You are on page 1of 14

Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 14

19/06/2017 SEGUNDA TURMA

EMB.DECL. NA RECLAMAÇÃO 18.564 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


EMBTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
EMBDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

EMENTA

Embargos de declaração na reclamação. Inexistência de


contradição, obscuridade ou omissão a ser sanada. Pretensão de
rejulgamento da causa. Embargos de declaração rejeitados.
1. Inexistência dos vícios do art. 1.022 do Código de Processo Civil.
2. Pretende-se, efetivamente, provocar o rejulgamento da causa, fim
para o qual não se prestam os embargos declaratórios. Precedentes.
3. Embargos de declaração rejeitados.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual de 9 a
16/6/2017, na conformidade da ata do julgamento, por unanimidade de
votos, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do
Relator.

Brasília, 19 de junho de 2017.

MINISTRO DIAS TOFFOLI


Relator

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108788.
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 14

19/06/2017 SEGUNDA TURMA

EMB.DECL. NA RECLAMAÇÃO 18.564 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


EMBTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
EMBDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO contra acórdão proferido pela
Segunda Turma desta Suprema Corte, o qual restou assim ementado:

“Constitucional e Administrativo. Súmula Vinculante nº


13. Ausência de configuração objetiva de nepotismo.
Reclamação julgada improcedente. Liminar anteriormente
deferida cassada.
1. Com a edição da Súmula Vinculante nº 13, embora não
se tenha pretendido esgotar todas as possibilidades de
configuração de nepotismo na Administração Pública, foram
erigidos critérios objetivos de conformação, a saber: i) ajuste
mediante designações recíprocas, quando inexistente a relação
de parentesco entre a autoridade nomeante e o ocupante do
cargo de provimento em comissão ou função comissionada; ii)
relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade
nomeante; iii) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o
ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento a quem
estiver subordinada e iv) relação de parentesco entre a pessoa

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108786.
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 14

RCL 18564 ED / SP

nomeada e a autoridade que exerce ascendência hierárquica ou


funcional sobre a autoridade nomeante.
2. Em sede reclamatória, com fundamento na SV nº 13, é
imprescindível a perquirição de projeção funcional ou
hierárquica do agente político ou do servidor público de
referência no processo de seleção para fins de configuração
objetiva de nepotismo na contratação de pessoa com relação de
parentesco com ocupante de cargo de direção, chefia ou
assessoramento no mesmo órgão, salvo ajuste mediante
designações recíprocas.
3. Reclamação julgada improcedente. Cassada a liminar
anteriormente deferida.”

O embargante aduz que o acórdão embargado foi omisso no tocante


à circunstância de

“José Berti Kirsten ter sido nomeado a cargo em comissão


pelo Conselheiro Edson Simões, em período no qual Miguel
Kirsten, tio do nomeado, exercia função de chefe de gabinete
(cargo máximo na estrutura administrativa) do mesmo
Conselheiro Edson Simões, em posição, portanto, de interferir
potencialmente no processo de seleção”.

Ademais, colaciona precedentes indicando a existência de


divergência entre as Turmas deste Supremo Tribunal Federal no tocante
ao alcance da Súmula Vinculante nº 13, ou seja, acerca da necessidade ou
não de subordinação hierárquica ou funcional para configurar afronta ao
enunciado.
Aduz que, ante a impossibilidade do manejo de embargos de
divergência em reclamação, tampouco o ajuizamento de nova reclamação
em face de decisão de Ministro ou Turma do STF, pretende, com a
oposição dos presentes embargos, que a controvérsia seja submetida ao
Pleno, a fim de conferir uniformidades às decisões da Corte, em respeito
ao princípio da segurança jurídica.
Requer que sejam providos os presentes embargos, com efeitos

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108786.
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 14

RCL 18564 ED / SP

infringentes, a fim de suprir a omissão existente e conferir tratamento


uniforme à aplicação da Súmula Vinculante nº 13, julgando-se procedente
a reclamação.
É o relatório.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108786.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 14

19/06/2017 SEGUNDA TURMA

EMB.DECL. NA RECLAMAÇÃO 18.564 SÃO PAULO

VOTO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


O inconformismo não merece prosperar.
Não se verifica a presença de nenhuma hipótese autorizadora da
oposição do recurso de embargos de declaração, a teor do disposto no art.
1.022 do Código de Processo Civil.
A omissão apontada pelo embargante, consistente no enfrentamento
específico da “circunstância de José Berti Kirsten ter sido nomeado a
cargo em comissão pelo Conselheiro Edson Simões, em período no qual
Miguel Kirsten, tio do nomeado, exercia função de chefe de gabinete (…)
do mesmo Conselheiro Edson Simões, em posição, portanto de interferir
no processo de seleção” não subsiste. Explico.
O acórdão embargado foi claro ao dispor que, para fins de
configuração objetiva de nepotismo com fundamento na violação da SV
nº 13, é imprescindível a existência de projeção funcional ou
hierárquica entre a autoridade nomeante e o nomeado. Nesse sentido,
destaco trecho do voto vista por mim proferido:

“Entendo que a incompatibilidade da prática enunciada


na Súmula Vinculante nº 13 com o art. 37, caput, da CF/88 não
decorre diretamente da existência de relação de parentesco
entre pessoa designada e agente político ou servidor público,
mas da presunção de que a escolha para ocupar cargo de
direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionada a
pessoa com relação de parentesco com alguém que tenha
potencial de interferir no processo de seleção.
Isso porque vedar o acesso de qualquer cidadão a cargo
público tão somente em razão da existência de relação de
parentesco com servidor público que não tenha competência
para o selecionar ou o nomear para o cargo de chefia, direção
ou assessoramento pleiteado, ou que não exerça ascendência

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 14

RCL 18564 ED / SP

hierárquica sobre aquele que possua essa competência é, em


alguma medida, negar um dos princípios constitucionais a que
se pretendeu conferir efetividade com a edição da Súmula
Vinculante nº 13, qual seja, o princípio da impessoalidade.
Assim, concluo que a vedação do nepotismo
consubstanciada no enunciado vinculante indicado como
paradigma de confronto nesta reclamação tem o condão de
resguardar a isenção do processo de escolha para provimento
de cargo ou função pública de livre nomeação e exoneração.
(…)
A questão em debate, portanto, está em saber se o servidor
gerador da incompatibilidade exerce ascendência hierárquica i)
sobre a autoridade nomeante ou ii) sobre a pessoa designada, o
que, conforme enunciado de Súmula Vinculante nº 13, teria o
condão de fazer presumir que a relação de parentesco existente
foi fator determinante para a escolha de JOSÉ BERTI KIRSTEN
para o cargo de assessor de controle externo do TCM/SP.
Afasto, desde logo, a primeira hipótese, uma vez que
Miguel Roberto Tiacci Kirsten (servidor de referência para fins
de aferição da relação de parentesco supostamente geradora da
incompatibilidade), ao contrário de exercer ascendência
hierárquica, possui relação de subordinação em relação ao
Conselheiro Edson Simões (autoridade nomeante), a cuja
autoridade está submetido na condição de chefe de seu
Gabinete no TCM/SP.
Resta, portanto, analisar a estrutura administrativa do
Tribunal de Contas do Município de São Paulo a fim de se
verificar a existência de hierarquia entre os cargos de chefe de
gabinete da Presidência e de assessor de controle externo.
O ‘Título XI’ da Lei nº 9.167/80 do Município de São Paulo,
destinado à disciplina da ‘Organização Interna’ do TCM/SP, era
subdividido em 6 ‘Capítulos’, assim denominados, em ordem:
‘Dos Gabinetes’ (no qual compreendidos os gabinetes da
Presidência e dos demais Conselheiros), ‘Da Secretaria-
Diretoria Geral’, ‘Da Secretaria de Fiscalização e Controle’, ‘Da
Secretaria da Administração’, ‘Da Secretaria da Informática’ e

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 14

RCL 18564 ED / SP

‘Do Pessoal’.
A Lei municipal nº 13.877/2004, ao dispor ‘sobre a
reorganização administrativa do Tribunal de Contas do
Município de São Paulo e de seu Quadro de Pessoal’, revogou,
dentre outros, o teor do ‘Título XI’ da Lei nº 9.167/80, agregando
os dispositivos relacionados à ‘Organização Interna’ do TCM/SP
que interessam para a solução da presente demanda sob a
denominação: i) ‘Dos Gabinetes dos Conselheiros’ (arts. 3º -
‘Gabinete da Presidência’ - e 4º - ‘Gabinetes dos Conselheiros’) e
ii) ‘Da Secretaria Geral’, passando essa última a compreender a
‘Subsecretaria Administrativa e a Subsecretaria de Fiscalização
e Controle’ (art. 5º da Lei nº 13.877/90).
Trago as informações acima para destacar que os gabinetes
dos Conselheiros do TCM/SP (incluído o do Presidente) são
previstos como órgãos apartados na estrutura organizacional
da Corte de Contas do Município de São Paulo desde a Lei nº
9.167/80, tendo sido mantida essa disciplina na Lei nº
13.877/2004, vigente quando efetivada a nomeação questionada
na presente reclamação.
Prossigo.
Na Lei nº 13.877/2004, o cargo ocupado por MIGUEL
ROBERTO TIACCI KIRSTEN (servidor de referência para apurar a
incompatibilidade da nomeação) insere-se na estrutura
administrativa do Gabinete da Presidência, disciplinada no art.
3º, in verbis:

‘O Gabinete da Presidência compõe-se de Chefia de


Gabinete, Assessoria Especial da Presidência, Chefia de
Cerimonial, Núcleo de Tecnologia da Informação,
Assessoria de Imprensa, Assistência de Segurança e Escola
de Contas.’

De outra forma, o cargo de provimento em comissão para


o qual JOSÉ BERTI KIRSTEN foi nomeado, a saber, assessor de
controle externo, está compreendido no âmbito da Secretaria
Geral da Corte de Contas municipal, mais especificamente na

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 14

RCL 18564 ED / SP

Subsecretaria de Administração, sob a direção do ocupante do


cargo de provimento em comissão de ‘Secretário Geral’ (vide
anexos I a VIII da Lei nº 13.877/2004).”

O reclamante sustenta que Miguel Kirsten, chefe de Gabinete do


Conselheiro Edson Simões, poderia influenciar no processo decisório de
nomeação do servidor José Berti Kirsten, todavia, no tocante, não se
mostra cabível o ajuizamento de reclamação constitucional para tratar de
aspectos subjetivos, os quais devem ser objeto de ação própria a ser
ajuizada na instância judicial cabível, não sendo este STF a instância
competente para perquirir a respeito da possibilidade de interferência do
tio na nomeação de sobrinho. A esse respeito, inclusive, destaquei, no
bojo do voto prolatado, que:

“[d]essa perspectiva e sem pretender esvaziar a


possibilidade de acesso ao Poder Judiciário por via processual
distinta da presente reclamação constitucional - no caso de
subsistirem outros elementos de prova ou de direito suficientes
à comprovação de favorecimento indevido no ato de nomeação
de JOSÉ BERTI KIRSTEN para o cargo de provimento em comissão
de assessor de controle externo do TCM/SP -, concluo que o
reclamante não logrou comprovar a existência de elemento
essencial para a configuração objetiva de nepotismo no ato
questionado com fundamento na Súmula Vinculante nº 13”.

Com efeito, o ponto que o embargante sustenta como omisso no


acórdão embargado foi objeto dos esclarecimentos prestados durante o
julgamento do mérito pela Segunda Turma, quando se reconheceu que a
Súmula Vinculante nº 13 fora editada a partir de critérios notadamente
objetivos. A propósito, vale destacar os trechos dos debates sobre o ponto:

“O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI


(PRESIDENTE):
Então, por que eu analisei aqui? Houve a subordinação?
Do ponto de vista formal, não houve. Pode ter havido alguma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 14

RCL 18564 ED / SP

troca ali ou alguma influência? Teria que se verificar no caso


concreto, e aí não é o meio adequado a reclamação, nem foro
adequado o Supremo.
(…)
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI - Estava
justamente comentando com o Ministro Gilmar como a
possibilidade de ajuizamento de reclamação atrai para o
Tribunal uma série de questões que demandam exames de
situações concretas às vezes muito delicadas.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES
(RELATOR) - É quase um julgamento da causa em sede de
reclamação.
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI - Essa é a
razão para limitar-se a aprovação exagerada de súmulas
vinculantes, porque isso poderá transformar o Tribunal numa
espécie de juiz universal de todas as questões.
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI
(PRESIDENTE):
Reclamatório Universal da União.
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI - Eu penso
que os critérios que Vossa Excelência adotou são adequados.
Não há como, na via de reclamação, realmente, impugnar o ato
de nomeação nesse caso.”

Imperioso salientar que não se admite o uso da reclamação


constitucional como sucedâneo recursal ou de ações judiciais em geral,
conforme reiterada jurisprudência do STF:

“AGRAVO REGIMENTAL. RECLAMAÇÃO. ALEGADA


AFRONTA À AUTORIDADE DO DECIDIDO NA ADI 453.
TAXA DE FISCALIZAÇÃO DOS MERCADOS DE TÍTULOS E
VALORES MOBILIÁRIOS. AUDITORIA DE SOCIEDADES DE
CAPITAL FECHADO. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE ENTRE O
ATO RECLAMADO E O PARADIGMA INVOCADO.
UTILIZAÇÃO DA RECLAMAÇÃO COMO SUCEDÂNEO
RECURSAL. À míngua de identidade de objeto entre o

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 14

RCL 18564 ED / SP

paradigma invocado e o ato reclamado, não há como divisar a


alegada afronta à autoridade de decisão desta Excelsa Corte.
Não é possível conferir à reclamação a natureza de sucedâneo
recursal ou de meio viabilizador do reexame do conteúdo do
ato reclamado. Agravo regimental conhecido e não provido”
(Rcl nº 6.140/RJ-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira turma,
DJe de 14/4/2016).

“RECLAMAÇÃO – DECISÃO QUE NEGA TRÂNSITO


AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO PORQUE NÃO
RECONHECIDA A EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL
DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL NELE SUSCITADA –
ALEGADA USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DESTA
SUPREMA CORTE – INOCORRÊNCIA –
INADMISSIBILIDADE DO USO DA VIA RECLAMATÓRIA
COMO INSTRUMENTO DESTINADO A QUESTIONAR A
APLICAÇÃO, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, DO SISTEMA
DE REPERCUSSÃO GERAL – PRECEDENTES FIRMADOS
PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RCL
7.547/SP, REL. MIN. ELLEN GRACIE – RCL 7.569/SP, REL.
MIN. ELLEN GRACIE – AI 760.358-QO/SE, REL. MIN.
GILMAR MENDES) – ALEGADO DESRESPEITO A DECISÃO
PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM
PROCESSO DE ÍNDOLE SUBJETIVA, QUE VERSOU CASO
CONCRETO NO QUAL A PARTE RECLAMANTE NÃO
FIGUROU COMO SUJEITO PROCESSUAL –
INADMISSIBILIDADE – INADEQUAÇÃO DO EMPREGO DO
INSTRUMENTO RECLAMATÓRIO COMO SUCEDÂNEO DE
AÇÃO RESCISÓRIA, DE RECURSOS OU DE AÇÕES
JUDICIAIS EM GERAL – INCOGNOSCIBILIDADE DA
RECLAMAÇÃO RECONHECIDA PELA DECISÃO
AGRAVADA – LEGITIMIDADE – CONSEQUENTE
EXTINÇÃO ANÔMALA DO PROCESSO – RECURSO DE
AGRAVO IMPROVIDO” (Rcl nº 23.157/BA-AgR, Rel. Min.
Celso de Mello, Segunda Turma, DJe de 7/4/2016).

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 14

RCL 18564 ED / SP

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. A


RECLAMAÇÃO NÃO É SUCEDÂNEO DE RECURSO
PRÓPRIO. RECURSO IMPROVIDO. I - A reclamação
constitucional não pode ser utilizada como sucedâneo de
recurso próprio para conferir eficácia à jurisdição invocada nos
autos da decisão de mérito. II - Não impugnação de todos os
fundamentos da decisão agravada. Fundamentação recursal
deficiente (Súmula 287). III - Reclamação improcedente. IV -
Agravo regimental improvido” (Rcl nº 5.684/PE-AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe de 15/8/2008).

Dessa forma, conforme demonstrado, insiste o embargante em


fundamento que já foi apreciado quando do julgamento do mérito da
presente reclamação, pretendendo provocar o rejulgamento da causa, fim
para o qual não se prestam os embargos declaratórios. Nesse sentido,
vide precedentes:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. ART. 535 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO,
CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE
REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS” (RE nº 390.111/AgR-AgR-
ED/PR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe
de 13/12/12).

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO,
OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DA
MATÉRIA. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. I - Ausência
dos pressupostos do art. 535, I e II, do Código de Processo Civil.
II - O embargante busca, tão somente, a rediscussão da matéria
nestes embargos de declaração, os quais, por sua vez, não
constituem meio processual adequado para a reforma do

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 14

RCL 18564 ED / SP

decisum , não sendo possível atribuir-lhes efeitos infringentes,


salvo em situações excepcionais, o que não ocorre no caso em
questão. III - Embargos de declaração rejeitados” (RE nº
558.258/SP-ED, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJe de 30/6/11).

“Embargos de declaração que pretendem rediscutir os


fundamentos já repelidos no julgamento do recurso
extraordinário e do agravo regimental: ausência de omissão,
contradição ou obscuridade a suprir: caráter manifestamente
protelatório: rejeição e condenação dos embargantes ao
pagamento de multa, nos termos do art. 538, parágrafo único,
C.Pr.Civil“ (RE nº 449.191/DF-AgR-ED, Primeira Turma, Relator
o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 10/8/07).

Por fim, verifica-se que o embargante pretende, por via transversa,


que os presente embargos adquiram os mesmos efeitos conferidos ao
manejo de embargos de divergência. Todavia a pretensão carece de
previsão legal. A propósito, por analogia, dispõe o art. 330 do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal, in verbis, que

“Art. 330. Cabem embargos de divergência à decisão de


Turma que, em recurso extraordinário ou em agravo de
instrumento, divergir de julgado de outra Turma ou do
Plenário na interpretação do direito federal.”

No mesmo sentido singra a jurisprudência desta Corte acerca da


impossibilidade de cabimento de embargos de divergência contra
acórdão de Turma proferido em julgamento de reclamação, vide
precedentes:

“AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. MANIFESTO
DESCABIMENTO DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 14

RCL 18564 ED / SP

AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1.


A teor do art. 330 do Regimento Interno desta Corte, os
embargos de divergência são cabíveis de acórdão de Turma que
divergir do julgado de outra Turma ou do Plenário em recurso
extraordinário ou em agravo em recurso extraordinário. 2. Não
há previsão de cabimento de embargos de divergência contra
acórdão proferido no julgamento de embargos de declaração no
agravo regimental em reclamação constitucional, impondo-se,
portanto, sua inadmissão. 3. Agravo regimental desprovido”
(Rcl nº 14.933/SE-AgR-ED-EDv-AgR, Tribunal Pleno, Relator o
Ministro Luiz Fux, DJe de 16/2/16).

“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECLAMAÇÃO.


DECISÃO PROFERIDA PELO TRIBUNAL PLENO.
NÃOCABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
Os embargos de divergência somente são cabíveis de decisões
proferidas pelas Turmas em recurso extraordinário e em agravo
de instrumento (art. 330 do RISTF). Incabíveis embargos de
divergência opostos contra acórdãos do Tribunal Pleno em
reclamação. Agravo regimental a que se nega provimento.
Decisão unânime” (Rcl nº 2.020/PR-ED-EDv-AgR, Tribunal
Pleno, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 26/5/06).

Desse modo, inexistente previsão legal no sentido almejado pelo


embargante, a denegação do pleito é medida que se impõe.
Ausentes, destarte, os pressupostos para o recebimento do recurso,
voto pela rejeição dos presentes embargos de declaração.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13108785.
Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 19/06/2017

Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 14

SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NA RECLAMAÇÃO 18.564


PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
EMBTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO
EMBDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Decisão: A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de


declaração, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, Sessão
Virtual de 9 a 16.6.2017.

Composição: Ministros Edson Fachin (Presidente), Celso de


Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.

Ravena Siqueira
Secretária

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 13079632

You might also like