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David Severo

(organizador)

Larga Poesia
antologia de poetas de
Rio Largo em seu centenário

Maceió – Alagoas
Brasil / 2015
Capa/Diagramação
Benevaldo Alves Calheiros

Ilustração contra-capa
Assessoria de Comunicação - Rio Largo

Revisão
Verinalda Maria de Lima Silva
Maria Eliene Pereira

Impressão e Acabamento
Imprensa Oficial Graciliano Ramos

CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária Responsável: Fernanda Lins de Lima

L322 Larga poesia : antologia de poetas de Rio Largo em seu centenário / David Severo,
organizador. – Maceió : [Imprensa Oficial Graciliano Ramos], 2015.
98 p.

ISBN: 978-85-919492-0-5

1. Literatura brasileira. 2. Poesia brasileira. 3. Literatura alagoana. 4. Rio Largo


– Alagoas. I. Severo, David, org.

CDU: 869.0(81)-1
Dedicatória
Dedicamos esta obra, importante trabalho literário, a todo cidadão
rio-larguense.

Aos alunos, professores e demais funcionários da Escola D. Pedro I.

E, em especial, a Lúcia Maria Monteiro Santos, Adriana Maria


Salu das Neves e Sandra da Silva, incentivadoras deste trabalho.

5
Agradecimento
Nosso agradecimento especial aos alunos-poetas que participaram
desta antologia.

7
Tem tudo a ver

A poesia
tem tudo a ver
com tua dor e alegrias,
com as cores, as formas, os cheiros,
os sabores e a música
do mundo.

[...]

A poesia
- é só abrir os olhos e ver -
tem tudo a ver com tudo.

JOSÉ, Elias. Segredinhos de amor. 2ª Ed. São Paulo: Moderna, 2002.

9
Prefácio
É com alegria que recebo o convite do prof. David
Severo para prefaciar seu primeiro livro, Larga Poesia
- uma coleção de poemas de alunos em homenagem à
cidade de Rio Largo. Mas o que motivou o professor
nessa empreitada? Para responder a essa pergunta
reporto ao filósofo Walter Benjamin que no verbete “O
colecionador” de suas Passagens, nos diz que “talvez
o motivo mais recôndito do colecionador possa ser
circunscrito da seguinte forma: ele empreende a luta
contra a dispersão”. O grande colecionador, continua
Benjamin, “é tocado bem na origem pela confusão, pela
dispersão em que se encontram as coisas no mundo”
(BENJAMIN, 2006, p.245).
De fato, podemos pensar que, entre outras coisas,
foi este desejo de evitar a dispersão que motivou
Severo a iniciar a publicação dessa antologia. O esforço
depreendido nesta tarefa, além de combater o risco da
dispersão, parece motivado pelo desejo de demonstrar
quão equivocado é o “discurso do fim” que atinge a
poesia.
Esta coletânea, para usar uma expressão bem
pedagógica, nasceu do “chão da escola”, da sala de aula,
com poemas que retratam a cidade. A Rigor, os textos
dos alunos-poetas falam da cidade de modo carinhoso

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e afetivo. Mas há uma diferença de tom. Qual é ela?


Enquanto alguns poemas são melancólicos, às vezes
críticos; outros apresentam-se com mais entusiasmo.
Ao todo, esses poemas são expressões de sujeitos que
não contentes em apenas viver a realidade, procuraram
expressá-la por um equivalente verbal apropriado: a
palavra. Eis aqui mais um importante registro de uma
história, de gente guerreira e batalhadora. No ano de nosso
centenário, um de nossos presentes está nas próximas
páginas. Nossa história, peculiaridades do nosso povo e do
nosso município, contados por aqueles que são o futuro de
Rio Largo – os nossos estudantes. Este livro, muito mais
que a história contada em belos poemas, guarda o resultado
de um projeto que reflete bem o principal objetivo para a
educação: a formação de sujeitos leitores e produtores de
textos. É, de fato, um livro importante principalmente pela
forma como foi construído: do trabalho de um professor
competente e compromissado com o empenho de crianças e
adolescentes que colocaram em palavras as suas impressões
sobre a nossa cidade, sobre os nossos 100 anos. O leitor, de
quebra, ainda é agraciado com uma introdução ao estudo
da expressão poética, escrita pelo organizador.
Enfim, deixo-lhe algumas últimas palavras: a você,
leitor, deixo-lhe a nossa história em verso e prosa; a
vocês, autores e organizador, meu reconhecimento a esta
iniciativa que recebo como um verdadeiro presente. Rio
Largo agradece...

Marta Ferreira da Silva Severo


Especialista em Mídias na Educação (UFAL)
Graduada em História (UFAL)

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Sumário
Apresentação ......................................................................... 19
Minha cidade, meu lugar .................................................... 37
Poema coletivo
rIO LaRgo .............................................................................. 42
Adriana Santos Caetano
Jhennefe Hevellin Gomes da Silva
Muito chato ............................................................................ 43
Alex Duarte Fernandes
Lugar engraçado ................................................................... 44
Alice Renata da Silva
Gato-cachorro ........................................................................ 45
Ana Miquele da Silva Santos
Onde moro tem ..................................................................... 46
Andrea Vitória da Silva Moreira
Meu lugar ............................................................................... 47
Andressa Caroline Gomes da Silva
Adoração ................................................................................ 49
André Juvêncio
Asafi Damásio Leite de Lima

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Meu lugar ................................................................................ 50


Bárbara Luchianny Prudêncio da Silva
Príncipe dos rios ..................................................................... 51
Danily Vitória dos Santos
O céu bem estrelado ............................................................. 52
Daniel Alves da Silva
Minha Maravilhosa Cidade ................................................. 53
Darlian Kaick Vieira dos Santos
Richard Dickson S. Marques da Silva
A classe monstruosa ............................................................... 54
Édson Júnior de Assis Fernandes
Perniciosa ................................................................................ 55
ElaneVitória Ferreira dos Santos
Meu lugar, minha esperança ................................................ 56
Elyssa Carolina F. Honorato
Meu cantinho de viver ........................................................... 57
Emilly Paulino de Lima
Rotina de manhã ..................................................................... 58
Erick Gustavo Emiliano dos Santos
Na minha rua .......................................................................... 59
Hemerson da Silva Farias
Alegria e amor ......................................................................... 60
Islaine Beatriz de Oliveira Minervino
Quadrinha ............................................................................... 61
Isabel Lopes da Silva
Natureza viva ......................................................................... 62
Islânnio Icles Sobral da Silva
Sujeira ...................................................................................... 63
Ivone Silva dos Santos
Jadson Araújo Leite da Silva

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Seu Chico, o homem mais mentiroso do mundo ................. 64


Jhennyffer Rayane Santos de Melo
Yaritysha Morais da Silva
Jhessica Yasmin Gomes da Silva
canto onde eu vivo .................................................................. 65
José Miriel Anthoni M. de Oliveira
Rio Largo .................................................................................. 66
José Lucas da Silva
Cidade serpente ....................................................................... 67
Joene Maria de Brito
Josilma Maria de Brito Silva
O rio .......................................................................................... 68
Juan Victor Pereira dos Santos
Misael Cauê L. dos Santos
Jeniffer de Souza Reis
Lama, lama, lama ................................................................... 69
Jucimara Vieira Monteiro da Silva
Rio Largo é tão gigante ......................................................... 70
Kelvy Kauã Barros da Silva
Impressões .............................................................................. 71
Larissa Vitória da Silva Soares
O bairro onde moro .............................................................. 72
Lavínia de Amorim Vicente de Melo
A rua onde eu moro .............................................................. 73
Lívia Gabrielle Macêdo
Cidade em festa ...................................................................... 74
Lilian Camilly Batista da Silva
Enchente .................................................................................. 75
Luciana Thayane da Silva
Vivo nesse Rio Largo .............................................................. 76
Lucitânia Lopes Pereira

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Contradição ............................................................................ 77
Lúcio Mário Correia Tavares Júnior
Minha cidade ......................................................................... 78
Marcos André Costa Paz Pereira
Meu bairro .............................................................................. 79
Maria Beatriz Camilo Santos
Minha cidade ......................................................................... 80
Maria Beatriz Firmino dos Santos
Amiguinhos ............................................................................ 81
Maria Eduarda Ferreira de Melo
A escola que estudo ................................................................ 82
Maria Eduarda da Silva
O lugar onde eu moro ........................................................... 83
Maria Letycia de Lima Peixoto
Centenário ............................................................................... 84
Maria Vitória Conceição dos Santos
Só Ventos ................................................................................ 85
Mateus Oliveira Gomes
Matheus Araújo Silva
Lixo .......................................................................................... 86
Micael dos Santos Gomes
Já é hora... ................................................................................ 87
Naely da Silva
Ou isso, ou aquilo .................................................................. 88
Nathanaelly Barbosa da Silva
Vida ......................................................................................... 89
Nathaly Raissa Faustino dos Santos
Esperança ................................................................................ 90
Rayane Santos da Silva

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Aí fica difícil ........................................................................... 91


Renato Gomes dos Santos
Dedicação ................................................................................ 92
Renata Mirela Melo dos Santos
Ilha ............................................................................................ 93
Renata Ângela de Souza Silva
Rotina ....................................................................................... 94
Rosana Kethilyn Viana Félix
Açúcar amargo ....................................................................... 95
Ruthe Souza Alves
Samara Fernanda Gomes da Silva
Samuel da Silva Santos
Felicidade ................................................................................ 96
Valéria dos Santos Silva
À Pessoa ................................................................................... 97
Victor Ferreira Lima

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Apresentação
INTRODUÇÃO AO GÊNERO

O livro que o leitor tem em mãos, agora, trata-se de


uma antologia (coletânea) de poemas, produzidos por
alunos do 6º ano do ensino fundamental, para homenagear
o centenário da cidade de Rio Largo, no estado de Alagoas.
Embora o tema seja bem restrito, o leitor irá encontrar
belas poesias sobre o lugar em que vivem nossos pequenos
poetas.
Por ora, vamos iniciar nossa conversa com as seguintes
questões: o que faz um poema? O que o caracteriza?
Quais são seus recursos expressivos? Ao término dessa
introdução, gostaríamos de deixá-lo apto a identificar as
principais características do discurso poético.

SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO

A poesia, diz-se, é a semente de toda a literatura, e


o primeiro elemento a ser considerado é a elaboração
especial das palavras na linguagem poética. Dessa forma, a

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linguagem figurada da poesia realça o modo poético de ver


o mundo que, deslumbrado e criador de novidades, acaba
muitas vezes comparando uma coisa com a outra. Será que
você pode imaginar como isso ocorre?
Vamos usar um exemplo retirado do livro intitulado
Cinco estrelas, organizado por Ana Maria Machado sobre
alguns poetas brasileiros. Ela conta-nos a seguinte história
que servirá para ilustrar bem a diferença entre o sentido
próprio e figurado das palavras: imagine, por exemplo,
que um homem primitivo sai para caçar, vai parar num
lugar da floresta em que nunca tinha estado e lá descansa
debaixo de uma árvore desconhecida, toda coberta de
flores alaranjadas e avermelhadas. Ele pode ficar olhando,
achar lindo, e pensar que aquelas cores lembram um pôr-
do-sol (2001, p. 5-6). Então, volta para a tribo e, de noite,
conversando com os amigos, faz uma comparação e conta
aos outros:

Vi uma árvore colorida como o céu quando o sol se põe.

Continua Ana Machado a narrar que no dia seguinte,


o caçador resolve convidar alguém para ir com ele até a
floresta, e chama para ver de perto a árvore do pôr-do-sol.
Nesse caso, ele já não está mais comparando e dizendo que
é parecido, ou que uma coisa é como a outra, mas já usa
uma imagem, utilizando a linguagem de um modo muito
mais direto e econômico. Porém, ainda pode ir mais além
e, depois, contar uma história ou fazer uma canção em
que diga que se sentou à sombra do pôr-do-sol, ou que o
sol pousou no alto da floresta para descansar antes de ir
embora. Ou se desviar ainda mais e dizer que a fogueira,

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em torno da qual todos se reúnem à noite, é uma flor do


sol brotada do chão. E, nesses casos, explica a autora, nosso
amigo caçador só estará falando da impressão que a planta
lhe deu, mas já nem se preocupa mais com aquele objeto
real que ele viu – a árvore nem está sendo mencionada de
forma direta na frase.
Desse modo, ele já está em pleno território poético, já
deixou para trás a comparação e a imagem e está usando
um outro recurso da linguagem que se chama metáfora.
Quer dizer, transportou o sentido de um objeto concreto
para um simbólico e só se ocupa do simbólico. Para muita
gente, afirma acertadamente Ana Maria Machado, esse
mecanismo imaginário da metáfora é a verdadeira marca
registrada da poesia, a que domina a linguagem poética,
segundo ensinou o linguísta Roman Jackbson.
Em outras palavras, no exemplo anterior, as palavras
passaram do sentido denotativo (próprio), tomado em seu
sentido mais concreto, objetivo, para o sentido conotativo,
figurado, subjetivo, através da metáfora. Alguém que
consiga criar boas metáforas já tem meio caminho andado
para ser um poeta. Não precisa nem rimar e contar as sílabas
– se viver numa época que não faça questão dessas coisas.
Porém, nem sempre se aceitou toda essa liberdade
em poesia, por isso vale a pena situar um pouco alguns
elementos do poema. Vamos conversar sobre poesia?

VERSO, PROSA E RITMO

Para tornar o diálogo realmente especial, vamos


retomar alguns conceitos fundamentais da poesia. Podemos
começar por um elemento básico, característico do poema,

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o verso. O verso pode ser entendido, inicialmente, como a


linha de um poema. Ele se opõe à prosa porque, no “verso”,
ocupamos apenas uma parte do espaço em branco, ao
passo que, na “prosa”, escrevemos até alcançar a margem
direita, usando todo o espaço de cada linha. Em outros
termos, quando escrevemos “versos”, vamos apenas até
certo ponto e então mudamos de linha, sem preencher toda
a folha. Mas afinal de contas, por que os poetas fazem isso?
O principal motivo para apresentar a poesia dessa
maneira, isto é, fazer o verso parar no meio da linha, vem
do fato de que cada verso tem um ritmo e um tamanho
previamente definidos, num determinado padrão escolhido
pelo poeta. Ou seja: antes de mais nada, um verso é um
grupo pequeno e fechado, uma sequência fixa de sons
ritmados, e a somatória de versos forma o poema (da
mesma maneira que células pequeninas formam o corpo).
Como o verso costuma ser pequeno, ele, ao ser escrito, não
ocupa a linha até o canto da página, mas fica pelo meio do
caminho. E assim, com a mudança de linha, o poeta sinaliza
que seu verso acabou.
Comparando verso e prosa, podemos imaginar
duas situações diferentes, conforme exemplificou o poeta
Ricardo Lima: “a prosa seria como pegar uma turma inteira
de alunos e espalhá-los pela sala de aula ou pela quadra da
escola, ocupando todos os espaços”, por sua vez “os versos
seriam como dividir a classe em pequenos grupos de quatro
alunos e fazer um desfile desses grupos enfileirados” (2000,
p. 50).
Mas talvez, você, querido leitor, pode estar se
perguntando como organizar esses pequenos grupos, ou
seja, qual o critério para delimitar e montar os versos.

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Muito bem, vamos explicar: para estabelecer o


tamanho e o ritmo dos versos, os poetas trabalham, entre
outros critérios, com as sílabas das palavras. Assim, um
verso pode ter, por exemplo, cinco sílabas, ou sete, ou dez,
que vão se somando e se alternando para definir o ritmo do
poema.
Esse ritmo é dado, na língua portuguesa, pela
variação de silabas fortes (tônicas) e fracas (átonas). Pra
você entender mais facilmente, vou dar um exemplo. Mas
você tem que me acompanhar e cantar comigo.
Imagine um verso de sete silabas, alternando as fracas
e as fortes. Eu vou escrever as fracas como “bu” e as fortes
como “Bá”. Esse verso poderia ficar assim:
bu – bu – BÁ – bu – bu – bu – BÁ
E então, cantou junto comigo? Vamos lá! Repita
comigo, falando mais baixinho o “bu” e bem alto o “´BÁ”:
bu – bu – BÁ – bu – bu – bu – BÁ
Agora repita esse “verso” muitas vezes. Pois então?
Está começando a perceber o ritmo? Está vendo como essa
repetição cria uma determinada cadência, uma determinada
batida, um balanço sonoro?

ESCANSÃO

Agora se, no lugar de “bu” e “Bá”, usamos palavras e


frases, formamos os versos da poesia. Foi o que fizemos, por
exemplo, no poema coletivo “Minha cidade, meu lugar”,
em que todos os versos têm sete sílabas, como no segundo
verso, que é exatamente assim:
o – que – nós – va – mos – con – tar
(bu – bu – BÁ – bu – bu – bu – BÁ)

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Nesse mesmo poema, o primeiro do livro, embora os


versos contenham sempre sete sílabas, apresentam ritmos
bem variados, dentre os quais o ritmo 3-5-7, pois, em alguns
versos, as sílabas fortes são a 3ª, a 5ª e a 7ª, como no verso
que abre a primeira estrofe:
Meu – a – mi – go es – cu – te a a– go (ra)
Na verdade, nos versos de sete sílabas, também
chamados de redondilha maior, a sílaba acentuada
pode cair em qualquer sílaba e a última. Já no poema
“Pernicioso”, todos os versos têm 10 sílabas, com ênfase na
6ª e 10ª sílabas (um ritmo chamado decassílabo heroico),
como o inicial:
Que es – qui – si – ta – sa – pi – ca – seu – ve – ne (no)
Está entendendo melhor como funciona? Se quiser
aprender mais sobre esse assunto, consulte o livro Versos,
sons e ritmos (2004), de Norma Goldstein.
Antes de seguir em frente, gostaria de explicar por
que, nos exemplos de separação silábica acima, colocamos
a última sílaba de cada verso entre parênteses. Fizemos
assim porque, na convenção poética, só contamos as
sílabas de um verso até a última sílaba forte, descartando,
na contagem, as que vêm depois. E agora você também
já pode ficar sabendo que a separação das sílabas de um
verso, como acabamos de fazer, chama-se escansão ou
metrificação: no mundo da poesia, são esses os nomes que
recebem.
Continuando: em todos esses exemplos, parece que
os poetas da escola escolhiam um comprimento para os
versos, e encaixava as palavras nesses ritmos, procurando
montar as frases das estrofes. Desse modo, quando a frase
completava aquele número preestabelecido de sílabas,

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então trocava-se de linha, para começar novamente, na


linha de baixo, uma nova contagem, que repetia o mesmo
padrão, isto é, o mesmo número de sílabas e a cadência
adequada de ritmo. A repetição dessa música do texto
é que construiu o poema. O trabalho com poesia deve
ser um trabalho intencional, pensando em seus recursos
peculiares na construção das estrofes.

ESTROFE

Querido, leitor! Só agora, percebemos que foi usada


muitas vezes a palavra estrofe, como no parágrafo acima,
sem explicar a você o que ela significa. Me desculpe... Mas
estrofe é um conjunto ou bloco de versos dentro de um
poema. Normalmente, indicam-se estrofes deixando uma
linha em branco entre elas.
Essa palavra “estrofe” é grega, quer dizer “curva,
volta”, e é mais ou menos equivalente da palavra de
origem latina “verso” (GOLDSTEIN, 1989, p. 25). A
noção de estrofe é bem essa mesma, pois, na essência, ela
representa uma volta ou um retorno a um determinado
padrão rítmico, definido por um grupo de versos unidos
musicalmente. Neste livro, temos diferentes exemplos de
estrofes: o poema “Seu Chico, o homem mais mentiroso
do mundo” é composto por quatro estrofes, cada uma
delas com seis versos de sete sílabas (estrofes com seis
versos recebe o nome de sextilha). Já “Rotina da manhã”,
temos estrofes de quatro versos, nas quais rimam o
segundo verso com o quarto, formando quadrinhas. Mas
também há poemas de uma única estrofe como no poema
intitulado, “Vivo nesse Rio Largo”.

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A MUSICALIDADE

É importante lembrar também que a poesia em


versos nasceu como música, ou seja, como canção,
conforme explicou a estudiosa de poesia Norma Goldstein
(2004). Não é por acaso que a palavra “poema”, na língua
latina, se dizia “carmen”. Essa palavra carmen tem a
mesma raiz, isto é, a mesma origem de “cantar”, “canto”
e “canção”, explica Goldstein. Isso mostra que, já entre os
povos antigos, a ideia de poema estava associada à ideia
de cantar, ou seja, à música.
Por isso, é bom fazer mais um esclarecimento
fundamental a respeito dos “versos”. Falar que “terminar
o verso” é o mesmo que “mudar de linha” só faz sentido
depois que a poesia passou a ser escrita. Mas, como
acabamos de explicar, os poemas e os versos existem
muito antes disso, e o conceito de verso, portanto, não
é exatamente o de ser uma linha da poesia escrita, mas
sim uma “frase musical” com um tamanho determinado
e uma musicalidade rítmica especial, como acabamos de
ver quando fizemos o exercício de repetir as sílabas “bu”
e “Bá”, ou ao realizar as escansões.
Para esclarecer melhor essa questão da musicalidade
do poema, vamos tomar a fala de outra especialista em
poesia, a escritora Angélica Soares que, em seu livro
intitulado Gêneros literários (2007), afirma que o poema
ao passar da forma somente cantada para a escrita, nesta
se conservariam recursos que aproximariam música e
palavra. Segundo a autora, “as repetições de estrofes,
de ritmos, de versos (refrão), de palavras, de sílabas, de
fonemas” são responsáveis não só pela “criação das rimas,

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mas de todas as imagens que põem em tensão o som e o


sentido das palavras.” (p. 23)

REPETIÇÃO DE PALAVRAS, ANÁFORA E RIMA

Além dos recursos formais apontados até aqui, sabe-se


que o poeta não trabalha apenas com a variação dos versos
para criar efeitos musicais naquilo que está escrevendo,
ele também trabalha com a repetição sonora das palavras,
sem dúvida, outro típico elemento musical da poesia que
pode ocorrer de diferentes maneiras, como no paralelismo
sintático, na anáfora e na rima.
O paralelismo sintático ocorre quando uma mesma
construção se repete ao longo do texto. Por exemplo,
observe abaixo, na estrofe do poema “Já é hora”, de Naely
da Silva, que um tipo de estrutura se repete nos versos
assinalados com grifo:

Já é hora, já é hora
Já é hora de
acordar!

Tomar banho e se arrumar


Para o ônibus pegar.

Já é hora, já é hora
Já é hora
de descer!

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Note mais um exemplo de paralelismo na estrofe


seguinte do mesmo poema:

Já é hora
de dormir!

Agora leia estes versos do poema “Minha cidade”, de


Maria Beatriz Firmino:

Aqui não falta sol


Aqui não falta chuva
A terra faz brotar semente.

Observe como ela inicia os dois primeiros versos com


a mesma expressão “Aqui não falta”, com o objetivo de
enfatizar essa ideia. Esse recurso usado tão frequentemente
na poesia cuja função consiste na repetição de uma ou mais
palavras para dar ênfase a uma ideia é chamado anáfora.
Aparece em vários poemas desta coleção. Só para citar mais
um, sugiro a leitura do poema “Onde moro tem”, de Andrea
Vitória da Silva Moreira.
Finalmente, a rima é a repetição do som dos finais
de cada palavra, que podem estar no mesmo verso ou em
versos próximos. Neste livro, você vai encontrar várias
rimas em fim de verso, porque, ao que parece, nossos poetas
gostam muito de rimar palavras.

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VERSO BRANCO E VERSO LIVRE

É preciso chamar a atenção para mais uma questão:


a rima não é obrigatória, nem sinônimo de poesia! Muitos
poetas escreveram belos poemas sem usar rima. Aliás, neste
volume, há vários poemas sem rimas, mas nem por isso são
ruins. Então para ficar mais claro: quando os versos de um
poema não rimam entre si, recebem um nome especial: é o
verso branco, um verso que não faz rima, num poema que
não tem preocupação de rimar.
Outra coisa importante foi o surgimento do verso livre,
que costuma ser definido como um verso sem tamanho
determinado, ao lado de outros versos de medida também
desigual, compondo um poema em que cada “linha” tem
uma duração diferente. São versos que não seguem nenhum
padrão silábico regular, e por isso são chamados “versos
livres”.
Veja bem, querido leitor, o que diz o poeta Ricardo
Cunha em outro livro, a respeito da origem da poesia: “o
que guiava o tamanho dos versos e das estrofes era o ritmo
musical, que estabelecia um padrão sonoro que era seguido
do início ao fim do poema” (CUNHA, 2003, p. 42). Nesse tipo
de poema metrificado tradicional, afirma Ricardo Cunha,
todos os versos tinham a mesma medida, que poderia ser
dez ou doze sílabas. Mas, com os novos recursos adotados
pelos poetas, os versos passaram a seguir outras regras,
podendo ser irregulares no comprimento. Isso é muito
característico de uma poesia moderna, não tradicional. E
essa nova liberdade alcançada pelos poetas modernos deu
início a experimentações poéticas inéditas, em que a própria
formatação do verso era objeto de questionamento e de

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soluções especiais, baseados em variados critérios novos,


levando em conta, por exemplo, o sentido do texto. Isso
permite ao poeta misturar versos de tamanho bem variado,
fazer versos bastante curtos ou, então, versos muito longos,
que podem ocupar até mais de uma linha do papel.
Porém, tudo isso não quer dizer que o “verso livre”
seja um verso ruim, sem ritmo nenhum. Nada disso!
Como explicou outra estudiosa de poesia, já mencionada
anteriormente, mesmo que os versos, dentro de um
poema, tenham tamanhos diferentes, isso não significa que
cada verso não tenha ritmo próprio, uma musicalidade
interessante (GOLDNSTEIN, 2004, p. 36). Ao contrário,
ela explica que o bom poeta sempre deve cuidar do ritmo,
especialmente no verso livre.
Você poderá encontrar vários exemplos de poemas,
nesta antologia, que recorreram ao verso livre em sua
composição.

COMPARAÇÃO, METÁFORA,
PERSONIFICAÇÃO E HIPÉRBOLE

O leitor deve recordar que, no início desta apresentação,


falamos que uma das mais marcantes características da
linguagem poética é a utilização da linguagem figurada,
a conotação. Naquela ocasião, destacamos a metáfora,
lembra? Além desta, vamos agora tratar de duas das
mais importantes figuras de linguagem: comparação e
personificação, as quais foram muito utilizadas pelos
nossos pequenos poetas.

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A comparação é uma relação de semelhança entre


elementos por meio de termos comparativos, entre os quais:
como, qual, feito, que nem, parece etc. Os poetas costumam
utilizar comparações, instituindo relações de sentido, ora
previsíveis, ora inesperadas, entre as palavras. Veja os
versos abaixo:

Rio Largo é tão gigante


Que parece um elefante

Há casos em que o poeta elimina o termo comparativo.


Por exemplo, em vez de dizer “o rio da cidade é como uma
serpente”, ele prefere ser mais direto, conforme fez Joene
de Brito e Josilma de Brito no seu poema de apenas dois
versos, mas sugestivo pela criação poética:

O rio da minha cidade é uma serpente sinuosa e ágil.

Quando isso ocorre, temos outra figura, a metáfora.


Agora, observe essa outra estrofe a qual destacamos logo
a seguir:
A lua ficou furiosa
de tanto ciúme.
Envergonhada diante de tua
esplendorosa beleza

A lua fica “furiosa” e “envergonhada”? Claro que


não! É que na poesia isso é possível, e nesses quatro
versos inicias aparece outro tipo de figura: personificação,
também conhecida por prosopopeia. Isso ocorre, quando se
atribui comportamento humano a elementos da natureza.

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Larga
g Poesia antologgia de ppoetas de Rio Largo
g em seu centenário David Sever o

O que o poeta quer, nesse caso, é deixar seus versos


mais significativos e poéticos também, como nesse outro
exemplo, de Andressa Caroline da Silva:

Será que a chuva


Um dia irá ter
Piedade desse
Povo?

Outra importante figura é a hipérbole que se caracteriza


pelo exagero da linguagem, a fim de intensificar uma ideia.
Veja o poema "A rua onde eu moro", de Lívia Macêdo:

Quando as pessoas pisam nela [a lama]


Atolam o pezão
E vão parar lá no Japão.

Aqui a aluna-poeta critica um problema social comum


em seu bairro, a lama (e por que não dizer da maioria das
cidades...), para tanto ela se apropria do recurso expressivo
da hipérbole.

POESIA VISUAL

Queremos registrar aqui uma experiência interessante


que nossos poetas fizeram com a aparência gráfica de alguns
poemas. Antes, você precisa ter consciência que o ritmo e a
musicalidade não são os únicos elementos da poesia, nem
os únicos critérios para determinar o tamanho e o jeito de
um verso ou de uma estrofe. A partir do momento em que

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g Poesia antologgia de ppoetas
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centenário
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t nná
tennár
áriio

a poesia passou a ser escrita (e não apenas declamada ou


cantada), os poetas passaram a se interessar também pela
aparência que as palavras tomavam no papel, a imagem e a
forma construídas pelo texto.
Com isso, nasceram novos critérios para a elaboração
do poema e do verso, baseados no aspecto visual que eles
tomariam. Uma das consequências disso foi o surgimento
da Poesia Concreta, poema que explora os espaços vazios
da página.
Esse modo de produzir poemas foi explicado mais
detalhadamente no livro Teoria da Poesia Concreta, o qual
está citado na referência. Dois exemplos de poemas assim
são “rIo LaRgO”, na página 42 deste livro; o outro, é “O
rio”, cuja inspiração foi o poema de Nano, pseudônimo de
Ernani Maurício Fernandes, o qual destacamos abaixo:
nascer
nas c e r
n a s c e r
n a s c e r
n a s c e r
n a s c e r
n a s c e r
n a s c e r
n a s c e r
m o r r e r
m o r r e r
m o r r e r
m o r r e r
m o r r e r
m o r r e r
m o r r e r
m o r r e r
morrer

(BERALDO, Alda. Trabalhando com poesia, p.78).

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g Poesia antologgia de ppoetas de Rio Largo
g em seu centenário David Sever o

Vale a pena, leitor, você ir até a página 68 para conferir


como ficou o poema.

LITERATURA POPULAR

Também chamada de literatura de cordel, esse tipo


de composição poética, oriunda de Portugal, chegou ao
Brasil por volta do século XVI, e, com o tempo, adaptou-
se profundamente no Nordeste brasileiro. A origem do
termo literatura de “Cordel” está em folhetos de impressão
precária e expostos à venda pendurados em varais de
barbante. Hoje em dia, raramente esses poemas são
vendidos dessa forma, mas você ainda pode adquiri-los
em livrarias, nas feiras, nos artesanatos, etc., comprando-
os em forma de livretos, com custo bem baixíssimo, por
poetas que muitas vezes nem concluíram seus estudos,
porém possuem muita inspiração para compor seus
versos. Exemplo disso foi o poeta paraibano Leandro
Gomes de Barros, considerado por muitos pesquisadores,
o primeiro a imprimir e vender seus versos, por volta de
1890 (MELO, 1994). Apesar de não ter tido boa instrução
escolar, o escritor paraibano é considerado o pai da
literatura popular no Brasil.
Aqui em Alagoas, temos o cordelista Jorge Calheiros,
que, embora nem tenha concluído o nível fundamental
direito, já compôs mais de cem folhetos. Seus poemas são
escritos numa linguagem bem informal, com recursos da
oralidade, a partir de qualquer tema do cotidiano como
mostra essa primeira estrofe que destacamos abaixo de seu
poema mais famoso intitulado “A mulher feia” (extraído
do livro Versos pra uma semana, publicado em 2013):

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Me chamo Jorge Calheiros poeta do Clima Bom


Na casa 49, encostada a Mãe do John
Mais feio do que Chico Lopez cantando fora do tom
Minha mulher é mais feia na boca só tem um dente
Já nasceu com um peito só parecendo uma serpente
O satanás pegou ela e me devolveu novamente.

Em nosso livro você encontrará, pelo menos, dois


poemas com características da literatura de cordel: o
primeiro é o texto coletivo de abertura do livro, produzido
com a participação de todos os alunos e mediado pelo
professor; o outro é o poema intitulado “Seu Chico, o homem
mais mentiroso do mundo”. Formalmente, nesses textos, as
estrofes são produzidas com seis versos cada, chamadas de
sextilha, em rimas alternadas, ou seja, rimando os versos
pares.
Espero que aproveitem a leitura! Ao todo são 66
alunos-poetas que produziram 56 poemas de gêneros
variados (sejam poemas de cordel, quadrinhas, acróstico,
poemas concretos etc) para homenagear Rio Largo em seu
centenário.

David Ferreira Severo

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g Poesia antologgia de ppoetas de Rio Largo
g em seu centenário David Sever o

REFERÊNCIAS

BERALDO, Alda. Trabalhando com poesia. Vol. 1. São


Paulo: Ática, 1990.

CALHEIROS, Jorge. Versos pra uma semana. Maceió:


Graciliano Ramos, 2013.

CAMPOS, Augusto de et al. Teoria da poesia concreta. São


Paulo: Duas Cidades, 1975.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. São Paulo:


Ática, 2004. (Princípios, vol. 6).

______. Análise do poema. São Paulo: Ática, 1989.

MACHADO, Ana Maria (org.). Cinco estrelas. São Paulo:


Objetiva, 2001. (Coleção Literatura em minha casa)

LIMA, Ricardo da Cunha. De cabeça para baixo. São Paulo:


Companhia das Letrinhas, 2000.

______. Cambalhota. São Paulo: Companhia das Letrinhas,


2003.

MELO, Veríssimo de. Literatura de cordel: visão histórica


e aspectos principais. In: LOPES, José de Ribamar (Org).
Literatura de cordel: antologia. 3. ed. Fortaleza: Banco do
Nordeste do Brasil, 1994)

SOARES, Angélica. Gêneros literários. 7.ed. São Paulo:


Ática, 2007 (Série Princípios).

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Minha cidade, meu lugar


Poema coletivo

A Rafael Gomes da Silva

Meu amigo escute agora


O que nós vamos contar
Nesses versos tão singelos
Que queremos apresentar
A história de Rio Largo
Vamos homenagear.

Aos céus alçamos a voz


Pedindo uma inspiração
Para que a poesia alcance
Todo o bom coração
E tenhamos dessa terra
Grande admiração.

Cem anos de emancipação


Política da cidade
Nessa data especial
Festejamos com vontade
Apesar de alguns problemas
Nós a amamos de verdade.

Nascemos neste lugar


Para orgulhar podemos
Rio-larguense de verdade
Ser feliz é o que queremos
Pra beneficiar o povo
A homenagem comecemos.

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A origem de Rio Largo


Remonta um pequeno engenho
Que as margens do Mundaú
Foi crescendo com empenho
Até ser o que é hoje
Com suor e muito lenho.

A história de Rio Largo


É a mesma de Santa Luzia
Pois lá nos primórdios dos anos
A esse município pertencia
Mas com o passar dos anos
Exigiu sua autonomia.

Para conseguir esse feito


Rio Largo precisou crescer
A estrada de ferro ajudou
A gente a se desenvolver
Empresas aqui se instalaram
Para a todos favorecer.

A fábrica Alagoana
Foi a primeira a se instalar
Com tecido e fiação
A todos veio ajudar
Essa Companhia foi boa
Não deixou nada faltar.

As duas usinas de açúcar


Também ajudou demais
Trouxeram pra essa cidade

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Muitos milhões de reais


À Clotilde mais a Utinga
Agradecemos os canais.

De cidade dormitório
Considerada mui pobre
Conquistamos referência
Hoje viramos mui nobre
Quem quiser morar aqui
Pode ganhar muito cobre!

Hoje temos aeroporto


Isso é bem sensacional
Não adianta Maceió
Desejar o nosso mal
Dizendo que o patrimônio
Pertence a essa capital.

Mas também todos sabemos


Que nem tudo é só beleza
Não vamos fechar os olhos
Para nenhuma incerteza
Rio-larguense é corajoso
Só falamos com firmeza.

Aqui a violência tá grande


Desse jeito tá demais
Jovens morrendo por drogas
Sem trabalho ninguém vai
É preciso fé em Deus
Para pedir muita paz .

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Larga
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Enquanto tudo não melhora


Vamos criar esperança
Nesses nossos governantes
Depositar confiança
Para no futuro próximo
Eles tragam mais bonança.

Vamos despedir agora


Do nosso caro leitor
Mas antes de ir embora
Preste atenção, por favor,
Para entender o sentido
Do brasão com muito amor.

Nosso querido Oiticica


Fez tudo muito perfeito
As rodas, a cana, o rio
Todos sem nenhum defeito
E ainda o fogo acedo
Fez aquele bom prefeito.

As rodas simbolizam
Com bastante alegria
As grandes indústrias
Da imponente economia
Já a nossa cana de açúcar
À riqueza favorecia.

A imagem do belo rio


Que um dia nos orgulhou
Hoje causa tristeza, pois

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Dele ninguém mais cuidou


Por isso está poluído
E muita dor já causou.

A maior tragédia aqui


Ocorreu em dois mil e dez
Quando do rio Mundaú
Veio uma enchente de vez
Destruindo muitas casas
Muitas dores ela fez.

Mas o povo rio-larguense


Porém não desanimou
Mesmo sofrendo a tragédia
Esperança não faltou
De reerguer a cidade
Povo forte, meu doutor!

O fogo com a tocha acesa


Afirma a ciência e o saber
Sabedoria cultural
No povo veio nascer
Aos barões assinalados
Vamos todos engrandecer

Rio Largo imponente e bela


Com seu povo varonil
Teu progresso eleva a terra
De Alagoas e do Brasil
Cantamos alegremente
Te adoramos vezes mil.

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rIO LaRgo
Adriana Santos Caetano
Jhennefe Hevellin Gomes da Silva

Rio Largo
rio
rio
rio
largo
largo, largo, largo, largo
Lar
Ar
l
a
r
g
o

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Muito chato
Alex Duarte Fernandes

O lugar onde vivo é


Muito chato
Por não ter nada
Pra fazer...

Mas quando vou brincar


Brinco sem parar
Quando paro já vai
dando um cansaço
É muito chato.
Por isso que onde vivo
É muito chato.

O nome da cidade
Onde vivo é
Rio Largo: lugar
Muito chato.

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Lugar engraçado
Alice Renata da Silva

O lugar onde moro


É cheio de pessoas
Muito engraçadas
E também muito
Esnobáticas.

Há também um mercadinho
Cujo dono é meu vizinho
Ele é meu amiguinho
Mesmo sendo tão gordinho.

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Gato-cachorro
Ana Miquele da Silva Santos

Na minha rua
Tem um gatinho fofinho
Ou será um cachorro
Com o focinho sujinho?

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Onde moro tem...


Andrea Vitória da Silva Moreira

O lugar
Onde moro
Tem Maria
Tem Josefa
Tem Cicinha...

O lugar
Onde moro
Tem paz
Tem amor
Sem pudor

Mas também
Tem problema
Tem briga
Discussão...

Todo dia
Tem ladrão
Que rouba
O buzão.

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Meu lugar
Andressa Caroline Gomes da Silva

Será que a chuva


Um dia irá ter
Piedade desse
Povo?

Será que o corvo


Ainda irá trazer
Uma mensagem?

Uma mensagem
Dizendo para aquele
Povo não se preocupar
Quando a chuva voltar?

Aquele povo sofre


Tanto para construir
Suas casas para ir
Tudo por água abaixo.

Eles já tão cansados


De sofrer
Eles querem
Viver sem preocupação
Sem confusão com a chuva.

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Não quero sair daqui


Mas se a indejesada
Da gente me impedir
O que posso fazer?
Gosto muito da chuva
Mas com moderação
Porque quando ela vem
É fazendo inundação:

Derrubando árvores, flores


E separando amores.

Aqui tudo é tranquilo


Tirando a chuva
Só escuto o barulho do grilo.

Queria muito mandar na chuva


Pois se eu mandasse nela
Dividiria a metade com o sertão.

Então enquanto a chuva não para


Continuo a lamentar
Mas esse poema
Por aqui vou acabar.

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Adoração
André Juvêncio de Andrade
Asafi Damásio Leite de Lima

Rio largo minha


Inspiração, esbanja
Ostentação.

Lugar de felicidade...
Acolhes quem te escolhe
Respeitosamente.
Geras vidas e acalenta
O coração.

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Meu lugar
Bárbara Luchianny Prudêncio da Silva

É Rio Largo
Meu lugar
Uma cidade grande
Cheia de lojas e mercados

A minha rua é legal


Tenho amigas que brincam comigo
Me divirto, estudo numa escola imperial.

Quando é quarta-feira
O intervalo acaba. Todo mundo fica triste
Quando a professora de matemática chega
Toda contente
A gente fica descontente.

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Príncipe dos rios


Danily Vitória dos Santos

A lua ficou furiosa


de tanto ciúme.
Envergonhada diante de tua
esplendorosa beleza.
E tu, príncipe dos rios, me sorria
debochado.
Eu, sentada na beirada de tua margem,
conversando com os peixes
ficava a meditar.
Por que te amo tanto?

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O céu bem estrelado


Daniel Alves Vitor da Silva

O meu nome é Daniel


Estou escrevendo em meu nome
Mas não quero falar de mim
Mas sim de minha terra
De céu estrelado.

Peço a Deus inspiração


Para agradecer ao leitor
Com esses versinhos simples
Mostrando pela minha cidade
Meu Sincero amor.

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Minha Maravilhosa Cidade


Darlian Kaik Vieira dos Santos
Richard Dickson S. Marques da Silva

Nasci e cresci neste lugar


Lugar onde me orgulhar
Me orgulhar dessa cidade
Rio Largo é meu lar.

Não deixe, meu Deus


Meu Deus, que me tire esta alegria
Alegria de ser rio-larguense
Rio-larguense de coração.

Rio Largo terra de filhos ilustres


Ilustres de muito destaque
Destaque para Antônio Lins de Souza
Que nasceu neste lugar.

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A classe monstruosa
Édson Júnior de Assis Fernandes

Na classe monstruosa
Quando chego me dá medo
Medo de entrar nela
Aí fico na porta
Esperando o professor chegar.

Me tremo todinho
Que dá vontade de chorar
Quando me chamam pra entrar
Mas esperei tanto
Que ouvi anunciar
Que a aula daquele dia
Não ia mais ter lá.

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Perniciosa
ElaneVitória Ferreira dos Santos

Rio Largo é uma cidade serpente


Que esquisita salpica seu veneno
Violento que mata muita gente.

Pois político também envenena


Com suas ilusões mascaradas, eles
Iludem as pessoas da cidade.

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Meu lugar, minha esperança


Elyssa Caroline F. Honorato

Onde vivo
Tem muita casa legal
Tem árvore
Planta e muita cana:
Viva a natureza!

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Meu cantinho de viver


Emilly Paulino de Lima

No lugar onde vivo


Tem de tudo
Tem borboletas voando
Tem pessoas passeando
Tem passarinhos voando
E é lá onde vivo.

No lugar onde vivo


Tem clima misturado
De dia o sol brilha
Mas a chuva que vem
Molha a terra
O outono que é perfeito
A primavera que floresce o viver.

No lugar onde vivo


Tem muitas brincadeiras:
Tem pula-corda
Tem boto cor-de-rosa
E também pega-pega.

No lugar onde vivo


Há uma rua animal
Tem cão, cãozinho
Tem gato, gatinho
Tem galo, pintinho
E outros animais pequeninos.
No lugar onde vivo
Tem o mundo todo.

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Rotina de manhã
Erick Gustavo Emiliano dos Santos

Habito num lugar tranquilo


De manhã acordo bem cedinho
Ouço meu avô assoviando
Como se fosse um passarinho.

Que café bem quentinho


Tomo banho voando
Porque o ônibus da escola
Não pode ficar esperando.

Lá dentro do busão
Encontro os amiguinhos
Conversando vou com eles
Pelo meio do caminho.

Quando chego lá sala


Bem na aula de inglês
Dá vontade de ir embora
Porque eu gosto é de português.

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Na minha rua
Hemerson da Silva Farias

Na minha rua
Há um burburinho
Nas árvores, nas casas
Dos carros, motos, caminhões
E ônibus também.

Várias lojas, pessoas


Meninos e meninas brincando
Zoando na rua...

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Alegria e amor
Islaine Beatriz de Oliveira Minervino

O lugar onde vivo


Tem crianças cantando,
Pulando e dançando.

O lugar onde vivo


Tem passarinho cantando
De alegria e amor.

No lugar onde vivo


Tudo é legal,
Um paraíso.

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Quadrinha
Isabel Lopes da Silva

O lugar onde vivo é bem divertido


Mas alguém liga o som dia e noite, noite e dia
Sem parar nem pelo menos meia hora
Eles não param meia hora por dia.

Em resposta, então, a polícia apareceu


Eles lembraram que ligaram o som o dia todo
Mas um dia de repente aconteceu
Que o som foi preso, depois desapareceu.

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Natureza viva
Islânnio Ikles Sobral da Silva

O lugar onde eu moro


Tem muitas árvores, sítio,
Carro, casa e amigos
Para brincar.

Muitos pássaros cantando


Bem cedo,
Muitos buracos capazes de
Engolir um carro.

Muitos pés de coco


Com água bem docinha...

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Sujeira
Ivone Silva dos Santos
Jadson Araújo Leite da Silva

Aqui na cidade
Tem muito mosquito
Muita lama e lixo.

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Seu Chico, o homem mais mentiroso do mundo


Jhennyffer Rayane Santos de Melo
Jéssica Yasmin Gomes da Silva
Yaritysha Morais da Silva

Desde pequeno que escuto


Contadas de boca em boca
As histórias de Seu Chico
Mentirosas e muito loucas
Que nos deixam empolgados
Muitas vezes e não poucas.

Certo dia Chico Mentira


Andava bem apressado
Pela calçada lá da rua
Parecia preocupado
Um compadre o parou
E Perguntou animado.

-Conta uma mentira, Chico


Por favor, não fica mudo!
- Agora não posso não
Tenho que correr pelo mundo
Pra pegar meu passarinho
Que voou com gaiola e tudo.

Seu Chico mente demais


Ou será imaginação?
Diz-se que veio de Messias
Em cima de um caminhão
Cortando o cabelo de um moço
Com maior satisfação.

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O canto onde eu vivo


José Miriel Anthoni M. de Oliveira

O canto onde eu vivo


É muito bonito,
Cheio de rios
E pássaros.

É cheio de animais
Pessoas e muitas
Crianças...

Sorrindo,
Brincando,
Cantando.

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Rio Largo
José Lucas da Silva

Vivo nessa cidade


Um lugar abençoado
E que pelo seu povo
É muito amado.

O povo por aqui


É sempre muito feliz
Mas se o rio seca
Todo mundo fica infeliz.

Quando as famílias
Se encontram
Logo se abraçam
E entoam e cantam.

Rio largo é um lugar


Lugar muito amado
Pelo seu povo que trabalha
Feito escravo suado.

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Cidade é uma serpente


Joene Maria de Brito
Josilma Maria de Brito Silva

O rio da minha cidade é uma serpente sinuosa e ágil.


Mas suas águas são escuras como línguas negras.

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O rio
Juan Victor Pereira dos Santos
Misael Cauê L. dos Santos
Jeniffer de Souza Reis

O rio
rio largo
r i o l a r go
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r g o
r i o l a r go
r i o l a r g o
r i o l a r g o
rio l a r g o
rio largo

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Lama, lama, lama


Jucimara Vieira Monteiro da Silva

Na rua onde moro


Tem casa pra todo lado.

Tem também uma poça


De lama muito grande.

Quando passa um carro apressado


É lama pra todo lado.

A rua fica empoçada


E ninguém vai fazer nada?

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Rio Largo é tão gigante


Kelvy Kauã Barros da Silva

Rio Largo é tão gigante


Que parece um elefante.

Rio largo e tão bonito


Como a praia do Expedito.

Aqui o sol brilha forte


Tal qual o polo Norte.

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Impressões
Larissa Vitória da Silva Soares

Lá na rua tem muita gente


Mas ninguém gosta de mim
Me acham metida e tudo mais
Mas eu não ligo, sou assim.

Na igreja tem muita gente


Muitas vezes vão rezar
Tem meninas fofoqueiras
Que só vão pra conversar.

Na minha casa tem muita gente


Que me ama de verdade
Neles realmente vejo
Que não há falsidade.

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Larga
g Poesia antologgia de ppoetas de Rio Largo
g em seu centenário David Sever o

O bairro onde moro


Lavínia de Amorim Vicente de Melo

Vivo num lugar,


Num bairro bem perigoso
Quando venho pra escola
Pelo menos é cuidadoso.

Além da violência
A rua tem outro problema
É uma buraqueira só
Em frente ao Gogó da Ema.

Mesmo assim insisto em brincar


Em frente do condomínio
Com meus queridos amigos
Pelo menos eu me animo.

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David Sever o Larga
g Poesia antologgia de ppoetas
as dde Rio
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A rua onde eu moro


Lívia Gabrielle Macêdo Silva

A rua onde eu moro


Tem uma poça de lama
Gigante.

Quando as pessoas pisam nela


Atolam o pezão
E vão parar lá no Japão.

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g Poesia antologgia de ppoetas de Rio Largo
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Cidade em festa
Lilian Camilly Batista da Silva

Rio Largo em festa


É um seio a transbordar carinho
Ver que grandes extensões de matas
Ver que vida há no ninho
É tudo mimosa a eterna primavera
Que se abre a cada caminho.

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David Sever o Larga
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Enchente
Luciana Thayane da Silva

Eu moro em Rio Largo


Conheço pouco de lá
Um dia veio uma enchente
Muita coisa chegou a causar.

Foi bem dizer um terremoto


Levou bem dizer quase tudo
Levou o que tava na frente
Mas não foi o fim do mundo.

Foi muita gente pelas ruas


Tinha gente até nas calçadas,
Pessoas que perderam as casas
E ficaram desabrigadas.

Certo dia casas foram doadas


Mas só para aquelas pessoas
Que perderam o lar na enchente
E ficaram desalojadas.

Tudo que queremos agora


É que a enchente não volte jamais
Porque ela fez uma tragédia
Há bem pouco tempo atrás.

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g Poesia antologgia de ppoetas de Rio Largo
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Vivo nesse Rio Largo


Lucitânia Lopes Pereira

Eu vivo em Alagoas
Que parece tudo alagado.
Eu vivo em Rio Largo
Que parece tudo largado.
Nos rios há tanta poluição
Que prejudica a população.

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Contradição
Lúcio Mário Correia Tavares Júnior

O lugar
Onde vivo
Enorme
Elegante
Animais
Constantes
Muitos rios
Plantações
Violência
E armas.

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Minha cidade
Marcos André Costa Paz Pereira

Cidade bonita onde moro


Pena que às vezes sempre choro
A violência é tão constante
Não para um só instante.

Mas também me alegro bastante


Com as coisas que tem por aqui
Como shopping, lojas e parques
Que visito sempre todas as tardes.

Antes a cidade era mais bela


Até a enchente de 2010
Que pena senti daquela gente!
Que se foi tão tristemente.

Mas hoje vivemos alegremente


A cidade está restaurada
Que Deus sempre te guarde
E permaneças assim toda tarde.

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Meu bairro
Maria Beatriz Camilo Santos

Meu bairro tão querido


Sempre estará comigo
Tão pequenino
E sempre tão escondido.

Nunca vi um bairro
Mais engraçado do que esse
Porque sobe e desce a ladeira
Como se fosse um zigue-zague.

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Minha Cidade
Maria Beatriz Firmino dos Santos

Aqui não falta sol


Aqui não falta chuva
A terra faz brotar semente.

Se a mão de Deus
Protege e molha nosso chão
Porque será que tá faltando pão?

A natureza nunca reclamou da gente


Do corte do machado, da foice
O fogo ardente.

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Amiguinhos
Maria Eduarda Ferreira de Melo

Gosto muito dos meus amiguinhos


Com eles brinco todos os dias
Em nossa linda amizade
Há tristezas e alegrias.

Quando chego da escola


Almoço na maior rapidez
Pra correr pra brincadeira
E não perder a minha vez.

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A escola que estudo


Maria Eduarda da Silva

A escola que eu estudo


É legal
Nem todos os dias é bom
Mas também não
É tão mal.

Quando toca pro recreio


Vou lanchar com meus amigos
E depois vamos brincar
Senão vai tocar o sino.

Quando toca para a aula


Vou correndo para a sala.

Quando toca para ir embora


Vou correndo para fora
Vou com muita alegria
Pra rever minha família.

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O lugar onde eu moro


Maria Letycia de Lima Peixoto

O lugar onde eu moro


Tem criança
Pra lá
E
Pra cá.
Esse é o jeito de deles brincar.

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Centenário
Maria Vitória Conceição dos Santos

Cidadezinha bem pequenina


Que cabe em meu coração
Tanto carinho tenho por ti
Que equivale à imensidão.

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Só Ventos
Mateus Oliveira Gomes
Matheus Araújo Silva

Eu vivo na Asa dos Ventos


Vento, ventinho, ventaninha
Lá é tudo calmaria
Nem chove, nem faz sol:
Só venta.

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Lixo
Micael dos Santos Gomes

Minha rua tem muito lixo


Entre os restos
Vi crianças catando os detritos.

Meu pai lamentou


E disse que lugar de crianças não é ali
É brincando com os primos e amigos.

Comecei me assustar e chorar


Por causa de tanta pobreza
Assustadora.

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Já é hora...
Naely da Silva

Já é hora, já é hora
Já é hora
De acordar!
Tomar banho, se arrumar
Para o ônibus pegar.

Já é hora, já é hora
Já é hora
de descer!
Pois na escola já cheguei
E a tarefa irei fazer.

Depois quando largar


Para casa voltarei
Tomar um banho para comer
E depois que eu brincar
Sem seguida jantarei.

Já é hora, já é hora
Já é hora
de dormir!
Pois meu dia foi corrido
E descansar precisarei.

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Ou isso, ou aquilo
Nathanaelle Barbosa da Silva

No lugar onde eu vivo


Se tem galinha, não tem pintinho
Se tem pintinho, não tem galinha
Se tem motos, não tem carros
Se tem carros, não tem motos...
Eu gosto de observar...
Ou isto, ou aquilo?

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Vida
Nathaly Rayssa Faustino dos Santos

O lugar onde eu vivo


É cheio de coisas:
Casas, carros, motos, pessoas,
Lojas etc.

Na manhã desperta a vida


Ouço o canto dos galos,
O latido dos cachorros,
O miado dos gatos.
Vejo a alegria dos homens
Crianças brincando:
Vida.

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Esperança
Rayane Santos da Silva

Rio Largo é onde vivo


É aqui que sou feliz
Com suas beleza e paisagem
Foi aqui que eu nasci.

O lugar onde vivo


É muito legal
Tem árvores, flores e rio
Isso é sensacional.

O lugar onde vivo


É muito bom de morar
Mas tem vários problemas
Que precisa mudar.

Aqui tem muitos assaltos


Drogas, crimes e violência
É uma cidade perigosa
E o governo marca ausência.

Mas tenho fé em Deus


Que dias melhores virão
Haverá mais justiça social
e muito mais educação.

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Aí fica difícil
Renato Gomes dos Santos

Onde eu vivo
Tem esgoto a céu aberto
Buraco até demais
Quando chove vira tudo
inundação.

Qualquer dia
Marco um piquenique
Lá na praia que se formou
Em frente a minha casa.

Quando faz sol, no verão


O problema é a poeira
Parece mais poluição.

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Dedicação
Renata Mirela Melo dos Santos

Todo dia acordo cedo


Para a escola logo vou
Aprender mais um pouquinho
Chego logo bem cedinho.
Sento na banca da frente
Boto lápis e caderno
Para a tarefa escrever
E o assunto aprender.
Estudar agora vou
Brincar não quero não
Minha mãe vai se orgulhar
Quando de ano eu passar.

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Ilha
Renata Ângela de Souza Silva

Rio Largo
É um labirinto profundo
Cercado de ladeiras
Por todos os lados.

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Rotina
Rosana Kethilyn Viana Félix

De manhã, acordo pra ir


à escola e de tarde volto
pra casa para descansar
pra de noite dormir mais
cedo pra aula não me atrasar.

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Açúcar amargo
Ruthe Souza Alves
Samara Fernanda Gomes da Silva
Samuel da Silva Santos

O açúcar que se produz na usina


Serve para adoçar nosso café
Mesmo nos momento de crise
Na mudança, temos fé.

As usinas da nossa cidade


Enfrentam algumas dificuldades
A Utinga, quase faliu
A Clotinde, é só piedade.

E os trabalhadores como ficam?


Sem trabalhar, na amargura!
Enquanto os usineiros
Ficam na plena fartura...

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Felicidade
Valéria dos Santos Silva

O lugar onde eu vivo


Tem criança sorrindo,
Brincando e chorando.

O lugar onde eu vivo


Os pássaros cantam
Alegremente.

O sol brilha dia a dia


As flores exalam cheio
As plantas crescem com amor.

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À Pessoa
Victor Ferreira Lima

Que saco ir pra escola,


Interromper o sono...
Bom seria
Não cumprir um dever,
“Ter um livro para ler
E não fazer!
Porque ler é maçada,
Estudar é nada.”
Isso seria uma boa
Mas que pena...
Quem disse isso
Foi Fernando Pessoa.

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