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Rio de Janeiro
2017
Cel Inf ALEXANDRE DOS SANTOS GALLERA
Rio de Janeiro
2017
2
Bibliografia: f. .
CDD 355
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
SUMMARY
The objective of this paper is to present the main contributions to the structure of the
Brazilian Army during the period in which Division General Góis Monteiro was Chief
of Staff of the Army (EME) from 1937 to 1943. The motivation of this work is to
analyze the practical result of the actions of Góis Monteiro in what concerns the
development of the structure of the Army. The dissertation will cover aspects of the
evolution of the military structure of the Land Force from the end of the 19th century
until 1937, emphasizing the trajectory of Góis Monteiro from the first school benches
in the training schools to the beginning of his EME leadership. In the continuation of
the work Góis Monteiro's thinking on national security, will be approached, with
highlights for the achievement of a War Plan, dated 1938. The last chapter will
address the contributions in the structure of the Army carried out in its passage as
chief of Staff - Army, from July 1937 to December 1943, which, in fact, characterized
a transformation in the doctrine of employment of the land force. The objective of the
restructuring of this institution naturally produced a greater deterrence power in the
strategic environment and the enhancement of the nation's reliability with respect to
ground force. Finally, in the present work, we seek to demonstrate the legacy of
General Góis Monteiro in the military ground structure, due to his military vision and
outstanding performance in the national scenario and in the organizational and
strategic levels of the Brazilian State.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................9
Pergunta de Pesquisa....................................................................................9
Revisão da literatura.....................................................................................11
Justificativas..................................................................................................18
1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS..............................................................22
1.2 Góis Monteiro e sua trajetória militar até o Estado Novo ................31
3 CONTRIBUIÇÕES DO EME.........................................................................65
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................82
ANEXO A.......................................................................................................97
9
INTRODUÇÃO
Pergunta de pesquisa
1
A grafia utilizada neste trabalho será a de Góis, com a letra “i “ em vez de “e”, tendo em vista ser adotada pelo verbete do
CPDOC. (RAMOS, 2017).
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A definição de Estado-Maior do Exército no presente trabalho será:“ O Estado-Maior do Exército é o fiador da estrutura e da
doutrina das Forças Terrestres. Estrutura pensante e atuante, tem que dar substância à Instituição e saber que uma e outra
evoluem, particularmente, no que se refere à eventualidade dos tipos e formas dos conflitos admitidos, ao progresso da técnica
e às mutações das próprias instituições políticas nacionais” (EME,1984, p.9). Complementando: “As raízes remotas do Estado-
Maior do Exército são encontradas, ainda no período colonial, no Comando de Armas da Corte, criado em 1808 pelo Conde de
Linhares, Primeiro Ministro da Guerra. Em 1824, logo após a Proclamação da Independência, D. Pedro I reorganizou o Exército
Imperial e estabeleceu o Quartel-General da Corte, com funções de Comando e Estado-Maior.O Ministério de Caxias, em
1857, substituiu o Quartel-General da Corte pela Repartição do Ajudante Geral.Após a Guerra da Tríplice Aliança, seguiu-se
um período de diminuição do espírito profissional, que desviou a inteligência militar para cogitações filosóficas e científicas e
para o positivismo, levando à participação política da qual resultou a "Questão Militar". O surgimento do Estado-Maior do
Exército correspondeu ao início da reação contra essa fase.O Estado-Maior do Exército foi criado em 24 de outubro de 1896,
pela Lei n° 403, sancionada pelo Presidente da República, Prudente de Moraes, com o objetivo de tornar o Exército uma
instituição moderna, que acompanhasse as evoluções da Arte da Guerra e que tivesse maior presteza administrativa. Sua
missão "preparar o Exército para a defesa da Pátria no Exterior e a manutenção das leis no Interior"”. (Disponível em:
http://www.eme.eb.mil.br/index.php/historico. Acessado em: 10/02/2017)
3
A transformação é a concretização de uma mudança de profundas repercussões, com alcance nos níveis técnico (tanto nas
capacidades materiais quanto na doutrina), tático (no concernente à doutrina), estratégico e político. (DA SILVA, 2013, p.35).
Nos estudos atinentes no EME, em especial as ações a serem realizadas pelas estruturas do Exército, entende-se que o foco
principal deva ser o soldado que, assim caracteriza-se como um ser que busca no aprendizado e na capacitação a melhoria de
seu desempenho e, também, a sua realização profissional e pessoal. (DRUCKER, 2002).
4
As principais legislações são: Lei de organização Geral do Exército; Lei de Organização do Ministério da Guerra, Lei de
quadros e effectivo do Exército Activo (MCCANN, 2009).
5
“A Guerra de Canudos, também conhecida como Campanha de Canudos, foi um confronto que durou aproximadamente dois
anos (1896 e 1897) e teve como participantes o Exército Brasileiro e os membros de um movimento popular social e religioso,
10
liderado por Antônio Conselheiro. A guerra aconteceu na cidade de Canudos, no interior da Bahia”. O Exército teve dificuldade
de resolver essas questões, devido à debilidade de suas tropas.
(Disponívél em https://www.zun.com.br/guerra-de-canudos-r. Acessado em: 01/02/2017).
6
Disponível em: http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=gv_confid&pagfis=312. Acessado em 02/08/2016
7
As atividades dessa Escola iniciram em 5 de Junho de 1898. Uma das suas principais finalidades era destinada ao ensino
teórico e prático do curso preparatório para a matrícula na Escola Militar do Brasil, sendo cursada por jovens que queriam
entrar para o Exército.(RODRIGUES, 2008).
8
O Plano de Guerra em questão foi realizado em 1938. Documento assinado pelo Gen Góis Monteiro quando chefe do EME
que contém um estudo pormenorizado das possibilidades e capacidades da estrutura militar da Argentina, do Uruguai e do
Paraguai e das intenções do primeiro país, no entorno estratégico brasileiro. Além disso, há diretriz para a construção,
ampliação e modernização da estrutura do Exército brasileiro para enfrentar ou dissuadir possíveis inimigos. (Disponível
em:http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=gv_confid&pagfis=312. Acessado em 01/02/2017).
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9
Cabe destacar que, após a Revolução de 1930 , o ambiente político brasileiro
era conturbado, provocando consequências negativas para o Exército que, de fato,
já estava com o poder bélico aquém de suas responsabilidades constitucionais. Na
verdade, essa instituição encontrava-se bastante fragmentada e dividida, ensejando
problemas expressivos na sua hierarquia, disciplina e coesão. Tais aspectos, em
parte, devido à reinclusão de oficiais expulsos ou exilados pelas revoltas da década
10
de 1920 e também pelo expurgo de militares contrários à revolução de 1930
(MCCANN, 2009, p.384-395).
Assim, durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), coube aos oficiais
de alta patente do Exército Brasileiro daquela época a adoção de medidas para
melhorar a estrutura da Força Terrestre. Dentre esses militares, o General Pedro
Aurélio de Góis Monteiro foi expoente, em especial no período de 1937 a 1943.
Revisão da literatura
9
“Movimento armado iniciado no dia 3 de outubro de 1930, sob a liderança civil de Getúlio Vargas e sob a chefia militar do
Tenente-coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro, com o objetivo imediato de derrubar o governo de Washington Luís e impedir
a posse de Júlio Prestes, eleito presidente da República em 1º de março anterior. O movimento tornou-se vitorioso em 24 de
outubro e Vargas assumiu o cargo de presidente provisório a 3 de novembro do mesmo ano”. (Definição do verbete do
CPDOC.Disponível:http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/revolucao-de-1930-3. Acessado em:
01/02/2017).
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Período compreendido entre os levantes de julho de 1922 e a internação da Coluna Prestes em território boliviano em
fevereiro de 1927. Os principais eventos foram: os conflitos de julho de 1922 na cidade do Rio de Janeiro, em Niterói e na
Primeria Circunscrição Militar de Mato Grosso; os levantes de julho de 1924 em São Paulo, Mato Grosso, Sergipe, Amazonas
e Pará, os de outubro do mesmo ano no Rio Grande do Sul e o levante de oficiais de baixa patente da Marinha no mês de
novembro no Rio de Janeiro; e a Coluna Prestes (1925-1927). (FAUSTO, 2006).
12
11
Movimento revolucionário também chamado Coluna Miguel Costa-Prestes, que, sob a liderança dos “tenentes” Miguel Costa
e Luís Carlos Prestes, empreendeu longa marcha por vários estados do país entre abril de 1925 e fevereiro de 1927.
(Disponível em: http://atlas.fgv.br/verbetes/coluna-prestes. Acessado em 01/02/2017).
.
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12
A despeito de diversas interpretações do período ou fases da atuação do tenentismos, usaremos a definição a seguir. O
tenentismo foi um movimento político que recebeu esta denominação por ter na sua composição, principalmente, oficiais do
posto tenente do Exército Brasileiro. Assinala Fausto (1994, p. 313-314) que, durante o Governo do Marechal Hermes da
Fonseca, militares e civis formaram um grupo de apoio em torno do Presidente, que buscava combater as oligarquias.A
maneira de atuação dos tenentes consistia em aliciar oficiais jovens, e conseguir, com a ajuda deles e, eventualmente, com o
auxílio de praças, rebelar unidades isoladas. Neste contexto, para a obtenção do sucesso no que tange as adesões era
fundamental a presença de um oficial superiorde prestígio adepto ao movimento à frente do movimento ( em 1922, Hermes ;
em 1924, o Isidoro; e em 1930, Góis Monteiro). (CARVALHO, 2005, p. 49).
14
13
O Decreto Nº. 3.741, de 28 de maio de 1919 autorizou o Governo do Brasil a contratar na França uma missão militar, para
fins de instrução no Exército. A assinatura do contrato para uma Missão Militar Francesa de Instrução (MMF) ocorreu em 08 de
setembro de 1919. No entanto, somente em março de 1920 desembarcaram na cidade do Rio de Janeiro os primeiros
instrutores, chefiados pelo General Gamelin. A MMF seria incumbida especialmente da direção da Escola de Aperfeiçoamento
de Oficiais, da Escola de Intendência e da Escola de Veterinária, além de comandar a Escola Superior de Guerra (Escola de
Estado-Maior). (CARVALHO, 2005).
15
anos 1920, afirmando que o problema do Exército está com os políticos, pois estes,
no poder, nada fazem para melhorar a situação das Forças Armadas.
Assim, essa fonte é um pressuposto teórico referente às ideias de Góis
Monteiro no que tange a transformação do Exército. Pelos relatos que contém sobre
as necessidades da Força Terrestre, a obra é fonte secundária para a análise deste
trabalho.
Com Bóris Fausto, no livro “História do Brasil”, em 2012, buscou-se a
síntese do pensamento militar brasileiro e o desenvolvimento do Exército no período
onde o General Góis Monteiro esteve na chefia da gestão do EME. É estudado na
obra o papel central atribuído, no período em análise, às Forças Armadas como
suporte e garantia da ordem interna e de como se fortaleceu tanto em números
quanto em reequipamento e posições de prestígio.
Ainda nesse contexto, foram estudados as seguintes obras: Atlas histórico,
catalogado na biblioteca da Academia Militar das Agulhas Negras como obra rara,
onde aponta as obras de reestruturação do Exército no Estado Novo. Nota-se, nesse
Atlas, o preparo do país para a guerra total, com notável desenvolvimento bélico. Na
verdade, tal fenômeno apontou para o compromisso de defesa do território nacional,
firmado no Plano de guerra de 1938.
A visão de segurança nacional foi em torno do desenvolvimento da guerra,
extensão dos meios a serem empregados e o esforço necessário para cada ação,
com estudo do seguinte documento de posse do Centro de Pesquisa e
Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC): Estudo de Góis
Monteiro sobre a capacidade, as necessidades e o objetivo do Exército
14
brasileiro , datado de 07-02-1938 e assinado pelo Chefe do EME, que, na
verdade, é o Plano de Guerra do Estado Brasileiro para enfrentar possível ameaça
do seu entorno estratégico.
Métodos e fontes
Góis Monteiro esteve na chefia do EME, com ênfase nos estudos atinentes ao plano
de Guerra de 1938 e o Atlas Histórico de 1941; e, por fim, as contribuições deste
para o fortalecimento da Força terrestre.
A pesquisa iniciou-se a partir de um problema: Quais foram as contribuições
na estrutura do Exército Brasileiro do General Divisão Góis Monteiro como Chefe do
Estado- Maior do Exército no período de julho de 1937 a dezembro de 1943?
Para Silva Gomes (2012, p.73), quando o presente depara-se com uma
lacuna no conhecimento, de fato, surge a perspectiva sob a qual o passado seria
analisado, tendo em vista que é lá que poderemos encontrar as respostas para os
tempos atuais. Dessa feita, pode-se mencionar que a análise do passado, portanto,
poderá servir como subsídio para solucionar um problema presente, afinal, como
afirma Bloch (2001, p. 65 e p.66) "a incompreensão do presente nasce fatalmente da
ignorância do passado. Mas talvez não seja menos vão esgotar-se em compreender
o passado se nada se sabe do presente." A intenção é estudar fatos do passado
para apresentar possíveis tópicos de estudos, os quais servirão como ideias de
resolução de problemas em curso ou futuros no âmbito do Exército Brasileiro. Na
época do Estado Novo desejava-se ter uma Força Terrestre para dissuadir os
vizinhos fronteiriços e provocar sensação de Defesa para a população doméstica,
(MCCANN, 2009).
O método histórico deste trabalho possui dois pontos importantes: a revisão
da literatura secundária já existente e a pesquisa de fontes primárias, nos
documentos atinentes ao General Góis Monteiro sob tutela do Arquivo Histórico do
Exército (AHEx), da Biblioteca Marechal Castelo Branco da Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército (ECEME), Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN),
Arquivo Nacional, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea
do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV) e Instituto Histórico e
Biográfico Brasileiro (IHGB).
Para apresentar um quadro o mais real possível da trajetória militar do
General Góis Monteiro, várias consultas foram realizadas nos documentos sob
guarda do AHEx, entre eles: cartas pessoais, relatórios do EME, documentos
oficiais, estudos estratégicos. No acervo do Centro de Pesquisa e Documentação de
História Contemporânea do Brasil (CPDOC / FGV) , na Biblioteca Marechal Castelo
Branco (ECEME) e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) foram
estudadas as obras, em especial referentes à Missão Militar Francesa e exemplares
17
Ainda neste contexto, o Atlas histórico (1941), catalogado como obra rara, cujo
título é “O Exército e o Estado Novo”, foi plenamente analisado e comparado com
artigos, monografias e relatórios governamentais da época, dando clara visão do
foco principal deste trabalho: as contribuições na estrutura do Exército advindas do
período de 1937 até 1943. São itens que foram examinados: o fluxo dos recursos
financeiros concebidos para as obras nos anos 1938 até 1940; o Novo Quartel
General; a Escola Militar de Resende; os quartéis do Norte; as Guarnições de
fronteira; a Escola de Comando e Estado-Maior; a Escola Técnica do Exército
(Instituto Militar de Engenharia e Construção); a Escola de Artilharia de Costa; a
Policlínica Militar; os Estabelecimentos Ministro Mallet (Depósitos Centrais); as vilas
militares de oficiais e Sargentos; as rodovias e as ferrovias construídas e planejadas
para facilitar as operações militares; e as indústrias militares.
Na internet, na base Scielo, foi feita a busca de artigos que ocorreram, em
primeiro plano, pela pertinência do artigo em análise ao tema da dissertação,
empregando-se como fator de aderência as seguintes palavras: Goís Monteiro;
Getúlio Vargas; revolução 1932; transformação no Exército; Reestruturação no
Exército; militares e vargas; tenentismo; segurança nacional e pensamento militar.
15
Hanson, Percepção e Discovery , pp. 220, 237. Ver também as cotações em Hanson, Patterns of Discovery, pp. 183-84
Disponìvel em https://www.britannica.com/biography/Helmuth-von-Moltke. Acessado em 03/03/2017
18
Justificativas
1.ANTECEDENTES HISTÓRICOS
O primeiro capítulo tem como objetivo principal analisar às transformações no
Exército Brasileiro no período compreendido entre o fim do conflito de Canudos
(1896-1897) até o ano de início do Estado Novo (1930). Assim, é citado:
No período republicano, as alavancas de mais energetico efeito foram, sem
dúvida, as atuações de Mallet, reagindo contra a incultura dos quadros e
provendo as primeiras necessidades materiais, não obstante as aperturas
financeiras da economia de Campos Salles; depois é o período do 4
Distrito Militar, com as primeiras Grandes Manobras, defeituosas, é verdade,
mas marcando uma tendência; é ainda a ação reflexa de Rio Branco,
23
16
“O conflito, que se alastrou por dezenas de cidades catarinenses, durou quatro anos e causou a morte de cerca de 20 mil
pessoas. Vários acontecimentos produziram este levante popular: a disputa de limites entre Paraná e Santa Catarina; a
construção da estrada de ferro São Paulo - Rio Grande, pela poderosa multinacional Brazil Railway pertencente ao Sindicato
Farquhar; a instalação da segunda maior madeireira da América, a Southern Brazil Lumber & Colonization Company Inc. Este
conjunto de fatores convergia para uma mesma direção: a expulsão dos camponeses, habitantes nativos da região, a
ocupação de suas terras e a exploração das ricas reservas de pinheiro araucária”. (Disponível em:
http://contestadoaguerradesconhecida.blogspot.com.br/ Acessado em: 03/03/2017).
24
.
26
18
O primeiro número foi publicado pelos Jovens Turcos, em 10 de Outubro de 1913, as edições apontam para as
transformações que ocorrem no país, desde as crises políticas dos anos 1920 até os limites desta pesquisa, em 1946. Ao
longo dos artigos publicados os autores, vão se colocando na condição de servidores dos interesses gerais do povo brasileiro,
representantes dos interesses da sociedade e da coisa pública, vendo-se como mantenedores da estabilidade social.
(MORAES, 2004).
27
19
A outra linha de pensamento era de Olavo Bilac (1865-1918) , que defendia
o serviço obrigatório. A intenção deste era trazer todas as classes sociais para o
quartel. A educação cívica dos cidadãos era a principal foco para o desenvolvimeto
social do País. Dessa forma, acreditava que o perigo da formação de casta militar
proeminente seria eliminado, caso o Exército fosse constituído pelo povo e o povo
fosse o Exército (MCCANN 2009, p. 217,218).
A terceira linha era a de Alberto Torres20, que opunha-se ao caráter
permanente do corpo de oficiais e do Exército como um todo. Para ele, era ilusão
que o recrutamento obrigatório fosse modelo de desenvolvimento social. Sua
proposta era a formação de uma guarda nacional ou uma milícia civil (MCCANN
2009, p. 223).
Ainda sobre os problemas do Exército, em 1919, ao assumir o Ministério
Guerra, João Pandiá Calógeras fez um relatório geral para ser entregue ao
Presidente do Brasil, Rodrigues Alves. Naquele documento, os principais itens
criticados por Calógeras eram: os tiros de guerra e o recrutamento; a questão dos
arsenais de guerra; o sistema de promoção de generais; e a instrução da tropa e da
situação caótica das forças armadas (CALÓGERAS,1919).
As reformas efetuadas nos anos que se seguiram, em especial, à de Pandiá
Calógeras não foram suficientes para colocar as forças armadas no patamar
adequado da época, mais que isso, criaram as condições para ser ter e difundir a
política dentro dos quartéis que permitiram a Getúlio Vargas e a militares a ele
ligados a exterminar o sistema político da Primeira República (FAUSTO, 2006).
Em 1930, o EME determina que a Inspetoria do 2º Grupo de Regiões Militares
realize um relatório21 sobre a situação funcional da instituição. Uma das conclusões:
“no Exército tudo falta ou nele existe deformado ou atrofiado”. São pontos desse
documento: o armamento é deficiente, velho, mal conservado e insuficiente; o
19
Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), intelectual, jornalista e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ. Um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras. Em 1891, foi nomeado oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio. Foi
também delegado em conferências diplomáticas e, em 1907, secretário do prefeito do Distrito Federal.
20
Alberto Torres (1865-1917) foi um intelectual que fez uma análise crítica à Primeira República, nos mais diversos campos do
poder. Tal análise é constituída por meio de estudos dos problemas brasileiros, entre eles: as ameaças à soberania nacional e
a inexistência de uma consciência nacional. Possui pensamento contrário aos dos jovens turcos no que tange o serviço militar
obrigatório. A despeito disso, seus estudos influenciaram diversos segmentos militares. (PINTO, Jorge Eschriqui Vieira. O
Resgate do Pensamento de Alberto Torres para a compreensão historiográfica da política nacional do pósrevolução de 1930.
Disponível:http://www.baraodemaua.br/comunicacao/publicacoes/pdf/00026RESGATE.pdf.Acessado em:02/05/2017).
21
Plano Geral de ação para a organização definitiva do Exército. Arquivo Góes Monteiro, Arquivo Nacional (AGM-AN).
Microfilme 051.91 SA 678.
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serviço militar é uma ilusão pelos contingentes que incorpora; a justiça militar é
precária; a hierarquia uma inexpressão; a instrução é livresca e escolástica, sem
amplitude, progressividade e persistência; o aquartelamento é medíocre e o
aparelhamento material é quase nulo: não há viaturas, não há equipamento, não há
arreiamento; e o relatório mencionou que, para a defesa nacional, o Exército estava
desorganizado.
O autor do relatório chegou à conclusão de que:
A análise precisa do oficial responsável pelo relatório aponta que não existia
organização industrial capaz de aproveitar os recursos do país em caso de guerra; e
não existia quantidade suficiente de homens instruídos e organizados na arte da
guerra para defender o país. A visão política do autor apontou que o estado das
estruturas organizacionais do Exército era agravado com a agitação política que,
desde 1922, invadiu as escolas militares e os quartéis. Políticos regionais ligavam-se
aos oficiais e estes deixavam de preocupar-se com as coisas da caserna para
vivenciarem as atividades políticas (CIDADE, 1953).
Da mesma forma que o relatório citado anteriormente, Fausto (2006)
menciona as soluções que deveriam ser tomadas para a correção dos problemas,
entre elas: organizar seus quadros, instruindo-os, educando-os, hierarquizando-os
convenientemente para que se tenha pessoal capaz de fazer a guerra; um regime de
promoções lógico e honesto; uma lei de movimento de quadros que repartisse
equitativamente o ônus e as vantagens do serviço;a reorganização do Alto
Comando; e a dotação imediata dos recursos necessários à instrução dos quadros.
Segundo Magalhães (1998, p.334) as ações acima foram executadas com as
reformas na organização militar, a partir de 1934. Assim, durante o período de 1934-
1935, uma série de leis e decretos foram lançadas com o intuito de remodelar o
Exército Brasileiro. A intenção era reestruturar a instituição, que ainda sofria com
efeitos da década de 1920 e do movimento de 1930. Tais mudanças teriam como
base a percepção por parte de Góis Monteiro dos conflitos daquela época como
“guerras de materiais”. O General tinha em mente que pouco adiantaria o
22
Plano Geral de ação para a organização definitiva do Exército” Arquivo Góes Monteiro, Arquivo Nacional (AGM-AN).
Microfilme 051.91 SA 678 .
29
23
Pessoa do círculo de amizade de Getúlio Vargas, foi o principal articulador da campanha da Aliança Liberal nas eleições,
agindo nos bastidores para organizar o levante armado que depôs Washington Luís e tornou realidade a Revolução de 1930. A
atuação política de Aranha sempre foi guiada pelo pan-americanismo. Para ele, o caminho a ser seguido na política
internacional era uma cooperação Brasil-EUA (SEITENFUS, 2003).
24
Quando eclodiu a Revolução de 1930, em 3 de outubro, veio para o Rio de Janeiro a fim de participar do movimento.
Integrou o grupo de militares depôs o presidente Washington Luís. Em 3 de novembro, foi nomeado ministro da Guerra. Em
janeiro de 1931, foi promovido a general de divisão. (Disponivel em http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-
republica/CASTRO,%20Leite%20de.pdf. Acessado em: 03/02/2017).
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Anteprojeto do Chefe de Serviço de EMG das Forças Nacionais. AHEx, Arquivo Gen Góis Monteiro, caixeta 09 pasta 01, Doc
01.
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João Batista Magalhães fez parte grupo mantenedor da ADN de 1926 a 1929 e foi redator de novembro de 1931 até agosto
de 1934, sendo responsável pela produção dos editoriais da revista. Cabe mencionar que foi contemporâneo de jovens
militares que tiveram sua formação em Porto Alegre: Francisco de Paula Cidade, Góis Monteiro, e Eurico Dutra. Em 1912,
Magalhães termina seu período de formação na Escola de Artilharia e Engenharia do Realengo. Foi aluno destacado da
Missão Militar Francesa e realizou estudos militares a Escola Superior de Guerra da França, entre 1929 e 1931. Serviu como
oficial do Estado Maior do Exército em diversas funções até, aproximadamente, meados de 1938. (MAGALHÃES, J. B. A
Evolução Militar do Brasil. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1998)
31
uma lei de promoções para assegurar a entrada dos mais capazes ao oficialato e ser
capaz de afastar aqueles homens que não possuíssem vocação para a profissão
militar.
Em fevereiro de 1934, Magalhães traduz um artigo do general Von Seeckt,
oficial do Estado-Maior do Exército alemão, alinhando as ideias sobre como deve ser
a relação do Estado com as Forças Armadas. Para Von Seeckt, o Exército é o braço
armado do Estado, sendo sua função a defesa contra inimigos externos e solucionar
questões internas que ameaçam o equilíbrio da Nação. Assim, o Estado possui
obrigações para com o Exército, como provê-lo de material bélico e de uma estrutura
para cumprir sua missão de forma satisfatória. O texto termina dizendo que o
Exército é uma instituição política porque é uma instituição do Estado: “no sentido
em que o compreendo, o Exército deve ser uma instituição política, dando a essa
palavra a estrita significação de instituição de Estado. O Exército não deve,
certamente, servir à política de partidos”. Ou seja, a opinião de Von Seeckt era a
mesma de Góis Monteiro (JUNIOR E NASCIMENTO, 2014, p.12).
A publicação do artigo acima nos permite inferir que: a influência dos ”Jovens
Turcos” foi importante para a construção de um pensamento militar de Góis
Monteiro, tendo em vista que aquele considerava o Exército como um símbolo do
progresso porque a guerra, ao integrar toda a nação e dela necessitar, desenvolve o
país.
28
Os alunos oriundos da Escola Militar do Brasil, mais conhecida como Escola Militar da Praia Vermelha, tinham um ensino
em que predominavam a matemática e as ciências físicas e naturais, ao invés de um ensino profissional. (RODRIGUES, 2008).
29
Para Sevcenko, a questão iniciou com a campanha de vacinação na população contra a varíola. Aproveitando-se disso,
alguns segmentos da oposição política, inflamaram as reações de indignação da população, gerando uma verdadeira
convulsão social. Entre os opositores estavam oficiais e alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. (SEVCENKO, 1993, p.10).
30
Oriunda da Escola Militar do Brasil, era destinada à instrução militar preliminar teórica e prática, das armas de Infantaria e
Cavalaria, com duração de dois anos, cuja instrução seria completada na Escola de Aplicação de Infantaria e
Cavalaria.(RODRIGUES, 2008).
31
“Ter revelado aptidão para o serviço militar e ser de conduta irrepreensível, o que seria atestado pelo respectivo comandante
de corpo; Ter a precisa robustez física, provada em inspeção de saúde a que seria submetido na Escola antes da matrícula; Ter
mais 17 e menos de 22 anos de idade;- Ser solteiro ou viúvo sem filhos; Apresentar atestados válidos de aprovação nas
seguintes doutrinas: Desenho Linear, Português, Francês, Inglês ou Alemão, Aritmética, Álgebra, Geometria e Trigonometria,
Elementos de mecânica e astronomia, Física e Química, História Natural, Geografia do Brasil e História do Brasil;- Extinção do
título de alferes-aluno.” (AHEx. Acervo História da Escolas Militares, caixeta Regulamentos militares, pasta 1. Art. 205, do
R.E.M. de 1905).
32
De 1892 a 1930, o PRR governou o Rio Grande do Sul. Seus principais líderes foram Júlio de Castilhos que de forma
autoritária, monopolizou a máquina governamental e Antônio Augusto Borges de Medeiros. Tanto sob Júlio de Castilhos quanto
sob Borges de Medeiros o poder do PRR foi assegurado pela intervenção direta nas eleições locais e nos assuntos
administrativos. Os principais membros do PRR nessa fase foram: Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, Flores da Cunha, João
Neves da Fontoura e Osvaldo Aranha. (Fonte:ArquivoCPDOC. Disponível em:
http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/PARTIDO%20REPUBLICANO%20RIO-
GRANDENSE%20(PRR).pdf . Acessado em 3/3/2017).
33
Quando ainda cursava a faculdade de Direito em 1907, Getúlio Vargas e alguns amigos da graduação fundaram o chamado
Bloco Acadêmico Castilhista. Nessa época, a palavra ditadura, pelo viés do castilhismo, nem carregava significado negativo.
Na verdade, era sinônimo de hierarquia e disciplina partidária (FRANCO, 1967).
33
Aurélio de Góis Monteiro, o aluno Eurico Gaspar Dutra34 e o jovem Getúlio Vargas35,
conforme assinala Drummond (1986, p.190-191). Assim, com esta convivência ao
longo de sua formação acadêmica, Góis Monteiro naturalmente foi influenciado
pelas ideias do castilhismo, que é, como todo sistema autocrático de governo, um
pensamento ou maneira de agir que está próximo do autoritarismo 36.Segundo
Ricardo Vélez (2000, p.15), o castilhismo é caracterizado da seguinte forma:
34
Ver anexo A
35
Ver anexo A
36
Derivando do absolutismo, o autoritarismo caracteriza-se pelo exercício do poder por uma só pessoa, que toma medidas a
seu bel-prazer, caracterizando-se pelo arbítrio na prática desse mesmo poder. Não seguindo modelos superiores jurídicos ou
éticos, o autocrata reveste-se de particularidades despóticas, possuindo uma série de mecanismos executivos como, por
exemplo, tribunais e forças armadas. Um exemplo foi durante o Estado Novo que em 1937, Getúlio apresentou à nação a nova
constituição, acabando com os partidos políticos. (autoritarismo in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2017. [consult. 2017-04-06 02:43:16]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$autoritarismo.
34
Para Denys (1985, p.8-9), o regresso em 1912 dos oficiais (entre eles:
Bertholdo Klinger, Eduardo Cavalcanti de Albuquerque Sá, Epaminodas de Lima e
Silva, Estevão Leitão de Carvalho) que estagiaram na Alemanha serviu para dar
maior intensidade à nova orientação profissional no Exército. Foram os jovens turcos
que lançaram a campanha renovadora da instituição na década de 1910, marcando
a formação de diversos militares brasileiros, entre eles Góis Monteiro. Além disso,
difundiram o caráter disciplinador do Exército alemão, a emergência do
profissionalismo militar e as ideias de Clausewitz37.
Na concepção da atuação militar advinda das ideias de Clausewitz, a
sagração do combatente ocorre, e só pode ocorrer, no altar da pátria, onde a
bandeira nacional paira como item supremo. Assim, a defesa dos interesses do país
tanto justifica tirar a vida do outro quanto permite morrer de forma gloriosa. Dessa
forma, considera que quem guerreia em nome de Deus é fanático; o civilizado
guerreia pela pátria sagrada (DOMINGOS NETO, 2005, p.51).
Voltando à cronologia da vida de Góis Monteiro, assinala Ramos (2016, p. 3)
que, em janeiro de 1919, foi promovido a primeiro-tenente e, em 1921, foi chamado
ao Rio de Janeiro para realizar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais ministrado
pela Missão Militar Francesa.
Segundo Bastos Filho (1994, p.137), as ideias propagadas pela Missão Militar
Francesa são balizadas pela isenção política, em proveito da hierarquia e da
disciplina, como forma de garantir o profissionalismo das Forças Armadas. Verifica-
se, portanto, o componente de legalidade e o fortalecimento das ideias de busca de
uma instituição forte e coesa na formação militar de Góis Monteiro, proporcionando-
lhe novos conceitos.
Nos anos que se seguiram, a visão de Góis Monteiro sobre a real situação de
pessoal do Exército foi complementada e ampliada, em parte, também, pelas
edições da Revista ADN. As publicações, em especial nos primeiros anos,
retratavam, entre outros assuntos, a insatisfação dos oficiais com seus superiores e
deixavam claro os momentos de quebra de hierarquia quando, por falta de oficiais
superiores responsáveis, tenentes e capitães eram postos no comando de batalhões
e regimentos que deveriam ser chefiados por majores, tenentes-coronéis ou
coronéis. Como exemplos históricos, verificam-se nas publicações da Revista ADN
37
Verificar Anexo A
35
38
A Caserna em A Defesa Nacional, ano VII, setembro de 1919 e Efetivos e disciplina militar em A Defesa Nacional, ano VIII,
agosto de 1920.
39
No dia 5 de julho de 1924 ocorreu mais um levante Tenentista. Esse episódio concentrou-se no estado de São Paulo, mas
teve repercussão e desdobramentos em nível nacional. Os militares que se rebelaram em 1924 tinham como objetivo político
principal restabelecer os ideais de 1889, combatendo os desvios da administração civil que seriam os grandes responsáveis
pela degradação do quadro social do Brasil. (FAUSTO, 1994).
36
1920, a Coluna Prestes. (PINTO SÁ, 2006, p. 14). Os rebeldes de São Paulo40, no
dia 2 de abril, no entorno da localidade de Benjamin Constant (PR), uniram-se às
forças gaúchas de Luís Carlos Prestes41 e formaram a Coluna Miguel Costa-Carlos
Prestes (RAMOS, 2011, p. 7).
Góis Monteiro participou das operações que empurraram a Coluna Prestes
para o Paraguai, de onde iria retormar mais tarde para suas ações em território
nacional. Em abril de 1925, Após os rebeldes entraram nesse país, Góis Monteiro
passou breve período no Mato Grosso no Estado-Maior do General Malan, sendo
então chamado de volta ao Rio de Janeiro (RAMOS, 2011, p. 9).
Em janeiro de 1930, assumiu o comando do 3º Regimento de Cavalaria. De
acordo com Bretas (2008, p.38), a percepção de Góis Monteiro do poder de combate
do Regimento foi de perplexidade, sendo assim descrito pelo mesmo em carta a
Caiado de Castro:
Tenho cerca de 600 homens. Destes, 450 recrutas, quase todos
analfabetos, distribuídos por 2 esquadrões. Estão mal fardados, mal
arrumados (não tenho munições nem armas suficientes); mal
alojados. Para instruí-los, apenas 4 oficiais, uns 15 sargentos e uns
20 cabos [...]É um problema quase insolúvel.
41
Verificar Anexo A
37
42
AHEX, Almanaque de Oficiais do Exército, de 1930 a 1945, p.2.
39
43
“Anteprojeto do Chefe do Serviço do Estado Maior Geral” Arquivo Góis Monteiro, AHEX- Caixeta nº 9 pasta nº1
docº 1.
44
“Forma natural, racional e científica do Estado” Arquivo Góis Monteiro, AHEX- Caixeta nº 9 pasta nº1 docº 2.
45
“Estudo para reforma do Exército ” Arquivo Góis Monteiro, AHEX Caixeta nº 9 pasta nº1 docº 3.
41
O General Góis Monteiro tinha plena convicção de que era importante dispor
de um Exército forte para dar sustentação a um Brasil de importância no contexto
das nações soberanas. Contudo, elucida que o principal não é ter efetivos
expressivos de forma permanente, mas apenas o necessário para a formação das
reservas e um corpo técnico competente. Acrescenta Góes (AN – FGM, SA 636-6, p.
46
Cartas, estudos,exposições de motivos e circulares.Arquivo Góis Monteiro, AHEX Caixeta nº 9-A pasta nº2 .
42
574) que “O essencial é contar-se com todos os meios materiais: fábricas, vias de
comunicações, riqueza, esquadra e aeronáutica convenientes à situação do paiz e
estado moral alevantado pela eliminação das discórdias e rivalidades”.
Contudo, de acordo com Freixinho (1997, p. 314-317) e Carvalho (2005,
p.61-73), a implantação das medidas de Góis Monteiro à frente da pasta da Guerra
tornou-se insustentável, devido particularmente ao descontentamento de alguns
chefes militares com a questão dos vencimentos. Estas se refletiram diretamente em
dois pontos: na indisciplina dos subalternos e no aumento dos desentendimentos do
Ministro com o Governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, que desfrutava,
naquela ocasião, de crescente prestígio no cenário político do país.
Ainda nesse contexto, Góis Monteiro tinha ressalvas, também, ao fato de
Flores da Cunha dispor de sua forte e bem equipada milícia, a Brigada Militar,
apoiada por “Corpos Provisórios”, reunindo meios provavelmente mais potentes que
os do Exército, na 3ª Região Militar. Góis Monteiro passou a pressionar o Governo
para que diminuísse a autonomia dos estados em administrar as forças policiais, em
especial o do Rio Grande do Sul (FREIXINHO1997, p.317).
Concordando com Freixinho (1997, p.317), a situação dos vencimentos
somada ao recrudescimento dos conflitos de ideias com Flores da Cunha
provocaram desgaste para Góis Monteiro. Diante dos fatos,em 7 de maio de 1935,
Góis enviou correspondência a Getúlio Vargas, pedindo demissão do Ministério da
Guerra.
Assinala Ramos (2011, p. 31) que Góis Monteiro, após se demitir do cargo de
Ministro da Guerra, em maio de 1935, permaneceu sem função no Exército, por
alguns meses. Contudo, continuou agindo nos bastidores da política brasileira, tendo
como maior incentivador o Presidente Vargas, com quem mantinha frequentes
contatos. Dessa feita, por ocasião da deflagração da Intentona Comunista, em
novembro de 1935, no Rio de Janeiro, Recife e Natal, pela Aliança Nacional
Libertadora (ANL), Góis Monteiro fez-se presente na repressão ao movimento,
estando no ataque contra o 3º Regimento de Infantaria (RI), na Praia Vermelha, no
Rio de Janeiro (COUTINHO, 1956, p. 270).
Em 24 dezembro de 1935, Góis Monteiro recebeu carta de Oswaldo de
Aranha, que, nesta oportunidade, estava como embaixador do Brasil nos Estados
Unidos da América do Norte, em que se refere ao acontecimentos da Intentona
Comunista, dando a Góis Monteiro uma visão positivada daquele país sobre a
43
atuação do Exército Brasileiro neste fato histórico. Além disso, Oswaldo de Aranha
tece comentários de como lidar com os americanos, ferramenta esta que seria útil
nos anos subsequentes (MCCANN, 2009). Ocupando a presidência do Clube Militar
em janeiro de 1937 e o Estado Maior do Exército em julho do mesmo ano, teve
papel fundamental na sustentação ao “Golpe do Estado Novo”, executado por
Getúlio Vargas em novembro do mesmo ano (CARVALHO, 2005).
Podemos concluir que a trajetória militar de Góis Monteiro foi caracterizada
pela captação de ensinamentos do Exército alemão e francês, possibilitando cabedal
de conhecimento para entender a estrutura debilitada do Exército Brasileiro e formar
condições para uma transformação na instituição. O General Góis Monteiro foi um
ator proeminente que, de fato, colaborou para a criação de uma nova elite militar. O
seu principal legado nesta época é fortalecer a disciplina no Exército.
“Em 1 – VI, deixou a chefia do Estado Maior do Exército, por ter de embarcar
para os Estados Unidos da América do Norte, no dia 7 do mesmo mês, pelo
Crusador Americano NASHVILL, em retribuição a visita de S. Excia. o Sr.
General George C. Marshall, chefe do E. M do referido país”. (AN – FGM, SA
16, p. 411).
“Tudo que me era mostrado fazia-me pensar no nosso atraso, sob todos os aspectos.
Embora os males que pude lá observar, como, por exemplo, a questão racial e o
domínio capitalista, receei adquirir complexo de inferioridade em contato com aquele
modo de viver tão diferente do nosso”. (MONTEIRO apud COUTINHO, 1956, p. 362).
47
Disponível em:http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=29525&Pesq= Acessado em:
03/02/2017
48
Cartas, estudos,exposições de motivos e circulares.Arquivo Góis Monteiro, AHEX Caixeta nº 7-A pasta nº1 .
45
49
Fontes: 1937 e 1943, Almanaque do Ministério da Guerra, 37, 43. Os dados para as praças em 1937 são da Coleção de
Leis (Lei 131 de 9 de dezembro de 1935). O total para 1943 foi tirado de documento do Arquivo Getúlio Vargas. GV 43.06.00.
Neste último ano, estão classificados como praças 1.080 cadetes, 732 alunos de escolas preparatórias e 6.330 dos CPOR e
NPOR. O quadro foi montado por Lúcia Lahmeyer Lobo. (CARVALHO, 2005, p. 87).
46
Plano de Guerra (1938) foi dividido nos seguintes itens : Política de Guerra, as
bases em que se assenta a nova organização, o inimigo, as nossas necessidades
em função das possibilidades do inimigo, relações entre o Exército de paz e o de
guerra e o plano quinquenal. A intenção é apontar às demandas existentes e as
medidas necessárias para se ter uma força terrestre compatível para assegurar a
defesa do País de um possível invasor, sendo analisado aqui a Argentina como
principal ameaça a soberania nacional.
50
O General francês produziu o livro “ Études de tactique générale”. A obra faz referência às composições dos batalhões das
armas em um campo de batalha, em especial no que concere àforma de um Exército defender uma possível invasão do seu
território. Fonte: Autor
47
51
O biênio de 1934-1935 , à frente do Ministério da Guerra, Góis Monteiro, com vistas à reorganização do Exército, direcionou
a elaboração do Regulamento do EME, da Lei de Reorganização Geral do Ministério da Guerra, da Lei de Reorganização
Geral do Exército, da Lei do Serviço Militar, da Lei de Regulamentação do Movimento de Quadros do Exército em Tempos de
Paz, e da Lei do Estado de Sítio e Agressão Estrangeira. Essas ações deram início a mudanças significativas no Exército. A
força terrestre deixou de funcionar apenas como uma instituição burocrática e começou a ganhar o perfil de uma verdadeira
instituição militar (MCCANN, 2009).
52
Argentina coligada a Uruguai, Paraguai e Bolívia. (PLANO GUERRA, 1938, p.10)
53
A partir da década de 1930, um novo tipo de metralhadora foi introduzido nos principais exércitos do mundo: a
submetralhadora. O Exército alemão criou as revolucionárias MP- 40 Schmeisser e o dos EUA a Colt Thompson M1. (fonte:
http://armasperfeitas.blogspot.com.br/2009/11/uma-breve-historia-sobre-as.html. Acessado em 19/9/2017).
54
O Alto Comando do Exército (ACE) do Brasil é formado pelo Comandante do Exército e pelos generais-de-exército (generais
de 4 estrelas) que se encontram em serviço ativo. Na época em estudo, cabe lembrar que o posto mais alto era general -de-
divisão. Nota do autor.
48
Dessa forma, o Plano de Guerra (1938, p.11) cita que tal situação de
inferioridade militar do Brasil em relação a Argentina impossibilita a nação brasileira
de impedir de início uma campanha militar daquele país na região sul de seu
território. Com isso, é citado no referido documento:
As bases para uma nova organização militar foram retiradas, entre outros, do
Livro do General Francês Altmayer55, do qual menciona:
“para nós, militares, a ideia não tem valôr senão quando associada
á vida e á acção ella só tem interesse em sua applicação. Vivemos
n’ uma disposição de esperito ea não nos deixar guiar senão pelos
factos. Iniciamos nossos trabalhos em uma submissão constante do
indivíduo ao objecto. Isto é, de nossas concepções ao facto material
e moral cuidadosamente controlado em um trabalho commum de
nossas razão e de nossa imaginação. Não nos preparamos para
uma guerra abstracta; preparamos-nos, especialmente, para uma
guerra”(PLANO GUERRA, 1938, p.12).
55
Citado na página 51.
49
O Plano de Guerra (1938, p.13) aponta que, para uma preparação adequada,
o Brasil necessitava, antes de mais nada, procurar conhecer as possibilidades reais
do mais provável inimigo, as suas tendências gerais, os fundamentos das suas
possíveis cogitações de ordem estratégica e os seus processos táticos.
56
Relatório dos Trabalhos do EME, durante o ano de 1937.
57
Moltke apontava que a estratégia militar tem de ser gerada por um sistema de opções, iniciando pelos planejamentos siples
dos escalões menores que irão participar de um conflito bélico. Diante disto, a principal tarefa das lideranças militares era a
exaustiva preparação de todas as possíveis conseqüências. Sua tese foi simplificada em duas frases: "Nenhum plano de
batalha sobrevive ao contato com o inimigo" e "Guerra é uma questão de conveniência".Disponìvel em
https://www.britannica.com/biography/Helmuth-von-Moltke. Acessado em 03/03/2017
50
2.3 O inimigo
58
Hanson, Percepção e Discovery , pp. 220, 237. Ver também as cotações em Hanson, Patterns of Discovery, pp. 183-84
No que diz respeito à análise do inimigo com relação ao poder aéreo, o Plano
de Guerra (1938) menciona que as forças do Exército Argentino, em tempo de paz,
constituiam uma Divisão, estando ainda naquela época em condições de organizar
uma segunda, cujo o material advindo dos Estados Unidos da América do Norte, em
parte, já estava em solo argentino. Dessa forma, é relatado que, em caso de guerra,
a Argentina teria as 02 (duas) divisões com uma composição provável de 03 (três)
regimentos, a 02 (dois) grupos de 02(duas) Esquadrilhas de 10(dez) aviões (PLANO
GUERRA, 1938, p.18).
Ainda com relação ao poder aéreo, o Gen Góis Monteiro tece os seguintes
comentários:
“ o seu poder aéreo poderá corresponder, assim, a cerca de 240
aviões, dos quaes 80 bombardeiro, 80 de informações e
observação e 80 de caça. Elle poderá ainda ser reforçado, na
proporção de um terço, com aviões das escolas de aviação civil e
das companhias de transporte aéreos ( para as missões de ligação
59
Na época era organizações militares de elevado poder numérico de combate, podendo ser de Exército( predominatemente
de elementos de infantaria) ou de Cavalaria. A primeira de composição tenária de batalhoes e a outra sendo quartenária de
regimentos de cavalaria. (Nota do Autor).
52
O Gen Góis Monteiro utilizou o artigo do Gen Francês Paul Azan60 para
embasar suas ideias sobre as capacidades de combate da Argentina. O documento
exprime a seguinte análise:
“O Exercito Argentino é a imagem da Nação Argentina: elle se
fórma, elle se desenvolve, elle está em pleno crescimeto; para
encontrar sua orientação, elle observe os exercicios extrangeiros e
colhe ensinamentos onde quer que estima encontrai-os. Emquanto
que os velhos exercitos europeus experimentam grandes
difficuldades em modificae sua organização,sua instrucção, seu
material, suas installações, seu systema defensivo, em funcção das
necessidades actuaes da guerra, o jovem exercito argentino póde
assimilar as formulas novas adptando-as com intelligencia e
flexibilidade ás suas condições particulares; elle póde tambem
evitar experiencias custosas e inuteis[...] Por toda a parte, vi reinar o
treinamento, quer se trate das divisões de Buenos Ayres ou de
Cordoba, da Escola de Aviação ou da fabrica de aviões, do
agrupameto de montanha de Mendoza, especialmente na
Cordilheira do Andes” (PLANO GUERRA, 1938, p.23-24).
Dessa forma, pode-se concluir que o Gen Góis Monteiro possuía a seguinte
visão do Exército Argentino: uma tropa com capacidade bélica capaz de ganhar
uma possível guerra contra o Brasil, em especial se tivesse o apoio bélico do
60
No final da década de 1920, após uma tarefa de ensino no Centro des hautes études militaires em Paris, Azan foi
comandante interino da 1ª Brigada de Infantaria em Túnis e ordenou a supressão de uma série de tumultos anti-coloniais.
Promovido a general de brigada em 1928, o general Azan foi nomeado chefe do "Serviço histórico da
armadura". Como generalista, ele era chefe das forças militares na Tunísia francesa de 1933 a 1936. Publicou o artigo
“L’Armée Argentine” na revista France Militaire,em 22 novembro de 1937.
53
61
O rio Ibicuhy é um rio brasileiro localizado no estado do Rio Grande do Sul.É um afluente do rio Uruguai, que
dali vai à Bacia Platina e, daí, por sequência, ao Oceano Atlântico, no Oeste do Rio Grande do Sul. (Disponível
em :https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Ibicu%C3%AD Acessado em: 28/09/2017.).
54
Cabe salientar que o Gen Góis Monteiro afirma que o Exército tem como
função em tempo de paz a preparação para as guerras possíveis. Dessa feita, o
Plano de Guerra (1938) de uma nação deve responder a duas questões primordiais:
quais são as forças e meios que devem existir em tempo de guerra? e qual tipo de
emprego militar elas podem realizar inicialmente? Assim, segundo o General, em
última análise, trata-se de reunir, em certo lapso de tempo, uma quantidade
necessária de soldados e materiais para enfrentar possível inimigo. Contudo, o
mesmo militar afirma que a quantidade de homens combatentes não pode figurar
todos sob a tutela do Exército em tempo de paz, como também não há possibilidade
da Força Terrestre possuir material necessário de forma permanente para o esforço
55
O Exército deve ser, na sua essência, a força militar bélica das guerras
possíveis. Além disso, em tempo de paz, as questões do tamanho do Exército passa
pelas necessidades políticas, socias e econômicas do País (PLANO DE GUERRA,
1938, p.35).
Dessa forma, o Plano de Guerra (1938) elenca itens importantes de como
deve ser o Exército em tempo de paz, são eles:
“dar nascimento ao Exercito mobilizado( Exercito do tempo de
guerra); assegurar a cobertura das operações de mobilização e de
concentração; e assegurar a manutenção da ordem no interior do
Paiz, no decurso das operações de guerra”[...] dispôr sob Bandeira,
de um determinado numero de homens; dispôr, em qualquer tempo,
56
O Plano de Guerra (1938) estabece a divisão da ampliação do poder bélico nacional em duas partes. A primeira é a
constituição de todos os orgãos do Exército segundo a futura implantação da lei de organização dos quadros e efetivos
estabelecido pelo EME. Tal fato tornou-se realidade com o decreto-lei nº 556, de 12 de julho de 193862. O outro item é a
realização das aquisições materiais destinadas à formação das Grande Unidades da Reserva. Na verdade, outras leis na área
de ensino, pessoal, financeira e de material, que serão apresentadas no próximo capítulo, darão base para a construção de um
Exército capaz de defender seu território nacional da Argentina.
62
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-556-12-julho-1938-349741-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acessado em: 03/04/2017.
63
“Ratzel foi um profundo estudioso do conceito e comportamento do Estado moderno. Para ele, o Estado seria
a sociedade organizada para construir, defender ou expandir o seu território. Ele originou o conceito de
Lebensraum, ou "espaço vital", que relaciona os grupos humanos com as unidades espaciais onde se
desenvolvem. Ratzel tenha apontou a propensão de um estado para expandir ou contrair seus limites de acordo
com as capacidades racionais, seus conceitos serviram para outras teorias e intepretações, entre elas a do
politólogo sueco Rudolf Kjellén.”. (Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Friedrich-Ratzel.
Acessado em: 04/04/2017)
64
“Kjellén foi um cientista político e político sueco, cuja teoria conservadora do estado era influente além das
fronteiras da Suécia. Kjellén é mais conhecido pelos trabalhos sistemáticos em que ele tratou estados modernos
como sistemas orgânicos que florescem e depois se deterioram. Ele cunhou os termos geopolitik ("geopolítica"),
os problemas e condições dentro de um Estado que decorrem de suas características geográficas; oecopolitik,
os fatores econômicos que afetam o poder do Estado; e demopolitik, os elementos raciais da nação e os
59
65
Dados retirados do site da 17 Brigada de Infantaria de Selva, a qual relata a historicamente a presença do Exército nesta
parte da Amazônia Ocidental com as devidas mudaças e transformações das unidades militares. (Disponível
em:http://www.17bdainfsl.eb.mil.br/index.php?option=com_content&view=article&id=97&Itemid=315 Acessado em :
04/04/2017)
66
Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um pensador alemão, considerado como um dos principais teóricos clássicos da Geografia
e o precursor da Geopolítica, este influenciado em seus estudos pelos fatores espaço (“raum” área ocupada por um Estado) e
posição (“lage” situação geográfica), origem do termo “lebensraum” (espaço vital), estabeleceu duas premissas: “o Estado é
um organismo vivo” e “espaço é poder”. Essas premissas serviram de base para a elaboração dos primeiros princípios e leis
da Geopolítica, mas não para conceituá-la. Uraci Castro Bonfim ,Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do exército
ensino a distância CPEAEx / EAD,2005, p.16.
67
Sir Halford John Mackinder foi um geógrafo e geopolítico inglês. Em 1904, publicou o paper The Geographical Pivot of
History, onde formulou a Teoria do Heartland, que influenciaria a política externa das potências mundiais desde então. Uraci
Castro Bonfim ,Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do exército ensino a distância CPEAEx / EAD,2005, p.59.
62
68
Região de Madeira-Guaporé é uma das duas mesorregiões do estado de Rondônia. Foi a primeira região a ser habitada no
estado de Rondônia por conta da construção do Forte Príncipe da Beira em 1776 no vale do Rio Guaporé. Foi nessa região
também onde foi construída a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que impulsionou a fundação de Guajará-Mirim e Porto
Velho e, por conta disso, são estas as únicas microrregiões em que está dividida a mesorregião.Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv2269_2.pdf,Acessado em 03/04/2017.
69
Militar, em 1931, assumiu a direção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, tendo sido promovido a major em março de 1940.
Três anos depois, foi escolhido para ser o primeiro governador do recém-criado território federal de Guaporé, hoje Rondônia.
Deixou a estrada de ferro, assumindo o governo em novembro de 1943. (Disponível em:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/aluisio-pinheiro-ferreira. Acessado em : 04/03/2017.
70
A área que abrangia a 8ª RM Disponível em : https://ia601909.us.archive.org/15/items/minguerra1939/minguerra1939.pdf
Página 48. Acessado em 03/04/2017.
71
Compreendia na época a região norte do país. (Disponível em : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
73291998000100008.Acessado em: 03/04/2017.
63
3. CONTRIBUIÇÕES DO EME
O objetivo do capítulo três é apresentar as principais contribuições da gestão
do General Goís Monteiro na chefia do EME, que modificarão a força terrestre. A
necessidade de reestruturação do Exército foi retratada da seguinte forma:
73
Em 1923, o Marechal Bento Ribeiro definia o Conselho Superior de Defesa como um órgão destinado a:” garantir as
questões da defesa militar do País num programa, elemento fundamental de coordenação, sem o qual periclitama boa ordem,
a conexão mútua, a oportunidade, o progresso e a continuidade de ação”. (EME, 1984, p.94).
65
certificado de alistamento, que será parte integrante de sua futura caderneta militar e
outros dispositivos da vida militar.
Ainda neste contexto, o decreto-lei nº 1.828, de 1º de dezembro de 1939,
estabeleceu princípios e regras para as promoções dos oficiais do Exército em
tempo de paz. A ascensão, nos postos da hierarquia militar, se tornou gradual e
sucessiva, mediante promoções, as quais se deram com os princípios e as regras
prescritas nesta lei e com os processos estabelecidos no regulamento
respectivo. Dessa feita, foi regulado as promoções por antiguidade, merecimento e
escolha. Outro aspecto foi a efetivação do Regulamento Disciplinar do Exército
(RDE) pelo decreto nº 2.429, de 4 de Março de 1938, o qual estabelecia :
“CAPÍTULO I
Tal fato fortalece a disciplina e hierarquia no Exército, que foi exposto pelo
Gen Góis Monteiro nos relatórios do EME de 1937, 1938.
Com isso, os decretos acima vão ao encontro do preconizado pelo Plano de
Guerra (1938) e o Atlas Histórico (1941), pois retratam a importância do aumento de
efetivo para defender de forma adequada o território nacional contra um inimigo
advindo do subcontinente, sendo a tropa disciplinada e profissional.
74
Relatório apresentado ao Presidente dos Estados Unidos do Brasil. Imprensa do Estado Maior do Exército, 1940.
75
Relatório do EME, 1937 e 1938.
72
76
Na década de 1930, havia nítida necessidade de aperfeiçoar a formação de oficiais para um exército que buscava uma
transformação para atender as demandas da defesa territórial. A profissionalização era primordial. Dessa feita, foi criada
em Resende, a Escola Militar de Rezende. Na época, houve também a intenção de afastar a juventude militar da efervescência
política da capital do país, que ainda era o Rio de Janeiro. Seu idealizador foi o marechal José Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque. Peres, Carlos Roberto. Livro Academia Militar das Agulhas Negras- 200 anos, 2013,p.50 Disponível em
https://issuu.com/davidcard/docs/livro_agulhas_negras_-_200_anos_7db9f905a344bc. Acessado em 02/02/2016.
73
Na área de saúde, foi planejado, pelo EME, uma ampliação significativa para
atender às demandas futuras da estrutura terrestre em plena evolução. Dessa feita,
foram construídos: no centro do Rio de Janeiro - novos pavilhões no Hospital Central
do Exército, um novo edifício para dar lugar à Policlínica Militar;um laboratório
químico farmacêutico; no Rio Grande do Sul, foram criados - novos hospitais
militares na capital Porto Alegre, no Alegrete e em Santo Angelo. O mesmo ocorreu
em Bélem e na Bahia. Além disso, foi pontencializado, nas diversas Regiões
militares, as enfermarias e os hospitais existentes. Os estoques do Depósito Central
foram ampliados para atender uma possível guerra no subcontinente (ATLAS
HISTÓRICO, 1941, p.23-24-25).
Além disso, foi decretado a lei nº 4.791, de 20 de Outubro de 1939, que
aprovou o Regulamento da Escola de Sáude do Exército, com os seguintes itens:
“[...] destinados à preparação técnico-militar dos oficiais médicos
para o desempenho de funções até o posto de capitão e dos oficiais
farmacêuticos até o final de sua carreira.[...] regularização dos
cursos de formação de graduados e sargentos, cuja finalidade é o
preparo profissional necessário ao desempenho de funções de
enfermeiros, manipuladores de farmácia e manipuladores de
radiologia.[...] O Curso de Aperfeiçoamento visa preparar os oficiais
médicos, capitães, ou eventualmente 1º tenentes , para o
desempenho das funções técnico-militares dos postos
superiores[...]”.
Mais uma vez fica claro o alinhamento entre o Plano de Guerra (1938), o
pensamento de Góis Monteiro e o que foi realizado, sendo retratado no Atlas
histórico de 1941.
77
“Com sua transferência, em 1902, para a então Praia de São Cristóvão, atual Rua Monsenhor Manoel Gomes, passou a
chamar-se Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro - AGRJ. Em novo endereço, no bairro do Caju, o Arsenal passou por
extraordinária remodelação, iniciada em 1939, que ampliou sua base física e suas instalações, conferindo-lhe suas atuais
dimensões e contornos”. Disponível em:http://www.agr.eb.mil.br/index.php/historico .Acessado em: 01/02/2017
78 “Em 1937, as reformas na Oficina de Fabricação de Cápsulas possibilitaram o aumento da produção em 100%. Em 1938
foram adquiridas e instaladas 42 máquinas e equipamentos. Quatro anos mais tarde foram construídos mais dois pavilhões e
três grandes oficinas, a de Carregamento, a de Revisão e a de Embalagem e Expedição e adquiridas mais 20
máquinas”. (GOLDONI, 2011, p.78.)
79
“Em 1935, o Arsenal de Guerra mudou-se para a Margem do Taquari, passando a denominar-se Arsenal de Guerra da
Margem do Taquari. Por decreto no 6097, de 15 de Agosto de 1940, BE no 34, de 24 de Agosto de 1940, DOU, de 19 de Agosto
de 1940, foi instituído patrono do estabelecimento o Marechal José Antônio Corrêa da Câmara, passando a denominar-se
Arsenal de Guerra General Câmara, e o seu natalício, 17 de fevereiro, passou a figurar como o de fundação do Arsenal”
Disponível em: http://www.aggc.eb.mil.br/index.php/historico. Acessado em 03/04/2017.
80
“Em 1934, a Fábrica de Estrela passou a produzir “pólvora de propulsão”, utilizada para alcances maiores, em canhões da
Artilharia de Costa, inclusive os de 280 mm do Forte de Imbuhy. Manufaturava pólvora para uso secundário em minas, “cargas
de arrebentamento” (colocada no interior do projétil para a destruição do alvo), granadas ordinárias e shrapnells (estilhaços),
combustível de espoletas e cartuchos de sinalização” (MG. RMG, 1935, p. 110). (GOLDONI,2011, p.69 )
81
General João Carlos De Toledo Bordini foi responsável pelo projeto Secreto da Divisão de Material Bélico ao Ministro da
Guerra sobre o desdobramento do Plano quinquenal para desenvolvimento da Indústria Bélica Nacional e sobre a possibilidade
de obtenção no Brasil de cobre, zinco e chumbo. A estimativa sendo o General em tempo de Guerra era de 100 toneladas por
dia de conflito. Disponível em: http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=gv_confid&pagfis=435‘. Acessado em
03/04/2017.
82
Projeto Secreto da Divisão de Material Bélico sobre o desdobramento do Plano quinquenal para desenvolvimento da
Indústria Bélica Nacional. Neste trabalho será nomeado Relatório desenvolvimento indústria.
http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=gv_confid&pagfis=435.Disponível em: Acessado em 03/04/2017.
76
Fonte:Projeto Secreto da Divisão de Material Bélico ao Ministro da Guerra sobre o desdobramento do Plano quinquenal
para
desenvol
vimento
da
Indústria
Bélica
Nacional,
1939, fl 3
Fonte:Projeto Secreto da Divisão de Material Bélico ao Ministro da Guerra sobre o desdobramento do Plano quinquenal
para desenvolvimento da Indústria Bélica Nacional, 1939,fl 4
83
Relatório do Gen João Carlos de Toledo Bordini, sobre a possibilidade de obtenção no Brasil de cobre, zinco e chumbo.
Neste trabalho será nomeado Relatório obtenção matéria prima. Disponível em :
http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=GV_Confid&PagFis=442&Pesq=Acessado em 03/04/2017.
84
Relatório da Diretoria do Material Bélico, João Carlos de Toledo Bordini, ao Ministro da Guerra, sobre o controle da produção
78
nos estabelecimentos fabris militares,1939. Neste trabalho será nomeado Relatório Produção Fabril. Disponível em:
http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=gv_confid&pagfis=469Acessado em 03/04/2017.
85
“Parágrafo único. O Q. T. E. será constituido por oficiais técnicos, da ativa e da reserva, e por auxiliares técnicos, a
quem incumbirá o exercício das funções de direção e de execução, de natureza técnico-militar, nos estabelecimentos
industriais, institutos de ensino especializado e serviços de caráter técnico pertencentes ao Ministério da Guerra”. Assim, é
criado o Decreto-lei nº 1484 de 03/08/1939 / PE - Poder Executivo Federal (D.O.U. 31/12/1939)o Quadro de Técnicos do
Exército. Disponível em. https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/146443-cria-o-quadro-de-tucnicos-do-exurcito.html
Acessado em 03/04/2017.
86
Relatório Secreto da Diretoria do Material Bélico, ao Ministro da Guerra sobre o preparo da mobilização industrial do país
para a guerra, 1939, Neste trabalho será nomeado Relatório Preparo indústria. Disponível em:
http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=GV_Confid&PagFis=434&Pesq=Acessado em 03/04/2017.
79
87
Lei orgânica do ensino industrial. Disponível em. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-
4073-30-janeiro-1942-414503-publicacaooriginal-1-pe.html Acessado em 03/04/2017.
88
Decreto nº 6.757, de 29 de Janeiro de 1941.Aprova o Regulamento para a Diretoria do Material Bélico do Exército.
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-6757-29-janeiro-1941-330338-norma-pe.html
Acessado em 03/04/2017.
81
“CAPÍTULO I
DOS DEPÓSITOS DE REMONTA
Art. 1º Dos fins.
a) receber os animais nacionais adquiridos em sua zona de ação
e adaptá-los ao regime militar, dando-lhes o adestramento inicial;
b) proceder à maleinização, vacina contra o garrotilho e profilaxia
das parasitoses dos animais antes de fornecê-los às Unidades ou
Estabelecimentos;
c) cultivar plantas forrageiras e conservar a forragem, não só
para fazer face às suas necessidades, como tambem para atender
à parte industrial;
d) estimular e orientar a criação equina em sua região, dentro as
diretivas baixadas pela Diretoria;
e) manter em livro próprio o registo de todos os criadores de sua
região, especificando o desenvolvimento da criação, enzootias,
natureza das pastagens e do solo;
f) manter um Depósito de Reprodutores[...]
CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE COMPRAS DE ANIMAIS (C. C. A.)
Art. 4º Dos fins.
As Comissões de Compras de Animais teem por fim:
a) adquirir animais para o Exército;[...]
CAPÍTULO III
DAS COUDELARIAS
Art. 8º Dos fins.
a) criar animais de puro sangue, aptos a melhorarem, como
reprodutores, o rebanho equídeo nacional, sendo cada Coudelaria
especializada na criação de determinada raça;
b) cultivar plantas forrageiras e conservar a forragem para fazer
face às suas necessidades, atender à parte industrial e servir de
modelo, nesta atividade, aos criadores;
c) manter os reprodutores e produtos num regime de trabalho e
alimentação racionais, necessários para a conservação da forma
dos reprodutores e completo desenvolvimento dos produtos;
d) manter um Depósito de Reprodutores;[...]”
82
Conclui-se, de forma parcial, que o Plano de Guerra (1938) foi elaborado com
base no pensamento de segurança nacional do Gen Góis Monteiro. Tal aspecto
produziu instrumentos legislativos que colocaram o Exército Brasileiro em outro
patamar operacional, provocando, em última análise, efeito de dissuasão
significativo no entorno estratégico brasileiro na América do Sul.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As principais conclusões do trabalho serão apresentadas com vistas a
responder a pergunta de pesquisa. Para isso, será respondido quais foram as
contribuições do Gen Góis Monteiro como Chefe do EME (1937- 1943) que
provocaram uma transformação do Exército Brasileiro, apresentando os principais
resultados obtidos com base em conclusões relacionadas à analise histórica
realizada.
A centralização da estrutura do Exército subordinada ao Chefe do EME,
produziu de fato uma transformação na força terrestre. As características pessoais
de Góis Monteiro e o receio de um conflito armado contra a Argentina foram pontos
que impulsionaram mudanças significativas na estrutura da instituição. Assim, a
partir de 1937, ficou patente que toda a mudança do Exército até 1943 passou pelas
mãos do General de Divisão Goís Monteiro, quer sob suas diretrizes, quer sob suas
ordens diretas, constantes nos Relatórios do EME ou até mesmo no Plano de
Guerra (1938).
A gestão de Góis Monteiro no EME produziu um aumento significativo no
efetivo do Exército que, em 1943, atingiu a marca de 100 mil combatentes (ATLAS
HISTÓRICO, 1941, p.93). O aumento destinou-se a fornecer quadros e tropa para
cerca de 50 unidades reestruturadas ou criadas, sendo, entre outras: unidades de
fronteira; escolas; unidades motomecanizadas e antiaéreas; regimentos de Artilharia;
estruturas de apoio logístico e a criação e revitalização de indústrias bélicas. Tal
aspecto fortaleceu a imagem do Exército dentro da sociedade brasileira, com vasta
propaganda vinculada de patriotismo à Força Terrestre (ATLAS HISTÓRICO, 1941).
Para disciplinar toda organização, o EME elaborou estratégias para que
novas legislações fossem dissiminadas nas escolas militares. Dessa feita, deu- se a
criação dos regulamentos básicos do Exército, entre eles: Disciplinar (RDE), de
Administração (RAE), e um conjunto de instruções e portarias que alteraram
83
89
Parágrafo único. O Q. T. E. será constituido por oficiais técnicos, da ativa e da reserva, e por auxiliares técnicos, a
quem incumbirá o exercício das funções de direção e de execução, de natureza técnico-militar, nos estabelecimentos
industriais, institutos de ensino especializado e serviços de caráter técnico pertencentes ao Ministério da Guerra.) Assim, o
Decreto-lei nº 1484 de 03/08/1939 / PE - Poder Executivo Federal (D.O.U. 31/12/1939)o Quadro de Técnicos do Exército.
Disponível em. https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/146443-cria-o-quadro-de-tucnicos-do-exurcito.html.
Acessado em 03/04/2017.
84
Brasileiro. Dessa forma, esse sistema de defesa nacional passou por uma sensível
modernização e atualização. Com isso, a indústria bélica do Exército produziu uma
gama enorme de equipamentos militares, inclusive equipagens de morteiros e
munições para artilharia e a infantaria (RELATÓRIO EME, 1941).
As transformações e progressos de construções de estabelecimentos de
ensino foram controlados pela Diretoria de Engenharia do Exército, que passou a ser
subordinada diretamente ao Chefe do EME, em 1939. Dessa feita, houve
alinhamento do pensamento de Góis Monteiro, no que concerne a um possível
conflito bélico contra a Argentina, e as profundas transformações na estrutura física
do Exército proporcionadas por aquele oficial para o forlalecimento da
profissionalização da instituição militar e da sua consolidação como força
operacional e, assim, produzir efeito de dissuasão face às pretenções da nação
portenha (ATLAS HISTÓRICO, 1941)
Diante disto, para pensar na formação daqueles que poderiam conduzir
diversos escalões de uma estrutura de guerra, foram elaborados planos no EME
para a efetivação das escolas de Estado-Maior, da Técnica do Exército, da
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e da Escola de Artilharia de Costa
(ATLAS HISTÓRICO, 1941).
Ainda neste contexto, para pensar na mobilização da reserva militar, foram
criados os centros de preparação de oficiais da Reserva em todas as regiões
militares. Essa estrutura de ensino do Exército foi ainda enriquecida com a criação
de um Grupamento Escola de Artilharia Antiaérea (ATLAS HISTÓRICO, 1941). Para
ordenar essa estrutura, o Gen Góis Monteiro elaborou propostas para serem
promulgadas as leis do Ensino e do Magistério Militar e baixadas instruções para
regulamentar as escolas e normas para uma mais apurada seleção física, intelectual
e moral dos candidatos ao oficialato do Exército (RELATÓRIO EME, 1940 e 1941).
Durante o período 1937 até 43, os períodos de instrução das unidades foram
observados e fiscalizados com rigor. Os resultados práticos ficaram evidentes nas
grandes manobras do Vale do Paraíba, em Mato Grosso e de Saicã (BUENO, ).
A parte topográfica foi enfatizada por Góis Monteiro como uma das
necessidades de aprimoramento para se fortalecer a instrução militar. Assim, o
Serviço Geográfico do Exército proporcionou um grande apoio à instrução, ao
levantar mais de 25.000 km² em cartas. Com isso, ocorreu a dispensa de cartas de
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Companhia Editora Nacional, 1959.
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Acessado em :05/04/2017.
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MORGENTHAU, Hans. A política entre as nações – A luta pelo poder e pela paz /
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2013,p.50 Disponível em https://issuu.com/davidcard/docs/livro_agulhas_negras_-
_200_anos_7db9f905a344bc. Acessado em 02/02/2016.
Disponível em:
http://www.baraodemaua.br/comunicacao/publicacoes/pdf/00026RESGATE.pdf.
Acessado em:02/05/2017
PINTO, Sérgio Murillo. Repessando o Estado Novo. In: Dulce Pandolfi. Rio de
Janeiro: Ed. FGV, 1999.
PINTO SÁ, Surama Conde. A Crise dos anos 20 e a Revolução de Trinta . Rio de
Janeiro: CPDOC, 2006. 26f.
SILVA GOMES, Túlio Endres da. Impactos do Direito de Guerra para a Campanha
do Exército Brasileiro na Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai (1864-
1870). Tese (Doutorado) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de
Janeiro, 2013. 267f.
c) Fontes primárias
A DEFESA NACIONAL. Revista de assuntos militares. Nº13. Arquivo Histórico do
Exército. Rio de Janeiro: Outubro de 1914.
DOCUMENTOS
Arquivo Nacional, Fundo Góes Monteiro, microfilme 045-97, notação SA 16. Folhas
de alteração do período de 13 a 16 de março de 1906, na Escola Militar da Praia
Vermelha, p. 330.
____________________________________________________________. Folhas
de alteração do período de 13 – I a 9 – V – 910, na Escola de Guerra de Porto
Alegre, p. 336.
____________________________________________________________. Folhas
de alteração do período de 3 – II – 922 10 – I – 925, na Escola de Estado Maior, p.
369.
____________________________________________________________. Folhas
de alteração do período de 26 – VI – 927 a 9 – I – 930, na Diretoria de Aviação, p.
379-340.
____________________________________________________________. Folhas
de alteração do 1º semestre de 1939, no Estado Maior do Exército, p. 411.
_________________________________________________________. Documento
Nr 141, secreto, de 22 de junho de 1928, do Gabinete da Diretoria de Aviação, sobre
considerações sobre a organização da Arma de Aviação – Necessidades da Escola
de Aviação para 1928-1929, p. 501.
ANEXO A
BIBLIOGRAFIA DE PERSONALIDADES
27
O jovem Eurico Gaspar Dutra foi matriculado na Escola Preparatória e de Tática
do Rio Grande do Sul, na cidade de Rio Pardo, ficando até concluir seu curso, em
março de 1904. No dia 14 de abril, foi inscrito na Escola Militar da Praia Vermelha,
no Rio de Janeiro. Contudo, sua carreira militar quase termina com o episódio que
se tornou conhecido como a “Revolta da Vacina” EM que deram ensejo a uma
tentativa de golpe de estado. Foi excluido das fileiras do Exército, de acordo com o
aviso nº 2.409, visto ter tomado parte, como aluno da Escola Militar do Brasil, no
movimento de 14 de novembro. Meses depois, o governo anistiou todos os
implicados na “Revolta da Vacina”. Dessa forma, Dutra retornou ao 24º Batalhão de
Infantaria, no Rio de Janeiro. Permaneceu nessa unidade até 1906, quando foi
transferido para a Escola de Guerra, em Porto Alegre, ainda como aluno. Assim, foi
contemporâneo de Góis Monteiro. Só saiu de lá em 1908, já classificado como
aspirante, para o 1º Regimento de Cavalaria do Rio de Janeiro, mesma arma de
Góis Monteiro. (Arquivo do CPDOC/FGV, disponível em:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/dutra-eurico-gaspar.
Acessado em 20/11/2016).
28
Nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, em 19 de abril. Getúlio Vargas foi militar
do Exército por 5 anos, inicialmente como soldado e sargento do 6º Batalhão de
Infantaria em São Borja, em 1899. Foi ainda aluno da Escola Preparatória Tática do
Rio Pardo em 1900, 1901 e 1902, até maio, e, finalmente, como 2º sargento de
Infantaria do 25º Batalhão de Infantaria, em 1902 e 1903, matriculando-se na Escola
Brasileira com ideia de cursar Direito. Nesse ano, fez parte em expedição militar até
Corumbá, com o 25º Batalhão de Infantaria, em função da Questão Acreana. Deu
baixa do Exército ao retornar de Corumbá, em dezembro de 1903, para cursar a
Escola de Direito, onde ingressou como aluno ouvinte, matriculando-se em 1904 no
99
31 Carl Phillip Gottlieb von Clausewitz nasceu em 1780, na Prússia. Aos doze anos,
já se encontrava em serviço militar, lutando nos conflitos na Europa, em fins do
século XVIII. Após as Guerras Napoleônicas, Clausewitz foi promovido a general e
recebeu o cargo de diretor da Academia de Guerra da Prússia, se tornando a
primeira escola de Estado-Maior do mundo. Dedicou-se a seus estudos e reflexões,
escrevendo vasto material para o livro que não conseguiu publicar, pois faleceu em
1831.Sua obra, Da Guerra, acabou sendo organizada e publicada por sua viúva,
Marie, em1832. O livro só ganharia popularidade com a afirmação do General Von
Moltke, Chefe do Estado-Maior do Exército prussiano na Guerra Franco-Prussiana,
que tinha aprendido tudo o que sabia de guerra lendo Clausewitz. Seguiu-se então
uma explosão de interesse em torno do livro.Desta maneira, os escritos de
Clausewitz têm grande força até os dias atuais,justamente pela a temporalidade de
seus conceitos. Assim debate a natureza da guerra, em como ela realmente o é: um
ato de força, ligado profundamente a dinâmicas político-sociais. Dessa forma, o
próprio objeto de estudo é essencialmente complexo. Afinal, a guerra é produto de
um mundo difuso e dinâmico e assim, não pode ela fugir a isto.(Fonte:
http://www.eceme.ensino.eb.br/images/cpeceme/publicacoes/HISTORIA_MILITAR_1
5.pdf Acessado em: 20/11/2016)
41
Gaúcho de Porto Alegre, Luís Carlos nasceu em 3 de janeiro de 1898, formou-se
em Engenharia pela Escola Militar do Realengo em 1919, no Rio de Janeiro. Em 5
de julho de 1922, eclodiu uma convulsão político-militar no forte de Copacabana, na
Escola Militar do Realengo e entre os oficiais do contingente do Exército em Mato
Grosso, dando início ao ciclo de revoltas tenentistas que culminaria na Revolução de
1930. Nas articulações para o levante, Prestes teve atuação significativa, mas não
chegou a participar da revolta do Forte de Copacabana, pois se encontrava com a
febre tifóide. A primeira revolta liderada por Prestes ocorreu em 1924, com a Coluna
Prestes, manifestando a aversão dos tenentes à oligarquia dominante durante o
governo de Arthur Bernardes. Eles lutavam a favor de reformas políticas e sociais.
100
Tempo depois, iniciou a Coluna Prestes que era formada por mais de 1.500 homens
e percorreu durante dois anos e meio cerca de 25.000 km do território brasileiro,
incitando cidadãos a não apoiarem a elite política que dominava o governo. Em
1927, Prestes foi obrigado a se exilar na Bolívia, onde estudou a teoria marxista e as
obras de Lênin, tornando-se um dos principais disseminadores das ideias
comunistas no Brasil. (Fonte: FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP,
1994).