You are on page 1of 49

PEL DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE ÀVIOLÊNCIA

DOMÉSTICA: Agressão Psicológica

O: PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE À VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA Agressão Psicológica

Wenceslau Braz
2017
Dedico este trabalho a Deus, por tudo que me
proporciona na vida. A minha família, os quais
amo muito, pelo exemplo de vida. E a todos
que de uma forma ou outra participaram de
mais esta etapa de minha vida, pelo carinho,
compreensão e companheirismo.

AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre comigo em todos
os momentos da minha vida e pela oportunidade de vencer mais uma etapa de
minha vida.
A minha família, que sempre me apoiou e incentivou.
A todos os professores, pela dedicação demonstrado ao longo do
curso.
Aos colegas pela troca de informações, alegrias e amizades
conquistadas.
Aos Professores Tutor e Supervisor, pelo auxilio e compreensão.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente colaboraram para a
realização deste trabalho.

RESUMO
Este trabalho apresenta uma discussão acerca da proteção social especial, um dos
eixos da política de assistência social, tratando especificamente das formas de
enfrentamento a violência contra a mulher enquanto demanda que compõe o
cotidiano de considerável parcela da população usuária dos serviços. Para que isso
se esclareça, esta pesquisa serviu-se do método dedutivo de pesquisa utilizando
estudo bibliográfico para demonstrar que essas agressões são resultado do
machismo e discriminação de gênero que só podem ser resolvidos a partir da
criação e acessibilidade á políticas sociais de proteção ás mulheres vítimas de
violência. Os Assistentes Sociais atualmente vêm tendo participação ativa no
processo histórico de conscientização da mulher sobre seus direitos, atuando em
instituições e organizações de apoio a vítimas de violência doméstica. Um aspecto
muito relevante quando se fala em acesso a informação e direitos é a facilidade de
exposição nas mídias, seja televisão, rádio, internet, jornais e revistas, chegando
aos lares de maneira muito eficiente e sigilosa o que garante maior segurança ás
mulheres quando denunciam. Resultados esperados, poderão ser comprovados pois
estão relacionados à evolução da mulher proporcionada pela medida protetiva
advinda com a Lei Maria da Penha, que possibilita um maior empoderamento
dessas mulheres, permitindo-as deixarem de ser vítimas e passarem a ser
autônomas, independentes, donas de si, frente à sociedade.

Palavras chave: Violência. Mulher. Assistência Social. Agressão Psicológica.

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
1 Percurso metodológico:violência doméstica contra a mulher.........................11
1.1 A Violência e Agressão Psicológica..................................................................11
2 VIOLÊNCIA DE GÊNERO E O SERVIÇO SOCIAL................................................18
2.1 Políticas Sociais de Proteção à Mulher e a Lei Maria da Penha....................18
3 O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO À MULHER VÍTIMA DE
VIOLÊNCIA.................................................................................................................30
3.1 A violência doméstica contra a mulher como objeto de intervenção do
assistente social........................................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................43
8

INTRODUÇÃO

Sabe se que essas agressões são resultado do machismo e


discriminação de gênero que só podem ser resolvidos a partir da criação e
acessibilidade á políticas sociais de proteção ás mulheres vítimas de violência. Os
Assistentes Sociais atualmente vêm tendo participação ativa no processo histórico
de conscientização da mulher sobre seus direitos, atuando em instituições e
organizações de apoio a vítimas de violência doméstica.
O presente trabalho se justifica e se faz relevante crescente
necessidade de igualar os gêneros, aniquilando qualquer forma de preconceito e
violência simplesmente por questões de gênero, etnia, religião e raça, que levam a
inúmeras cenas de violência gratuita na sociedade contemporânea reafirmando a
força da mulher em enfrentar os desafios impostos a sua aceitação plena.
Tem-se como objetivo geral: pesquisar o comportamento feminino no
âmbito da nova regra de convivência a nova regra de convivência familiar a luz da lei
nº 11.340/06, a chamada lei Maria da Penha. Já os objetivos específicos: trazem
informações acerca do comportamento da mulher no âmbito familiar; anterior a Lei
Maria da Penha; Demonstrar a reação da mulher vítima de violência, já sob a
influência deste dispositivo legal de proteção que a ampara e comparar e
demonstrar a possível conscientização e evolução da mulher no relacionamento
intrafamiliar.
A metodologia utilizada trata-se de pesquisas bibliográficas inerentes
ao tema proposto o papel do assistente social frente à violência doméstica,
principalmente a psicológica bem como a busca por informações junto aos
profissionais que trabalham com essas questões e se possível com mulheres que
passaram por esse tipo de situação, além de ensaios, artigos, livros e revistas com
informações relacionadas ao assunto
Partindo dessas afirmações o presente trabalho se configura. Sendo
dividido em três capítulos, os quais procuram delinear a questão da violência contra
a mulher e do papel do assistente social frente a essa realidade.
O primeiro capítulo trata do percurso metodológico relata um pouco
sobre violência doméstica contra a mulher, agressão psicológica e a realidade vivida
pelas mulheres que sofrem violência doméstica, relacionando a violência contra a
9

mulher com a violação dos direitos humanos.


No segundo capítulo faz-se uma discussão de cunho teórico sobre a
questão da violência, violência de gênero, e o Serviço Social. Também neste capítulo
faz-se uma abordagem das políticas sociais de proteção à mulher além de abordar a
Lei Maria da Penha.
O terceiro capítulo trata do papel do Assistente Social no
atendimento à mulher vítima de violência. E, para finalizar fazem-se às
considerações finais, onde são apresentadas as conclusões acerca do tema.
10

1 PERCURSO METODOLÓGICO:VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER

1.1 A Violência e Agressão Psicológica

A violência Doméstica está impregnada, pode se dizer desde o início


da humanidade, criada pela distinção entre homens e mulheres desde a infância.
Nos anos anteriores a 2006, no Brasil, não existia nenhuma lei específica que
garantisse um julgamento justo e prisão efetiva aos agressores, só a partir da
década de 1980 é que se iniciaram os movimentos contra esse tipo de violência,
antes disso as mulheres pereciam
A palavra violência origina-se do latim violentia que significa o ato de
violentar abusivamente contra o direito natural, exercendo constrangimento sobre
determinada pessoa por obrigá-la a praticar algo contra sua vontade (CLIMENE &
BURALLI, 1998). Invadindo a autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo
a vida de outro. É o uso excessivo de força, além do necessário ou esperado.
De acordo com Burgess (2007), a família é como um sistema
dinâmico interacional, uma unidade formada por personalidades em interação que
geram uma super personalidade viva, flexível e em expansão.
Para o autor, em todo caso, a unidade real da vida familiar tem sua
existência não em qualquer concepção legal, nem num contrato formal, mas na
interação de seus membros. Porque a família não depende, para sobreviver, de
relações harmoniosas de seus membros, nem se desintegra necessariamente em
resultado de conflitos entre seus membros. A família vive enquanto a interação está
se realizando e só morre quando ela cessa. A unidade da família se constitui nessa
dinâmica internacional que permite que cada membro desenvolva uma concepção
da própria família. Esse processo não ocorre de forma isolada da sociedade, na qual
os indivíduos também participam, mas inclui status, vizinhança, o papel segundo os
costumes, leis, opinião pública, ou seja, suas referências provenientes
O autoritarismo do ser masculino constitui uma forma de violência ao
expressar-se por atos opressivos e agressivos, que retiram o espaço do diálogo do
respeito, evidenciando a submissão e a dominação. Esse exercício de poder no
interior das relações familiares que se configura como abuso psicológico não deve
11

ser confundido com autoridade masculina, entendida como a função socializadora


exercida pelos homens frente à mulher a qual inclui a transmissão de valores sociais
e a definição dos instintos necessários a civilidade da comunicação estabelecida na
vida pública. A família, para ser mais que um agregado humano reunido por laços de
afeto, deve adquirir um caráter institucional. Para tal, precisa que seu papel seja
reconhecido pela comunidade.
No universo familiar, cada membro tem seu papel, que define a sua
posição na ordem das interações. Para se constituir como instituição, as
responsabilidades dos seus membros precisam ser assumidas conforme a posição
deles em cada situação. Isso permite aos membros prever as reações dos outros. É
a relação de suas atitudes com o status na família que favorece o reconhecimento
do dever ser atribuído ao lugar, ocupado pelo pai, mãe ou filho.
Nessa perspectiva, a família não integrada é identificada por
apresentar pouco ou nenhum ritual, exercer fraco controle, seja pela disciplina ou
apego sentimental, ter baixo grau de união entre seus membros que pouco
subordinam seus interesses aos fins familiares comuns.
Cada tipo de violência gera, segundo Kashani e Allan (1998),
prejuízos nas esferas do desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral, emocional
ou afetivo. As manifestações físicas da violência podem ser agudas, como as
inflamações, contusões, hematomas, ou crônicas, deixando sequelas para toda a
vida, como as limitações no movimento motor, traumatismos, a instalação de
deficiências físicas, entre outras.
Os sintomas psicológicos frequentemente encontrados em vítimas
de violência doméstica são: insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade,
falta de apetite, e até o aparecimento de sérios problemas mentais como a
depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, além de
comportamentos autodestrutivos, como o uso de álcool e drogas, ou mesmo
tentativas de suicídio (KASHANI; ALLAN, 1998).
Para tentar suportar essa realidade, a mulher precisa abdicar não
somente de seus sentimentos, mas também de sua vontade. Com isso, ela passa a
desenvolver uma auto percepção de incapacidade, inutilidade e baixa auto-estima
pela perda da valorização de si mesma e do amor próprio (MILLER, 1999).
De acordo com Burgess (2007), a família tem uma função cultural e
uma função afetiva. As mudanças de ordem econômica e a seguridade social
12

tendem a provocar mudanças nos papeis e ações da família, de tal forma que,
quanto mais se avança o programa de seguridade social, menor o controle da
comunidade e a interdependência econômica.
Burgess (2007, p.561) comenta que, apesar de se verificar sua
permanência, a família varia de tal modo em sua forma que não é possível afirmar
seguramente a forma que poderá tomar rumo.

A invisibilidade de que falamos tratar, portanto, da falta de


reconhecimento de certos acontecimentos como sendo da sociedade
como um todo e, por isso, devem ser algo de propostas de resolução
de caráter público para todos, e não de cunho estritamente individual.
São problemas para os quais cabem ações públicas e políticas
sociais apropriadas, como programas de esclarecimento públicos,
campanhas antiviolência em meios de comunicação social como
rádios, televisões, jornais, revistas etc. além programas de apoio em
instituições de assistência, como aponta o Relatório Mundial sobre
Violência e Saúde publicado pela Organização Mundial de Saúde.
(KRUG, 2002, p.52)

De acordo com Krug (2002), a violência é literalmente praticada


dentro de casa ou âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentesco civil
(marido, mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural (pai, mãe, filhos, irmãos
etc.). Contra esses tipos de violências existem leis vigentes que asseguram os
direitos desses cidadãos (Lei 11.340/2006-Lei Maria da Penha no caso da mulher,
Estatuto do Idoso no caso do idoso, Eca quando se refere à criança e adolescente).
Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as
crianças, maus-tratos conta idosos, e violência contra a mulher, geralmente nos
casos dos processos de separação o homem se torna agressor por não aceitar a
separação e com isso cria ações violentas que venha prejudicar a vítima.
A violência doméstica é a que ocorre dentro de casa, nas relações
entre pessoas da família, entre homens e mulheres, pais/mães e filhos entre jovens
e pessoas idosas. (TELES; MELO, 2003).
A violência doméstica é penetrada no seio familiar de envolvência
bastante abrangente. Neste âmbito doméstico a dominação da violação sobre a
mulher ganha mais êxito por se tratar de um lugar visto como ambiente de refúgio
onde para muitas delas é o único lugar de referência de sua vida. É nele que a
mulher se delimita e se submete a todos os constrangimentos ali ocorridos. Âmbito
este que ficou mais facilitador da reprodução machista. Sem contar com o
13

desrespeito e a imparcialidade do policiamento;


“No caso da violência específica contra a mulher que não é explícita
ou não deixa marcas (...) no caso da chamada violência doméstica, é comum sua
ocorrência no espaço do lar, onde quase sempre não é presenciada por ninguém”.
(SILVA, 1992, p.58).
Assim, percebe-se que a violência contra a mulher se deve
principalmente a concepções equivocadas, construídas socialmente há séculos, mas
que permanecem ainda com intensidade, como se não fossem os dois, homem e
mulher, cidadãos que devem cumprir e se beneficiarem dos mesmos direitos e
deveres.
No Brasil muitos foram os questionamentos das causas influentes da
violência por questões sociais, psicológicas, de gênero, raça e etnia. Associada a um
poder vigente, a violência analisada como um processo que permeia o sistema.
Sendo uma expressão da sociedade, a violência é um espelho, o reflexo do sistema
vigente que tem como representador dessa forte expressão que é o indivíduo. A
violência é um fato normal por acontecer em todas as sociedades e teve prevalência
no Brasil no século XX.
De acordo com o artigo 5º da Cartilha Lei Maria da Penha, onde diz
que a violência doméstica e familiar contra mulher é qualquer ação ou omissão
baseada em gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial onde tenham vínculos seja no espaço do
convívio, no âmbito familiar (compreendida como comunidade formada por
parentescos) ou com qualquer relação íntima de afeto. Por tanto a violência
doméstica não é somente uma ação agressiva onde é gerado lesões, mas sim todos
os atos que cause constrangimentos à outra pessoa.
Segundo Teles e Melo (2003) a violência contra mulheres se refere à
violência de gênero, a qual deve ser entendida como uma relação de poder de
dominação do homem e de submissão da mulher. A violência de gênero foi
concebida assim sua expressão por ser praticada atos agressivos contra pessoa do
sexo feminino, sendo intimidado pelo homem que logo exerce o papel de agressor,
dominar, onde vem ganhando espaço demonstrando as desigualdades existente
entre homem e mulher dentro do seu próprio lar.
A Lei 11.340/2006 - Maria da Penha ampara apenas mulheres como
vítima de violência doméstica e familiar, e como agente agressor podem ser
14

enquadrados o marido, o companheiro, namorado, ex-namorado, a mãe, a filha, a


irmã, o patrão ou a patroa da empregada doméstica e a mulher lésbica que agride
sua companheira;

A violência é uma das mais graves formas de descriminação em


razão de sexo/gênero. Constitui violação dos direitos humanos e das
liberdades essenciais, atingindo a cidadania das mulheres,
impedindo-as de tomar decisões de maneira autônoma e livre, de ir e
vir, de expressar opiniões e desejos, de viver em paz em suas
comunidades; direitos inalienáveis do ser humano. É uma forma de
tortura que, embora não seja praticada diretamente por agentes do
Estado, é reconhecida como violação dos direitos humanos (...)
(TELES; MELO, 2003, p.23).

A proteção da saúde física e emocional da família exposta a esse


tipo de violência intrafamiliar requer a intervenção de profissionais das áreas de
assistência social, da psicologia e das autoridades judiciais para o manejo e o
fortalecimento dos vínculos afetivos. Uma das principais metas dessa pesquisa é
intervir com trabalho de prevenção para uma possível conscientização que venha
atingir a todas as camadas principais os jovens, para que estes sejam orientadas
sobre a problemática que cerca a sociedade para que no futuro não se tornem
agressores nem vítimas da violência doméstica. Ao perpassar pela historicidade da
violência e a evolução da sociedade, observamos que a violência está presente
desde a antiguidade e que é um problema social.
Contudo são esses pontos dispersos que interessam e que precisam
ser analisados, pois é através deste que precisa-se fazer uma educação preventiva
dentro das normas da Lei Maria da Penha, que dá esse direito de reabilitação tanto
o homem como a mulher, desta forma poder ter uma possibilidade de mudança
quanto ao comportamento machista que acompanha esse homem agressor advindo
de sua historicidade e o meio ao qual se desenvolveu dentro da sociedade.
Segundo Martins (2014): A partir do momento em que o problema da
violência doméstica contra as mulheres começou a ser discutido e reconhecido, as
políticas públicas para prevenção e controle começou a ser criadas. Foi por volta de
1980 que esta discussão começou a tomar força no Brasil, através do movimento
feminista, que iniciou uma série de ações que trouxeram à tona a problemática para
ser discutida junto às esferas públicas. Já que até esse momento era um tabu
apenas mencionado em âmbito privado.
15

Souza e Silva(2002) salienta que a violência se manifesta tanto nas


relações entre as classes sociais, quanto nas relações interpessoais, podendo estar
presente nas relações de gênero, nas relações entre homens e mulheres, entre
adultos e crianças, entre brancos e negros, entre certa identidade heterossexual e a
chamada identidade homossexual. Portanto a violência intrafamiliar ocorre dentro de
um grupo familiar, tendo como seus principais atores os membros de uma família.
Além disso, tornou-se uma das violações de direitos humanos mais praticados e
com menor reconhecimento público em todo o mundo. Como já foi mencionado, é
um problema de saúde pública, por afetar a integridade corporal, psíquica e
emocional da mulher (vítima).
A partir da Consolidação das leis de proteção ás mulheres vítimas de
violência, a sua conscientização e a efetividade no cumprimento dessa lei através de
prisões, processos e medidas Protetivas pelas mulheres vítimas e pela sociedade
em geral, permite que O serviço Social se faça presente, numa perspectiva de
orientação e se necessário com trabalho intersetorial, favorecendo a recuperação
dessas mulheres que foram vítimas das agressões por seus companheiros na
maioria das vezes.
A publicação do Ministério da Saúde - Violência intrafamiliar;
orientação para prática em serviço (2002) registra que a agressão psicológica está
inserida na ação ou omissão que causa ou visa causar dano à autoestima, à
identidade ou desenvolvimento da pessoa; nesta podem estar incluídas desde
ofensas verbais até as proibições.
Erikson (1976) trabalha na teoria psicossocial, a emoção o medo e
agressividade. O homem infrator, detido por agressão à mulher precisa ser
trabalhado, não basta punir colocando-o em um presídio, precisa-se dar atividade
para canalizar essas energias como emoções, medo e principalmente a
agressividade.
De acordo com Paim (2008, p.8) “[...] os homens não nascem
violentos eles se tornam violentos, por uma construção cultural, assim como o papel
da mulher também é aprendido pela sua inserção na cultura.” A raiz do problema
pode ser a maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, que por
sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os
meninos são incentivados pelo seu meio familiar, a valorizar a agressividade, a força
física, a ação, a dominação e satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as
16

meninas são valorizadas pela beleza, delicadas e sedução, submissão,


dependência, sentimentalismo, passividade e os cuidados com os outros.
Um dos mais importantes fatos ocorridos a partir da Lei nº 11.340/06
e objeto desse trabalho é a introdução da agressão psicológica sofrida pelas
mulheres, que causa tantos danos quanto às agressões físicas e sexuais como uma
das características da violência doméstica e que na maioria das vezes é
negligenciada e infelizmente ainda não são consideradas praticam criminosas sendo
naturalizados pela maioria das pessoas, homens e mulheres, que aderem a esse
comportamento ao cotidiano nos relacionamentos sem ter consciência dessa atitude
frente a futuras agressões físicas e sexuais, pois, na maioria das vezes agressões
psicológicas antecedem agressões físicas.
A Influência Psicológica é um tipo de agressão que visa
primeiramente afetar o indivíduo psicologicamente, ficando a violência física em
segundo plano. É uma violência que ocorre sempre em uma relação desigual de
poder, em que o agente exerce autoridade sobre a vítima, sujeitando-a a aplicação
de maus tratos mentais e psicológicos.
Não provoca dor física em nenhum momento, mas a humilhação,
estresse e angústia causada pode deixar cicatrizes psicológicas permanentes. A
tortura psicológica contra a mulher é considerada violência doméstica nos casos em
que é perpetrada pelo seu companheiro, marido, namorado ou em qualquer relação
interpessoal em que o agressor tenha convivido ou convivam no mesmo domicílio
que a vítima, que se observe intensa aplicação de maus-tratos psicológicos,
emocionais ou mentais de forma continuada. A pessoa agressiva é alguém que
reage a tudo como se fosse uma disputa.
É nesse meio que o profissional Assistente Social encontra o seu
campo de atuação. Neste contexto que se constitui hoje um grande desafio para o
profissional Assistente Social, ou seja, assegurar o estatuto de questão pública à
violência doméstica contra a mulher e, consequentemente, a gestão do problema
pelo Estado, pela implementação de políticas públicas eficientes, a elaboração dos
instrumentos legais e a garantia da intervenção do Estado.
Além disso, possibilitar uma intervenção que supere as práticas
sexistas, garantidoras da impunidade aos agressores e que submetem as mulheres
a situações de violência.
17

2 VIOLÊNCIA DE GÊNERO E O SERVIÇO SOCIAL

2.1 Políticas Sociais de Proteção à Mulher e a Lei Maria da Penha

Auxiliar os indivíduos e suas famílias a retomarem questões como


respeito na convivência e em se tratando de direitos e deveres é papel primordial do
profissional em Serviço Social.
O Serviço Social, surge no século XIX, sendo a burguesia a classe
social dominante, exercendo assim controle sobre o proletariado, somente a partir
da segunda metade do século XIX se inicia na Europa uma Assistência Social com
um esboço de técnica e organização, mas ainda de forma caritativa e não
profissional, sendo Mary Richmond a pioneira no Serviço Social, preocupou-se em
conhecer, na assistência social, o que era questionado pelos agentes sociais ao
concederem o auxílio e como se comportava a pessoa que o recebia. A burguesia
aliava-se aos filantropos, transformando-os em importantes agentes sociais,
responsáveis por uma socialização ideológica burguesa, onde a união com Estado e
igreja fizeram um compacto e reacionário bloco político para impedir as
reivindicações da classe proletária, reprimindo sua expressão política e social.
Assim, não perder de vista as circunstancias sob as quais surgiu o
serviço social, e ainda, a qual necessidade histórica esta profissão veio a atender;
de acordo com Mota (1998, p19-20), “as profissões se criam a partir de
necessidades sociais e se desenvolvem na medida da sua utilidade, indo a
institucionalizar ofícios reconhecidos socialmente num determinado tempo”. Nesta
perspectiva, entende-se que o serviço social surge como mais uma das estratégias
do capital para manter sob controle as necessidades dos trabalhadores.
Políticas Públicas é a totalidade de ações, metas e planos que os
governos (nacionais, estaduais on municipais) traçam para alcançar o bem-estar da
sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os
governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são
aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade.
Políticas Sociais são ações governamentais desenvolvidas em
conjunto por meio de programas que proporcionam a garantia de direitos e
condições dignas de vida ao cidadão de forma equânime e justa.
18

Assim, do ponto de vista teórico-conceitual, a política pública em girl


e a política social em particular são campos multidisciplinares, e seu foco está nas
explicações sobre a natureza da política pública e seus processos.
a) Política Nacional de Segurança Pública – Decreto Nº 6.950/2009.
– Tem como objetivo aperfeiçoar o sistema de segurança pública brasileiro, por meio
de propostas que integrem políticas de segurança, políticas sociais e ações
comunitárias, de forma a reprimir, prevenir o crime e reduzir a impunidade,
aumentando a segurança e a tranquilidade do cidadão brasileiro.
b) Política Nacional da Saúde - Lei N. º 8.080/1990. – Dispõe sobre
as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes. A lei da Saúde regula todo o território
nacional, as ações e serviços de saúde, executados, isolada ou conjuntamente, em
caráter permanente ou eventual por pessoas naturais ou jurídicas de direito público
e privado. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover condições indispensáveis ao seu pleno exercício, garantindo a saúde
consiste na reformulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à
redução de riscos, de doenças e de outros agravos no estabelecimento de
condições que assegurem o acesso universal e igualitário as ações e aos avanços
para a sua formação, proteção e recuperação.
c) Política Nacional para as Mulheres – PMN – Decreto nº
5.390/2005. – Dotada de caráter mais permanente, fornecendo as linhas gerais
sobre a qual os planos de caráter mais perenes e sujeitos a modificações mais
frequentes, se constroem. Orienta-se pelos princípios de igualdade e respeito à
diversidade, de equidade, de autonomia das mulheres, de laicidade do Estado, de
universalidade das políticas, de justiça social, de transparência dos atom públicos e
de participação e controle social.
A Lei Nº 8.212/91 no seu artigo 1º garante que: Art. 1º A Seguridade
Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à
previdência e à assistência social.
A intervenção do profissional tem como objetivo fundamental
promover o desenvolvimento de capacidades e competências sociais – sejam elas
coletivas ou individuais – a três níveis: cognitivo (do conhecimento), fornecendo
informação aos indivíduos, incentivando a sua compreensão para o funcionamento
19

da sociedade e orientando-os sobre a melhor forma de utilizarem os seus recursos;


relacional, facilitando o desenvolvimento das relações interpessoais e grupais,
capacitando os indivíduos para assumirem novos papéis e estimulando novas
formas de comunicação e expressão; organizativo, promovendo a interação entre
cidadãos, organizações e outras estruturas sociais, acionado ou criando novos
recursos sociais e desenvolvendo a participação e a capacidade organizativa dos
indivíduos e grupos (LAURIELL; NORIEGA, 1999).
A questão social e suas expressões que são vivenciadas pelos
indivíduos em suas relações sociais são entendidas como sendo a matéria-prima ou
o objeto de trabalho do profissional Assistente Social;
Ao longo da história da profissão, veio-se discutindo sobre o objeto
de trabalho do Serviço Social, mas foi no final de 1970, com o movimento de
reconceituação que um grupo de profissionais
Em se tratando de temas voltados a família, esta situação se dá de
modo ainda mais complexo, devido à necessidade de compreensão da dimensão do
problema apresentado, compreender também a complexidade das relações
humanas entre aqueles que, direta ou indiretamente, constituem uma família.
Para isso, é importante ressaltar que a decadência da família não se
deve apenas à falta de moral tradicional ou à simples fraqueza humana, mas ao
surgimento de toda uma nova doutrina contra ela. (RICHES, 1994).

Neste sentido, a culpabilidade da própria sociedade não pode ser


descartada, uma vez que as tendências seguidas pelos indivíduos
são evidenciadas através da mídia, da cultura em evidente mudança
e demais fatores capazes de produzir novos pensamentos e
percepções acerca do mundo. Constituição Federal diz que tem-se
direito à felicidade. Tem-se neste sentido muitas dúvidas pois ela diz
também que se tem direito à moradia, saúde, liberdade, educação e
um monte de outras coisas. Mas poucos tem no nível da
necessidade. (MENDES,2009, p. 40).

A legislação coloca direitos. A realidade, entretanto, nem sempre vê


assistidos tais direitos. Assim, a discordância entre, assegurado e efetivamente
vivenciado, provoca a desconfiança nos indivíduos de que, realmente, há condições
de mudanças no futuro.
20

É neste ambiente cercado por complexidade que o profissional de


Serviço Social é convidado a atuar. Importante perceber que são várias as
modalidades de atuação no contexto social.
Ávila (1993) coloca três tipos de Serviço Social:
O Serviço Social de Casos, que auxilia os indivíduos a descobrirem
as causas de seus problemas e a desenvolverem suas capacidades para superação
das deficiências;
O Serviço Social de Grupo, o qual procura o aprendizado da ação
em conjunto e desenvolva capacidade de liderança;
O Serviço Social na Organização e Desenvolvimento da
Comunidade, o qual incentiva as comunidades para que resolvam seus problemas
enquanto grupo social.
Nestas três possibilidades diferenciadas de intervenção, o Assistente
Social provê seus conhecimentos e realiza atividades necessárias à manutenção da
dignidade humana, lutando pelos direitos daqueles que se encontram em situação
vulnerável.
A partir do momento em que a sociedade se encontra em uma luta
constante entre o bem e o mal, onde famílias são desestruturadas por conta da
constante busca pelo acumulo de riquezas e pelo individualismo cada vez mais
frequente, ao Assistente Social cabe resgatar certos valores e intervir, do modo
menos constrangedor possível, a fim de proporcionar melhorias na qualidade de vida
da sociedade em geral.
O gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseadas
nas diferenças que são percebidas entra os sexos e se configura como a primeira
forma de dar significado as relações de poder.
Segundo Faleiros (2007), a violência de gênero estrutura-se a partir
da concepção de que os seres humanos estão divididos entre machos e fêmeas,
correspondendo a cada sexo lugares, papéis, status e poderes desiguais na vida
privada e na pública, na família, no trabalho e na política.
A violência contra a mulher foi utilizada como uma forma de educar e
mantê-la submissa, concedendo-lhe o papel de dominada e, ao homem, o de
responsabilizar-se pela manutenção da família e ser, portanto, detentor do poder. A
sociedade legitimou ao homem o poder de comando e mesmo ele não estando
presente, o lugar lhe pertence.
21

A mulher recebe o “poder” de substituir o homem apenas na falta


deste, caso contrário a autorização para o exercício da autoridade pertence a ele.
Sendo assim, Faleiros (2007), diz que o poder patriarcal se estrutura
na desigualdade entre os gêneros masculino e feminino, tornando-se numa “lei do
status desigual dos gêneros”.
A violência de gênero contra a mulher está em toda parte e aumenta
a cada dia. Infelizmente essa violência não é um fato novo na sociedade. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a violência doméstica como um
problema de saúde pública, pois afeta a integridade física e a saúde mental.
A questão de gênero está para além da cultura, ela conduz o
indivíduo a uma representação nessa sociedade, levando a distinção de papéis e da
posição de ambos junto a sociedade. Onde de um lado está o gênero, através da
mulher, sujeita ao homem. E do outro lado, está o patriarcado, que revela o poder
sobre o indivíduo mulher - anterior.
[...] o gênero é a representação de uma relação social: do
pertencimento de um indivíduo a uma categoria social e da posição deste indivíduo
face a outros grupos previamente constituídos. O gênero distribui os indivíduos pelas
posições sócias culturalmente significativas. Assim, não se trata apenas de uma
construção sociocultural, mas também de um aparelho semiótico, ambos
convergindo para a emergência de um conjunto de representações que atribuem
significados aos membros de uma sociedade. (SAFFIOTI, 1991 apud ALMEIDA,
1996, p.3).
Para Mattos (2006), no Brasil as políticas sociais têm sido
consideradas como um benefício do estado e não como um direito dos cidadãos. E
as políticas públicas no Brasil vêm de uma tradição que as faz autoritárias, sem a
participação e sem controle por parte da cidadania, havendo a prática dos
governantes exigirem contrapartida dos cidadãos beneficiários. É também
insuficiente e de baixa qualidade, onde o público alvo é o pobre do pobre.
Observa-se que as políticas públicas contra a violência no Brasil têm
uma recente trajetória, pois foi a partir dos anos 80 que as políticas públicas
começaram a ser efetivamente concebida sob o enfoque de gênero.
As políticas públicas para as mulheres não podem ser consideradas
somente como programas e projetos, mas antes disso, são instrumentos de governo
para orientar investimentos públicos que enfrentem as desigualdades vividas pelas
22

mulheres e para a proteção dos seus direitos.


Conforme Camargo e Aquino (2003), nos anos 80, no Brasil, a ação
do Estado era mesmo restrita à proteção policial e ao encaminhamento jurídico dos
casos, visando à punição do agressor e a reparação da vítima. Somente nos últimos
trinta anos que o movimento feminista vem alertando a sociedade frente à violência
que atinge a maioria das mulheres.
A partir da Consolidação das leis de proteção ás mulheres vítimas de
violência, a sua conscientização e a efetividade no cumprimento dessa lei através de
prisões, processos e medidas protetivas pelas mulheres vítimas e pela sociedade
em geral, permite que o serviço social se faça presente, numa perspectiva de
orientação e se necessário com trabalho intersetorial, favorecendo a recuperação
dessas mulheres que foram vítimas das agressões por seus companheiros na
maioria das vezes.
É inegável a efetivação dos direitos femininos contra os abusos e
violência doméstica sofrida por milhares de mulheres no Brasil, que obtiveram auxilio
por meio da lei Maria da Penha, tanto quanto, ainda é necessária uma efetivação e
uma anulação do medo de denunciar, para que a devida providencia possam ser
tomadas pelas autoridades competentes.
O que se pode afirmar é que a veiculação publicitária pelos meios de
comunicação vem ocorrendo, bem como as delegacias especializadas pra receber
as denúncias também vem aumentando gradativamente, o que falta mesmo é a
conscientização da sociedade em perceber as violações de direitos no seio familiar e
recorrer a essas opções de defesa, por meio de denúncias diretas ou por relatos
feitos as assistentes sociais e demais profissionais do CRAS e CREAS das suas
regiões, que estão preparados para receber as queixas, trabalhar com essas
mulheres em situação de risco e encaminhar para as autoridades cada caso de
maneira individualizada, minimizando assim as refrações desse grave problema que
ainda persiste em ocorrer.
Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943, e a Lei nº 8.213, de julho de 1991.” Lei nº 10.778 de 24 de novembro de
2003, ela vai tratar sobre a questão da violência contra a mulher, no que diz respeito
aos atendimentos nos serviços de saúde, trata-se do procedimento em que os
profissionais devem realizar com a vítima, como segue na Lei: “Estabelece a
notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher
23

que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados.”


Esta legislação passa a fazer as distinções dos tipos de violência, os
danos que cada uma delas causam às mulheres vítimas de violência doméstica, os
espaços que elas acontecem e com isso o procedimento que será feito pelas
autoridades sanitárias, como segue na Lei:
1º Para os efeitos desta Lei, deve-se entender por violência contra a
mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou
sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no
privado.
2º Entender-se-á que violência contra a mulher inclui violência física,
sexual e psicológica e que: I. tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica
ou em qualquer outra relação interpessoal em que o agressor conviva ou haja
convivido no mesmo domicílio que a mulher e que compreende, entre outros,
estupro, violação, maus-tratos e abuso sexual; (CFESS, 2008, p. 36)
Lei nº 10.886, de 17 de junho de 2004, foi através dessa lei que a
violência praticada por familiares e pessoas de convívio próximo, recebeu a
denominação de: “violência doméstica”, como segue na lei: “Acrescenta parágrafos
ao art.129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal-,
criando o tipo especial denominado “Violência Doméstica”.”
9º. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: detenção, de 6(seis) meses a 1(um) ano. (CFESS, 2008, p. 380)
No decorrer dessas décadas, o enfrentamento à violência contra a
mulher tomou forma e vem buscando cobrar providências do poder público. Assim
houve então, a criação da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 - LEI MARIA DA
PENHA. De fato, foi somente em 2006, que o enfrentamento à violência doméstica
contra a mulher, ganhou status de legislação no Brasil, através da Lei Maria da
Penha, que foi uma homenagem a essa mulher que tanto lutou pra que outras
mulheres não vivessem o mesmo que ela viveu, embora ela não tenha sido
alcançada por essa lei, devido ter acontecido a agressão antes de ser sancionada a
Lei Maria da Penha.
24

2.2 A Lei Maria da Penha e sua Efetividade

A Lei n° 11.340/06 tem como objetivo O amparo às mulheres que


sofrem agressões diárias de seus maridos, companheiros, namorados, pais, irmãos
ou qualquer pessoa que mantenha relação íntima de afeto, salientando que tais
relações independem de orientação sexual.
A Lei Maria da Penha é uma justa homenagem à Biofarmacêutica
Maria da Penha Maia Fernandes que, por duas vezes, foi vítima de tentativa de
homicídio pelo seu marido. Por conta disso, ficou paraplégica, e seu agressor só foi
punido 19 anos e 06 meses depois, assim mesmo a uma pena de 02 anos de prisão.
Ressalta-se que a nova legislação prevê medidas inéditas de
proteção para a mulher em situação de morte. As penas pecuniárias, por exemplo,
que puniam os agressores com multas ou cestas básicas, foram extintas.
Dependendo do caso, o criminoso pode ser proibido de se aproximar da mulher e
dos filhos. Em outras, a vítima pode reaver seus bens e cancelar procurações feitas
para o agressor.
A Lei aumentou a pena do crime de lesões corporais contra a mulher
no artigo 129 do Código Penal, de seis meses a um ano para de três meses a três
anos. A vítima pode também entrar com ação contra o agressor para que este seja
condenado criminalmente.
No que se refere ao combate à violência doméstica contra as
mulheres, as ações desenvolvidas incluem o estabelecimento e o cumprimento de
normas penais que garantam a punição e a responsabilização dos agressores,
autores de violência bem como a implementação da Lei Maria da Penha, em
especial nos seus aspectos processuais penais no que tange a criação dos juizados
de violência doméstica e familiar contra a mulher.
O artigo 13 da Lei n° 11.340/06, trata dos procedimentos afirmando
que ao processo, julgamento e execução das causas civis e criminais decorrentes
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, serão aplicadas as
normas dos Códigos do Processo Penal, Processo Civil e da Legislação específica
relativa à criança, adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
estabelecimento nesta Lei (LEI MARIA DA PENHA, 2006.p.22).
Nesse sentido, a Lei Maria da Penha, em seu art. 5º supriu a lacuna
contida na legislação da seguinte forma:
25

Art. 5º Para os efeitos desta Lei configura violência doméstica e


familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço
de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas.
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada
por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva
ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. “As relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual.”
Artigo 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui
uma das formas de violação dos direitos humanos.
A Lei Maria da Penha está sendo inovadora prevendo medidas de
proteção para a mulher em relação de risco de morte, possuindo um lado repressivo
e educativo quando comparada a sua primeira versão. A referida lei veio dar maior
vigor a punição do sujeito agressor no intuito de uma ordem social e de uma
socialização da mulher que há muito tempo foi ignorada.
O conceito de família monoparental é encontrado na Constituição
Federal no seu artigo 226, § 4º, que disciplina “Entende-se, também, como entidade
familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.
Ou seja, a Constituição ampara a família formada pelo vínculo entre
ascendente e descendente, que pode ser constituída por pai com seus filhos ou mãe
com seus filhos. Tanto faz se o pai ou a mãe sejam casados ou não. A proteção do
art. 226, § 4º, abrange filhos concebidos ou não no casamento e também os
adotados. Busca-se com isso que os filhos tenham igual proteção do Código Civil,
consagrando-se o princípio da isonomia.
26

Tal status familiar visa dar efetividade a isonomia dos filhos


estabelecida pelo art. 227, § 6.º, da Constituição Federal, posto que,
havidos ou não na relação de casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações. [...] A nova noção do conceito de
família, inclui a família monoparental, por isso também recebe
proteção da Lei que visa coibir a violência doméstica e familiar (Lei
Maria da Penha), com todas as medidas preventivas e repressivas,
incluindo tutelas de urgência, previstas nesta lei. (SOUZA, p.25 -26).

O namoro também pode ser considerado atualmente como um


núcleo familiar: “Pode-se conceituar o namoro como um período informal de
convivência entre um homem e uma mulher, com objetivo de se conhecerem e de,
no futuro, constituírem família.” (SOUZA, 2007, p.27).

Não há previsão legal a respeito neste instituto, pois não produz


efeitos jurídicos: Não há que se confundir o namoro com o noivado,
posto que em ambas as situações existe a convivência entre homem
e a mulher para a futura constituição de família pelo casamento e
pela união estável. No entanto, o noivado gera responsabilidade civil
extracontratual, enquanto o namoro, como já dito, não deve produzir
efeitos jurídicos. (SOUZA, 2007, p. 28).

Portanto o namoro se difere de noivado porque o noivado produz


responsabilidade civil extracontratual, enquanto o namoro não gera efeitos jurídicos.

O noivado é uma promessa de casamento, também chamado de


esponsal, prometendo as partes, casamento em prazo certo. Este
instituto não gera conflito com a união estável, porque normalmente
se inicia com uma solenidade e com troca dos anéis esponsalícios.
(SOUZA, 2007, p.28).

O namoro, o noivado e até mesmo as relações eventuais, como o


que os jovens denominam “ficar” são protegidos pela Lei Maria da Penha, pois
conforme o art. 5.º, III, da Lei 11.340/2006, o amparo a mulher que sofre violência
abrange qualquer relação intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a vítima, independente de morarem junto ou não.
Diz o doutrinador:
27

Tanto o namoro quanto o noivado têm plena tutela da Lei


11.340/2006, posto que muito embora sejam situações em fase
embrionária à constituição de família, de acordo com o artigo 5.º, III,
da LVM, a proteção da mulher decorrente de violência engloba:
“qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou
tenha convivido com a ofendida, independente de coabitação”.
(SOUZA, 2007, p. 28).

Portanto, o conceito de família experimenta atualmente, profunda


modificação Afirma o doutrinador Cunha:

Como salientam Iglesias Fernanda de Azevedo Rabelo e Rodrigo


Viana Saraiva, 'aceitar novos modelos familiares não significa dizer
que a família será destruída. Conceber apenas a família nuclear
composta pelo casal heterossexual e filhos como o único modelo de
família aceitável, é incompatível com a natureza afetiva da família. A
noção de família como núcleo de afetividade e base da sociedade
deve ser encarada, como de fato é, como um fator cultural. E, dessa
maneira, a legislação deve acompanhar a evolução da sociedade e,
consequentemente, dos arranjos familiares'. (2007, p.35).

Já o conceito de concubinato está previsto no artigo 1.727 do Código


Civil que afirma: “As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos
de casar, constituem concubinato”. A intenção do legislador foi a de limitar a união
estável vigente. Portanto se houver casamento ou união estável vigente ou havendo
impedimento para o casamento, qualquer relação estável entre um homem e uma
mulher.
A situação histórica mais comum é aquela que o homem, na vigência
do casamento, mantinha outro vínculo, de forma que morava com a esposa, mas
possuía à distância outra mulher, que se denominava “teúda e manteúda”. Também
é concubinato a chamada união estável desleal, que é aquela em que uma pessoa,
já possuindo uma união estável, inicia outra concomitante à primeira. (SOUZA,
2007)
Portanto a Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) inova o conceito de
família tornando-o mais abrangente. No conceito da Lei, se a relação tiver vínculo de
afetividade, então será reconhecida como uma entidade familiar. Por isso
atualmente, a expressão Direito de Família vem sendo colocada no plural, ou seja,
pela expressão: Direito das Famílias.
28

Cabe trazer a manifestação de Eliana Ferreira: “A família


modernamente concebida tem origem plural e se revela como o
núcleo de afeto no qual o cidadão se realiza e vive em busca da
própria felicidade. Abandonou-se o modelo patriarcal e hierarquizado
da família romana, ao longo dos anos e firmou-se no direito das
sociedades ocidentais um modelo de atuação participativa, igualitária
e solidária dos membros da família”. (DIAS, 2007, p.45).

A longevidade, a emancipação feminina, a perda de força do


cristianismo, a liberação sexual, o impacto dos meios de comunicação de massa, o
desenvolvimento científico com as experiências genéticas e descobertas no campo
da biogenética, a diminuição das famílias com o aperfeiçoamento e difusão dos
meios contraceptivos, tudo isso atingiu fortemente a configuração familiar. Ademais a
urbanização e a industrialização mudando a base produtiva da sociedade também
afetaria o direito de família, já que o poder empresarial ao contrário da propriedade
fundiária não é ligado com organização família. (TEPEDINO, 2001)
Por isso a Lei Maria da Penha ampara todas as mulheres que
tenham vínculo íntimo de afeto com o agressor 15 Dessa maneira ocorre uma
verdadeira equiparação entre todos os institutos de família e civis, albergando plena
proteção à mulher no âmbito da unidade doméstica, da família ou nas relações
íntimas de afeto, extrapolando em muito o disposto no artigo 226, § 8.º, da
Constituição Federal.
O sujeito passivo é a mulher. A Lei Maria da Penha não ampara as
pessoas jurídicas (associação de mulheres) e entes despersonalizados
(condomínios), pois a violência tem que ter ocorrido no âmbito doméstico, familiar ou
de intimidade: Pessoas jurídicas (associações de mulheres) e entes
despersonalizados (condomínio) não estão compreendidos entre os sujeitos
passivos da LVM, não por causa da qualidade pessoal em si, mas por força do
âmbito de incidência da norma, relembrando que há necessidade de se respeitar o
critério espacial tipificado, ou seja, a violência deve ocorrer no âmbito de relação
havida numa unidade doméstica, familiar ou íntima de afeto.(SOUZA, 2007 ).
O sujeito ativo tanto pode ser homem como mulher, pois a Lei em
estudo menciona a palavra “agressor”, que está colocada como gênero, abrangendo
o sexo feminino e masculino. A legislação em questão, no art. 7.º, enumera as
formas de manifestação de violência de forma genérica, levando o operador a
interpretá-lo de maneira aberta, enunciativa, isso porque estão apontadas em
29

numerus apertus, em razão da expressão “entre outras” no dispositivo, sempre


presumindo em favor da mulher, criando, pois regra enunciativa e orientadora das
principais condutas, [...]. (SOUZA, 2007).
A Lei Maria da Penha, portanto, protege a autoestima e a saúde
psicológica da mulher. A violência psicológica é uma agressão emocional, cuja
gravidade é igual ou até maior que a violência física. Configura-se a violência
psicológica quando o agressor ameaça, rejeita, humilha ou discrimina a vítima. O
agente sente prazer em ver a vítima sofrendo, configurando, assim, a vis
compulsiva. Trata-se de previsão que não estava contida na legislação pátria, mas a
violência psicológica foi incorporada ao conceito de violência contra a mulher na
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Doméstica,
conhecida como Convenção de Belém do Pará. (DIAS, 2007).
A mulher agredida psicologicamente fica com a autoestima abalada
e sua saúde psicológica prejudicada, pois se sente amedrontada, inferiorizada e
diminuída. A doutrina critica a expressão violência psicológica, que poderia ser
aplicada a qualquer crime contra a mulher, pois todo crime gera dano emocional à
vítima, e aplicar um tratamento diferenciado apenas pelo fato de a vítima ser mulher
seria discriminação injustificada de gêneros. (DIAS, 2007)
A parte final do art. 7º da Lei Maria da Penha, afirma que também se
considera violência patrimonial, a subtração de direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. Ensina a doutrinadora:
Identificada como violência patrimonial a subtração de valores, direitos e recursos
econômicos destinados a satisfazer as necessidades da mulher, neste conceito se
encaixa o não pagamento dos alimentos. Deixar o alimentante de atender a
obrigação alimentar, quando dispõe de condições econômicas, além de violência
patrimonial, tipifica o delito de abandono material (DIAS, 2007, p. 53).
As importantes formas de enfrentamento da violência contra a
mulher, destacando conquistas, políticas públicas, transformações, mas também o
longo caminho a se percorrer para que novos avanços venham a acontecer neste
contexto coloca-se a intervenção do assistente social, enquanto profissional que tem
como direção social a transformação da realidade e que muito tem a oferecer no
combate a violência de gênero.

2 .4 O Serviço Social e a prática de apoio


30

Pode atuar juntamente com a área jurídica e psicológica, visando


atender pessoas carentes que enfrentam momentos difíceis, tendo por objetivos:
I. Identificar as demandas do usuário, sejam estas sociais, jurídicas
ou psicológicas;
II. Realizar o atendimento social de acordo com a demanda
identificada;
III. Selecionar os usuários com base nos critérios de elegibilidade
existentes; sobre o mesmo, e dando o primeiro passo para encontrar a solução.
IV. Produzir informações e conhecimento na área social sobre a
problemática vivenciada pela população usuária;
V. Propiciar aos casais em processo de separação um espaço para
refletirem sobre sua decisão e consequentes implicações da mesma.
O trabalho realizado pelo Serviço Social, embasa-se na corrente
fenomenológica, cuja a metodologia tem como marco referencial os conceitos de:
diálogo, pessoa e transformação. “O diálogo como ajuda psicossocial é um processo
em que o assistente social e o cliente realizam uma experiência cujos elementos
fundamentais constituem, em síntese, a percepção e a forma de consciência
(primeiro momento) e a aplicação de ambos (projeto), a partir da SEP (situação
existencial problematizada). (ALMEIDA,1982)
Quando o usuário chega à instituição é atendido primeiramente pelo
Serviço Social. Após colher alguns dados de identificação, colocando-se à
disposição do usuário para ouvir a sua história ou SEP (situação existencial
problematizada), numa tentativa de levá-lo a refletir seu problema. Acredita-se que
ao externar um problema através da fala, o usuário automaticamente está refletindo
sobre o mesmo, e dando o primeiro passo para encontrar a solução.

Trabalhamos com o diálogo, objetivando levar o usuário, que é


sujeito de uma experiência, à investigação de uma verdade.
Entendemos que essa experiência nos leva a um conhecimento novo
que incita uma nova forma de pensar o mundo natural e se traduz
num projeto social. A metodologia do diálogo exige que se parta do
conhecimento profissional do assistente social e do conhecimento de
que o cliente é portador, pois um sem o outro não permite a
dialetização crítica de um modo inteligível próprio de conhecer.
(ALMEIDA,1982, p.54)
31

Por pensar ser a pessoa, o homem integral, racional e livre, procura-


se atuar de forma a deixar o usuário responsável por tomar a decisão que achar
mais conveniente para a resolução de seus problemas. O atendimento profissional
limita-se em criar um espaço para que ocorra a troca entre o conhecimento
profissional do assistente social e o conhecimento de que o usuário é portador, além
de expor o atendimento prestado pela instituição e fazer os encaminhamentos que
se fizerem necessários.
Para Anna Augusta (1982) a transformação, na nova proposta, é
provocada por um método que desenha a dinâmica do diálogo em cinco
movimentos:
I. O primeiro movimento parte da colocação de uma SEP como
fenômeno social;
II. O segundo movimento dirige-se à análise-crítica da SEP e
segue três direções: em direção ao racional quando é
orientada para o objeto (conhecimento do objeto); em direção
à pessoa quando é orientada para o sujeito (consciência de
si); em direção ao social quando é orientado para o mundo
(consciência crítica);
III. O terceiro movimento conduz a uma síntese-crítica da SEP,
gerada pelo conhecimento construído no movimento anterior;
IV. O quarto movimento pretende a construção do projeto.
Privilegia a relação presente-futuro de uma proposição de
intervenção na realidade, uma práxis humanas (conhecer
saber - agir);
V. O quinto movimento, retorno reflexivo, consiste em questionar
os resultados, comparando o que foi alcançado com o que se
espera alcançar.

Constata-se que o papel do Serviço Social que atua numa linha


fenomenológica se resume em contribuir, através do diálogo e da valorização da
pessoa, para que o usuário reflita e tome consciência do seu problema, a fim de
tomar uma decisão segura e que julga melhor para resolvê-lo. O Serviço Social,
junto com a Psicologia, trabalha a questão da separação dentro de um grupo
32

denominado como Grupo Temático. Este trabalho se deu por conta da grande
incidência de pedidos de separação que chegam até a instituição.
“A grande maioria dos casais que nos procuram, trazem sérios
problemas de ordem social e psicológica. E ao nos deparar com essas questões,
surgiu a necessidade de uma atuação que buscasse respostas aos problemas
destes usuários.”
Os critérios para a participação no Grupo Temático segundo Matos
(1996) são:
Ser usuário da instituição e ter manifesto no diálogo, interesse em
separar-se do(a) companheiro(a);
• É observado o tempo de separação e o estado emocional em que
se encontra o usuário;
• A participação do usuário no Grupo se faz necessária para que se
dê prosseguimento ao encaminhamento para o setor de Direito;
O objetivo do Grupo Temático é propiciar uma reflexão aos casais
que se encontram em processo de separação. Então o Grupo dá continuidade ao
trabalho iniciado com o diálogo individualmente. Esta proposta é válida a partir do
momento em que coloca em pauta experiências diferentes de relacionamento,
dentro de problemas diversos. Essa troca de experiências visa levar o usuário a
aprofundar sua reflexão e em seguida partir para uma tomada de decisão com mais
segurança e consciência
33

3 O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO À MULHER VÍTIMA DE


VIOLÊNCIA

3.1 A violência doméstica contra a mulher como objeto de intervenção do


assistente social

A violência doméstica atinge mulheres em todo o mundo e no Brasil


não é uma realidade diferente, para analisarmos a profissão do Serviço Social
atuando frente a esse problema social, faz-se questão social, como por exemplo
nosso objeto de estudo, a violência doméstica.
A interdisciplinaridade no Serviço Social está diretamente
relacionada com a atuação da profissão (suas atribuições, responsabilidade e
métodos de trabalho) no âmbito institucional.
A complexidade com que emergem as expressões da questão social
com a qual os profissionais lidam cotidianamente, principalmente no âmbito da
violência doméstica demanda diálogo, cooperação e até mesmo divergências nas
lutas por Políticas Públicas e constituem a necessidade de alianças com outras
áreas do conhecimento na realização de trabalho em equipe com (Advogado,
Psicólogo, Medico, Pedagogo, dentre outros), a partir de uma visão mais ampla no
que se refere à efetivação do acesso ao direito.
Rodrigues (1998) destaca que a interdisciplinaridade, favorecendo o
alargamento e a flexibilização no âmbito do conhecimento, pode significar uma
instigante disposição para os horizontes do saber.

(...) Penso a interdisciplinaridade, inicialmente, como postura


profissional que permite se pôr a transitar o “espaço da diferença”
com sentido de busca, de desenvolvimento da pluralidade de ângulos
que um determinado objeto investigado é capaz de proporcionar, que
uma determinada realidade é capaz de gerar, que diferentes formas
de abordar o real podem trazer”. (RODRIGUES; 1998, p.156)

Cabe neste contexto, citar sobre as especificidades das profissões e


as especialidades das áreas distintas, a interdisciplinaridade retira o novo e diferente
dos conhecimentos elaborados sobre o objeto de uma determinada intervenção, isto,
34

possibilita o pluralismo de contribuições visando uma sintonia deste objeto e prática,


caracterizada como "postura profissional”.
O Serviço Social não diferente das demais profissões, está ligado a
outras áreas e, isto é, muito importante para seu desenvolvimento, pois o isolamento
de uma determinada categoria profissional, seria prejudicial para a abrangência de
sua prática social. Pode-se dizer que a interdisciplinaridade o desenvolve e viabiliza
a interação com o diferente. Isto é ganho, pois, possibilita o rompimento dos vícios e
preconceitos existentes na profissão.
Sem a pretensão de justificar qualquer forma de violência, é preciso
reconhecer que a violência social é a primeira das agressões cometida contra a
população, o modo de produção ao qual estamos submetidos segrega parte da
sociedade, determinando que estes passarão o resto de suas vidas excluídos de
tudo que é produzido socialmente, realidade esta que não se esgota na discussão
de recursos materiais, tolhendo o direito a plena cidadania, decorrendo daí todas as
outras formas de violência, seja contra a criança, o adolescente, idoso ou a mulher.
Sendo assim, a intervenção do assistente social na violência contra a
mulher, assim como em qualquer outro fenômeno, pressupõe o conhecimento da
realidade, como os envolvidos, origem do problema, bem como as possibilidades e
desafios na construção de alternativas, elevar a questão imediata ao nível de
determinações universais, torna-se imprescindível para se obter a particularidade de
cada uma das situações apresentadas.
Muitas são as discussões sobre o resgate e fortalecimento da
autoestima da mulher, para tanto o Serviço Social tem nas ações socioeducativas
um importante instrumental para o alcance deste objetivo. Estas ações se
caracterizam como um processo de ensino-aprendizagem
na relação dialética entre profissional e usuário cuja finalidade é contribuir
para que as condições geradoras dos problemas sociais sejam superadas
[...]. Podem, portanto, ser operacionalizadas através de duas abordagens: a
individual e a grupal, sendo que esta última pode ser realizada sob
diferentes modalidades [...].Tais ações visam, portanto, a transformação do modo
como a mulher compreende sua própria realidade, sem estabelecer uma relação de
dependência com a instituição ou profissional que a acompanha, ela mesmo passa a
priorizar quais são os objetivos que pretende alcançar para a melhoria de sua vida,
não por meio de imposições, mas através de um trabalho comprometido que
35

respeite os valores de cada um dos sujeitos atendidos, ainda que resultados


positivos se mostrem pouco a pouco. (LIMA,2004)
Grandes desafios são colocados aos profissionais que atuam no
enfrentamento da violência contra a mulher, pois apesar de ser uma construção
social, determinadas concepções estão fortemente enraizadas, sendo que romper
com questões culturais requer muita determinação, persistência, mas
primordialmente o conhecimento para embasar o planejamento e execução das
ações pretendidas, que será o diferencial tanto na atuação do assistente social como
no impacto das respostas construídas por este. Diante deste desafio, torna-se
relevante priorizar a informação, privilegiando não apenas as mulheres, mas
alertando também aos homens, pois a prevenção realizada de forma esclarecedora
é um importante mecanismo no combate a violência de gênero.
O profissional do Serviço Social, que intervém diretamente na
realidade social dos sujeitos, tem como pressuposto de atuação a articulação do
trabalho em redes. Nesse espaço, seguramente, são reforçados valores
como colaboração, confiança e solidariedade. Dessa forma, o Assistente
Social e outros atores se dispõem a pesquisar, monitorar, avaliar e
promover a materialização de ideias, fomentando a distribuição de
responsabilidades, a tomada democrática de decisões, controles coletivos
sobre o que está a ser feito e avaliações sistemáticas dos resultados
obtidos. (GROSSI, TAVARES e OLIVEIRA, 2008, p. 279)
Assim, embora as grandes conquistas obtidas ao longo da trajetória
histórica deste fenômeno social e do considerável número de atores envolvidos em
sua problematização, existe muito ainda a ser construído, considerando que os
serviços existes não atendem a todas as vítimas, seja por sua escassez ou pelo
receio das mesmas em buscar apoio, este compromisso cabe ao Estado por meio
da implementação de políticas públicas, aos profissionais que devem atuar da
defesa dos direitos, à população em geral que tem muito a contribuir desde que
esteja distante de valores carregados de preconceito e tradicionalismo.
A atuação do assistente social através de execução de medidas que
oferecem respaldo social através de manifestações intersetoriais, tem como objetivo
central o término do ciclo de violência doméstica e familiar, através da acolhida
humanizada à vítima e ao seu ofensor, tendo como mecanismos de atuação os
recursos de oitiva e comunicação interpessoal, com a construção do diálogo entre as
36

partes envolvidas nas desavenças familiares, oferecendo-lhes a possibilidade de


criar novas histórias, longe de situações conflitos. Neste sentido, a postura
interdisciplinar é condicional às atividades do assistente social.

Por isso, é necessário que o profissional envolvido em trabalhos


interdisciplinares funcione como um pêndulo, que ele seja capaz de ir
e vir: encontrar no trabalho com outros agentes, elementos para a
(re)discussão do seu lugar e encontrar nas discussões atualizadas
pertinentes ao seu âmbito interventivo, os conteúdos possíveis de
uma atuação interdisciplinar” (MELO E ALMEIDA, 1999, p. 235).

As ações em parceria de profissionais de áreas distintas, devem


funcionar como fertilizantes para a produção de conhecimento no processo de ir e vir
das relações e demandas profissionais. Devem trazer para a intervenção profissional
a possibilidade do pluralismo e da equidade, princípios fundamentais da profissão de
Serviço Social.
No âmbito da atuação nos conflitos familiares gerados pela violência
doméstica contra mulher de acordo com os direcionamentos da Lei 11.340/2006, é
pertinente reconhecer a importância do trabalho multidisciplinar, pois conta com a
participação de vários atores, dentre eles o profissional em Serviço Social, que
utiliza sua instrumentalidade, sua dimensão teórico-metodológica na adoção do
diálogo entre vítima e agressor.
O Assistente Social atua com a questão da violência doméstica
diferentemente da autoridade Policial, por não ter a mesma visão do crime. O
assistente social ao realizar os atendimentos, procura ser parceiro na resolução de
cada caso que lhe é encaminhado, com apoio de outros profissionais, como por
exemplo o psicólogo.
Observa-se em suas técnicas, por meio da escuta ativa nas
entrevistas, que o mesmo busca entender a dinâmica da violência sofrida em sua
totalidade, não somente de forma isolada, busca identificar a sua origem, as causas,
os tipos de violência implícitos ou explícitos, os sentimentos e as pessoas envolvidos
além do perfil do agressor.
Isto evidenciado através de elaboração dos pareceres sociais,
instrumentais preenchidos e os devidos encaminhamentos das vítimas aos
programas assistenciais e também para as ações da rede de saúde, e por fim
exercitar o trabalho em rede nos diversos tipos de atendimento necessários à mulher
37

vítima de violência doméstica. “À rede é uma articulação de atores em torno [...] de


uma questão ao mesmo tempo política, social, profundamente complexa e
processualmente dialética” (FALEIROS, 1997, p.25).
Diante do exposto, é pertinente ter a consciência de que o projeto
interdisciplinar não é produzido e reproduzido através de uma receita de sucesso,
mas, sim através de condicionantes entre os profissionais. Por isto, que a
interdisciplinaridade encontra determinados limites no cotidiano da vida profissional,
bem como também de nossa história de vida.
No enfrentamento da violência contra, mulheres, crianças e
adolescentes, são colocados grandes desafios aos assistentes sociais
principalmente no que diz respeito à consolidação da Lei Maria da Penha e do ECA,
pois ainda hoje existe com certa força a inversão de valores, que permite a visão
destes como seres inferiores e passíveis de qualquer forma de violência.
Diante de tal demanda o Assistente Social deve ter claro a
importância da família e de seu contexto histórico para se entender os elementos
que contribuíram para que se chegasse a situação de violência. E, sobretudo, deve
ter como princípios a ética e o respeito de ambas as partes, com uma postura do
profissional de acolhimento, de modo a estabelecer vínculos de confiança.
Nesse sentido, se faz necessário ponderar mais sobre a atuação do
assistente social sob a perspectiva da dimensão ética e política. Assim, destaca que
após a reconceituação da profissão e a defesa de um projeto ético-político em favor
da construção de uma sociedade mais justa, a profissão tem sido reconhecida,
valorizada e requisitada, configurando um espaço na divisão sócio técnica do
trabalho, merecendo a confiança das outras profissões e entidades diversas,
conquistando espaço e demarcando a identidade da assistência social.
Dessa forma, é preciso compreender que o Assistente Social no
combate aos tipos de violência que se apresenta no contexto das vítimas, atua
embasado na Lei de Regulamentação da profissão e no Código de Ética
Profissional.
A referida Lei, quando aprovada, estabeleceu os parâmetros legais e
prescreveu as competências do assistente social e destacando as prerrogativas
exclusivas de cada prisional nos diferentes âmbitos de atuação. Ou seja, a profissão
passa a ser reconhecida como um instituto autônomo, legalizado e técnico/cientifico
com competências próprias no seio da sociedade, conforme artigo 4º da 8.662/93:
38

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a


órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e
organizações populares;
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e
projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da
sociedade civil;
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a
indivíduos, grupos e à população;
IV - (Vetado);
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no
sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na
defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços
Sociais;
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir
para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração
pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às
matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria
relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos
e sociais da coletividade;
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais
e de Unidade de Serviço Social;
XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de
benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e
indireta, empresas privadas e outras entidades.
XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão
financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional. (BRASIL,
1993).
Destaca-se, que de acordo com Iamamoto (2002), embora
colocados como competências, são, na realidade, atribuições privativas do
assistente social, pois o que delimita o caráter da atividade como exclusiva do
assistente social é a sua qualificação enquanto matéria, área e unidade de Serviço
Social.
39

O Código de Ética Profissional de um modo geral se concentra em


orientar o exercício profissional, conferindo os padrões a ser cumprido focado
sempre na direção ético-política voltada para a liberdade, como um valor central,
aliada à autonomia, emancipação e expansão dos sujeitos, reconhecendo os
indivíduos como sujeitos de direitos, valores e demandas legítimas. É possível
vislumbrar que o Assistente Social trabalha articulado em quatro (04) dimensões: a
dimensão ética política, a dimensão teórica metodológica, a dimensão técnico
operativa e a dimensão normativa.
Ao passo que o Código de Ética, não menos importante que a Lei de
regulamentação, propôs os princípios norteadores da ação profissional. Ele inseriu
princípios e valores humanistas, guias para o exercício cotidiano da profissão: quais
sejam os princípios fundamentais.
Princípios estes que impregnam no exercício cotidiano do
profissional indicando um novo modo de operar a profissão determinando os
caminhos que se deve andar, o norte que se deve seguir para condução das
condições e relações de trabalho em que se realiza e para as expressões coletivas
da categoria profissional na sociedade.
Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das
demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e
plena expansão dos indivíduos sociais; Defesa intransigente dos
direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; Ampliação e
consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda
sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos
das classes trabalhadoras; Defesa do aprofundamento da
democracia, enquanto socialização da participação política e da
riqueza socialmente produzida; Posicionamento em favor da
equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso
aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem
como sua gestão democrática; Empenho na eliminação de todas as
formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à
participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das
diferenças; Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes
profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e
compromisso com o constante aprimoramento intelectual; Opção por
um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma
nova ordem societária, sem dominação exploração de classe, etnia e
gênero; Articulação com os movimentos de outras categorias
profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta
geral dos trabalhadores; Compromisso com a qualidade dos serviços
prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na
perspectiva da competência profissional; Exercício do Serviço Social
sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de
classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual,
idade e condição física. (BONETTI, [et al] 2010 p.217-218).
40

Nada obstante destaca-se que a dimensão normativa se materializa


com a utilização dos instrumentos legislativos na proteção dos direitos das vítimas,
como a Lei Maria da Penha, na defesa dos direitos da mulher, bem como o ECA na
defesa dos direitos da criança e adolescente. De igual importância, referencio a
supracitada lei de regulamentação da profissão do Serviço Social, ao qual ampara a
atuação do profissional frente as demandas propostas no cotidiano de atuação no
auxílio a violência doméstica.
Quais são as atribuições e as competências que foram atribuídas ao
profissional do serviço social. A esse respeito as atribuições consistem em:
Atendimento social as mulheres vítimas de violência doméstica, e
crianças e adolescente vítimas de maus tratos e abuso sexual. Contribui ainda, no
atendimento psicossocial e na viabilização de direitos através da rede de serviços
socioassistencial e instrumental técnico: visita domiciliares, orientações, e
encaminhamentos.
No cotidiano profissional o Projeto Ético Político da Profissão, são os
requisitos seguintes: domínio teórico e prática, reflexão, conhecimento da realidade,
despido de todo e qualquer preconceito. Comprometimento com a efetivação dos
direitos e justiça social dos serviços prestados à população.
Este profissional tem a preocupação com os direitos dos usuários,
haja vista que a dimensão ético-política tem orientado o seu exercício profissional no
sentido de orientar as vítimas de violência discutindo com estas seus direitos, e se
posicionando a favor da luta por políticas públicas e, sobretudo, tendo o
entendimento que é de suma importância ter o conhecimento da realidade desses
sujeitos, os fatores socioeconômicos, éticos e culturais, e articulação necessária
com o seu meio familiar e comunitário, assim como com os demais serviços de
enfrentamento, observando os possíveis fatores que levaram a presente situação,
para a partir daí buscar alternativas que tornem possível o rompimento com esse
ciclo.
De acordo com o código de ética do Profissional de Serviço Social
no Título II – Dos Direitos e das Responsabilidades Gerais do Assistente Social.
Artigo 3º - São deveres do Assistente Social:
a. desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e
41

responsabilidade, observando a legislação em vigor;


b. utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício
da Profissão;
c. abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que caracterizem
a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos,
denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes;
d. participar de programas de socorro à população em situação de
calamidade pública, no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades.
“A violência se opõe à ética porque trata seres racionais e sensíveis,
dotados de linguagem e de liberdade, como se fossem coisas, isto é, irracionais,
insensíveis, mudos, inertes ou passivos. Na medida em que a ética é inseparável da
figura do sujeito racional, voluntário, livre e responsável, trata-lo não como humano e
sim como coisa”. (CHAUÍ, 2007, p.342).
Conforme Título III – Das Relações Profissionais- Capítulo I – Das
relações com os Usuários.
Artigo 5º - São deveres do Assistente Social nas suas relações com
os usuários:
a. contribuir para a viabilização da participação efetiva da população
usuária nas decisões institucionais;
b. garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e
consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as
decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e às crenças
individuais dos profissionais resguardados os princípios deste Código;
c. democratizar as informações e o acesso aos programas
disponíveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à
participação dos usuários;
d. devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos
usuários, no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus
interesses;
e. informar à população usuária sobre a utilização de materiais de
registro audiovisual e pesquisas a elas referentes e a forma de sistematização dos
dados obtidos;
f. fornecer à população usuária, quando solicitado, informações
concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas conclusões,
42

resguardado o sigilo profissional;


g. contribuir para a criação de mecanismos que venham
desburocratizar a relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os
serviços prestados;
h. esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e
a amplitude de sua atuação profissional;
O código de Ética surge como instrumento para consolidar os
vínculos da Assistente Social com usuário, considerando a necessidade de resgatar
e enfatizar a função do Serviço Social, bem como os princípios éticos, que informam
a conduta dos homens e mulheres comprometidos com a verdade, com
honestidade, com justiça, com dignidade humana, e com o respeito à lei, que são
elementos que devem presidir o relacionamento do profissional com o usuário.
Sem a pretensão de justificar qualquer forma de violência, é preciso
reconhecer que a violência social é a primeira das agressões cometida contra a
população, o modo de produção ao qual estamos submetidos segrega parte da
sociedade, determinando que estes passarão o resto de suas vidas excluídos de
tudo que é produzido socialmente, realidade esta que não se esgota na discussão
de recursos materiais, tolhendo o direito a plena cidadania, decorrendo daí todas as
outras formas de violência, seja contra a criança, o adolescente, idoso ou a mulher.
Sendo assim, a intervenção do assistente social na violência contra a
mulher, assim como em qualquer outro fenômeno, pressupõe o conhecimento da
realidade, como os envolvidos, origem do problema,
Das mulheres que chegam para o atendimento, 90% são de classe
baixa e média, dependem financeiramente do marido e/ou companheiro, tem grau
de instrução fundamental incompleto, sendo as queixas que mais chegam é a de
que os motivos das agressões são as drogas, ciúmes e o álcool.
Ao exercer sua função o Assistente Social utiliza vários instrumentais
para desenvolver seu trabalho em qualquer que seja sua área de atuação. Para isso
a compreensão o Serviço Social é preciso captar elementos de participação nas
relações de classes, desse modo para Iamamoto, (2007) o Serviço Social é um dos
instrumentos a serviço de um poder monolítico”. Assim as mudanças do ser social
na história correspondem a sua relação com a natureza. Podendo também sua
autocriação é a transformação do homem com seu caráter, neste sentido a variação
da prática social é a mediação do trabalho com o elemento, objetivando sempre uma
43

intenção diante das necessidades que simulam os fatos.


Segundo Guerra (2002) a instrumentalidade posta em relação aos
homens com objeto de trabalho, no ato de produção, é transposta em relação a
outros homens, [...] apropriando-se uns do trabalho dos outros, tendo seu resultado
como meio de sua realização.
Neste sentido o instrumental passa a ser o alicerce do trabalho do
profissional Assistente Social condicionando as relações sociais dos indivíduos.
Sendo elaboradores sociais constituindo laços entre indivíduos e a sociedade,
portanto as relações sociais estão sujeitas à base instrumental para serem
caracterizados e incorporados no se papel social.
O Assistente Social desenvolve sua instrumentalidade em três
dimensões: teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, elas mobilizam a
forma de intervenção que o profissional contempla e suas demandas de maneira
eficiente refletindo na legitimidade convertendo as políticas sociais em instrumentos
de trabalho na sociedade.
A instrumentalidade serve como uma estrutura necessária para as
intervenções técnicas afastando da utopia de um profissional canalizador de
problemas, surgindo no entanto da realidade que necessitava maior abrangência a
respeito das necessidades sociais, sendo a integração entre teoria e prática.
Partindo disto conforme Sousa define a sustentação da instrumentalidade que se dá
através das três dimensões, então, neste sentido o profissional tende a seguir as
normativas que conduz o agir do mesmo, devendo ser o escudo e a base da ética
profissional, e se não for cumprida devidamente o Assistente Social nunca poderá
ser inserido em qualquer política pública. Considerando os princípios essenciais da
profissão, os acondicionamentos gerais da atuação profissional, direitos e
responsabilidades gerais do assistente social, mantendo o sigilo profissional e junto
às políticas sociais como um todo. Já na dimensão Técnico-operativa o profissional
deve conhecer se apropriar, e, sobretudo, criar um conjunto de habilidades técnicas
que permitam ao mesmo desenvolver as ações profissionais junto à população
usuária e às instituições contratantes (Estado, empresas, Organizações Não-
governamentais, fundações, autarquias etc.), garantindo assim uma inserção
qualificada no mercado de trabalho, que responda às demandas colocadas tanto
pelos empregadores, quanto pelos objetivos estabelecidos pelos profissionais e pela
dinâmica da realidade social.( SOUSA, 2008)
44

Assim pode-se dizer que é a forma mais adequada que o


profissional Assistente Social tende a agir para utilizar seus conhecimentos teóricos
e técnicos, adquiridos para desenvolver suas intervenções que exigiram
instrumentais específicos sendo responsável pelo resultado das intervenções feitas
de forma metodológica e técnica, sendo que essas três dimensões jamais poderão
serem desenvolvidas separadamente. Pois ocorrer queda de qualidade por parte do
atendimento as demandas que o profissional Assistente Social é designado a
desenvolver.
A criatividade que o Assistente Social adquire ao longo da sua
atuação é relevante as demandas que lhe compete, com isso ele (Assistente Social)
passa a desenvolver sua prática de acordo com seu instrumento de trabalho sendo
características muito peculiares de cada profissional em sua área de atuação.
Destacando aqui alguns dos instrumentos definidos por Sousa, que os profissionais
utilizam para desenvolver suas intervenções junto seus usuários, não sendo nosso
objetivo detalhar na integra os instrumentos mas sim apenas relatar de forma como
são desenvolvidos pelo profissional.
Sendo eles a entrevista social que se destaca como processo de
coleta de informações, tem mais sustentabilidade quando adiciona outras soluções,
como por exemplo, a observação e a documentação para Sousa (2008,p.122)“a
entrevista nada mais é do que um diálogo, um processo de comunicação direta entre
o Assistente Social e um usuário”, sendo que uma boa entrevista é aquela que
obtém informações de qualidade, precisando assim o profissional ter recursos
mentais e intelectuais para a realização da entrevista.
O estudo social é ponto de partida da intervenção do profissional
Assistente Social, é onde formula-se o conhecimento decisivo que determina o
trabalho num olhar amplo do interesse produzindo questões que orientem a
percepção da realidade e da interpretação das experiências vivenciadas. “É um
processo metodológico específico do Serviço Social que tem por finalidade conhecer
com profundidade as situações das expressões da questão social” (CEFSS, 2008)
Já o parecer social é o documento que contem a opinião do
Assistente Social é “uma avaliação teórica e técnica realizada pelo Assistente Social
dos dados coletados de acordo com Sousa, (2008, p.131) uma opinião que deve
estar fundamentada, com base em uma perspectiva teórica de análise”. E a perícia
social por sua vez é a análise estimulada da realidade e assim “tem por finalidade de
45

subsidiar uma decisão, ou dar suporte à decisão judicial”.


A visita domiciliar é caracterizada pela utilização da entrevista,
especificamente, no domicilio da família, oportunizando assim, que o profissional
conheça, entre outras questões, como a família se articula no espaço da casa, sua
dinâmica e o cotidiano e que as relações familiares se estabelece “principal objetivo
conhecer as condições e modos de vida da população usuária em sua realidade
cotidiana, ou seja, no local onde ela estabelece suas relações do dia a dia: em seu
domicílio” (SOUSA, 2008)
Por fim grupo e comunidade são as formas de interação que um
indivíduo interage uns com os outros é de comum observação de um universo de
respostas aprendidas, e essa aprendizagem acontece por intermédio dos grupos
sendo “um recurso que pode ser utilizado pelo Assistente Social [...] para levantar
um debate sobre determinado tema com um número maior de usuários, bem como
atender um maior número de pessoas que estejam vivenciando situações parecidas”
(SOUSA, 2008)
Com todos esses instrumentos são de grande interligação, e uma
perspectiva institucionalista, intervindo num amplo escopo da pratica social. Ao
exercer sua função o assistente social possibilita a intervenção dos profissionais
para que possam resolver o problema, e para um diagnóstico preciso ele precisa
realizar: a entrevista, levantamento e coleta de dados, informações precisas, que
possam ajudar tais usuários a seguir o tratamento correto. A partir disso, é possível
reconhecer o nível de participação desse público e também como se comportam as
Políticas Públicas e a sociedade diante de tais problemas.
É nesse sentido que é durante o desenvolvimento das atividades do
Assistente Social, que busca-se estratégias para sua atuação institucional. Os
serviços prestados tornam-se um mecanismo de funcionamento no conhecimento de
socialização utilizados pelos profissionais construindo redes de cuidados e na
qualidade dos serviços oferecidos, na procura de articulações utilizando de
dispositivos que visem a melhoria dos serviços sociais.
46

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pesquisas e reflexões realizadas ao longo do desenvolvimento


deste trabalho nos trouxeram respostas sobre os questionamentos levantados com
relação à questão da violência contra a mulher e a intervenção do Serviço Social.
Conclui-se que o ambiente familiar é
sinônimo de insegurança para a mulher vítima de violência doméstica, esses espaço
que deveria oferecer amor e proteção passa a ser relacionado a maus tratos,
agressões e até mesmo risco de morte, visto que não raramente os principais
agressores são os próprios companheiros, com os quais a vítima vivencia uma
relação de medo e submissão atrelada a dependência material e/ou emocional, que
se expressa como um grande obstáculo no processo de rompimento com a
violência. A política de Assistência Social, através do eixo da proteção social
especial é um importante meio para estabelecer estratégias de enfrentamento a este
fenômeno, oferecendo programas, projetos e serviços, como exemplo o Centro de
Referência Especializado da Assistência Social, pois o intuito é a superação da
violência, trabalhando não apenas aspectos emergenciais, embora seja necessário,
mas atentando-se principalmente para a redução das desigualdades entre os
gêneros, para tanto é imprescindível o investimento em políticas públicas para se
alcançar tais objetivos.
Nesse sentido, destaca-se a intervenção do assistente social no
embate contra a violência de gênero, sendo que para obter êxito em sua atuação
deverá contar com o apoio de outras instituições e parceiros, o chamado trabalho
em rede, sendo essa articulação de extrema relevância na construção de respostas
socioprofissionais:
Foi possível constatar que a manutenção da violência doméstica por
parte de muitos integrantes da sociedade, diz respeito basicamente à cultura da
qual, as mulheres são fruto. Como foi citado em várias passagens do trabalho,
reinou por muito tempo (e não se pode afirmar que não existe mais) a cultura
machista, onde a mulher aprendia desde criança a se submeter ao poder e
autoritarismo do homem, sem questionar, nem se rebelar.
Uma vez entendida as causas do problema levantado, nos
propomos a buscar práticas profissionais dentro do Serviço Social que contribuam
para a minimização do mesmo.
47

Através de constatações empíricas efetuadas na execução deste


trabalho, entende-se que o Serviço Social tem muito a contribuir, desde que, assuma
uma postura de comprometimento com a questão e conduza sua prática profissional
dentro de uma linha transformadora.
Por isso a metodologia é a fenomenológica, cujo marco referencial é
constituído pelos conceitos de diálogo, pessoa e transformação. Acredita-se que
com a prática profissional, o Assistente Social através do diálogo com o usuário, na
tentativa de levá-lo a refletir seu problema, contribui para o processo de
transformação. Pois, a partir do momento em que o usuário reflete seu problema,
encontra soluções para o mesmo e decide por si só que é necessário transformar-se
para resolvê-lo, este cidadão estará fazendo a sua parte para a transformação da
sociedade como um todo, pois estará contribuindo para a transformação de todos
aqueles que lhe estão próximos.
Constatou-se então que cabe aos Assistentes Sociais, uma vez
conscientes das causas e consequências deste problema social, exercer uma
prática profissional que busque, junto aos usuários, estratégias de transformação.
Só assim estará contribuindo efetivamente para a minimização do problema e não
para sua manutenção.
48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, S. S. de. Risco de vida e impunidade: Indicadores para uma Política


de Judicialização da Violência Doméstica. In: ALMEIDA, S. S. de; SOARES, B.
M.; GASPARY, M. (Org.). Violência Doméstica: bases para formulação de políticas
públicas. [S.l.]: Revinter, 1982. p. 27-34.

AVILA, L. O serviço social e o atual projeto de formação profissional, Trabalho


do tipo bibliográfico, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social em Serviço
Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto
Alegre, RS, Brasil,1993.

BONETTI, D. A. et al. (Orgs.). Serviço social e ética: convite a uma nova


Práxis. 4. ed. São Paulo: Cortez/CFESS, 1998.

BRASIL Lei Maria da Penha. Lei 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Presidência da


República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm Acesso
em Setembro de 2017.

BRASIL. Política Nacional de Assistência Social. São Paulo: Cortez, 2004.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:


promulgada em 5 de outubro de 1988: atualizada até a Emenda Constitucional
número 70, de 29-03-2012. 21. Disponível em:
http://www.senado.gov.br/legislacao/const/. Acesso: 1° out/2017.

BRASIL. DECRETO-LEI Nº 667, DE 2 DE JULHO DE 1969. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del0667.htm . Acessado em 1 de
out . 2017.

BURGESS, A., COMMONS, M., SAFARIK, M., LOOPER, R., & ROSS, S. (2007).
Infratores sexuais dos idosos: classificação por motivos, tipologia e prátigos
da gravidade do crime. Agressão e Comportamento Violento, 12, 582-597. doi:
org / 10.1016 / j.avb.2007.02.006;

CAVALCANTI, S. V. S. F. A violência contra a mulher no Brasil. In: _____.


Violência doméstica contra a mulher no Brasil: análise da Lei “Maria da
Penha”, nº 11.340/06. 4. ed. Alagoas: Ed. Jus Podivm, 2011, p. 29-43.

CFESS: Conselho Federal de Serviço Social, Parâmetros para a Atuação de


Assistentes Sociais na Saúde, Grupo de Trabalho Serviço Social na Saúde,
Brasília, Novembro de 2008.

CLIMENE, L. C.; BURALLI, K. O. Violência familiar contra crianças e


adolescentes. Salvador: Ultragraph, 1998.
49

DIAS, M. B. Manual de direito das famílias. 5ª Ed. São Paulo: Revista


dos Tribunais, 2009.

ERIKSON, E. H. Identidade, Juventude e Crise. Rio de Janeiro: Zahar


editores,1976.

FALEIROS, E. Violência de Gênero. In: TAQUETTE, S. R. (Org.). Violência contra


a mulher adolescente-jovem. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007, p. 61-65

GROSSI, P. K; OLIVEIRA, S. B. de; TAVARES, F. A.


A rede de proteção à mulher em situação de violência doméstica: avanços e
desafios. 2008.

IAMAMOTO, M. V. Projeto Profissional, espaços


ocupacionais e trabalho do Assistente Social na atualidade IN
Atribuições Privativas do/a Assistente Social – Em Questão. Brasília:
CFESS, 2002.

KRUG, E. G. et al. (Ed.). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra:


Organização Mundial da Saúde, 2002.

LAUREL, A. C. e NORIEGA, M. Processo de produção e saúde: trabalho e


desgaste operário. São Pulo: Editora Hucitec, 1989. 331pp.
MATOS, Maria, I. S. de. Da invisibilidade ao gênero: percursos e possibilidades
nas Ciências Sociais contemporâneas. Rev. Margem, São Paulo, n. 15, p. 237-
252, jun.2006. Disponível em: <http://www.pucsp.br/margem/pdf/m15mim.pdf>.
Acesso em:01 out. 2017.

LIMA, R. “Bullying”: uma violência psicológica não só com crianças. Revista


Espaço Acadêmico, São Paulo, n.43, dez. 2004. Disponível em:
<http://www.espaçoacademico.com.br/lima>. Acesso em: 30 setembro 2017.

MATOS, F. G. de. Empresa Feliz. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1996. 391 p.

MARTINS, E. J. S. e SANTOS, A. L. Violência de gênero e violência contra a


mulher. In: ARAÚJO, M. F. e MATTIOLI, O. C. Gênero e Violência. São Paulo: Arte &
Ciência, 2014.

MELO, R. de. Delegacia de polícia: defesa da mulher? Um enfoque dialógico.


Dissertação de Mestrado. SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1999.

MENDES, C. BO é desnecessário em casos não penais. Revista Consultor


Jurídico, de 07 de Fev. de 2009. Disponível em http://www.conjur.com.br/2017
Acesso em 10 de Out. de 2017.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Secretaria de Assistência à Saúde. Notificação de


maus-tratos contra crianças e adolescentes pelos profissionais de saúde: um
passo a mais na cidadania em saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2002.

MOTA, A. E. Serviço Social e Seguridade Social: uma agenda recorrente e


50

desafiante. Revista Em Pauta. n 20. Rio de Janeiro: UERJ, p.127-139, 1998.

PAIM, J.S. Ações integradas de saúde: por que não dois passos atrás.
Cad.Saúde Pública, v. 2, n. 2, p. 167-183, abr.-jun. 2008 a.

RODRIGUES, A.; QUIROGA, R. Mulher Missioneira. Interpretação: Nina


França.DVD do Festival RS Mulher em Canto, Imbé, 1998.

SAFFIOTI, H. I. B.; ALMEIDA, S. S. Violência de gênero, poder e impotência. RJ:


Revinter, 1999.

SILVA, M. V. Violência contra a mulher: quem mete a colher? SP: Cortez, 1992.

SOUSA E SILVA, M. A. Violência contra crianças quebrando o pacto do silêncio.


In: FERRARI, D. C. A e VECINA, T. C. C (Org.). O fim do silêncio na violência
familiar: teoria e prática. São Paulo: Ágora, 2002. pp. 73/80.

SOUSA, C. T. de. A Pratica do assistente social: conhecimento,


instrumentalidade e intervenção profissional. Artigo aceito em: 07/04/2008

SOUZA, M.L. Serviço social e instituição: a questão da participação. 4 ed. São


Paulo: Cortez, 1986.

TELES, M. A. de A.; MELO, M. de. O que é Violência contra a Mulher. SP:


Brasiliense, 2003.

TEPEDINO, G: Temas de Direito Civil. 2ª Edição. Rio de Janeiro.Renovar.2001

You might also like