You are on page 1of 3

Resenha Crítica Informativa

COSTA, Flávia Ramos Maia. A coordenação da atuação do Estado e das Organizações da


Sociedade Civil mediante políticas públicas. XXV Encontro Nacional do Conpedi – Brasília/DF.
Direitos sociais e políticas públicas I [Recurso eletrônico on-line] organização
CONPEDI/UnB/UCB/IDP/UDF; Coordenadores: Julia Maurmann Ximenes, Regina Vera Villas
Boas, Yuri Schneider – Florianópolis: CONPEDI, 2016.

Flávia Ramos Maia Costa é Mestranda em Direito e Políticas Públicas pelo Centro
Universitário de Brasília – UniCEUB. Especialista em Direito Administrativo e Processo
Administrativo pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.

No artigo a autora busca contribuir com o entendimento acerca da coordenação da atuação


do Estado e das organizações da sociedade civil para a consecução de políticas públicas. Para tal
tarefa e autora se valeu de pesquisa bibliográfica, buscando no texto constitucional e em outros
textos legais citações, assim como identificou quais instrumentos legais são previstos para a
celebração de parcerias.

De acordo com o texto a Constituição de 88 garante e fomenta e participação social.


Segundo dados da pesquisa “As Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos 2010”, o
Brasil possui mais de 290 mil organizações da sociedade civil. É um setor significativo e precisava
de regulamentação para suas atividades com poder público. Em 23 de janeiro de 2016, entrou em
vigor o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC – Lei 13.019, de 31 de
julho de 2014).

A eleição de uma proposta de análise jurídica de políticas públicas passa necessariamente


pela análise da multidisciplinaridade das políticas públicas. Em primeiro lugar devem as políticas
públicas gerarem um vínculo entre sociedade civil e o Estado, mediante ações de intervenção na
realidade. Mas há também a participação de atores, como as elites internacionais que representam
os interesses de corporações econômicas.

A definição da política pública tem, em sua multidisciplinaridade, a questão do da área em


que deverá se aplicada (esporte, cultura, educação, etc) e num segundo momento a correlação de
forças entres os diversos atores envolvidos em sua definição. Sendo, por fim, a política pública um
programa de ação governamental que resulta de um processo ou um conjunto de processos
juridicamente regulados visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades
privadas, para realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados.
Contudo o termo “política pública” não possui uma conceituação jurídica.

Ao que tange a questão jurídica, as políticas públicas encontram fundamento na Constituição


Federal de 88. Estando em consonância com os objetivos da república do art. 3º: construir uma
sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a
marginalização; etc. Também há várias indicações no texto constitucional, no qual indicam que as
políticas públicas não se reduzem às políticas sociais, nas quais não pode ser reduzida.

A Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, que é Marco Regulatório das Organizações da


Sociedade Civil – MROSC, entrou em vigor em 23 de janeiro de 2016 e estabeleceu o novo regime
jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, tendo
como fundamentos a gestão pública democrática, a participação social, o fortalecimento da
sociedade civil, a transparência na aplicação dos recursos públicos, os princípios da legalidade, da
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da eficiência e
da eficácia. Sendo as parcerias realizadas por meio de termo de colaboração, termo de fomento ou
acordo de cooperação, todos instrumentos em regime de mútua cooperação, para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco.

As parcerias entres a Administração pública se dá por: termo de colaboração, temor de


fomento ou acordo de cooperação, sendo novos instrumentos consensuais apresentados à gestão
pública que, exceto pela previsão de seu art. 84 – A, substituem os convênios, regidos pelo art. 116
da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

De acordo com a autora a Lei no 13.019, de 31 de julho de 2014 sofreu alterações


significativas, antes de sua entrada em vigor, com a aprovação da Lei no 13.204, de 14 de dezembro
de 2015. Assim, que afastaram o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil do
enfoque da administração burocrática e o aproximaram da ótica da administração gerencial, com
enfoque no controle de resultados.

Por fim, ainda na tentativa de sistematizar uma análise jurídica versando sobre a
coordenação da atuação do Estado e das organizações da sociedade civil mediante políticas
públicas, a autora trata da dissertar sobre os instrumentos previstos para a celebração de parcerias:

 Termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias


estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela administração
pública que envolvam a transferência de recursos financeiros (art. 2o, inciso VII);
 Termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas organizações da
sociedade civil, que envolvam a transferência de recursos financeiros (art. 2o, inciso VIII);
 Acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam a transferência
 de recursos financeiros (art. 2o, inciso VIII – A).

Além da previsão de instrumentos para celebração de parcerias do Marco Regulatório das


Organizações da Sociedade Civil – MROSC, há os contratos de gestão aplicados às Organizações
Sociais (OS) ou Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com previsão legal
na Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998. Os termos de parceria celebrados com organizações da
sociedade civil de interesse público são instrumentos de administração consensual com vistas à
formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução de atividades de
interesse público (arts. 3o e 9o da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999).

Da análise do artigo, observasse que o texto é muito esclarecedor quanto a demostração da


importância do Terceiro Setor para a sociedade, contribuindo, em parceria com a Poder Público,
para a implementação de políticas públicas. Daí a importância, também, de termos leis que
regulamentem as parcerias entre terceiro setor e a administração pública, rompendo com a
administração burocrática e aproximando-se de administração gerencial, com foco no controle dos
resultados.

Contudo, por ser um texto contemporâneo a entrada em vigor da Lei 13.019/2014 há


algumas interpretações errôneas do alcance da lei. Como, por exemplo, quando expõe que a Lei
13.019/2014 não se estende às OSCIPs, o que é um grande engano, vez que a titulação de OSCIP
não tirar o caráter definido pelo art. 2º, I, a) da Lei nº 13.019:
Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se:
I - organização da sociedade civil:
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou
associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente
na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da
constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;

You might also like