You are on page 1of 39

Assuntos específicos

As tendências pedagógicas brasileiras foram muito influenciadas pelo momento


cultural e político da sociedade, pois foram levadas à luz graças aos movimentos
sociais e filosóficos. Essas formaram a prática pedagógica do país.

Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990) propõem a reflexão sobre as


tendências pedagógicas. Mostrando que as principais tendências pedagógicas usadas
na educação brasileira se dividem em duas grandes linhas de pensamento pedagógico.
Elas são: Tendências Liberais e Tendências Progressistas.

Os professores devem estudar e se


apropriar dessas tendências, que servem de apoio para a sua prática pedagógica. Não
se deve usar uma delas de forma isolada em toda a sua docência. Mas, deve-se
procurar analisar cada uma e ver a que melhor convém ao seu desempenho acadêmico,
com maior eficiência e qualidade de atuação. De acordo com cada nova situação que
surge, usa-se a tendência mais adequada. E observa-se que hoje, na prática docente, há
uma mistura dessas tendências.

Deste modo, seguem as explicações das características de cada uma dessas formas de
ensino. Porém, ao analisá-las, deve-se ter em mente que uma tendência não substitui
totalmente a anterior, mas ambas conviveram e convivem com a prática escolar.

1) Tendências Liberais - Liberal não tem a ver com algo aberto ou democrático,
mas com uma instigação da sociedade capitalista ou sociedade de classes, que sustenta
a ideia de que o aluno deve ser preparado para papéis sociais de acordo com as suas
aptidões, aprendendo a viver em harmonia com as normas desse tipo de sociedade,
tendo uma cultura individual.
1.1) Tradicional -Foi a primeira a ser instituída no Brasil por motivos históricos.
Nesta tendência o professor é a figura central e o aluno é um receptor passivo dos
conhecimentos considerados como verdades absolutas. Há repetição de exercícios com
exigência de memorização.

1.2) Renovadora Progressiva - Por razões de recomposição da hegemonia da


burguesia, esta foi a próxima tendência a aparecer no cenário da educação brasileira.
Caracteriza-se por centralizar no aluno, considerado como ser ativo e curioso. Dispõe
da ideia que ele “só irá aprender fazendo”, valorizam-se as tentativas experimentais, a
pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social. Aprender se torna uma
atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem.O professor é um facilitador.

1.3) Renovadora não diretiva (Escola Nova) – Anísio Teixeira foi o grande
pioneiro da Escola Nova no Brasil.É um método centrado no aluno. A escola tem o
papel de formadora de atitudes, preocupando-se mais com a parte psicológica do que
com a social ou pedagógica. E para aprender tem que estar significativamente ligado
com suas percepções, modificando-as.

1.4) Tecnicista – Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica,


também conhecida como behaviorista. Neste método de ensino o aluno é visto como
depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através
de associações. O professor é quem deposita os conhecimentos, pois ele é visto como
um especialista na aplicação de manuais; sendo sua prática extremamente controlada.
Articula-se diretamente com o sistema produtivo, com o objetivo de aperfeiçoar a
ordem social vigente, que é o capitalismo, formando mão de obra especializada para o
mercado de trabalho.

2) Tendências Progressistas - Partem de uma análise crítica das realidades sociais,


sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação e é uma tendência
que não condiz com as ideias implantadas pelo capitalismo. O desenvolvimento e
popularização da análise marxista da sociedade possibilitou o desenvolvimento da
tendência progressista, que se ramifica em três correntes:

2.1) Libertadora – Também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, essa


tendência vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido. Onde, para
esse, o saber mais importante é a de que ele é oprimido, ou seja, ter uma consciência
da realidade em que vive. Além da busca pela transformação social, a condição de se
libertar através da elaboração da consciência crítica passo a passo com sua organização
de classe. Centraliza-se na discussão de temas sociais e políticos; o professor coordena
atividades e atua juntamente com os alunos.

2.2) Libertária – Procura a transformação da personalidade num sentido libertário e


autogestionário. Parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é
incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá
relevância se for possível seu uso prático. Enfoca a livre expressão, o contexto
cultural, a educação estética. Os conteúdos, apesar de disponibilizados, não são
exigidos pelos alunos e o professor é tido como um conselheiro à disposição do aluno.
2.3) "Crítico-social dos conteúdos” ou "Histórico-Crítica" - Tendência que
apareceu no Brasil nos fins dos anos 70, acentua a prioridade de focar os conteúdos no
seu confronto com as realidades sociais, é necessário enfatizar o conhecimento
histórico. Prepara o aluno para o mundo adulto, com participação organizada e ativa na
democratização da sociedade; por meio da aquisição de conteúdos e da socialização. É
o mediador entre conteúdos e alunos. O ensino/aprendizagem tem como centro o
aluno. Os conhecimentos são construídos pela experiência pessoal e subjetiva.

Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), ideias como
de Piaget, Vygotsky e Wallon foram muito difundidas, tendo uma perspectiva sócio-
histórica e são interacionistas, isto é, acreditam que o conhecimento se dá pela
interação entre o sujeito e um objeto.

Contexto sócio-político da educação atual

A educação tem sido muito utilizada em nosso país principalmente em época de


eleições, como campanha eleitoral, fato que se explica pelo grito que nossa população
tem liberado em busca de um direito que lhe é constitucional.

O princípio de que a educação é dever do Estado, não implica no imobilismo da


população e de cada indivíduo: a educação é também dever de todos, pais, alunos,
comunidade. Com essa mobilização da população em defesa do ensino público, é
possível pressionar ainda mais o Estado para que cumpra o seu dever de garantir a
educação pública, gratuita e de bom nível para toda a população. Uma população
acostumada a receber um bom serviço se mobilizará para continuar a tê-lo.
(GADOTTI, 1995: 7-8)

Novamente, o tema é alvo de especulação política, onde uma necessidade para a


viabilização do desenvolvimento do país se resume em promessas miraculosas de
campanha. Nesse aspecto Darcy Ribeiro em seu texto publicado como prólogo da
Revista “carta: falas, reflexões memórias” (1995), Educação e a Política, afirma
que," A rica direita brasileira, desde sempre no poder, sempre soube dar, aqui ou lá
fora, a melhor educação a seus filhos. Aos pobres dava a caridade educativa mais
barata que pudesse, indiferente à sua qualidade (...)". (RIBEIRO, 1995:2)

É fato, que para conseguirmos alcançar a solução de diversos problemas enfrentados


em nosso país, é necessário que se façam investimentos reais no processo educacional,
mas a situação é muito mais complexa do que se pensa, pois não se implanta uma
política de educação investindo somente em ensino superior, sendo que a realidade que
mais afeta o país nesse sentido está na qualidade do ensino dispensado ainda no
processo de escolarização básico, e em quantos alunos concluem esse ensino.

Assim, embora a redefinição de políticas de financiamento e alocação de recursos para


a educação brasileira seja urgente e necessária, é preciso pensar de forma articulada
num conjunto de indicadores que permita configurar uma escola e um ensino de
qualidade numa perspectiva que abranja insumos, clima e cultura organizacional e
avaliação. Ou seja, é preciso pensar numa política de melhoria da qualidade de ensino
que articule insumos e processos. (OLIVEIRA & ARAÚJO, 2005:20)

A abertura de mais vagas em faculdades, e a disponibilização de bolsas para o ensino


superior, abre portas para uma discussão que deveria ser a maior preocupação de
nossos representantes, se o ensino público básico, fundamental e médio fosse
realmente de qualidade seria necessário um processo separado de abertura de vagas
para os alunos que concluem essas etapas no ensino público? Se fosse de qualidade
eles não poderiam concorrer em igualdade com alunos provenientes de ensino
privado?

A baixa qualidade de nossa educação pode ser observada sob diversos aspectos, onde o
principal personagem, é o aluno, que vive a margem da discriminação social por
depender de uma escola pública que não satisfaz a necessidade de escolarização para
sua inserção de forma igualitária na sociedade, que cada dia tem se tornado mais
competitiva. A realidade das instituições públicas de ensino é assustadora, visto que,
em muitas instituições nem profissionais preparados para professarem o ensino
possuem, e quando os tem não valorizam nem o tempo que é dispensado para o
exercício de sua profissão, quanto mais a qualidade daquilo que ensinam. Salários
baixos, conteúdos retrógrados, falta de infra-estrutura, são algumas das dificuldades
enfrentadas pela educação brasileira, e que entra governo e sai governo continua no
mesmo patamar de desenvolvimento. Simplesmente acabar com o analfabetismo não
resolve o problema, pois visão crítica de mundo não se adquire assinando o nome ou
fazendo contas, se desenvolve através de discussões mais maduras sobre a realidade
que acontece a sua volta, mas penso que o problema está justamente no medo da
conscientização.

Diante disso, cabe uma discussão sobre o atual padrão de atendimento no ensino
brasileiro, bem como uma reflexão sobre alguns aspectos do padrão de qualidade que
almejamos para assegurar o direito à educação não apenas do ponto de vista do acesso.
(OLIVEIRA & ARAÚJO, 2005:17)

É louvável que se invista em inserção do jovem no ensino superior, mas a grande parte
deles não consegue concluir no ensino fundamental, pois precisam colocar o pão em
casa, e a necessidade fala mais alto do que a vontade de continuar na escola, mesmo
porque a escola nem sempre traz consigo atrativos para a permanência de seus alunos,
e isso pode ser observado pelo grande número de menores em idade escolar
envolvidos em situações de violência e criminalidade, sem contar a expansão do uso
de drogas na realidade vivida por eles.

Com efeito, os números apresentados indicam que, apesar da ampliação do acesso à


etapa obrigatória de escolarização observada nas últimas décadas, o direito à educação
tem sido mitigado pelas desigualdades tanto sociais quanto regionais, o que inviabiliza
a efetivação dos dois outros princípios basilares da educação entendida como direito: a
garantia de permanência na escola e com nível de qualidade equivalente para todos.
(OLIVEIRA & ARAÚJO, 2005:13)
Diante da realidade que nossa sociedade vive e dos resultados que estamos colhendo
em nosso dia-a-dia, é evidente que a educação tão discutida não está sendo tão
priorizada, pois a cada dia estamos perdendo ainda mais nossos valores morais, o que
pode ser observado por tantos escândalos políticos, que também estão sendo
vivenciados por nossos jovens, investir em educação é muito mais do que abrir vagas,
é ter responsabilidade com a formação de um novo cidadão que integrará o processo
social, e será o principal personagem na busca pelo desenvolvimento e transformação
da realidade vergonhosa que nosso país tem vivido, e esse investimento só trará frutos
se for feito a partir da semente, ou seja, a educação é um todo, e só alcançará sua
finalidade se valorizada em sua totalidade.

Sobre esse assunto, Paulo Freire enfatiza bem a verdadeira condição da escolarização
democrática vivida pela sociedade atual, onde afirma que,

Um desses sonhos para que lutar, sonho possível mas cuja concretização demanda
coerência, valor, tenacidade, senso de justiça, força para brigar, de todas e de todos os
que a ele se entreguem, é o sonho por um mundo menos feio, em que as desigualdades
diminuam, em que as discriminações de raça, de sexo, de classe sejam sinais de
vergonha e não de afirmação orgulhosa ou de lamentação puramente cavilosa. No
fundo, é um sonho sem cuja realização a democracia de que tanto falamos, sobretudo
hoje, é uma farsa.

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO CONTEXTO SOCIOECONÔMICO-CULTURAL


O momento presente vem demonstrando, através dos mais diferentes meios de comunicação, dos vários setores
da economia brasileira, significativas manifestações em prol da educação. Parece estar havendo a grande
conscientização do peso da educação na nova realidade que vem remodelando o mundo.

Por décadas, o País descuidou-se da educação de seu povo. Os alertas de educadores, de intelectuais,
passavam como que despercebidos pelos governantes. Os ilustrados discursos políticos ficavam, grandemente,
no papel, não se transmutavam em ações efetivas. A educação, relegada a um plano inferior, foi deteriorando-se,
caindo na grave e significativa defasagem dos dias atuais. A escola, que deveria representar portas abertas à
ascensão social, tornara-se obsoleta pelo desajuste entre sua fraca atuação e a alta competitividade do mercado
de trabalho, que exige qualificação profissional. Na verdade, encontramos, em termos de ensino fundamental e
médio, boas escolas privadas para os ricos e, infelizmente, más escolas públicas para os pobres, com exceções.

A professora Luciana Velo, ganhadora do concurso “O professor escreve sua história”, desabafou, dizendo: “O
professor é discriminado e tratado com descaso pelo governo e pela sociedade e não tem chance de evoluir”.

Até ontem, a repercussão e as conseqüências dessa defasagem tinham seu reflexo voltado, quase que
exclusivamente, para o interior do País. Hoje, com a globalização, com o País plugado ao mundo, lidando com
novos referenciais, o baixo nível de escolaridade de sua população afeta a sua imagem externa e a sua
credibilidade. A qualidade de mão-de-obra se tornou essencial para assegurar condições mínimas de
competitividade à economia da nação. Os centros internacionais, com sua economia forte de mercado, regem,
em massificação, destinos dos demais países, sendo mais prejudicados os que menos aparelhados estão.

Em tempos em que o conhecimento não tem fronteiras, não há como conviver com padrões de escolaridade
baixos; são incompatíveis com essa realidade. No impacto da competitividade, o mercado já exige fluência em
dois ou mais idiomas, conhecimentos aprimorados da informática e uma cultura geral ampla. O consultor francês
Olivier Bertrand reforça esta análise, dizendo: “A competitividade das nações depende cada vez mais da
qualidade de seus recursos humanos e não da quantidade de seus recursos naturais”.
No Brasil, as deficiências do sistema educacional perpassam os três níveis de ensino, atingindo o quarto grau,
que é o da pós-graduação.

A educação passa, no presente, por amplas reformas. Mexem-se nos currículos do ensino fundamental e médio,
em seus amplos aspectos informativos e formativos. O MEC formulou as “Diretrizes Curriculares Nacionais”
(DCN), que fixam o currículo mínimo obrigatório e a carga horária a ser seguida por todas as escolas do território
nacional. Elaborou os “Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a educação básica, que são de grande
ajuda ao professor, em sala de aula. São uma referência do que seria uma boa escola. Os “Parâmetros
Curriculares Nacionais” não têm caráter obrigatório e abordam sugestões de currículos com conteúdos
renovados que levam o aluno a “aprender a aprender”, onde informação e formação caminham em movimento
circular.

Questionam-se, também, o currículo do 3º grau – a desatualização da Universidade diante do mercado


globalizado dos nossos dias – e a formação do professor. Na relevante questão da repetência e da evasão
escolares, desloca-se do aluno o foco do problema e passa-se a corrigir as falhas do sistema. Através de uma
avaliação processual contínua do sistema: “Avaliação da Educação Básica” (Saeb), procura-se situar o nível de
aprendizagem dos alunos e ajustar o sistema nos aspectos necessários. Ao avaliar o 2º grau, deu-se início ao
projeto de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), exame nacional de final do ensino médio, criado em 1998,
pelo MEC, com a finalidade de avaliar as habilidades e as competências adquiridas pelos estudantes no fim da
educação básica e também com o propósito de oferecer às universidades um outro critério de seleção do aluno.
Ele é, ao lado do vestibular, uma outra modalidade, de ingresso à universidade, uma vez que pela última Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º 9.394/96), sancionada em 20/12/1996, o vestibular – a tradicional prova
de ingresso ao ensino superior, que no Brasil remonta a 1911 – deixou de ser obrigatório. Hoje, as universidades
têm liberdade de escolher seu próprio sistema de avaliação, de decidir qual a melhor opção para sua estrutura
educacional.

Instituiu-se o Exame Nacional de Cursos (ENC), o provão, em que, através do desempenho dos alunos, se avalia
a qualidade do ensino superior, o 3º grau. Esse exame servirá de base para a concessão do recadastramento
dos cursos superiores, a cada cinco anos. O Exame Nacional de Cursos (ENC) conseguiu colocar na pauta da
discussão o problema da qualidade dos cursos de graduação.

O aperfeiçoamento educacional e cultural nunca foi tão necessário. Não basta a criança ser educada, precisa
ser bem educada. Estamos vivendo um processo de revolução tecnológica e industrial que introduz mudanças
rápidas e importantes nos métodos e na organização da produção. A escola precisa criar no aluno a mentalidade
tecnológica e científica, a fim de ajustá-lo aos novos tipos de competitividade.
A estagnação, a domesticação da escola, levam ao insucesso, ao desemprego. O professor Anísio Teixeira, em
sua famosa palestra na Associação Brasileira de Educação (1952), já dizia: “O que importa na cultura de um
povo é o atrito, a oposição, pois esses são os elementos que promovem o revigoramento e a vida de suas
instituições e maneiras de ser”.

As relações entre trabalho,cidadania e educação

Analisando as acentuadas desigualdades sociais, políticas e econômicas no mundo,


observa-se que a globalização vem sendo acelerada de forma muito rápida, inclusive
pelo sistema capitalístico que tem grande fomentação pela exploração do lucro
arrancado das entranhas da população mundial, favorecendo o crescimento da
pobreza e o surgimento das desigualdades e da exclusão social. Enquanto o
acumulativo de riquezas vem sendo um processo dinâmico, organizado e
centralizado à elite, a educação tem sido badalada nos palanques, nos congressos e
nos fóruns como a saída dos mais aviltantes problemas sociais que jamais deixarão
de existir. A declaração: “educar para o pleno exercício da cidadania”, tornou-se algo
utópico e, para reverter esse quadro nebuloso é preciso que se reflita e assuma esse
compromisso social.
Todavia, as políticas educacionais necessitam ser repensadas para a mudança
positiva da prática pedagógica e da formação do cidadão. Uma reflexão aprofundada
para a realização de novas ações, à respeito do assunto, poderia sinalizar a solução
almejada. A educação precisa desvincular-se do faz de conta e partir para ações
consolidadas, evidenciando a sua emancipação e formando cidadãos capazes de
atuar como agentes de suas próprias histórias. Aliás, o poder de manipular certas
ações e decisões políticas governamentais da educação tem empecilhado na
efetivação da verdadeira cidadania.

A relação entre educação e trabalho deve ter, imprescindivelmente, um


estreitamento observável, uma vez que a escola qualifica o indivíduo para o melhor
desempenho de suas atividades, ou seja, é um tema que vem sendo discutido por
profissionais da área, atribuindo mecanismos para a sua melhoria.

Educação e trabalho são direitos fundamentais previstos no artigo 6º da Constituição


Federal, reconhecidos pelo Estado com o intuito de proteger e proporcionar a
qualidade e tratamento fraterno da sociedade.

Todavia, a educação poderá contribuir na superação da marginalidade a partir do


momento em que consolidar a formação de indivíduos eficientes e capazes de
oferecerem a sua parcela contributiva ao aumento da produtividade social.

EDUCAÇÃO TRABALHO E CIDADANIA

É absolutamente correto afirmar que nem sempre a educação vem atender as


exigências emancipadoras dos indivíduos, uma vez que a pedagogia tecnicista é
gerada em torno da profissão e da produtividade e jamais se preocupou com a
marginalidade e com a abolição da ignorância e com o cumprimento do exercício da
cidadania.

O ensino técnico tem objetivos específicos voltados à formação de recursos humanos


com almejos na empregabilidade e na produção tecnológica. O desemprego, na
maioria das vezes, é consequência do despreparo ao mercado de trabalho, pois uma
empresa dispensa o interesse de contratar indivíduos que não possuem habilidades
para a acelerada produtividade esperada no mercado.

A educação está contribuindo para superar o problema da marginalidade na medida


que formar indivíduos eficientes, portanto, capazes de darem sua parcela de
contribuição para o aumento da produtividade da sociedade. (SAVIANNI, 1995, P.
25)

No entanto, é necessário que as instituições educacionais reflitam e ajam com novas


ações, visando a transformação da globalização em um processo igualitário em todas
as esferas culturais, sociais e políticas. É inadmissível que a educação tenha, como
papel principal, a formação de seres humanos como objetos aptos ao mercado de
trabalho, quando a sua verdadeira tarefa é formar cidadãos críticos, conscientes e
capazes de produzir, ou seja, a sua incumbência, como compromisso social, é a de
libertar e não alienar.

A educação vem, ao longo dos anos, passando por várias transformações as quais,
nem sempre, significam progresso, uma vez que certas inovações não atendem os
almejos de uma sociedade justa, como dizia Paulo Freire, (1987, p. 158): “Se todo
desenvolvimento é transformação, nem toda transformação é desenvolvimento”.

É preciso, portanto, que se efetive a prática pedagógica, acionando uma política


voltada, exclusivamente, para a formação democrática, cidadã e libertadora.

“Não basta formar indivíduos, é preciso saber para que tipo de sociedade, para que
tipo de prática social o educador está formando cidadãos”. (DUARTE, 1999, p. 25)

RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO

Desde a extemporaneidade, a humanidade já buscava, no trabalho, alternativas para


satisfazer as suas necessidades básicas, mas com um certo equilíbrio. Com o passar
dos anos, as relações sociais tornaram-se mais complexas, tornando as suas
relações de trabalho também complexas, proporcionalmente. Na contemporaneidade
há uma certa deseducação em relação ao homem e a natureza, tendo em vista, a
fomentação ou a imensurável ganância pelo enriquecimento rápido. O homem está
indo além dos seus limites destruindo-a e ele mesmo. Entende-se que o trabalho
está sendo considerado desumano, imoral e responsável pelas consequências da
exclusão social.

De certa forma, o trabalho deve dignificar o homem, refletindo nele a sua própria
identidade, como ser criador, transformador e organizador da sociedade a que
pertence. O trabalho é a característica que o diferencia dos outros seres,
condicionando o seu próprio modo de vida e desenvolvendo-o de acordo às suas
relações com a sociedade na qual está inserido. No mundo capitalista é diferente,
porque o trabalho do homem não é visto como algo que satisfaz suas carências, mas
como fonte acumulativa de riquezas, trazendo, como consequências, a
transformação negativa da natureza e a degeneração ambiental. Para tanto, criaram
máquinas sofisticadas que substituíram os trabalhos manuais, com alta produção e
em curto espaço de tempo.

A educação tem um papel muito importante no que diz respeito ao mercado de


trabalho, independentemente, de cursos profissionalizantes ou não. Ela ajuda a
manter as pessoas empregadas, além de possibilitar a facilitação do emprego.

Em nosso país o setor educacional também passou por essas transformações,


quando buscou-se o ensino técnico para a qualificação do trabalho, excluindo, de
certa forma, milhares de trabalhadores que, na ótica empresarial, não estão
preparados à produzir qualitativa e quantitativamente. Enquanto isso, os
considerados desqualificados prestam os seus duros, porém importantes, serviços
recebendo apenas o mínimo para a manutenção da própria sobrevivência.

As relações de trabalho estão, cada vez mais, abrangentes e os trabalhadores


desmascarando seus medos e unindo forças através dos Sindicatos ou Associações
para defender os seus direitos. O crescimento tecnológico também tem avançado
assustadoramente em todos os setores e em todos os recantos do planeta,
modificando o dia-a-dia das pessoas em busca de uma produção rápida e qualitativa.

De maneira que é através da realização de suas atividades cotidianas que o homem


tenta expressar sua identidade de verdadeiro ser humano.

A EDUCAÇÃO COMO PILAR BÁSICO

O sistema educacional tem apresentado uma infinidade de estratégias para a


melhoria do seu currículo, por acreditar que a educação é um dos pilares que pode
oferecer condições seguras para a mudança social ascendente, porém é necessário
que esse currículo não fique restrito a professores, mas que, segundo MOREIRA e
CANDAU, seja entendido como um conjunto de ações pedagógicas com intenções
educativas, ou seja, é dever de todos aqueles que almejam e buscam uma sociedade
desmascarada e alerta.
É preciso, ainda, entender que o processo ensino-aprendizagem, não se limite ao
repasse de conteúdos a serem ensinados e aprendidos, tampouco a memorização
por parte do aluno, pois tudo que é repetição é cansativo e desgastante, mas um
conjunto de atitudes que contribuam na construção de saberes. A nomenclatura
“ensino-aprendizagem” sinaliza uma interdependência entre ambos, uma vez que
esses caminham paralelamente e dependem da democracia dos questionamentos e
das reflexões para que se efetive os objetivos propostos. Tanto o professor quanto o
aluno devem estar envolvidos no processo, continuamente, questionando, refletindo,
desenvolvendo capacidades cognitivas, relacionando conhecimentos e utilizando-os
na construção de atitudes e valores. Pelo contrário seria inútil, inexpressivo e
dissaboroso, uma vez que o educando precisa ser despertado e instigado pelo novo e
pelo poder de atitudes criadoras, dentro dos seus próprios conhecimentos.

O educador e psiquiatra, Içami Tiba, em seu Livro “Quem Ama Educa”, menciona que
as aulas devem ser como alimento, temperado, balanceado e preparado com
carinho, para motivar a fomentação.

Para se ter uma educação de qualidade e contribuir coma boa formação do cidadão,
capaz de transformar a sociedade, positivamente, é preciso desapegar dos livros
sem, no entanto, ignorá-los, vestir-se humildemente e admitir que ser professor não
é ser dono da verdade, o sabe tudo, mas um mediador de ideias e um viabilizador da
construção de conhecimentos. É preciso fazer menção à integração dos educandos
em sala de aula, conservando a criatividade, a participação e a democracia de
concepções. O sucesso do ensino-aprendizagem aparece a partir da troca de
experiências, vinculadas ao currículo, onde cada um expõe a sua concepção através
do diálogo, do debate etc.

Por sua vez, o professor deve estar ciente da importância de um planejamento


possível, sem utopias, esforçando-se pelo seu cumprimento na íntegra. É com essa
segurança que o ensino-aprendizagem acontece, sobretudo, quando se perde o
medo, o pessimismo e acredita-se na sua consolidação de fato. Aliás, não haveria
nenhum trabalho pedagógico com resultados positivos, se não fosse permitida a
discussão entre os que dele fazem parte, como professores, alunos, pais de alunos
etc.

No trabalho pedagógico existe as seguintes opções: esforçar-se para ser mediador


entre as informações e os alunos, desenvolvendo um processo de aprendizagem
socializadora, crítica e democrática ou, simplesmente, acomodar-se oferecendo um
serviço alienado e voltado aos interesses capitalísticos.

A boa escola será aquela que desperte e estimule a consciência crítica, que não
deforme a história, que não ignore os vastos espaços da realidade social, que não
oculte ou desqualifique o conflito, enfim, que não reprima, que liberte. (TAMARIT,
1996, p. 61)

O verdadeiro papel da escola é preparar o estudante para o exercício social na qual


se encontra inserido, lutando pela igualdade e justiça, abolindo a exclusão de muitos
indivíduos. Em hipótese alguma, poderia mudar-se a sociedade, se a educação não
for reformulada, pensada e realizada pela própria sociedade. Para a construção da
tão sonhada sociedade justa, é preciso que se ofereça uma educação libertadora,
possibilitando a participação crítica e consciente do aluno no processo do ensino-
aprendizagem, desalienando-o do sistema radicalizado. Infelizmente, poucos são os
que tem se esforçado pela construção de uma sociedade justa e equilibrada, a través
da educação, quando a sua evolução se dá a partir dos anseios de muitos.

“Só se pode ter uma nova sociedade (…) se for modificada a educação da geração
mais jovem. Contudo, a nova sociedade é a força necessária para a mudança na
educação”. (FERGUSON, 1992, p. 265)

A FORMAÇÃO DO SER HUMANO

A escola é a instituição que desempenha um papel fundamental na formação do


sujeito, onde a aprendizagem passa a ser um acúmulo de conhecimentos científicos
norteadores do crescimento e da participação dele na sociedade. O conhecimento é
imprescindível na sua vida para que ele se sinta valorizado e preparado para os
desafios da vida no cotidiano. Segundo DUARTE, (1999), esse saber cotidiano não é
o mesmo para todos os indivíduos, cada um tem um saber particular em decorrência
de suas experiências de vida, que são diversificadas. O indivíduo deve buscar na
escola os seus próprios ideais, a liberdade de expressão e o recheio dos seus sonhos,
rumo a cidadania a que objetivam.

Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A


esperança de que professores e alunos, juntos possam aprender, ensinar inquietar,
produzir e juntos resistir os obstáculos à alegria. (FREIRE, 2002, p. 80)
Todavia, cabe a escola transparecer a importância da formação do indivíduo para
que, assim, ele possa saber usar o seu conhecimento de forma correta e contributiva
na sociedade a que pertence, pelo contrário, não estaria cumprindo com o seu papel
de instituição educadora. Mesmo em meio ao avanço tecnológico, mesmo diante de
tanto progresso, a educação é a área considerada a mais importante nas suas mais
diversas formas e esferas para a condução e efetivação da cidadania, pois a
capacidade de criar, entender e libertar só serão consumadas a partir do momento
em que for feito menção à mesma.

O indivíduo constrói conhecimento, adquire liberdade e consolida ética, entre outros


princípios afins, através da educação. Esta, dá-lhe todas as garantias da construção
de uma sociedade mais justa e mais humana, onde os sonhos e as possibilidades
sejam respeitados de maneira que cada indivíduo possa desenvolver a sua própria
forma de ensinar e aprender, como verdadeiro agente transformador.

Minha segurança não repousa na falsa suposição de que sei tudo, de que sou o
maior. Minha segurança se funda na convicção de que sei algo e de que ignoro algo a
que se junta a certeza de que posso saber melhor o que já sei e conhecer o que
ainda não sei. (FREIRE, 2002, p. 153)

Considerando a educação como a base sólida para a formação e essencial à


construção da cidadania, torna-se imprescindível que a mesma seja realizada de
maneira continuada e permanente, deixando apenas de ser qualificativa para o
trabalho, mas para o exercício legal da cidadania.

A EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

As leis da educação mencionam, explicitamente, que a formação do indivíduo faz-se


necessário para o exercício da cidadania. De modo, que não há outro caminho, senão
o da educação, para que se adquira conhecimentos necessários ao cumprimento dos
deveres e o requerimento dos devidos direitos, previstos constitucionalissimamente.
O desmascaramento, o senso crítico, o poder de decisão e produção, são resultados
de uma educação consciente que busca a construção da legítima cidadania. Mas,
afinal, qual é a importância da cidadania e como deve ser exercida pelos indivíduos?
A cidadania é imprescindível em meio a sociedade, e a pessoa que a cumpre, está
em plena posse dos seus direitos civis e políticos, previstos na Constituição, para
com o estado livre e sujeita aos deveres que lhes são incumbidos. Sendo assim,
entende-se que ser cidadão implica no exercício livre dos direitos e deveres de modo
que sempre prevaleça o bem comum.

Por sua vez, as leis representam uma gama de normas e regras sociais a serem
cumpridas, com intenções de oferecerem aos cidadãos uma vida mais agradável e,
excepcionalmente, produtiva uns com os outros, ou seja, elas são, analogicamente,
um conjunto de andaimes que suporta e enquadra as maneiras de realizar algo
dentro da sociedade. Contudo, descumprir com a cidadania na escala social é, ao
mesmo tempo, descumprir com as leis que lhe dão autenticidade. Aliás, esse déficit
já é realidade em quase todos os povos e nações, com exceção a requerimentos dos
direitos que não deixam de ser realizados.

No entanto, cabe a educação possibilitar, cientificamente, a construção da verdadeira


cidadania que será indispensável ao indivíduo para viver, decentemente, na
sociedade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, rege, em nível mundial, a
respeito da efetivação e cumprimento.

Há necessidade de se caminhar para uma cidadania multicultural planetária,


construindo relações humanas baseadas na convivência emancipatória, amorosa,
sensível e criativa, fortalecendo a cidadania, a democracia e o carácter público da
educação. (Carta do Porto, Instituto Paulo Freire, 2004)

Todavia, há a reafirmação nesta carta de que a cidadania, o conhecimento, a ciência


e a tecnologia são direitos de todos e que são adquiridos na escola, a qual exerce um
papel importantíssimo para a vida na sociedade, uma vez que a mesma é a
fornecedora de amplos horizontes nos quais os indivíduos inscrevem suas vidas e
efetivam as suas perspectivas. Segundo Oliveira Martins, a escola é a agente de
mudança e fator de desenvolvimento (…) tem que se assumir basicamente não só
como potenciador de recursos, mas também um lugar de abertura e de
solidariedade, de justiça e de responsabilização mútua, de tolerância e respeito, de
sabedoria e de conhecimento. (1992: 41)

Enfim, a escola pública vem desenvolvendo uma tarefa crucial na educação para a
cidadania, pois ela acolhe a todos e viabiliza a vida na cidade democrática.

EDUCAÇÃO DEVER DA FAMÍLIA


A família é o primeiro espaço onde deve ser principiada a construção da educação
para a cidadania, tendo em vista, ser ela a matriz da socialização na vida dos
indivíduos. No entanto, ela está incumbida de uma das tarefas mais importantes na
vida dos seus filhos, que é o de apregoar os princípios da socialização, da
honestidade, do respeito e da tolerância, dentro das normas legítimas previstas nas
leis.

E por ser o alicerce, a base da construção educativa, a família deve proporcionar aos
seus filhos, de modo sistemático e afetivo, trampolins que possibilitem os seus
desenvolvimentos cognitivos e culturais. Logicamente, não se poderia construir
cidadania se não se considerasse, a priori, a educação, que não deixa de ser papel
berçal e exclusivo da família que tem sonhos e que cumpre com as suas obrigações
com responsabilidade e com muito amor, apostando em elementos que serão
importantes à vida em comum.

É sabido que a formação de nível pessoal e social, tanto no sentido ético como
estético, prepara o indivíduo para a prática legal da cidadania, levando em
consideração a importância do respeito e da interação nas sociedades adversas e em
áreas distintas. A família não deve esquivar-se de uma tarefa primordial que lhe está
confiada: a educação dos seus filhos. Ela pode viabilizar melhores condições de
trabalho e preparar o indivíduo na construção da cidadania, como modo
predominante, é indispensável à sociedade moderna.

Do ponto de vista pedagógico, o envolvimento da família na educação dos seus filhos


é essencial para os seus desenvolvimentos cognitivo, social e cultural. Os pais tem
as obrigações, previstas nos Projetos Políticos-Pedagógicos e nos Regimentos
Escolares, de acompanhar, passo a passo, o processo de desenvolvimento
educacional dos seus filhos. A política participativa dos pais no setor educacional,
gera concordância, entusiasmo e incentivo aos profissionais que dela fazem parte.
Essa demonstração nada mais é do que uma injeção animadora para a escola,
sobretudo, pelo cumprimento da participação democrática, cujos efeitos trarão os
resultados almejados por toda a comunidade.

Para todos os efeitos, a parceria família/escola deve ser uma constante,


independentemente, de qualquer coisa, porém em algumas circunstâncias, os
professores necessitam dos pais, simplesmente quando deparam-se com
dificuldades, sejam de aprendizagem dos alunos ou pela indisciplina dos mesmos. Os
pais acham que tampou há necessidade de participar do processo educacional,
sobretudo quando os seus filhos vão bem na escola. Em resumo, a colaboração da
família nesse processo deve acontecer a qualquer custo, tendo em vista, ser
condição imprescindível ao avanço educativo e para o cumprimento do currículo
escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade vive a era da informação, da tecnologia de ponta e da globalização e,


portanto, exige um tipo de educação que atenda aos requisitos necessários para a
inserção no mercado de trabalho e cumprimento legal do exercício da própria
cidadania. Enquanto os indivíduos evidenciam uma acentuada diversidade social e
cultural, onde, enquanto cidadãos, tentam aprender algo mais, com o intuito de
exterminar a alienação e integrá-los de forma efetiva e democrática na sociedade, o
sistema dribla esses objetivos com estratégias utópicas e alienadoras.

Em frente a tanto progresso e transformação, cabe ao indivíduo optar pela educação


como trilha norteadora que o direciona ao cume mais cobiçado pela sociedade: a
cidadania. O cidadão é o ente fundamental para uma sociedade justa e igualitária,
uma vez que ele cumpre com os seus deveres e exige os seus direitos com
embasamentos na lei.

A educação deve ser aquela que educa para uma deliberação individual e
democrática, com alargamento da cultura e construção consolidada da cidadania. Ela
desempenha um papel extraordinário na produção e reprodução cultural, social e
ética. Inicia-se na família, lócus berçal, das condições básicas de toda a vida social e
produtiva.

Admite-se que a ausência da cidadania na sociedade hodierna, é resquício de uma


educação saturada que vem demonstrando grande fomentação numerológica e uma
ganância imensurável por estatística que venham favorecer satisfação à mídia
deixando de cumprir com o seu papel primordial que é a formação qualitativa do
indivíduo. Portanto, como é que este vai exercê-la se, no entanto, não adquiriu
conhecimentos suficientes para o seu cumprimento?

Considerando ser a educação a única e exclusiva alternativa para a construção da


cidadania e qualificação para o trabalho, torna-se necessário dar ênfase a mesma,
exigindo a sua ampliação qualitativa através do cumprimento integral das leis que os
asseguram.
Inclusão educacional e diversidade

A Lei n.9394/96 de Diretrizes e Bases - LDB, aprovada em dezembro de 1996, recomenda algumas
mudanças expressivas no campo da educação brasileira. Ela define a educação especial como
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educando com Necessidades Educacionais Especiais.
A definição de inclusão nasce em abertura com a relação deslocando o aspecto do problema do
sujeito para a sociedade e do aluno para a escola. Assim os alunos podem se adaptar a escola, uma
vez que, essa se modifique de modo a estar apta a acolher todos os alunos sem exceção. Pode-se
então caracterizar a inclusão em diversos aspectos como: a valorização da diversidade; a luta contra
a exclusão; o aumento da experiência e formação dos profissionais educativos.
Porém, o que se pode analisar através da pesquisa com os professores, é que na prática a inclusão
não se concretiza facilmente, e que a simples mudança de alunos vindos de escolas especiais para
escola regular, designada a todos, é muitas vezes compreendida como inclusão. No entanto a
inclusão sugere uma reestruturação das culturas, das políticas e das práticas escolares de modo que
seja levada em conta a diversidade do aluno. O Brasil, apesar de ter tomado várias medidas para
construir uma escola e uma sociedade inclusiva, sofre de grandes dificuldades que aumenta pela
situação desorganizada da educação em geral. Apesar da obrigação com a inclusão, os atos são
desconcertados, necessitando de um referencial que ajude o processo de construção da escola
inclusiva.
Percebe-se, entretanto, na nossa pesquisa, que os professores valorizam a diversidade e respeitam a
diferença de cada aluno, não apenas na teoria, mas também em suas práticas, porém ao responder
em nome da escola essa diversidade deixa um pouco a desejar, pois, o ensino por ela proposto se
torna expositivo e unilateral. Eles apontam que a luta contra a exclusão faz realmente parte da sua
realidade, eles mesmos reconhecem a necessidade de se capacitarem, algo que o governo não tem
oferecido e nem as muitas instituições, ainda se trata de um assunto delicado em que todos estão
caminhando de forma igual, aprendendo juntos e muitas vezes com iniciativas próprias.
É sentido nas entrevistas o esforço dos professores no exercício de sua profissão, eles buscam ao
máximo fazer o que é melhor, mas um pouco perdidos por não ter onde se apoiar, ferramentas que
os façam trabalhar com excelência, eles se cobram quanto ao seu papel, sabem da necessidade que
possuem e muitas vezes não tem a quem ou ao que recorrer. Muitos erguem a bandeira pela causa,
mas sentem-se mutilados pelas barreiras que encontram no caminho.
Com relação à educação, as respostas deixam claro que a inclusão é um projeto em execução de
escalada, que precisa adequar e capacitar os educadores através de programas educacionais
específicos. Percebe-se também a real preocupação dos professores em acolher e favorecer o
acesso ao saber, porém isso ainda se dá de forma muito lenta, com obstáculos a serem superados
no dia a dia. Eles se beneficiam com o acolhimento de crianças com necessidades educativas
especiais, pois tiram dessa prática, saberes que melhoram sua didática, percepção de outra realidade
de vida, e ainda motiva a solidariedade e a união.
Fica claro que são os professores e as escolas que trabalham pela inclusão, que buscam
proporcionar aos alunos dignidade e igualdade, que fazem os demais refletirem sua postura e muitas
vezes exigir que tratem todos de maneira respeitosa e igualitária.
Segundo Vygotsky (1991ª, p.74) “o aprendizado é uma das principais fontes da
criança em idade escolar; e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento,
determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental.”
Compreende-se que a família é o alicerce é o reflexo da criança e através de como será tratada ela
irá exteriorizar tais sentimentos.
Cabe a escola o papel de está em harmonia com a família trabalhando em reuniões de classe, para
esclarecer e orientar para ajudar a família a evoluir o desenvolvimento da criança. Quanto à escola
em relação ao aluno com deficiência, ela deve ajudar para que ele seja cada vez mais independente,
proporcionando a autonomia em relação ao adulto e quando se tornar adulto também. Também em
denunciar abusos, exclusões e falta de estrutura. Isso poderá se dá com um bom relacionamento
entre todos os envolvidos.
Ao professor cabe a paciência, determinação, carinho e zelo para não se igualar as pessoas comuns,
ele deve entender que tudo é uma etapa, nunca comparar os alunos especiais aos demais e sempre
elogiá-los para incentivá-los a lutar por mais uma etapa. Não privilegiar para não excluir, mas tratar
de forma igual e com respeito, para que todos possam ter direito a educação.
O envolvimento e a integração de pais, professores e a escola é muito importante em todas as
atividades de socialização, uma vez que torna mais leve a batalha contra o preconceito e a inclusão.
Mesmo que haja alguns avanços e mudanças, ainda estamos distantes de construir uma escola que
proporcione uma educação de qualidade para todos.
Precisa-se construir uma sociedade mais digna e justa, grande parte da vida é passada na escola e
essa precisa ser entendida que não é feita apenas para passar assuntos, ensinar a ler, escrever e
fazer contas, mas que forma cidadãos, que precisam trocar afetividade e sensibilidades, pois a
diferença começa nas características biológicas do ser humano e não é ela que determina a
personalidade do sujeito. Se analisado de diferentes ângulos, cada sujeito tem suas limitações por
possuírem aptidões, dons e características que outros não têm.
Podemos ver algumas mudanças em escolas que tem o cuidado desde a sua arquitetura ao plano
pedagógico, mas isso precisa ser uma norma a ser cumprida por todas, fiscalizada pelos órgãos
responsáveis, zelada e exigida pela sociedade.
Mas se torna algo muito maior porque infelizmente como dizem muitos dos entrevistados o governo
não cumpre bem o seu papel e até mesmo não buscam tratar o assunto com a devida atenção que
merece, ou a prática é diferente da teoria, ou é a teoria que é falha.
É obrigação de o governo exercer o papel que muitos professores e escolas vem fazendo em seu
lugar. Percebe-se que o governo faz campanhas, apresentam mudanças, mas quando os
professores, pais e alunos vão buscar o que estão oferecendo, descobrem que nem todas as escolas
espalhadas pelo Brasil estão prontas para oferecer o que foi apresentado ou muitas vezes não tem o
conhecimento.
Cabe ao governo oferecer e exigir aos professores o aperfeiçoamento, a especialização, construir
escolas com estruturas suficientes a atender a qualquer particularidade e fiscalizar para que ela
execute seu papel. Criar programas e benefícios que tratem de forma mais direta as dificuldades
encontradas.
Participar da construção de uma sociedade digna, justa e inclusiva é o que o governo deve oferecer a
todos, fazer a sociedade refletir e mudar deve ser uma obrigação.
Em uma das entrevistas constatamos que as escolas passam para os pais a dura mensagem de que
não podem receber seus filhos ou que é melhor que ele vá para uma escola que os possa receber, é
previsto na Lei Federal nº. 7.853/1989 a garantia de que nenhuma escola deve recusar um aluno
portador de necessidades especiais, cabe à escola adaptar sua estrutura física e pedagógica para
receber todos os alunos sem distinção e dá eles o pleno direito de terminar seu curso.
O Ministério da Educação – MEC, unido a Secretária de Educação Profissional e Tecnológica –
SETEC e a Secretária de Educação Especial – SEESP agenciam o projeto de TEC NEP de
educação, tecnologia e profissionalização para jovens e adultos com necessidades educacionais
especiais, é um programa que funciona com a ajuda dos sistemas estaduais, municipais e
comunitários, que auxiliam as instituições a receber os alunos, qualificar os profissionais e fazer a
manutenção do programa, infelizmente são poucas as cidades que dispõe desse programa, mas a
iniciativa já é um grande passo, é necessário então que cada um cumpra o seu papel, governo,
governados e toda a comunidade. Não é só uma evolução para melhorar a qualidade de vida de cada
um, mas de o país progredir e sair do seu estado de emergente.

Função Social da Escola

2. FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

A função social da escola é o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas


e afetivas do indivíduo, capacitando-o a tornar um cidadão, participativo na sociedade
em que vivem. A função básica da escola é garantir a aprendizagem de conhecimento,
habilidades e valores necessários à socialização do individuo sendo necessário que a
escola propicie o domínio dos conteúdos culturais básicos da leitura, da escrita, da
ciência das artes e das letras, sem estas aprendizagens dificilmente o aluno poderá
exercer seus direitos de cidadania.
A função social da escola, ela é muito relativa e complexa, pois há varias formas de
pensar a educação, para três grandes sociólogos há diferenças da forma de pensar a
função da escola na construção do aluno.

Para DURKHEIN a educação deve formar indivíduos que se adapte a estrutura social
vigente instituindo os caminhos e normas que cada um deve seguir, tendo sempre
como horizonte a instituição e manutenção da ordem social, a educação é um forte
instrumento de coesão social e cabe ao estado ofertá-la e supervisioná-la. Para KARL
MARX a educação deve ser vista como um instrumento de transformação social e não
uma educação reprodutora dos valores do capital, para MARX a uma necessidade de
uma escola politécnica estabelecendo três pontos principais: o ensino geral que é o
estudo da literatura, ciências, letras etc.

A educação física que é atividade que promova a saúde do ser e a outra é o estudo
tecnológico que visa acabar com a alienação do proletariado perante a classe
dominante. Para MAX WEBER a educação é um modo pelo qual os homens são
preparados para exercer as funções dentro da sociedade, sendo uma educação racional,
a visão de educar está vinculada enquanto formação integral do homem, uma educação
para habilitar o indivíduo para a realização de uma determinada tarefa para obtenção
de dinheiro dentro de uma sociedade cada vez mais racionalizada e burocrática e
estratificada.

Cabe à escola formar alunos com senso crítico, reflexivo, autônomo e conscientes de
seus direitos e deveres tendo compreensão da realidade econômica, social e política do
país, sendo aptas a construir uma sociedade mais justa, tolerante as diferenças culturais
como: orientação sexual, pessoas com necessidades especiais, etnias culturais e
religiosas etc. Passando a esse aluno a importância da inclusão e não só no âmbito
escolar e sim em toda a sociedade.

Bueno (2010) se posiciona um tanto crítico sobre a realidade da função social da


escola, nestas o social é ignorado. A escola torna-se uma instituição abstrata e
homogênea, quando na realidade como coloca Bueno, cada escola é ímpar, e não deve
ser vista de forma genérica, uma intervenção não funciona em todas as instituições,
cada meio tem que ser vista de acordo com a sua história, com a sua cultura, colocando
em pauta que cada instituição é única.

Atualmente existem projetos para promover cultura na escola, estes visando que os
alunos ampliem sua visão de mundo, valorizando as diferentes manifestações culturais
ao seu redor (...) por meio de ações que estimulem práticas culturais e educacionais
nas escolas com parcerias com instituições artísticas (museus, parques arqueológicos,
etc.). (FONSECA; M. C. G. T. SILVA; M. A. M. SILVA. 2010).

A escola pública nos dias atuais deixa muito a desejar quando se fala de educação e de
formar cidadãos para viver numa sociedade tão multicultural e pluriétnicas, como a
nossa. A falta de investimentos e de capacitação de professores, escolas sem
infraestrutura adequada para o recebimento desse aluno. O modelo segregado e
homogêneo que com muito esforço está mudando para o modelo de escola inclusiva,
mesmo escolas sem condições adequadas para receber esse aluno.

As escolas das nossas regiões, na promoção da cidadania não mudam muito nesse
contexto generalizado, escolas que entram em reformas mais não terminam, que falta
merenda, que faltam professores, que não existem equipes disciplinares qualificados
para tais fins, assim, ficando difícil promover a cidadania, cujo, o contexto não
sustenta, ou seja, para o estudioso João Batista oliveira a escola perdeu a sua função
social," Perdemos a noção da função social da escola. Ela deixou de ser cobrada pelo
cumprimento de suas obrigações essenciais e passou a ser cobrada por milhares de
coisas que ela não tem condição de fazer, como cuidar da educação sexual, educação
para o trânsito, para o consumo etc.", (diz Oliveira, entrevista concedida a Revista
Veja “A Escola perdeu sua função social” em 10/11/2014).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral desta pesquisa foi levantar as devidas compreensões sobre o embate
do questionamento da função social das escolas Brasileiras. Cada uma com suas
particularidades, mas, com a mesma missão, de transmitir os conhecimentos básicos
para que o homem comum possa descobrir as suas habilidades, e que o mesmo venha
adquirir os seus verdadeiros valores como ser humano, que esses conhecimentos
ajuda-o a enxerga os fenômenos humanas e exatas, Levando-se em consideração esses
aspectos, concluímos que no trabalho em questão, estamos cientes que a educação
inclusiva ainda está em processo de desenvolvimento, mas historicamente é visível o
avanço da educação inclusiva.

Entretanto, não podemos negar que a educação é fundamental e sempre será, porém,
merece uma análise critica, e a forma como o processo educativo ocorre para as
diferentes classes dominantes, aonde, mais vagas, mais tempo na escola, mais
disciplinas curriculares, mais e mais regulamentos, superam a dignidade e a cidadania,
para educação inclusiva ser mais eficiente na prática, devemos ter docentes inclusivos,
uma infraestrutura inclusiva, uma diretriz inclusiva e uma sociedade inclusiva, só
assim que vamos colher os resultados da aprendizagem dos nossos alunos, tornando-
os, assim um melhor profissional, um melhor cidadão.

O professor é o protagonista, desta encenação que acontece a milhares de anos, sendo


assim, os verdadeiros heróis deste questionamento. O que assistimos aqui não é uma
ficção, ela é uma mera realidade, tanto para o professor, como para o aluno.

Ele era para ser o centro do universo, por que tudo o que sabemos é fruto de muita
dedicação, em sua formação contínua em adquirir conhecimentos e de transpassar
esses, para as novas e futuras gerações. No nosso ver essa realidade só será mudada
quando estes mestres tiverem realmente os devidos reconhecimentos, não só pelos
reconhecimentos fiscais, mais, sim pela matéria humana que são pessoas honestidade e
dignidade de passar o que é justo e certo para as futuras gerações, cabendo-o a cada
um, que adquiriu esses ensinamentos, buscar colocar em prática no seu convive social.
Estrutura educacional brasileira

É a forma de como se organiza a educação regular no Brasil. Essa organização se dá


em sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A
Constituição Federal de 1988, com a Emenda Constitucional n.º 14, de 1996 e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), instituída pela lei nº 9394, de 1996, são
as leis maiores que regulamentam o atual sistema educacional brasileiro.
A atual estrutura do sistema educacional regular compreende a educação básica –
formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – e a educação
superior. De acordo com a legislação vigente, compete aos municípios atuar
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil e aos Estados e o Distrito
federal, no ensino fundamental e médio. O governo federal, por sua vez, exerce, em
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, cabendo-lhe prestar assistência
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Além disso, cabe
ao governo federal organizar o sistema de educação superior.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, é oferecida em creches, para
crianças de até 3 anos de idade e em pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos. O
ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, é obrigatório e gratuito na
escola pública, cabendo ao Poder Público garantir sua oferta para todos, inclusive aos
que a ele não tiveram acesso na idade própria. O ensino médio, etapa final da educação
básica, tem duração mínima de três anos e atende a formação geral do educando,
podendo incluir programas de preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a
habilitação profissional.
Além do ensino regular, integram a educação formal: a educação especial, para os
portadores de necessidades especiais; a educação de jovens e adultos, destinada
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e
médio na idade apropriada. A educação profissional, integrada às diferentes formas de
educação, ao trabalho, à ciências e à tecnologia, com o objetivo de conduzir ao
permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. O ensino de nível
técnico é ministrado de forma independente do ensino médio regular. Este, entretanto, é
requisito para a obtenção do diploma de técnico.
A educação superior abrange os cursos de graduação nas diferentes áreas
profissionais, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente
e tenham sido classificados em processos seletivos. Também faz parte desse nível de
ensino a pós-graduação, que compreende programas de mestrado e doutorado e cursos
de especialização. A partir da LDB de 1996 foram criados os cursos seqüenciais por
campo do saber, de diferentes níveis de abrangência, que são abertos a candidatos que
atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino superior.

Com a Lei nº 9.394/96 (LDB) buscou-se, levando em consideração a realidade


educacional acima descrito, normatizar o sistema educacional e garantir acesso a
educação de igual modo a todos. Essa lei traz um conjunto de definições políticas que
orientam o sistema educacional e introduz mudanças significativas na educação básica
do Brasil.
Para compreender a evolução e dimensão do Sistema Educacional Brasileiro,
enquanto parte do processo de desenvolvimento social, foram levadas em consideração
algumas premissas:

 A compreensão do sistema educacional


brasileiro exige que não se perca de vista a totalidade social da qual o
sistema educativo faz parte (SAVIANI, 1987).
 O sistema escolar é um dos elementos da
superestrutura que forma, em unidade com o seu contrário – a infra-estrutura –
estrutura social (RIBEIRO, 1987).
 Entende-se infra-estrutura como os modos e os meios do homem produzir sua
existência. Neste sentido as transformações, desses processos, devem ser
compreendidas como alavancas que pressionam a ocorrência de mudanças na
superestrutura que, por sua vez se movimenta entre dois elementos: as
instituições e as idéias.
 A relação entre a infra-estrutura e a superestrutura é uma relação determinante
que não se dá de fora linear, direta ou absoluta, haja vista que a superestrutura
tem refletido em si a contradição fundamental da infra-estrutura – conservação X
transformação. Cada uma e ambas, enquanto unidades de contrários reagem e
agem combinada e contraditoriamente, via processos de resistências,
aceleramentos e recuos, intermediados por normas, regulamentos, concepções
filosóficas e políticas, recursos e instituições, entre tantos outros (FREITAG,
1986).

Tomando como referências estas concepções iniciais, o conteúdo do trabalho toma


forma, privilegiando dois mediadores da organização educacional brasileira, que
complementam-se:

 As concepções de educação – seus postulados e expressões na organização da


escola brasileira;
 A organização, propriamente dita, do sistema
educacional – onde a formação educacional (básica e superior) é determinante
do desenvolvimento social do país.

Desta maneira será demonstrado que a nova proposta educacional brasileira objetiva
a democratização e universalização do conhecimento básico, proporcionando educação
e cuidado com a escolarização, assumindo um caráter intencional e sistemático, que dá
especial relevo ao desenvolvimento intelectual, sem, contudo descuidar de outros
aspectos, tais como o físico, o emocional, o moral e o social (Lei nº 9394/96).
DESENVOLVIMENTO
Sobre a Educação e a Escola no Brasil Saviani identifica quatro grandes concepções
na organização, orientação e funcionamento da escola: a concepção humanista
tradicional, moderna, analítica e dialética.
A concepção humanista tradicional conceitua educação a partir de uma visão de homem
pré – determinada, onde cada homem é uma essência imutável. Neste sentido, propõe
que a educação conforme-se à essência humana, resultando daí o entendimento de que
as mudanças realizadas, via processo educativo, são acidentais. Nesse conceito
concentra-se no adulto que representa o homem completo, em detrimento da criança
(ser incompleto, “por fazer”). É importante distinguir na linha tradicional suas duas
vertentes: uma religiosa (prevalecente na idade média) e outra leiga (elaborada por
pensadores modernos como “expressão da ascensão da burguesia e instrumento de
consolidação da sua hegemonia”) (Saviani, 1987). Entre outros princípios, esta
concepção defende os sistemas públicos de ensino, sejam eles: leigos, obrigatórios,
universais e gratuitos. Centra no educador (homem completo) o modelo a ser seguido,
imitado e reproduzido pelos educandos (seres incompletos) cuja essência poderá ser
potencializada ou atualizada através do processo educativo, porém jamais
transformada.
A concepção humanista moderna deriva seu conceito de educação de uma pré-
determinada visão de homem, a exemplo do que faz a “tradicional”. Difere dessa, no
entanto, quando afirma que a existência do Homem precede a sua essência, resultando
daí seu conceito de homem: “um ser completo desde o nascimento e inacabado até a
morte”. Defende a predominância do psicológico sobre o lógico e descola o centro do
processo educativo do adulto para a criança (o educando), para a vida e para as
atividades da existência. Admite formas descontínuas de educação, em dois sentidos:

 Considera que a educação caminha segundo o ritmo vital que varia conforme
diferenças existenciais e individuais, desconsiderando, na educação, esquemas
pré – definidos e lógicos;
 Afirma que os verdadeiros momentos educativos são “transitórios, raros, fugazes”
e decorrem da predisposição e possibilidade de cada um.

Em geral observa-se que as propostas de reformulação da educação, fundamentadas


na concepção humanista moderna, priorizam o aparato interno da escola:
métodos, metodologias, relação educador educando.
A concepção analítica, diferentemente das duas concepções anteriores, não
embasa seu conceito de educação em uma visão apriorística de Homem. Sua
formulação tem como núcleo conceitual a tarefa da educação, definida como aquela que
confere significado lógico à linguagem em função do contexto. Concebe o contexto
como o tempo, o lugar, a situação, a identidade, os temas de interesse e as histórias
pessoais do educador e aqueles a quem este se dirige (SAVIANI,1987). Essa
concepção exclui do processo educativo o contexto histórico e sustenta o caráter
utilitário da educação e a neutralidade do conhecimento. Teve destaque no Brasil a
partir da década de 60, após a crise da tendência humanista moderna, predominante no
período de 1945 a 1960.
A concepção dialética, assim como a analítica, não compreende a educação a partir de
um conceito pré-definido de Homem. O conjunto das relações sociais (síntese de
múltiplas determinações) forma a gênese dos seus postulados. Defende que
à educação explicita os problemas educacionais compreendidos no contexto histórico.
Essa concepção, a exemplo da humanista moderna, afirma se na realidade. Contudo
difere desta quando explica a realidade como um processo dinâmico, caracterizado pela
interação recíproca do todo com as partes e com estas entre si. Forma-se no
pressuposto de que toda organização social engendra sua própria negação, evoluindo
no sentido de uma nova formação social. Nessa concepção a tarefa da educação é
colocar-se a serviço da formação do “novo”,
que se constrói no interior do “antigo” (CURY, 1978).
Integrando as concepções de educação e sociedade a organização social na qual
vivemos, assumiu suas feições características com a consolidação do poder burguês e
a consequente formulação de mundo, segundo o Liberalismo (SAVIANI, 1987).
Apoiando-se nesta assertiva têm-se que a Escola surge, no Brasil, como instrumento de
realização do ideário liberal, organizando-se como sistema de ensino a partir do século
XIX, apesar de existir, como função, desde o Brasil
Colônia.
A escola brasileira, pensada segundo os ideais liberais, foi confiada à missão de redimir
os homens do seu duplo pecado histórico: a ignorância (miséria moral) e a opressão
(miséria política) (ZANOTTI, 1972). Para Cunha (1975), essa missão foi tomada pela
lógica capitalista, como a maneira legal e legítima de reclassificar as pessoas das
diferentes classes sociais, conforme suas motivações e potencialidades inatas
(CHRISTOFARO, 1999).
A crença na escola redentora da humanidade, na sua versão original (Liberal) e
na tradução capitalista, marcou a organização do sistema brasileiro, que foi alvo de
diversos movimentos de reformas. Todos eles buscavam cumprir satisfatoriamente essa
missão, e superar a insuficiência e ineficiência do próprio sistema, através da
incorporação de programas e objetivos mais imediatos que emergiam do processo de
desenvolvimento da sociedade. Christofaro (op. Cit.) menciona que mesmo quando o
projeto social privilegiou os sistemas não escolares, como forma de produzir o cidadão
útil à Nação, foi conferida à Escola o papel de realizar a produção do saber dito
“literário” ou “desinteressado”, atrelando o sistema escolar aos sistemas não escolares
pelo postulado da neutralidade do conhecimento. Nessa perspectiva, a articulação
das concepções de educação com a sociedade brasileira é estrutural e se sustenta nas
práticas e projetos sociais, através dos quais os interesses, os princípios e os
pressupostos do grupo social dominante tornam-se propósitos e valores do senso
comum, ideologia compartilhada pelo conjunto de sociedade e é essa lógica que torna o
pensamento liberal hegemônico e a burguesia além de classe
dominante, também dirigente.
De acordo com Saviani (1986) a escola idealizada no século XIX tinha
como perspectivas assegurar o direito a educação para todos com qualidade, gratuidade
e laicidade e a expectativa da classe dominante era que os membros
das classes subalternas, uma vez instruídos, se ajustariam aos projetos
dominantes, com o entendimento de que a instrução transformaria os “súditos em
cidadãos”.
No entanto, no início do século XX, em especial depois da I Guerra Mundial, a avaliação
da escola indicava que as esperanças nela depositada haviam sido frustradas, pois nem
todos nela ingressavam e mesmo os que ingressavam nem sempre eram bem
sucedidos e os bem sucedidos nem todos se ajustavam ao tipo de sociedade que se
queria consolidar. Esta avaliação fundamentou o primeiro movimento de reforma da
Escola no Brasil.
Visto que o projeto educacional inicial que havia sido construído segundo a
concepção tradicional, não havia dado certo, foi então substituído pelo da Escola
Nova, cujos postulados conformam a concepção humanista moderna. Enfatizando
a qualidade de ensino, o escolanovismo desloca o centro de organização da escola do
professor para o aluno e, mais que isso, desloca o eixo de preocupação da educação do
âmbito político para o âmbito técnico pedagógico.
O escolanovismo colaborou para a melhora da qualidade de ensino, mas dado aos
poucos recursos da rede escolar pública, esta melhora restringiu-se aos centros
escolares experimentais. A escola pública, sem recursos financeiros e humanos para
adotar e realizar o que promulgava a pedagogia nova levou dela apenas os
postulados (SAVIANI 1986).
Em um contexto de crescente participação política de seguimentos de
trabalhadores, que reivindicavam escola universal e gratuita para todos, o eixo do
projeto social deslocou-se para o desenvolvimento industrial. À escola coube,
nesse projeto, incorporar a lógica que presidia a produção ou elaborar um
saber extemporâneo. Assim é que o movimento da escola nova, desencadeado
para corrigir o que havia sido um insucesso pela escola tradicional, resulta no
que Saviani (1987) identifica como “recomposição de hegemonia da classe dominante”
(CHISTOFARO,1996).
Tomando como base o que já foi relatado, o propósito agora será demonstrar como se
deu a evolução da Organização do Sistema Educacional Brasileiro,
concomitantemente com a sociedade brasileira. Para compreendermos esse processo
histórico-social é necessário, primeiramente, reconhecer que a reflexão sobre a
educação no Brasil deve ser feita na perspectiva da dependência, em segundo lugar, é
necessário adotar uma periodização histórica. Esta tem como base os modelos
econômicos predominantes em largos estágios do desenvolvimento da sociedade,
destacando em cada um a Escola, como foi pensada e realizada (RIBEIRO 1989).
O primeiro período (1500 a 1930):
Este período abrange o Brasil Colônia, Império e a Primeira República, quando
prevaleceu o modelo agro-exportador da economia e a concepção tradicional de
educação. Da fase inicial deste período merece destaque o Regimento da Colônia, de
1548, que regulamenta a conversão dos indígenas à fé católica pela catequese e
instrução, trabalho este realizado pelos padres Jesuítas. Embora tenham sido expulsos
em 1759, os jesuítas implantaram as bases, estrutura e funcionamento da escola
brasileira, diferentemente do que estava previsto no Regimento, instala-se como direito
de todos e não apenas da população indígenas. Cabe ressaltar que a sociedade neste
período era organizada para garantir o modelo agro-exportador e a monocultura
latifundiária não dependia de mão de obra qualificada ou
diversificada, pois o tráfico de negros supria a necessidade de mão-de-obra.
Diante dessa realidade surge na colônia dois tipos de escolas, uma para as
populações indígenas (catequese) e outra para os mamelucos, órfãos e filhos dos
principais caciques da terra (a instrução através dos internatos – recolhimentos).
Posteriormente foram criados colégios e seminários destinados aos filhos dos colonos
brancos.
Osjesuítas sendo os responsáveis pela educação na colônia, tornam a
Igreja participante privilegiada da sociedade civil e política da época e a Escola
um instrumento de grande alcance na reprodução dos valores de uma cultura
externa, embasada na visão liberal, já consolidada na Europa.
No último século deste período a Escola Função deixa de ser a característica da
educação na Colônia e a Escola Estrutura passa a ser organizada e
regulamentada nacionalmente. Deste então, o aumento numérico de escolas de
instrução básica é acompanhado da criação de colégios e cursos cuja finalidade era
formar profissionais. Desta maneira nascem os primeiros cursos de Medicina e
Direito, os primeiros cursos técnicos de artes e ofícios e os colégios Militares.
Segundo Teixeira (1989) o sistema escolar era o de formação de clero ou de legista
ou do canonista, na forma em que a concebia o RATTIO STUDIORUM os
jesuítas, elaborado no século XVI e mantido até a metade do século XVIII, quando
surgem as primeiras críticas à escola, representadas por controvérsias pedagógicas.
Machado (1989) ao fazer uma retrospectiva histórica da educação brasileira demonstra
o caráter fragmentário e dispersivo do ensino de ofícios, cujo primeiro regulamento data
de 1826.
No fim do Império e início da República são delineados os primeiros traços de
uma política educacional estatal fruto do fortalecimento do Estado, sob a forma
de sociedade política.
Com a primeira Constituição, promulgada em 1824, houve a substituição da proposta de
uma política nacional de ensino pela regulamentação da instrução primária gratuita a
todos os cidadãos e pela criação de colégios e Universidades onde serão ensinados os
elementos das ciências, belas artes e artes. Em relação à escola primária, a Lei de 15
de outubro de 1827 foi a única lei geral sobre este nível de ensino, até 1946.
Nesta Constituição o Decreto nº 7.147/1879 deve ser destacado, pois dispõe sobre a
reforma do ensino primário e secundário no Município da Corte e o Superior em todo o
Império. Nele é estabelecido que é completamente livre o ensino primário e secundário
no município da Corte e superior em todo o Império, define-se também que até se
mostrarem habilitados em todas as disciplinas que constituem o programa das
escolas primárias do 1º grau, são obrigados a freqüentá-las, os indivíduos de um e outro
sexo, de 7 a 14 anos de idade. Porém esta obrigatoriedade não compreendia aquelas
crianças cujos pais, tutores ou protetores provassem que recebiam instrução
conveniente, em escolas particulares ou em suas próprias casas e aqueles que
residissem distantes da Escola Pública ou subsidiadas mais próximo (de 1,5 Km para os
meninos e 1.0 Km para as meninas).
Alguns autores afirmam que foi o Governo Republicano quem proporcionou o
maior crescimento de oportunidades escolares, até então, porém essas escolas
tinham eram elitistas e com o tempo tornaram-se insuficientes, como demonstra o
trecho de Ribeiro (1989) citado a seguir:
“Sobre a formação das elites…no Brasil está processando a seleção dos incapazes feita
pelo ensino secundário. Na escola primária, o filho do rico, irmanado com os do pobre,
são bons e maus alunos, mas como os pobres são infinitamente mais numerosos, se
tem numerosos alunos maus e também, muitos bem dotados, digamos, em dez ricos há
um aluno inteligente em noventa pobres, haverá nove alunos iguais a esse rico …
Quando começa o ensino secundário o pobre não pode frenquentá-lo; o liceu, o ginásio,
o colégio custam muito caro. Os noventa pobres vão para as fábricas, para a lavoura,
para a mão-de-obra. Os dez ricos, esses farão exames, depois serão bacharéis,
médicos, engenheiros, jornalistas, burocratas, político, constituirão a elite nacional
dominadora….Mas como nesses dez, apenas um é inteligente, nossa elite tem apenas
0,1 de capacidade.”
A organização política advinda com a Proclamação da República apoiou-se na
descentralização político econômico, refletindo-se também na organização escolar,
como evidenciado no texto da Constituição de 1891. Mediante a essas definições a
Escola se organiza em graus de ensino: o 1º grau para crianças de 7 aos 13 anos e o 2º
grau para crianças a partir dos 13 anos.
Uma das intenções desta nova organização escolar era que os diversos níveis
de ensino se tornassem formadores e não apenas preparadores para o grau seguinte. O
ingresso nos cursos superiores seria precedido de exames (no final do
curso secundário) objetivando medir a capacidade intelectual
dos formandos/ingressistas. Outra intenção era assegurar que a formação no 2º
grau ocorresse tendo como base a ciência, substituindo assim o que
chamavam “academismo literário”, criticado como resultado do predomínio da
escola tradicional. Portanto, as controvérsias e propostas de reformas giravam em torno
de 2 dilemas:

 Formação humana X preparação para o ensino superior


 Formação humana baseada na ciência X formação humana baseada na
literatura.

Resultado desse impasse é que ambos os ensinos (1º e 2º) tornaram enciclopédicos.
Acrescentando ao conteúdo tradicional os conteúdos ditos científicos, não resolvendo o
dilema nem o nível de idéias, muito menos da suficiência da escola. Na prática, a escola
se manteve como preparadora daqueles que iriam ingressar no grau de
ensino subsequente.
O segundo período (1930 a 1960):
Este período é marcado por intensas movimentações e tensões. A crise de 1929
provocou no Brasil duas transformações estruturais importantes:

 A substituição da importação de bens de consumo por produtos nacionais, o que


fortalece a indústria nacional e a nova burguesia urbano-industrial;
 A diversificação da produção e relativização do poder econômico dos
cafeicultores, levando tanto o Estado como a sociedade civil à significativas
reestruturações.

As modificações da estrutura econômica fazem surgir novas forças sociais e graves


confrontos com o governo e com o poder estabelecido. A burguesia industrial, o
operariado, a classe média ou a pequena burguesia das cidades ora polarizavam entre
si, ora articulavam-se contra as orientações do governo. Para o Governo o
desenvolvimento da sociedade dar-se-ia com o desenvolvimento do modelo capitalista,
mesmo que dependente. Já o movimento das forças sociais pretendia romper com a
dependência externa e reorientar o desenvolvimento no sentido da transformação
econômica, política e social, cujo resultado desejado era o crescimento automático e
autônomo do padrão de vida de toda a população e não da pequena parcela dela.
De acordo com Ribeiro (1989) com o fim da Segunda Grande Guerra e derrota
dos países do Eixo o Brasil amarra-se definitivamente com os Estado Unidos, único país
capitalista que sobrou da Segunda Guerra Mundial em condições de
sobrevivência. E neste contexto começa a penetração norte-americana no país, que irá
atingir o apogeu em 1955. A escola e a educação reassumem, neste momento, um
espaço privilegiado no projeto social, mantendo, no entanto, a convicção de que seus
fracassos até então diagnosticados estavam na forma de fazer escola e não nos seus
conteúdos, no acesso restrito e na falta de recursos.
O texto principal no tema educacional agora será baseado na concepção
humanista moderna e em seus defensores. No entanto, entre os “bastidores”, já
fermentava o dilema da “escola literária” X o “aprender útil” defendido como sendo de
aplicação imediata, menos demorada e direcionada para a produção
do desenvolvimento. Os pioneiros da educação, contrários a essa “idéia” de
escola, apresentam um projeto de sistema educacional, baseado no pressuposto de
que medidas educacionais deveriam ser tomadas e apoiadas a partir de um
programa educacional amplo, com unidade de propósitos e seqüência determinada.
Propunham a organização de cursos acadêmicos e profissionais em um mesmo
estabelecimento; combatiam o dualismo entre ensino profissional e cultural sendo
contrários ao centralismo que confundia unidade com uniformidade. O movimento dos
“pioneiros” marcou o tipo de escola e sistema escolar da época, mas não impossibilitou
o crescimento da escola tecnicista.
Com a criação do Ministério da Educação e Saúde (1930), houve uma reformulação no
ensino que abrangeu todos os graus (Decretos n. 19851, n. 19852 e n. 19890).
Em relação ao ensino superior, determinava a organização dos cursos isolados
em Universidades e exigia que estas se estabelecessem, obrigatoriamente, com
um mínimo de três institutos: Medicina, Direito e Engenharia. Permitia-se a substituição
de um desses institutos pela Faculdade de Ciências e Letras que “deveria dar, ao
conjunto de Faculdades integradas à Universidades, o caráter especificamente
universitário pela cultura desinteressada […] e, por sua função sintetizadora”…
(Miranda, 1966). Quanto ao ensino secundário, a reforma objetivou imprimir-lhe “caráter
eminentemente educativo” e o dividiu em duas etapas:

 A primeira, com cinco anos (fundamental), deveria formar o homem através de


“hábitos”, atitudes e comportamento, habilitando a viver integralmente e
capacitando-o à decisões e convenientes e seguras, em qualquer situação
(MIRANDA, 1966).
 A segunda, de dois anos, objetivava adaptar o aluno às futuras habilitações
profissionais.

Praticamente estas reformas vieram responder ao projeto dos Pioneiros da Educação.


Na Constituição de 1937, o ensino técnico é objeto de definições, estabelecendo-se
formalmente sua clientela: as classes menos favorecidas. O período de 1930-1937
foi especialmente fecundo do ponto de vista do debate sobre a educação no
Brasil, facilitada, inclusive, pela indefinição do governo diante das duas
principais correntes que se opunham. Tais tendências e grupos combatiam o princípio
do monopólio do ensino pelo Estado, identificado por ambos como um princípio
de sustentação tanto do Estado Fascista como do Estado Comunista. Uma análise
mais acurada da situação demonstra, porém, que os dois grupos oponentes
estavam pactuados no postulado básico e fundamental do liberalismo: a defesa
do individualismo e jamais de qualquer outro organismo, instituição ou ideologia.
No entanto, o que aparecia para o grande público era a oposição entre escola pública e
escola privada, entre o ensino leigo e confessional, entre o saber literário e o saber útil.
Na verdade, a luta era entre duas formas de defesa de interesses particulares: a forma
“conservadora” (identificada com as tendências humanistas) e a forma “moderna”
(tecnicista).
Apesar das múltiplas reformas do ensino e da promulgação de três
cartas constitucionais, também nesse período, o sistema educacional brasileiro
não chegou a responder satisfatória e suficientemente a situações como: a melhora do
rendimento escolar, o aperfeiçoamento administrativo e a bifurcação dos caminhos
escolares após o primário.
Em 1942 a Reforma Capanema abrangeu o ensino secundário e o técnico-industrial,
afirmando que daria resposta a essas questões. Para tanto modificou os ciclos de
estudo: quatro anos (ginasial) e três anos (colegial). Este último seria oferecido em
duas modalidades: o científico e o clássico, ambos permitindo o ingresso em
qualquer curso superior. No entanto, o que aconteceu na prática, é que a ênfase dada
às “letras”, no curso clássico, dirigiu seus egressos para as Faculdades de Filosofia,
Letras e Direito e o científico, voltado para as ciências, orientou seus concluintes para os
cursos das áreas de saúde, biológicas e engenharias, e nenhum deles foi “dirigido” às
classes baixas da sociedade.
O ensino médio industrial também foi regulamentado em dois ciclos: um de quatro anos
para formar artífices especializados em escolas industriais e o outro, de três anos, a ser
ministrado em escolas técnicas para formar técnicos especializados. Uma variação
sobre este “tema” foi a regulamentação da formação de normalistas com três anos após
o ginasial que não se concentrava nem nas “letras” e nem nas “ciências”, mas em
cadeiras ditas pedagógicas. Estruturou-se o ensino comercial, como o ramo do ensino
médio. Na verdade, a Reforma Capanema que vigorou até 1961, quando foi aprovada a
atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB), pensou cada grau e ramo de ensino como forma
de “orientar” o ingresso da clientela na escola conforme sua classe social. O ensino
superior não recebeu, no período, a mesma atenção, em que pese o aumento no
número de matrículas.
A Constituição de 46 e a reorganização da economia, no fim do Estado Novo,
apontaram mudanças políticas e econômicas na perspectiva de consolidar o novo
projeto social que se desenhou após a Ditadura Vargas e o fim da Segunda Guerra
Mundial.
No caso da educação, o projeto de lei de diretrizes e bases, indicado na Constituição e,
a Campanha da Escola Pública mobilizaram todos os grupos sociais. Dos
muitos debates e confrontos da época resultou a atual LDB onde estão contempladas
as duas tendências que se polarizavam na sociedade à época. Contudo, a Lei n. 4.024,
aprovada em dezembro de 1961, só vai corporificar-se na rede escolar no período
seguinte. Já nasce como uma lei tardia buscando estabelecer um compromisso entre os
interesses da burguesia nacional e de frações mais tradicionais da sociedade, ligadas
ao capital internacional e articuladas em torno da internacionalização do mercado
interno.
Terceiro período (1960 até os dias atuais):
Durante a primeira década deste período entra em crise a tendência humanista
moderna, predominante de 1945 a 1960, começando uma forte articulação social que
privilegiou a concepção tecnicista de educação, que novamente foi considerada a
adequada ao projeto social e econômico do país. Contudo por volta de 1968,
paralelamente ao predomínio dessa tendência, emergiram as críticas à essa pedagogia
dita a oficial e à política educacional que pretendia implementá-las. Essas críticas foram
sustentadas pelas teorias crítico-reprodutivistas tendo o mérito de promover a denúncia
sistemática da tendência humanista. Essas teorias, por considerar as relações
entre determinantes sociais e educação de modo externo e mecânico acentuam
as posturas pessimistas e imobilistas nos espaços sociais e educacionais, “minando” a
crença da educação “redentora da humanidade” e da autonomia da educação em
relação à sociedade. Deste modo, cabe a tendência dialética tomar a si a tarefa de abrir
caminhos no sentido de captar a especificidade de articulação entre educação e o
conjunto das relações sociais. Movimentos contra-hegemônicos defendem que o
“espaço” próprio da educação é o da apropriação/desapropriação/reapropriação do
saber e que esse espaço está atravessado pela contradição essencial do modo de
produção capitalista: a contradição capital-trabalho.
“Sendo o saber força produtiva e sendo a sociedade capitalista caracterizada pela
propriedade privada dos meios de produção, a classe que os detêm empenha-se na
apropriação do saber, desapropriando-o da classe trabalhadora. Sendo impossível a
apropriação exclusiva do saber, já que a contradição inerente à sociedade capitalista é
insolúvel no seu âmbito, a classe capitalista sistematiza o saber de que se apropria e o
devolve parcelado ao trabalhador. Assim, fazendo, detêm a propriedade do saber
relativo ao conjunto do processo produtivo restando ao trabalhador apenas o
saber correspondente à parcela do trabalho que lhe cabe executar”. (SAVIANI, 1987).
Configura-se assim a educação como espaço de luta, sustentada pela tendência
dialética.
Na década de 60 surgiu uma nova organização educacional, sob a égide da Lei
n. 4.024/61 (LDB), tornando o sistema de ensino um ponto de conflito entre segmentos e
grupo sociais. As “prescrições” da LDB, das Reformas Universitárias e do Ensino de 1º e
2º Graus, caracterizaram a escola da seguinte maneira:

 currículos definidos nacionalmente;


 minuciosas instruções e formulários, a serem obedecidos e preenchidos como
forma de controle, fiscalização e reconhecimento da escola e do ensino
ministrado;
 professores, alunos e múltiplos técnicos de educação moldados conforme
diretrizes técnico-operacionais.

Com essas prescrições sendo aplicadas e operacionalizadas igualmente por todo


o sistema e em todo o território nacional, pretenderam reafirmar o pressuposto
da igualdade da escola. Porém os dados do MEC/SEEC, no documento
Sinopse Estatística do Ensino Primário (1972), demonstram que em 1964 somente 2/3
das crianças de 7 a 14 anos estavam matriculados, cinco milhões não
estavam escolarizadas e destas 3,3 milhões nem se quer conheciam uma escola e que
em 1972 (onze anos após ser sancionada a LDB) ainda não havia escola para
4,4 milhões de crianças nesta faixa etária.
Diante dessas circunstâncias de exclusão social o princípio do direto e do dever
da educação para todos os cidadãos cai em descrédito. Várias explicações para
esse fato foram formuladas, mas a mais simples foi a de que o fenômeno
da seletividade e da exclusão do sistema educacional era decorrente das
diferenças inatas, da dedicação ou de esforços individuais.
A LDB não foi criada para resolver problemas de seletividade (quem são os escolhidos e
rejeitados) ou dificuldades de acesso à escola acumuladas desde períodos anteriores,
porém visa assegurar os direitos educacionais para a população e esta ter um meio
seguro de cobrar seus direitos mediante seus governantes.
O Censo Educacional de 1964 demonstrava, detalhadamente, as dificuldades que
as crianças encontravam para ingressar e permanecer na escola, como:
 currículos inadequados (não esqueçamos que a história dos Três Porquinhos foi
usada para alfabetizar, pelo método global, todas as crianças que lograram um
lugar na escola em todo o Território Nacional!);
 professores mal qualificados;
 equipamentos deficientes (inexistentes!);
 distância de casa à escola;
 falta de transporte;
 ingresso das crianças no mercado de trabalho para colaborar no sustento da
família;
 falta de roupas, alimentação e material escolar.

Contra essas dificuldades a LDB, assim como as leis, os decretos, as resoluções e as


portarias em que foi “desdobrada” (Lei da Reforma Universitária nº 5.540/68; Lei n.
5.692/71 de Reforma de Ensino de 1º e 2º Graus; Dec. Leis nº 5.379/67 e 62.484/67
que institucionalizam o MOBRAL; Dec. Lei n. 7.737/71 que institucionaliza o
“ensino supletivo” previsto na Lei nº 5.692/71, entre outros), “traduzem as
estratégias típicas da classe dominante que ao mesmo tempo em que institucionaliza
a desigualdade social, ao nível da ideologia, postulam sua inexistência” (Freitag, 1986).
Nessa lógica, as classes subalternas estavam submetidas aos padrões da escola da
igualdade, onde a desigualdade social estava perpetuada nos modos de organizar o
sistema educacional e o ensino. Nesse processo, as classes “desfavorecidas” acabaram
por assumir a culpa da sua “incapacidade” em responder, satisfatoriamente, as regras
do jogo educacional definidas pelas classes dominantes.
Porém essa culpa não foi aceita natural e passivamente. O movimento de articulação
social das classes subalternas, na sociedade civil e política, procuraram valer-se da
educação como canal de mobilidade, ascensão social ou pré-requisito de entrada
e reconhecimento no mercado de trabalho. Para tanto usaram a flexibilidade e
a equivalência formal dos cursos, asseguradas pela primeira vez no Brasil a partir desse
período. Assim é que a estrutura e o funcionamento do sistema educacional refletiram
as ambigüidades e contradições da própria ordem social.
Aparentemente todos os grupos e classes sociais estavam contemplados
na organização do sistema e seu funcionamento vinha ao encontro dos
diferentes interesses. Na verdade, são os interesses da classe hegemônica que
estão preservados, como pode ser constatado através do caso da privatização do
ensino secundário. O “mecanismo” de privatização do ensino secundário funciona
como uma das barreiras à entrada das classes subalternas e no ensino superior,
ao mesmo tempo que faculta ao setor privado transformar a educação em uma
empresa lucrativa. O curso profissionalizante de nível médio, cujo objetivo é qualificar
pessoal em habilidades necessárias ao mercado e ao desenvolvimento, vai sendo
gradual e freqüentemente desvirtuado, tanto por parte do sistema como da clientela.
Esses cursos, em geral, estão reduzidos a uma grade curricular e são implantados,
apesar da inexistência dos meios e dos recursos exigidos pela sua especificidade.
Nesse sentido acabam por falsear as habilitações que “anunciam”, ao mesmo tempo
que são uma fonte de lucro. Implantados para assegurar a entrada no mercado de
trabalho, não são procurados pela clientela com esta finalidade, mas sim porque
constituem a possibilidade das classes baixas almejarem a Universidade; como não têm
acesso aos cursos de segundo grau, preparatórios para o ensino superior, os
“desfavorecidos” se “preparam” para a Universidade nos cursos profissionalizantes,
oferecidos, em geral, no turno da noite.
O processo ditatorial, instalado com o golpe militar de 1964 e que se prolongou até a
década de 80, redefiniu o alinhamento dos processos de organização e participação
da sociedade civil, conferindo ao setor educacional, aos partidos políticos e à classe
operária particular atenção (FREITAG, 1986). A adoção desse “modelo” econômico vai
colidir, frontalmente, com os setores organizados da população que reivindicavam
reformas estruturais que permitissem um padrão de produção e consumo
democratizado. Estabelece-se o Estado de força cujo impacto social, político e
econômico está presente ainda hoje na sociedade. A organização, estruturação e
funcionamento do sistema educacional são tomados como objetos a serem reordenados
e fortemente fiscalizados. Num primeiro momento dois Decretos-Lei dão o tom da
política do governo em relação à educação:

 a Lei n. 4.464/64 que proíbe o funcionamento da União Nacional dos Estudantes


(UNE),criada em 1937;
 a Lei n. 4.440/64 que institucionaliza o salário-educação: 2% do salário mínimo
regional pago pelas empresas à Previdência Social, em relação a todos os
empregados; do valor arrecadado, 50% compete aos governos estaduais aplicar
no ensino fundamental e o restante destina-se aos Estados mais carentes,
através do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, gerido pelo MEC.

Em 1965 o governo constituiu uma Comissão para estudar, detalhadamente, a


universidade brasileira. Compõem tal Comissão cinco americanos e dois brasileiros que
elaboraram um relatório que não foi publicado (1967). Considerando o modelo de
universidade e a organização que se deu aos cursos através da Lei 5.540/68, é
impossível não inferir que a universidade que temos hoje é uma cópia atrasada da
universidade norte-americana. Seus parâmetros estão até hoje orientando o
funcionamento do ensino superior:

 departamentalização (extinção das cátedras);


 criação dos ciclos básicos por área de conhecimento (ciências humanas, exatas
e biológicas);
 sistema de créditos e extinção dos cursos seriados;
 formas jurídico-administrativas múltiplas;
 regime de tempo integral para professores;
 vestibular unificado e classificatório;
 estabelecimento de dois níveis de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Estes parâmetros, entre outros, conformam a Universidade. O ensino superior, no Brasil,


passa a viver a lógica que a Universidade Americana viveu setenta anos atrás.
Somando o que se estabeleceu para o ensino superior com a Reforma do Ensino de 1º
e 2º Graus constata-se que a lógica da organização atual do sistema educacional
caminha sob o empuxo das seguintes contradições: contenção x liberação e
autoritarismo x democratização. Em relação à primeira, temos o ensino
profissionalizante como forma de “desviar” da Universidade todos os que concluem o
segundo grau; o vestibular classificatório e não seletivo por nota mínima; e o
jubilamento; estes procedimentos são exemplos das estratégias que resultam ora na
contenção ora na liberação. A racionalidade está presente na adoção dos ciclos
básicos gerando a irracionalidade da troca entre qualidade/quantidade, da “perda” de
identidade dos cursos. Estes aspectos somam-se e se completam fazendo emergir
a contradição autoritarismo/democracia, assentada em normas repressivas em relação a
professores e alunos, paralelamente a medida que aumentam cursos e
vagas objetivando ampliar a capacidade das Universidades em receber um número
maior de alunos.
A reforma do primeiro e do segundo graus visou:
 · controlar a crise educacional gerada pela pressão do número cada vez maior de
jovens chegando ao vestibular (esse foi o sinal mais prático da equivalência entre
cursos profissionalizantes e cursos “preparatórios”, no segundo grau);
 · colaborar para atenuar o impacto do desemprego resultando da crise no setor
de produção, em especial a que ocorreu no período de 1964-1968.

Na reforma do 1º e 2º graus merece destaque a flexibilidade como o princípio mais


inovador para a organização e funcionamento do sistema educacional brasileiro, em
toda a sua história. Saviani (1986) chega a dizer que a Lei 5.692/71 é tão flexível
que pode até não ser implantada ou ser revogada sem realmente o ser. Como
exemplo confronta os termos do Parecer n. 45/72 – da profissionalização, com o
Parecer n. 76/75 também sobre a profissionalização: “o primeiro parecer regulamentou
o artigo 5º da Lei; o segundo revogou o primeiro e, com ele, revogou também o artigo 5º
da Lei; só que, mediante o princípio da flexibilidade, ele não revogou, ele reinterpretou…
e o artigo 5º permanece…”. Tal flexibilidade permite, inclusive diferenciar “terminalidade
legal ou ideal” (o conteúdo de aprendizagem do primeiro grau será dado em oito anos)
de “terminalidade real” (é possível, com base nas diferenças regionais, de escola ou do
aluno, que esse conteúdo seja dado de formas “mais ligeiras”, encaminhando o aluno
para o mercado de trabalho). O que tem acontecido, com muita freqüência é, portanto,
o, aligeiramento do ensino de primeiro e segundo graus a partir da reforma de 1971, em
especial para os jovens de classes sociais “menos favorecidas”. A escola de 1º e 2º
graus chega a constituir-se uma mera formalidade legal, cujos conteúdos da chamada
“educação geral” e da “educação especial” (através da qual se pretende a
profissionalização em múltiplas e diversas “habilitações”) podem ou não ser ministrados.
Se este “procedimento” facilita a entrada do aluno na Escola, a saída conferir-lhe-á
o título da diferença social na qual será inserido.
A Lei nº 9.394/96 (LDB) e a Realidade Educacional
A tramitação no Congresso Nacional para aprovação e implementação desta Lei
foi longo e conflituoso, mas apesar das inúmeras tentativas de eliminar as conquistas
obtidas, ao final, a Lei promulgada, oferece novas oportunidades educacionais a todo o
povo brasileiro, trazendo um conjunto de definições políticas que visam orientar o
sistema educacional e introduz mudanças significativas na educação básica do país.
Após a retrospectiva histórica da educação brasileira a cima descrito, atentemos
as mudanças ocorridas na estrutura educacional no Brasil, após a atual LDB, vigorando
em todo o território nacional brasileiro.
Educação Infantil:
A especificidade atribuída a essa etapa da escolarização opõe-se a visão da pré-escola
com base na noção de privação ou carência cultural, tão expressivo no passado,
segundo o qual o papel da pré-escola seria o de suprir as “deficiências”
das crianças, especialmente as de origens populares.
A manutenção da educação infantil como primeira etapa da educação básica representa
uma vitória e a dimensão pedagógica do atendimento de crianças de 0 a 6 anos tem por
objetivo o desenvolvimento integral da criança em seus
aspectos físico, psicológico intelectual e social (artigo 29 da LDB).
Segundo Corrêa (2007), as primeiras instituições voltadas para a educação infantil no
Brasil surgiram em 1896, na cidade de São Paulo e a difusão deste nível de ensino só
se deu em meados de 1940, principalmente na cidade de Porto Alegre capital gaúcha
que já contava com 40 jardins de infância. Foi a partir de 1970 que creches, jardins de
infância e pré-escola expandiram-se de maneira tímida principalmente em função da
pressão promovida as autoridades competentes pela sociedade civil.
Foi somente com a Constituição Federal de 1988, que começou a alargar os horizontes
do ensino infantil no Brasil, pois, em seu artigo 208, inciso IV, afirma que “o dever do
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: “atendimento em
creches e pré-escolas a crianças de 0 a 5 anos“. Isso significa que o Estado é obrigado
pela Constituição Federal a disponibilizar vagas para este nível de ensino, pois, a família
que achar-se lesada por não conseguir matrícula na rede pública para o ensino infantil,
pode recorrer à promotoria pública que por sua vez acionará judicialmente os órgãos
competentes. Direitos estes conquistados com a Constituição Federal de 1988,
principalmente devido à enorme procura de vagas para crianças de 0 a 6 anos, uma vez
que cada vez mais as mulheres conquistavam de maneira significativa posto no
mercado de trabalho não dispondo mais do tempo que outrora tinha para cuidar de suas
crianças. É importante ressaltar que hoje este nível de ensino por força da Emenda
Constitucional nº 53 de 2006, corresponde as crianças de 0 a 5 anos de idade.
A respeito do Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C. A) Lei federal nº 8.069, de
1990, que é mais uma conquista da sociedade civil em defesa dos direitos da
criança, principalmente das de 0 a 5 anos de idade. Pois, em seu artigo nº 4 afirma:

 É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referente à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária. (BRASIL, 1990).

Ainda em seu artigo nº 53 o Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C.A), afirma que a


criança tem o direito de ser respeitada por seus, educadores em razão de suas
limitações de autodefesa por serem de pouca idade. Pois, são comuns muitas
instituições de ensino infantil praticar castigos de toda natureza inclusive físicos, além do
espaço ser inadequado e a falta de formação própria dos profissionais para este nível de
ensino. Tanto a Constituição Federal quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente
(E.C.A), buscam a proteção e a garantia dos direitos das crianças, garantindo o
acesso das mesmas em instituições de ensino de 0 a 5 anos. Pois no artigo nº 54 da
(E.C. A) reafirma o dever do Estado em assegurar o atendimento em creches e pré-
escolas.
Para reforçar o que acima foi descrito a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(L.D.B) lei Federal nº 9394 de 1996, afirma em seu artigo nº 29 “que a educação infantil
é a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o seu desenvolvimento
físico, psicológico, intelectual e social”. Já no artigo 31 diz que na educação infantil a
avaliação não terá o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental. Vale ressaltar que em seu artigo nº 30 a LDB, subdividem a educação
infantil em creches para crianças de até 3 anos e pré-escola para as crianças de 4 a 5
anos deidade.
Em virtude dos acontecimentos já mencionados chegamos à conclusão que apesar dos
enormes esforços por parte do governo federal e sociedade civil em prol da melhoria na
qualidade do ensino infantil, ainda tem muito que se fazer, principalmente na formação
dos educadores que atuam neste nível de ensino. Não precisamos de mais leis
que assegure os direitos das crianças e sim cumprir as que já existem.
Ensino fundamental:
Relembrando o histórico desta modalidade, no Brasil a educação obrigatória e gratuita
foi introduzida com a Constituição Federal em 1934 e era composto de apenas
cinco anos, somente por força da Lei nº 5.692/71 esse ensino obrigatório estendeu-
se para oito anos com a nomenclatura de primeiro grau. Mas foi com a Constituição de
1988 que esta nomenclatura foi alterada para Ensino Fundamental.
Segundo Romualdo (2007) o ensino fundamental é uma etapa da educação básica
destinada a crianças e adolescentes com duração mínima de nove anos, obrigatório e
gratuito a partir dos seis anos de idade, de acordo a Lei nº 11.114/05 e conforme a
LDB em seu artigo nº 32 afirma que o Ensino Fundamental terá como objetivo
a formação básica do cidadão mediante inciso III: “o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação
de atitudes e valores.” É importante observar que esse artigo, mediante a eliminação do
limite de idade para o direto ao ensino fundamental obrigatório, significa a possibilidade
de todos os brasileiros, de qualquer faixa etária acima de sete anos de idade ter acesso
a esta etapa da escolarização, podendo exigi-la legalmente do poder público, pois antes
a obrigação do Estado na oferta dessa escolarização excluía os que ultrapassassem a
faixa dos quatorze anos.
Essa alteração na LDB do ensino fundamental de 8 anos para 9 anos é devido
da necessidade da melhoria no ensino obrigatório, sendo assim, o Presidente
da República, Luis Inácio Lula da Silva, sancionou no dia 06/02/2006 a Lei nº 11.274
que regulamenta o ensino fundamental de nove anos, alterando os artigos 29, 30, 32 e
87 da LDB, que estabelece as diretrizes da educação nacional.
No entanto, devemos estar atentos para o fato de que a inclusão de crianças de seis
anos de idade não deverá significar a antecipação dos conteúdos e atividades que
tradicionalmente foram compreendidos como adequados à primeira série. Faz
necessário, portanto, que se construa uma nova estrutura e organização dos conteúdos
em um ensino fundamental, agora de nove anos.
Outra inovação da LBD em seu artigo 26 é a obrigatoriedade do ensino de Artes
na grade curricular do ensino fundamental, porém, o ensino da educação física compõe
a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, más, torna-se facultativa aos
cursos noturnos.
Todas essas mudanças que ocorreram na estrutura do ensino fundamental têm
melhorado de maneira significativa a qualidade neste nível de ensino, no entanto
ainda não é o suficiente.
Ensino médio:
Segundo os artigos 35 e 36 da LDB, esta fase do ensino é a etapa final da
educação básica, e observamos que ela vem buscando sua identidade. Ora lhe é
delegada a função de preparatório para a universidade, ora sua finalidade é atender
ou preparar para o mercado de trabalho.
Segundo Pinto (2007), o governo Vargas em 1937, implantou um sistema de
ensino profissionalizante para atender as camadas populares com objetivo de preparar
“Mão de obra para o mercado de trabalho”, porém, somente o ensino médio
propedêutico permitia acesso ao ensino superior.
Mas foi no governo do regime militar em que o ensino médio teve grandes
alterações, pois o presidente Médici através da Lei nº 5692/71, determinou que todas
as escolas do país ministrassem um ensino médio de 3 anos estritamente de
caráter profissionalizante, tudo indica que era uma tentativa de diminuir a demanda
de vagas nas universidade públicas e barrar as manifestações estudantis que ocorria
pelo país.
No atual texto da LDB (artigo 35, inciso III), o ensino médio objetiva preservar o caráter
unitário, partindo da proposta de educação geral. Este nível de ensino desempenha a
função de contribuir para que os jovens consolidem e aprofundem conhecimentos
anteriormente adquiridos, visando uma maior compreensão do significado das Ciências,
arte, letras e de outras manifestações culturais.
Outra função delegada a esta fase final do ensino básico é de possibilitar que os jovens
possam ter acesso à educação profissionalizante, aprofundando sua compreensão
sobre os fundamentos científicos e tecnológicos.
Assim a Lei objetiva-se em possibilitar o aprimoramento do educando como
pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico.
Por fim destaca-se à ampliação da carga horária mínima anual de 200 dias letivos
de efetivo trabalho escolar, no nível fundamental e médio, segundo o artigo 24 inciso I. E
também a progressão continuada, uma inovação que viabilizou
procedimentos que contribuíram para minimizar os problemas de evasão e repetência,
bem como o tratamento dado com relação a educação indígena e a educação especial.
A educação de Jovens e Adultos (EJA):
Segundo Kruppa (2007), em 1990 (ano internacional da Alfabetização) com Paulo Freire
à frente da Secretaria de Educação do Município de São Paulo, organizava-se
a Primeira Conferência Brasileira de Alfabetização, no qual representantes do Ministério
da Educação (MEC) se comprometeram em priorizar a alfabetização de adultos. Em
1997 o governo Federal desvincula a EJA do MEC e cria o Programa Alfabetização
Solidária, com o objetivo de reduzir as altas taxas de analfabetismo que ainda vigorava
em algumas regiões do país. Programa este presidido pela primeira dama do país e
atendendo 1,5 milhão e meio de brasileiros em 1200 municípios brasileiros de 15
Estados, trabalhando em parcerias com empresas, instituições universitárias, pessoas
físicas, prefeituras e o Mistério da Educação (MEC).
Além das turmas tradicionais da (EJA), em 2003 o governo do presidente LULA, criou
o Programa Brasil Alfabetizado, que priorizou de inicio as instituições filantrópicas,
somente a partir do segundo ano as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação
que receberam mais recursos do programa, chegando em 2007 com quase 50 % de
todos os recursos destinados ao Brasil Alfabetizado.
Em consonância com a Constituição, a LDB, estabelece que “O dever do Estado com a
educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de ensino, obrigatório e
gratuito,inclusive para os que a ele não tiveram acesso idade própria” (Artigo 4, já
mencionado).
No seu artigo 37, refere-se à educação de jovens e adultos determinando que “A
educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. No inciso I,
deixa clara a intenção de assegurar educação gratuita e de qualidade a esse segmento
da população, respeitando a diversidade que nele se apresenta.
O desafio imposto para a EJA na atualidade se constitui em reconhecer o direito do
jovem/adulto de ser sujeito; mudar radicalmente a maneira como a EJA é concebida e
praticada; buscar novas metodologias, considerando os interesses dos jovens e adultos;
pensar novas formas de EJA articuladas com o mundo do trabalho; investir seriamente
na formação de educadores; e renovar o currículo de forma interdisciplinar e transversal,
entre outras ações, de modo que este passe a constituir um direito, e não um favor
prestado em função da disposição dos governos, da sociedade ou dos empresários.
Educação Inclusiva:
A educação inclusiva é uma educação onde os ditos “normais” e os portadores de algum
tipo de deficiência poderão aprender uns com os outros. Uma depende da outra para
que realmente exista uma educação de qualidade. A educação inclusiva no Brasil é um
desafio a todos os profissionais de educação.
Diante deste desafio é importante esclarecer que a Educação Inclusiva é:

 atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na vizinhança da


sua residência;
 propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes regular;
 propiciar aos professores da classe regular um suporte técnico;
 perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e
processos diferentes;
 levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças
portadoras de deficiência;
 propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum do ensino
regular.

E que a Educação inclusiva não é:

 levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do professor


especializado;
 ignorar as necessidades específicas da criança;
 fazer as crianças seguirem um processo único de desenvolvimento, ao mesmo
tempo e para todas as idades;
 extinguir o atendimento de educação especial antes do tempo;
 esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças portadoras de
necessidades especiais sem um suporte técnico.

Percebe-se ao longo da história e, também na atualidade, que a maioria dos


profissionais envolvidos na educação não sabe ou desconhece a importância e a
diferença da educação especial e educação inclusiva. Por essa razão, veio à realização
deste item para o esclarecimento das pessoas envolvidas na educação e interessados.
Educação especial:
A Carta Magna é a lei maior de uma sociedade política, como o próprio nome
nos sugere. Em 1988, a Constituição Federal, de cunho liberal, prescrevia, no seu artigo
208, inciso III, entre as atribuições do Estado, isto é, do Poder Público, o “atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino”. No entanto, muito se tem falado sobre as carências do Sistema
Educacional Brasileiro, mas, poucas às vezes é mencionado o seu primo pobre – a
Educação Especial. Muito menos são reivindicadas melhores condições para esse
segmento que, ao contrário do que parece a primeira vista abrange um número
significativo de brasileiros.
Segundo os últimos dados oficiais disponíveis do censo escolar, promovido
pelo Ministério da Educação, existem milhões de crianças e jovens em idade
escolar com algum tipo de deficiência. Boa parte deles não tem
atendimento especializado, estando matriculados em escolas regulares ou pior, não
estudam.
A Educação Especial Brasileira atinge somente pequena parcela dos deficientes, quase
a metade deles através de escolas particulares e as demais são federais, estaduais e
municipais.
A educação especial trata-se de uma educação voltada para os portadores
de deficiências como: auditivas, visuais, intelectual, física, sensorial, surdocegueira e as
múltiplas deficiências.
Para que esses educandos tão especiais possam ser educados e reabilitados, é
de extrema importância a participação deles em escolas e instituições especializadas. E
que eles disponham de tudo o que for necessário para o seu desenvolvimento cognitivo.
A educação profissional no Brasil:
A Lei 9.394/96, constitui-se num marco para a educação profissional, pois as leis de
diretrizes e bases anteriores ou as leis orgânicas para os níveis e modalidades de
ensino, sempre trataram da educação profissional comparcialidade. Legislavam sobre a
vinculação da formação para o trabalho a determinados níveis de ensino, como a
educação formal, quer na época dos ginásios comerciais e industriais, quer
posteriormente através da Lei 5.692/71, com o segundo grau profissionalizante.
Na atual lei, o Capítulo III do Título V (Dos níveis e das modalidades de educação e
ensino) é totalmente dedicado à educação profissional, tratando-a na sua
inteira dimensão, como parte do sistema educacional. Neste novo enfoque a
educação profissional tem como objetivos não só a formação de técnicos de nível
médio, mas a qualificação, a requalificação, a reprofissionalização de trabalhadores de
qualquer nível de escolaridade, a atualização tecnológica permanente e a habilitação
nos níveis médio e superior. Enfim, regulamenta a educação profissional como um todo,
contemplando as formas de ensino que habilitam e estão referidas a níveis da educação
escolar no conjunto da qualificação permanente para as atividades produtivas.
Mais uma vez aparece na Lei de Diretrizes e Bases, no Art. 39, a referência ao conceito
de “aprendizagem permanente”. A educação profissional deve levar ao
permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. E mais uma vez,
também, destaca a relação entre educação escolar e processos formativos, quando
faz referência à integração entre a educação profissional e as “diferentes formas de
educação”, o trabalho, a ciência e a tecnologia. O parágrafo único deste artigo e os
artigos 40 e 42 introduzem o caráter complementar da educação profissional e ampliam
sua atuação para além da escolaridade formal e seu locus para além da escola.
Finalmente, estabelece a forma de reconhecimento e certificação das competências
adquiridas fora do ambiente escolar, quer para prosseguimento de estudos, quer para
titulação, de forma absolutamente inovadora em relação à legislação preexistente.

LDB-9394/96

A LDB - Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394 foi promulgada em 20 de dezembro de 1996. Desde
então, ela vem abrangendo os mais diversos tipos de educação: educação infantil (agora
sendo obrigatória para crianças a partir de quatro anos); ensino fundamental; ensino
médio (estendendo-se para os jovens até os 17 anos). Além de outras modalidades do ensino,
como a educação especial, indígena, no campo e ensino a distância. Cabe a nós, brasileiros,
segui-la, tornando a educação muito mais humana e formativa. Mesmo porque o sistema
educacional envolve a família, as relações humanas, sociais e culturais.

É por meio da LDB que encontramos os princípios gerais da educação, bem como as
finalidades, os recursos financeiros, a formação e diretrizes para a carreira dos profissionais da
educação. Além disso, essa é uma lei que se renova a cada período, cabendo à Câmara dos
Deputados atualizá-la conforme o contexto em que se encontra a nossa sociedade. Como
exemplo, antes o período para terminar o ensino fundamental era de 8 anos. Após a atualização
da LDB, o período se estendeu para 9 anos, com idade inicial de 6 anos. Outras atualizações
foram feitas, como a revogação dos parágrafos 2º e 4º do Artigo 36, da seção IV, que trata do
ensino médio. Daí a importância de sua publicação, visando nortear o povo brasileiro,
assegurando-lhe seus direitos e mostrando os seus deveres.

Desde sua promulgação, ocorreram inúmeras atualizações na LDB. A última atualização ocorreu
em março de 2017, por meio da Lei nº 13.415. Essas alterações visam buscar melhorias para a
nossa educação, sempre primando pelo direito universal à educação para todos.

Aprimore seus conhecimentos acessando os Cursos CPT da área Metodologia de Ensino,


elaborados pelo Centro de Produções Técnicas.

Clique e conheça os títulos que abordam os artigos presentes na LDB - Lei de Diretrizes e Bases
da Educação, bem como os seus incisos e parágrafos:
Título I - Da Educação

Título II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Título III - Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Título IV - Da Organização da Educação Nacional

Título V - Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino


- Educação Infantil
- Ensino Fundamental
- Ensino Médio
- Educação Profissional Técnica de Nível Médio
- Educação de Jovens e Adultos
- Educação Profissional e Tecnológica
- Educação Superior
- Educação Especial

Título VI - Dos Profissionais da Educação

Título VII - Dos Recursos Financeiros

Título VIII - Das Disposições Gerais

Título IX - Das Disposições Transitórias

You might also like