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RESUMO
INTRODUÇÃO
1 Trabalho apresentado no GP Telejornalismo, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento
componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2Docente do Curso de Design Educacional da UNIFESP, docente colaboradora do PPGCOM/UFT, coordenadora do
GP Telejornalismo. E-mail: prof.ednamello@gmail.com.
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Para falarmos de jornalismo imersivo temos que citar os trabalhos realizados por
De la Peña et al (2010, p. 291) que cunhou o conceito relacionando-o a uma produção de
notícias num formato no qual as pessoas poderiam obter experiências em primeira pessoa
em eventos ou situações descritas em narrativas jornalísticas.
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Para Seijó et al (2018, p. 63) a narrativa imersiva baseia-se tanto nas técnicas de
realidade virtual e de gravação de vídeos em 360º, recursos estes que combinados ou
independentes entre si, permitem produzir produtos de não ficção que envolvem o recptor
num cenário virtual em que ele pode interagir em tempo real. Os autores destacam que
estas técnicas têm transformado por completo as narrativas jornalísticas e não ficcionais.
“Nos casos de produtos gravados em 360 graus ou de produções tridimensionais com
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realidade virtual, a chave é a ilusão ou sensação de presença física do receptor num mundo
narrativo” (tradução nossa).
Domínguez diferencia o ‘jornalismo de imersão’ do jornalismo imersivo. Para a
autora, a imersão no jornalismo é uma prática de investigação do repórter, fundamental
para o relato da notícia. Com essa técnica o repórter se aprofunda nos temas que pretende
reportar, ganha a confiança das fontes, de forma a vivenciar uma imersão naquela
realidade. Já no jornalismo imersivo digital para conseguir a sensação de imersão nos
novos formatos de notícias passa pela integração da potência visual da interface com a
possibilidade de interagir com o relato. Diz ela:
A interação com a tela está implícita em qualquer atividade que se faça com o
computador, posto que a execução das ações implica mover a seta e clicar com o
mouse. Mas a ação no jornalismo imersivo tem uma matriz qualitativa porque
está associada à experimentação da história. Por este motivo, a interação não é
meramente funcional e sim, narrativa. (DOMÍNGUEZ, 2013, p. 78)
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produtos 360 graus permitem ao receptor ver tudo ao seu redor a partir de um ponto fixo,
já nas representações tridimensionais o usuário pode interagir com o ambiente (tradução
nossa)”.
Já no caso da Realidade Aumentada, as construções imagéticas em diferentes
dimensões são incorporadas ao mundo real, de forma a criar uma outra realidade. “Na
prática, a realidade aumentada é uma apresentação de dados em sobreposição de dados
em sobreposição ao mundo real, cujos elementos físicos são “aumentados” (ou
acrescentados) por elementos produzidos por computador.” (ROCHA, 2017, p. 412).
O usuário pode interagir com a realidade aumentada de forma multissensorial
(audição, olfato, visão) em tempo real com o que lhe é apresentado. Na RA o cenário real
e os objetos virtuais se mantém com a mesma configuração mesmo com a movimentação
do usuário no ambiente real. Diante das múltiplas possibilidades de integração entre o
ambiente real e a realidade virtual, Milgram et al. (1994) propuseram o “Reality-Virtuality
Continuum”, representado pelo diagrama (fig.3), no qual temos nos extremos os
ambientes exclusivamente real e exclusivamente real, entre eles, na interseção estaria a
chamada Mixed Reality ou Realidade Mista, a realidade aumentada estaria mais próxima
da realidade Mista.
Fig. 3 – Diagrama de Milgram
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Fonte: Captura de tela. Running with France’s wild horses (CNN News)
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Fig.5 – Infográfico
A partir dos dados coletados foi possível inferir que as emissoras brasileiras
iniciaram suas produções de telejornalismo imersivo pouco mais de um ano após as
primeiras experiências estrangeiras. Para exemplificar as diferenças entre as iniciativas
nacionais e de outros países escolhemos descrever neste trabalho exemplos de produções
da CNN News (EUA), BBC News (Inglaterra), do SBT Brasil e do Domingo Espetacular
(Record), que passamos a apresentar a seguir.
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TÍTULO
PROG.
PLATAFORMA TEMPO/
ÁUDIO IMAGEM
FORMATO
som) Coberta
Um Dia em Paraisópolis
Plano Geral 5’30
ESPETACULAR
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TÍTULO
PROG.
PLATAFORMA TEMPO/
ÁUDIO IMAGEM
FORMATO
A partir dos resultados encontrados na análise dos materiais foi possível inferir
que no telejornalismo as produções imersivas são consumidas no processo transmidiático,
uma vez que outras plataformas são utilizadas para a fruição dos vídeos.
Em termos de linguagem, a maioria dos vídeos 360º graus são produzidos com
formatos jornalísticos televisivos, destacando-se a nota coberta e a reportagem como
principais modelos. As imagens, mesmo consumidas sem óculos especiais, possuem mais
detalhes do que os vídeos tradicionais, possibilitando ao espectador que explore ângulos
diferentes do ambiente em que ocorre o acontecimento noticiado. O fato de oferecer novas
possibilidades de exploração de imagens não significa diretamente que há mais
informação. Algumas imagens oferecem detalhes visuais que não agregam valor à notícia,
como no exemplo da reportagem sobre a comunidade de Paraisópolis em que poderia ser
visto detalhes da rua, sem nenhuma informação a respeito.
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Uma técnica que favoreceu o consumo do vídeo 360º foi utilizada pela BBC
News. No vídeo o repórter saía do quadro durante ‘a passagem’, obrigando o espectador
a experimentar outros ângulos da imagem a fim de acompanhar a narrativa. A todo
momento, novos movimentos do repórter e dos entrevistados convidavam o espectador a
explorar as novas possibilidades.
As produções nacionais são as que mais se assemelham aos formatos jornalísticos
televisivos tradicionais. Aspectos como o enquadramento com câmera fixa, a narração
em “off” do repórter e o registro do som direto são detalhes que fornecem mais
legitimidade à narrativa informativa, no entanto deixam de despertar a impressão de que
se trata de algo novo.
O tamanho dos vídeos também possibilita algumas interpretações. No caso da
CNN News, as produções são sempre curtas, com imagens mais produzidas, no formato
de mini-documentários. São vídeos que são marcados pelas informações visuais
panorâmicas e a sensação de imersão é acentuada pelo uso de trilhas musicais. Há pouca
informação relacionada à notícia como um todo, prevalecendo o conteúdo estético sobre
o jornalístico. Já a BBC News aposta em vídeos longos, com riqueza de detalhes
informativos, seja com inserção de elementos gráficos, com a presença de repórter em
cena, uso de imagens produzidas por drones, num formato de reportagem em série. Em
termos de recursos são as produções mais completas estudadas durante a coleta dos dados.
No caso das produções nacionais, o grande destaque são os vídeos do SBT Brasil.
Os vídeos 360º estão integrados à reportagem tradicional, de forma que podem ser
consumidos também na televisão, com a diferença de que nas outras plataformas os
vídeos apresentarão mais detalhes. Desta forma, se mantém a audiência da televisão,
oferecendo o mesmo conteúdo na outra plataforma. Podemos considerar que essas
produções se aproximam da realidade mista, uma vez que mantém conjugados os dois
universos.
Em relação ao acesso às produções imersivas do telejornalismo, a maioria delas
são oferecidas nas plataformas de redes sociais em que o Facebook se destaca. O
YouTube também é utilizado para oferecer esses conteúdos. No caso da CNN News e da
BBC News são oferecidos também aplicativos especiais para o consumo das produções,
o que não ocorre nas emissoras nacionais. Ressalta-se que o compartilhamento dos vídeos
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pelas redes sociais pode possibilitar o alcance de novas audiências e o engajamento maior
do público.
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BRAGA, Marta Cristina Goulart. Diretrizes para o design de mídias em realidade aumentada:
situar a aprendizagem colaborativa online. Tese (doutorado). Universidade Federal de Santa
Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Florianópolis,
SC, 2012. 1 v.
DE la PEÑA, N. et al. Immersive Journalism: Immersive Virtual Reality for the First-Person
Experience of News. Presence. Cambridge. Massachussets Institute of Technology. Vol.19, nº 4,
p. 291-301. Agosto de 2010.
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