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O ENSINO DE CIÊNCIAS E A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES:

CONSIDERAÇÕES PARA UMA APLICAÇÃO QUALITATIVA

Jessica Paranhos Estácio 1 - UFPA

Grupo de Trabalho – Formação de Professores e Profissionalização Docente.


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

A formação de professores deve ser compreendida como uma ação contínua, assim como
método de constante desenvolvimento durante toda trajetória do profissional da educação. No
cotidiano escolar existem realidades que ainda não foram superadas, como a prática da
memorização e o acúmulo de conceitos por parte dos alunos e a repetição de aulas teóricas
pelos professores. Embora o conhecimento científico seja fundamental, ele não é suficiente no
processo de ensino-aprendizagem, pois também é essencial considerar o desenvolvimento
cognitivo dos estudantes, relacionar a seu cotidiano, para que a aprendizagem seja
significativa. Enquanto os professores também necessitam de uma formação que permita uma
significativa capacitação para atender as reais importâncias e obstáculos encontrados no
processo ensino-aprendizado entre alunos e professores, assim proporcionando uma aula
qualitativa, visando o conhecimento cientifico e aprendizagem significativa. Através da
experiência proporcionada pelo estágio supervisionado, onde tive a primeira experiência com
a realidade das salas de aula, e assim diante do choque de realidade sobre a prática docente,
surgiu à ideia de investigar e buscar propostas para as indagações sobre a capacitação e a
formação dos professores de ciências e a realidade metodológica que é aplicada em sala de
aula. Logo o trabalho aqui exposto tem como objetivo investigar as indagações sobre as
concepções didáticas pedagógicas deparadas no âmbito escolar em relação à capacitação
enquanto formação dos professores de ciências, já que estes são participantes diretos da
construção do conhecimento científico, procurando estabelecer a importância na tentativa de
torná-los mais presente nas tomadas de decisões sobre as práticas pedagógicas, uma vez que,
estão diretamente e intimamente ligados ao construir do saber. No âmbito desta concepção, se
torna fundamental indagar e propor metodologias didáticas adequadas no apoio da formação
acadêmica do professor de ciências.

Palavras-chave: Formação de Professores. Ensino de ciências. Conhecimento Científico.

1
Discente de Ciências Naturais da Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: jessicaestacio2@gmail.com.

ISSN 2176-1396
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Introdução

Durante o curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais, principalmente depois de


presenciar a realidade da relação entre os professores e alunos em sala de aula durante a
prática do estagio supervisionado, alguns questionamentos e discursões foram formulados
sobre o ensino ciências e a formação dos professores. A aprendizagem, metodologias, práticas
pedagógicas e a formação dos professores são questões a serem discutidas e analisadas
buscando propor novas metodologias que facilitem a comunicação e a didática destes com os
alunos e vice-versa. Principalmente em relação ao ensino de Ciências, o estágio
supervisionado favorece o reconhecimento da prática pedagógica que é utilizada em sala de
aula, assim como, situações do cotidiano escolar que mostram que o ensino de Ciências se
mantém voltado para o acúmulo de conceitos pelos estudantes tendo como objetivo a
assimilação do conhecimento científico pela memorização.
Essas experiências revelaram que ainda persistem no ensino de Ciências características
como a presença de professores que discorrem ao ensino como uma narrativa teórica e
experimental, desviando seu significado ético das relações com o cotidiano do aluno, logo
com suas reais necessidades. Assim equivocadamente divulgam que os principais objetos de
trabalho, que são os conceitos científicos, podem ser construídos através da memorização de
fórmulas, nomes e enunciados.
Dessa forma, a execução de práticas pedagógicas que mobilizem formar um sistema
que aprimore as relações didáticas entre alunos e professores, além de atender às necessidades
dos estudantes em suas reais dificuldades é essencialmente importante, tomando a efetivação
de uma prática pedagógica que compreenda conceitos como um sistema de relações, além de
empenhar-se em atender às necessidades dos estudantes.
A formação científica contribui para que cada indivíduo seja capaz de compreender os
processos e conceitos científicos , assim como a importância da ciência e da tecnologia na
atualidade , utilizando o que aprendemos na tomada de decisões e de interesse individuais e
coletivos. Assim a ciência é uma atividade social indispensável ao desenvolvimento da
sociedade, constituindo-se na forma mais eficiente de gerar conhecimento significativo tanto
para resolução como para gerar problemas. Nessa perspectiva, cabe ao professor organizar
atividades interessantes que permitam a exploração de conhecimentos. Assim é imposta uma
profunda reflexão sobre o papel do professor e da escola na inserção de sujeitos autônomos
neste contexto. Nesse enfoque, é evidente a importância da atenção à formação de
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professores, direcionada para questões do desenvolvimento científico e tecnológico que


impõe uma ação de contínua reforma do conhecimento, atitude e valores. Essas questões
acometem, principalmente, na prática pedagógica dos professores, que geram
questionamentos, visto que essa formação, neste caso, no ensino de ciências, mantem-se no
senso técnico, que sempre serviu de referência na a educação ao longo de todo o tempo,
contrapondo-se a complexa sociedade atual.
Porém no que se refere à formação de professores, mais especificamente, de
professores de ciências, vale um questionamento quanto ao papel das instituições de ensino
superior nessa formação e se as mesmas estão preparadas para formar futuros docentes que
atendam às necessidades da sociedade contemporânea.
Diante disso a proposta neste estudo é analisar a formação inicial dos docentes de
ciências naturais, baseados nas metodologias que ainda persistem nas relações do ensino e
aprendizado em sala de aula.

Referencial Teórico

O ensino de Ciências na atualidade deve se dirigir no reforçar sobre o interesse e a


curiosidade dos estudantes pela ciência, tecnologia e sociedade, proporcionando assim uma
visão mais critica sobre a realidade do cotidiano social, econômico e politico, visando
também à formação de um individuo autônomo diante questões sociais. O ensino de Ciências
significa ao estudante a possibilidade de ampliar sua participação social e seu
desenvolvimento intelectual.
Nessa perspectiva, cabe ao professor organizar práticas metodológicas que instigue o
interesse dos alunos, permitindo a exploração e sistematização do conhecimento compatível
ao seu desenvolvimento intelectual. Logo assim, para a manutenção de condições acessíveis
para um bom ensino de Ciências na escola depende dos esforços de seus professores ou
mesmo do trabalho individual de um docente (KRASILCHIK, 1987). No entanto essa tarefa
não é simples quando se espera resultados significativos, quando se investe no ensino
aprendizado, necessitamos de esforço tanto por parte dos alunos como pelos professores,
desde o planejamento, elaboração, construção até a aplicação de suas aulas. E para uma boa
aula, particularmente para uma boa aula de ciências, necessitamos de professores
qualificados, que tenha dominância tanto no planejamento, como no conhecimento e domínio
sobre o conteúdo na hora da execução de suas aulas.
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A formação de professores para o ensino de Ciências e a alfabetização científica se


torna uma atividade essencial, pois por meio de iniciativas didático- metodológicas, torna-se
viável a compreensão sobre os significados, assim inserindo a participação dos estudantes na
interpretação da sociedade.
No que se refere à formação de professores de ciências, atualmente deve ser
entendido como uma ação contínua, em um processo de constante desenvolvimento que
acontece por toda a vida profissional, apoiando-se em conhecimentos teóricos para aplicação
posterior na prática, o que o torna coerente com o pensamento da racionalidade técnica. Logo
a formação de professores em relação ao ensino necessita de um enfoque reflexivo sobre a
prática. É necessário que se proporcione uma formação inicial e continuada adequada aos
professores, para favorecer uma educação científica ao profissional, e assim desenvolver
adequadamente os conteúdos conceituais, experimentais, atitudes e valores, que também são
compreendidos pelos estudantes. Além disso, recomenda-se que o professor seja um
pesquisador-reflexivo, pois pesquisar e refletir são técnicas importantes na construção de um
trabalho docente que proporcione o entendimento da complexidade do processo de ensino-
aprendizagem, necessitando o rompimento da simplicidade com relação ao ensino de
ciências.
Em 1997 com o intuito de comprometimento de proporcionar soluções aos problemas
e dificuldades em termos educacionais no país, o governo federal lançou os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), documentos com a principal finalidade de apresentar as linhas
norteadoras para a orientação curricular. Assim segundo os parâmetros, que é componente
curricular no ensino fundamental, passou a ser desenvolvido por áreas, assim os saberes que
compõem cada área, foram escolhidos de acordo com o objetivo entre eles, possibilitando um
trabalho interdisciplinar dos conteúdos.
É importante destacar que, esse quadro de mudanças com grandes implicações para a
concepção e a estrutura do processo de ensino- aprendizagem causou críticas e
questionamentos, por parte de professores, que deveriam implantar os PCN, bem como por
parte de pesquisadores da área de ensino de Ciências (PINO; OSTERMANN; MOREIRA,
2005, p. 6). Sendo assim é possível citar que a real proposta política sobre a implantação dos
temas transversais no ensino através dos parâmetros, é destacar que a sociedade brasileira
estaria mais uma vez diante de um discurso de ideologias técnicas e científicas, uma vez, que
a educação é tratada como um processo social autônomo, idealizando a possibilidade de
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relacionar a questão educacional de forma desarticulada das questões culturais, sociais e


políticas.
Segundo estes autores dentro da perspectiva de que as reformas educacionais venham
contemplar a realidade e possam trazer resultados significativos, existe a necessidade de se
considerar que, na execução de qualquer processo de mudança educacional, é importante
antes, o compromisso e o envolvimento dos professores, pois é fundamental dar ênfase e
autonomia aos que realmente estão presentes e envolvidos com a conjuntura problemática
educacional do cotidiano, ou seja, todos da comunidade escolar é que deveriam ser ouvidos,
principalmente os professores, que são os maiores interessados e atingidos (PINO,
OSTERMANN e MOREIRA, 2005, p. 8). Ainda segundo os autores, é importante que seja
ofertada a real importância do ensino-aprendizagem favorecendo a descoberta como um
método construtivista, que é difundida no ensino de ciências. Logo os parâmetros deveriam
deixar claro aos professores a importância do entendimento da ciência como construção da
sociedade, permitindo a clareza em relação às linhas epistemológicas veiculadas aos
parâmetros, disseminando a proeminência do método científico no ensino de Ciências. Assim
podemos referir que são imprescindíveis maiores investimentos na formação de professores
especializados, na formação continuada, no plano de carreira do profissional da educação, na
inserção e reforma de laboratórios, e práticas metodológicas que aproxime benefícios na
prática ensino-aprendizagem.
Os cursos de licenciatura no Brasil estão cercados de pesquisas e propostas
consideradas , seja de inovação, sejam de aprimoramento ou de reorganização dos currículos
ou matrizes curriculares, porém na realidade em sala de aula essas práticas pouco são
aplicadas, devido vários fatores, dentre eles, a falta de investimentos e politicas publicas em
relação às escolas e aos professores, entre outros motivos que, em muitos dos casos são
fatores desestimulantes das aplicações de praticas pedagógicas existentes.
Logo a ação docente pedagógica necessita de profissionais comprometidos com o que
segundo Dermeval Saviani (1996), considera alguns saberes que todo educando deve ter
domínio: o saber atitudinal, relacionado ao domínio da disciplina, organização, pontualidade
entre outros; o saber crítico-contextual que se refere ao retrato sociocultural da sociedade na
qual a tarefa educativa se integra; o saber didático-curricular, vinculado ao domínio das
formas de organização e realização da atividade educativa; os saberes específicos e
pedagógicos, relacionados aos conhecimentos específicos que integram cada disciplina
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curricular e as teorias educacionais relacionadas ao processo ensino- aprendizagem. Nesse


contexto, o conhecimento cientifico do docente, e, sua participação ativa nas tomadas de
decisões das práticas metodológicas de ensino, se expõem de fundamental importância para
desviar favoravelmente a característica atual do modelo de formação dos professores,
consequentemente realizando estratégias que ajude na reformulação de métodos e práticas
efetivas que realizem o aprimoramento da desfavorável realidade do ensino atual.

Metodologia

Neste contexto por mais complexo que possa parecer esse mecanismo é sempre
gerenciado por técnicas e instrumentos que agregam o procedimento de ensinar ao de
aprender, que em geral são decorrências do ambiente escolar. Durante as etapas do estágio
supervisionado I, II, II e IV foi perceptível encontrar nas salas de aula formas antigas de
ensinar, mesmo com professores recém-graduados, essa prática é constante, são conteúdos em
demasia, memorização de conteúdo. Logo para motivar os estudantes ao conhecimento
cientifico, é preciso estimular sua curiosidade através da utilização de metodologias que
aproxime esse estudante a sua realidade atual, informação, tecnologia, saberes populares,
técnicas que voltem à atenção do estudante para o conhecimento crítico. Cabe ao professor
diante desta tarefa, durante as aulas estimular os alunos, induzi-los a pensar, propondo
problemas desafiadores, que possibilitem novos caminhos, requisito que é indispensável ao
conhecimento construtivista.
Assim durante minhas participações no auxilio ao professor com o ministrar da aula,
procurei propor estratégias diferentes, como a contextualização de um determinado assunto ou
questão, relacionando com seu cotidiano para a melhor compreensão e resolução, foram
montadas também aulas práticas experimentais com o auxilio do professor dentro e fora da
sala de aula, jogos didático e outros recursos didáticos também auxiliaram nas aulas, que
passaram a ser menos teóricas e decorativas. Levando em consideração a importância do
exercício da leitura, da escrita e das aulas práticas em sala de aula. Assim observou-se que
além de conhecer a matéria ensinada, é necessário conhecer e questionar o pensamento
docente espontâneo, adquirir conhecimentos teóricos sobre aprendizagem em ciências,
desenvolver críticas fundamentadas no ensino habitual, saber preparar atividades, saber dirigir
a atividade dos alunos, saber avaliar e saber utilizar a pesquisa e a inovação. Em síntese, no
que diz respeito à Prática de Ensino, cabe ainda destacar que sua especificidade se dá
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exatamente na convergência entre dois saberes: o saber pedagógico e o saber científico, assim
podem expor a importância de dar ênfase na formação dos professores.

Resultados e Discursões

Os resultados mais perceptíveis durante a experiência, através das aulas ministradas


com o auxilio da experimentação, da contextualização, dos jogos didáticos entre outros
recursos, é que pode-se comprovar que as aulas foram mais atrativas, pois remeteram a
atenção do aluno para o conteúdo exposto de forma experimental. Outro fator intrínseco é
que, alguns professores relataram que nuca realizaram aulas didáticas experimentais, segundo
eles, por questões relativas á falta de tempo, ou falta de experiência com a preparação de aulas
que não sejam teóricas.
Diante desta realidade ao se considerar a formação de professores, destaca-se a
importância dos conhecimentos pedagógicos e conhecimentos específicos e científicos que
devem nortear a prática docente, de forma que proporcione uma aprendizagem significativa,
levando em conta as diversas teorias de ensino-aprendizagem. Na formação inicial e
continuada de professores fica clara a necessidade de se oferecer possibilidades de utilização
de novas metodologias diversificadas que despertem no aluno a vontade para aprender. Em
relevância, ofertar ao professor uma formação voltada à prática reflexiva construtivista, na
perspectiva, de que este possa sempre estar relacionando os questionamentos de suas ações
educativas e que esteja sempre disponível a confrontar os desafios que surgem
constantemente. Mais claramente em relação à formação para o ensino de Ciências, é
possível compreender e perceber que diversos fatores devem ser considerados no processo de
Alfabetização Científica, através da importância e interesse dos temas relacionado aos alunos,
assim como a coerência quanto os conteúdos científicos ministrados. Em relação às
concepções de alguns autores no que diz respeito a análise do ensino de ciências encontradas
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), foi possível verificar que os documentos
apresentam a ciência de forma sistemática singela, ocorrendo ausência de colocação em
relação às concepções epistemológicas da Ciência, induzindo os professores a entenderem que
a ciência somente é feita a partir da descoberta de fenômenos.
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Considerações Finais

Logo essas discussões contidas nesse trabalho, possam contribuir para uma reflexão
sobre aspectos relevantes relacionados à formação de professores e a formação para o ensino
de Ciências constituindo objetivos que auxiliem na pratica pedagógica. Diante disto conclui-
se que para uma melhor qualidade tanto na formação e preparação dos professores de
ciências, quanto, e portanto, numa qualitativa aula de ciências é imprescindível a participação
ativa dos professores na implantação e realização dessas perspectivas e reformas educacionais
que favoreçam tanto a formação qualificada dos professores e consequentemente, novas
metodologias didáticas e propostas pedagógicas que reformule o ensino teórico aplicado nas
aulas de ciências, assim que essas propostas venham contemplar a realidade e possam trazer
resultados significativos, certificando a necessidade de se considerar necessário um
comprometimento e envolvimento por parte dos professores, pois são eles que estão
diretamente envolvidos no cotidiano escolar dos estudantes.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares


nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.126 p.

CARVALHO, A. M. P; GIL-PÉREZ, D. Formação de Professores de Ciências: tendências


e inovações. 10. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011. 128p.

KRASILCHIK, M.; MARANDINO, M. Ensino de ciências e cidadania. 2.ed. São Paulo: .


Moderna, 2004.

PINO, P.; OSTERMANN, F.; MOREIRA, M. A. Concepções epistemológicas veiculadas


pelos parâmetros curriculares nacionais na área de ciências naturais. Revista Brasileira de
Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, 2005. p. 5-14.

RICARDO, E. C. Implementação dos PCNS em sala de aula: dificuldades e possibilidade. A


Física na Escola, São Paulo, v. 4, n. 1, 2003.

SAVIANI, D. Saberes implicados na formação do educador. In: BICUDO, M. A. V.; SILVA


JUNIOR, C. A. Formação do Educador: dever do Estado, tarefa da Universidade. São
Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.

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