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Assim, uma frase como (1) parece constituir-se de uma seqüência de seis
palavras concatenadas, mas não de qualquer maneira. Há, portanto, uma
ordem determinada para que as sentenças possam ser gramaticais. Dessa
forma, as palavras formariam cadeias que poderiam ser abstratamente de-
scritas:
(4) a+b+c+d+e
(5) a ⇐⇒ criança
doce ⇐⇒ vermelho
parecem formar uma nova unidade composta, um grupo natural. Diferente-
mente de associações como:
away são as duas formas poor John e ran away; e que cada uma
dessas partes é, portanto, uma forma complexa; que os constitu-
intes imediatos de ran away são ran, um morfema, e away, uma
forma complexa, cujos constituintes são os morfemas a- e way; e
que os constituintes de poor John são os morfemas poor e John.
Outras duas categorias, à parte dos grupos nominais e dos grupos preposi-
cionais - mas não menos importantes - são os grupos adjetivais e os gru-
pos verbais. Para definir o grupo adjetival constituinte, podemos utilizar os
critérios já vistos, como o da mobilidade. Tomemos então uma seqüência de
palavras como “muito feliz”:
E a coordenabilidade:
Todas essas frases são formadas por duas sentenças simples e coordenadas,
sendo a segunda oração incompleta quanto à forma, mas não quanto ao
significado. Os elementos da segunda sentença (“também o fez”, “também”,
“também o fizeram”) se referem exatamente ao SV da primeira sentença,
mas dessa fez valendo-se de um processo sintático-semântico para testar o
sintagma verbal, pois não é possível entender o “também o fez” de (21a)
como “roubou aqueles doces vermelhos”, mas somente como “comeu aqueles
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(24) Árvore I
x
PPP
P
y z
Z "b
Z " b
o menino come muito
Dessa maneira ficariam representados os constituintes imediatos de Bloom-
field. para interpretá-lo, faremos dessa maneira: os elementos com os quais as
frases foram construídas são, “o”,“menino”, “corre”, “muito”. As palavras “o”
e “menino” são os constituintes imediatos de uma construção “o menino”. Os
galhos que levam a eles derivam diretamente de um nódulo “y”; as palavras
“corre” e “muito” são constituintes imediatos ligados pelo nódulo imediata-
mente superior “z”; e as duas construções, “o menino” e “corre muito” são os
constituintes imediatos de uma construção de nível superior: a própria frase,
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e ambas derivam desse nódulo “x”. Utilizando esse tipo de modo de repre-
sentação unindo-o ao vocabulário técnico da sintaxe contemporâne (SN para
sintagma nominal, SV para sintagma verbal, SV e SA para o verbal e o ad-
jetival, respectivamente), é possível representar as árvores que demonstram
as duas construções possíveis para a sentença ambígua em (21):
(25) Árvore II
S`
```
``
SN SV
XX
"b
" b XXX
Det N V SN
PP
PP
o menino recebeu SN SP
HH PPP
H P
a menina com um sorriso
Ou numa representação em parênteses:
S
(((hhhhhh
(((( h
SN SV
`
"b ```
" b %
% ``
`
Det N V SN SP
HH PPP
H P
o menino recebeu a menina com um sorriso
(30) Árvore IV
S
,l
, l
SN SV
Podemos colocar após essa regra, uma outra, como SV → V SN, in-
dicando que um Sintagma Verbal é formado por um verbo seguido de um
Sintagma Nominal, ficando:
(31) Árvore V
S
Q
Q
SN SV
@
@
V SN
Logo após, se formularmos uma regra como SN → D N (SP), deixamos
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(32) Árvore VI
S
HH
H
SN SV
%e "b
% e "
" b
b
D N V SN
H
HH
D N SP
Por sua vez, uma regra como SP → P N:
S
!aa
!! a
SN SV
%e
% e HH
H
D N V SN
H
HH
D N SP
%e
% e
P N
S
XXX
X X
X
SN SV
XXX
Q
Q
XX
D N V SN
PPP
PP
o menino comeu D N SP
##cc
aquele doce P N
na festa
Note-se que como o SP é opcional (38c) é permitido. É claro que essa gr-
mática é extremamente pequena. para cirar um conjunto de regras para gerar
as sentenças em português, precisaríamos de algumas sentenças de regras,
juntamente com um aumento do léxico, com seus milhares de palavras. mas
mesmo assim, a estrutura sintagmática não daria conta de todas as relações
lingüísticas. Por conta disso desenvolveu-se uma teoria transformacional,
acoplada à gramática de estrutura sintagmática, mas que sugerem uma série
de outras implicações que extrapolam o tema “estrutura de constituintes”
aqui abordado. A gramática acima é só um pequeno exemplo de como se
pode tratar as línguas naturais, tendo por base a estrutura de constituintes
de uma sentença.
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Referências
[1] Bach, E. 1974. Teoria Sintática. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
[2] Bloofield, L. 1961. Language. Nova York: Holt, Rinegart and Winston.