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INTERDISCIPLINAR 2018.

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CURSO DE FARMÁCIA

O USO DE BIOFÁRMACO PARA O TRATAMENTO DE CÂNCER DE


MAMA HER2+: TRASTUZUMABE.

Alunos: Beatriz Chaves F. de Souza, Débora Mônica N. da Silva Chaves,


Isabelly Vírgina Chalegre Costa, Jaqueline da Silva J. Fernandes, Mitsy
France Alves, Rayana Pinheiro dos Santos, Thalita Keyte Rodrigues, Vírginia
Miguel dos Anjos.
Professora Fomentadora da Turma 2BM: Mirelly dos Santos
E-mail do responsável: beatrizchaves2012@hotmail.com

Centro Universitário Brasileiro (UNIBRA)


Curso de Farmácia – Interdisciplinar 2018.1
Recife, PE.

Palavras-chave: Biofármacos. Neoplasia HER2. Trastuzumabe.

Introdução

O Câncer de mama do tipo HER2+ é uma neoplasia caracterizada


pela multiplicação desordenada das células corporais mamárias, ocorre em
25 a 30% dos casos do câncer de mama. Essa desordem ocorre pela
amplificação do gene HER2 (receptores do fator de crescimento epidérmico
humano tipo2), que sintetiza proteína receptora, responsável pela
estimulação de crescimento das células corporais (INCA, 2018).
Muito mais grave que o câncer de mama comum, o tipo HER2 positivo
faz com que as células se multipliquem em nível exorbitante e acelerado,
acarretando à doença uma maior agressividade e difícil prognostico
(HADAD, 2010). Com o avanço da tecnologia, medicamentos produzidos a
partir da reprodução de proteínas com a tecnologia do DNA recombinante ou
anticorpos monoclonais foram sendo introduzidos para o tratamento do
HER2 positivo. Um dos biofármacos utilizados e que merece destaque é o
trastuzumabe (CORDEIRO et al., 2014).
O trastuzumabe é um biofármaco produzido por meio da tecnologia de
anticorpos monoclonais, onde o tratamento com este pode ser aplicado logo
após o diagnóstico da primeira progressão do câncer de mama ou na
doença metastática (DEBIASI, 2016). Seu objetivo, além de terapêutico, é
diminuir os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Desta forma, este trabalho visa descrever o câncer de mama tipo HER2
positivo e destacar o tratamento com o anticorpo monoclonal trastuzumabe.

Objetivos

✓ Apresentar o conceito de biofármacos.


✓ Destacar as contribuições do Trastuzumabe no tratamento do câncer
de mama HER2+ na fase inicial e metastático.
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Materiais e Métodos

A pesquisa foi feita por meio de bases bibliográficas, utilizando livros e


artigos já publicados para obtenção de mais conhecimento. As consultas
foram realizadas periodicamente no Google acadêmico, Scielo, Oncoguia e
Inca com o objetivo de adquirir mais informações para a pesquisa. Sendo
assim, os elementos que foram usados neste trabalho couberam ao tema do
mesmo. A pesquisa ocorreu no intervalo de 09 de março à 04 de abril 2018.

Resultados e Discussão

Biofármacos

Biofármacos são medicamentos produzidos por rota biotecnológica.


Envolvem o cultivo de células e microrganismos para a produção de
substâncias (proteínas) modificadas que tem como propósito aumentar a
ação medicamentosa se comparado aos farmoquímicos (REIS et al., 2009).
A biotecnologia de anticorpos monoclonais tem grande destaque na
produção de biofármacos. Os anticorpos monoclonais são produzidos por
células artificiais chamadas de hibrodomas, a partir do isolamento e
clonagem de um linfócito com uma célula tumoral, herdando das células
tumorais a capacidade de se replicar excessivamente (GOUVEIA, 2014).
Os anticorpos monoclonais são específicos que reconhecem e
atingem seletivamente um antígeno, evitando efeitos indesejáveis em outras
células ou tecidos não-alvos. Eles causam a morte das células tumorais ao
bloquear a função dos receptores de superfície celular e ao recrutar células
imunes. São preparados para transportar toxinas ou radionuclídeos até as
células de interesse, aumentando assim seus efeitos citotóxicos (SANTOS et
al., 2006).
Segundo Gil (apud CORDEIRO et al., 2014, p. 257) os anticorpos
monoclonais são direcionados ao tratamento de doenças de significativa
importância na medicina, como o câncer, no diagnóstico e tratamento de
tumores e metástases, mais especificamente o câncer de mama HER2+,
que tem como método de tratamento a utilização do anticorpo monoclonal
trastuzumabe (DEL DEBBIO et al., 2007).

Trastuzumabe

Estrutura da molécula

O trastuzumabe é um anticorpo monoclonal humanizado


recombinante. Este anticorpo possui domínio constante IgG1 humana e
resíduos de um anticorpo murino (extraído de camundongo) anti-p 185 HER
2. Ele é indicado no tratamento do câncer de mama que possui na superfície
das células tumorais a super expressão da proteína HER 2 (FIGUEIREDO et
al., 2013).
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O trastuzumabe (Figura 1) é produzido pelo laboratório Roche,


comercializado com o nome Herceptin® e apresentado em diferentes
formas, em embalagem com frasco multidose com 440mg ou de 150mg de
pó liofilizado de trastuzumabe para solução injetável para infusão via
intravenosa (HERCEPTIN, Produtos Roche químicos e farmacêuticos).

Figura 1 – Estrutura molecular do trastuzumabe.

Fonte: ebah.com.br

Mecanismo de ação

Nas células que possuem a super expressão do HER 2, o


trastuzumabe age blindando a porção extracelular dos receptores de
membrana, inibindo as vias de sinalizações para o crescimento celular,
exercendo a função de um efeito citostático e também citotóxico melhorando
a resposta terapêutica (HADAD, 2010).

Tratamento e dosagem

O trastuzumabe pode ser utilizado tanto para o tratamento de câncer


de mama inicial, quanto para o câncer de mama metastático, sendo
administrado de formas diferentes. No câncer de mama inicial, é indicado o
seu uso após cirurgia (quimioterapia, radioterapia), que é o tratamento com
medicamentos para destruir o câncer; em combinação com a quimioterapia
adjuvante, feito após cirurgia para destruir as células cancerígenas que
ainda possam existir em algum lugar do organismo e em combinação com a
quimioterapia neoadjuvante, administrada antes da cirurgia para tentar
reduzir o tamanho do tumor. No câncer de mama metastático é indicado seu
uso como monoterapia para pacientes que já tenham tratamento
quimioterápicos, sendo usado como tratamento principal para doença
disseminada (INSTITUTO ONCOGUIA, 2014).
No câncer de mama inicial administra-se uma dose de ataque de 8
mg/kg por peso corpóreo, seguida de 6 mg/kg a cada 3 semanas. O câncer
de mama metastático deve-se administrar dose inicial de ataque de 4 mg/kg
por peso corpóreo e depois 2 mg/kg semanalmente (HERCEPTIN, Produtos
Roche químicos e farmacêuticos). É indicado a dose de ataque nesta
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quantidade, visto que a incidência de toxicidade deste medicamento é muito


forte, sendo necessário a diminuição da dose do mesmo com o passar do
tratamento para não acarretar efeitos colaterais indesejáveis (CONITEC,
2012). As quantidades de dosagem e tempo de tratamento variam de acordo
com cada paciente, onde tais alternâncias serão monitoradas através de
exames e por meio de acompanhamento médico.
O tratamento com este anticorpo monoclonal acarreta reações leves
como febre, calafrio e astenia. E em alguns pacientes efeitos colateral mais
grave como a disfunção cardíaca. Reações estas, comuns a esse tipo de
tratamento, estão relacionadas aos sistemas orgânicos do corpo (Tabela 1),
variando de acordo com o organismo de cada indivíduo (FIGUEIREDO et al.,
2013).

Tabela 1 - Mecanismo de ação, principais sistemas orgânicos alvo dos principais efeitos
colaterais e interações medicamentosas dos anticorpos monoclonais.

Nome genérico Molécula Mecanismo de Sistema Interações


alvo ação orgânico alvo medicamentosas
Inibição do alvo, Cardiovascular, Ciclofosfamida,
que é mediador Digestório, Doxorubicina,
Trastuzumabe HER2 da proliferação e Hematopoiético, Epirubicina,
migração celular Nervoso Paclitaxel.
do tumor. central.

Fonte: Del Debbio et al. (2007).

Inserção do tratamento no Brasil

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) “o câncer de


mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, tendo
uma estimativa de 28% (59.700 a cada 100 mil mulheres para 2018 ) de
novos casos anualmente”. Destacando por regiões o câncer de mama é o
câncer mais frequente nas mulheres das regiões Sul 73,07 e Sudeste 69,50,
seguido com uma quantidade um pouco menor das regiões Centro-Oeste
51,96 e Nordeste 40,36 e por último a região Norte com um número pequeno
em relação às demais de 19,21 novos casos a cada 100 mil mulheres (INCA,
2018).
Aproximadamente 15 a 25% destes tumores são classificados como
HER2-positivos. Mesmo se tratando de uma neoplasia mais grave, a
inserção do tratamento no Brasil em relação ao sistema único de saúde
(SUS) demorou para se tornar acessível a todos os pacientes
diagnosticados. Inicialmente, apenas pacientes com plano de saúde tinham
acesso ao tratamento com o trastuzumabe. Somente em 2012 o SUS
passou a oferecer o tratamento para o câncer de mama na fase inicial,
excluindo em seu processo mulheres com doença metastática, vindo a
incorporar o tratamento para a forma mais avançada apenas em agosto de
2017, com prazo máximo para a incorporação da droga em até 180 dias
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após a publicação no diário oficial da união. Desta forma, consegue atingir


um número maior de pacientes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
A incorporação do tratamento em fase metastática por meio do SUS
se deu através da portaria n° 29/02-08-17, tendo as seguintes ressalvas:
redução de preço, o valor do herceptin 440 mg: 11.816,37 e o de 150 mg:
4.129,02 (ANVISA, 2018), exigência do exame molecular para confirmar o
status HER2, por parte dos fabricantes: os medicamentos serem
disponibilizados em 150mg para serem utilizados apenas em hospitais
habilitados em oncologia e elaboração de Diretrizes Diagnósticas e
Terapêuticas pelo Ministério da Saúde (CONITEC, 2012).

Conclusão

A evolução do conhecimento em relação às mutações envolvidas na


biologia tumoral permitiu a identificação de perfis moleculares com impacto
prognóstico, baseados nos padrões de expressão genética. Com todo esse
avanço em pesquisas, também houve desenvolvimento na biotecnologia
farmacêutica em relação a produção de novos fármacos com o intuito de
tratar várias doenças inclusive o câncer de mama.
O trastuzumabe está sendo uma grande evolução em termos de
tratamento do câncer de mama com super expressão de HER2 atuando de
maneira mais seletiva, e com menores efeitos colaterais aos pacientes, em
comparação com o tratamento tradicional. Com a inserção dele ao SUS,
muitas mulheres diagnosticadas com o HER2+ sem condições financeiras
para um plano de saúde poderão ter acesso ao tratamento de forma gratuita.
Neste contexto, observa-se que o biofármaco trastuzumabe, pioneiro
na terapia alvo contra o câncer, trouxe um grande avanço no tratamento do
câncer de mama HER2, o que evidencia a importância da biotecnologia nas
ciências farmacêuticas.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Preços máximos de


medicamentos por princípio ativo. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA+CONFORMID
ADE_2018-04-09.pdf/60aae6c7-5931-4a9c-9162-eeea5e4b9c7d. Acesso
em: 30 abril 2018.

BRASIL. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC).


Trastuzumabe para tratamento do câncer de mama inicial. Brasília,
2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.18 de 25 de julho de 2012. DOU


n.144, 26 de julho de 2012. Brasília, 2012.
CORDEIRO, M. L. S.; SILVA, N. L. F.; NÓBREGA, F. F. F. Anticorpos
monoclonais: implicações terapêuticas no câncer. Revista Saúde e Ciência,
v. 3, n. 3, p. 252 – 262, 2014.
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DEBIASI, M. Inibidores da via HER2 (“human epidermal growth factor


recptor 2”) no tratamento do câncer de mama inicial e localmente
avançado: uma metanálise em rede. 2016. 256 f. Tese (Doutorado em
epidemiologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2016.

DEBBIO, C. B. D.; TONON, L. M.; SECOLI, S. R. Terapia com anticorpos


monoclonais: uma revisão de literatura. Revista Gaúcha de Enfermagem,
v. 28, n. 1, p. 133 – 142, 2007.

FIGUEIREDO, E. M. A.; CORREIA, M. M. T.; OLIVEIRA, A. F. Tratado de


Oncologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2013.

GOUVEIA, V. C. N. Clonagem e sequenciamento de genes que


expressam proteínas ósseas por anticorpos monoclonais produzidos a
partir de células de osteossarcoma humano (MG – 63). 2014. 113 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

HADDAD, C. F. Trastuzumab no câncer de mama. FEMINA, v. 38, n. 2, p.


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Herceptin. Responsável técnico Tatiana Tsiomis Díaz, 2014. Bula de


remédio.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA


(INCA). Tratamento. Disponível em:
http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/estimativa-2018.pdf. Acesso em: 28
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em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/quimioterapia-para-cancer-de-
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SANTOS, R. V.; LIMA, P. M. G.; NITSCHE, A.; HARTH, F. M.; MELO, F. Y.;
AKAMATSU, H. T.; LIMA, H. C. Aplicações terapêuticas dos anticorpos
monoclonais. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, v. 29, n. 2,
p. 77 – 85, 2006.

VEPPO, N. J. O. Trastzumabe -DM1 no tratamento para câncer de mama


HER2+. 2012. 31 f. Monografia (Graduação em Farmácia) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

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