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DEPRESSÃO

MERECE ATENÇÃO
A falta de cuidados com a saúde psicológica pode gerar uma série de
problemas na vida pessoal e profissional

Q uando os computadores apareceram, falavam que nós seres humanos teríamos mais tempo livre para
fazer coisas que o trabalho nos impedia, como por exemplo, ficar mais tempo com a família. No entanto,
parece que isto não aconteceu. Ao contrário do que esperávamos, a quantidade de trabalho aumentou e
em vários setores as máquinas se tornaram nossas concorrentes, tirando de nós alguns postos de emprego.
Temos que trabalhar sob pressão e prazos apertados para acompanhar o ritmo acelerado das informações.
E atualmente no Brasil vivemos uma grande crise e isso faz com que as pessoas fiquem cada vez mais
estressadas e preocupadas. Vivem com medo de perder o emprego, estão desempregados e têm receio de
não conseguirem recolocação no mercado. Tudo isso aumenta signifcativamente a insegurança devido à
falta de renda para sustentar a família.
Este estado de tensão e estresse tem ocasionado algumas disfunções físicas, psicológicas e sociais,
trazendo ainda mais prejuízos à nossa saúde e produtividade. Muitos trabalhadores começam a ter
alterações no sono e no apetite, depois disso, passam a ter crises de falta de ar, taquicardia e aperto no
peito tanto em seu ambiente de trabalho como em casa. Por conta desses sintomas, pensam que estão com
algum problema cardiovascular, então realizam vários exames e faltam algumas vezes no trabalho. No
entanto, fazem tudo isso antes de descobrir o real diagnóstico.
A recorrência de problemas emocionais
Após a realização dos exames, os médicos dizem que o seu coração está bom. Só começam a pensar em
uma doença emocional quando percebem que as crises vêm associadas com angústia, ansiedade e tristeza
sem motivo aparente. Estes últimos sintomas caracterizam problemas psíquicos e emocionais, como
Depressão, Ansiedade, Síndrome do Pânico e Síndrome de Burnout, transtornos mentais que merecem
atenção.
Cada vez mais, as pessoas estão ficando adoecidas mentalmente e emocionalmente. Doenças emocionais
têm sido consideradas como a quarta maior causa de afastamento do trabalho, segundo dados do
Ministério da Previdência Social. Os sintomas são muitos semelhantes e em alguns casos é possível ter
mais de um transtorno ao mesmo tempo.
Falta de ar, taquicardia, angústia, aperto no peito, sudorese, tontura, dor de cabeça e mal estar
generalizado são manifestações decorrentes das patologias relacionadas à saúde mental e emocional.

A depressão é a mais frequente


A Depressão tem sido considerada “o mal do século” pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a
previsão é que em 2020 a patologia deverá ser o maior motivo de afastamento do trabalho em todo o
mundo.
Embora muito confundida com tristeza, a depressão vai além deste sentimento. Trata-se de um transtorno
mental com desequilíbrio químico cerebral, no qual o indivíduo tem uma tristeza permanente e perda de
interesse pelas atividades que lhe davam prazer anteriormente, sentindo-se incapaz de realizar tarefas
diárias durante duas semanas ou mais. A pessoa também pode apresentar sentimentos de culpa, falta de
autoestima, cansaço e falta de concentração. Quem já teve a doença afrma que o desânimo é implacável e
esmagador, sentem-se sem energia e vazias, incapazes de terem prazer, sem vontade de fazer nada.

O desânimo domina o dia a dia por completo, interferindo na sua capacidade de trabalhar, de estudar, de
se alimentar, de dormir e se divertir. A Depressão pode afetar o corpo inteiro, pois abaixa a imunidade e a
resistência à infecções e em alguns casos aumenta chance de infarto, derrame e diabetes. Em casos
graves, a pessoa pode cometer o suicídio.
As consequências desse quadro para a vida profssional
A queda da produtividade provinda por doenças vinculadas à Depressão tem um alto custo global. A
OMS calcula a perda de aproximadamente um trilhão de dólares por ano, pois o profissional que sofre da
doença começa a atrasar, têm dificuldades em reter informações e possui memória falha na execução de
tarefas, sentindo-se cada vez mais incapacitado para sua função. E esse movimento apenas fará com que a
patologia seja expandida.
O absenteísmo referente a quantidade de horas não trabalhadas começa a acontecer e se torna frequente
para estes trabalhadores. Isto pode ocorrem tanto em razão de faltas, saídas ou atrasos. A Depressão grave
pode afetar a capacidade social e produtiva em 90% nos casos moderados e 40% quando a pessoa
apresenta apenas sintomas leves, além disso a capacidade laboral é afetada em 20%.
Para dar um exemplo mais claro, este artigo traz o seguinte dado: um diabético falta seis dias ao ano por
causa de doença, uma pessoa com problemas cardíacos se ausenta oito dias, o asmático falta dez dias para
tratar de sua doença, enquanto uma pessoa com depressão perde cerca de 35 dias de trabalho por ano.
Também é observado que mesmo quando a pessoa vai ao trabalho, a sua concentração, tomada de
decisões e a capacidade de discernimento estão danificados, ou seja, a pessoa não é capaz de produzir
satisfatoriamente. A pessoa está apenas com o corpo presente no trabalho, porém sem energia e sem
atenção, fato denominado de presenteísmo.

Vários fatores podem causar a Depressão como, por exemplo, a genética, história familiar, eventos
traumáticos como perda de pessoas significativas, abuso sexual, eventos estressantes relacionados com a
família, situação financeira, doenças e as relações desenvolvidas no ambiente de trabalho. Além da
pressão existente e prazos curtos para entrega, observamos outros fatores que contribuem para uma
pessoa desenvolva a patologia. Dentre eles podemos apontar um local com uma infraestrutura inadequada
de trabalho, com poucos recursos materiais, dificuldades no relacionamento entre a chefia e subordinados,
as metas estabelecidas inatingíveis, orientações contraditórias para a execução das tarefas, excesso de
responsabilidade e falta de reconhecimentos. Cada vez mais o ambiente de trabalho tem aparecido como o
grande causador de estresse e depressão nas pessoas.

Atenção aos sintomas


É necessário ficar bem atento aos sinais dados pelo nosso organismo, pois o diagnóstico precoce da
doença é fundamental. Assim, quando uma pessoa começa a notar que seu padrão de sono e apetite tem se
alterado, é importante que ela busque uma ajuda profissional. E para tratar da doença, é essencial seguir
corretamente o que o médico indicou, os remédios receitados associados com uma psicoterapia de
qualidade, as mudanças do hábito de vida e a prática de esportes.
O tratamento de doenças mentais, além de promover o bem-estar e a saúde dos trabalhadores, também faz
diferença e reforça a economia das empresas e países em modo geral. Um estudo desenvolvido pela OMS
mostrou que a cada dólar investido na ampliação do tratamento destas doenças observa-se um retorno de
quatro dólares na melhoria da saúde e capacidade de trabalho da pessoa, elevando o nível dos benefícios
econômicos aos países e empresa, por combater o absenteísmo e o adoecimento de sua população ativa.
Por mais saúde e empolgação que uma pessoa possa ter, toda essa carga estressante que existe no mundo
atual, com o passar dos dias, enfraquece e reduz o seu potencial perante a vida. Seu desempenho no
trabalho cai, mesmo tendo muita força de vontade. Seja em razão de sua experiência com a empresa ou
pelas questões pessoais e familiares que enfrenta, o trabalhador deve se cuidar e procurar ajuda
profissional sempre que a situação parecer difícil de enfrentar. Uma orientação médica e psicológica pode
ser a grande parceira nesses momentos.

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