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COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Exercícios

Questão 1

Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu. Creio que chorava, a
princípio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que não levantou os olhos para mim durante os primeiros
dois meses; falava-me com eles baixos, séria, carrancuda, às vezes triste. Eu queria angariá-la, e não me dava
por ofendido, tratava-a com carinho e respeito; forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança.
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

Eu queria angariá-la, e não me dava por ofendido...”

Temos na passagem um caso de colocação proclítica, determinada por palavra de significado negativo. Outros
casos existem, porém, que impõem a próclise.
Assinale, dentre as opções que se seguem, aquela que registra um erro de colocação pronominal, já que, segundo
a norma culta, seria obrigatória a ocorrência da próclise.

A) Alguém falou-me de você.

B) Deixa-me em paz

C) Os homens dirigiam-se ao estádio.

D) Ver-te-ei no cinema.

E) Ali, trabalha-se demais...


Questão 2

Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou
diga: - Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará
lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar.
Vocabulário:
1) Consoada - pequena refeição noturna, em dia de jejum.
2) Caroável - carinhosa, afetuosa, meiga.
3) Iniludível - que não se pode iludir, inevitável.
4) Sortilégios – seduções, fascinações, mistérios

Na oração “Encontrará lavrado o campo”, retirada de um dos versos do texto I, se substituirmos, observando a
norma culta, o termo sublinhado pelo respectivo pronome oblíquo, teremos:
A) Encontrará-o lavrado.

B) O encontrará lavrado.

C) Encontrá-lo-á lavrado.

D) Encontrará lavrado-o.

E) Encontrará-lo lavrado

Questão 3

Repito que isso não é português nem brasileiro nem língua nenhuma. Não é ‘fato’ da linguagem. A sua
sistematização só é lícita quando se exerce sobre fatos de linguagem. Me desespera, te desespera, lhe desespera,
nos desespera, mesmo se desespera (mais raro e em casos especiais) são fatos da língua: o desespera não. Não é
fato da língua literária nem da língua popular ou familiar. E a sua insistência é tanto mais incompreensível
quando se reflete que você põe sempre o interesse social acima das satisfações individualistas mais legítimas
como são as do artista. Ora, esses purismos da sua gramatiquinha da fala brasileira irritam todo o mundo e
prejudicam enormemente a sua ação social. Se irritam a mim, que sou seu amigo! ... Afinal falei, mas sei que
será a toa.
Carta de Manuel Bandeira a Mário de Andrade, 30 de julho de 1933
http://www.todasasmusas.org/08Leandro_Garcia.pdf

Texto II

Confesso com lealdade que jamais refleti seriamente sobre isso, isto é, seriamente refleti sim, mas não refleti
longamente. Mas a seriedade está nisto: se emprego flexões pronominais iniciando a frase, coisa que
literariamente é erro, Me parece etc., devo empregar também literariamente “O desespera” porque o caso é
absolutamente o mesmo. Se trata duma ilação, é verdade, mas ilação absolutamente lógica sobre o ponto de
vista psicológico, e tirada da índole brasileira de falar, o que a torna, além de filosoficamente certa,
psicologicamente admissível. Diz você que não se trata dum fato de linguagem brasileira. Poderei estar de
acordo. Mas isso se dá simplesmente porque o povo, pelo menos o povo rural é que a grande e pura fonte,
ignora o “o” pronominal, e diz, por exemplo, “ele se desespera”, “desespera ele”, “fazer isso” e “dizer isso” por
fazê-lo e dizê-lo. Você tem o argumento dos alfabetizados da cidade. Sim, mas estes desque ponham um
reparinho na fala, já não dizem “me parece” também, porque o professor da escola primária proibia. Mas se
dizem sem querer “me parece”, porque então não dizem “o desespera”?
Carta de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, 6 de agosto de 1933
http://www.todasasmusas.org/08Leandro_Garcia.pdf

Mário de Andrade e Manuel Bandeira mantiveram uma sólida amizade, documentada, em muitos momentos
pela intensa troca de cartas entre os dois. Os textos acima tratam de posicionamentos que os dois escritores
manifestavam a propósito de um assunto gramatical, inserido no propósito de Mário de sistematizar uma
“gramática brasileira” (a sua “gramatiquinha”). As duas cartas permitem o reconhecimento de que
A) Mário de Andrade tinha o apoio incondicional de Manuel Bandeira no tocante à tese relativa à posição dos
pronomes oblíquos na frase “brasileira”.
B) Mário de Andrade concorda com as críticas de Manuel Bandeira aos “purismos de sua gramatiquinha da fala
brasileira”.
C) Mário de Andrade defende, de forma indiscriminada, o emprego dos pronomes pessoais oblíquos átonos no
início das frases.
D) Manuel Bandeira revela um posicionamento intransigente em relação à colocação determinada
gramaticalmente para os pronomes pessoais oblíquos átonos.
E) Manuel Bandeira vê na insistência de Mário de Andrade com o assunto discutido uma ação social,
incompatível com problemas gramaticais.

Questão 4
Nas produções do Romantismo brasileiro nem sempre seseguiram, de forma absoluta, as regras hoje fixadas
para acolocação dos pronomes pessoais oblíquos em relação aos verbos.Havia, inclusive, um viés nacionalista,
que buscava afirmar umacolocação típica do português do Brasil.

Um exemplo da prática mencionada no comentário acima, de afastar-se da norma gramatical na colocação


pronominal, é encontrado na seguinte passagem de um dos nossos autores românticos:

A) “(...) o velho recuou e quis falar; mas o soluço embargava-lhea voz (...) (José de Alencar – “Senhora”).
B) “É sangue, que borrifa-te estas flores! (Castro Alves –“Espumas Flutuantes”).
C) “Se uma lágrima as pálpebras me inunda, / Se um suspiro nosseios treme ainda,É pela virgem que sonhei
(Álvares de Azevedo – “Lembrançasde Morrer”)
D) Se se morre de amor! – Não, não se morre,/ Quando éfascinação que nos surpreende /De ruidoso sarau entre
os festejos (Gonçalves Dias – “Se semorre de amor”)
E) Vinte anos! Derramei-os gota à gota, / Num abismo de dor eesquecimento” (Álvares de Azevedo –
“Saudades”)

Questão 5

Considerando-se o que preconiza a norma padrão, o pronome oblíquo destacado pode ser usado depois do verbo
apenas na passagem transcrita em:

A) “A poesia é uma senhora que nos visita ou não.”


B) “Durante uns bons quatro anos, o choque do exílio fez com que essa senhora não me visitasse”.
C) “Estava pensando nos estranhamentos do mundo moderno quando me deparei com uma pequena nota de
jornal.”
D) “Uma espécie de angústia semelhante à incontinência urinária se espalha como praga nas relações pessoais e
no uso dos espaços público e privado.”
E) “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano que se desdobrava em surpresas, nos reflexos
impensados, jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que caracteriza a obsessão pelos clics.”
Colocação do Acento Grave de Crase

Exercícios
Questão 6

Os dois cartazes acima, obviamente, têm formulações e objetivos bem distintos. Com relação às normas que
regem o emprego do acento grave indicativo da crase, pode-se dizer que a gramática
A) foi corretamente observada nos textos dos dois cartazes.
B) apenas pode abonar o emprego do “a” acentuado no segundo cartaz.
C) exigiria o acento representativo da crase nas duas ocorrências do “a” no primeiro cartaz.
D) determina, na expressão “Não a droga”, o acento grave da crase.
E) explica a crase, no segundo cartaz, pelo encontro de dois vocábulos “a”.

Questão 7
1. Assinale a alternativa com erro quanto ao uso da crase:

A) Você já esteve em Roma? Eu irei logo a Roma.


B) Refiro-me à Roma antiga, na qual viveu César.
C) Fui à Lisboa de meus avós, pois lá todas as coisas têm gosto da minha infância.
D) Já não agrada ir a Brasília. A gasolina está muito cara.
E) Para pegar o próximo voo, precisei ir a Paris.

Questão 8)

O humor da tira acima se constrói, entre outros elementos, pela presença do acento representativo da crase, no
segundo quadro. O entendimento desse efeito humorístico se dá porque se reconhece que
A) a expressão “a deus” , considerando a sua expressiva relevância, é que deveria merecer esse acento.
B) a expressão objeto da crase corrige um erro de regência verbal cometido no primeiro quadro.
C) a crase retira da palavra “primavera” a condição de sujeito, gerando frase contraposta à visão otimista de
Mafalda..
D) há, no primeiro quadro, apenas a preposição “a”, nas duas ocorrências, o que justifica a ausência da crase.
E) o verbo “chegar”, nos dois quadros da tira, apresenta sujeito estilisticamente posposto.

Questão 9

Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele
lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva,
parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela,
Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que
estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também.
Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras
desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
Machado de Assis, Dom Casmurro – Capítulo CXXII.
O fenômeno da crase do “a” pressupõe a fusão, na construção frasal, de dois desses fonemas vocálicos, sendo
um deles, necessariamente, uma preposição. No texto de Machado acima transcrito, o fenômeno da crase não se
verifica em nenhuma das diversas ocorrências do “a”.
Muitas vezes, a ausência da crase se justifica pelo fato de apenas estar presente o artigo definido “a”, em função
da natureza sintática do termo em que ele aparece. Esse é, por exemplo, o caso do “a” assinalado em:

A) “Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos”


B) “Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma”
C) “Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma”.
D) “Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala”.
E) “Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também”.

Questão 10)

Cair no vestibular é muito mais do que um escritor menos-que-perfeito pode aspirar na vida.
Escritores menos-que-perfeitos, caso você não saiba, são aqueles que se negam a usar a forma sintética do mais
que perfeito . Um escritor menos-que-perfeito jamais “fizera”, nunca “ouvira” e em hipótese nenhuma “falara”.
E no Brasil, se você é um sujeito que “escrevera”, você é respeitado; mas, se você apenas “tinha escrito”, então
você não é nada, e só cai no vestibular por engano.
FREIRE, Ricardo. “Xongas”. Época. São Paulo, 28 jun 2004.
O verbo “aspirar” apresenta valores distintos, a que correspondem diferentes significados. No texto anterior, o
autor usa o verbo na acepção de “objetivar”, “almejar”, quando ele é transitivo direto. Mas há também o seu
emprego como transitivo indireto, com sentido de “sorver”, “cheirar”, “inspirar”.
Marque, a propósito, a única alternativa em que o verbo se constrói, em um desses sentidos, com observância
rigorosa da norma culta, inclusive no tocante ao uso ou não do acento indicativo da crase.

A) Quem não aspira à uma profissão de prestígio social?


B) Aspira-se , naquele jardim, a um perfume verdadeiramente embriagador.
C) Ela, desde menina, aspirava à certa independência diante dos pais.
D) Aspirávamos, naquela época, um futuro pleno de realizações profissionais.
E) Aspirar à felicidade é um imperativo das almas sadias.
Gabarito

1) Resposta: A
Gabarito Comentado:
Pronomes indefinidos determinam também a próclise obrigatória. Em “c”, a próclise é facultativa. Nas demais
opções, não há outra colocação para o pronome, segundo a norma culta.

2) Resposta: C
Gabarito Comentado:
No caso do futuro do presente do indicativo afirmativo, a posição possível para o pronome oblíquo é no meio do
verbo (mesóclise).

3) Resposta: C
Gabarito Comentado:
Na realidade, essa troca de correspondências deixa claro que, diferentemente de Manuel Bandeira, Mário é
intransigente quanto à colocação “brasileira” dos pronomes oblíquos no início das frases, quaisquer que sejam
eles. Mário não aceita as críticas de Bandeira que, mesmo admitindo certa flexibilidade na norma gramatical,
considera exageradas as teses do amigo. Na letra E, o equívoco é total, já que Manuel Bandeira considera que,
com sua insistência, Mário de Andrade afasta-se de suas preocupações sociais.

4) Resposta: B
Gabarito Comentado:
Letra B.O pronome relativo “que”, introduzindo uma oração subordinada,leva, segundo a norma gramatical, à
construção da próclise, nãoobservada nos versos de Castro Alves. Nos demais casos, o pronomeestá colocado
segundo as regras de colocação pronominal.

5) Resposta: D
Gabarito Comentado:
[D]

[A] A partícula que, neste contexto, atrai o oblíquo nos, portanto, não é possível posicionar o pronome para
depois do verbo, segundo os padrões da norma culta.
[B] O advérbio de negação não atrai o oblíquo, portanto, não é possível posicionar o pronome para depois do
verbo, segundo os padrões da norma culta.
[C] O advérbio quando atrai o pronome oblíquo, portanto, não é possível posicionar o pronome para depois do
verbo, segundo os padrões da norma culta.
[D] Alternativa correta. O pronome oblíquo se antecede o verbo, porém este vem logo depois do adjetivo
urinária. Dessa forma, o pronome oblíquo se poderá ser atraído pela partícula comparativa como, ou seja, é a
única alternativa que permite uma alteração de ordem sintática admitida pela norma culta.
[E] A partícula que, neste contexto, atrai o oblíquo se, portanto, não é possível posicionar o pronome para
depois do verbo, segundo os padrões da norma culta.

6) Resposta: D
Gabarito Comentado:
Letra D.
A expressão deve ser construída com o acento grave indicativo da crase porque é entendida como uma redução
de “Diga não à droga”, em que se aglutinam o “a” preposição e o “a” artigo definido. No segundo cartaz, não
ocorre crase, pois só há preposição. No primeiro cartaz, o “a” em “Quem faz a sua cabeça” é apenas artigo, não
se justificando também a crase.

7) Resposta: C
Gabarito Comentado:
No caso de Lisboa, tem-se a regra dos verbos de destino Ir, Voltar, Dirigir-se: vai-se a algum lugar, mas se volta
de algum lugar, não há crase diante do substantivo. “Vou a Lisboa, volto de Lisboa.

8) Resposta: C
Gabarito Comentado:
Enquanto a frase de Mafalda é de louvor à chegada da primavera, a do senhor idoso pretende significar que ele
viveu mais um ano (e que, provavelmente, tem poucos mais para viver). E é justamente a presença do “a”
craseado depois do verbo “chegar” que altera o sentido das frases que na tira se contrapõem. Na de Mafalda,
quem chega é a primavera; em fenômeno que se repete todos os anos; na do senhor, é ele que chega à primavera
e, provavelmente, em breve deixará de chegar...Esclareça—se, a propósito da letra “a”, que a palavra “deus”,
sendo masculina, .não admite o fenômeno da crase, não havendo qualquer erro no primeiro quadrinho (letra
“b”), onde o “a” só é preposição diante da palavra “deus”, sendo artigo diante de “primavera”(letra “d”). O
sujeito do verbo “chegar”, no segundo quadro , é elíptico, ou oculto, e, assim, não vem depois do verbo
(letra “e”) .

9) Resposta: B
Gabarito Comentado:
O verbo "amparar" não pede a preposição, por isso, não há crase.

10) Resposta: E
Gabarito Comentado:
O verbo , nessa opção, está empregado com o sentido de “almejar”, “objetivar” e, assim, exige, segundo a
norma culta, a preposição “a”, a qual, aglutinada ao artigo feminino “a”, gera o fenômeno da crase. Note que,
nas alternativas “A”, “C” e “D”, também temos o verbo com esse sentido, mas não há razão para a crase em “A”
e “C” – ela nunca ocorre diante de palavras indefinidas – e falta a preposição em “D”. Na letra “B”, por outro
lado, o verbo tem o sentido de “inspirar”, “cheirar” e, assim, é transitivo direto, não se justificando a preposição
empregada.

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