGRIDADE
4.1 As informações fiscais devem satisfazer normas acei-
tas de qualidade de informações.
4.2 As informações fiscais devem ser objeto de escrutínio
independente.
(CRUZ, 2006: 346-349)
Para maiores detalhes é necessário ler todo o Código. Mas, pelo expos-
to já se destaca a necessária divulgação das informações fiscais ao público para
a devida transparência. Destaque se dá que o acesso às informações não é
somente do passado, mas também das ações governamentais programadas.
o controle social das contas públicas pelo cidadão, incentivando assim sua
cidadania e obedecendo a Lei com relação ao princípio da transparência.
A Constituição Federal (CF) de 1988 no seu artigo 31, parágrafo 3º
ordena que:
Instrumentos de Transparência
A LRF dispõe em seu artigo 48 sobre os instrumentos de transparência da
gestão fiscal, aos quais devem ser publicados em órgão oficial e na internet:
• Compras.
Foi verificado que são realizadas audiências públicas permanentes e
que há participação no planejamento do município, ou seja, na elaboração
do PPA há participação popular.
O município publica periodicamente o RREO e RGF no Diário Ofi-
cial do Município e os encaminha à Câmara Municipal e Tribunal de Con-
tas do Estado, mas como constatado anteriormente, estão publicados em
sua home page apenas os relatório de 2008 e 2009.
As contas, conforme a LRF, apresentadas pelo prefeito ficam dispo-
níveis, durante todo o exercício na Câmara Municipal e no órgão técnico
responsável pela sua elaboração, que é a Contadoria Geral, para consulta e
aprovação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Conclusão
Conforme a bibliografia analisada e discutida, bem como a legisla-
ção correlata, é notório que o Poder Público de todos os níveis de gover-
no devem divulgar informações fiscais e procurar ser transparente, utili-
zando a tecnologia atual para promover o acesso por parte do cidadão e
de toda a sociedade ou de quaisquer interessados inclusive de fora da
cidade aos dados e informações, para facilitar o devido controle social e
promoção da cidadania.
Ribeiro (2004) cita a transparência como um dos instrumentos para com-
bater a corrupção na administração pública e assim é citada sua conclusão:
Acredita-se que a obediência a essas novas regras, impostas pela LRF, irá
permitir um equilíbrio fiscal permanente em nosso país, proporcionando o
restabelecimento do fortalecimento das finanças públicas de todos os entes da
federação. Através da observância aos princípios desta lei será possível verificar
um aumento de disponibilidade de recursos, aumento este capaz de atender às
exigências dos investimentos, tanto no aspecto social, quanto no econômico.
Deve-se estimular uma maior transparência, participação popular, pro-
movendo assim o controle social das contas públicas e a cidadania.
Quanto à participação popular na gestão pública, não só é viável, como
necessária, a fim de contribuir na definição de prioridades, que deverão ser
incluídas no PPA, na LDO e na LOA e quando da elaboração do Plano Dire-
tor. O envolvimento do povo nos planejamentos e na transparência é condição
fundamental para o salto de modernidade na gestão pública. A participação
popular no planejamento público e a transparência pública serão, a longo pra-
zo, um instrumento de educação política e cívica, capaz de formar um cidadão
consciente da importância de participar das decisões que direcionarão o desti-
no do seu Município, seu Estado e de seu país.
Todo o gestor público, ao assumir o governo, deve estar atento à gestão
fiscal responsável, assegurando a participação popular e a transparência da
gestão pública. Para isso, esperamos que a LRF preste uma significativa con-
tribuição aos administradores públicos na perspectiva de uma gestão respon-
sável, voltada essencialmente para o desenvolvimento econômico e o pro-
gresso social, onde prevaleçam os princípios que devem reger a administra-
ção pública: eficiência, legalidade, moralidade, transparência e honestidade
na aplicação do dinheiro público.
Com relação à pesquisa realizada no Município de Vilhena – RO
constatou-se um grande esforço, tanto pela Contadoria Geral quanto pela
Controladoria Geral do Município, na melhoria da transparência. A audi-
ência pública para expor as contas é bem organizada, apresentada no
auditório da prefeitura e a comunidade é avisada com antecedência pelos
veículos de comunicação.
Recomenda-se, por fim, que o município publique em sua home page
os demais relatórios e documentos conforme o artigo 48 da LRF, entre
os quais se considera importante a publicação do parecer prévio do Tribunal
de Contas do Estado, para conhecimento da aprovação deste sobre as con-
tas do município pelos cidadãos. Deve também o município publicar relató-
rios e informações conforme a Lei nº. 9.755/98 e a Instrução Normativa nº.
28/99, na página “Conta Públicas” do Tribunal de Contas da União.
36 Ensaios de Gestão Pública
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RIBEIRO, Antônio Silva Magalhães. Corrupção e controle na administração
pública brasileira. São Paulo: Atlas, 2004.
A Transparência na Gestão Pública 37
RESUMO
-----------
As despesas com pessoal são as que têm maior peso no total das despesas
governamentais e por isso na legislação atual existem regras e limites. Diante
da leitura de um artigo sobre os gastos com pessoal nos municípios do Estado
de Santa Catarina, surgiu a curiosidade de uma pesquisa nos municípios do
Estado de Rondônia. O objetivo da pesquisa é uma analise e uma
demonstração dos gastos com pessoal nos Poderes Executivos e Legislativos
dos municípios do Estado de Rondônia, e especial na cidade de Vilhena-RO
e verificar os municípios que tiveram despesas acima dos limites legais. Esta
pesquisa tem por base consulta aos dados publicados pelo Tribunal de Contas
do Estado de Rondônia em seu site oficial, no período de 2006 a 2008, e
também pela prefeitura de Vilhena, bem como uma visita à Secretaria
Municipal de Fazenda, onde foi aplicada técnicas de pesquisa como
observação, questionário e entrevista. O estudo se inicia com e a Constituição
Federal e a Lei de Responsabilidade Fiscal e após detalhamento da aplicação
da lei nos municípios rondonienses. A pesquisa divide-se em etapas: a
bibliográfica, a documental e a de campo.
1
Professor da Universidade Federal de Rondônia, curso de Ciências Contábeis. Especialista em
Contabilidade e Controladoria. E-mail: alexandrevha@hotmail.com.
2
Acadêmico do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Rondônia. E-mail:
rodisbh@hotmail.com.
3
Acadêmico do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Rondônia. E-mail:
thiago_alexandre@hotmail.com.
39 Ensaios de Gestão Pública
Introdução
O presente estudo apresenta uma análise sobre os gastos com pessoal
do Poder Executivo e Legislativo dos municípios do Estado de Rondônia, e
em especial o de Vilhena.
A pesquisa buscou trazer uma visão sobre a atual situação dos
municípios de Rondônia quanto aos percentuais de gastos com pessoal em
relação à Receita Corrente Líquida (RCL), com foco no cumprimento da
norma constitucional e na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O trabalho
tem por base informações dos anos de 2006 a 2008 extraídas do site oficial
do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, da Prefeitura de Vilhena e de
visita na Secretaria Municipal de Fazenda do Município de Vilhena.
Após uma leitura do artigo do professor Flávio da Cruz (2001) o qual
fez uma pesquisa sobre as despesas com pessoal nos municípios do Estado
de Santa Catarina, ficou caracterizada uma curiosidade sobre um diagnóstico
sobre o mesmo tema nos municípios de Rondônia. O resultado da pesquisa
do professor foi que dos 293 municípios catarinenses, 274 prestaram
informações ao Tribunal de Contas de Santa Catarina para que este divulgasse
em seu site oficial em março de 2001, um ano após a LRF.
O relato de Cruz (2001) foi: “Dos 274 municípios analisados, 265
(96,72%) atendeu ao limite nas despesas com pessoal no Poder Executivo,
contra 9 (3,28%) que descumpriu”.
Nesse período Araújo (2001) escreveu sobre a importância sobre
preparação, planejamento e controle das despesas públicas:
Diante do alto percentual de gastos com pessoal pelos Estados nesse período,
procuramos pesquisar a situação desses mesmos gastos no âmbito municipal em
Rondônia e em especial o Município de Vilhena, nos três últimos anos.
As regras e limites de despesa com pessoal são detalhados na Lei de
Responsabilidade Fiscal, que é uma lei complementar, e normatiza a gestão
fiscal no Brasil.
Desta forma, discorrer-se-á sobre o assunto de maneira a estabelecer
um diagnóstico acerca dos gastos com pessoal nos municípios de Rondônia,
e em seguida no de Vilhena, e assim, demonstrar a situação atual dos gastos
com pessoal dos municípios rondonienses.
As etapas da pesquisa seguiram a bibliográfica, na qual se buscou o
embasamento teórico e científico, seguida de uma pesquisa documental, com
uma análise da legislação correlata e uma pesquisa de campo com visitas nas
páginas (homepages) do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia e do
Município de Vilhena. Foi realizada também uma visita “in loco” na prefeitura
municipal de Vilhena nos setores da Controladoria Geral do Município e na
Contadoria Geral da Secretaria Municipal de Fazenda, com a aplicação das
técnicas de pesquisa da observação, entrevista e questionário.
Na Constituição Federal
A Carta Magna reservou dentro da Seção II – Orçamentos do Capitulo
II – Das Finanças Públicas parte para tratar sobre o assunto ora abordado.
41 Ensaios de Gestão Pública
No que tange ao § 2º, a lei estabelece que, a despesa total com pessoal
será calculada somando-se a realizada no mês com os outros onze meses
anteriores ao mês de referência. Desta forma, por exemplo, se a apuração
ocorre no mês de agosto de 2005, temos que a despesa total será a soma
deste mês com os onze meses anteriores a ele. Assim, somar-se-á os gastos
dos meses de janeiro a julho de 2005 e de Setembro a Dezembro de 2004.
No tocante aos limites globais com os gastos aqui tratados, importante
conhecer o que dispõe os incisos e o caput do art. 19 da LRF:
divide-se em: 54% para o executivo e 6% para o legislativo. Sendo que estes
limites são conhecidos como “Limites Máximos”.
Cumpre observar, que a lei em comento, esclarece o que será considerado
como receita corrente líquida, conforme inciso IV do Art. 2º, transcrito abaixo:
órgãos sobre tal fato. Neste sentido, no caso do Poder Executivo e Legislativo
dos municípios, têm-se os seguintes limites:
Vedações na LRF
O artigo 22, no seu parágrafo único, elenca as vedações caso o limite
prudencial for ultrapassado, as quais enumeramos a seguir:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de
determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do
art. 37 da Constituição;
II - criação de cargo, emprego ou função;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal
a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II
do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na LDO.
Caso os limites máximos forem ultrapassados, deve-se seguir o
estabelecido no art. 23:
(Fonte: Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, Contas Públicas, 2009 (extraído da internet, no
endereço: http://www.tce.ro.gov.br/nova/contaspublicas/despesacorrente.asp?ano=2006, em 04/06/2009))
- Porto Velho
- Rolim de Moura
- São Miguel do Guaporé
Municípios que se encontravam com despesas abaixo do “Limite
Máximo” (54%) e acima do “Limite Prudencial”:
- Colorado d‘Oeste
- Guajara Mirim
- Novo horizonte d‘Oeste
- Ouro Preto d‘Oeste
- Presidente Médici
- Santa Luzia d‘Oeste
No tocante aos municípios de Jaru e Pimenteiras estavam com o
percentual de gasto com pessoal acima do “Limite Máximo” permitido pela
Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, acima de 54%.
Pode-se dizer que no ano de 2006, 26,92% dos Poderes Executivos dos
municípios, estão acima do “Limite de Alerta”; 11,53% estão acima do “Limite
Prudencial”; e 3,84% estão acima do “Limite Máximo”, ou seja, 42,30% dos
municípios rondonienses encontra-se com gastos além do desejável.
A respeito dos municípios não citados, conforme demonstrado pela
Tabela 2, estavam abaixo do “Limite de Alerta” (48,60%).
Fonte: Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, Contas Públicas, 2009 (extraído da internet, no
endereço: http://www.tce.ro.gov.br/nova/contaspublicas/despesacorrente.asp?ano=2007, em 04/06/2009)
Importante destacar que, o município de Jaru foi o único dos que estavam
acima do “Limite Máximo” em 2006 que continuou em tal situação no ano
de 2007 e 2008. Os municípios de Pimenteiras e de Nova Mamoré excederam
o “Limite de Alerta” em 2008, porém ficaram abaixo do “Limite Prudencial”.
Já Ouro Preto d´Oeste, no mesmo ano, ficou aquém do “Limite de Alerta”.
Fonte: Autor (com base nos dados do site do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia,
Contas Públicas, 2009)
Conclusão
A Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição Federal de 1988
estabeleceram limites às despesas com pessoal, de maneira a assegurar a manutenção
das condições financeiras e econômicas dos Poderes e órgãos públicos.
Verifica-se que essas normas são muito importantes para gestão fiscal,
de modo que garantem à sociedade certo controle nos gastos públicos.
Em relação à situação das despesas com pessoal nos municípios de
Rondônia, percebe-se que uma quantidade significativa dos Poderes Executivos
municipais enfrenta dificuldades com a observância dos limites. No ano de
Situação dos Gastos com Pessoal nos Municípios de Rondônia (2006 a 2008) 54
tais informações para que possa participar do controle social das contas
públicas e exercer assim sua cidadania.
Referências
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perante a lei complementar n. 101, de 4.5.2000. São Paulo: LTR, 2001.
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101/00. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, DF: Câmara
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Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, a Lei n. 1.079, de 10
de abril de 1950, e o Decreto-Lei n. 201, de 27 de fevereiro de 1967. Brasília,
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CRUZ, Flávio da, (Coordenador) et al. Lei de responsabilidade fiscal comentada.
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Acesso em: 02 de junho 2009.
Capítulo 3
A UTILIZAÇÃO DOS CUSTOS PARA AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO DE PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS E SUA
APLICAÇÃO NO MUNICÍPIO DE VILHENA-RO
Severino Miguel de Barros Júnior1
RESUMO
-----------
O tema ora abordado demonstra a importância e a necessidade de se
implantar um Sistema de Custos na área pública e as dificuldades quando na
sua aplicação ao Município de Vilhena, Estado de Rondônia, considerando
sua importância para a região como pólo de implementação de políticas
públicas e técnicas baseadas em o novo modelo social. A partir dessa constatação
foi realizada uma pesquisa geral sobre custos no setor público, destacando a
técnica utilizada como ferramenta da mensuração de programas
governamentais da administração pública contemporânea, alicerçada em
gerenciamento e planejamento de ações voltadas ao bem comum da população.
Introdução
O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia vem exigindo de seus
jurisdicionados um sistema de custeio que demonstre gasto alocado em serviços
prestado através dos programas de governo, com o intuito de atender as
mudanças na legislação (art. 74 da Constituição Federal de 1988; art. 4º do
Decreto nº. 2.829/98; art. 50 da Lei Complementar nº. 101/2000). Durante
a Auditoria Integrada realizada no Município de Vilhena no primeiro semestre
1
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Pós-Graduado
em Controladoria de Negócios e Gestão. E-mail: junior@pmv.com.br
A Utilização dos custos para avaliação de desempenho de Programas Governamentais... 57
Justificativa
Dentro das formas de Administração Pública enunciadas por Bresser
Pereira (1996) pode-se afirmar que o traço predominante das entidades
públicas até época recente era o de “organização burocrática”, que enfatizava
2
Programa – instrumento de organização da ação governamental visando à concretização dos
objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual –
Portaria do Ministério do Orçamento e Gestão nº. 42, de 14 de abril de 1999 (Publicada no D.O.U.
de 15/04/99).
58 Ensaios de Gestão Pública
não o “resultado” das suas ações, mas, sobretudo os “processos” pelos quais
estas ações se realizam. Contudo, isso tem mudado significativamente, posto
que, a sociedade cada vez mais informada torna-se mais exigente quanto aos
gastos públicos. Um país em crescimento precisa de ajustes fiscais, de forma
a conter gastos e mostrar resultados tanto internos quanto externamente na
visão de seus investidores.
A sociedade passa a ter alguns orientadores dessa nova era de gestão
responsável com o surgimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF e de
outros normativos reguladores.
Outro aspecto, ainda a ser considerado, é o fato de que no processo de
planejamento orçamentário, os recursos não são alocados devidamente nos
programas de governo a serem executados por cada entidade. É comum, em
órgãos públicos, diversas unidades desenvolverem mais de um programa de
governo, com determinadas dotações orçamentárias· previstas em apenas
um desses programas.
Constatamos no Orçamento Anual do Exercício 20063 no Município
de Vilhena a existência de 31 Unidades Orçamentárias, destas, 20 têm dotação
para pagamento de pessoal. Contudo, destas unidades, apenas 2 fizeram
previsão para despesas de pessoal em mais de um programa as outras 18
Unidades Orçamentárias apresentaram dotação em apenas um programa.
Destarte, a má distribuição dos custos por programa de governo é
demonstrada na própria peça orçamentária do município, o que poderia ser
corrigido ainda na elaboração da proposta a ser encaminhada ao parlamento,
condicionando os gastos de cada programa com seus funcionários e não
como despesa administrativa, como é feito atualmente.
Tal constatação demonstra certa falta de interesse em unir ferramentas
da contabilidade gerencial (custos) com as normas reguladoras da contabilidade
pública estatuídas pela Lei 4.320, de 17 de março de 1964 (orçamento-
programa). Nota-se que essa normativa foi marcante para o estabelecimento
de um processo de controle na administração pública, ditando normas gerais
de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos, entretanto,
demonstra-se que esse controle tem como enfoque principal apenas o aspecto
da legalidade.
A Constituição de 1988 veio trazer em seu contexto não só a
preocupação com a legalidade, mas também com os resultados, determinando
que o controle interno de cada Poder tem a finalidade de avaliar o cumprimento
das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo
3
Orçamento Anual 2006 - Prefeitura do Município de Vilhena-RO. Lei 1952/2005 23.12.2005
A Utilização dos custos para avaliação de desempenho de Programas Governamentais.. 59
Objetivo Geral
· Investigar e analisar as características das organizações públicas nos seus
aspectos particulares, que as diferenciam das organizações privadas, avaliando
em que medida o modelo-padrão de sistema de custos pode se adequar à
realidade das mesmas, ou a necessidade de ajustes para atender às finalidades
pretendidas.
Objetivos Específicos
· Avaliar as possibilidades concretas de utilização de um modelo de
sistema de custos na Prefeitura de Vilhena.
· Identificar as atividades que são desenvolvidas pelas unidades do órgão
público, bem como conhecer a forma com que se aplica o recurso para a
obtenção do produto final (o bem-estar da coletividade).
Metodologia
Este trabalho se constitui de uma pesquisa do tipo exploratório e, para
alcançar os objetivos propostos, a pesquisa foi desenvolvida da seguinte forma:
Referencial Teórico
Com a evolução da sociedade e com o evento de privatizações das
empresas públicas, faz-se necessário que os gestores de entidades públicas
conheçam os custos de suas entidades, a fim de poderem tomar as melhores
decisões entre as alternativas de produzir ou de comprar produtos e serviços,
de produzir ou terceirizar serviços.
Partindo desse princípio, Slomski (2003, p.376) conceitua custo como “todo
o sacrifício (consumo) de ativos para a obtenção de produtos ou serviços”.
Martins (2003, p.25) define custo como o “gasto relativo a bem ou
serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Já sobre o termo
despesa o mesmo autor dá o conceito de “bem ou serviço consumido direta
ou indiretamente para obtenção de receitas”.
Na contabilidade de entidades públicas, por ser orçamentária, todo o
consumo de recursos é registrado como despesa, seja despesa corrente ou
despesa de capital. No entanto, quando as entidades quiserem proceder ao
cálculo do custo, é necessária a identificação do consumo dos ativos para que
se proceda à mensuração dos custos da produção dos serviços por elas
produzidos e, com a identificação dos ativos consumidos, a entidade deverá
decidir pelo sistema de custeio a ser utilizado para o cálculo do custo.
Ao contrário do setor privado, as experiências com sistemas de custos
no serviço público são bem recentes. Salvo algumas experiências isoladas,
pode-se dizer que não há cultura de custos no serviço público no Brasil,
conforme explica Nunes (1998, p.8). Isto também vale para a maioria das
economias desenvolvidas, especialmente no setor público típico. Já nas empresas
estatais, pela sua relação direta com o mercado, ainda que em regime de
monopólio, sempre houve a necessidade de se produzir alguma informação
sobre custos, pois o mercado requeria uma regra de formação de preços
(dos produtos produzidos pelas estatais). A legislação4 também impôs a
necessidade de avaliar estoques e de apurar lucros, de onde foi reforçada a
4
No caso brasileiro, à Lei das Sociedades por Ações, Lei n.6.404/76, que, entre outras disposições,
estabeleceu a obrigação legal de determinadas demonstrações contábeis.
A Utilização dos custos para avaliação de desempenho de Programas Governamentais.. 61
que não houvesse grande incentivo para discutir o tema “custos no serviço
público”. Com a década de oitenta veio a intensificação da crise fiscal do
Estado e a maior exposição da economia nacional à competição internacional,
forçando o Estado a reorientar a política econômica e, em particular, conter
suas despesas. Dada a impossibilidade política de aumentar a carga tributária,
a palavra de ordem passou a ser cortar gastos. A política de corte de gastos
atravessou a década de oitenta e entrou na década atual, alcançando o limite
de suas possibilidades.
A diferença entre despesa e custo tem particular interesse no contexto
atual. Enquanto a despesa é o desembolso financeiro correspondente a qualquer
ato de gestão do governo, o custo mede o consumo de recursos na produção
de um bem ou serviço (custo do produto). O custo também mede o consumo
de recursos pelas atividades das organizações governamentais (custo da
atividade ou de processo).
Como ilustração da distinção entre despesa e custo, Slomski (2003)
observa que:
Orçamento e Custos
A administração pública vem mantendo os registros de todas as operações
em seus sistemas sob o aspecto financeiro e contrapartidas patrimoniais, com
a prioridade de verificar a legalidade dos atos dos administradores, em prejuízo
de sistemas que permitam verificar os resultados atingidos. A falta de um
sistema que proporcione essas informações inviabiliza medir o desempenho
da administração. A escrituração da execução orçamentária no âmbito dos
municípios, aparentemente, poderia indicar que existe uma facilidade para se
alocar os gastos aos programas com a utilização da classificação programática
baseada em programa e projeto/atividade.
Segundo Silva (2003):
6
Respectivamente Leis Municipais: 1.726 art. 48; 1.852 art. 50; 1.942 art. 50.
66 Ensaios de Gestão Pública
Nem mesmo todos esses adjetivos qualificam o ACP para uma série de
organizações menores, posto que, sua complexidade apresentada no plano
de contas dificulta em muita sua utilização em prefeituras menores e autarquias
que dependem de dados demonstrados de forma mais simplista. Contudo, a
apropriação pode obedecer também a critérios manuais, quando não se
consegue dados mais concretos sobre as atividades desenvolvidas o que,
somando positivamente ao contexto geral, torna o sistema reputado como
uma das melhores aplicações práticas da contabilidade gerencial no âmbito
das organizações públicas brasileiras.
Figura 2.
Visão geral
do sistema de
custos
72 Ensaios de Gestão Pública
Histórico
O Município de Vilhena tem população estimada em 63.947 habitantes7
e está categorizado entre os quatro maiores do Estado de Rondônia e, nos
últimos dez anos, em virtude da expansão do setor agroindustrial, em particular
a cultura da soja e do girassol, ocasionada por sua localização geográfica e
clima favorável, propiciando ao município um desenvolvimento econômico
considerável, tem atraído famílias de inúmeras cidades vizinhas e de outros
estados brasileiros em busca de empregos que estão sendo gerados pela
instalação de indústrias de beneficiamento desses produtos. Em conseqüência
disso, serviços prestados a comunidade têm recebido um aumento significativo,
verificado no número cada vez maior de pessoas que solicitam número de
vagas nas escolas municipais, leitos no hospital regional da cidade e limpeza
de ruas, extrapolando o número idealizado no último plano municipal (PPA
2001-2005) e ocasionando, em muitos casos, uma superlotação com
comprometimento do atendimento.
Exemplo disso são as escolas da rede municipal que, apesar de todos os
esforços envidados em ampliar a oferta de vagas na Educação Infantil e
Fundamental nos últimos quatro anos, não possuem mais um espaço físico
adequado para acomodar, de modo satisfatório, toda a clientela oriunda desse
crescimento econômico. Desse modo, a Secretaria Municipal de Educação deve
procurar investir todos os recursos institucionais destinados à educação, na
melhoria da qualidade das suas instalações físicas e em capacitação de servidores
para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pela rede municipal de ensino.
Para exprimir as metas anuais a Secretaria Municipal de Educação, assim como
as demais unidades administrativas do município, precisaram se adaptar a realidade
exigida pela Instrução Normativa 009/2003 do TCER, visando oferecer a peça de
planejamento governamental uma temática mais técnica sem os interesses de marketing
pessoal para o gestor observado em planos municipais das ultimas décadas.
7
População estimada em 01.07.2005 segundo o IBGE – www.ibge.gov.br Acesso em 15.04.2006
A Utilização dos custos para avaliação de desempenho de Programas Governamentais... 73
Outras informações:
a) Durante o mês foram recuperados 34,52 KM de estrada linha 15.
b) Dados preliminares estabeleceram que os serviços seriam basicamente:
1. Limpeza mecanizada
2. Homogeneização
3. Compactação da plataforma a 95% do PN (8,00 m)
4. Construção de valetas com 10,00 m para escoamento da água a cada 1 KM
5. Placa de obra de 10 m2
c) Considerou-se para previsão o INCC (Índice Nacional da Construção
Civil) e a tabela utilizada pelo DEVOP (Departamento de Viação e Obras Públicas)
do Governo do Estado de Rondônia.
d) O rateio dos custos indiretos é baseado nas equipes, considerando–se que o
A Utilização dos custos para avaliação de desempenho de Programas Governamentais... 77
Conclusão
Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, a contabilidade pública
teve que adaptar seu processo no manuseio e análise das informações
disponibilizadas. Atualmente, a busca pela qualidade do gasto público se apóia
sob a ótica de avaliação das ações de governo e dessa forma necessita de
indicadores de eficácia (alcance das metas desejadas), eficiência (custo em relação
ao benefício) e efetividade (satisfação dos usuários). Pode-se notar que a gestão
de custos está presente nesses três critérios de avaliação.
As observações efetuadas no levantamento bibliográfico permitem
concluir que os sistemas de custos e as práticas gerenciais decorrentes da sua
utilização encontram fundamentos teóricos na doutrina contábil, mesmo sendo
de difícil implantação, visto que essa mesma doutrina não aponta qual o sistema
mais adequado à realidade dessa nova instituição pública. Contudo, a pesquisa
também revelou que a aplicação de tais fundamentos encontra amplas
possibilidades de êxito na realidade do setor público, mediante a construção
de sistemas de custos que se baseiem na Contabilidade Pública (financeira)
78 Ensaios de Gestão Pública
Referências
AFONSO, Roberto A.E. A contabilidade gerencial como instrumento de melhoria
do desempenho. 3º Premio de Monografia Tesouro Nacional – Informe SF/
BNDES nº 18. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/conhecimento/
informeSF/inf_18.pdf. Acesso em: 15 nov. 2005.
ALONSO, Marcos. (1999), Custos no serviço público. RSP Revista do Serviço
Público n. 1. Brasília. 1999.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. O sistema de custos do Banco Central do
Brasil - Um estudo do caso. Trabalho elaborado pela equipe da Consultoria de
Custos e Informações Gerenciais do Departamento de Planejamento e
Orçamento do Banco Central. Brasília. Abril de 2004.
A Utilização dos custos para avaliação de desempenho de Programas Governamentais... 79
RESUMO
-----------
Para manter uma boa política de desenvolvimento social, é necessário
empenho, discernimento e dedicação dos administradores municipais, no
intuito de melhor gerir os recursos próprios e buscar outros junto às demais
esferas do Governo. Tais recursos destinam-se, além do funcionamento da
máquina administrativa, à manutenção e ampliação de programas sociais e de
atendimento à população, com a finalidade de diminuir a desigualdade social.
Ou seja, faz-se necessário desenvolver uma sólida e profunda Responsabilidade
Social nos administradores, na busca por um maior, melhor e mais justo
desenvolvimento humano, social e ambiental. O tema ora abordado consiste
na elaboração de um modelo de Balanço Social voltado para área Pública
Municipal, aplicando-o ao município de Vilhena – RO, baseando-se em
pesquisas bibliográficas e tem como objetivo propor uma metodologia de
apresentação das informações e resultados alcançados no desempenho das
suas atividades administrativas, decorrentes da atuação como Agente Público.
Desta forma, o Balanço Social cumpre os propósitos de estruturar, organizar,
simplificar e informar seus usuários sobre as realizações, contribuições e obras
para o desenvolvimento sócio-econômico, bem como, objetiva servir de
instrumento interno de reflexão, de modo que, anualmente, os gestores
públicos possam planejar, acompanhar e avaliar comparativamente o
1
Licenciada em Letras pela UNIR e Pós-Graduanda em Controladoria de Negócios e Gestão. E-mail:
fabiola_vla@hotmail.com
2
Bacharel em Ciências Contábeis pela UNIR. Pós-Graduando em Controladoria de Negócios e
Gestão. E-mail: hataka@hotmail.com
Proposta de Balanço Social para a área pública municipal e sua aplicação... 81
Introdução
Há muito se fala em responsabilidade social na esfera da iniciativa privada.
De fato, pode-se observar que no Brasil algumas empresas, têm levado a sério
suas relações com a comunidade, com o meio ambiente e com seu próprio
corpo de funcionários, até porque, nos últimos anos, essas relações tornaram-
se uma questão de estratégia financeira e de sobrevivência empresarial, quando
pensa-se a longo prazo. Isto sem falar do lado ético e humano que a
responsabilidade social envolve, e por sua vez, pode desenvolver.
Não se pode negar que o sucesso das organizações tem como plano de
fundo a ética, que pode ser caracterizada como uma ação responsável em
termos não apenas econômicos, mas principalmente sócio-ambientais, e
apresenta-se como o sustentáculo de uma grande organização.
Nesse contexto, a contabilidade tem entre seus objetivos refletir a
realidade patrimonial, ao passo que procura apresentar, por meio do sistema
de informações contábeis, um conjunto de demonstrações capazes de suprir
as necessidades informativas de seus usuários.
Esse sistema, vem tradicionalmente sendo constituído por informações
de ordem financeira, econômica e patrimonial, as quais não atendem aos
anseios dos usuários interessados em informações de cunho social e ambiental.
Nesse ambiente, surge então, o Balanço Social (BS), um demonstrativo que
tem como objetivo suprir tais necessidades.
Conforme Iudícibus et al. (2000): “Conceitua-se como ‘usuário’ toda pessoa
física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de
determinada entidade, seja empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo
patrimônio familiar”. Os autores destacam que os usuários das informações
fornecidas pelo BS podem ser: trabalhadores, acionistas, diretores,
administradores, gestores, fornecedores, clientes, contribuintes, sociedade,
governos, estudiosos, concorrentes, sindicatos, entre outros.
Silva (2002), classifica os usuários das informações contábeis do setor
público em três grupos de interesse, quais sejam:
a) cidadãos, para quem o governo é principalmente responsável;
b) os membros do Legislativo, que representam os cidadãos;
82 Ensaios de Gestão Pública
condição para a existência de uma nova ética nas organizações está nos
indivíduos, na ética pessoal. Para Passos (2004) “A organização ética é aquela
que valoriza o ser humano, que age de forma responsável, equilibrando seus
interesses econômicos com os sociais [...]”.
Passos (2004) destaca ainda que “É um ato humano e ético não aceitar
verdades prontas, de forma imposta, mas aquelas que a consciência crítica
aponta como aceitáveis”.
A estrutura governamental é composta por pessoas que são escolhidas
para administrar os bens públicos, e deve ser de forma responsável e
transparente. Por maiores que sejam as dificuldades, o gestor público tem
obrigação de mostrar a verdade ao povo, mesmo que isso impute em algo
negativo para sua imagem, como por exemplo, um desastre ecológico, caso
ocorra, ao invés de esconder a verdade, deve buscar auxílio junto a comunidade
para solucionar o problema, não medindo esforços no sentido de minimizar
seus impactos para o meio ambiente e, sobretudo, garantir o atendimento e
orientações necessários à população.
A transparência deve ser uma regra a ser seguida pelo gestor, e para
facilitar sua prática, recomenda-se a gestão comunitária, com a participação
de pessoas da comunidade e com condições éticas e técnicas para participarem
do processo (PASSOS, 2004).
Sobre a responsabilidade pública registra-se o pensamento de Tinoco (2008):
Indicadores
Segundo Kroetz (2000), “[...] em nível interno, as informações devem
expressar as iniciativas relevantes que contribuem para a qualidade de vida na
entidade e promoção humana de seus empregados, tais como: educação,
saúde, segurança no trabalho, alimentação e esporte”.
As ações a serem implementadas com este objetivo precisam
necessariamente estar contemplados no próprio orçamento ou planejamento
governamental, o qual demanda a observância de alguns princípios norteadores,
com destaque para os Princípios da Racionalidade e Razoabilidade; Previsão;
Unidade; Continuidade; Aderência; Publicidade e Clareza, o que, conforme
abordagem de Silva (2002), possibilita canalizar melhor os investimentos, em
todas as esferas governamentais.
Indicadores Ambientais
Refere-se a postura em relação aos recursos naturais, compreendendo
os gastos com programas ambientais como preservação, despoluição,
conservação de recursos naturais, campanhas ecológicas, educação sócio-
ambiental, e outras ações correlatas que possibilitem ao estado agir eficazmente,
intervindo preventiva ou corretivamente por meio de mecanismos viáveis de
ação que visem coibir ou amenizar problemas diretamente relacionados à
deterioração ambiental.
Caracterização do Município
Vilhena é um município que se destaca como importante pólo estratégico,
por localizar-se num entroncamento rodoviário que interliga todo o cone sul do
Estado de Rondônia, dos quais fazem parte os municípios de Corumbiara, Cerejeiras,
Colorado do Oeste, Cabixi e Pimenta Bueno e o Noroeste de Mato Grosso com
Municípios de Aripuanã, Juruena, Castanheiras, Juína, Brasnorte e Comodoro.
Sua emancipação político-administrativa foi efetivada pela Lei nº 6.448,
de 11 de novembro de 1977, tendo seu primeiro prefeito efetivo, tomado
posse à 23/11/77.
A área do município é de 11.366,99 Km2 (onze mil, trezentos e sessenta
e seis, e noventa e nove quilômetros quadrados), sendo 76,87 Km2 (setenta e
seis, oitenta e sete quilômetros quadrados), na zona urbana.
A população estimada do município (calculada com base no número
de eleitores – dados fornecidos pelo Cartório Eleitoral; número de matrículas em
creches, pré-escolas, escolas de ensino fundamental e ensino médio – dados fornecidos
pela Secretaria Municipal de Educação Esporte e Cultura e número de residências
– dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Planejamento) é de 84.564 (oitenta
e quatro mil, quinhentos e sessenta e quatro) habitantes. Porém dados oficiais informam
que Vilhena possui uma população de 53.549 habitantes (dados fornecidos pelo
IBGE, baseados no Censo 2000) (VILHENA, 2002 p. 4).
Proposta de Balanço Social para a área pública municipal e sua aplicação... 93
Quadro 5: Alimentação
Fonte: Secretaria Municipal de Fazenda de Vilhena.
Encargos Sociais
O regime de previdência usado pela PMV, é o Regime de Previdência
Geral do INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social, não tendo portanto
Previdência Privada.
Quadro 8: Educação
Fonte: Secretaria Municipal de Fazenda de Vilhena.
Saúde e Saneamento
A PMV vem aplicando em programas de Saúde Pública e Saneamento
valores acima do que determina a Legislação Federal, como: ampliação de
hospitais, reforma de postos de saúde, compra de ambulâncias, ampliação
do quadro de médicos, etc., disponibilizando à população atendimento
médico, exames laboratoriais e procedimentos de prevenção à saúde.
Habitação
Foram distribuídas 60 casas para população carente. Através de convênio
com o Governo Federal, com contra-partida do Município, 46 viúvas de
baixa renda foram beneficiadas com esse programa. Outras 14 casas foram
entregues para deficientes físicos.
Esporte e Cultura
A PMV investe no incentivo com esporte e cultura, promovendo ações
de apoio como convênios de repasse financeiro, projetos de iniciação esportiva,
organização de campeonatos e jogos escolares, festivais de música, etc.
Conta ainda com o projeto de iniciação esportiva “Bom de Bola, Bom
na Escola”, atendendo 400 crianças com idade entre 7 e 15 anos, nas
modalidades de atletismo, basquete, futebol, e voleibol, incentivando-as a
melhorar nos estudos e tirá-los da ociosidade das ruas e do trabalho infantil.
Assistência Social
A PMV possui diversos programas sociais, que beneficiam famílias de baixa
renda com diversos cursos, com destaque para: palestras, atividades esportivas,
lazer, acompanhamento médico e nutricional, entre outros.
Programas:
a) Gerar: É um programa de apoio e orientação às gestantes
oferecendo cursos, palestras com psicóloga, enfermeira, assistente social,
acompanhamento médico e nutricional, etc. Em 2004 foram atendidas 150 gestantes.
98 Ensaios de Gestão Pública
Outras ações
Convênios com entidades:
a) Apoio ao Centro da Juventude. Foram atendidas cerca de 70
adolescentes entre 15 a 17 anos de baixa renda, preparando-os para o ingresso
no primeiro emprego e afastando-os de transgressões como o uso de drogas,
prostituição e vandalismo;
b) Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos;
c) Associação Agente Mirim;
d) Orquestra Municipal;
e) Manutenção e apoio ao Conselho Tutelar;
f) Fundo Municipal de Assistência Social, que beneficia entidades
como Serviço de Assistência Social Evangélico, Lar dos Idosos e fornece
Passagens a pessoas para tratamento médico, distribuição de óculos, cestas
básicas, cadeiras de rodas, auxílio funeral.
3
PROFC – Projeto Oficina para Formação da Cidadania. PETI – Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil.
Proposta de Balanço Social para a área pública municipal e sua aplicação... 99
Urbanismo
Através de convênios com o Governo Federal, e de recursos próprios,
foram efetuadas diversas obras de pavimentação asfáltica, drenagem e
recapeamento das vias urbanas do município.
Indicadores Ambientais
A PMV executou investimentos na coleta de lixo nas zonas urbana e
rural, através de coletores coletivos, sendo o serviço executado com servidores
e equipamentos próprios. O lixo coletado é depositados em aterro sanitário
de propriedade do Município. Foram adquiridos 3 compactadores para coleta
de lixo. Diversos projetos de reciclagem de lixo e recuperação de áreas
degradadas estão em andamento.
100 Ensaios de Gestão Pública
Conclusão
Toda organização, além das responsabilidades econômicas, relacionadas
com a sua sobrevivência, sustentabilidade e geração de riquezas, tem também
algumas responsabilidades sociais, relacionadas com a promoção do bem
estar e do desenvolvimento das pessoas que para ela trabalham, das outras
organizações que com ela se relacionam, da comunidade onde atua, bem
como da sociedade em geral.
O Balanço Social é um instrumento por meio do qual a organização
consolida e apresenta um conjunto de informações, qualitativas e quantitativas,
relacionadas com o desempenho das suas responsabilidades sociais. Mais do
que uma prestação de contas para a sociedade, o BS deve ser entendido
como um importante instrumento, que possibilita a organização acompanhar
e avaliar as suas virtudes e fraquezas no campo das interações sociais.
Com base nos resultados e indicadores de desempenho apresentados
no Balanço Social, a organização pode planejar e executar um conjunto de
atividades que resultem em benefícios para os empregados, para a
comunidade, para o meio ambiente e para o próprio Estado. Assim
procedendo, a organização poderá, também, auferir melhores resultados, na
forma de aumento de produtividade dos seus empregados, fortalecimento
da sua imagem institucional e aumento da sua credibilidade. As pessoas estão
Proposta de Balanço Social para a área pública municipal e sua aplicação... 101
cada vez mais conscientes dos problemas que afetam a sua comunidade,
mais organizadas e atuantes em defesa dos interesses sociais e do meio
ambiente. Não se trata, apenas, de realizar filantropia, mas de executar um
conjunto de ações estrategicamente pensadas, que propiciem uma ampliação
de benefícios para muitos, inclusive para a própria organização.
A Metodologia proposta para a elaboração do Balanço Social cumpre
os dois propósitos de informar a sociedade sobre as suas realizações e
contribuições para o desenvolvimento sócio econômico da região, bem como,
de servir de instrumento interno de reflexão e planejamento das suas atividades.
A forma sistematizada da coleta de dados com o auxílio dos relatórios da
LRF permite uma fácil compreensão e demonstra o lado ético e transparente
da organização. Trata-se, portanto, de uma proposta, e como tal, poderá ser
implantada, avaliada e aprimorada. Contudo, muito ainda precisa ser estudado,
pesquisado, e realizado na prática para que esta idéia possa gerar frutos concretos
para benefício de toda a sociedade. Partindo de iniciativas como esta, pode-
se chegar a um modelo comum, e assim não será tarefa difícil implementá-la
na área pública municipal.
Referências
BRASIL. Constituição federal (1988). Emenda constitucional n. 29,
de 13/09/2000.
______.Lei Complementar n. 101, de 04/05/2000 – Lei de
Responsabilidade Fiscal.
______.Lei Complementar n. 4.320, de 17/03/1964 – Normas Gerais
de Direito Financeiro, Orçamentos e Balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.
CARVALHO, Eduardo. O Balanço social da empresa: uma abordagem sistêmica.
Portugal: Minerva, s.d.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Normas
brasileiras de contabilidade. Brasília, 2004. Disponível em <http://
www.cfc.org.br>. Acesso em 30/08/2005.
FRANCO, Hilário. Estrutura, análise e interpretação de balanços. 15 ed.
São Paulo: Atlas, 1989.
INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS – IBASE.
Balanço social anual. Disponível em: <http//:www.balancosocial.org.br>
Acesso em 15/09/2004.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto
Runes. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
102 Ensaios de Gestão Pública
RESUMO
-----------
Este artigo apresenta o Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização – GESPÚBLICA, que foi instituído pelo Decreto nº.
5.378, de 23 de fevereiro de 2005. Aborda a estrutura do Programa, sua
aplicabilidade e funcionalidade principalmente voltada à qualidade de
atendimento ao cidadão e as mudanças que devem ocorrer na Administração
Pública para que o Programa atinja seus objetivos. Uma dessas mudanças é o
processo de Desburocratização do serviço público voltado ao resultado e
não ao processo. Nesse aspecto surge a figura do Governo Eletrônico como
principal agente do processo de Desburocratização. Trata ainda sobre a adesão
ao programa GESPÚBLICA, destacando como devem proceder os
interessados em aderir ao programa e do importante papel de disseminação
e implantação que o ente deve assumir com o fim de buscar uma gestão
inovadora, voltando sua ações essencialmente ao bom atendimento do cidadão.
Introdução
As reformas gerenciais pelas quais o setor público tem gradualmente
passado a partir do processo de democratização do aparato político brasileiro,
implica na exigência de previsibilidade, planejamento e visibilidade das ações
executadas e na existência de controles administrativos mais eficazes.
Bresser Pereira (2002) conclui que a Reforma Gerencial faz parte da Reforma
do Estado. Este último é um movimento muito maior e é antes de tudo uma
reforma de gestão. “Está baseado na criação de instituições normativas e de
instituições organizacionais que viabilizam a gestão”. (PEREIRA, 2002: 23)
O Estado deve desenhar políticas e programas olhando para o cidadão e
seus problemas reais, com todas as implicações decorrentes. Os pontos fortes e
estratégicos da gestão empreendedora, a transparência e o diálogo público devem
ser constantes. Conforme Slomski (2007 apud Teixeira e Santana, 1994) a
Administração Pública e suas entidades, em certo sentido, “pertencem” aos cidadãos.
Para Slomski (2007) “[...] a existência de um problema de comunicação entre
Agente e Principal, Estado e Sociedade (emissores e receptores), aumenta a incerteza
dos membros da sociedade sobre o que acontece no interior da coisa pública”.
Partindo deste entendimento pode-se afirmar que a implantação da cultura gerencial
somente será bem sucedida se estiver subordinada aos princípios da transparência e
ao estímulo do diálogo público que funciona como entendimento de fato.
É preciso informar e informar-se, saber o que está acontecendo, verificar
se o resultado está sendo atingido, se determinado padrão de qualidade está
sendo observado e se está havendo eficiência e eficácia. Obter a informação,
saber usá-la, gerenciá-la e decidir a partir dela são hoje habilidades estratégicas,
em qualquer aparelho público ou organização ligada ao governo.
O objeto de estudo é o Programa Nacional de Gestão Pública –
Gespública e dada a relevância do tema, o presente artigo tem como objetivo
abordar a estrutura do Programa Nacional de Gestão Pública –
GESPÚBLICA, sua aplicabilidade e funcionalidade voltada à qualidade de
atendimento do cidadão e as mudanças que devem ocorrer na Administração
Pública para que o Programa atinja seus objetivos.
Este trabalho se justifica pela importância e abrangência do tema ora
apresentado, pois a desburocratização proposta pelo GESPÚBLICA
beneficia toda a sociedade. Com esse intuito, o trabalho foi organizado da
seguinte maneira: inicialmente apresenta-se a contextualização sobre o
Programa GESPÚBLICA; em seguida evidenciou-se a adesão ao programa;
Gespública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização... 105
O Programa Gespública
Sabedor de que o maior desafio do setor público brasileiro é de natureza
gerencial, o governo federal buscou um novo modelo de gestão focado em
resultados e orientado para o cidadão a fim de contribuir para a melhoria da
qualidade dos serviços públicos e ao aumento da competitividade do país.
Sob este enfoque, foi criado o Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização – GESPÚBLICA, que foi instituído pelo Decreto nº.
5.378, de 23 de fevereiro de 2005.
Para o principal formulador deste Programa, era necessário “restabelecer
na consciência dos administradores o conceito, às vezes esquecido de que:
serviço público significa servir ao público”.
O GESPÚBLICA é um programa do Ministério do Planejamento e
Orçamento, voltado para orientar os órgãos públicos, baseado na avaliação
continuada da gestão. Consiste basicamente em Auto-Avaliação, Plano de
Melhoria e Avaliações Periódicas.
O principal intuito é que através do Programa, os órgãos e entidades da
Administração Pública possam mostrar serviços e atender o seu principal
cliente que é a sociedade.
O programa foi instituído com a finalidade de melhorar a gestão das
organizações públicas, tornando-as mais eficientes na administração dos
recursos públicos, voltadas mais para o atendimento às demandas da sociedade
do que para os seus processos burocráticos internos.
A principal referência do Programa Gespública é o Modelo de
Excelência em Gestão Pública (MEGP), baseado no atendimento aos
princípios constitucionais do ser público (impessoalidade, legalidade,
moralidade, publicidade e eficiência) e em fundamentos contemporâneos de
boa gestão tais como gestão participativa, gestão baseada em processos e
informações, valorização das pessoas, visão de futuro, aprendizado
organizacional, foco em resultados e inovação.
Um modelo de gestão, para ser efetivo, deve contemplar um conjunto
de diretrizes que apontem o rumo a ser seguido, bem como as técnicas e as
tecnologias disponíveis e as práticas de sucesso aplicadas pelos agentes que
fazem parte da cadeia da gestão pública.
De acordo com o Documento de Referência do Programa Nacional
de Gestão Pública e Desburocratização, o GESPÚBLICA é uma política
106 Ensaios de Gestão Pública
Figura 1 : Princípios da
excelência em gestão pública.
Fonte: LIMA. Excelência em
Gestão Pública, 2007, pg. 54
Gespública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização... 107
Fonte: http://www.gespublica.gov.br/folder_publicacoes
Adesão ao Programa
De acordo com o Artigo 5º do Decreto nº. 5.378, de 23 de Fevereiro
de 2005, a participação dos órgãos e entidades da administração pública no
GESPÚBLICA dar-se-á mediante adesão ou convocação.
E conforme o referido decreto considera-se adesão o engajamento
voluntário do órgão ou entidade da administração pública no alcance da
finalidade do GESPÚBLICA, que, por meio da autoavaliação contínua,
obtenha validação dos resultados da sua gestão.
Já no seu parágrafo 2º do artigo acima mencionado, considera-se
convocação a assinatura por órgão ou entidade da administração pública
direta, autárquica ou fundacional, em decorrência da legislação aplicável, de
contrato de gestão ou desempenho, ou o engajamento no GESPÚBLICA,
por solicitação do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão,
em decorrência do exercício de competências vinculadas a programas
prioritários, definidos pelo Presidente da República.
Poderão aderir ao programa, órgãos ou entidades da administração
pública, que através da auto-avaliação contínua, obtenha validação dos
resultados da sua gestão. Poderão ainda, ocorrer participações voluntárias de
pessoas e organizações públicas ou privadas.
Ao aderir ao GESPÚBLICA, o ente deve assumir o compromisso
com o importante papel de disseminação e implantação de uma gestão
inovadora, a fim de buscar a simplificação de processos, humanizando os
serviços prestados a sociedade, conscientizado a todos dentro da instituição
de que são multiplicadores dos objetivos do programa e que suas ações
devem estar voltadas essencialmente ao bom atendimento ao cidadão.
Gespública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização... 111
A Desburocratização
A administração burocrática clássica foi implantada no Brasil, segundo Bresser
Pereira (2002), em 1936, com a reforma promovida por Maurício Nabuco e
Luiz Simões Lopes. No início da década de 70, surgiu a Secretaria de Modernização,
com o objetivo de modernizar a administração pública. Em 1980, foi registrada
uma nova reforma, mas dessa vez foi a de reformar a burocracia e orientá-la
para uma administração pública gerencial. Com esse intuito foi criado o Ministério
de Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização.
A desburocratização no serviço público é um ponto desafiador e ousado,
que também é apresentado pelo GESPÚBLICA, pois implica em pensar em
um serviço público voltado ao resultado e não ao processo, como ocorre
nos dias atuais em praticamente todo o setor público.
Mudar o enfoque das decisões, que ora ocorrem em um sistema pré-
definido, pautado de normas e regulamentos, os quais são usados como base
para qualquer ato ou decisão, requer uma gestão responsável, participativa e
preparada para usar o processo burocrático em seu favor, aliando-o a sua
capacidade empreendedora.
Conclusão
Muito embora seja de grande valia a iniciativa do Governo Federal em
criar um Programa como o GESPÚBLICA, que na sua essência visa o trabalho
de ações de desburocratização, para a simplificação de processos, procedimentos
e rotinas, desregulamentação de leis, decretos, portarias e outros na administração
pública, sabe-se que a sua efetivação é de fato um grande desafio.
114 Ensaios de Gestão Pública
Referências
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FERNANDES, Ciro Campos Christo. Seminário Avanços e Perpspectivas
da Gestão Pública nos Estados. Edição e coordenação Luciana Lima Costa.
Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008.
116 Ensaios de Gestão Pública
RESUMO
-----------
A Controladoria é um órgão de controle interno de um município e é
responsável por criar, aprimorar e fortalecer os controles internos governamen-
tais. O controle é um dos pilares da Lei de Responsabildiade Fiscal. Este traba-
lho tem foco no controle da Administração Pública municipal e teve por obje-
tivo realçar a importância da Controladoria para os gestores públicos munici-
pais, visando o atendimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e demais legisla-
ções pertinentes. Para isto, foi realizada uma pesquisa sobre os principais concei-
tos da Controladoria geral e pública enfatizando o papel da Controladoria nos
municípios. Concluiu-se que a Controladoria possibilita estabelecer procedi-
mentos capazes de corrigir o processo decisório, indicando quando, e onde
intervir, para que o planejamento possa seguir seu curso. A pesquisa divide-se
em etapas: a bibliográfica, seguida da documental e a de campo, com estudo de
caso na Controladoria Geral do Município de Vilhena – RO.
Introdução
As empresas têm buscado novos métodos para atingir seus objetivos de
forma eficiente e eficaz, um dos principais meios para atingir esses objetivos
1
Professor e pesquisador da Universidade Federal de Rondônia, curso de Ciências Contábeis.
Especialista em Contabilidade e Controladoria. Contador. E-mail: alexandrevha@hotmail.com.
2
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Rondônia e Especialista em Matemá-
tica. E-mail: acs13@hotmail.com.
118 Ensaios de Gestão Pública
2. Controladoria
Esta seção trata-se da evolução da Controladoria, conceito, sua missão e
funções, a importância do controle interno nas entidades públicas, enfatizan-
do a Controladoria Governamental.
O ambiente econômico, que é caracterizado pela união dos países visan-
do o intercâmbio comercial por meio de queda de barreiras tarifárias cambi-
ais e de outras condições de livre comércio, sofreu profundas mudanças de-
vido ao processo de globalização. Tanto as relações contratuais das organiza-
ções, no contexto externo, quanto o ambiente interno das empresas foram
impactadas por esse processo, surgindo a necessidade da demanda por me-
lhores práticas de gestão. No setor público, a palavra chave é transparência.
Isto implica a necessidade de manter a sociedade informada sobre os atos
dos administradores da “coisa pública”, tornando a gestão mais eficaz.
Com o aumento da complexidade na organização das empresas, a con-
sideração dos padrões éticos na condução dos negócios e a demanda por
melhores práticas de gestão, surgiu a necessidade da criação de um sistema
contábil mais adequado, para um controle gerencial mais efetivo. Porém, além
de contabilidade, são necessários outros conhecimentos científicos para o
desenvolvimento da controladoria como: a administração, economia, estatís-
tica e psicologia, entre outros, conforme Lunkes (2009).
Em consideração a essas razões, ocorreu o nascimento e o desenvol-
vimento de uma função diferenciada de Controladoria, abrangendo as
entidades públicas e privadas.
2.4.1.Controle interno
É comum achar que os termos “controle interno” e “controladoria”
são sinônimos. Porém, Controladoria é um novo conceito de controle (Chaves, 2009).
Esses termos são diferenciados por Chaves (2009) da seguinte maneira:
nicípio, esta, por sua vez, deve se manter atualizada quanto às instruções normati-
vas publicadas pelo Tribunal de Contas e demais legislações pertinentes, para que,
no final do mandato o Prefeito Municipal possa ter suas contas aprovadas e não
venha a sofrer as sanções previstas na LRF e na Lei Orgânica da Corte de Contas.
Um ano após a edição da LRF, Araújo escreveu sobre a importância da pre-
paração, planejamento e controle das despesas públicas, por parte dos Municípios:
Silva (2002, p.207) afirma, ainda, que: “Desde sua implantação, a Controladoria
tem desenvolvido projetos de controle preventivo com o objetivo de tornar a administração transpa-
rente, reduzir os gastos públicos e promover a eficiência e a eficácia das atividades da Prefeitura”.
A contabilidade e a auditoria devem estar vinculadas a um órgão central,
Gestão de qualidade no serviço público: uma abordagem contingencial 131
5.1.2. Estrutura
Controladoria Geral do Município de Vilhena é composta pelo Controla-
dor Geral, pela Gerência Técnica, ocupada por um engenheiro, pela Gerência
de Normas, ocupada por um advogado, pela Gerência Administrativa, que
pode ser ocupada por um administrador ou contador, pela Gerência de Plane-
jamento e Controle, ocupada por um economista ou contador, pelas Auditori-
as Gerais e pelas Divisões de Apoio Administrativo, cargos criados através da
Lei Complementar nº. 075/2005, de 29 de abril de 2003.
6. Pesquisa de Campo
A Pesquisa de Campo foi realizada para entender como a controladoria
contribui no processo de planejamento, controle e fiscalização da gestão do
Município de Vilhena. Esta pesquisa foi feita através de um questionário, con-
tendo 10 questões, aplicado as cinco pessoas que desempenham as funções
técnicas na Controladoria Geral do Município de Vilhena, conforme demons-
trado no Organograma apresentado acima. Salientamos que, algumas ques-
tões foram dirigidas apenas ao Controlador Geral do Município, em razão
do mesmo ser o responsável geral pela equipe.
FIGURA 3 – Importância da
Controladoria
Fonte: Questionário
Análise do gráfico: 67% das pessoas acham que a Controladoria tem pa-
pel muito importante, considerando que a implantação do Controle Interno se
baseia no texto constitucional do artigo 74, da Constituição Federal de 1988.
FIGURA 4 – Estrutura da
Controladoria
Fonte: Questionário
136 Ensaios de Gestão Pública
7. Conclusão
Verificamos que, nas administrações públicas, a controladoria contribui para
que a eficiência e eficácia sejam alcançadas, mantendo um controle, avaliando e
registrando todos os acontecimentos dentro de cada órgão. Fatores de ordem
política, administrativa, contábil, econômica e tecnológica condicionam a busca
da eficiência, efetividade e transparência na condução dos negócios públicos.
Uma administração ágil, transparente, eficiente e eficaz, voltada para as
necessidades e expectativas do cidadão, é condição essencial para conciliar a
responsabilidade fiscal, a melhoria da qualidade do gasto público e o atendi-
mento às demandas da sociedade, quanto a produtos e serviços públicos em
quantidade e qualidade adequados.
Para fazer frente a tal desafio, é necessário aprimorar e racionalizar as estruturas
organizacionais da administração pública, definir políticas e diretrizes para recursos
humanos e fomentar, por meio de diversas linhas de atuação, ações de desburocra-
tização e de melhoria da qualidade dos serviços prestados à população.
Os Tribunais de Contas desempenham seu papel, com o apoio da Con-
troladoria Geral do Município, fiscalizando as ações dos gestores públicos, con-
frontando as aplicações dos recursos com os planos estabelecidos dentro de
cada esfera governamental, como é o caso do Tribunal de Contas do Estado
de Rondônia, que no mês de junho de 2005 realizou uma auditoria integrada no
Município de Vilhena. O período analisado foi de janeiro a junho de 2005. Esse
tipo de auditoria tem a função de verificar as ineficiências ocorridas nas áreas da
saúde, da educação, do meio ambiente, de obras, social, fiscal e legal, proporci-
onando ao gestor que corrija os erros sem que seja punido de imediato.
A auditoria integrada realizada pelo tribunal é de suma importância para
a gestão e, principalmente, para a sociedade.
Além da realização de auditorias, o Tribunal de Contas auxilia a Controla-
doria do Município de Vilhena a tirar eventuais dúvidas referentes à legislação
em vigor. Essa parceria tem fundamental importância para a Controladoria, no
cumprimento de sua missão e, também, para a administração como um todo.
Neste sentido, respondendo a questão inicial levantada na introdução deste
trabalho: Como a Controladoria pode contribuir no processo de planejamento, controle e fiscaliza-
ção da gestão municipal? Contribui aprimorando os controles internos, verificando a
aplicação da legislação pelos gestores e servidores, corrigindo desvios e auxiliando
o gestor da Administração Pública Municipal nas tomadas de decisões.
Constatou-se, na pesquisa, que é necessário qualificar os técnicos em áreas
Gestão de qualidade no serviço público: uma abordagem contingencial 139
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